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Merleau Ponty

O olho e o esprito

H que compreender o olho como a "janela da alma". "O olho [...], pelo qual a beleza do
universo revelada nossa contemplao, de tal excelncia, que todo aquele que se
resignasse a sua perda privar-se-ia de conhecer todas as obras da natureza cuja vista faz a
alma ficar contente na priso do corpo, graas aos olhos que lhe representam a infinita
variedade da criao: quem perde os olhos abandona essa alma numa escura priso onde cessa
toda esperana de tornar a ver o sol, luz do universo." O olho realiza o prodgio de abrir
alma aquilo que no alma, o bem-aventurado domnio das coisas, e seu deus, o sol. (Merleau
Pounty O olho e o esprito, pag. 298).

preciso tomar ao p da letra aquilo que a viso nos ensina: que por ela tocamos o sol, as
estrelas, estamos ao mesmo tempo em toda parte, to perto das coisas longnquas como das
prximas, e que mesmo nosso poder de nos imaginarmos noutro lugar, de visarmos
livremente, onde quer que eles estejam, a seres reais, ainda vai buscar a viso, torna a
empregar meios que dela que recebemos. S ela nos ensina que seres diferentes,
"exteriores", estranhos um ao outro, esto, todavia, absolutamente juntos. (Merleau Pounty
O olho e o esprito, pag. 298).
Aquilo que a luz1 traa em nossos olhos e, dali, em nosso crebro, no se parece com o mundo
visvel. Das coisas aos olhos e dos olhos viso no passa nada mais que das coisas s mos
do cego e, das suas mos, ao seu pensamento. A viso no a metamorfose das prprias
coisas na sua viso, a dupla pertena das coisas ao grande mundo e a um pequeno mundo
privado. um pensamento que decifra estritamente os sinais dados no corpo. (Merleau
Pounty O olho e o esprito, pag. 285).

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