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AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE ESCOVAS DENTÁRIAS,

ELÉTRICA SÔNICA E MANUAL, EM PACIENTES COM


APARELHOS ORTODÔNTICOS FIXOS: ESTUDO
CLÍNICO RANDOMIZADO

Área de Concentração: Periodontia


Orientador: Prof. Dr. Eduardo Saba-Chujfi
Mestrando: Elton José Cardoso da Silveira
INTRODUÇÃO
Freitas et al (2015)
Principais agravos à saúde bucal: Cáries, gengivite e periodontite
(e também as malocusões)

O que têm em comum?

Placa Bacteriana Dentária => Forma de Biofilme organizado


Fator primário para desenvolvimento de cáries, gengivite e periodontite
Maioria dos adolescentes necessitam tratamento ortodôntico

Rocha et al (2005)
Adultos: maior demanda p/ ortodontia
Estes pacientes podem apresentar doença
Elton José Cardoso da Silveiraperiodontal pré-existente 2
INTRODUÇÃO

Placa Bacteriana / Biofilme:


Gkandtidis N et al (2010)
Aparelhos ortodônticos dificultam a higienização: pode levar a um processo inflamatório

inflamação + movimentação dentária + trauma oclusal

bolsas periodontais e perdas ósseas

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INTRODUÇÃO

Favorece desenvolvimento

Ácidos bacterianos

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INTRODUÇÃO

Gong et al (2011)
Pode ocorrer aumento gengival após a instalação dos aparelhos fixos e
exacerbação do processo inflamatório: relacionado a patógenos periodontais

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O PORQUÊ DA PESQUISA?

• Escovação = Controle do Biofilme

• Eficácia relativa: escovas manuais versus elétricas?

Não há consenso

Estudos com resultados conflitantes / inconclusivos

Escovas sônicas: poucos estudos

Saba-Chujfi et al (2008)
Melhor saúde bucal = Melhor saúde geral
Alterações não apenas locais, mas também à distância

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REVISÃO DA LITERATURA

Escovas manuais X elétricas (sem tecnologia sônica)

• Elétricas oscilorrotatórias resultados melhores que as manuais:


Biaviati AS et al. (2010); Erbe C et al. (2013); Yaacob et al. (2014) e Patel D et al. (2015).

• Resultados conflitantes, mas com as oscilorrotatórias ainda em superioridade:


Penick C (2004)

• Resultados conflitantes, com alguma superioridade para escovas manuais:


• Trimpeneers et al. (1997):

• Sem diferenças significativas entre as escovas:


Thiempont V et al. (2001); Ousehal L et al. (2011); Marini I et al. (2014); Kaklamanos EG & Kalfas S (2008)

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REVISÃO DA LITERATURA

Escovas manuais convencionais ou ortodônticas X elétrica (ultra) sônica

• Ultrassônicas maior eficácia que manuais convencionais:


Costa et al. (2007), Costa et al. (2010)

• Pacientes autistas: melhora significativa com escovas ultrassônicas


Vajawat ML et al. (2015)

• manuais ortodônticas X sônicas: sem diferenças significativas:


Sharma et al. (2015)

• Ultrassônica X manual X manual + interdental: sem diferenças significativas


Zingler S et al. (2013)

• Manual ortodôntica mais eficaz (porém com escova sônica estacionária):


Saruttichart et al. (2017)

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REVISÃO DA LITERATURA

Cifcibasi et al. (2014)


• Projetos de cerdas de escovas manuais têm pouco impacto na remoção do biofilme dentário

Gomes LK et al. (2012)


• Sem evidência: ortodônticas manuais X convencionais manuais.

Schätzle et al. (2010)


• avaliação “In vitro” 12 com diferentes cabeças de cerdas de escovas.
• Escovas sônica: maior eficácia.
• A pior eficácia para oscilarrotatória ortodôntica.

Yaacob et al. (2014)


• Evidência moderada para escovas oscilorrotatórias em relação às escovas manuais

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REFERENCIAL

Escovas Edel White® sonic generation:


Site do fabricante: para a Associação Dental Suíça (SDA) a escova de dentes
sônica com ação hidrodinâmica é o método de limpeza dentária mais eficiente que existe.

