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Steven Casteleiro
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____________________________________________Problemas Sociais do Mundo Contemporâneo
Índice
1. Introdução 3
2. Objectivo do Trabalho 4
6. Conclusões 13
7. Referências Bibliográficas 14
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1. Introdução
A globalização da economia, mais acentuada nas últimas décadas, gerou uma crise
nos diferentes países entre os quais Portugal. A conjuntura actual é de instabilidade,
apesar da economia portuguesa ter crescido entre os anos de 1996 e 2000. Mas apesar do
crescimento, tem desacelerado de forma visível.
A evolução recente do mercado de trabalho tem colocado alguns novos desafios a
todos os países e em particular a Portugal.
O crescimento do desemprego é uma realidade que tem vindo a agravar-se apesar
de no próximo ano a estimativas apontarem para uma taxa de desemprego a situar-se nos
7,6%1 (menos 0,5% do que o previsto anteriormente, reduzindo-se novamente em 2009
para os 7,3%).
Quanto às taxas de emprego, a taxa global de empregabilidade atingiu os 67,5 %2
(61,7% no caso das mulheres e 50,5% no caso dos trabalhadores mais velhos), situação
que coloca Portugal ligeiramente acima da meta estabelecida pela Cimeira de Estocolmo e
acima da média da UE (63,8% para o total e 56,3% para as mulheres e 42,5%
trabalhadores mais velhos).
Outro aspecto importante no enquadramento da problemática está relacionado com
o bem-estar do indivíduo resultante da sua situação profissional perante o mercado de
trabalho mas também do seu agregado familiar. Em Portugal o número de pessoas a
viverem em agregados em que ninguém trabalha2 (5,4% em 2004) continua a ser mais
baixo que nos restantes países europeus.
A tendência futura é para uma diminuição dos trabalhadores com baixas
qualificações associados a trabalhos com remunerações baixas mas o nível global das
qualificações dos portugueses continua muito baixo. Os jovens poderão contrariar a
realidade exposta mas para isso acontecer, os seus níveis de escolaridade deverão ser
melhorados, através da redução do abandono escolar precoce, frequência de formação
especializada e melhoramento dos níveis de sucesso escolar.
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1
Segundo notícia publicada na imprensa nacional e consultada a partir de
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1312923&idCanal=57 (Consultado em 20/12/2007)
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de acordo com o Relatório de estratégia Nacional para a Protecção Social e Inclusão Social 2006-2008,
disponível a partir de
http://www.istoincluime.org/links/Documentos%20de%20referencia/Relatorio%20da%20Estrategia%20Nacional
%20para%20a%20Proteccao%20Social%20e%20a%20Inclusao%20social_pt.pdf (Consultado a 27/12/2007)
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2. Objectivo do trabalho
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A nova realidade que se vive actualmente leva à transformação da escola, que tem
de lidar com novas incertezas, marcadas pelo conflito e pela desagregação social, mas
também por um mercado de novas oportunidades em termos de emprego, principalmente
em determinadas áreas.
A missão da escola converte-se numa missão mais vasta, mais complexa, pois a
escola de massas tem que promover a inclusão social, através do desenvolvimento de
capacidades e aptidões de forma diferenciada entre alunos frequentadores do sistema de
ensino. Segundo Dubet (2003) “Confrontada com a exclusão social, a escola é levada a se
interrogar a respeito das suas “funções” fundamentais: a capacidade de integrar os
indivíduos num quadro institucional e cultural.”
O sistema de ensino português continua numa posição desfavorável, no que
respeita a diversos parâmetros, relativamente aos congéneres europeus. As permanentes
mudanças das políticas educativas seguidas pelos diferentes Governos não surtiram os
efeitos desejados no melhoramento dos resultados educativos. Os diversos indicadores
utilizados para aferir o grau de desenvolvimento do país através dos progressos no ensino
continuam insatisfatórios comparativamente a outros países da União Europeia.
Um dos parâmetros utilizados para comparar as prestações dos diferentes países
europeus é o abandono escolar precoce do sistema de ensino que contribui para a
perpetuação de um baixo nível de escolaridade em idades mais jovens. Este facto
determina um baixo nível de qualificação profissional nestes indivíduos.
O fenómeno da exclusão social é um fenómeno complexo e multidimensional e
surge frequentemente associado à pobreza e aos fenómenos de migração. A aposta na
educação pode reverter o rumo deste problema social e levar ao desenvolvimento de uma
sociedade moderna mais justa e inclusiva.
