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CAPÍTULO 1- BIOLOGIA E SUCESSO REPRODUTIVO DE MIMUS GILVUS (AVES:

MIMIDAE) EM UMA ÁREA DE RESTIGA NO NORDESTE DO BRASIL

Universidade Federal do Rio Grande do Norte


Programa de Pós-graduação em Ecologia-UFRN

Damião Valdenor de Oliveira


Orientador- Mauro Pichorim
Introdução Capítulo 1

Ecologia Evolutiva
 Aves e estudos em
ecologia
Comunidades

Populações
Teoria da
história de vida
Ecologia da Paisagem
Introdução Capítulo 1

 Teoria da história de vida

 A teoria de história de vida tenta entender por que e como as


estratégias reprodutivas funcionam em diferentes contextos ambientais

 Questões importantes!!!

 Quando iniciar a reprodução?


 Quantos filhotes produzir ?
 Quais locais são melhores para reprodução?
Introdução Capítulo 1

 Aves e o desenvolvimento da teoria da história de vida


 A história de vida encontra-se extremamente
relacionada a reprodução das aves

 Tamanho da ninhada
Sobrevivência
 Local de nidificação da prole

 Que época reproduzir


Introdução Capítulo 1

 A maioria das teorias que abordam padrões de


história de vida das aves emergiu nas regiões
temperadas

 Tamanho da ninhada (Clusth size)

Lack - Moreau

Padrão Latitudinal

 Explicação(Limitação por alimento)

Lack 1947, Moreau 1944


Introdução Capítulo 1

 Tamanho da ninhada

 Skutch (1949) Predação

 Predação

 o tamanho da ninhada das aves nos


trópicos seria limitado pelas altas taxas
de predação de ninhos

Predação

Skutch 1949
Introdução Capítulo 1

 Tamanho da ninhada

 Hipótese da Sazonalidade
 O tamanho da ninhada de aves que ocupam
ambientes com baixas variações sazonais são
menores do que os das aves residentes em
habitats que possuem maior sazonalidade.

 Várias tentativas reprodutivas (Regiões tropicais)

Jetz et al. (2008)


Introdução Capítulo 1

Mimus polyglottos
Postura (2-6 ovos)
Mimus gundlachii
Postura( 2-3 ovos)

Equador
Mimus longicaudatus Mimus gilvus
Postura ( 3-4 ovos) Postura( 2-3 ovos)
Mimus dorsalis
Postura ( 4 ovos)
Mimus saturninus
Postura ( 3 ovos)
Mimus thenca
Postura (3-4 ovos) Mimus patogonicus
Postura (3-4
Mimus triurus ovos)
Postura (3-4 ovos)
Introdução Capítulo 1

 Sucesso Reprodutivo
•Probabilidade de um ninho sobreviver desde a
postura dos ovos até pelo menos um indivíduo
da prole deixar o ninho

•Componente chave para o entendimento da


reprodução de muitas espécies de aves

•Fatores que afetam o sucesso reprodutivo

• Predação
•Local de nidificação
•Altura do ninho
•Densidade da vegetação

(Robinson 2000, Oniki 1979, Stutchbury & Morton 2001, Martin 1993)
Justificativa Capítulo 1

Porque estudar o sucesso reprodutivo


e biologia reprodutiva das aves?

• Predação • Estratégias de manejo


• Local de nidificação Sucesso e conservação
• Altura do ninho reprodutivo
• Densidade da vegetação • Planos de ação

•O Brasil possui em torno de 1902 espécies


de aves (CBRO 2014).

