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PROJETO DE CLIMATIZAÇÃO

Nesta unidade você aprendera uma das fases mais importantes da


instalacão de sistemas de
climatizacão: o projeto. Muitos sistemas de climatizacão apresentam uma
serie de problemas
porque não foram adequadamente previstos, muitas vezes levando em
consideracao apenas
a área dos ambientes, sem considerar todas as suas características físicas e
geográficas. Um
sistema mal projetado provavelmente nunca funcionara corretamente.
Você terá a oportunidade de aprender a levantar as caracteristicas
do ambiente, identificando
as fontes de calor internas e externas e os fatores que impactam em
suas magnitudes, tanto
pelo uso do ambiente quanto pelas variacoes decorrentes da
geografia e do clima.

Em seguida, você aprendera a estimar os ganhos de calor dessas


fontes e como remover o
calor do ambiente por meio da vazão de ar de insuflamento.
Aprendera ainda a dimensionar a tubulacão de agua para sistemas
de expansão indireta e
os dutos para conducão do ar do equipamento ate o ambiente e
vice-versa.
Voce sabia que o projeto e uma das fases mais
importantes de uma instalacao?

a) elaborar o escopo do projeto de climatizacão;


b) Identificar os riscos e oportunidades durante a
execucão do projeto de climatizacão;
c) Selecionar normas técnicas aplicáveis a elaboracão
de projetos e lay out.
d) Inicie seus estudos conhecendo o que e um projeto e
quais as suas características!
2.1 DEFINIÇÃO
a) Segundo o Dicionario Online Michaelis (2016) “projeto” e: “Plano para a realizacao
de um ato; designio,
intencao […] Representacao grafica e escrita com orcamento de uma obra que se vai
realizar”;
b) Segundo o Project Management Institute (2016), “projeto” e um conjunto de
atividades temporarias,
realizadas em grupo, destinadas a produzir um produto, servico ou resultado unico.

Apos concluida a instalacao, e feito o as built, que numa traducao livre seria “como
construido”. Pode
ser entendido como uma revisao do projeto, na qual sao corrigidos os desvios
encontrados durante a
instalacao, tais como posicao de equipamentos e componentes, alteracoes decorrentes
de ampliacao de
a) Projetistas: empresas ou profissionais que recebem a demanda do cliente e fazem um complexo
estudo do empreendimento, que pode ser composto por um ou mais ambientes a serem climatizados.
Este estudo se compoe do calculo estimativo da carga termica, da concepcao do sistema com a
selecao preliminar dos tipos de equipamentos que atendem as necessidades dos clientes e da analise
de viabilidade financeira, tecnica e funcional do projeto, apresentando os diversos pros e contras de
cada concepcao. Este estudo e apresentado ao cliente, que decidira qual concepcao sera usada.

Uma equipe de projetos e composta por varias pessoas,


destacando-se o tecnico de
refrigeracao e climatizacao, que pode auxiliar o engenheiro com
seu conhecimento
especifico da area, fazendo os levantamentos, os calculos, os
dimensionamentos, as
especificacoes, os orcamentos, etc.
b) Instaladores: empresas ou profissionais que podem receber o projeto elaborado pelo projetista.
Fazem o orcamento e apresentam os custos aos clientes.
c) Mantenedores: empresas ou profissionais que fazem a manutencao dos sistemas e equipamentos
de ar-condicionado. Os mantenedores recebem os projetos revisados dos instaladores, normalmente
por meio do cliente, para manter os sistemas funcionando. Os mantenedores precisam consultar
o projeto para conferir se as variaveis de controle, tais como a temperatura, a umidade, a vazao
volumetrica de ar nos ramais de dutos, etc. estao dentro dos parametros previstos e corrigir os
desvios, seja por meio de regulagens ou substituicao de pecas e componentes.

Existem empresas que executam mais de uma dessas funcoes. Na ultima decada, percebeu-se que os
projetistas se tornaram mais autonomos, e muitas empresas tem realizado mais funcoes de instalacao e
manutencao de sistemas de climatizacao.
As empresas instaladoras geralmente tem um departamento de
orcamentos que recebe a demanda
por meio de vendedores tecnicos e tem a obrigacao de elaborar
uma proposta comercial que tenha o
menor valor e o maior numero de beneficios ao cliente

Existem ainda empresas que so comercializam equipamentos de


ar-condicionado, geralmente
equipamentos do tipo split, que sao vendidos diretamente para o
cliente. Infelizmente, muitas dessas
empresas nao fazem qualquer estimativa de carga termica,
limitando-se a aplicar uma taxa de capacidade
frigorifica por area de piso, (BTU/h × m 2).

O instalador de aparelhos de climatizacao precisa conferir a


carga termica e fazer
um planejamento da instalacao, pois muitos problemas podem
ocorrer, tais como a
falta de climatizacao adequada, a queima de compressores, a
deterioracao da parte
eletrica da instalacao, etc.
2.2 CARACTERÍSTICAS

Um projeto de instalacao de ar-condicionado pode ser enquadrado em tres categorias basicas:

a) Sistema novo: quando o projeto visa a atender um ambiente que nao tem sistema de climatizacao.
b) Melhoria: quando o projeto visa a atender um ambiente que ja possui sistema de climatizacao e e
necessario algum tipo de intervencao, seja por deficiencia termica, mudanca de leiaute ou retrofit1
dos equipamentos.
c) Inovação: quando o projetista consegue fazer algo diferente do convencional, combinando
tecnologias antigas e novas para proporcionar melhores resultados tanto em sistemas novos como
em melhorias. Os beneficios podem estar relacionados aos custos de instalacao, manutencao e
operacao ou a reducao do consumo de energia, etc. Nao a confunda com a busca incessante de
eficiencia em instalacao durante a fase de manutencao e operacao.
2.3 CONCEPÇÃO

A concepcao do projeto se inicia quando o projetista recebe as informacoes relativas a necessidade do


cliente e suas expectativas de produto ou servico ao termino dos trabalhos. Nesse momento, o projetista
colhe todas as informacoes que vai precisar para elaborar o projeto, verificando quais ele ja dispoe e quais
ele tera que pesquisar.