Segundo Dubet (2003) existem duas correntes ideológicas quando se aborda as
relações entre a escola e a exclusão. Uma defende que a falta de adequação entre o
emprego e a formação leva ao desemprego e à precariedade nos jovens. Esta ideia,
segundo o mesmo autor baseia-se em ideias simples e na idealização do modelo alemão
de formação profissional. Esta corrente foi contraposta por estudos posteriores que
evidenciam o pequeno alcance desta visão;
Para os defensores da escola, o sistema educacional é totalmente inocente perante
os fenómenos da exclusão. Não apenas o desemprego dos jovens é independente do
sistema de formação, mas todas as dificuldades da escola, a violência, a falta de
motivação dos jovens, tem origem no exterior, no mercado e no capitalismo. “A exclusão
social dos jovens decorreria apenas das relações de produção. A referência ao “modelo
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alemão” é neste caso substituída pela de idade de ouro da escola republicana, em que
cada diplomado podia encontrar um emprego correspondente a sua formação. E o mesmo
silogismo é usado como socorro: já que as qualificações escolares elevadas protegem do
desemprego, é preciso aumentar o nível de qualificação para erradicar o desemprego.”
(Dubet, 2003).
Até finais do século XIX a relação entre a escola e a sociedade era caracterizada por uma
forte distância entre a escola e a produção por um lado e uma forte ligação ao sistema de
classes sociais por outro. Um dos exemplos mais evidentes do que foi descrito é o caso da
escola francesa, de cariz burguês, onde os liceus franceses estavam afastados do ensino
técnico e profissional, relegando esse ensino para as carreiras desvalorizadas. Este
modelo predominou até à década de 60. Não era a escola que era injusta mas apenas a
sociedade. Esta visão não permitiu a resolução dos problemas. As novas teorias de capital
humano encaram a escola como um instrumento ao serviço do desenvolvimento
económico. Ocorre a massificação da escola, com a convicção que a escola é um factor de
igualdade de oportunidades e de justiça. Mas a polémica acaba por se instalar na
comunidade científica entre os que defendem que a massificação escolar não reduz as
desigualdades escolares mas antes as perpetua e os que defendem o contrário. Dubet
(2003) admite que a associação entre estas duas correntes permite melhor compreender
como as relações estruturais da escola e da sociedade se transformaram. “De um lado, a
escola de massas não é a escola da igualdade; de outro, a massificação que aumenta a
prevalência dos diplomas no ingresso ao emprego. Assim, a exclusão escolar, considerada
sob o ângulo de um fracasso escolar importante, provoca ipso facto uma relativa exclusão
social”.
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reduzir o abandono escolar e saída precoce do sistema de ensino, para menos de metade
(tendo como referência os valores apurados em 2001).
Comparando os dados estatísticos disponíveis a partir do Instituto Nacional de
Estatística3 (INE) entre Portugal e o país vizinho, para o ano de 2006 - Gráfico I - verifica-
se que as taxas de abandono escolar em Portugal são efectivamente mais elevadas para
os dois sexos, em relação à Espanha e aos restantes países da União Europeia a 27.
Gráfico I – Comparação das taxas de abandono escolar precoce entre Portugal, Espanha e os
restantes países europeus, tendo em conta a União Europeia com 27 estados – membros (Disponível a partir
de
http://www.ine.pt/portal/page/portal/PORTAL_INE/Publicacoes?PUBLICACOESpub_boui=10584451&PUBLICA
COESmodo=2 (Consultado em 28/12/2007)
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A saída da escola antes da conclusão do ensino básico está mais relacionada com
a idade dos alunos do que com a escolaridade frequentada;
A percentagem da população portuguesa que conclui o ensino secundário ou
equivalente é a mais baixa dos países da OCDE;
Portugal mantém uma taxa de emprego jovem superior à média da EU;
De acordo com os dados do IEFP de 2004, 75% dos desempregados portugueses
detêm habilitações académicas não superiores ao ensino básico.
Tabela 1 – Quadro resumo onde se evidencia o número de alunos a frequentar os diferentes níveis de ensino
em Portugal nos últimos dois anos lectivos. O aumento do número de alunos ocorre nos três níveis de ensino:
Pré-escolar, Básico e Secundário. (Adaptado a partir de
http://www.pcm.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/ME/Comunicacao/Outr
os_Documentos/20070108_ME_Doc_Estatisticas_Escolares.htm (Consultado dia 27/12/07)
O crescimento no número de alunos a frequentar o sistema educativo português
decorre segundo a mesma fonte, do reforço da oferta do ensino público, que atraiu mais 10
509 alunos do que no ano lectivo anterior.