•Conhecimento escasso sobre biologia


reprodutiva Características de nidificação
Descrição de ovos
Tamanho da ninhada
Período reprodutivo
Sucesso reprodutivo

Heming 2013, Martin 1996


Espécie alvo Capítulo 1

sabiá da praia -Mimus gilvus

Passeriforme da família Mimidae, aves restritas Foto: Tonny Marques


ao continente americano

No Brasil a espécie ocorre principalmente nas


restingas. Foi considerada a única espécie
característica desse ambiente

Sub-espécie M.gilvus antelius- litoral brasileiro

Alimentação: artrópodes (insetos e aranhas) e


frutas

Alves et al. 2000, Simon et al. 2007, Zanon 2010


Espécie alvo Capítulo 1

sabiá praia-Mimus gilvus


Estatus de conservação
Foto: Tonny Marques
•Não consta na lista de espécies ameaçadas (IUCN
2014)

Considerado ameaçado no estado do Rio de Janeiro


e Espírito Santo

Causa: Expansão imobiliária nos ambientes


costeiros, resultando na substituição da vegetação
natural por paisagens urbanizadas

Poucos informações sobre biologia reprodutiva


de M. gilvus

Alves et al. 2000, Simon et al. 2007, Zanon 2010


Objetivos Capítulo 1

Objetivo Geral:

Descrever a reprodução e estimar o sucesso


Foto: Tonny Marques
reprodutivo de Mimus gilvus em área de restinga

Específicos

Descrever a biologia reprodutiva de Mimus gilvus em


área de restinga

Correlacionar o sucesso reprodutivo de Mimus gilvus


com variáveis ambientais ou de estrutura do local do
ninho

Determinar o período reprodutivo de Mimus gilvus

Identificar os principais fatores que afetam o sucesso


reprodutivo dessa espécie na área de estudo.
Metodologia Capítulo 1

Área de estudo

-Centro de Lançamento da Barreira do Inferno-CLBI


(5°54’S e 35°10’W)

-A área é coberta por floresta de restinga,


caracterizada por solo arenoso e cobertura vegetal
xerófila

Busca e monitoramento dos ninhos

-2009, 2010, 2011, 2012 e 2014

-Ninhos monitorados a cada três ou quatro dias


- Período de incubação
-Período reprodutivo
-Desenvolvimento dos filhotes
Metodologia Capítulo 1

Sucesso reprodutivo
Sucesso aparente: Porcentagem simples (%) No ninhos bem-sucedidos
No total de ninhos encontrados
Estima com viés positivo pela maior facilidade de detectar ninhos bem-sucedidos.

Método Mayfield 1961-75: Período de exposição = número de ninho observado/período de etempo =


dias-ninho

No ninhos perdidos
(TSD) Taxa de Sobrevivencia Diária = 1 –
No dias exposição
Sendo: TSD Taxa de Sobrevivência diária no período de ovo ou de filhote.
TSP = TSD t
t = Número de dias necessários para se completar uma destas fases (Mayfield 1961, 1975).
O sucesso reprodutivo foi obtido pela multiplicação da TSP de ovo pela TSP de filhote.

O resultado da multiplicação corresponde à chance do ninho sobreviver desde o início do


período de ovo até o fim do período de ninhego (Mayfield 1961, 1975).
Resultados Capítulo 1

Período reprodutivo

-Inicia no final de agosto- meados de Setembro


estendendo-se até Março

-39 ninhos ativos

-31 monitorados e utilizados nas análises para estimar


o sucesso reprodutivo pelo método de Mayfield ( 1965,
1975).

O pico de reprodução ocorreu no mês de setembro de


2011, onde foram encontrados 16 ninhos ativos
Resultados Capítulo 1

Ninhos

-Mimus gilvus possui ninho em formato de tigela,


revestido na parte externa por gravetos que possuem
maior espessura em relação aos que são colocados
mais internamente no ninho.

Tabela 1. Variáveis morfométricas e altura em relação ao nível do solo de ninhos de


Mimus gilvus encontrados no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno-CLBI, RN.

Variáveis N Média ± DP Mínimo - Máximo


Altura em relação ao solo
(m) 12 0.8 ± 0.4 0.3 - 1.8

Altura do ninho (mm) 10 88.5 ± 16 70 - 110

Profundidade (mm) 11 56 ± 6 50 - 65

Diâmetro externo (mm) 11 146.3 ± 18 127 - 175

Diâmetro câmara (mm) 11 107 ± 18.4 86 - 140


Resultados Capítulo 1

Ninhos

Os ninhos de M. gilvus encontrados na área de estudo


em sua maioria (N=28 ninhos) foram construídos em
“moitas”.

