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SEQUÊNCIA DIDÁTICA 01

Área do conhecimento: Língua Portuguesa

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


• conhecer, por meio da leitura e da escuta, as características textuais da literatura de cordel;
• conhecer a estrutura da narrativa poética na poesia de cordel;
• desenvolver pesquisas e debates acerca das características regionais (região dos alunos);
• desenvolver a produção de textos que se enquadrem nas características da literatura de
cordel.
• promover um recital de poesias de cordel.

Duração das atividades: 07 horas aula

Estratégias e recursos da aula:

ATIVIDADE 01
Literatura regionalista
Por meio de um debate, discuta com todos os alunos da turma quais as características de uma
literatura considerada regionalista:
• utilização da variedade linguística de uma dada região;
• espaço da narrativa bem definido (no nordeste brasileiro, no sertão mineiro, nos pampas
gaúchos);
• narração de costumes, lendas e tradições que fazem parte de uma dada cultura regional. Para
isso, utilize fragmentos de obras literárias e autores considerados regionalistas.
Por exemplo:
• José Lins do Rego, traga fragmentos de "Menino de Engenho";
• Guimarães Rosa, traga fragmentos de "Grande Sertão Veredas";
• João Cabral de Melo Neto, traga fragmentos de "Morte e Vida Severina".
As três citadas obras possuem intenso caráter regionalista que se dá por meio de expressões
populares, crenças, costumes, fauna e flora da região etc.
Faça cópias dos trechos e distribua para os alunos visualizarem tais características nas obras desses
autores.
• expressões populares utilizadas;
• região retratada;
• costumes e tradições citadas.
A leitura deverá ser desenvolvida em sala de aula e em voz alta. Caso possível, permita que todos os
alunos leiam um fragmento dos textos recortados.
Alguns vídeos que podem ser reproduzidos para os alunos conhecerem um pouco sobre os
principais autores de literatura regionalista brasileira. Selecione um dos vídeos abaixo, optando pelo
que melhor explorar a temática da literatura regionalista. No dvd disponibilizado junto a esse
Caderno Pedagógico, há há vários vídeos sobre autores considerados regionalistas.
Após a leitura dos fragmentos das obras e a exibição dos vídeos, é importante que o professor
discuta com os alunos o que foi depreendido acerca da literatura regionalista.
Peça que os alunos anotem no caderno as características e comentários que surgirem da leitura dos
trechos, da exibição dos vídeos, bem como dessa discussão final.
Tais anotações auxiliarão nas próximas atividades.

ATIVIDADE 02
Conhecendo a estrutura da narrativa na Literatura de Cordel:
A atividade poderá ser desenvolvida no laboratório de informática ou em sala de aula, desde que
seja utilizado recursos de projeção de vídeos (datashow).
Como introdução da presente atividade, exiba os três vídeos para a classe (os vídeos estão
disponíveis no dvd disponibilizado junto a esse Caderno Pedagógico).
Tais filmes servirão como base teórica acerca da Literatura de Cordel
1. O que é o cordel (em versos): http://www.youtube.com/watch?v=OTxEL9lptW4