2.3.1 PROPOSIÇÃO DO OBJETIVO

a) Conforto térmico: quando o objetivo do sistema de


climatizacao for manter as pessoas que ocupam
o ambiente confortaveis termicamente, proporcionando maior
produtividade

b) Processo: quando o objetivo for manter as condicoes


termicas (temperatura, umidade, quantidade
de particulas em suspensao no ar, etc.) necessarias a uma
determinada atividade ou processo
produtivo.
2.3.2 PROSPECÇÃO
Ao realizar a prospeccao, e necessario delimitar as fronteiras do
espaco a ser climatizado. Essa tarefa
e feita a partir da analise das plantas de arquitetura e de visitas
ao local para comprovar as informacoes
e dirimir duvidas. O projetista precisa coletar o maior numero
de informacoes possiveis para saber “o
tamanho” do projeto e o tempo necessario para sua execucao
assim como os possiveis locais para instalar
os equipamentos.
E nessa fase que se comeca a escolher o tipo de sistema que
podera atender as necessidades do cliente,
pois se procura avaliar varios aspectos, como os que estao
listados no proximo quadro. Porem, vale ressaltar
que decidir a melhor solucao para a instalacao e a funcao do
projeto. Para tal intento, e necessario estimar a
carga termica e simular algumas combinacoes de equipamentos,
com os respectivos custos.
2.3.3 ANÁLISE DE DADOS
Apos coletar todas as informacoes, o projetista precisa fazer uma analise criteriosa para definir se
consegue executar o projeto no tempo esperado pelo cliente.
Essa analise envolve os seguintes aspectos:
a) Fontes de pesquisa: o projetista dispoe de todas as informacoes para iniciar as estimativas e elaborar
o projeto? Isso dificilmente acontece, mas pode-se avaliar se e possivel obte-las dentro do prazo
estipulado.
b) Viabilidade funcional: internamente, o projetista precisa avaliar se dispoe de tempo para executar
o projeto e se o sistema de climatizacao pode funcionar da maneira que o cliente espera.
c) Viabilidade técnica externa: internamente, o projetista precisa avaliar se dispoe dos conhecimentos
tecnicos para executar o projeto, pois novas tecnologias demandam tempo para sua assimilacao.
d) Viabilidade econômica: os projetos podem ser executados em qualquer nivel de custo, desde o
mais barato ate o mais caro. Diante disso, o projetista precisa discutir com o cliente a expectativa
deste em relacao ao custo final da instalacao. Nesse momento, e necessario um nivelamento entre a
expectativa do cliente e o custo da instalacao.
e) Viabilidade ambiental: e possivel projetar uma instalacao onde materiais que nao degradem o
meio ambiente possam ser utilizados, tanto na instalacao quanto na operacao do sistema?
f) Saúde e segurança no trabalho: o projetista deve prever todas as fases da instalacao, inclusive
dispositivos para elevar equipamentos, locais para instalar unidades internas e externas em que os
trabalhadores possam estar ancorados sem riscos de queda, materiais que nao sejam inflamaveis e
que nao liberem vapores toxicos, etc.
2.3.4 ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

O projetista de sistemas de
climatizacao deve elaborar o
cronograma avaliando se dispoe de
recursos
fisicos, humanos e financeiros para
executar o projeto dentro do prazo
estipulado em conjunto com o
cliente.
Os recursos físicos estao relacionados aos equipamentos, maquinas e materiais necessarios a execucao.
Podem ser os computadores com softwares de desenho e planilhas eletronicas na fase de projeto, etc.
Os recursos humanos sao as pessoas envolvidas com o projeto ou com a instalacao. Aqui, deve-se
mapear as pessoas e suas competencias para as atividades envolvidas no projeto. Por exemplo, na fase de
projeto, mapeia-se uma pessoa para a estimativa de carga termica, outra para desenhar a instalacao e uma
terceira para elaborar o memorial descritivo. Dependendo das competencias do profissional, do tamanho
do projeto e do prazo disponivel, a mesma pessoa pode realizar mais de uma atividade.

Os recursos financeiros estao relacionados ao dinheiro que alguem ira


desembolsar para comprar os
equipamentos, os materiais e o salario dos trabalhadores, alem de
manter os custos de deslocamento e
estacionamento de veiculos, etc. O projetista tem de fazer uma
estimativa de custos e dispor os desembolsos
numa linha de tempo, a fim de elaborar um fluxo de caixa. Os servicos
pequenos – projetos ou instalacoes –
costumam ser pagos em seu termino. Os servicos maiores costumam ter
um sinal (pagamento parcial antes
de iniciar um servico) e um cronograma de pagamentos ao longo da
entrega dos servicos
E fundamental salientar que um serio problema que o setor de instalações de ar-condicionado vive
desde a ultima década e a falta de planejamento. Infelizmente, e comum se deparar com pessoas que vão
instalar algum tipo de equipamento de ar-condicionado sem ir ao local antes e sem receber as informações
necessárias.
2.3.5 REGISTRO DAS INFORMAÇÕES
Para elaborar um bom projeto, você precisa coletar os dados e as informações de maneira
precisa, pois norteara todo o trabalho. Isso pode ser a diferença entre o sucesso e o
fracasso.

Ao final deste capitulo, você terá subsídios para:


a) elaborar croquis do local de acordo com dados coletados
do cliente, tendo em vista
subsidiar a elaboração de projetos de climatização.
3.1 CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO AMBIENTE

Confira exemplos de ambientes cujo sistema de climatização e considerado como:


a) Conforto térmico: escritórios, consultórios, lojas, shoppings, residências, salas de
reunião, cinemas,
auditórios, etc.
b) Processo: processos industriais que necessitam de condições ambientais controladas
(farmacêuticas,
produtos alimentícios, tecelagens, equipamentos e componentes eletrônicos),
laboratórios,
hospitais, empresas de usinagem de precisão, salas de metrologia, centros de
processamentos de
dados (CPD), etc.
3.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

O projetista de sistemas de climatização deve receber as plantas de arquitetura com o leiaute


definido e
com a indicação da coordenada geográfica norte. Para analisar as plantas de arquitetura, o
projetista deve
estar familiarizado com os símbolos da NBR 6492 (1994):
a) paredes;
b) portas;
c) janelas;
d) indicação de norte.
Você deve analisar as plantas, ir ao local do trabalho e,
sempre que possível, tirar as duvidas em conversa com o
arquiteto ou engenheiro civil sobre o sistema de ar e
climatização, arguindo-os sobre as expectativas em
relação ao tipo de equipamento, posicionamento de
unidade interna e externa, sobre o sistema de distribuição
de ar, enfim, colher o máximo de informações para
minimizar a necessidade de novas visitas e reuniões.
Recomenda-se tirar varias fotos do ambiente com as
possíveis posições dos equipamentos, detalhes da fachada
do ambiente, tipo de forro, etc.
Quando você elaborar o croqui de um ambiente a ser climatizado, leve uma bussola para
definir adequadamente o norte.
Recomenda-se que você crie mais um quadro, ou incorpore as informações sobre as características das
superfícies no quadro já feito.

a) Paredes externas: e necessário identificar a cor, o material e se existe algum tipo de proteção
térmica. Em relação as cores, você enquadra a cor externa da parede nas categorias “clara”, “media”
e “escura”. Lembre-se de que o importante nesse momento e avaliar o quanto a parede reflete a
energia solar, para que seja possível enquadrar os cálculos estimativos de carga térmica nas opções
que serão utilizadas posteriormente. Portanto, pode-se enquadrar as cores brancas, amarelas claras
e tons prateados como claras; as cores pretas, azuis-escuras, roxas-escuras e marrons como “escuras”,
e as demais, como “medias”.

