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Breve Painel
Etno-Hcistórico
CONSELHO EDITORIAL
Amaury de Souza (presidente)
Cláudio Alvas Vasconcelos
É/eia Esnarriaga de Arruda
Horâcio Porto Filho
José Batista Safes
Mônica CaNalha Maga/Mas Kassar
Neuza Maria Mazzaro Somara
Orlinda Simal Isidoro de Souza
Rosa Maria Fernandes de BDtros
Sifvana de Abreu
Walber Luiz Gavassoni
FlCHA.CATiILOORÁFtCAEt..ABORADA f>Et..A
COOROENADORIA DE BIBUOTECA c;a.rrRAlNFMS
Breve Painel
Etno-litistórico
2" Edição
Ampliada e Revisada
Campo Grande - MS
2002
Esta publicação contou oom o apoio do Comitê dos Pnxlulores da Informação Educacional (COMPED)
e teve sua reprodução contratada pelo Instituto Nacional de Estudos fi Pesquísas Educacionais (INEP),
no âmbito do Programa PubWcações de Apoio à Formação Iniciei e ConlW"iuada de Professores.
COMIT~OOS
PFlOOU"OR"-S 0.1.
• -. _~ hilMoNadond
IM'OFlMACÃ.O
EOUCACIONA~ 111I::r" ~~
Projeto Gráfico a
Editoração Eletr6nic a
EditOf8 UFMS
Revisão
Gilson Rodolfo M8rtins
Direitos exclusivos
para esta edição
UNIVERSIDADE FEDERAL
DE MATO GROSSO DO SUL
Portão 14 - Estádio Morenão - Campus da UFMS
Fone: 167) 345-7200
Campo Grande · MS
e-mail :editora@editora .ufms.br
ISBN : 85-85917-92-X
Depósito legal na Biblioteca Nacional
Impresso no Brasil
Dedico este trabalho a
Prefácio
m 1992, quando foi publicada a pri nio da população nativa é indicativo da ne
meira edição do "Breve Painel Erno- cessidade de uma nova consciência. A devas
histórico de Mato Grosso do Sul", completa tação ambiental colonial, inaugurada nos pri
va-se o quinto centenário do "descobrimento" meiros anos do século XV1 com O extrativismo
da América. Em alguns lugares esse momento do pau-brasil e o comércio de peles de ani
foi objeto de comemoíàçôes e em outros de mais silvestres, ainda não fo i freada. Como a
protestos. Ao mesmo tempo, mais de wna cen economia indígena e a européia, em relação
tena de chefes de Estado reuniram-se, no Rio aos recursos naturais, seguiram direçôes opos
de Janeiro, n o âmbito da Conferência Mundial tas, progressivamente tomou-se mais profun
sobre o Meio Ambiente, ECO 92, promovida do o abismo intercivilizatório.
pela Organização das Nações Unidas - ONU. Foi buscando contribuir para a reflexão em
Nesse evento, um índio sul-mato-grossense, busca da difusão da tolerância e do respeito
Marcos Terena, representando os povos indí ao p luralismo étnico que escrevemos este pe
genas d o mundo, falou para a plenária de queno livro. Não procuramos ftxar culpados,
autoridades internacionais: uNosso futuro está apenas descrever acontecimentos. Ho uve uma
planejado nos rastros de nossos antepassados". aceitação multo positiva da primeira edição
Passados quinhentos anos, o Novo Mun do "Breve PaineL.". Pen samos que ela atin
do, apesa r" de sua exte nsão e diversidade giu seus objetivos.
ambiental, ainda não conciliou os que já esta Agora, em sua segunda edição - contem
vam com os que chegaram. O quase extermÍ p lada pejo Programa Publicações de Apoio à
7
Fo~ação Inicial e Continuada de Professores em Mato Grosso do Sul, mudo u para melhor.
do Comped/Inep - a obra é colocada à dis Nossa esperança é de que nQS..<;Os futuros nào
posição dos leitores em uma versão colo rida, sejam, ai nda por muito tempo, paralelos.
ampliada e revisada.
Dez anos separam a primeira da segunda Prof Dr. Gilson Rodolfo Martins
edição. Neste tempo , a situação dos índios, Aquidauana-MS, 2002
n
iii
Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul- UFMS, através da Pró-Reito
tratem dos povos indígenas em Mato Gros
so do Sul;
ria de Extensão e Assuntos Estudantis, vem • realização de cursos, palestras, publica
desenvolvendo um Projeto de Apoio à Edu ções sobre língua e cultura indígena, visan
cação Indígena do Estado. do subsidiar principalmente os professores
com info ffilaçôes sobre o pluralismo érni
Este projeto p rocurou contemplar e, poste
riormente, implementar propostas expres..<;as no co-regio nal.
relatório final do "Seminário Estadual de Alfa O fIabalho que estamos apresentando "Bre
betizaçào - AIAl90 - Alfabetização no Estado ve Painel Etno-Histórico de Mato Grosso do
de Mato Grosso do Sul", no que se refere a: Sul", escrito p elo pro fessor Gilson Rodolfo
• trabalhos1:onjuntos com entidades gover Martins (UFMS), faz parte das metas deste pro
namentais e não govemamemais ligadas à je to, uma vez que, com textos e com imagens,
educação indígena, envolvendo atualização procura oferecer a esrudames e a p rofessores
e capacitação de recursos humanos; informações básicas sobre a história dos p0
• construção de materiais didáticos que vos indígenas d este Estado.
atendam às especificidades das comunida
des indígenas e à questão do bílingüismo; Prof' Aldema Menine Trincklde
• re união de documentos, livros, revistas, Universid ade Federal de Santa Maria - UFSM
8
r.
o Sumário
Prefácio
7
Apresentação da Primeira Edição
8
Introdução
11
33
Introdução
,.
uma mercadoria vital para o funcionamento servadas pelo extinto Serviço de Proteção ao
desse modelo: a mão-de-o bra compulsória. fndio - SPI, no começo do século XX, são
Durante os cinco séculos da presença eu frações mínimas de seu território pré-colonial.
ropéia em Mato Grosso do Sul, a resistência No sul do Estado, algumas centenas de famí
indígena à ocupação colo nial de seu territó rio lias Guarani/Kaiowá, estão assentadas nas mar
foi a tônica das relações intercivilizat6 rias. O gens de algumas rodovias aguardando O re
Pantanal sul-maro-grossense foi o cenário da to mo para suas terras tradicio nais. Entre cinco
maior e mais obstinada oposição nativa à pre o u seis mil pessoas, sobrerudo da emia Terem ,
sença colonizadora ibérica na história do Bra cliluem-se entre a po pulação marginalizada
sil. das maiores cidades do Estado, tais como Dou
o resultado desse violento contata inter rados, Campo Grande, Aquidauana e Miranda,
civilizat6rio quase provocou o extermínio de na condição de "índios desa1deados".
finitivo da população indígena locaL Nos três O quadro natural de Maco Grosso do Sul ,
primeiros séculos da colonização, diversas so com aproximadamente trezentos e cinqüenra
ciedades autóctones, portadoras de modelos mil quilómetros quadrados de área, em ter
comportamentais específicos, desapareceram mos hidrográficos, faz do Estado o que se pode
deixando poucos vestígios arqueológicos re chamar de uma região potâmica, ou melhor,
presentativos de seu modo de ser, o que acar mesopotâmica. Balizado no sentido leste-oeste
retou perdas irreparáveis para o conhecimen pelas calhas dos dois maiores tios sul-ameri
to do homem e de sua natureza cultural. Hoje, canos depois do Amazonas - o Paraguai a
mais de cinqü enta mil índios vivem em Mato Oeste e o Paraná a Leste - os quais fluem
Grosso do Sul , ou seja, é a segunda maior paralelamente na direção Norre-sul, Mato Gros
concentração de população indígena do Bra so do Sul inscreve-se na porção setentriona l
sil, após a amazônica. da bacia Platina. O interior do Estado, entre
Como o utros grupos de índios brasileiros, a esse.."> rios, é entrecortado por seus afluentes,
maio ria das comunidades indígenas sul-mato compondo uma bacia hidrográfica com perfil
grossenses vive em áreas bem reduzidas. Re "espinha de peixe". A serra de Maracaju, nome
12
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Bacia
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2 CONVENÇÕES
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DIVISOI!: OE BACIAS
/fIOS
LIMITE ESTADUAL
CAPITAl
13
Todos os rios estaduais são perenes e
navegáveis e sempre foram suportes
para um intenso tráfego fluvial das
populações índígenas e coloniais.