2. O que é o cordel (documentário TV Globo): http://www.youtube.com/watch?


v=Kx6PZOC2WtQ&feature=related

3. O que é cordel (musicado): http://www.youtube.com/watch?v=dd3IskH6LNU

Após a exibição dos vídeos, desenvolva uma discussão entre os alunos. Organize-os em 4 ou 5
grupos para o desenvolvimento das discussões. Eles deverão anotar no caderno as características da
poesia de cordel depreendidas dos vídeos exibidos. Por exemplo:
• características estruturais - métrica, versos;
• narrativa em versos;
• temáticas fantásticas e regionalistas;
• metáforas, humor e rimas;
• xilogravuras;
• origem do nome cordel.
Nesse debate, o professor será o mediador, conduzindo o enfoque desejado para a discussão.
Se possível, mostre aos alunos como são impressas as histórias da Literatura de Cordel. Caso não
consiga as obras, utilize as seguinte ilustrações:
ATIVIDADE 03
A cultura da nossa região
Boa parte da Literatura de Cordel produzida no Brasil tem como foco o regionalismo nordestino.
A presente atividade tem por objetivo desenvolver uma discussão acerca de questões que envolvam
o regionalismo da turma em questão.
Por exemplo:
• uma turma de alunos do interior de Minas Gerais (jeitinho mineiro, costumes, personagens,
tradições, culinária);
• uma turma de alunos do pantanal matogrossense (Pantanal, natureza, lendas e mitos, música,
tradições);
• uma turma de alunos do Rio Grande do Sul (costumes gaúchos, origem europeia, danças e
lendas, história).
Para desenvolver a atividade em questão:
• divida a turma em 4 ou 5 grupos;
• cada grupo pesquisará um aspecto da cultura regional (culinária, costumes, lendas, tradições
etc);
• as pesquisas poderão ter como fonte a internet, livros, relatos orais (pais, avós, bisavós).
Terminado o prazo estipulado para a pesquisa, empreenda um fórum na classe, em que todos
tenham seu momento de fala. O professor será o mediador das apresentações, organizando o tempo
de fala de cada grupo/aluno.
Peça aos alunos que:
• não interfiram na fala dos colegas;
• anotem possíveis dúvidas ou questionamentos;
• anotem no caderno as principais informações de cada uma das apresentações.
Utilize o momento posterior às apresentações para a solução das dúvidas e questionamentos que
surgirem. Caso sejam capazes, os alunos do grupo apresentado é que deverão responder aos
questionamentos dos colegas. Se não, o professor deverá interferir, quando possível, em
comentários e citações equivocadas.
Assim como os alunos, faça sua pesquisa. O objetivo é que os alunos adquiram o máximo de
informações coerentes acerca da cultura de sua região.
ATIVIDADE 04
Produzindo um poema de cordel
Para a efetivação dessa atividade, o aluno deve:
• compreender as características da Literatura de Cordel;
• conhecer parte da cultura popular de sua região.
A partir das discussões empreendidas em classe (literatura regionalista, literatura de cordel, cultura
popular da região), bem como das anotações feitas pelos alunos, será proposto ao aluno:
• produzir, individualmente, um texto literário que se enquadre nas características cordelistas
(regionalismo, narrativa com rimas, humor e metáforas);
• utilizar como temática da narrativa em versos o conteúdo compartilhado acerca da cultura
regional em questão;
• utilizar as características de impressão tradicional do cordel (folha sulfite comum dobrada ao
meio e capa como sulfite colorido);
• se possível, produzir uma ilustração que se assemelhe à técnica da xilogravura.
Lembre-se: Não exija textos muito extensos, já que o objetivo é que os alunos produzam um texto
artístico.

ATIVIDADE 05
Promovendo um recital de poesias de cordel
Após a produção dos textos em cordel, proponha aos alunos desenvolver um recital.
Discuta com eles a natureza do recital. Por exemplo:
• os textos serão recitados somente para os colegas da turma?
• cada aluno recitará uma poesia completa ou somente alguns versos?
• serão convidados outras turmas da escola?
• será um evento aberto aos familiares dos alunos?
Após decidido a natureza do recital, é importante que seja desenvolvido, pelo menos, dois ensaios
com os alunos, visando:
• aprimorar a leitura expressiva e poética;
• construir possíveis cenários e figurinos;
• organizar a ordem e o tempo de duração das apresentações.
Como o ensaio para o recital é imprescindível, os mesmos deverão ocorrer entre as atividades 04 e
05.
Avaliação :
Após a efetivação das seguinte aulas, o aluno deverá ser avaliado a partir dos critérios:
• Compreensão do conceito de literatura regionalista;
• Compreensão das características, peculiaridades e origem da Literatura de Cordel;
• Pesquisa, discussão e organização das informações sobre a cultura popular de sua região;
• Produção de um texto literário com características cordelistas e a temática regionalista;
• Organização, preparação e dedicação para o recital de poesias.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18576
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 02