b) Paredes internas: nesse momento, você deve identificar somente as características das paredes
internas fronteiriças. E importante que você verifique se as paredes são de alvenaria, de placas de
gesso com isolante térmico ou de blocos de vidro. Se forem de vidro simples, considere como janelas.

c) Janelas externas: você precisa identificar se a janela possui


persiana interna ou externa, se possui película de proteção solar,
se o vidro e simples ou duplo, a cor do vidro e se existem projeções na
estrutura que façam sombra na janela.
a) Janelas internas: você precisa identificar se o vidro da janela e simples ou duplo e se faz fronteira
com ambientes climatizados.
b) Teto: de dentro do ambiente, verifique se existe forro, laje, telhado ou se ele e de vidro. Se for de vidro,
chamado de claraboia ou solarium, você terá que verificar a superfície como se fosse uma janela externa. Se for forro,
verifique se existe laje ou telhado que recebe sol diretamente; se sim, o conjunto será chamado de ático e terá
considerações especiais no momento do calculo estimativo de carga térmica. Se o teto for laje ou telhado que recebe sol
diretamente (sem forro), confirme se ele não e sombreado por construções externas ao longo do dia. Se for laje, tente
identificar sua composição.

Se o teto estiver entre andares, como num prédio, verifique se o ambiente superior e climatizado. Em caso de telhado,
verifique se o material da telha e cerâmico, metálico ou de fibrocimento. Verifique ainda se possui isolamento e qual sua
espessura.

c) Piso: em relação ao piso, identifique se esta entre andares ou diretamente no chão. Tome cuidado,
pois existem construções em terrenos com desnível, nos quais as entradas ficam ao nível da rua,
mas os fundos possuem vãos livres na parte de baixo, pequenos como taludes ou grandes como se
fossem galpões. Quando o piso fica diretamente sobre o solo, pode-se desconsidera-lo como fonte
de calor.
3.3 FONTES INTERNAS DE CALOR

As fontes internas de calor são: pessoas, iluminação, equipamentos e motores. A NBR 16401 (2008)
apresenta, no anexo C da parte 1, uma serie de tabelas com as taxas típicas de calor que podem ser
utilizadas nos cálculos estimativos de carga térmica.
Dependendo da finalidade do ambiente, a quantidade de calor fornecida pelas fontes internas muda
muito. Ambientes como escritórios podem ter taxas de ocupação bem diferentes, dependendo da
finalidade. Por exemplo: escritórios com empresas de call center tem muito mais pessoas e equipamentos
do que os ocupados por setores administrativos ou uma sala de reunião. Veja as ilustrações a seguir e
perceba as diferenças.
A primeira coisa que se percebe nessas fotos e a diferença no numero de pessoas que poderiam ocupar
a mesma área, conhecida como taxa de ocupação. Perceba que a taxa de ocupação de um prédio e:

a) Alta num ambiente tipo call center.


b) Media num ambiente administrativo.
c) Baixa numa sala de reuniões.
d) Baixíssima numa sala de gerencia.

Recomenda-se anotar numa tabela a quantidade de:

a) Pessoas e suas respectivas atividades físicas. Basta identificar as atividades físicas nas categorias
repouso, trabalho moderado e intenso.
b) Lâmpadas, com a respectiva potencia e tipo.
c) Equipamentos com a respectiva potencia. Vale ressaltar que se deve anotar separadamente as
potencias, principalmente dos equipamentos que liberam vapor d’agua.
d) Motores, com a respectiva potencia e fator de serviço.
3.4 FONTES EXTERNAS DE CALOR
As fontes externas de calor estao relacionadas a variacao da epoca do ano e da presenca ou
nao dos raios
solares. E simples perceber que as temperaturas externas sao mais altas no verao e
menores no inverno.
Tambem se sabe que a umidade do ar muda bastante: no periodo chuvoso do verao a
umidade do ar e
mais alta, e no inverno e menor.

3.4.1 DADOS CLIMÁTICOS


A NBR 16401 (2008) apresenta, no anexo A da parte 1, uma
serie de tabelas com os valores dos dados
climaticos de projeto de 34 cidades brasileiras separadas por
regiao.
3.4.2 INSOLAÇÃO

Tambem e facil perceber que a radiacao solar, comumente chamada de insolacao, e


responsavel pelo aquecimento de superficies, sendo uma das principais cargas termicas a
ser extraidas pelos equipamentos de climatizacao.
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Se voce observar a figura a seguir, vera que os raios solares passam pela superficie
translucida do vidro.
Apenas uma pequena parte da energia termica dos raios solares e refletida pelo vidro, e a
maior parcela e
absorvida pelos elementos internos do ambiente, tais como o mobiliario e o piso.
CASOS E RELATOS

Estimar a carga térmica é importante!


Certa vez, um tecnico foi chamado para resolver o problema de um sistema de climatizacao recém instalado.
Outras empresas ja haviam tentado, mas ninguem tinha conseguido. Chegando ao local,
ele observou um ambiente muito bonito, formado por uma estrutura metalica que sustentava um
telhado, fechado na frente e na lateral da esquina por vidro de cima a baixo, com uma pelicula de
protecao solar e com paredes aos fundos e na lateral, onde se encontravam dois aparelhos do tipo
split hi-wall.
Ao ser atendido pelo gerente, questionou quem tinha feito o projeto daquela instalacao e obteve
a resposta de que a empresa tinha realocado os aparelhos que haviam sido comprados para outra
loja do grupo. Como o tamanho do ambiente era um pouco menor, eles acharam que iria atender
e pagaram um conhecido para instala-los.
Apos algumas verificacoes, o tecnico chegou a conclusao de que os aparelhos estavam funcionando
perfeitamente naquele momento e informou ao gerente, que se espantou, pois as 15h00 a
temperatura do ambiente ficava tao alta que era insuportavel ficar la dentro. O tecnico explicou
que a capacidade dos equipamentos nao dependia somente da area de piso do ambiente, mas
da somatoria de todos os ganhos de calor. No caso daquele ambiente, que recebia sol no periodo
da tarde, o ganho de calor proveniente dos vidros era alto, e para resolver o problema, precisaria
estimar a carga termica e aumentar o numero de aparelhos.
3.4.3 AR EXTERNO
Um dos maiores percentuais da carga termica e, sem sombra de duvidas, o calor pelo ar externo, que
depende das condicoes climaticas do local no qual a instalacao de climatizacao se encontra.

3.4.4 CARACTERÍSTICAS E QUANTIDADE DO


PRODUTO A SER ARMAZENADO
Quando a finalidade do sistema de climatizacao for um
processo industrial, o projetista deve consultar as informacoes
com o pessoal da engenharia de producao, pois alem das fontes
de calor internas e externas ja mencionadas, ter-se-a a carga
termica dos produtos que estiverem sendo manipulados ou
produzidos.

