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BRUCELOSE

Rondinele Ferreira de Oliveira


Isabela da Silva Kuczera
BRUCELOSE
Brucella sp. da família Brucellaceae. Os primeiros casos de brucelose foram reportados
. Nefrite intersticial mononuclear HE, obj.40x. (é uma inflamação em esqueletos humanos datados da idade do
que afeta os túbulos renais e os tecidos que circundam os rins). bronze, e são provenientes de sítios arqueológicos da
Jordânia, Bahrein e Territórios Palestinos. Essas zonas
são o centro histórico da domesticação de ovelhas e
cabras entre outros animais (D’Anastasio et al.,
2011). Estes primeiros casos de brucelose em
humanos podem ter sido culpa do contato
permanente com esses mamíferos e pela ingestão de
leite ou produto proveniente de animais infetados.

Possui alta prevalência em ambientes ocupacionais e


é citada na lista de doenças relacionadas ao trabalho,
segundo a Portaria nº 1.339/1999, do Ministério da
Saúde.
B. CANIS
Brucella canis é uma bactéria Gram-negativa da família
Brucellaceae que causa brucelose em cães e outros
canídeos . É um organismo imóvel, de bastonete curto ou É uma doença que acomete cães e tem o
em forma de coco, e é positivo para oxidase (enzima que
catalisa uma reacção de oxidação/redução envolvendo
contato sexual como principal via de
oxigênio molecular), catalase (enzima que faz parte do transmissão. Os cachorros são os principais
grupo de oxirredutases responsáveis por oxidar substratos hospedeiros desta bactéria.
orgânicos) e urease (enzima responsável pela degradação Além do sêmen infectado, as vias de
da ureia em amônia e bicarbonato). transmissão podem ser: a ingestão ou inalação
de aerossóis provenientes de material
abortado (feto e placenta), secreções de
abortos, urina e materiais contaminados. A
porta de entrada mais importante do agente
parece ser a mucosa oral, entretanto é sabido
que a infecção pode ocorrer através da mucosa
nasal, conjuntival (interior das pálpebras) e
genital, pele lesada e por meio da placenta.
SINTOMAS
Nas fêmeas, os principais sintomas são: morte
embrionária precoce, aborto no terço final da
gestação, altas taxas de natimortalidade (fetos
expelidos mortos no momento do parto). Os TRATAMENTO
machos podem apresentar infertilidade, O diagnóstico baseia-se no histórico clínico do
epididimite, orquite e dermatite escrotal (todas animal, acompanhado de sorologia (exame
elas inflamações no aparelho reprodutor) como específico no soro sanguíneo). O procedimento que
consequência de alterações no sêmen. Também confirma a presença da Brucella, uma vez o animal
existem relatos de sintomas de uveíte (inflamação sendo soropositivo (teste sorológico positivo para
intraocular), disco espondilite (alterações nas brucelose), é o isolamento desse agente em
vértebras), meningite (inflamação nas meninges), secreções orgânicas ou tecidos. O tratamento pode
glomerulonefrite (infecção nos rins) e dermatite ser realizado mediante a utilização de antibióticos
pio granulomatosa (infecção da pele). indicados especificamente para a doença. Sempre
deve ser lembrado que a brucelose é uma zoonose,
portanto pode ser transmitida para seres humanos.
PREVENÇÃO
O primeiro passo para a prevenção e controle da doença é
confirmar a presença da Brucella nos animais do canil ou em
seu cão ou cadela. Sempre que houver cruzamento, antes
dele acontecer, os dois cães devem ser testados para
brucelose. Só devem acasalar se ambos tiverem resultado
do exame sorológico negativo. Isso garante que os animais
não sejam infectados durante o acasalamento.
Quando um cão for identificado como positivo no teste
sorológico, ele deve ser isolado e tratado até que a infecção
seja eliminada. Para tal, devem ser realizados testes a cada
quatro meses. A identificação e eliminação dos animais
positivos é o único método eficiente de prevenção e
controle em canis.
Caso você opte por tratar um animal soropositivo para
brucelose, ele deve ser isolado dos demais durante o
tratamento até ser soronegativo (teste sorológico negativo).
Consulte seu médico veterinário para saber quais os
cuidados e riscos. Não se esqueça que a brucelose pode
passar para os seres humanos.
EPIDIDIMIT
E OVINA
É uma doença venérea crônica dos carneiros,

DIAGNÓSTICO
caracterizada pelo aumento de volume e
consistência do epidídimo e atrofia dos testículos.
Chamada de epididimite ovina, a enfermidade é
causada pela Brucella ovis, e está presente em
O diagnóstico clínico é feito pela palpação
algumas regiões do Brasil, conforme inquéritos
sorológicos. dos testículos, que apresentam consistência
macia e atrofia. Verifica-se também
aumento do volume da cauda e cabeça do
epidídimo. O diagnóstico sorológico
demonstra a presença de anticorpos
contra Brucella ovis e na cultura do sêmen,
a presença do microrganismo. Vale salientar
que somente a avaliação clínica dos animais
com sinais característicos (reprodutores e
matrizes) não é confirmatório da Brucelose
Ovina, deve-se levar em consideração as
infecções por outros agentes etiológicos.
TRANSMISSÃO
Por meio do sêmen, leite e colostro
contaminados e materiais oriundos de
abortos.