Área do conhecimento: Língua Portuguesa

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


• conhecer o poeta Patativa do Assaré, bem como a representação artística de sua obra;
• reconhecer a poesia de Patativa como manifestações da cultura caipira/sertaneja (vídeos,
músicas e poesias);
• compreender que a variação linguística do “falar sertanejo” se configura como a expressão
cultural de um povo;

Duração das atividades: 05 horas aula

Estratégias e recursos da aula:


ATIVIDADE 01
Conhecendo Patativa do Assaré

Para que os alunos exercitem a descoberta ativa de novas informações, propomos uma pesquisa
para a seguinte atividade.
Forme grupos de 4 ou 5 alunos. Cada grupo deverá, por meio de sites da internet, livros, revistas e
informações orais, desenvolver uma pesquisa biográfica sobre o poeta Patativa do Assaré, bem
como algumas características e peculiaridades à obra.
Exemplos de sites:
http://www.revista.agulha.nom.br/anton.html
http://www.tanto.com.br/Patativa.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assaré
http://www.palavrarte.com/artigos/artigos_sylviedebs.htm
Atividades que envolvem pesquisas nem sempre dão certo. Por isso, é indispensável que você
sugira alguns itens norteadores para que os alunos as desenvolvam.
Passo a passo:
• informações biográficas: não é necessário que o aluno pesquise sobre cada acontecimento da
vida do poeta. Ater-se ao que se constitui como essencial para o estudo literário do mesmo;
• origem do apelido Patativa;
• características peculiares de sua obra (estrutura, exemplos de poemas);
• temáticas recorrentes (poesia da cultura caipira, poesia de cunho político);
• metáforas, ironias, humor e crítica social.
Como não é possível precisar como serão as pesquisas desenvolvidas pelos alunos, é importante que
você também faça a sua, para que também conheça melhor o poeta, bem como saiba
contrapor/complementar/esclarecer questionamentos e informações possíveis.
Peça que cada grupo produza um trabalho escrito e uma apresentação oral que será desenvolvida em
sala de aula.

ATIVIDADE 02
Debatendo Patativa
Essa atividade está relacionada à anterior. A partir das pesquisas desenvolvidas pelos alunos, você
organizará apresentações interativas. Divida a sala em espaços equivalentes à quantidade de grupos.
Cada qual terá seu espaço de apresentação. Enquanto um grupo apresenta, os demais escutam e
anotam possíveis questionamentos que serão feitos ao final da atividade. Faça o sorteio da ordem
das apresentações.

Observação: é possível que algumas informações se repitam nos trabalhos. Demonstre que isso não
tem tanta importância, uma vez que o olhar de cada grupo sobre o poeta será singular. Atente-se
também para informações incorretas, uma vez que muitos trabalhos terão a internet como suporte
principal de pesquisa. Corrija-as.
Esclareça aos alunos que serão avaliados nos seguintes aspectos:
• riqueza e coerência das informações do trabalho escrito;
• participação de todos os componentes na apresentação oral do trabalho;
• participação passiva e ativa na apresentação dos demais grupo (respeitando-os e anotando os
questionamentos).
É indispensável que, nas apresentações, tenha sido contemplado o fato das poesias de Patativa
serem narrativas em versos, característica do cordel. Caso essa peculiaridade não tenha aparecido,
demonstre isso para os alunos.