Escova manual convencional Curaprox 5460 Ultra Soft®:


Site do fabricante: a utilização de material mais suave (CUREN®, em lugar do nylon),
em conjunto à maior quantidade de cerdas (+/- 1000, contra 500 a 800 das demais)
possibilita remoção mais eficaz de placa, sem ocasionar agressão aos tecidos moles.

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PROPOSIÇÃO E OBJETIVO

• Estudo clínico randomizado


Padrão ouro para determinação de efeitos terapêuticos

• Com mascaramento
Desconhecer intencionalmente o tratamento que cada indivíduo recebe
evita subjetividades, tendenciosidades, preconceitos e vieses (bias)

• Para avaliar eficácia de dois tipos de escovas dentárias:


Manual convencional (Curaprox 5460) x Elétrica sônica (Edel White® sonic generation)

• Hipótese nula :
Escovas dentárias sônicas possuem eficácia superior às escovas manuais?
(Conforme a Swiss Dental Association)
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ASPECTOS ÉTICOS

• Experimento submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa Faculdade SLMandic

• Parecer de aprovação: 1.612.062 de 28 de junho de 2016

• Participantes convidados a participar: (voluntários) informados sobre riscos e benefícios

• TCLE e TA

• Liberdade para deixar o experimento se e quando desejassem

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MATERIAIS E MÉTODOS

• Local da pesquisa

• Equipe de trabalho

• Delineamento

• Descrição da população avaliada

• Métodos utilizados
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LOCAL DA PESQUISA

CAMP - Centro de Assistência Social e Motivação Profissional / S. B. do Campo – SP.

ONG – Organização não Governamental: Direção e gestão do Rotary Club.

Valoriza a disciplina, compromisso e a responsabilidade do jovem aprendiz.

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EQUIPE DE TRABALHO

Sr. Luiz Antônio Novi, Presidente do CAMP de São Bernardo do Campo – SP


Mestranda Márcia Aparecida Pampolim de Carvalho
Mestranda Ana Cristina Antunes Martin
Cirurgiã Dentista Regina Martin
Mestrando Elton José Cardoso da Silveira
Estudante de Odontologia Pedro Henrique Barbosa da Silveira (fotógrafo)
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MATERIAIS E MÉTODOS
Descrição da População Avaliada

• Ambos os gêneros

• Idades entre 15 e 20 anos

• Alocados em 02 grupos randomizados

• Grupo A : Escova sônicas

• Grupo B : Escovas manuais

50 (48, após T0)


• Inicialmente N= 60
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MATERIAIS E MÉTODOS
Descrição da População Avaliada

Amostra
• Congruente com estudos de mesma característica;

• OMS: preconiza, para um determinado grupo etário, entre 25 a 50 indivíduos, dependendo da

prevalência e da severidade da doença;

• Cerca de 25 indivíduos para populações com índice de cárie e doença periodontal baixos;

• De 40 a 50 indivíduos para populações com esses índices altos;

• Para populações com índices desconhecidos => necessário um levantamento piloto.


OMS (1999), apud Pereira AC & cols. (2003)

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MATERIAIS E MÉTODOS
Critérios de inclusão (Anamnese)

1. Possuir ao menos 20 dentes nas arcadas

2. Aparelhos ortodônticos fixos instalados

3. Ausência de cáries

4. Boa saúde geral e oral

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MATERIAIS E MÉTODOS
Critérios de exclusão (Anamnese)

1. Doença periodontal moderada ou grave

2. Condição sistêmica que afete a função salivar

3. Limitações na destreza manual

4. Uso de medicamentos associados ao crescimento gengival

5. Gestantes

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MATERIAIS E MÉTODOS

Randomização
(CD Márcia Pampolim de Carvalho - mestranda em Periodontia)

Cada voluntário retirou de uma caixa um papel

correspondente ao seu kit de escova a ser testada

Alocados em dois grupos:

A: Escovas sônicas

B: Escovas manuais

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MATERIAIS E MÉTODOS

Instruções de Higiene Oral


(CD Ana Cristina Antunes Martin – especialista e mestranda em Periodontia)

• Logo após randomização

• instruções individuais

• vídeo explicativo e palestra

• específicas para cada grupo

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ESCOVAS AVALIADAS

Escova Sônica Edel White Escova Manual Curaprox

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DIAGRAMA DE FLUXO DO DESENHO DO ESTUDO
(Com a randomização dos participantes)