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Geomorfologia
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tempos pré-colombianos até o início do sécu
dígenas e coloniais.
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SÃOf',AUU) • _ __
drenado pelo rio ParJ.guai
.~
e seus subsidiários. Essa
região caracteriza-se como
uma das maiores planícies .-
. ~
.
.
-
~-
15
A configuração de ecossistemas
complexos em i\1ato Grosso do Sul
propiciou diversas experiências culturais
humanas nos últimos milénios.
de (Nhu-guaçu, na língua
Mato Grosso do Sul
Guarani). Esta região 5u1
Vegetação
mato-grossense possui as
melhores terras para a
agricultura. Nela, outrora,
desenvolvia-se uma den
sa floresta tropical úmida,
intercalada por áreas de
campos naturais. Na Ú~
gião nordeste do Estado,
a cobertura vegetal predo
minante é o Cerrado.
.
.......
...v .......
. ..v...... u~"""
• pesar de ser uma peça fundamental Uma variada formação pretérita de horizon
iii no uquebra cabeça" que busca com tes culturais revela a existência, em Mato Gros
preender o processo de ocupação da América so do Sul, de grupos de caçadores/coletores/
do Sul pelo homem pré-histórico, na maior pescadores e de grupos indígenas ceramistas,
parte do território de Mato Grosso do Sul, as cujas origens são anteriores ao desenvolvimento
pesquisas arqueológicas estão ainda na fase das etnias conhecidas desde os tempos coloni
preliminar de levantamentos e análises. Nesta ais. Por outro lado, alguns desses sítios, com .
área do conhecimento, os estudos científicos certeza, atestam a presença antepassada, pré
propriamente ditos tiveram irúcio havia me colonial, dos grupos étnicos historicamente co
nos de quinze anos, quando pesquisadores nhecidos. Outros sítios testemunham ftliaçôes
da Universidade do Vale dos Sinos - UNISINOS culturais mais remotas, ainda não identificadas
e da Universidade Federal de Mato Grosso do e já extintas. Segundo o pesquisador Pedro
Sul - UFMS, desenvolveram os primeiros. pro Ignácio Schmitz, da UNISINOS, exames reali
jetos de pesquisas arqueológicas na região. zados em amostras de carvão recolhidas em
Os dados até agora recolhidos permitiram a escavações arqueológicas em um abrigo sob
identificação e o registro de algumas centenas rocha, na região do alto curso do rio Sucuriú,
de sítios arqueológicos. Sendo assim, pode no nordeste do Estado, indicam a presença do
mos observar que a distribuição desses sítios homem, neste loc'31, por volta de onze mil anos
cobre todas as áreas do Estado. atrás. Em outro sítio, distante apenas alguns qui
19
Por todo Mato Grosso do Sul,
centenas de sítios ao ar livre foram
superfícies de acampamentos ou de
aldeias indígenas )á desaparecidas.
lômetros do anterior, foram obtidas datações tificariam wna trilha, caminho ou via no inte
em tomo de sete mil anos atrás. rior da vegetação panraneira, cuja direção nos
Muito expressjvos, e nquanto evidências do encaminha ao território boliviano.
perfIl culoornl desses JX>vos extintos, são os pai A esses contextos arqueológicos pré-históri
né is arqueológicos de "arte rupestren • A ação COS, q ue nos remetem a alguns milhares de anos
milenar da erosão sobre alguns morros-teste atrás, somam-se, por todo Mato Grosso do Sul,
munho pelT!liliu que, e m vários locais do Esta centenas de sítios ao ar livre, localizados em
do, surgissem concavidades naturais, as quais pequenas colinas ou terraços fluviais próximos
foram exploradas pelo homem pré-histórico aos cursos d'água, que, com certeza, foram su
como abrigo (habitat), entre outras funções. pemcies de acampamentos ou de aldeias indí
Nas paredes destas "casas-de-peclra", os caça genas já desaparecidas. Nesses locais são abun
dores/coletores pretéritos registraram parte de dantes os vesúgios de recipientes de cerâmica,
suas impressões e representações da realidade, alguns sepultamentos, arrefaros e resíduos líticos
física e/ou mitológica, por meio de esquemas (rochas) tais como lascas, lâminas de machado
gráficos figurativos e/ou abstratos, utilizando-se de pedra polida, pontas de projéreis, mãos-de
para ral de técnicas de pintura ou gravura em pilão, almofarizes, raspadores, facas, furadores,
baixo relevo sobre a rocha. Como exemplo percutores e outros tipos de vestígios arqueol&
dessas manifestações simbólicas por meio de gicos representativos da cultura mate rial de p0
grafismos pode-se cttar um intrigante conjunto vos indígenas pré-coloniais.
de petróglifos (gravuras na rocha) inscritos na
Para O conhecimento ampliado do passado
superfície de um solo lateritizado, próximo às
arqueológico de Mato Grosso do Sul, como
margens do rio Paraguai, no município de
perspectiva para novas pesquisas arqueológi
Conunbá. Nesse local, por vários quilômetros
cas, entre outras, ainda estão para sere m feitos,
de extensão, distribuem-se dezenas de sinais
os traballios de localização e identificação dos
(signos) abstratos, variados quanto à fonua e à espaços pantaneiros, nos quais foram instala
temática, os quais nos sugerem a possibilidade
das as reduçôes das Missões Jesuíticas do Itatim,
de estarem alinhados de tal ma neira que iden
fundadas e extintas no decorrer do século XVII.
20
Grafismos Rupestres
:' 1
Grafismos Rupestres
22
Painéis com pinturas arqueológicas
nas paredes de um abrigo sob rocha
no município de Costa Rica (2)
23
Grafismos Rupestres
•
"" ~.
,:\. ""
. ,~
"
,.~'1"·
'L "
Gravuras arqueológicas
sobre um pequeno bloco
de arenito no município
de Jaraguari (1).
24
•
G,,iVUràS arqueológicas
na parede de um morro
de arenito no município
Escavação cm
sítio arqueológico
no município de
Anau rilã ncJia ( 2).
&cavação em
sítio arqueo16gico
no município de
Três Llgoas (1).
À direita, escavação
em sítio arqueológico
no município
de Maurilândia (2).
27
Anefatos/ Ute nsílios Arq ueológicos
28
•
Abaixo,
mào-de-pilão
(pedra polída)
caldada em
sítio arqueológico
no município de
Dourado...,. O).
_._._.