Após as apresentações iniciais, faça as inscrições dos questionamentos e comentários que, por
ventura, os alunos queiram fazer. É interessante que você prepare alguns também, se valendo, é
claro, de informações que talvez não tenham aparecido nas apresentações.
Encerre essa atividade com a exibição do vídeo Patativa do Assaré: 100 anos, que condensa vida e
obra de Patativa do Assaré em pouco mais de quatro minutos.
ATIVIDADE 03
Recitando Patativa do Assaré
Mantenha a formação dos grupos da atividade anterior.
Na presente atividade, você poderá optar por selecionar anteriormente as poesias ou deixar que os
alunos escolham. Caso opte por fazer uma seleção prévia, indicamos os seguintes poemas:
• "Vaca Estrela e Boi Fubá"; - link para o poema:
http://www.mpbnet.com.br/musicos/pena.branca.e.xavantinho/letras/vaca_estrela_e_boi_fub
a.htm (ver anexo)
• "Cante lá, que eu canto cá" (170 versos em 18 estrofes - por ser tratar de um texto longo,
você poderá agrupar dois grupos para trabalhar com a mesma); - link para o poema:
http://poemia.wordpress.com/2008/04/14/patativa-do-assare-cante-la-que-eu-canto-ca/ (ver
anexo)
• "O Poeta da Roça" (16 versos em 4 estrofes); link para o poema:
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p010392.htm (ver anexo)

É indicado que você imprima tais poemas para que os alunos acompanhem. É indispensável que
eles ensaiem para o recital. Demonstre que o imprescindível não é decorar as estrofes. É preferível
que se leia os versos mas possua uma leitura poética. Para isso, ensaios serão importantes, embora
nem todos tenham que ter a presença do professor. Os alunos podem se organizar extraclasse para
tais ensaios.
Organização para o recital:
• pode ser uma atividade realizada somente na sala de aula, como pode envolver pais,
responsáveis e outros membros da comunidade escolar;
• cada grupo poderá dividir o poema como preferir: cada um com uma estrofe ou verso, ou
todos juntos;
• cada grupo compreenda o sentido da narrativa em versos que emerge dos poemas de
Patativa;
• todos os componentes do grupo devem ensaiar a recitação de forma organizada, com a
mesma entonação;
• a leitura expressiva (poética) é mais importante do que decorar os versos.
No momento do recital, auxilie-os na organização dos grupos, para que nenhum caráter de
organização desconstrua o trabalho empreendido.

ATIVIDADE 04
Interpretando as temáticas
A presente atividade pode ser desenvolvida em sala de aula ou ser uma proposta para casa.
Selecione dois poemas, por exemplo, "Vaca Estrela e Boi Fubá" e "Poeta da Roça". A partir
daquelas folhas impressas com os poemas, peça que os alunos façam uma interpretação da narrativa
em versos. O poeta Patativa do Assaré produziu vários textos em literatura de cordel, de modo que
o caráter narrativo de suas produções é inegável.
Os alunos deverão:
• produzir dois textos narrativos, escritos em parágrafos, que parafraseiem os dois poemas
selecionados;
• respeitar o desenrolar narrativo que permeia os poemas, evitando a "inversão" de
acontecimentos;
• utilizar uma linguagem objetiva, que, às vezes, difere da poética utilizada nos poemas.

ATIVIDADE 05
Leitura das paráfrases
Os alunos produziram paráfrases. Dessa forma, você não terá a presença determinante da
criatividade nessas produções. Os textos se diferenciarão de acordo com o nível de trato com a
língua e a interpretação de texto de cada alunos.
Assim, desenvolva uma leitura dos textos avaliando:
• respeito à narrativa original dos poemas;
• construção línguística e semântica adequadas às paráfrases;
• leitura em voz alta adequada às necessidades expressivas do gênero produzido;
• questões de ordem linguística e gramatical (não dê preferência a esse aspecto, ele deve ser
apenas um acessório na avaliação).
Conclua a aula relembrando todo o trajeto desenvolvido, ressaltando os aspectos culturais, poéticos
e prosaicos da poesia e da obra de Patativa do Assaré.

Avaliação:
Ao final das atividades empreendidas, os alunos deverão ser avaliados nos seguintes aspectos:
• desenvolvimento da pesquisa sobre vida e obra de Patativa do Assaré;
• produção de um trabalho escrito que contemple os pontos pesquisados;
• apresentação ativa no debate empreendido em sala de aula;
• preparação e ensaio dos poemas selecionados para o recital;
• recitação dos poemas (aspectos de entonação, compromisso e responsabilidade com a
proposta);
• interpretação dos poemas de Patativa dos Assaré;
• produção de paráfrases sobre os poemas;
• leitura dos textos produzidos.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 03

Área do conhecimento: Língua Portuguesa, Artes e Geografia.