Esteiras de transporte de produtos dentro da area de producao


sao muito comuns e geram atrito tanto nos mancais quanto no
contato entre o produto e a esteira, entre outros.
E importante ressaltar que voce determinara a quantidade de
calor do produto de maneira semelhante
a um sistema de refrigeracao por camara frigorifica. Lembre-se
de que a diferenca fundamental entre a
climatizacao e a refrigeracao e em relacao ao tempo para
remover o calor. Enquanto a climatizacao trabalha
com a taxa de remocao de calor horaria, a refrigeracao trabalha
com a remocao diaria.
Neste capitulo, voce aprendera como a fonte de calor transmite sua energia para o
ambiente
e como estimar sua magnitude. Assim, voce tera subsidios para:

a) identificar as formas de transmissao de calor;


b) identificar fontes geradoras de calor no ambiente a ser climatizado;
c) avaliar as condicoes do ambiente;
d) avaliar o isolamento termico em componentes de sistemas de climatizacao;
e) avaliar a troca de calor entre o componente e o meio utilizado (agua, ar, etc.);
f ) calcular a quantidade de calor gerada no ambiente a ser climatizado.
4.1 CONFORTO TÉRMICO

Varios autores atribuem o conforto termico a um balanco termico entre o ser humano e o meio, sendo
“complicado pela predisposicao pessoal, sexo e idade, de tal forma que nenhuma simples expressao pode
ser facilmente obtida para a sua representacao” (JONES, 1983, p. 97). Outro ponto muito comum entre os
autores e que o corpo humano pode ser considerado uma maquina termica que ingere o alimento e o
converte em calor.
Para que o ser humano se sinta confortavel termicamente, o calor deve ser dissipado para que a
temperatura normal do corpo humano (36,7 °C), mantenha-se constante.
Tambem e comum que a falta de equilibrio termico, proporcionado pelas trocas de calor constantes do
ser humano com o ambiente ocupado por ele, pode causar os seguintes acidentes, decorrentes das altas
temperaturas:

Exaustao termica: devido a reducao de retorno de sangue


venoso ao coracao, resultando
o desmaio […] Caimbra: e devido em parte, a perda de sal pela
evaporacao interna
[…] Insolacao: a temperatura pode subir ate 105 °F (40,5 °C);
as vezes, o suor cessa
instantaneamente. Disso podem resultar o coma e a morte. [sic]
(SILVA, 1968, p. 24)
O conforto term
O conforto térmico também esta associado ao metabolismo humano –
expressão utilizada para exprimir a taxa com que o corpo gera calor, com valor que
varia grandemente entre o limite inferior de 60 W, a taxa metabólica basal, igual a
produção de calor de uma pessoa normal saudável adormecida e um valor
maior dez vezes talvez para uma pessoa realizando uma atividade muito intensa

4.2 FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR DO CORPO HUMANO

O guia técnico Fundamentals Handbook, da ASHRAE (2001, p. 134), apresenta a equação a seguir para
demonstrar a interação térmica do corpo humano com o ambiente. Essa equação pode ser entendida da seguinte
maneira: a energia armazenada S e resultado do balanço entre a taxa metabólica de produção de calor M e o
trabalho mecânico W realizado pelos músculos, aumentando a temperatura do corpo ou a dissipacao de calor por
meio da superfície da pele qsk e pela respiracao qres.
A transmissao de calor do corpo humano ocorre por conducao, conveccao e radiacao e pode ser
representada pela equacao a seguir:
Onde:

M = taxa metabolica de producao de calor;


W = trabalho mecanico realizado;
qsk = taxa total de perda de calor pela pele;
qres= taxa total de perda de calor pela respiracao;
S = taxa de armazenagem de calor;
C+R = calor sensivel perdido pela pele;
Esk= taxa total de perda de calor por evaporacao pela pele;
Cres = taxa de perda de calor por conveccao pela respiracao;
Eres = taxa de perda de calor por evaporacao pela respiracao;
Ssk = taxa de armazenagem de calor no compartimento da pele;
Scr = taxa de armazenagem de calor no compartimento do nucleo.
4.2.1 GRÁFICOS DE CONFORTO TÉRMICO

O mesmo guia (p. 144) cita o ASHRAE Standard 55,


no qual são especificadas as condições ou zonas de
conforto em que 80% das pessoas sedentárias ou
levemente ativas consideram o ambiente
termicamente aceitável e apresenta o gráfico a seguir,
que define as zonas de conforto para verão e inverno
apropriadas as isolações das roupas de 0,078 a 014 m 2
K/W.

https://www.youtube.com/watch?v=coJdr4TBH18
O guia (p. 8-13) tambem apresenta uma serie de fatores que causam desconforto local em uma ou mais
partes do corpo, mas que podem ser previstos pelo projetista:
a) Radiação térmica assimétrica: por causa de janelas frias, paredes nao isoladas, produtos frios,
maquinas quentes ou frias ou pelo teto;
b) Correntes de ar: resfriamento indesejado do corpo humano causado pelo movimento do ar;
c) Diferença de temperatura vertical do ar: quando as partes do corpo humano sao expostas a
diferentes
temperaturas, como um aquecimento na regiao da cabeca e um resfriamento nos pes;
d) Pisos quentes ou frios: o piso tem grande influencia na irradiacao de calor para o ambiente, e sua
temperatura e muito influenciada por suas caracteristicas construtivas, como estar diretamente no
solo, acima de um porao, outro andar ou do sistema de climatizacao – insuflamento pelo piso.
O guia (p. 15) apresenta uma serie de fatores secundarios que tambem influenciam no conforto
termico:
a) Variações do dia a dia: para valores acima de 0,6 K.
b) Idade: o metabolismo diminui com a idade.
c) Adaptação: as pessoas nao se adaptam, preferem ambientes quentes ou frios.
d) Sexo: a temperatura e a perda por evaporacao sao pouco menores nas mulheres do que nos homens,
por causa do metabolismo menor delas, porem a razao pela qual as mulheres preferem ambientes
com temperaturas mais altas e parcialmente explicada pelas roupas leves normalmente utilizadas
por elas.
e) Ritmos circadianos e das estações do ano: como as pessoas preferem nao se adaptar as condicoes
de calor e frio, as condicoes de conforto sao as mesmas no verao e no inverno, porem e razoavel
esperar que o conforto se altere ao longo do dia em funcao do ritmo diario que vai aumentando no
decorrer das horas.
4.3 CARACTERÍSTICAS DOS AMBIENTES

O ganho de calor do ambiente e muito influenciado pelas caracteristicas dos materiais


que formam as
fronteiras do sistema de climatizacao. Tendo em vista a necessidade de economizar
energia e uma serie
de outros fatores, foi publicada a NBR 15220: Desempenho termico de edificacoes
(2014), que apresenta
uma serie de consideracoes sobre a determinacao dos coeficientes globais de transmissao
de calor de
composicoes tipicas utilizadas nas construcoes brasileiras.