,"",':'
=--
Mão-dt,;"pHão c nlmofariz
coletado em ~ítio ;lrqueológico
no munid pio de Nioaque (1 ).
29
AnefatoslUtensilios Arqueológicos
30
Artefatos/ Utensílios Arqueológicos
•
Fragmemo de rec:ipk..,...,c de Ct':rJm.ioI. Guar.tni CQITl cksenho, coIeudo em sítio arqUL'ClI.ógico no município de Anaurilândia (1).
32
No início do :;éculo XVI ,
desen cadeador do "Mito da SeITa de Prata" breviventes ibéricos serem, esses objetos me
ou do "Eldorado". Nos anos seguintes, estes tálicos , p rovenientes de uma longínqua ter
mitos foram os mo tivadores do.... descobrimen ra, locali.zada a Oeste, onde, segundo a tra
tos geográficos europeus no coração da Amé dição oral indígena, urna "montanha d e pra
rica do Sul, sobretudo na exploração das por ta" e.ra explo rada po r um '·rei branco". Sabe
ções setentrionais da bacia Platina. se, hoje, que isto se tratava de u ma vaga re
Os sobreviventes do massacre no litora l uru ferência ao Império Inca.
gua io, na ausência de seu comandante (Solís), Isolado do resto do mundo, após alguns
morro no combate, o ptaram por desistir de anos de convívio com os índios Guarani ":
cont inu ar a viagem e m busca d a ligação karijó, um dos náufragos, o português Aleixo
interoceânica e regressaram para a Espan ha. Garcia, já familiarizado com a língua e com
No ca minho de retomo, um novo infortúnio os costumes indígenas, passou a organizar
atingiu a expedição: o naufrágio de uma das uma expedição para tentar conq uistar o mi
embarcações nas costas do litoral su l do Bra tológico país do "rei branco" ou Paititi, na
s il , e m água s d o aLUa i Eswdo d e Sa nta língua nativa. Aproveitando-se maliciosamente
Cata rina. de um compone me da cu ltura religiosa dos
Os náufragos 1-iobreviventes, em tomo de índios Guarani , que é acreditar na existência
dezoito, perderam contato com o resto da física de uma espécie de paraíso terrestre
expedição, da qual , os restantes retornaram Terra Sem Males - em busca do qual, perio
à Espanha, ocasiJ o em que relataram os acon dicamente, os índios Guarani organizavam
tecimentos ocorridos. Os náufragos, ao alcan migraçôes com caráter messiânico, foi fácil
ça re m a praia, fo ram abordados por índios para o português Garcia recrutar os adeptos
Guarani-karijó (Cários), integrAntes da famí indígenas necessários ao seu plano expedi
Ha Iingüística Tupi-guarani, que os acolhe cionário e ambicioso de buscar as imensas
ram pacificamente. Pam surpresa e excitação riquezas da "Serra de Prata", associando, as
dos espanhó is, estes índios também porta sim, os dois objetivos cu lturais (indígena-con
va m ado rnos de prata e info rmaram aos so quistador).
36
Imagens do plur:a!ismo
étnico-<:ultural da América
imJígemó pré-<x)loniaJ às
véspera.... do
-descobrime nto-o
Abaixo, fOleiro
aproximado da épica
expedição de
Alei.xo Garcia
em 1524.
._ -- -~ ._- - - -".
Em 1524, em busca desse lugar fantástico , dúvida, o primeiro europeu a ade ntrar por ter
partiram do litoral catarinense Aleixo Garcia e ras tão distantes do lito ral lestc da América do
mais três náufragos espanhóis, seguidos por Sul. Na sua expedição, em direção ao Oeste,
alguns milhares de índios Guarani-karijó, atra~ guiado pelas orientações indígenas colhidas
vés do Peabiru, milenar canlinho terrestre uti no p ercurso, Garcia foi o primeiro homem
lizado por indígenas su l-americanos em seus ~ branco" a pisar em terra s hoje sul-mato
intercâmbios culturais. Aleixo Garcia foi, sem wossenses e pamguaias. Cruzou o rio Paraná,
37
A perspectiva européia de
enriquecimento rápido desencadeou um
irreversível e violento processo de
extermínio étnico das populações nativas.
provavelmente na altura do arquipélago flu que o conquistador, a partir de então, lhes dis
vial de Ilha Grande, entre os Estados do Paraná pensaV'd.. Aí se dispersou a expedição conquis
e Mato Grosso do Sul. Atravessou o p lanalto tadora. Alguns remanescentes da expediçao
sul-mato-grossense e, orientando-se p ela ma retomaram a Santa Catarina, entre eles u m cs
lha fluvial, após ultrapassar o Pantanal, alc~tn crd.vo negro de Aleixo Garcia que re latou aos
çou o rio Paraguai, nas imediações do arua! náufragos e u rope us que não qu ise ram ar
município de Corumbá. Dur.mte este p ercur riscar-se no desconhecido, permanecendo na
so terrestre, entrecortando campos e florestas costa cat.arinense, os fato.c; ocorridos e o desfe
tropicais, por mais de dois mil quilómetros, cho dos aconteti.mentos.
apoiou-se sempre na infla-estrutura de deze
Inde pendenteme me do retativo fraca~ da
nas de aldeias Guarani aliadas, as quais, por e popéia de Ale ixo Ga rcia, a mesma comri
aí distribuídas, tinham neste espaço o seu buiu sobre ma neira pal"'J. al imema r a expectati
'·Nande-retéi' (pátria ou território).
va ibérica de e ncontrar as mirológk.-as e mara
Ao cruzar o rio Paraguai, acompanhado por vilho::ms riquezas mettílicas q ue justificariam
sua ·'legião" de índios, Aleixo Garcia penetrou os riscos e custos da conquista e colonização
no Chaco boliviano, telTitóno de etnias hostis, deSla área do território sul-america no.
às quais de u combate, até atingir o piemonte Para as popu lações i ndí~e n<'ls da região pla
andino, onde saqueou povoações IimíLrofes do tina , a partir de e ntão, in icia-se uma em de
Impé rio Inca. Ames mesmo de Pizarro, foi brutal inversão nos nm10S mi lenareti de seu
Garcia () primeiro europeu a e'Ontatar com os destino. A perspectiva e uropéia de enriqueci
InC"ds. De posse de gra nde quantidade de ri mento rápido fez com que o relacionamento
q uezas cm ohjcros de ouro e prata, pilhados entre as du as civilizações fosse cunhado pelo
das comunidades indígenas abordadas, Aleixo conflito na disputa pelo espaço e pelas rique
Garcia, quando retornava ao litOl-a1 atlântico, zas natura is que ele continh a, desenca
foí assassinado, nas margens do rio Paraguai, deando-se assim, pelos séculos seguintes, um
pelos índios G uarani -kari~') que o acompanha irreversível e violento processo de excerminio
vam. revoltados estes com o tratamento ab·usivo étnico das populações nativas.
38
I
Guarani
necessidade de mão-de-obra compu lsória pare! das), no início do século XVII, chegJTdffi à re
satisfa zer as necessidades da economia agIÍco gião ho je sul-mato-grosscnse os primeiros je
la tro pical colo nial luso-paulista, as aldeias suítas com o intuito de catequiLar os índios
Guar,m i passaram a ser alvos constantes das Guarani que aqui viviam. O modelo missioná
investidas escravagistas empreendidas pelos rio transformou o território Guarani, no Estado,
portUgueses/mamelucos de São Paulo (bandei na Província Jesuítica do ltatim, subordinada
rantes) que os empregavam em suas planta ao Colégio .Jesuíta de Assunção, já que, ne~1a
çôes no litoral e planalto paulista ou ainda os época, o atual território su l-mato-grossense,
revendiam como escravos ("negros da terra ") como todo o oeste brasileiro, pertencia à Amé
aos engenhos de açúcar do nordeste brasileiro. rica Colonial espanhola.
