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BÊNÇÃOS

E
SACRAMENTAIS
BÊNÇÃO
O “Ritual de Bênçãos” é um livro
litúrgico de grande valor. Nele as bênçãos
estão divididas em cinco partes: Bênção de
pessoas, de objetos, de coisas destinadas
ao uso litúrgico, de objetos de piedade e,
finalmente, bênçãos para diversos fins.
RITUAL DE BÊNÇÃOS
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO
Prot. N. 1200/84

DECRETO
As celebrações de bênção ocupam lugar de destacado
entre os sacramentais, instituídos pela Igreja para o bem-
estar pastoral do povo de Deus. Como ações litúrgicas
que são, tais ritos elevam os fiéis ao louvor de Deus e os
dispõem a alcançar o efeito principal dos sacramentos e a
santificar as diversas circunstâncias de sua vida.
Determinando o reexame da matéria, o
Concílio Ecumênico Vaticano II estabeleceu
que a celebração dos sacramentais levasse
em máxima conta a participação consciente,
ativa e fácil dos fiéis, e afastasse por
completo todo laivo porventura adquirido no
decorrer do tempo, que viesse a empanar o
brilho dos sacramentais em sua natureza e
fins.
O mesmo Concílio decidiu, também,
manter pouquíssimas bênção reservadas, e
apenas em favor dos bispos e ordinários, e
dar oportunidade para que certos
sacramentais possam ser administrados, ao
menos em certas circunstâncias especiais e a
critério do Ordinário, por leigos revestidos
de qualidades convenientes.
Em obediência a essas determinações, a
Congregação para o Culto Divino preparou um
novo título do Ritual Romano, que o Papa João
Paulo II, com autoridade apostólica, aprovou e
mandou publicar.
A mesma Congregação, portanto, traz a
público, por mandado especial do Sumo Pontífice,
o Ritual de Bênção que, redigido em língua
vernáculas, quando forem reconhecidas pela Sé
Apostólica as traduções, na data determinada pelas
Conferências Episcopais.
Revogadas as disposições em contrário.
Da sede da Congregação para o Culto
Divino, no dia 31 de maio de 1984.