Alguns ninhos foram encontrados em cactos


Pilosocereus catingicola (N=11ninhos) Moita

Cacto
Resultados Capítulo 1

 Período de incubação e ninhegos

Tamanho Postura(2-3-6 ovos) dois, três e seis


ovos.

Tamanho médio da postura foi de 2 ± 0,51 (N = 20)

O período de incubação foi de 13 ± 1,9 dias (N= 11


ninhos)

 O período de permanência dos filhotes no ninho foi


de 11 ± 1,6 dias ( N= 9 ninhos).

Os ninhegos com aproximadamente 11 dias já


eram capazes de sair do ninho (Figura 2- E).
Resultados Capítulo 1

Ovos

Tabela 2. Medidas morfométricas dos ovos de Mimus gilvus encontrados


no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno-CLBI, RN .

Variáveis Média ± DP (N) Mínimo - Máximo

Comprimento dos ovos (mm) 26.2 ± 1.5 (40) 4.2 - 6.5

Largura dos ovos (mm) 19.2 ± 0.6 (40) 18.1 - 20.3

Massa dos ovos (mm) 5.2 ± 0.5 (39) 4.2 - 6.5


Resultados Capítulo 1

Sucesso reprodutivo

Tabele 3. Parâmetros de sobrevivência de ninhos de Mimus gilvus no Centro de


Lançamento da Barreira do inferno (CLBI)-RN, durante a estação reprodutiva de
2011.

Taxa de
Taxa de Sucesso de
Período do Exposição Sobrevivência
Ano Sobrevivência Mayfield
Ninho (Dias-Ninho) no período (%)
Diária (TSD) (%)
(TSP)

Incubação 199 0.964 61


2011 29

Ninhego 168 0.934 47


Resultados Capítulo 1

Perdas de ninhos

Principal causa de perdas

Predação -cerca de 41% (13 ninhos).

Outra causa da perda de ninhos foi o abandono


que correspondeu a 16% (5 ninhos ).
Boa constrictor
Maior taxa de predação durante a fase de ninhego

Leptophis ahaetulla
-11 ninhos predados

Taxa de Sobrevivência no período ninhego foi menor


em comparação ao perído de ovo

TSP ninhego (%) = 47


TSPovo(%) = 61
Foto:GUILHERME TOLEDO
Discussão Capítulo 1

 M.gilvus nidifica no período mais seco na área de estudo


Período reprodutivo

 Evitar predação

 De acordo com Morton (1971) Turdus grayi (Turdidae)


se reproduz no período de seca embora o alimento seja
menos abundante, a predação também é menor nessa
época

 Sucesso reprodutivo semelhante ao encontrado para


outras espécies neotropicais (29%-Mayfield)

 Menor em comparação com espécies de regiões


temperadas ( 50-60% Martin 1993)

 A predação foi muito maior durante o período de


ninhego, como previsto pela hipótese de Skutch (1949)
CAPÍTULO 2- DENSIDADE DE MIMUS GILVUS (AVES: MIMIDAE) EM ÁREA DE RESTIGA NO
NORDESTE DO BRASIL

Universidade Federal do Rio Grande do Norte


Programa de Pós-graduação em Ecologia-UFRN

Damião Valdenor de Oliveira


Orientador- Mauro Pichorim
Introdução Capítulo 2

 Existem vários métodos empregados para contagem de aves

 Um dos mais usados é o de distâncias ( distance sample)-Thomas et


al.2002, Buckland et al. 2001.

Consiste em registrar a distância perpendicular ao transecto linear (ou


radial no caso de pontos)

 Posteriormente determinar uma função de ajuste para o conjunto de


dados

Informações sobre densidade populacional são fundamentais para


conservação

 Podem indicar mudanças populacionais


Introdução Capítulo 2

 Existem vários métodos empregados para contagem de aves

 Um dos mais usados é o de distâncias ( distance sample)-Thomas et


al.2002, Buckland et al. 2001.

