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PONTY, Merleau. A Fenomenologia da Percepção. 2. ed.

São Paulo: Martins Fontes,


1999. 662 p.

“A fenomenologia é o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela,


resumem-se em definir essências: a essência da percepção, a essência da consciência,
por exemplo.” (p. 1)

“(...) uma filosofia para a qual o mundo já está sempre "ali", antes da reflexão, como uma
presença inalienável, e cujo esforço todo consiste em reencontrar este contato ingênuo
com o mundo, para dar-lhe enfim um estatuto filosófico.” (p. 1)

“Essa primeira ordem que Husserl dava à fenomenologia iniciante de ser uma "psicologia
descritiva" ou de retornar "às coisas mesmas" é antes de tudo a desaprovação da
ciência.” (p. 3)

“A percepção não é uma ciência do mundo, não é nem mesmo um ato, uma tomada de
posição deliberada; ela é o fundo sobre o qual todos os atos se destacam e ela é
pressuposta por eles.” (p. 6)

“(...) para ver o mundo e apreendê-lo como paradoxo, é preciso romper nossa
familiaridade com ele (...).” (p. 10)

“O filósofo (...) é alguém que perpetuamente começa. Isso significa que ele não considera
como adquirido nada do que os homens ou os cientistas acreditam saber. Isso também
significa que a filosofia não deve considerar-se a si mesma como adquirida naquilo que
ela pôde dizer de verdadeiro, que ela é uma experiência renovada de seu próprio
começo, que toda ela consiste em descrever este começo e, enfim, que a reflexão radical
é consciência de sua própria dependência em relação a uma vida irrefletida que é sua
situação inicial, constante e final.” (p. 11)
“Portanto, não é preciso perguntar-se se nós percebemos verdadeiramente um mundo, é
preciso dizer, ao contrário: o mundo é aquilo que nós percebemos.” (p. 13 -14)

“Se agora eu quisesse, com o idealismo, fundar essa evidência de fato, essa crença
irresistível, em uma evidência absoluta, quer dizer, na absoluta clareza para mim de meus
pensamentos, se eu quisesse reencontrar em mim um pensamento naturante que
formasse a armação do mundo ou o iluminasse do começo ao fim, eu seria mais uma vez
infiel à minha experiência do mundo e procuraria aquilo que a torna possível em lugar de
buscar aquilo que ela é.” (p. 14)

“O mundo é não aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou aberto ao mundo,
comunico-me indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é inesgotável.” (p. 14)

“O próprio Kant mostra, na Crítica do Juízo, que há uma unidade entre a imaginação e o
entendimento, uma unidade entre os sujeitos antes do objeto, e que na experiência do
belo, por exemplo, eu experimento um acordo entre o sensível e o conceito, entre mim e o
outro, que é ele mesmo sem conceito.” (p. 15)

“(...) a "compreensão" fenomenológica distingue-se da "intelecção" clássica, que se limita


às "naturezas verdadeiras e imutáveis", e a fenomenologia pode tornar-se uma
fenomenologia da gênese.” (p. 16)

“Deve-se compreender a história a partir da ideologia, ou a partir da política, ou a partir


da religião, ou então a partir da economia? Deve-se compreen der uma doutrina por seu
conteúdo manifesto ou pela psicologia do autor e pelos acontecimentos de sua vida?
Deve-se compreender de todas as maneiras ao mesmo tempo, tudo tem um sentido, nós
reencontramos sob todos os aspectos a mesma estrutura de ser. Todas essas visões são
verdadeiras, sob a condição de que não as isolemos, de que caminhemos até o fundo da
história e encontremos o núcleo único de significação existencial que se explicita em
cada perspectiva.” (p. 17)

“Eu poderia entender por sensação, primeiramente, a maneira pela qual sou afetado e a
experiência de um estado de mim mesmo.” (p. 23)

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