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Geografia Do Custo Zero
Geografia Do Custo Zero
Sobre a pesquisa
Alguns depoimentos
“Respaldada nos teóricos do ensino, que muita gente não sabe em que consiste, a
mais eficaz técnica que sempre usei sempre foi criar um clima dialógico nas minhas aulas.
Tenho convicção de que a matéria-prima do professor é a mente do aluno. Pelos menos,
os teóricos dizem isto, faço isto em sala de aula, e alunos meus de Pedagogia, após lerem
um texto neste sentido, disseram: nós vemos estas teorias presentes nas aulas desta
professora. O que precisamos é saber o que é ensino. Isto será um próximo projeto de
investigação meu” (depoimento da professora 1, grifos nosso).
“Nos últimos anos tenho ficado, sempre, com turmas de pré-vestibular e você sabe
bem que no mercado dos colégios particulares é aula, aula, aula e meramente aula
expositiva. Se você sair disto o aluno, a família e inclusive os educadores das outras áreas
irão dizer que você estar enrolando para passar o tempo. Nesse aspecto não tenho muito
para contribuir com suas expectativas, porém, tenho algumas idéias em mente que
poderíamos conversar e talvez, com realidades menos engessadas poderiam ser bem
interessantes” (depoimento do professor 2, grifos nosso).
Vale ressaltar que o professor 2 atua na rede pública e privada de ensino e quando
indagado sobre a Geografia do Custo Zero, o mesmo revelou a compreensão de ensino
existente em muitas instituições. Nestas o professor é visto como reprodutor de aulas
expositivas, uma espécie de “dador de aula”, não tendo condições de utilizar nenhum outro
tipo de estratégia de ensino. O ambiente de trabalho, em instituições como estas, terminam
“engessando” as possibilidades de trabalho e comprometendo o processo de ensino-
aprendizagem.
Além dessa realidade, expressaremos a seguir um depoimento muito interessante de
uma professora, que leciona na rede pública municipal de ensino:
“Para que o aluno sinta-se atraído pelo conteúdo geográfico o professor tem que
ousar e buscar estratégias que o estimule a gostar do conteúdo dado. Durante minhas aulas
percebi que a utilização de joguinhos confeccionados pelos próprios alunos acerca do
conteúdo geográfico os envolve de maneira intensa trazendo bons resultados no que diz
respeito à aprendizagem. As aulas passeio também são uma forma maravilhosa de reunir
teoria e prática. Temos alguns órgãos que nos disponibilizam sem nenhum custo,
momentos valiosos de informação. Para tanto, basta o professor ligar e agendar por meio de
telefone ou e-mail. O barco-escola é um exemplo disso (Projeto do IDEMA). Além disso,
trabalhar textos e fazer pesquisa com temas relacionados com a realidade do aluno
também é muito importante, pois, dessa maneira o conteúdo não se torna tão "distante"
descontextualizado. Essas são algumas das estratégias que mais utilizo, visando um ensino
de qualidade para meus alunos, bem como uma aprendizagem significativa para os
mesmos” (depoimento da professora 3, grifos da professora).
Arvore genealógica
Maria da Conceição S.
1893 - 1928
Pau-dos-Ferros - RN Maria Dias da Silva
20/07/1918
Francisco Dias da Silva Pau-dos-Ferros – RN
1889 - 1925
Pau-dos-Ferros - RN
Eva Maria S. Varela
20/07/1954
Etelvina Silva Pau-dos-Ferros - RN
1885 - 1940
José-Penha – RN Antonio José da Silva
b) Carta sobre a mesa, descrevendo o meu lugar – essa atividade é um dos
resultados de minha experiência com a Educação de Jovens e Adultos(EJA),
quando trabalhei na rede municipal de ensino. A EJA está estruturada em níveis
de ensino, o nível 3 corresponde ao sexto e sétimo ano do ensino fundamental.
Os alunos desse segmento de ensino apresentam um perfil extremamente
variado. Os obstáculos para se trabalhar com eles são os mais variados
possíveis, um dos maiores diz respeito à alfabetização. São alunos que têm
riquíssimas experiências de vida, porém não possuem ainda o domínio da
linguagem escrita. Uma das temáticas do primeiro semestre envolvia a discussão
sobre os conceitos básicos da Geografia: espaço, paisagem, território, lugar,
região e escala. Para trabalhar tais conteúdos e contextualizá-los com a realidade
dos estudantes solicitei aos alunos que elaborassem uma carta para um parente
imaginário que morava numa região bem distante e não conhecia o lugar onde
ele morava. Sendo assim, os alunos teriam que escrever uma carta bem
detalhada descrevendo como era o lugar onde eles moravam. A descrição
começava da casa, passando pela rua, pelo bairro, até a cidade. Numa atividade
como essa, que não envolve nenhum custo extra, podemos trabalhar noções
sobre escala, descrição de paisagens, além de treinar a produção textual em
parceria com a professora de Língua Portuguesa. Os resultados foram bastante
significativos e pude perceber que os alunos se envolveram com a atividade e
tiveram a oportunidade de vivenciar tais conteúdos, os quais estão presentes no
nosso dia-a-dia. Ressalto que alguns estudantes sentiram dificuldade em realizar
tal atividade, sobretudo por não apresentar domínio da linguagem escrita. Foi
então que estabeleci contato com a professora de Língua de Portuguesa que nos
auxiliou nessa empreitada. A realidade daqueles alunos era, e ainda é, muito
variada e complexa. Por meio das cartas pude constatar as dificuldades que eles
vivenciavam. Foi uma estratégia de me aproximar mais da turma, conhecê-los
melhor, e tentar abordar tais realidades nas aulas de Geografia.
Considerações gerais
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