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EM OCTÁVIO PAZ
ROTAÇÃO
VERSO E PROSA
O ritmo não só é o elemento mais antigo e permanente da linguagem,
como ainda não é difícil que seja, anterior à própria fala.
Todas as expressões verbais são ritmo, sem exclusão das formas mais
abstratas ou didáticas da prosa;
• o ritmo se dá espontaneamente em toda forma
verbal, mas só no poema se manifesta plenamente.
Sem ritmo, não há poema; só com o mesmo não há
prosa. O ritmo é condição do poema, enquanto que
é inessencial para a prosa.
COMO DISTINGUIR PROSA DO
POEMA?
Série ritmada de gestos e de passos ao som
• poema se apresenta como uma ordem de uma música.
fechada
• Valéry compara a poesia com a dança.
• O poema apresenta-se como um círculo
ou uma esfera: algo que se fecha sobre
si mesmo, universo autossuficiente e no
qual o fim é também um princípio que
volta, se repete e se recria . E esta
constante repetição e recriação não é
senão o ritmo, maré que vai e que vem,
que cai e se levanta Mover-se de modo
sempre voltando
ao ponto
de partida.
Traço contínuo
• Prosa tende a manifestar-se como uma direto.
construção aberta e linear.
obedece uma
• Valéry comparou a prosa com a marcha. sequência.
.
Bandeira, Manuel 1886 - 1968.
Antologia Poética. Rio de Janeiro:
J.Olympo, 1976, 8. ed. , p. 96
METRO
O metro, ao invés disso, é medida abstrata e independente da imagem. A
única exigência do metro é que cada verso tenha as sílabas e os acentos
requeridos
• O mesmo ocorre com o verso livre contemporâneo: cada verso é uma imagem
e não é necessário suspender a respiração para dizê-los. Por isso, muitas vezes
é desnecessária a pontuação. As vírgulas e os pontos sobram: o poema é um
fluxo e refluxo rítmico de palavras
A IMAGEM
Ao percebemos um objeto este nos apresenta uma pluralidade de qualidades, sensações e significados. O
que unifica todas essas qualidades é o sentido. As coisas possuem um sentido. Assim, o sentido é o
fundamento da linguagem e também a apreensão da realidade. A imagem também reproduz a pluralidade
da realidade.
Ao vermos uma cadeira imediatamente percebemos sua cor e forma. No mesmo ato nos é dado o
significado da cadeira: um móvel. Mas se quisermos descrevê-la teremos que ir por partes: primeiro a
forma, sua cor, material, ate chegar ao significado: a cadeira é um objeto que serve para sentar-se. Mas,
segundo Octavio Paz nesse processo descritivo perdemos aos poucos a totalidade do objeto.
No poema a cadeira é uma presença instantânea e total que chama a nossa atenção de uma só vez. O
poeta não descreve a cadeira, coloca a diante de nós. Assim como no momento em que percebemos um
objeto, a cadeira nos é dada com todas suas qualidades e significados. Assim , a imagem reproduz o
momento de percepção.
• O sentido da imagem poética.
Toda frase é suscetível de ser explicada por outra frase. Dessa forma o significado ou
sentido é um querer dizer. Eu posso dizer uma frase que pode ser dita de outra maneira.
De modo contrário o sentido da imagem é a própria imagem. Não se pode dizer com
outras palavras. A imagem explica-se a si mesma. Sentido e imagem são a mesma coisa.
Um poema não tem mais sentido que suas imagens. Ao ver um cadeira, apreendemos
instantaneamente seu sentido: sem necessidade de recorrer a palavra, sentamo-nos.
As imagens do poema não nos levam a outra coisa, mas nos colocam diante de uma
realidade concreta.
A imagem é seu sentido. O sentido do poema é o próprio poema.
• O autor destaca também que a imagem não explica: convida-nos a
recriá-la e revivê-la.
• O crítico literário Octavio Paz defende que a imagem é responsável por
transmutar o homem e convertê-lo em imagem, isto é, em espaço onde
os contrários se fundem. Destaca ainda que o próprio homem,
desgarrado desde o nascer, reconcilia-se consigo quando se faz imagem,
quando se faz outro, porque, segundo ele, a poesia tem o poder de
colocar o homem fora de si e, simultaneamente, o fazer regressar ao seu
ser original, isto é, voltá-lo para si: “O homem é sua imagem: ele mesmo
e aquele outro. Através da frase que é ritmo, que é imagem, o homem
– esse perpétuo chegar a ser – é. Poesia é entrar no ser. (PAZ, 2015, p.
50).