Programas utilizados para Conforto Ambiental

https://www.youtube.com/watch?v=Iut5vUMmlco
4.3.1 SUPERFÍCIES
Como o ambiente climatizado possui um potencial de energia termica menor do que o ambiente
externo (por sua temperatura encontrar-se inferior a externa), o calor ultrapassara as fronteiras entre o
espaco climatizado e o ambiente externo por um dos modos de transmissao de calor. A intensidade do
calor que ultrapassa as fronteiras do ambiente climatizado depende das caracteristicas construtivas das
superficies. E fato, por exemplo, que as superficies transparentes permitem a transmissao de calor por radiacao
com mais facilidade do que as opacas.
A transmissao de calor por conducao numa parede ou janela pode ser determinada pela equacao a
seguir (KREITH, 1977, p. 8):
Onde:

qk = calor transmitido por conducao (W);


A = area da secao transversal (perpendicular a direcao do fluxo de calor) da superficie (m 2);
k = coeficiente de condutibilidade termica do material [W/(m 2 * K)];
e = espessura da parede (m);
Tquente = temperatura mais alta (K);
Tfria = temperatura mais baixa (K).
E possivel utilizar as condicoes ambientais de 24 °C de temperatura e 50% UR para sistemas de
climatizacao de conforto termico no Brasil desde os anos 1950, em funcao da publicacao da NB/10 em
1951.
Uma segunda edicao, em 1968, do livro Ar condicionado (SILVA; 1968, p. 37) ja recomendava os
valores de 75 a 76 °F (23,9 e 24,4 °C) e 45 a 50% UR. Caso nao haja nenhum impedimento, recomenda-
se utilizar estes valores, pois estão dentro dos limites propostos pela NBR 16401.
4.4 NORMALIZAÇÃO

Existem varias diretrizes relacionadas ao projeto de instalacao de sistemas de climatizacao conforme


a finalidade dos ambientes em normas tecnicas, em manuais tecnicos de fabricantes de ar-condicionado,
em associacoes tecnicas ou publicacoes especializadas, cabendo ao projetista a sua leitura. No Brasil,
existem varias normas da Associacao Brasileira de Normas Tecnicas (ABNT) relacionadas ao tema de ar-
-condicionado, das quais destacam-se algumas mais relacionadas ao projeto de sistemas de climatizacao:
a) NBR 6492:1994: Representacao de projetos de arquitetura.
b) NBR 7256:2005: Tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saude (EAS) – requisitos
para projeto e execucao das instalacoes.
c) NBR 10068:1987: Folha de desenho – leiaute e dimensoes – padronizacao.
d) NBR 10080:1987: Instalacoes de ar-condicionado para salas de computadores – procedimento.
e) NBR 15220:2014: Desempenho termico de edificacoes.
f) NBR 15848:2010: Sistemas de ar-condicionado e ventilacao – procedimentos e requisitos relativos as
atividades de construcao, reformas, operacao e manutencao das instalacoes que afetam a qualidade
do ar interior (QAI).
g) NBR 16401-1:2008: Instalacoes de ar-condicionado – sistemas centrais e unitarios parte 1: projeto
das instalacoes.
h) NBR 16401-2:2008: Instalacoes de ar-condicionado – sistemas centrais e unitarios parte 2:
parametros de conforto termico.
i) NBR 16401-3:2008: Instalacoes de ar-condicionado – sistemas centrais e unitarios parte 3: qualidade
do ar interior.
4.5 CÁLCULOS ESTIMATIVOS DE CARGA TÉRMICA

No passado, fazia-se a estimativa por meio de formularios


traduzidos das literaturas tecnicas estrangeiras
e pelos fabricantes de equipamentos de climatizacao. No Brasil,
foram muito comuns os formularios e
criterios dos manuais dos fabricantes de equipamentos, como a
Trane (1955) e a Carrier (1965).
Atualmente, a propria NBR 16401 (2008) desaconselha o
calculo manual feito por formularios e
recomenda o uso de softwares para estimar a carga termica,
inclusive indicando programas livres que
podem ser baixados pela internet. Esse cenario ocorre em
funcao da quantidade de calculos e fatores
utilizados pelo programa para finalizar o processo.

Dispensar o software para estimar a carga termica pode implicar


em potencias maiores de equipamentos
que impactarao em valores maiores no orcamento das
instalacoes, num cenario tecnico-financeiro muito
competitivo
4.6 GANHO DE CALOR
Existem diversas formas de ganhar calor em um ambiente.
Serao estudadas na sequencia as seguintes:
ganho de calor por area de janelas e vidros externos; por
paredes externas e internas; por iluminacao;
motores; equipamentos diversos, como aparelhos de cozinhar;
por pessoas e pelo ar externo.
Inicie pelo calor por janelas e vidros externos.

4.6.1 GANHO DE CALOR POR ÁREA DE JANELAS E VIDROS EXTERNOS

Os ganhos de calor por area, como janelas e vidro, sao,


primariamente, influenciados pelas condicoes
climaticas da radiacao solar, chamada de insolacao. O efeito da
radiacao solar e mais significante, e seu
impacto imediato ocorre nas superficies nao opacas.
Para entender o impacto da epoca do ano na insolacao e, consequentemente, no sistema de climatizacao,
primeiro e preciso lembrar as aulas de geografia. Imagine a linha do equador ao redor do globo terrestre.
Lembre-se que o globo terrestre gira em torno do proprio eixo, formando os dias e as noites. Imagine que
voce gira o globo terrestre num angulo de 23,5° (JONES, 1983, p. 153), tal como na figura a seguir. Voce
pode ver que o hemisferio sul recebe mais sol no verao. Consequentemente, recebe menos sol no inverno.
Voce se lembra dos tropicos de capricornio e de
cancer? O primeiro esta a 45° de latitude no
hemisfério sul, e o segundo esta a 45° de latitude no
hemisferio norte. A regiao central do globo terrestre
que esta delimitada entre os dois tropicos e a que
recebe mais sol diretamente. Essa regiao e chamada
de zona
torrida ou de trópicos.
Confira a latitude e a longitude na figura a seguir.
Qualquer superficie envidracada que faca fronteira entre o ambiente climatizado e o externo sera
considerada nesse calculo e utilizara as equacoes a seguir, conforme o guia tecnico ASHRAE (2001, p. 29):

a) Ganho de calor total por janelas e vidros externos:

b) Ganho de calor por insolacao direta na superficie:

c) Ganho de calor por insolacao difusa a superficie:

d) Ganho de calor por conveccao:

Onde:
A = area da janela (m2);
ED, Ed e Er = fatores de reflexao de radiacao;
SHGC θ = coeficiente de ganho de calor solar direto com funcao do angulo;
(SHGC)D = coeficiente de ganho de calor solar difuso;
TIN = temperatura interna (°C);
TOUT = temperatura externa (°C);
U = coeficiente global de transmissao de calor (W/m 2 K);
IAC = coeficiente de atenuacao de entrada por sombreamento de persianas e cortinas.
ANGULO SOLAR

Conforme o guia tecnico ASHRAE (2001, p. 29), todos os angulos sao determinados em graus. Os azimutes solar e da
superficie sao medidos em graus em relacao ao sul, angulos do sudeste sao negativos e do sudoeste sao positivos.