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


• Conhecer a literatura de cordel – produção cultural, análise da linguagem verbal e não verbal
e o suporte.
• Compreender a técnica da xilogravura (conhecer o processo de entalhe e impressão).
• Conhecer artistas que trabalham com a literatura de cordel.
• Valorizar as diversas culturas do país, sua contribuição para a identidade nacional.
• Reconhecer a influência da cultura nordestina em outras culturas no Brasil.

Duração das atividades: 05 horas aula


Estratégias e recursos da aula:

ATIVIDADE 01:

Para iniciar a discussão sobre Literatura de Cordel o professor deve instigar os alunos com a
exibição do filme “A árvore do dinheiro” (presente no dvd disponibilizado junto a esse Caderno
Pedagógico):
Agora que os alunos já despertaram o interesse pela Literatura de Cordel é possível discutir com os
alunos os seguintes pontos: o perfil do personagem principal, exemplos na sociedade, valores
expressados na mensagem. A linguagem: verbal e não verbal, o suporte (animação) em relação a
técnica (xilogravura).

ATIVIDADE 02:

Agora chegou a hora dos alunos produzirem uma pesquisa sobre Literatura de Cordel, Xilogravura
e suas curiosidades. Para isso o professor deve dividir a turma em 6 pequenos grupos e propor a
escolha dos seguintes temas:
• Literatura de Cordel
• Xilogravura
• A cultura do Cordel Hoje
• Curiosidades sobre o Cordel
• Artistas que utilizam a técnica da Xilogravura no Brasil hoje
Como referência os alunos podem acessar os sites indicados. É interessante que o professor divida a
aula em dois momentos: o primeiro para pesquisa e reunião das informações e o segundo para
apresentação do resultado.
Na apresentação os alunos deverão elaborar um texto sobre o tema pesquisado, focando sua opinião,
dificuldades durante a pesquisa, conhecimentos prévios sobre o tema, a importância da pesquisa
sobre o tema proposto.
Para complementar a apresentação os alunos podem utilizar os recursos: apresentações de slides,
desenhos e fotos.

Para fechar a discussão o professor deve comentar os pontos positivos e negativos de cada
apresentação e o que deve ser complementado sobre cada tema, para publicação de um jornal.

ATIVIDADE 03:

Agora que já foi despertado nos alunos o interesse pela Xilogravura é hora do professor demonstrar
para os alunos a técnica e iniciar a experimentação com a turma. Enquanto os alunos vão
experimentando a nova técnica o professor deve direcionar a produção em relação aos temas
pesquisados na Atividade 2

O professor deve reservar um tempo da aula para fazer uma discussão sobre o resultado dos
trabalhos: as descobertas dos alunos em relação as formas, figura e fundo, uso da luz e sombra,
texturas da matriz, impressão e papel; qualidades na impressão, pertinência da imagem em relação
ao tema apresentado.

ATIVIDADE 04:

Nesse momento, o professor e a turma devem resgatar a pesquisa complementada realizada na aula
02 e selecionar alguns trabalhos impressos na aula 03 e produzir um jornal sobre Literatura de
Cordel e Xilogravura.
Esta atividade requer a participação da turma inteira, como forma de integração dos alunos
sugerimos a divisão da turma em 4 equipes:
1. Grupo 1 – Edição do conteúdo pesquisado – para formar esse grupo selecione um ou dois
alunos que formaram o grupo inicial de pesquisa na aula 02.
2. Grupo 2 – Ilustração do Jornal – para formar esse grupo selecione um ou dois alunos de
cada grupo dos seguintes temas: Xilogravura, Artistas que Trabalham com Xilo no Brasil
hoje.
3. Grupo 3 – Produção de Histórias – para formar esse grupo selecione um ou mais alunos de
cada grupo do seguintes temas: Literatura de Cordel, Curiosidades sobre o Cordel, A Cultura
de Cordel Hoje.
4. Grupo 4 – Diagramação – este será o menor grupo pois será responsável para organizar as
informações produzidas pelo Grupo 1, 2 e 3.
Sugerimos também para edição do material os softwares livres:
• o Inkscape para trabalhar imagens vetoriais: http://www.inkscape.org/
• o Scribus para diagramação: http://baixaki.ig.com.br/download/Scribus.htm .
• o Ambos estão disponíveis para as plataformas Windows e Linux.
Após a produção do material é hora da publicação, distribua cópias impressas ou envie para lista de
e-mails da escola o jornal no formato pdf. E verifique com os alunos e a Comunidade Escolar em
geral a opinião/reação deles sobre o material.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=571
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 04