Paralelamente ao assédio bandeirante e ao o imçr<.K10 culmral c histórico que o trabalho
regime de trabalho compulsório castelhano missionário teve sobre esses índios divide os es
paraguaio imposto aos índios (as encomien tucüosos. Alguns acham que ele foi positivo, na
,--- -- -------:--- - - - - - -- - -, -::cCl medida em que o índio catequizado,
rra nsfoml ado em súdiro do rei, não p0
deria ser t.'SC..rJxizado. OUll"OS, 00 eman
to, discordam, entendendo que o uaba
lho d1. catequese docilizava o índio,
rransforrnandCK) numa presa fádl e in
leress.1nte para as incl.lI"Sê)es escrd.V'.agistas
dos bandeirantes, OS quai'õ não acata
vam as normas legais dos reis ibéricos. A
verdade é que, assediados por três fren
tes assi.J.niladoras, cada uma com seus
objetivos específicos, mas não menos
er.n.icida, os Guarani tiver.am, nos sécu-
Iconografia de uma ~I dd(l Guarn ni, no Paraguai, século À"VI.
O~IV~·~ que o índio é portador de adorno lahial (tcmbctá).
10$ segu intes, o seu tenitóno invadido e
42
•
loteado, Sl.l a cultura esbulhada e a sua popula
ção drasticamente reduzida.
Hoje, em lomo dt: vinte e cinco mil índios
Guarani vivem no sul do Estado e estão subdi
vididos em três sociedades étnicas, os Kaiowá,
os Nhandeva e os Mbya, dos quais, em termos
demográficos, os primeiros comp<Sem o con
tingente mais expressivo. A maioria dos índios
Guarani vive cm ten"as indígenas legalizadas, Perf!l de
nos municípios de Dourados, Ama mbai, índio
Caarapó e o utrOS menores. Alguns milhares de KaioM, no
século XIX,
índios Guarani ai nda pleiteiam na ]ustic,-a fe t;unbém
deral o reconheciroenw das tewJ.s que hoje com
ocupam. ConselVam muitos traços culturais [['A adorno
labial
d icionais corno a língua , cerimônias religiosas, (tembct,1).
o consumo de teret'é, do qual sào os difusores
originais, e outros hábitos etno-culturais. Nas é comerciali7.3.do fX:"las mulheres nas <.'idades
últimas décadas, a devastação da paisagem na próximas às 'Suas áreas. brudos demográficos
tural, para dar espaço às atividades agro-pa.<,to indicam que. no presente. os índices de cresci
ris mooemas, fez com que estes índia'; mudas mento populacional yêm superando OS das
sem substancialmente suas tradições econômi populações "brancas" yizinhas às Terras lnili
cas, levando-os, em grande número, a ingres genas. Paralelamente a essa recente expansão
sarem no mercddo de trabalho rural da região. demográfica. estimulados ~las suas próprias
Porém, em ~uas áreas, ainda cllltivam peque lideranças e pela 3Ç-dO de entidades indigenistas,
nas plantaçôes fa miliares de milho, mandioca, os Guarani estão readquirindo antigos hábitos
fnuas, etc, sobretudo para o sustento próprio. culturais que estavam em desuso, isto como
Todavk1., quando ocorre algum excedente este fOlma de resistência e afirmação étnica.
43
Guarani
44
No Brasil, .somenle OS índi~
Ticuna, do AmazorulS,
índios CuarJ.ni
Na ~gina ao bdu,
mulher indígena com
filho - Munidpto de
Coronel Sapucaia.
45
Guarani
Meninos Guarani
na poro de sua casa na
Terra lndigena (TI) Panambi,
em Dourados.
46
Várias áreas indígenas Guarani,
JocaJi7...adas n o sul do Estado, ainda
não são reconheddas legalmente
pelos 6rg;!.os governamentais.
47
Guarani
Habilaçôes Guarani
em aldeias no sul
do Estado.
48
As habitações Guarani possuem,
comunidade ou fanu1ia.
49
Guarani
- ,.; ,._ I
I' H
jü
Acima, pátio central da aldeia Jarar:'i, no município de Juti. Na página ao lado, crianças na escola indfgena l0C3lizada na
11 Guaçucy, munid pio de AraI Moreira.
50
"Quero faze r o que você faz
sem deixar de ser o que sou. ~
Assembléia legisla/ivo de MS
Semana dos PovQS Indíge""'-5,
abril d e 1998
51
Guaran i
52
Os Úldios Guamni são
53
No passado, os ítens da cuhur.:l. mate rial
dos Guarani eram m uito variados,
destacandO"-se a diversidade tipológica e
estéticd de seus recipientes de cerd.mica.
Guarani
Ao lado, fl auta
l"trimonial de madeira
e arco t~ fl (..'Ç ha em U$O
por índios da
TI Pi.rakuá, município
de Bela Vista.
Abaixo, pilão c
mão-de-pil ~o de madeira
TI Jaguapiré, município de
Tacuru. Por serem
produtores de cerea.is,
principalmente milho, o
uso de pilões e: muito
difundido para prod ução
de fa rinhas .
. "
"
•
•
Kadiwéu
Ce] s s~cessiVOS
ataques de colonosespa
nho1s e portugueses ao ternto n O
Os grupos étnicos Guaikuru, representados
hoje, no Brasil. por quase mil índios Kadiwéu,
Guarani, em fins do século XVI e na primeira eram fOffilados por caçadores/colewres extre
metade do XVII , abriram imensas clareiras mamente belicosos. os quais, vá rias vezes
demográficas que desequilibraram a correla~ mantinham-se à custa da pilhagem e da sub
ção de fo rças entre os grupos étnicos habitan missão econôrnica de outraS sociedades indí
tes das áreas marginais ao fio Paraguai, no genas vizinhas. sobretudo da fanu1ia lingi,iísti
trecho sul-mato-grossense. ca Guaná, do rronco Aruak. Não se (em a data
Ap roveita ndo -se do esfa cela me nto do exata, todavia, aproximadamente em meados
universo Guara ni , provocado pelos ataques do século x-VII. já no tenirório ho je sul-mato
dos bandeirantes no Pantanal, vá rias etnias grossense, os índios Guaikuru aprenderam a
de o rigem chaq ue nha , falantes de línguas domesticar e mon[ar cava los, introduzidos na
do tronco Aruak e da família Guaikuru, atra região por colonos paraguaios oriundos de As
vessaram o rio Paraguai e, em levas suces sunção. As pastagens naturais do Pantanal fa
sivas, a partir da segunda metade do sécu cilitavam a multiplicação natural elas manadas
lo XVII, preenchera m o vácuo demográfico e, por volta de 1650, esse novo comporramento
ocasionado pelo genocídio bandeirante na étnico estava de tal forma incorporado ao
região sul do Pantanal. modo de ser desses índios, qu e os Guaikuru
55
Kadiw éu
passaram a ser conhecidos também como "ín )ifico u-se como um p oderoso instrumento de
dios cavaleiros". luta, transformando o s Guaikuru em senho
Este novo c eficiente meio de locomoção, res absoluto s da região pantan eira. Algumas
nas imensas planmas do Pantanal, cuja ve comu nidades indígena s d e ho n ic ulto res
geração é aberta e espaçosa, de imediato qua Guaná , tamhém o riginários do Chaco, acorn
G ravura ilustr.mJo uma carga da cavJlaria Guaikum, no século XV IIT, no Pantana] t import:mle ressaltar que no período
pré-colonia l MO cxi'iliam cavalos em nenhum pontO da A.mériet. Os mesmos fomm inlroduzidos no cominenv.:: pelos
wlOnizado rt'S ~uropeu~. a partir do SO::culo XVI.