+ AUGUSTINUS MAYER, ODB


Arc. Tit. De Santriano
Pro-Prefeito

+ VERGILIUS NOÉ
Arc. Tit. de Voncaria
Secretário
A vida do cristão é marcada por celebrações
que nos direcionam para a santidade. Logo que
nascemos, nossos pais celebram o batismo,
necessário pelo desejo da salvação, no qual o recém-
nascido é regenerado como filho de Deus. Então,
incorporado à Igreja, o cristão prossegue no
caminho da salvação por meio da celebração dos
demais sacramentos, que constituem sinais e meios
com que se exprime e fortalece a fé, presta-se culto
a Deus, opera-se a santificação e, portanto,
contribui para fomentar, confirmar e manifestar a
comunhão eclesial.
Ao atingir a idade da discrição (cerca de sete
anos), o cristão pode celebrar o sacramento da
Eucaristia, vinculando-se mais perfeitamente à
Igreja. Com a celebração da Santíssima Eucarística,
alcança-se o auge e a fonte de todo o culto da vida
cristã, pelo qual se constitui e se realiza a unidade
do povo de Deus. No decorrer da vida, pelos pecados
inerentes à natureza imperfeita do homem, celebra-
se o sacramento da penitência, em que os fiéis que
confessam seus pecados e arrependidos com o
propósito de se corrigirem, recebem o perdão e a
reconciliação com a vida da santidade.
Chega, então, o momento da vida em que o
cristão (varão) que se sente chamado necessita
tomar uma decisão importante, optando por ser
constituído ministro sagrado, isto é, ser consagrado
sacerdote, desempenhando na pessoa de Cristo as
funções de ensinar, santificar e reger; ou então
preferindo a celebração do pacto matrimonial,
quando homem e a mulher constituem entre si o
consórcio íntimo de toda a vida, ordenado por sua
índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e
educação da prole
■ A Igreja também se faz presente nos momentos de
fraqueza do corpo, conferindo aos cristãos a
unção dos enfermos, pela qual a Igreja
encomenda ao Senhor, sofredor e glorificado, os
fiéis perigosamente doentes, para que os alivie e
salve. São esses os momentos da vida do cristão
em que são celebrados os sacramentos.
■ Para que sejam santificadas as demais
circunstâncias da vida cristã, a Igreja instituiu
também os sacramentais. Estes são sinais
sagrados que se obtêm pela oração da Igreja, com
seus efeitos principalmente de ordem espiritual.
Os sacramentais são instituídos para a
santificação da igreja, ou seja, do povo de Deus,
de circunstâncias muito variadas da vida cristã,
bem como do uso de coisas úteis ao homem.
■ O mais conhecido dos sacramentais é a água
benta, que nos remete ao sacramento do batismo.
Há também os sacramentais encontrados na
celebração litúrgica, como o altar, o cálice e os
santos óleos. Por objetos particulares, podem ser
citados como exemplos o crucifixo e o escapulário.
Esses pequenos objetos, gestos e sinais nos trazem
a lembrança da vida, morte e ressurreição de
Jesus Cristo, proporcionando uma constante
manifestação de fé.
■ O Evangelho nos conta com que assombro as mulheres
que, ao buscar Jesus em seu túmulo e encontrá-lo vazio,
foram questionadas: “Por que procurais entre os
mortos aquele que está vivo?” (Lc 24,5).
■ Nas palavras do Santo Papa João Paulo II: “Graças a
uma genuína descoberta do sentido dos ritos e à sua
adequada valorização, as celebrações litúrgicas,
sobretudo as sacramentais, serão capazes de exprimir
cada vez melhor a verdade plena acerca do nascimento,
da vida, do sofrimento e da morte, ajudando a viver
essas realidades como participação no mistério pascal
de Cristo morto e ressuscitado”.
■ Enquanto os sacramentos são celebrados como
sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e
confiados à Igreja, através dos quais o cristão são
direcionados para a vida em santidade, os
sacramentais são sinais cotidianos da presença
verdadeira de Jesus Cristo para situar os fiéis
como participantes da vida divina, assegurando-
lhes, em todos os momentos, o ânimo espiritual
necessário para que possa realizar plenamente o
verdadeiro significado do viver, do sofrer e do
morrer por Jesus Cristo.
■ Por que a Igreja instituiu os sacramentais ou bênçãos?
■ A Sagrada Escritura atesta que todo membro do Povo
de Deus é chamado a ser uma bênção (ver Gn 12,2: em
ti serão abençoadas todas as gentes) e a abençoar:
bendizei, pois a isto fostes chamados (1Pe 3,9; ver Lc
6,28; Rm 12,14).
■ Por isso, ao lado de bênçãos que a Igreja estabeleceu
para uso do Santo Padre (por exemplo, a bênção “urbi
et orbi”, “para a cidade de Roma e para o mundo”),
Bispos, Presbíteros, Diáconos e os Leigos Cristãos
também podem conferir numerosas bênçãos (por
exemplo, a bênção das refeições, a bênção dos filhos
■ Por que se chamam Bênçãos ou "sacramentais”?
■ Porque, como os sacramentos, são sinais sagrados, que significam
efeitos principalmente espirituais, obtidos pela oração da Igreja.
■ São fruto do sacerdócio comum de todos os fiéis batizados,
membros do Corpo de Cristo, Povo de Sacerdotes.
■ A diferença está em os sacramentais não foram instituídos como
os sacramentos pelo próprio Jesus. Por isto os sacramentais
dependem da fé com que são dados e recebidos, enquanto que os
sacramentos dependem só da Palavra do Senhor. Os
sacramentos, com efeito, realizam o que significam apenas pela
força desta Palavra. Por exemplo: Isto é o meu Corpo depende
apenas da vontade e da palavra de Jesus, e não da fé ou não fé de
determinada pessoa. Enquanto que a bênção depende da fé quem
dá e de quem recebe.
■ Como são dadas as bênçãos?
■ No costume aprovado da Igreja, geralmente
compreendem uma oração, a imposição das
mãos, com ou sem sinal da Cruz ou a aspersão da
água benta. Quanto mais a bênção se referir à
vida da comunidade e da Igreja, ou estiverem
ligadas à vida sacramental (bênção das alianças
no casamento) elas estarão reservadas ao
ministério ordenado). O uso do sinal da cruz, no
entanto, é muito recomendado
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO §
1170
“As bênçãos, a serem dadas
principalmente aos católicos, podem
ser concedidas também aos
catecúmenos, e até aos não-
católicos, salvo proibição da Igreja”.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA § 1078

“Abençoar é uma ação divina que dá a vida


e de que o Pai é a fonte. A sua bênção é, ao
mesmo tempo, palavra e dom. aplicada ao
homem, tal palavra significará a adoração e
a entrega ao seu Criador, em ação de
graças” .
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA § 1078

