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FENOMENOL

OGIA
FENOMENOLOGIA DE ACORDO COM
MAURICE MERLEAU-PONTY

“[...] a reflexão arrebata-se a si mesma e se recoloca em uma


subjetividade invulnerável, para aquém do ser e do tempo. Mas
isso é uma ingenuidade ou, se se preferir, uma reflexão
incompleta que perde a consciência de seu próprio começo”.
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MAURICE MERLEAU-PONTY

“O real é um tecido sólido, ele não espera nossos juízos para


anexar a si os fenômenos mais aberrantes, nem para rejeitar
nossas imaginações mais verossímeis. A percepção não é uma
ciência do mundo, não é nem mesmo um ato, uma tomada de
posição deliberada; ela é o fundo sobre o qual todos os atos se
destacam e ela é pressuposta por eles.”
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MAURICE MERLEAU-PONTY

“A verdade não "habita" apenas o "homem interior", ou, antes,


não existe homem interior, o homem está no mundo, é no
mundo que ele se conhece. Quando volto a mim a partir do
dogmatismo do senso comum ou do dogmatismo da ciência,
encontro não um foco de verdade intrínseca, mas um sujeito
consagrado ao mundo.”
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MAURICE MERLEAU-PONTY

“Assim, minha sensação do vermelho é apercebida como


manifestação de um certo vermelho sentido, este como
manifestação de uma superfície vermelha, esta como
manifestação de um papelão vermelho, e este enfim como
manifestação ou perfil de uma coisa vermelha, deste livro.”
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“A análise reflexiva ignora o problema do outro assim como o
problema do mundo, porque ela faz surgir em mim, com o
primeiro lampejo de consciência, o poder de dirigir-me a uma
verdade de direito universal”
“Para Husserl, ao contrário, sabemos que existe um problema do
outro e o alter ego é um paradoxo. Se o outro é verdadeiramente
para si para além de seu ser para mim, e se nós somos um para o
outro e não um e outro para Deus, é preciso que apareçamos um ao
outro, é preciso que ele tenha e que eu tenha um exterior, e que
exista, além da perspectiva do Para Si — minha visão sobre mim e
a visão do outro sobre ele mesmo —, uma perspectiva do Para
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“A análise reflexiva ignora o problema do outro assim como o
problema do mundo, porque ela faz surgir em mim, com o
primeiro lampejo de consciência, o poder de dirigir-me a uma
verdade de direito universal”
“Até hoje, o Cogito desvalorizava a percepção de um outro, ele me
ensinava que o Eu só é acessível a si mesmo, já que ele me definia
pelo pensamento que tenho de mim mesmo e que sou
evidentemente o único a ter, pelo menos nesse sentido último. Para
que outro não seja uma palavra vã, é preciso que minha existência
nunca se reduza à consciência que tenho de existir, que ela envolva
também a consciência que dele se possa ter e, portanto, minha
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“A análise reflexiva ignora o problema do outro assim como o
problema do mundo, porque ela faz surgir em mim, com o
primeiro lampejo de consciência, o poder de dirigir-me a uma
verdade de direito universal”
“O Cogito deve revelar-me em situação, e é apenas sob essa
condição que a subjetividade transcendental poderá, como diz
Husserl, ser uma intersubjetividade.”
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“A análise reflexiva ignora o problema do outro assim como o
problema do mundo, porque ela faz surgir em mim, com o
primeiro lampejo de consciência, o poder de dirigir-me a uma
verdade de direito universal”
A filosofia do “Penso, logo existo” (cogito, ergo sum) se trata de um
idealismo que separa o pensamento do corpo do pensante e do
mundo ao seu redor. A fenomenologia recoloca o pensamento no
mundo, e coloca o mundo como horizonte permanente de todas as
possibilidades de pensamento.
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“A análise reflexiva ignora o problema do outro assim como o
problema do mundo, porque ela faz surgir em mim, com o
primeiro lampejo de consciência, o poder de dirigir-me a uma
verdade de direito universal”
“O verdadeiro Cogito não define a existência do sujeito pelo
pensamento de existir que ele tem, não converte a certeza do
mundo em certeza do pensamento do mundo e, enfim, não substitui
o próprio mundo pela significação mundo. Ele reconhece, ao
contrário, meu próprio pensamento como um fato inalienável, e
elimina qualquer espécie de idealismo revelando-me como ‘ser no
mundo’.”
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“A melhor fórmula da redução é sem dúvida aquela que lhe
dava Eugen Fink, o assistente de Husserl, quando falava de uma
‘admiração’ diante do mundo. A reflexão não se retira do
mundo em direção à unidade da consciência enquanto
fundamento do mundo; ela toma distância para ver brotar as
transcendências, ela distende os fios intencionais que nos ligam
ao mundo para fazê-los aparecer, ela só é consciência do mundo
porque o revela como estranho e paradoxal.” E “porque somos
do começo ao fim relação ao mundo que a única maneira, para
nós, de apercebermo-nos disso é suspender este movimento,