ECONOMIA
Os prejuízos econômicos causados pela
doença estão associados à diminuição da
fertilidade e da vida reprodutiva de
carneiros, períodos de parição prolongados
e, ocasionalmente, abortos em matrizes.
PREVENÇÃO E
CONTROLE
O controle da B. ovis é baseado na identificação,
isolamento e eliminação de animais
soropositivos. Recomenda-se como prevenção e
ECONOMIA
controle a criação isolada de carneiros jovens e Os prejuízos econômicos causados pela
adultos; os exames clínico e sorológico doença estão associados à diminuição da
periódicos, antes do período de monta; e a fertilidade e da vida reprodutiva de
entrada no rebanho de carneiros com exames carneiros, períodos de parição prolongados
clínico e sorológico negativos. e, ocasionalmente, abortos em matrizes.
VACINA
A vacina B19 é a mais utilizada em programas de controle
da brucelose bovina, podendo ser utilizada em fêmeas de

ESTUDOS
três a oito meses de idade. Protege cerca de 70% dos
animais quando expostos ao tipo virulento da bactéria. É
uma cepa lisa que pode causar aborto em animais prenhes
e, principalmente, induzir a produção de anticorpos contra Uma vacina ideal contra a brucelose deve apresentar as seguintes
um dos seus componentes estruturais, a cadeia O do características: não provocar a doença em animais vacinados;
lipopolissacarídeo (LPS), o que pode interferir em testes prevenir a infecção pela bactéria em animais de ambos os sexos;
sorológicos na diferenciação de animais vacinados daqueles prevenir aborto e esterilidade; promover proteção contra a
infecção por longo tempo com uma simples dose; não induzir a
naturalmente infectados.
produção de anticorpos persistentes os quais interferem no
diagnóstico de infecções a campo; ser biologicamente estável; não
A vacina RB51, é uma cepa rugosa, utilizada amplamente apresentar risco de reversão da virulência in vitro e in vivo; não ser
em países como Estados Unidos, Uruguai e Chile. No Brasil patogênica para humanos; e ser facilmente produzida em grande
ela pode ser ministrada em fêmeas entre nove e 12 meses escala e baixo custo.
de idade que não tenham sido vacinadas com a B19. Esta Dentre as perspectivas em vacinologia para a brucelose, as
vacina apesar de não interferir nos testes sorológicos, tem a pesquisas estão sendo direcionadas para vacinas de DNA, vacinas
desvantagem de ser resistente à rifampicina, um dos vivas atenuadas geneticamente e vacinas de subunidades. Esta
última composta de proteínas naturais ou recombinantes da
antibióticos usados no tratamento contra a brucelose
bactéria.
humana. Grandes estão sendo os esforços das instituições de ciência e
tecnologia do mundo todo na busca de uma nova vacina contra a
brucelose em bovinos. O Brasil vem fazendo sua parte nesta
corrida.
REFERENCIAS
BIBLIOGRAFICAS
Portaria nº 1.339/1999, do Ministério da Saúde.
EMBRAPA CAPRINOS E OVINOS. Centro de Inteligência e
Mercado de Caprinos e Ovinos. Brucelose ovina. Disponível em:
https://www.embrapa.br/cim-inteligencia-e-mercado-de-caprinos-
e-ovinos/zoossanitario-brucelose. Acesso em: 19 de novembro
de 2023
Corbel MJ. Brucellosis: Epidemilogy and prevalence worldwide.
In Young EJ, Corbel MJ, eds. Brucellosis: Clinical and laboratory
aspects. Boca Raton, Fla: CRC Press 1989: 25-40.
Carvalho MS, Barroso MR, Pinhal F, Mota Tavares F. Brucelose,
alguns aspectos epidemiológicos. Medicina Int 1995; 2 (4): 259-
261.
Young EJ: Human Brucellosis. Infect Dis. 1983; 5: 321-342.
Young EJ, Suvannoparrat U. Brucellosis outbreak attributed to
ingestion of unpasteurized goat cheese. Arch Intern Med 1975;
135: 240-243.
OBRIGADO

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