= 30° para UTC – 2:00 Fernando de Noronha;


= 45° para UTC – 3:00 Brasilia;
= 60° para UTC – 4:00 Amazonia;
= 75° para UTC – 5:00 Acre.
LST = hora-padrao local, horas decimais;
4.6.2 GANHO DE CALOR POR PAREDES EXTERNAS

O ganho de calor que atravessa as superficies opacas e derivado dos mesmos elementos de radiacao
solar e gradiente termico utilizados nas janelas e vidros externos. Eles diferem primariamente em funcao
da massa e da natureza da construcao da parede ou do teto, desde que esses elementos afetem a taxa de
conducao de calor que ultrapassa sua montagem composta para a superficie interior
4.6.3 GANHO DE CALOR POR PAREDES INTERNAS

O ganho de calor de uma parede esta relacionado com o tamanho de sua area, o coeficiente de
condutibilidade e a diferenca de temperatura, conforme a equacao apresentada no guia tecnico citado.
4.6.4 GANHOS DE CALOR POR ILUMINAÇÃO

O ganho de calor instantaneo proveniente da iluminacao pode ser calculado pela seguinte equacao
(ASHRAE, 2001):

4.6.5 GANHO DE CALOR POR MOTORES


O ganho de calor por motores eletricos no espaco condicionado pode ser calculado pela seguinte equação:
4.6.6 CALOR POR EQUIPAMENTOS DIVERSOS

Todos os equipamentos devem ser considerados na estimativa de carga termica para resfriamento,
sejam eletricos, a gas ou a vapor. O guia tecnico tambem cita que, pela variedade de equipamentos,
aplicacoes, horarios de funcionamento, uso e instalacoes, a estimativa do ganho de calor pode ser muito
subjetiva e, frequentemente, a unica informacao disponivel e a da placa de identificacao. Por esse motivo,
costuma-se dividi-los em subcategorias.

GANHOS DE CALOR POR APARELHOS DE COZINHAR

A superficie dos equipamentos de cozinhar contribui mais para o calor das cozinhas comerciais, e quando sao instaladas
abaixo de sistemas de exaustao com coifas, sua carga termica de resfriamento e independente do combustivel ou da
energia usada para equipamentos similares, executando as mesmas Operacoes.
GANHOS DE CALOR POR APARELHOS DE COZINHAR COM COIFAS
O guia tecnico ASHRAE (2001) define que os ganhos de calor devem ser estimados pela potencia na
placa de identificacao combinada a taxa de utilizacao e ao fator de radiacao.
Onde:

qentrada = potencia de entrada (W);


FU = fator de uso ou de ciclo;
FR = fator de radiacao, em funcao do tipo de equipamento e do combustivel.
GANHOS DE CALOR POR APARELHOS DE COZINHAR SEM COIFAS
O mesmo guia tecnico define ainda que os ganhos de calor de aparelhos nao instalados abaixo de
coifas de exaustao ou com equipamento do tipo depurador de ar diretamente no ambiente condicionado
podem ser estimados em 50% (Fu = 0,50) a taxa de potencia de entrada horaria, independente do tipo de
energia ou combustivel de alimentacao. Em media, pode se assumir que 34% do ganho de calor e latente,
e os 66% restantes sao sensiveis. Todas as aplicacoes sem duto de exaustao introduzirao na cozinha os calores
sensiveis e latentes na estimativa de carga termica de resfriamento.

GANHOS DE CALOR POR EQUIPAMENTOS DE HOSPITAL E LABORATORIO


E dificil generalizar os ganhos de calor dos equipamentos medicos e de laboratorio, pois ha uma grande
variedade de tipos e aplicacoes. O mesmo guia tecnico (2001) apresenta duas tabelas com alguns equipamentos
tipicos e recomenda a consulta aos fabricantes dos equipamentos grandes.

GANHOS DE CALOR POR EQUIPAMENTOS DE ESCRITORIO


O guia tecnico ASHRAE (2001) cita que computadores, impressoras, copiadoras, maquinas de preenchimento
e verificacao de cheques, contadores de dinheiro e moedas, etc., podem gerar de 9 a 13 W/m 2 em
escritorios em geral, ou de 18 a 22 W/m 2 em departamentos de contabilidade.
Raramente a potencia da placa de identificacao representa o valor do ganho de calor do equipamento,
sendo conservador considerar 50%; seria mais correto considerar 25%. O guia cita varias tabelas para
estimar o calor por equipamentos de escritorio e apresenta a equacao a seguir para estimar o ganho de
calor de monitores de computador:
FONTE DE CALOR:

https://www.youtube.com/watch?v=OSLeMOy--RU

ISOLAMENTO TÉRMICO

https://www.youtube.com/watch?v=RZU5uKoa3mI

CARGA TÉRMICA

https://www.youtube.com/watch?v=lahUzpPT3GU
DETERMINACAO DA VAZAO DE AR EXTERNO (VAE)

A troca entre o ar interno e o externo e subdividida em duas classificacoes:


a) Ar de ventilação: e a vazao de ar externo com entrada natural ou forcada, usado para prover uma
aceitavel qualidade de ar interior.
b) Ar de infiltração: e a vazao de ar externo que se infiltra no ambiente climatizado por fendas e frestas
ou por aberturas de portas externas durante o uso normal de entrada e saida. O ar que vaza por
saidas similares e chamado de ar de extracao.
4.7 DETERMINANDO A CARGA TÉRMICA DO AMBIENTE

Apos determinar o ganho de calor por fontes internas e externas, e necessario totalizar as cargas, a
fim de obter a carga termica para selecionar um ou mais equipamentos de climatizacao, seguindo
determinado criterio. E consenso que nao se deve simplesmente somar as cargas parciais, a fim de evitar o
superdimensionamento dos equipamentos e demais acessorios, tais como os dutos de ar, as tubulacoes de
fluido refrigerante, a parte eletrica, etc., aumentando significativamente o custo de instalacao.
A NBR 16401 (2008) recomenda a utilizacao de programas de computador que utilizem o metodo
radiant time series (RTS), que e uma simplificacao de outros metodos da propria ASHRAE (2001), baseado
nas seguintes condicoes periodicas estaveis:

a) data referencial de projeto: dia e hora cujas condicoes climaticas serao utilizadas para os calculos do
projeto;
b) ocupacao do ambiente;
c) condicoes de ganho de calor identicas aquelas para dias precedentes, como se as cargas se repetissem
num ciclo identico de 24 horas.