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A proposta fenomenológica passa por desautomatizar o
processo de simbolização do mundo. Não se afastar do mundo
para afundar-se na consciência simbólica do mundo, mas
afastar-se dos dois ao mesmo tempo, colocando a consciência no
mundo, e permitindo assim livrar-se das armadilhas da falta de
consciência do papel da própria consciência na percepção do
mundo e de nós mesmos. “[...] para ver o mundo e apreendê-lo
como paradoxo, é preciso romper nossa familiaridade com ele”.
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“O maior ensinamento da redução é a impossibilidade de uma
redução completa” e “Se fôssemos o espírito absoluto, a redução
não seria problemática. Mas porque, ao contrário, nós estamos
no mundo, já que mesmo nossas reflexões têm lugar no fluxo
temporal que elas procuram captar [...], não existe pensamento
que abarque todo o nosso pensamento. O filósofo, dizem ainda
os inéditos, é alguém que perpetuamente começa.”
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“Longe de ser, como se acreditou, a fórmula de uma filosofia
idealista, a redução fenomenológica é a fórmula de uma filosofia
existencial” e “A necessidade de passar pelas essências não
significa que a filosofia as tome por objeto, mas, ao contrário,
que nossa existência está presa ao mundo de maneira
demasiado estreita para conhecer-se enquanto tal no momento
em que se lança nele, e que ela precisa do campo da idealidade
para conhecer e conquistar sua facticidade. A Escola de Viena,
como se sabe, admite de uma vez por todas que nós só podemos
ter relação com significações.”
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“Quaisquer que possam ter sido os deslizamentos de sentido que
finalmente nos entregaram a palavra e o conceito de consciência
enquanto aquisição da linguagem, nós temos um meio direto de
ter acesso àquilo que ele designa, nós temos a experiência de nós
mesmos, dessa consciência que somos, e é a partir dessa
experiência que se medem todas as significações da linguagem,
é justamente ela que faz com que a linguagem queira dizer algo
“Buscar a essência do mundo não é buscar aquilo que ele é
para nós”.
em ideia, uma vez que o tenhamos reduzido a tema de
discurso, é buscar aquilo que de fato ele é para nós antes
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“Quaisquer que possam ter sido os deslizamentos de sentido que
finalmente nos entregaram a palavra e o conceito de consciência
enquanto aquisição da linguagem, nós temos um meio direto de
ter acesso àquilo que ele designa, nós temos a experiência de nós
mesmos, dessa consciência que somos, e é a partir dessa
experiência que se medem todas as significações da linguagem,
é justamente ela que faz com que a linguagem queira dizer algo
“[...] se falamos de ilusão, é porque reconhecemos ilusões,
para nós”.
e só pudemos fazê-lo em nome de alguma percepção [...]”
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“Buscar a essência da percepção é declarar que a percepção é
não presumida verdadeira, mas definida por nós como acesso à
verdade”
“O mundo é não aquilo que eu penso, mas aquilo que eu
vivo; eu estou aberto ao mundo, comunico-me
indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é
inesgotável.”
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“A aquisição mais importante da fenomenologia foi sem dúvida
ter unido o extremo subjetivismo ao extremo objetivismo em
sua noção do mundo ou da racionalidade. A racionalidade é
exatamente proporcional às experiências nas quais ela se
revela.”
“Deve-se compreender a história a partir da ideologia, ou a partir
da política, ou a partir da religião, ou então a partir da economia?
Deve-se compreender uma doutrina por seu conteúdo manifesto ou
pela psicologia do autor e pelos acontecimentos de sua vida? Deve-
se compreender de todas as maneiras ao mesmo tempo, tudo tem
um sentido, nós reencontramos sob todos os aspectos a mesma
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“A aquisição mais importante da fenomenologia foi sem dúvida
ter unido o extremo subjetivismo ao extremo objetivismo em
sua noção do mundo ou da racionalidade. A racionalidade é
exatamente proporcional às experiências nas quais ela se
revela.”
“A própria reflexão sobre uma doutrina só será total se ela
conseguir fazer sua junção com a história da doutrina e com as
explicações externas, e se conseguir recolocar as causas e o sentido
da doutrina em uma estrutura de existência.”
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“A aquisição mais importante da fenomenologia foi sem dúvida
ter unido o extremo subjetivismo ao extremo objetivismo em
sua noção do mundo ou da racionalidade. A racionalidade é
exatamente proporcional às experiências nas quais ela se
revela.”
“Será preciso então que a fenomenologia dirija a si mesma a
interrogação que dirige a todos os conhecimentos; ela se
desdobrará então indefinidamente, ela será, como diz Husserl, um
diálogo ou uma meditação infinita, e, na medida em que
permanecer fiel à sua intenção, não saberá aonde vai.”

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