56
Signos usados
pelos lúdiwéu
c m Irlruagens e
pinlur.J.S cm
couros de
animais. Cada
signo es«á
relacionado
com ,
id enlíd atl~ dOo'
seu portador
no interior da
comunidade.
e uropéia dessa á rea. O s "índios cavaleiros" uma língua Gua ikuru em Mato G rosso do
fo rmaram assim u ma das maiores b arreiras Sul) e descendentes de outras etn ias (sobre
indígenas à colonização na história da Amé tudo Terena) - que sobrevivera m ao pro
rica do Sul cesso de contato conflituóso com a socieda
Após décadas de enfrenramentos com os de brasileira, vive m em uma área extensa
colonos luso-brasileiros e castelhanos, enfra (mais de quinhentos mil hecta res), cuja le
q uecidos numericamente por tantos combates galização plena ainda está incon cl usa. Bem
e doenças adqu iridas no contato com as fren conservad a ambi e nr almente , a Reserva
tes colonizadoras, no final do século XV11I, os
Kad iwéu está localizad a no sudoeste do Es
índios Gua ikl.lru loc-alizados no atual território tado , na região conhecida como Pantana l
sul-mate-grossense assinaram um tratado de do Na b ile que , no municíp io de Porto
paz com as a utoridades coloniais sediadas em Mu rtin ho . Esses índios ainda conservam ()
Cuiabá. Este foi o único lratado de p az entre
p erfil de cavaleiros, faze ndo da criaçã o des
Úldios do Brasil e a monarquia ponuguesa na se ani mal um cios mais imporrantes itens d e
história do Brasil coloni al.
sua cultura material.
58
Os índios Kadiwéu, herdeiros da
trJ.diç.ão eqüestre dos Guaikuru
coloniais, ainda hoje mantém
significativa idiossincrasia com o cav.uo.
fndioS Kadiw ~u do 'POI>lO Indigena Alves de Barros e Aldeia To mázia, no município de !)OftO Murtinho.
59
Kadiwé u
Crianç:l.~ Kadiwéu
e h;lhita~·Oc~na
Aldeia Tom<izia .
60
Par.t os tndios Kadiwéu a
humanidade foi criada por um
deus mitológico repr~ntado
pela flgura do gaviào carcará.
Bigorna e
q uebra-coco,
ferrJ.m~n(as utilizadas
no consumo de fruto;;
de palmeiras como a
bocaiúva.
Recipientes de cerâmica e
cmante5 usad os na pintura exrerna.
No canto e.squcrdo da falO ao alto,
galho do pau-santo, de cuja resina
os Kadiwéu obtêm a cor preta.
Terena
n
l1li
companhando o ingresso dos Gua i
kuru e m te rritório brasileiro, várias
Nioaque, Miranda e Aquidau<l na. Ainda hoje,
nessas cidades, é muito im.fX>rtante O papel da
etnias chaquenhas, integra ntes da família lin produção aglíc.."ola Terena na comercialização a
güística Guaná , filiadas ao tro nco Aruak en va.rejo de prodmos horti-frutíferos, pois ne&'i<.-'S
traram , a partjr do sécu lo XVIU, em (errirório municípios a atividade econômica prL>dominante
sul-mato-grossense, e nlre e las destacAm-se os é, sobretudo, a JX.'Cuária.
Terena e os Kinikinao, agriaJlwres e excelen
A soc ieda d e Terena tracl icjona l e ra
res ceramistas.
estratificada e dividia-se e ntre os cativos (ín
Os Terem, em maio r número, estabeleceram dios de outras etnias ini.tnigas) e os Terena
se na bacia cio rio Miranda, afluente elo Paraguai, pro pr iamente ditos. Estes por sua vez
em terras não inundáveis pelas cheias sazonais dividiam-se em dois subgrupos: o Naati, corn
do Pantanal. Os Terena, assim como os Guaikuru, posto pelo caciq ue e seus familiares, uma es
[.XlSSUiam tradições guerreir.:ls, embora fos..<;em bem pécie de nobreza, e os Wa he rê-txané, a ca
mais susceptíveis do que eStes a estabelecer con mada dos homens comuns. O casame nto e ra
latos jYdcfficos com os (...\)!onos luso-hl"'dsileiros. Em re-dJizado e ntre indivíduos da mesma c-.unada .
me'Ados do século XIX, j'J erdm inte nsas suas re
lações de trOLdS com a sociedade "branca" Os traba lhos domésticos, a confecção de
envolveme, ~ndo, indusive, esses índios os res artefatos d e cerâmíca, a fia ção do algodão e
ponsáveis pelo abastecimento de gêneros alimen de outras fibras vegetais eram tarefas femini
tícios para toda a região dos municípios de nas. Aos homens ca biam a cestaria, a caça c
63
Terena
a pesca. Eram também os homens que pre tribuídas regularmente, onde viviam em mé
paravam a terra parei. o plantio, sendo a se dia dez famílias.
meadura tarefa feminina. Cu ltivavam o mi
No irúcio da segunda metade do século XIX,
lho, a mandioca, o fumo, a batata-doce, o durante a guerra entre o Brasil e o Paraguai, a
algodão e diversos tipos de abóbora, alé m região pantaneira foi palco de vários episódios
de coletarem mel e [fUlOS silvestres regionais béliros, sendo o mais popularizado a "Retirada
como o pequi. A aldeia Terena trJ,diciona l da Laguna". Este conflito colocou os índios
era formada por gra ndes casas comu nais, dis- Guaikuru e Terena enlre os dois fogos inimigos.
O e nvolvimento dos índios nessa guerra fo i di
reto, ocorrendo inclusive a formação de bata
lhões comJX>Stos exclusivamente por indigenas
Terena, os quais luraram ao lado das tropas do
Império brasileiro. Para os índios, o episódio da
Guerra do Paraguai foi desastroso, entre outras
conseqüências, as comunidades indígenas s0
freram uma redução drástica em seus contin
gentes populacionais, pois foram diversas vezes
atingidas pelos combates ou pelas enfermida
des trazidas pelos exércitos adversários.
Com o final da Guerra do Paraguai, o terri
tóri o étnico Terena foi substancialmente
loteado e ntre os combale nles remanescentes
da guerra, que pennaneceram na região. A
situação fundiária dos índios agravou-se quan
do, nas últimas décadas do século XIX, a ex
Vdhos índios Terena, fotografados no inkio do século xx
mm unifonnes do Exército lmperiaJ Br"J.:!!jlc:i.ro usados na pansão do mode lo pecuário pantaneiro fez
Guerra do Paragu;ti. Aldeia Ipc:gu~, munícipio de Aquidauana. encolher o espaço necessário para a reproou
64
Aldeiamento do lpegu<:. Aquidauan:l, no início do si·t.:uJo XX_
ção do modo de ser Terena trAdicional. En rio Terena, concluindo-se dessa fOnTIa o proces
curralados em áreas exíguas, centenas de ín so de concentração étnica em áreas reduzidas
dios foram recrutados parJ. servirem como e congestionadas de ocupante.<;.
mão-de-ohra muito barata nas faze ndas re Hoje, os Terena são aproximadamente de
cém implantadas ou reconstruídas. zoito mil índios. Em torno de dez mil pessoas
No início do século XX, motivado, sobretu vivem nas áreas que, no inicio cio século XX,
do JXlr razões estratégicas, o governo brdsileiro sob as instruções emergenciais ele Rondon, fo
construiu uma estrada de ferro (Ferrovia Noro ra m reservadas para esses índios pelo extinto
este do Brasil) interligando , pela primeira vez SPI, nos municípios de Miranda, Aquida uana,
por via te.rresrre, a bacia do rio Paraguai com o Nioaque, Sjelrolândia e Dois Irmàos do Buriti.