Inicio: data base

3 meses

6 meses

Fonte: CONSORT (Consolidated Standards of Reporting Trials), 2010. Disponível em http://www.consort-statement.org/consort-statement/flow-diagram

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MATERIAIS E MÉTODOS
Delineamento Simplificado

3 meses 6 meses

Físico Físico

Físico Critérios de
Inclusão / Exclusão

Curaprox

EdelWhite

Periodontista

de Bass

O experimento consistiu de 3 fases (Cifcibasi et. al., 2014)

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MATERIAIS E MÉTODOS
Protocolo de Coleta De Dados

Exame fisico:

• Avaliador calibrado e cego

• Espelho clínico nº 5 e sonda periodontal IPC

• Dentes sondados em 6 pontos para IG de Silness e Löe e IPC

• Evidenciação da Placa com fucsina básica a 0,5%

• Índice de Placa específico para ortodontia

• Anotações transferidas para ficha apropriada


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MATERIAIS E MÉTODOS
PARÂMETROS PARA A AVALIAÇÃO

* Percentual da somatória dos valores


individuais de cada dente dividido * Somatória das zonas coradas
* Boca dividida em sextantes, pelo número de faces examinadas.
anotando-se o escore mais alto dividido pelo número total de zonas
encontrado. examinadas.

Fonte: Ministério da Saúde. Projeto SB2010: condições de saúde bucal da população brasileira no ano 2010. Manual do examinador, 2009, p. 44.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Fonte: Ministério da Saúde. Projeto SB2010: condições de saúde bucal da população brasileira no ano 2010. Manual do examinador, 2009, p. 44.

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PERIOGRAMA

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ANÁLISE ESTATÍSTICA

Dados submetidos à análise estatística

• Inicialmente, análises exploratórias dos dados.

• Em seguida, modelos lineares generalizados para medidas repetidas pelo

procedimento genmod do programa SAS = o tempo inicial como covariável.

• Teste Exato de Fisher: associação entre o índice IPC e o tipo de escova

• Análises realizadas nos programas R* e no SAS**: significância de 5%

• Dados apresentados em gráficos tipo boxplot

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RESULTADOS
Tabela – 1. Distribuição de frequências do IPC em função do grupo e do tempo.

Não houve associação significativa entre o tipo testado de escova e o IPC em todos os tempos estudados.

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RESULTADOS

IPC
IPC

* Não houve diferença significativa entre os grupos (escovas) e entre os tempos da avaliação (p>0,05).

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RESULTADOS

Gráfico – 1. Box plot do IPC em função do grupo e do tempo

* Não houve diferença significativa entre os grupos (escovas) e entre os tempos da avaliação (p>0,05).

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RESULTADOS
IP

* Não houve diferença entre os grupos (escovas) e entre os tempos quanto ao IP (p>0,05), de acordo com a tabela 3 e gráfico 2.

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RESULTADOS

Gráfico 2. Box plot do IP em função do grupo e do tempo.

* Não houve diferença entre os grupos (escovas) e entre os tempos quanto ao IP (p>0,05), de acordo com a tabela 3 e gráfico 2.

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RESULTADOS

IG

O IG também não variou significativamente entre os grupos de escovas diferentes e entre os tempos (p>0,05), tabela 4 e gráfico 3.

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RESULTADOS

O IG também não variou significativamente entre os grupos de escovas e entre os tempos (p>0,05), tabela 4 e gráfico 3.

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DISCUSSÃO

Yaacob et al. (2014): Revisão sistemática


• 51 ensaios; 4624 participantes; 7 ortodônticos; 1 com escovas (ultra)sônicas
• Evidência moderada para escovas elétricas, especialmente oscilorrotatórias
• Maior padronização da metodologia

Kaklamanos E G & Kalfas S (2008): Meta-análise


• 5 ensaios (apropriados), 1 com escovas sônicas, nenhum mais que 60 dias
• Split-mouth não elegíveis
• Sem evidências para uso de escovas elétricas
• Maior padronização da metodologia

Costa MR et al (2007) Revisão


• Escovas sônicas / manuais convencionais: resultados não conclusivos p/ IG e IP
• Melhores metodologias e projetos experimentais.