A estimativa de carga termica deve abordar dois efeitos de atraso de tempo inerentes a processos de
transferencia de calor em construcoes:
a) atraso na transferencia de calor por conducao por meio de superficies opacas macicas (paredes,
tetos ou pisos);
b) atraso na conversao do ganho de calor de radiacao em carga de resfriamento.
A seguir, observe um diagrama do metodo extraido da ASHRAE (2001, p. 29)
4.8 PROCEDIMENTO DO MÉTODO RTS

O guia tecnico da ASHRAE (2001) apresenta o procedimento para calcular a carga termica para cada ganho de calor:

a) calcule o perfil de 24 horas de ganho de calor para o dia de projeto (para conducao, primeiro determine o tempo de atraso
aplicando a serie temporaria);

b) separe os ganhos de calor em parcelas radiantes e convectivas (veja a tabela a seguir para as fracoes);

c) aplique a serie temporaria para a parcela de ganho de calor radiante para considerar o atraso de
tempo na conversao para a carga de resfriamento;

d) some a parcela convectiva do ganho de calor com a respectiva parcela radiante (atrasada) para
determinar a carga de resfriamento de cada componente.

Depois de calcular a carga de resfriamento de cada componente a cada hora, faca a somatoria e selecione o pico de carga para
o projeto do sistema de climatizacao. Esse processo deve ser repetido por varios meses para determinar o mes em que ocorre o
pico, especialmente com janelas voltadas ao norte, nas quais o maior valor de carga de resfriamento pode ocorrer no inverno e
nao no verao (ASHRAE, 2001).
A convecção térmica é uma
forma de propagação de calor
pela formação de correntes
de convecção descendentes e
ascendentes
4.9 DETERMINAÇÃO DA CARGA TÉRMICA DE RESFRIAMENTO

Apos todos os calculos, devera ser elaborada uma tabela horaria, conforme o exemplo a seguir, na qual serao somadas as
parcelas de todos os ganhos de calor calculados. Nessa tabela devem ser somados os ganhos por conveccao e a radiacao a
cada horario, totalizando o calor sensivel do ambiente.
Procedimento similar sera realizado para obter os ganhos horarios de calor latente. A somatoria dos calores sensivel e
latente sera a carga termica de resfriamento para o ambiente.
Voce sabe como definir o equipamento de climatizacao de um
ambiente? Confira neste
capitulo!

a) selecionar o tipo de sistema de climatizacao mais apropriado;


b) elaborar leiaute do projeto de instalacao de sistemas
climatizacao em meio eletronico;
c) dimensionar sistemas de distribuicao de ar;
d) especificar equipamentos e componentes mecanicos,
eletroeletronicos e eletromecanicos
de um sistema de climatizacao.
5.1 PARÂMETROS TÉRMICOS DO EQUIPAMENTO

Sem duvida, a carga termica total e o primeiro parametro a ser avaliado na escolha do equipamento de
climatizacao, porem nao e o unico. De maneira geral, o climatizador deve atender a:

a) carga termica total;


b) carga termica sensivel;
c) vazao de insuflamento.

Essas informacoes estao disponiveis nos catalogos tecnicos dos equipamentos e em sites de fabricantes.
Porem, aparelhos de janela e splits, que possuem pequenas capacidades frigorificas, costumam disponibilizar
apenas a carga termica total.

Os equipamentos de baixa capacidade costumam ser comercializados no Brasil em BTU/h , que e a


unidade de capacidade termica do sistema de unidades britanico, que significa british thermal unit per hour.
Os demais equipamentos costumam ser comercializados no Brasil em toneladas de refrigeracao (TR), uma
unidade que nao pertence a um sistema internacional.

Como a carga termica foi determinada em W, que e uma unidade do Sistema Internacional (SI), e
necessario aplicar os fatores de conversao:
O quadro a seguir foi elaborado a partir de uma consulta simples ao site dos fabricantes de quipamentos.
Ele apresenta uma referencia das capacidades disponiveis no mercado, orientando o estudante quanto a
selecao previa do equipamento de climatizacao.

5.2 TIPO DE SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO

Voce precisa retornar a tabela que foi elaborada no momento da concepcao do projeto para terminar
de preenche-la. Os projetistas de sistemas de climatizacao procuram selecionar equipamentos, seguindo
uma ordem do mais simples para o mais complexo.
5.3 ESCOLHA DO REFRIGERANTE
As industrias quimicas que produzem os fluidos refrigerantes indicam seus produtos aos fabricantes de equipamentos de
climatizacao, que os escolhem em funcao de uma serie de fatores, tais como custo, disponibilidade, marketing, etc.
Outro fator a ser observado e a avaliacao do potencial de degradacao da camada de ozonio (OPD) e o
potencial de aquecimento global (GWP). Todos os equipamentos novos sao comercializados com fluidos
refrigerantes com ODP igual a zero.
E muito dificil pensar em refrofit de equipamentos de climatizacao, a menos que sua potencia seja muito grande (1500
TR). Muitas empresas preferem substituir os equipamentos por outros com tecnologia mais moderna, com menor consumo
de energia eletrica. Geralmente, o retrofit e concebido em termos do sistema como um todo. Tambem e importante que o
projetista avalie o impacto da substituicao dos fluidos refrigerantes conforme o Programa Brasileiro de Eliminacao dos
HCFCs (PBH), que preve sua reducao em ate 35% em 2020 e a eliminacao desses produtos em 2040 (BRASIL, 2012),
pois a instalacao de um sistema de climatizacao possui uma vida util que varia conforme o tipo de equipamento e,
eventualmente, precisara de reparos. Durante os reparos, talvez seja necessario reoperar o equipamento, com substituicao
parcial ou completa do fluido refrigerante, que fica cada vez mais caro com sua eliminação pelo PBH.

Atualmente, o fluido mais utilizado nos equipamentos de climatizacao ainda e o R-22, que e um
clorodifluorometano (HCFC). Tambem encontram-se alguns equipamentos novos com:

a) R-134A: chillers;
b) R-407C: self containeds, chillers;
c) R-410A: splits, chillers.
A ASHRAE (2001) classifica os fluidos refrigerantes em grupos de seguranca (safety groups), por uma
letra maiuscula e um numero, conforme abaixo:
a) Classe A: toxidade nao identificada.
b) Classe B: evidencia de toxidade identificada.
c) Classe 1: nenhuma propagacao de chama no ar a 65 °F e 14,7 PSIA.
d) Classe 2: baixo limite de flamabilidade (LFL), maior do que 0,00652 lb/ft 3 a 70 °F, 14,7 PSIA e calor de
combustao menor do que 8174 BTU/lb.
e) Classe 3: alta flamabilidade, definido pelo LFL menor ou igual a 0,00625 lb/ft 3 a 70 °F e 14,7 PSIA, ou
calor de combustao maior ou igual a 8174 BTU/lb.
O projetista tambem deve avaliar as caracteristicas termodinamicas do fluido refrigerante para uma
mesma aplicacao. Como exemplo, na tabela a seguir, foram plotados os parametros de temperaturas de
condensacao de 45 °C, evaporacao de 0 °C e sub-resfriamento e superaquecimento de 10 K, para comparar
alguns fluidos refrigerantes tipicamente utilizados nos equipamentos de climatizacao.
Dentre as caracteristicas que se procura no refrigerante, estao a alta capacidade do evaporador e o
menor trabalho de compressao por quilograma, traduzidos pelo coeficiente de performance (COP), ou
seja, o sistema que produz mais frio com menos gasto e melhor, porem a analise deve apenas considerar estes
relevantes valores; nao pode se limitar a eles.
5.6 DEFINIÇÃO DO TIPO DE AUTOMAÇÃO