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1
O Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo (GIASE) modificou entretanto o seu nome para
Gabinete de Estatística Planeamento da Educação (GEPE). Site disponível em www.gepe.min-edu.pt.
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Num estudo sobre o abandono escolar na região centro, elaborado por Lucília
Caetano, professora Catedrática aposentada da faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, publicado na Revista Finisterra, 79 de 2005 (pp. 163 -176) a autora refere que os
indicadores recolhidos posicionam Portugal na cauda da Europa. Apenas 27, 1%
concluíram o ensino secundário ou um curso profissional contra 61,8% europeus. Verifica-
se ainda que o abandono escolar é predominantemente masculino.
O diagnóstico feito pela autora acerca das causas para o abandono escolar
precoce refere como motivos mais apontados a falta de vontade própria; o estar cansado
de estudar; o querer tentar ser independente; ser difícil entrar num curso superior e a
dificuldades financeiras.
Segundo Jorge (2007) resultados idênticos foram obtidos num estudo canadiano
proveniente do Quebeque, onde a persistência do problema do abandono escolar levou à
adopção de medidas extremas com o objectivo de evitar o abandono escolar antes dos 18
anos de idade.
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O ensino actual tenta orientar os alunos mais fracos para percursos educativos
menos qualificados o que aumenta as hipóteses de precariedade e desemprego. No outro
extremo surgem os diplomados nos níveis de ensino mais elevados que se sentem mais
protegidos perante a possibilidade de desemprego. Esta ideia, defendida por Dubet, (2003)
remete para a escola, os mecanismos de exclusão social. Segundo o mesmo autor, a
escolha de uma trajectória educativa assenta muito mais no desempenho do que em
verdadeiras orientações ou apetências por determinadas áreas. Assim, os alunos com
dificuldades a vários níveis são remetidos para percursos escolares mais desvalorizados
que dificulta o retorno à via de ensino mais honrosa. As desigualdades entre os alunos
vão-se aprofundando à medida que se vão acrescentando as decisões tomadas em torno
deste panorama. Os alunos mais favorecidos socialmente são também mais beneficiados
através de um conjunto de mecanismos subtis, próprios do funcionamento de cada escola.
Estas estratégias aprofundam as desigualdades e levam à exclusão social na óptica de
Dubet.
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Tabela 2 – Nível de ensino máximo (%) atingido pela população portuguesa, nas regiões da Beira Interior
Norte, Beira Interior Sul e Cova da Beira. (Adaptado de Caetano, L. 2005).
Apesar dos dados da tabela 2 serem relativos ao ano de 2001 vêem reforçar a ideia
que as assimetrias económicas e sociais da região centro estão directamente relacionadas
com os baixos níveis de escolarização da população residente nas três zonas
consideradas.
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A aplicação das políticas educativas mais recentes ainda não deverá ter tido
repercussão ao nível da mudança dos dados estatísticos apresentados em cima, para a
região considerada nem a nível nacional.
Analisando as taxas de abandono escolar na região centro por nível de ensino
(Figura 2) verifica-se que o abandono escolar atravessa toda a região apesar das causas
serem diferentes consoante se trate de uma zona mais interior ou de uma zona mais de
litoral. Para os habitantes do interior serão as dificuldades económicas das famílias aliadas
ao desinteresse pela escola as razões apontadas por Caetano para explicar os valores
observados. Para os habitantes no litoral as razões prendem-se, segundo a mesma autora
com o apelo ao trabalho, ainda que não qualificado e informal, no tecido produtivo.
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6. Conclusões
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7. Referências Bibliográficas
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1312923&idCanal=57 (Consultado em
20/12/2007)
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Relatório de Estratégia Nacional para a Protecção Social e Inclusão Social. Uma Nova
Estratégia Integrada de Políticas Sociais. Portugal. 2006-2008. (disponível para consulta a
partir de
http://www.istoincluime.org/links/Documentos%20de%20referencia/Relatorio%20da%20Est
rategia%20Nacional%20para%20a%20Proteccao%20Social%20e%20a%20Inclusao%20s
ocial_pt.pdf (consultado dia 27/12/2007)
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