Brasil atlântico. Esta fe rrovia dissecou o territó Algumas comunidades menores estão localiza
65
Terena
das nos municípios de Dourados e Porto A língua Terena é ensinada no lar pelas
Murrinho, áreas para onde foram transladadas, mães aos seus filhos peque nos. Nos prime iros
em meados do século passado, pelo órgão ru anos da década de 1990, nas escolas Terena,
to!. As pessoas restantes eSlão diluídas, na con foram realizadas no Estado as experiências pio
dição de índios desaldeados, em fazendas ou neiras de alfabetização bilingüe. A produção
cidades vizinhas às suas aldeias e em Campo de arrefatos de cerâmica, cuía decoração ex
Grande. Na periferia desta cidade, surgiu um terna (pintura) apresenta harmoniosas e deli
bairro habitado só por índios Terena, caracten cadas composições de motivos florais e/ou
zando-se como urna das primeiras alde ias ur abstratos é feita pelas mulheres. Todavia, não
banas no Brasil. A maio r parte das áreas Te rena é em todas as aldeias que isso ocorre. As al
está legalizada, todavia o acelerado crescimen deias de Miranda são aquelas que mais con
to populacional indígena pressiona as autori servamm esse hábito tradicional. Uma parte
dades competentes para solucionar o excesso da produção desses objetos é consurrtida in
populacional de algumas áreas. ternamente nas aldeias, como bens de uso co
! tidiano (panelas, xk-aras, reservatórios para
Terena
Dança do Rate-Pau,
município de
Aquidauana.
Rf..-o pienles de
cerâmiCOl produ7jdo.<i
na Aldda Cachoeirinha,
munidpio de Miranda.
À direita, detalhe
com padrões d ecorativos
d a cerâmica.
Guató
os Guató ràziam seus cultivos de milho , abó do cotidiano desses índios e da paisagem
bora, batata, banana, algodão, algumas pal pantaneira naquela época.
meiras, ecc. As mulheres eram exímias tecelãs Não muito tempo depois, em 1845 , outro
e fabricavam líndos tecidos de algodão colo francês, o naturalista Francis de La Porte, Con
rido.
de de Castel nau , acrescentou ao conhecimen
Os Guató, ao contrário do arredio tempera to etnográfico novas descrições destes indí
mento dos payaguá, seus vizinh os flu viais, genas. Os relatos dos viajantes, no século XIX,
eram dóceis e praticamente não o puseram obs evidenciaram ainda o processo de acelerada
táculos à colonização européia nessa porção redução popu lacionaJ e descaracterização (.. u
. l
d a bacia platina. tural que atingiu os Guató após os confl itos
A boa disposição dos Guató em receber entre o Brasil e o Paraguai, entre 1864 e 1870 .
estrangeiros pennitiu uma grande oportunida Em 1984, um levantamento demográfico
de para o registro etnográfico de interessantes realizado pelo órgão responsável pela polfti
aspectos de sua realidade cultural. Em 1825, ca ind igenista do governo brasile iro, a FUNAI,
foram visitados pela expediçÃo científica pa cadastro u trezentos e vinte e o ito índios
trocinada pelo Czar Alexandre I e chefiada Guaró, em Mato Grosso do Sul , sendo con
pelo exp lorad or e n aturalista Barão de siderados como tal inclusive aqueles indiví
langsdort, cônsul geral da Rússia , no Rio de duos que tenham pelo menos um dos proge
Janeiro. Nesta expedição, os jovens altistas nitores Guató. Desses, uma parcela menor
franceses Amadey Taunay e Hércules Flo rence vive na cidade de Corumbã ou d ispersos por
eStava m encarregados da docum entação fa zendas da região panta neira. Algumas fa
iconográfica. Estes artiStas, além de deixarem mílias, em seu habitat original, estão bastan
anotadas, nos seus respectivos diários ele C'dm te pressionadas pelo avan ço das atividades
po, riquíssimas observações etnográficas, ain agropastoris atuais, o u mesmo p elo tll!ismo
da nos legaram preciosos desenhos de cenas fluvial no rio Paraguai.
70
•'•"
Habitaç.)o c menino
Guató no I'am:m:ll.
71
~
os G uató formav-dm uma
d indigena bem numerosa. Viviam
No século
__________
,
socieda e habitavam na.
d m canoa."i e I
embarca os e . c ilha!; do Pantana .
margens, Ch"IS
~'__~=lagoas, nos
at::::ó:....-_ _ ~
::G.::u::: -
,
==========~--I
~~ ~~ I ~1t
1ndios canoeiros
r:, :~
~-
no in'do do
_lo XIX no nlha< _ ,7jÇ;"';:/' -H,
Y/:..",; -%2 "
-;;:i1"t;,,~_____~_ ___ ( ~~\ ~~."
d; Hé,cub flo"n" (.;;, \ /"
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4-0'0:-
I ' -. ,
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-;f3f~1
ty\ .
('l.
r~
'/ '"
I
r. .\
fmlios GU3 ló
miVegando em
canoa no Pantanal.
-
-
72
Ofayé
ai as margens planas do rio Paraná, de,s. dos com a caprura de índios VAra ::'1..135 lavourJ.s
_ _ de a segunda mewde do sécu lo XIX, coloni:üs. iniciardm as investidas sobre () territó
no leste sul-mato-grossense viveram, c aí ain rio étníco Ofayé, que a ntecedia a região das
da se localizam algumas dezenas de remanes reduçf>es jesuítas do }r:atim, no planalo M<H,K"djU
centes da outrora num erosa etnia Ofayé, ou Campo Grande. No século seguinre, o tráfego
Ofayé-xavame. Es[e grupo indigena, filiado ao fluvial em clireção às atinas de Cuiabá, no Ciclo
tronco lingüístico Macro-jê, é, hoje, em ler da Monçôes, abriu a perspectiva de ocupaÇ'JO
mos numéricos , o mais recluúc!o dos que ha das rerras Ofayé com a implantac:;ào de estân
bitaram o Est<l do . Com hábiWyqua:;t> que ex das de g;ldo subsidiárias ao complexo garim
clusivamente predadores, no pas.sado , peiro mato-grossense.
localizavam-se no meio do caminho das ter Até a primeira metade do século XIX. a caça
ras a serem conquistadas pelos colonizadores ocupava papel fundamemal ml culrura Obyé.
do oeste brasi leiro. Daí para <1 frente, a escassez de animais sil
Sua emo-hist()ria há séculos convive com a vestres fez com que ct já reduzida popubção
violência, a perseglJi~'à() e () extel111ínio. No pa,, desses índios Se habituasse a ab<lter reses cria~
sado, f(.'CQI1-cntC!TIcntc atacados pt'los vizin hos das extensivamente nos campos naturais do
Kaiapó Meridional e Guarani refugiavólln-se nas seu território étnico. Isto fez com que o.:;
m,Has em pennanenre nomadismo. A partir cio pecu:u-istas aí instalados organizassem U111<1
::;êculo XVII, 0.'" bandcirantc:-i pauli....'as, cnvolvi permanente campanh3 de extermínio desses
73
Ofayé
indígenas por meio cla cnl1trataçào de grupos dcs::>c ~er subs titl.JÍdo caso não demonstrasse
armados, os chamados "hugreiros" vocação para a fu nçào .