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DISCUSSÃO

Aspecto crítico apontado em revisões sistemáticas e metanálises:


• Necessário melhores diretrizes metodológicas, controle e padronização
(Yaacob et al., 2014; Kaklamanos EG & Kalfas S, 2008; Costa MR et al. 2007b; Penick C, 2004; Trimpeneers et al., 1997)

Trimpeneers et al. (1997)

• Grande dificuldade (impossibilidade) de estudos perfeitamente controlados

• Muitos fatores (variáveis) de influência

* Desenvolvimento de novos materiais, desenhos, formas, diferentes tecnologias.

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DISCUSSÃO

Proposição (Trimpeneers et al, 1997):

1. estudos de longo prazo (efeito Hawthorne);

2. índices numéricos para avaliação objetiva dos resultados;

3. uso de tantos critérios quanto possível para verificar eficácia;

4. grupos experimentais mais similares e comparáveis;

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DISCUSSÃO

1 -ESTUDO DE LONGO PRAZO


Evitar efeitos residuais (EFEITO HAWTHORNE)
Avaliações em intervalos maiores => Tempo de estudo tb maior
torna desnecessário “washout” => Maior fidelização dos resultados.
Cifcibasi et al. (2014): data base, após 3 meses e após 6 meses.
• Biaviati A S et al. (2010) - 8 semanas;
• Ousehal L et al. (2011) - 4 semanas;
• Marini I et al. (2014) - 20 semanas;
• Patel D et al. (2015) - 60 dias;
• Vajawat ML et al. (2015) - 12 semanas;
• Sharma et al. (2015) - 12 semanas.

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DISCUSSÃO

ÍNDICES NUMÉRICOS PARA AVALIAÇÃO OBJETIVA DOS RESULTADOS


• IPO = específico para pacientes com aparelhos ortodônticos fixos
Trimpeneers et al. (1997); Thiempont V et al. (2001); Costa et al. (2007); Al-Anezi & Harradine (2012); Beberhold et al. (2012); Patel D et al. 2015; Sharma et al. 2015).

• Registros = dicotomizados quanto a ausência e presença de placa visível


0 (zero) ausência de placa visível
1 (um) presença de placa visível
Elimina-se o fator subjetividade
Ainamo & Bay (1975) apud Costa et al. (2007).

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DISCUSSÃO

USO DE TANTOS CRITÉRIOS QUANTO POSSÍVEL PARA VERIFICAR A EFICÁCIA

IP, IG e IPC
• Além do IP específico e dicotomizado

Diferencial do IPC (OMS, 2013) avalia 3 condições:

Presença de bolsa periodontal, cálculo dentário e sangramento gengival

• IPC + IG: maior rigor, mais precisão

• IPC: considerados todos os dentes de todos sextantes

• Dentes sondados em 6 (não apenas 4) pontos para IG Silness e Löe e IPC

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DISCUSSÃO

GRUPOS SIMILARES E COMPARÁVEIS.

• Pacientes da mesma faixa etária

• Nível socioeconômico similar

• Mesmo grau de escolaridade

• Homogeneização do grau de informação (higiene) através das OHO

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DISCUSSÃO

IMPORTANTE LEMBRAR:
• Avaliações profissionais (consultas ortodônticas)

em intervalos curtos: proporciona maior controle

• Padrão mínimo e perene de HIGIENE BUCAL

é estabelecido pelos ortodontistas (motivação)

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CONCLUSÕES

Não ficou demonstrada superioridade das escovas sônicas em

relação às escovas manuais na remoção de placa bacteriana

dos grupos de pacientes com aparelhos ortodônticos fixos

avaliados (p>0,05.), conforme os parâmetros estabelecidos de

IP, IG e IPC.

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CONCLUSÕES

A despeito da considerável evolução tecnológica, a limpeza

adequada dos dentes somente é conseguida e mantida se

realizada da forma e frequência apropriadas, já que o biofilme

se desenvolve rapidamente, e deve ser removido regularmente.

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CONCLUSÕES

Saba-Chujfi et al (1992)
Motivação do paciente é fundamental na
redução e controle do biofilme dentário

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CONCLUSÕES

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Agradeço
!

Elton José Cardoso da Silveira


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