Existe uma fala corrente na area de climatizacao: “se colocar automacao vai ficar mais caro”. Essa fala tem
seu fundo de verdade, pois cada funcao automatica agrega um ou mais componentes, alem de um valor
adicional de engenharia de automacao, que sera somado ao custo final do sistema. A escolha do tipo de
automacao deve estar associada a perguntas do tipo:

a) O que o cliente quer?


b) O que o cliente realmente precisa, em termos de facilidades?
c) Quais variaveis o processo de climatizacao precisa controlar?
d) Existem tolerancias das variaveis a serem mantidas no processo de climatizacao?
e) E necessario fazer algum banco de dados com os registros coletados pela automacao do sistema de
climatizacao?
f ) E necessario fazer algum tipo de relatorio com as informacoes registradas pela automacao do sistema
de climatizacao?
g) E necessario manter a documentacao referente a rastreabilidade dos sensores utilizados para controlar
o processo de climatizacao?
h) O sistema sera monitorado ou operado remotamente pela internet?
i) Quanto o cliente esta disposto a pagar pelas facilidades da automacao?
Atualmente, as configuracoes para automacao sao imensas; o equipamento pode ser parcialmente
controlado por um termostato microprocessado com display eletronico ate um equipamento totalmente
automatizado operado por computador. Geralmente, duas definicoes iniciais alteram significativamente o
custo:
a) Sistema stand-alone: seria o sistema que funciona sem a monitoracao
por meio de um computador.
Um tecnico pode acessar as informacoes dos parametros por meio de
interfaces homem-maquina
(IHM) ou por laptop;
b) Sistema supervisório: o equipamento e controlado pelo sistema de
automacao e supervisao predial
(SASP) ou por seu equivalente em lingua inglesa, building management
system (BMS). Sao compostos
por um ou mais computadores que fazem uma interface amigavel com os
operadores por meio
de um fluxograma do processo ou uma foto do equipamento, que
apresentam as informacoes de
sensores e atuadores que controlam o sistema de climatizacao e
permitem a intervencao em setpoints
ou programacoes horarias. Permitem manter um banco de dados das
variaveis controladas
para a elaboracao de relatorios.
Equipamentos do tipo unitario, como splits, geralmente possuem todos os controles necessarios ao
funcionamento num nivel baixo de automacao, e todas as intervencoes ocorrem por meio dos controles
remotos. Os modelos mais recentes conhecidos pela tecnologia inverter possuem um pouco mais de
automacao, pois utilizam dispositivos similares a um inversor de frequencia, que permitem reduzir a
rotacao do compressor, fazendo o equipamento funcionar com baixa carga termica. Essa tecnologia
inverter tambem reduz o barulho, uma vez que o numero de partidas do compressor e muito reduzido se
comparado aos sistemas convencionais.

Os sistemas VRF geralmente possuem um grande nivel de automacao, pois as unidades internas sao
conectadas com as externas por meio de um cabo de rede, permitindo que esta tenha mais informacoes
para decidir a capacidade de funcionamento dos compressores, seja por sequenciamento de estagios ou
pela tecnologia similar a inverter ou mesmo a valvulas de controle de capacidade.
Todos os demais sistemas, desde o split ate os chillers, vao requerer um grau de automacao que e definido
pelo pessoal tecnico na compra do equipamento e possuem a versao basica controlada por termostatos.
Veja a seguir uma relacao com alguns termos tipicos de automacao.

a) Variável controlada: a grandeza que se quer controlar ou mensurar por meio de algum sensor ou
transdutor. Ex: temperatura, pressao, umidade relativa, etc.

b) Setpoint: valor que se quer manter na variavel controlada. Ex: 24 °C, 150 Pa, 50% UR, etc.

c) Faixa de ajuste: definido pela tolerancia do sistema. Em controles do tipo on-off, e comum chama-la
de diferencial ou banda morta. Em controle do tipo proporcional, e comum encontrar varios nomes,
dependendo muito do fabricante. Pode ser chamado de ganho, banda proporcional, faixa de estrangulamento
(throttling range), etc.

d) Ação direta: acontece quando a atuacao necessaria aumenta junto com o valor da variavel controlada.
Em outras palavras, atuacao e variavel se deslocam no mesmo sentido. Ex: quanto maior
a temperatura do ambiente, maior a necessidade de refrigeracao, seja pelo funcionamento de um
compressor ou pela abertura da valvula de agua gelada do fan & coil.
e) Ação reversa: acontece quando a atuacao necessaria diminui com o aumento da variavel controlada.
Em outras palavras, atuacao e variavel se deslocam em sentidos opostos. Ex: quanto menor a
temperatura, maior a necessidade de aquecimento, seja pelo acionamento de uma resistencia ou
pela abertura de uma valvula de agua quente do fan & coil.
f) Entrada proporcional: um sensor ou transdutor envia um sinal proporcional a leitura. Por exemplo:
um transdutor de pressao mede de 0 a 100 PSI e envia um sinal na faixa de 0 a 10 Vdc; se a pressao
medida estiver em 40 PSI, o sinal proporcional seria de 4 Vdc. Sinais tipicos: 0 a 5 Vdc, 0 a 10 Vdc, 4 a
20 mA.
g) Sensor de temperatura: utiliza um tipo de resistor com um material sensivel a variacao de
temperatura, que envia um valor de resistencia correspondente ao valor medido. Existem diversos
tipos de materiais dos sensores que possuem curvas diferentes, positivas ou negativas e com precisao
variada. Ex: NTC, PTC, Pt 100, Pt 1000, Ni 100, Ni 1000, balco, etc.

h) Controle do tipo on-off (liga-desliga): o contato de saida liga quando a variavel controlada
(temperatura, por exemplo) atinge o valor do setpoint mais um diferencial. Ex: termostatos,
pressostatos, umidostatos, etc.

i) Controle do tipo proporcional: um sensor envia um sinal de entrada para um tipo de processador
que calcula o desvio da variavel controlada em relacao ao setpoint e a faixa de ajuste e envia um sinal
proporcional de saida para um atuador. Os sinais de saida podem ser:

a) analogico: quando o sinal de saida for do tipo 0 a 10 Vdc ou 4 a 20 mA;

b) floating (flutuante): quando o sinal for composto por duas saidas do tipo on-off e o processador
simular o tempo de atuacao simulando uma saida analogica por tempo de abertura/fechamento
(striking time) do atuador.
Como funciona vrf
https://www.youtube.com/watch?v=WvB9AQZ_IUw

COMO PROJETAR AR CONDICIONADO SPLIT

https://www.youtube.com/watch?v=FUKXnrKjfqA

Sobre vácuo

https://www.youtube.com/watch?v=y__AJwmpDe0

R32 curiosidades
https://www.youtube.com/watch?v=vVFMdhtZt8o

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