0:-; Ofayé eram pessoas de estatura peq ue Após serem considerados (ornO extintos, nas
na e bastante arredios a qua lquer coOlaro com. décadas de "1 960 e 1970. a comunidade Ofayé
o "b ra nco" ou mesmo com outro." índios. Vi atualmente ocupa um3 p.1I1C da área pa rn
via n.1 em pequenos grupos, insta lados em pre e les dem.arcada peb Ft'NA1, no município de
cárías habitaçües que oc upavam por breves Brasi};"lOdia. Ainda hoje lutam pelo rccollheci
pe ríodos. Como as d ema is etnias do glUpo .lê, UleO(o eh: seus direitos étnicos , principalmen
dormiam no chào, sobre frágeis estejrns , ou te: peJa posse de lima áre<l suficiente para con
até mesmo em pequenas valas p reenchidas servar viva sua cu!turd e multiplicar sua popu
com palh:as, ao redor de uma fogueira. Em b0"tO com qualidade de vicia.
torno d.e vinte casas distribuídas cirollarmcn
te, tendo C01110 centro um grande pátio . ("<1.
racre riun"a m a planta de suas aldeias. Nessa
áreJ cent ral eram rea li 7.a da~ suas festas e jo
gos. As casas tinham duas saídas, lima paJ.l o
campo de fO(7a,", atrás eb aldeia, c o utra p:l~l
o terreiro centra l.
A figura do xamà (rez:ldor) era muito si,\.!:
niOcltiv:1. Er:t de quem daV~lo nomE' ~os
recém-n.ascido~, semp re o de um p{tssaro, que
não deveria ser ahatido por quem o tinha
por nome . O cacique gozava de a lg:1..1maS va n
tage ns. is to CLn te rmos de loca li zaç ão
babitaciona l e objews pcs-'>Oa is. estes espe
cialmente adornado.". O ca rgo era tnlnsmi(Í
do hereditariamente , c=mbma o ocupante p u
74
Ari!ml. I~tmíli:t {k
índios Ofay~. no
munidplo dt"
Br:I.~il;'lndi;L.
75
A pequena cOnluniel;!de Ofayé
de Brasilândi:! ,~ mlb() hzJ a
perSl..'\-C'rança do.~ índios na
m,lnUlt'oç30 dOI idemiJ:ldc érniCl .
Ofayé
DI a região no rte-no rdesTe de Maro Gr~s porL'lntc no grupo. O homem, ao conrrair nk1
_ so do SuJ, .lmbientados à vegeraçao trimônio, ia monlr com a família da csposa.
xcromú rfica do Cerrado, vivia m os K aiapô Sobre a cultUf'"J material dos Kaiapó Mcri
rvlc ridional, ptrtencen tes ao tronco lingüislico diol1<.1L chama a atenção do ob~erYador o fato
Macro-jê. No Brasi l colo n j,d esses índios (!r.tm de que eles nào lISaV~lm redes para dormir,
conh&:idos também como os "índios bilreiros") como L' comum na maior pa rte das culturas
isro por rerem o costume de porrar uma es~ indíf.:cnas brasileiras. Dormiam cm c.steiras es
de de bengala ou bord\lna qtlC tinha l.1ma re ndidas sobre o chão. Quanto ~l confecção
das extremidades em forma esférica, lembran de al1cfato.<. ; de cerâmica, esse não era um com
do os bUros das rendeiras. O fato de viverem ponamento tecnológico muito desenvolvido
<.'111 {,reli!') com veget~~;ào abt:rta e de ca mpos
ne m difundido entre estes índios. No e nta nro,
fni:l C0111 que su a cu hu rd materi<l l contr.dsra!::i eram sofisücados na ma n ipulação da a rt€"
se bastante com .as das d e mais etnias plumária e po rtado res de e.,xpressivas técnicas
sul-maw-grossenses, sobrerudo as pantaneil<ls de p intura corporal (ramagens) .
e Guarani.
Na época e m que os portugueses exp lora
A orga nização soc ial cios Kaiapó Mericlo nal vam ouro e pedras p reciosas em Mato Gros
obedecia como critério para deJ1 nir-se , os clãs, so, no século XVIII , os rios d e MaIO Gro~so
fa tor esse que influenciava touos os aspecros do Sul eram as vias por o nde circu lavam as
da vida érnica. A mulher tinha um papel im me rcadorias do com é rcio monçoei ro, inte r
77
Kaiapó Meridional
78
Payaguá
80
"O proble ma j n<l íg~n a
vicio à natureza do processo histórico de con populaçôes indígenas. Com i5..o.;o, acompanha n
taro interciviJizat6rio (índios e europeus) aqui do a trajetória política de re organiza ~ào da
ocorrido, as cores mais fo rtes são aquelas pin sociedade civ il brasileira, dezena." de lideran
celadas pela violência , pelo estrangulamento ças indígenas, destaL<indo-se enlfe out!"dS, no
espacia l e pelo desrespeito ao modo de ser Estado, Marçal Guarani, e e ntidades represen
inuígena. Na história regio nal, a acomodação tativas dos me..o:;mos, emergiram do silê ncio im
forçada dos vários universos étnicos que com posto secularmente e exigirdm serem ouvidas
põem o mosa ico cult ural sul-mato-gros..<;ense nos de bates institucionais sobre o que lhes
indígena ao mcx:lelo expansionista e absor dizi a respeíto. Em Mato Grosso do Su l, devi
vente da econo mia agropasrofil brdsileira, so do ao expressivo contingente demográfico in
bretudo nos últimos cento e cinqüenta anos, dígena, o qual é ao mesmo tempo o segmen
desi ntegrou agudamente os sistemas culturais to populacional estadual que aprese m:), pro
nativos tradicionais, Jeva ndo-os a acumularem porcionalmente , os mais alarmantes índices de
signifiC'rltivas perdas e tnográficJs e demográ miséria social e existencial e a gravidade dos
ficas, implicando, em situações mais graves, conflitos fundi á rio s co m a socie dad e
na extinção de diversas comunidades, como envo lvente, a polüização da questão indígena
foi () caso dos Kaiapó Meridiona l. Dessa for tomou-se obriga rória.