Consiste em registrar a distância perpendicular ao transecto linear (ou


radial no caso de pontos)

 Posteriormente determinar uma função de ajuste para o conjunto de


dados

Informações sobre densidade populacional são fundamentais para


conservação

 Podem indicar mudanças populacionais


Justificativa Capítulo 2

 M. gilvus tem sido afetado negativamente pela urbanização em


alguns locais de sua distribuição

 Considerada ameaçada localmente nos estados do Rio de Janeiro e


Espírito santo (ALVES et al. 2000; ZANON 2010; ESPÍRITO
SANTO, 2005)

 Ausência de informações para as populações no litoral do nordeste

 As populações de M. gilvus do Brasil compõem uma linhagem


evolutiva provavelmente única, com características ecológicas
peculiares- subespécie M. gilvus antelius (HELLMAYR, 1934; PINTO,
1944; CODY 2005
Espécie alvo Capítulo

sabiá praia-Mimus gilvus


Estatus de conservação
Foto: Tonny Marques
•Não consta na lista de espécies ameaçadas (IUCN
2014)

Considerado ameaçado no estado do Rio de Janeiro


e Espírito Santo

Causa: expansão imobiliária nos ambientes


costeiros, resultando na substituição da vegetação
natural por paisagens urbanizadas

Alves et al. 2000, Simon et al. 2007, Zanon 2010


Espécie alvo Capítulo 2

sabiá da praia -Mimus gilvus

Passeriforme da família Mimidae, aves restritas Foto: Tonny Marques


ao continente americano

No Brasil a espécie ocorre principalmente nas


restingas. Foi considerada a única espécie
característica desse ambiente

Sub-espécie M.gilvus antelius- litoral brasileiro

Alimentação: artrópodes (insetos e aranhas) e


frutas

Alves et al. 2000, Simon et al. 2007, Zanon 2010


Espécie foco Capítulo 2

sabiá da praia -Mimus gilvus

Passeriforme da família Mimidae, aves restritas Foto: Tonny Marques


ao continente americano

No Brasil a espécie ocorre principalmente nas


restingas. Foi considerada a única espécie
característica desse ambiente

Sub-espécie M.gilvus antelius- litoral brasileiro

Alimentação: artrópodes (insetos e aranhas) e


frutas

Alves et al. 2000, Simon et al. 2007, Zanon 2010


Objetivos Capítulo 2

Específicos
Foto: Tonny Marques
Estimar a abundância e densidade populacional de
M.gilvus em áreas de restinga

Comparar com outras estimativas

 Correlacionar variáveis da estrutura do habitat com


os valores de abundância e densidade
Metodologia Capítulo 2

Área de estudo

Centro de Lançamento
da Barreira do Inferno-
CLBI
Metodologia Capítulo 2

Área de estudo

Via costeira
Metodologia Capítulo 2

 Transecções lineares

Um dos principais métodos de estudos quantitativos de aves


(BIbby et al, 1992; Ralph et al, 1996)

Para avaliar abundância (avistamentos/km) e densidade


(indivíduos/ km2 )
Metodologia Capítulo 2

 Transecções lineares

Programa Distance 6.2

 A densidade será calculada por meio da fórmula

D = N/(2*LE*L)

D = densidade (indivíduos/ km2)


N = número total de avistamentos
LE = largura efetiva da área amostrada (em Km), calculada pelo
programa Distance
L = quilometragem total percorrida
No. Objects Obse

No. Objects Obse


Metodologia Capítulo 2

 Transecções lineares Distance Distance

No. Objects Observed

No. Objects Observed


Programa Distance 6.2

Distance Distance

Animais não
detectados
Frequency

Função de detecção
g(x)
Perpendicular distance from line
No. Objects Obse

No. Objects Obse


Metodologia Capítulo 2

 Transecções lineares Distance Distance

No. Objects Observed

No. Objects Observed


Programa Distance 6.2

Distance Distance

Animais não
detectados
Frequency

Função de detecção
g(x)
Perpendicular distance from line

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