“Desde o princípio até à consumação dos


tempos, toda obra de Deus é bênção. Desde
o poema litúrgico da primeira criação até
aos cânticos da Jerusalém celeste, os
autores inspirados anunciam o desígnio da
salvação como uma imensa bênção
divina” .
A bênção vem sempre de deus
No Antigo testamento temos das fórmulas
mais antigas que, inclusive, se usa ao final
da Santa Missa no tempo comum, trata-se da
bênção de Aarão: “Deus vos abençoe e vos
guarde, Ele vos mostre a sua face e se
compadeça de vós, Volva para vós o seu
olhar e vos dê a sua paz” (Nm 6,22-27).
“SIM, SENHOR, A SALVAÇÃO
VEM DE VÓS. DESÇA A VOSSA
BÊNÇÃO SOBRE VOSSO
POVO” (Sl 3,9)
Apesar de agir em nome de Cristo, de ser o
Cristo, o sacerdote não está livre de pecar, é
um pecador, mas a bênção é transmitida
através dele, ele comunica “um poder
sagrado que é o poder de Cristo”. Ele possui
uma autoridade que vem de Cristo e Ele
constituiu sacerdotes para que cuidassem de
suas ovelhas
(CaIC, 1550-1551).
■ A eficácia da bênção sacerdotal não depende
da santidade do ministro, Deus age em todo
sacerdote, do mais santo ao mais pecador, do
mais experiente ao recém-ordenado. Muitas
vezes, depende da abertura do fiel àquela
bênção, a fé acaba sendo um importante critério
para acolhida da graça. Mas é sempre dom de
Deus, a pessoa que pede deve ter fé, deve
acreditar, deve perseverar na vontade de Deus.
■ No Evangelho, encontramos pessoas que foram
abençoadas, porque pediram diretamente a Jesus
(cf. Mt 8,1-4 “Tendo Jesus descido da montanha,
uma grande multidão o seguiu. Eis que um leproso
aproximou-se e prostrou-se diante dele, dizendo:
‘Senhor, se queres, podes curar-me’. Jesus estendeu
a mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero, sê curado’. No
mesmo instante, a lepra desapareceu. Jesus então
lhe disse: ‘Vê que não o digas a ninguém. Vai,
porém, mostrar-te ao sacerdote e oferece o dom
prescrito por Moisés e testemunho de tua cura”.
■ (Mt 9,27-31 “Partindo Jesus dali, dois cegos o
seguiram, gritando: ‘Filho de Davi, tende piedade
de nós!’. Jesus entrou numa casa e os cegos
aproximaram-se dele. Disse-lhes: ‘Credes que eu
posso fazer isso? – Sim, Senhor’ -, responderam
eles. Então, ele tocou-lhes nos olhos, dizendo:
‘Seja-vos feito segundo vossa fé’. No mesmo
instante, os seus olhos se abriram. Recomendou-
lhes Jesus em tom severo: ‘Vede que ninguém o
saiba, espalharam a sua fama por toda a região)
■ Pessoas que pediram por outras (cf. Mt 9,1-8 “Naquele tempo,
entrando num barco, Jesus passou para a outra margem do lago e foi
para a sua cidade. Apresentaram-lhe, então, um paralítico, deitado
numa maca. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico:
“Coragem, filho, teus pecados estão perdoados!”. Então alguns
escribas pensaram: “Esse homem está blasfemando”. Mas Jesus,
conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: “Por que tendes esses
maus pensamentos em vossos corações? Que é mais fácil, dizer?: Os
teus pecados são perdoados?, ou: Levanta-te e anda? Pois bem, para
que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar
pecados, disse então ao paralítico: 'Levanta-te, pega a tua maca e vai
para casa’”. O paralítico levantou-se e foi para casa. Vendo isso, a
multidão ficou cheia de temor e glorificou a Deus por ter dado tal
poder aos seres humanos
E pessoas curadas porque Jesus se aproximou (cf. Mt
12,9-13 “Cura de homem com a mão atrofiada –
Partindo dali, entrou na sinagoga deles. Ora, ali estava
um homem com a mão atrofiada. Então perguntaram-
lhe, a fim de acusá-lo: "É lícito curar aos sábados?"
Jesus respondeu: "Quem haverá dentre vós que, tendo
uma só ovelha e caindo ela numa cova em dia de
sábado, não vai apanhá-la e tirá-la dali? Ora, um
homem vale muito mais do que uma ovelha! Logo, é
lícito fazer o bem aos sábados". Em seguida, disse ao
homem: "Estende a mão". Ele a estendeu e ela ficou sã,
como a outra).
■As bênçãos são antes de tudo, um
grande louvor a Deus pelo bem que
realizam. Mostram que precisam da
graça de Deus para vivermos com
coragem e fé. Jesus abençoava as
pessoas que encontrava (Mc 10,16
“Em seguida, ele as abraçou e as
abençoou, impondo-lhes as mãos).
CELEBRAÇÃO DA BÊNÇÃO
A estrutura típica:

A bênção apresenta basicamente duas partes


principais, sendo a primeira a proclamação da
Palavra de Deus, e a segunda, o louvor da bondade
divina com interpretação do auxilio celeste.
Geralmente a celebração começa e termina com
breves ritos.
■ A primeira parte é que a bênção se torne
realmente um sinal sagrado; este adquire
sentido e eficácia da Palavra de Deus.
■ A segunda parte é que Deus seja louvado e
seu auxílio impetrado, por Cristo, no
Espírito Santo. E o centro desta parte é
constituído pela fórmula da bênção, ou
oração da Igreja, que é muitas vezes
acompanhada de um sinal particular.
■Para favorecer mais a oração dos
presentes, pode-se acrescentar uma prece
comum, que geralmente precede a oração
da bênção e às vezes se lhe segue.
SACRAMENTAIS
QUAL O PAPEL DOS SACRAMENTAIS
NA NOSSA VIDA CRISTÃ?
“A Santa Mãe Igreja instituiu também os
sacramentais. Estes são sinais sagrados por meio
dos quais, imitando de algum modo os
sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração
da Igreja, efeitos principalmente de ordem
espiritual. Por meio deles, dispõem-se os homens
para a recepção do principal efeito dos
sacramentos e são santificadas as várias
circunstâncias da vida” (CaIC, 1667).
OBJETIVO DOS SACRAMENTAIS
Consagrar toda a vida do homem a
Deus e também o seu ambiente de
vida, para que ele esteja livre dos
perigos e voltado sempre para Deus,
livrando-os sempre dos pecados
CATECISMOS DA IGREJA CATÓLICA § 1677-1678
“Chamamos de sacramentais os sinais sagrados
instituídos pela Igreja, cujo objetivo é preparar os
homens para receber o fruto dos sacramentos e
santificar as diferentes circunstâncias da vida. Entre
os sacramentais, ocupam lugar destacado as
bênçãos. Compreendem ao mesmo tempo o louvor
a Deus por suas obras e seus dons e a intercessão da
Igreja, a fim de que os homens possam fazer uso
dos dons de Deus segundo o espírito do
Evangelho”.
OS SACRAMENTAIS PODEM SER:
■ Objetos (medalhas, crucifixo, rosário, escapulário,
água, ramos, cinzas, velas...) ou gestos de bênção e
consagração:
■ E orações, presentes nas bênçãos (pessoas, casas,
oficinas, doentes, crianças, alimentos, máquinas,
campos...)
■ Nas consagrações (Igrejas, altar, cálice, Abade,
Virgem, crianças após o Batismo, esposa, esposo...) e
nos exorcismos.
SACROSSANTUM CONCILIUM n.
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“quase não há uso honesto de coisas
materiais que não possa ser dirigido à
finalidade de santificar o homem e
louvar a Deus”
OS SACRAMENTAIS SÃO EXPRESSOS POR
DEVOÇÃO POPULAR

■ Por um sentido religioso de piedade cristã


que acompanha a vida sacramental da Igreja,
como a veneração das relíquias, as visitas aos
santuários, as peregrinações, as procissões, a
“via-sacra”. As formas autênticas de piedade
popular são favorecidas e iluminadas pela luz
da fé da Igreja.
OS SACRAMENTAIS PODEM SER:

■Consagração de pessoas
■ Igrejas;
■Altares;
■Sempre a serviço de Deus;
Os sacramentais nos ajudam A ENTENDER:

■Que não são coisas mágicas;


■Que fazem os cristãos a ter uma nova
postura diante das coisas do mundo;
■Ensinam que tudo foi feito para a glória
de Deus e a felicidade das pessoas
QUAL A CONSCIÊNCIA DO QUE SE
DEVE TER DOS SACRAMENTAIS?
■Não são objetos ou gestos sacramentais
que salvam, mas sim a graça de Deus.
■Os sacramentais tem a função de tornar
visível a bênção que vem de Deus.
Em Cristo, os cristãos são
abençoados por Deus, o Pai “de
toda a sorte de bênçãos espirituais”
(Ef 1,3). É por isso que a Igreja dá
a bênção invocando o nome de
Jesus e fazendo habitualmente o
sinal sagrado da cruz de Cristo.

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