ma, a tendê ncia histó rica ao desaparecime n
Ho je, a ameaça rea l de extinção física e
to, fa cilmente identificada, se usarmos para
étnica, para a maioria dos índios sul-mato
efeito de comparação as realidades dos esta grossenses, está relativame nte afastada , em
dos brasile iros lito râneos, parecia, até vinte
bo ra seja muito p reocupante a rea lidade vi
anos atrás, ser irreversíveL vida pelas e tnias Ofayé e Guató. Processos
No entanto, a retomada do processo de de de c tnogênese, como é o caso dos Atikum,
mocratização do país, a partir da década. de em Nioaque, evidenciam as novas perspecti·
1980, trouxe consigo a discussão das questões vas que a qu estão indígena assume no Esta
ambientais, da qualidade de vida, das mino do. A progressiva e efi C'd.z organi:;:ação sócio
rias excluídas e, no seu âmbito , a situação das política dos Guarani , dos Terena, dos Ofayé,
84
dos Guató e dos Kadiwéu,
nos últimos quinze anos,
desencadeou uma vigoro
sa contra-ofensiva política
que resultou na participa
ção (longe ainda de ser
suficiente) das organiza
ções governamentais, se
jam elas federais, estaduais
ou municipais, em progra
mas de educação, saúde,
extensão rural e outros, vi
sando atenuar a marginali
dade desses cidadãos no Grupo de índios Kaiowâ armadoS durante a retomada da TI Pir.lkuá, Bd a Visl.a,
no ano de 1986. Foi por lide r.u essa luta q ue, em 1983, Marçal de Souta Guara ni
que diz respeito às respo n (ao alto) foi assassinado. Primeiro índio americano a ser recebido pelo Papa João
sabilidades dos órgãos pú Paulo TI, em 1980, MarÇlJ projL'1.OU internacionalmente a questào indígena brasileira.
blicos c de suas fun ções
TERRA IIlIOiGEIlIA POVO POPULAçÃO lN', FONTE, DATAI EXTENSÃO MUNICiplO (HAI
,
1. Sucuriy
Pirakll3
GDIlfSni Kaiow a
Guarani Kaiowá
84 PKG: 98
270 PKG: 98
!)35 Milrac.
2.384 Bela Vista
,.
3. emo MiIr'llIJltu
Aldeia ~ilIl1PEstle
Gua,ani Kaiow~
GUilIari Kaiowa
ZOO f UNAI
236PKG: 98
OAntõrio João
9 Antônio Joio
5. Dourados Guarani Nandeva I Terena I GU8r.1ni Kaiowé 6.758 PKG: 98 3.475 [)oI!(acm
a
,. P3llawbi
Paoall'lllilirhl
Gualillli Kaiowli
GwDKaiowá
551 PKG: 98
Z53PKG:98
2.037 00lJradas
1.24IJ DOln~
a. Caarap6 Guarani Kaiowá I Guarani NandeYa 2.896 PKG: 98 3.594l:aarap/l
9. Guirimlré GU8nl!\i Kaiowll 256 PKG: 98 717 Pontl Pori
10. Rancho JitCilfé GUilf,1li Kaicwá !i{lS PKG: 98 178 Ponta POta
11. Jarara GUlTam Kaiowi I GwraAi N.Mevir 249 Pl(G: 98 479 Juti
12. Gua~1i Guarani Kaiowil 164 PKG: 98 930 Arai Moreira
13.
14. ""'"""'
Jaguari
GUilfIlri Kaiaw6 I Guarani Nandeva
Guarani Kaiowá I GUlr.lni Nandeva
4.465 PKG: 98
150 FUNA!: 99
2.429 Amambal
41JS Arnarrbai
15. Aldeia timão Verde Guarani Kaiowi 390 MallQOÜn: 93 660 AmarNlai
lO. TaQU3lleri Guarani Kaiuwé 1.800 PKG: 98 1.886 Amambai
17. Sete Cer,os Guarani Kaiowâ I Guarari i.landeva 230 Mango~n: 93 8.584 CsI. Sap~aia
18. SaSSMO Guarill1i Kai(tWi I Guarani Nam!e-,~ 1.351 PK6: 98 1.923 Pont~ Pori
19. CerritD Guarslli Ka iuwã I Guarari Nandevl 186 PKG: gg 2.040 EldoradD
W. TaxU31al vlYvykll3 rll$U Gmalli Kairlw' 360 FUNAI: 99 2.609 Paranhos
21. JaguapWi Guarlllli Kaiowá 429 PKG: 98 2.349 TacUID
12. Porto Undo Guaoo Nanden 1.859 PKG: 98 1.649 "'unllo NOlO
" Potrero GUBçu Guaralli Nandava 620 Rel.ldentit. 98 4.02 5 Para'lhos
2< Pirajui Guarani NandeV8 1.879 PKG: 98 2.1 18 Se18 Ouedas
25. ReservaK!ÓWâIJ Terma I Ka&étt 1.592 PedIinroa, M.T.: 98 538.536 Pono MlKtillho
26. Pilade Rebuá Tsrena 1.391 FUNAI: 99 208 Miranda
27. CitChoeiriMa TlUena 3.500 Mangolin: 93 2.644 Miranda
28. TlIlInayll~ Terena 4.601 f UNA1: 99 6.461 AQuirlauana
29. limão Verde T.~ 675 PKG: ga 4.886 Aquid_na
30. Latim. T~rena 1.137 f UNA1: 99 3.000 Miranda
3\. AIdei"lJl T_. 328 MangoIin: 93 4 Anastácio
32. Ca~oGrande T_ 1.500 Gibon - t:~Grande
33. Bwiti Tlrma 1.783 FUNAI: 99 2.1190 Doi$lrmikls Burili I SillmlWa
34. Burutizinl10 Terena 320 FUNAI: 99 10 Sidrolindia
35. Reserva Karliwéu Terena I Kinitinau 1.300 HINAI - Porlo MurtiRho
36. Nioal]Oe Terena 1.980 Moogotin: 93 3.029 Nioi]Oe
". ,.....
"- .....Dcurados Tell!n3 300 FUNAI - Douracl(ll
Guat~ 382 FUNAI: 99 10.900 Corumbà
39. 01.,. 58 Funasa: 99 1.937 BrIS~kHlia
40. Nio3 U8 AtykOO1 lO Silva: 00 - Ni()3QlJe
86
Mato Grosso do Sul
Terras Indígenas
5~6
" 7
. . Comunidades e Terras Indigenas Guarani
87
Considerações
Finais
Sul-Mato-Grossenses
92
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Gilson Rodo lfo Ma rtins. nasceu na ód:ldl' de São Paulo em 1953,
Obrev(' () b·.lC'harehldo em História na Un ivcf:)idadl..' de São Paulo - USP e douto
rou-se em Arqueologia Pre-h~t.ÓLica brasilcird pela n1t.'sm:.llInive~kt:l.(Ie .l! profes
sor <;tdjunro do Dt:partamemo de HIStória do r.amjJl/s Unin~rsit:írio de Aquicb.uana
lb Univel'.'õKlade f ederal de Mato Cm5..<;Q do Sul onde l'hefia o L'lbor:uó rio de
PC'squi,~'l.~ Arqut:Ológk-:ts -LPA, órg.)o cJesl~ departamento,
No âmbito do LPA, oos últimos anos t:oord~nOll \'finos projelos de 'pesqu isa
:uqucológic<I em M aiO Grosso d o Sul e Mat'() Gro:.:.o, I\I~m dasatividade.s docen
tes (' dt:.' pesqu is:.l. inlegrou a diretoria n<lCional da Sociedade de Arqueologi3
Brllsilelr:l • SAB, nas úhimas duas gestões.
Nos últimos dez anos atuou como periw judida! da JlISli<,." Feder.!\ em Mato
Gms.~o do Sul em pn:x:t$SOS relacionadoS à legtlli~L~-.1o de (erros indígenas no
Estado. No !lK',~mo período representou ,1 UFMS no t:xlinro Conselho Esradllal
dos Direitos do índio - CEDJN, órgão vinculado à Sc...'{Tct:lria da Ju!>ti~ e do Traba
lho de Mato Grosso do SuL É membro correspondl..'lllc, cm Mato c,ros:-;o do Sul, d"1
,:\I..-ademi:l P,uagllay:1 de b História.
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