Área do conhecimento: Língua Portuguesa e Artes

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


• Produzir cordéis em atividades interdisciplinares.
• Conhecer as faces de diferentes manifestações populares.
• Ilustrar os cordéis com gravuras feitas com placas de isopor ou papelão.

Duração das atividades: 06 horas aula


Estratégias e recursos da aula:
Iniciar a aula perguntando qual o conhecimento dos alunos sobre Literatura de Cordel. Se ninguém
conhece, o professor pode perguntar o que eles imaginam ser um trabalho de Literatura de Cordel e
o que elas teriam a ver com Artes.
Em seguida o professor pode trabalhar o texto abaixo:

LITERATURA DE CORDEL

A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em


folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou
cordéis, o que deu origem ao nome.
Na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios dentre outros, a literatura de cordel já
existia, tendo chegado à Espanha e Portugal por volta do século XVI. Ali recebeu os nomes de
"pliegos sueltos", "folhas soltas" ou "volantes" e a tradição era pendurar folhetos em barbantes.
Através da influência de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos
colonizadores, instalando-se em Salvador, dali se irradiou para os demais estados do Nordeste.
Como era a capital da nação naquela época, foi ponto de convergência de várias culturas,
permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.
Engatinhando e sem nome, depois de longo período, a literatura de cordel recebeu o batismo de
poesia popular. Herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a
tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em
barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o
mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis
versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada,
acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e
animadas para conquistar os possíveis compradores na rua.

Uma boa atividade inicial é dar um texto de cordel sem as gravuras e pedir aos alunos que criem
uma ilustração que represente a idéia principal do texto. Segue na página seguinte um texto extraído
do site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Vale a pena destacar que no texto do cordel, como os alunos poderam observar, aparecem erros de
português. Isso se dá pelo uso da linguagem coloquial ou cotidiana e/ou em função da métrica -
número de sílabas em cada verso. Isso pode ser comentado com os alunos.

Sugiro que o professor trabalhe de forma interdisciplinar com o Português, pois isso enriquece
muito a produção, fazendo com que os alunos conheçam não só a manifestação escrita e oral como
também visual. A sugestão descrita nesta aula se refere ao desdobramento nas Artes Visuais. O
tema pode ser definido de acordo com situações atuais, acontecimentos ocorridos na escola. Eles
podem ser divididos em grupos de 4 ou 5 pessoas e enquanto criam nas aulas de português as rimas,
desenvolvem nas aulas de artes os desenhos para capa e miolo do cordel seguindo as orientações
abaixo:
Divididos nos grupos, decidem quem vai ficar responsável pela criação da capa e do miolo do
cordel. Cada aluno deve criar um desenho que se transformará em gravura. O desenho deve atender
ao tema desenvolvido no cordel. Os alunos devem encaminhar de forma que a criação sintetize a
idéia de partes do texto gerando um vínculo entre os dois.
O processo de inverter (espelhar) a imagem continua e é de extrema importância no cordel, já que
alguns alunos optam por criar desenhos que contenham palavras e frases referentes ao texto. Se não
houver a inversão as letras saem espelhadas na gravura o que não gera um bom resultado final. Com
o desenho invertido e transferido para a placa, no caso do isopor deve ser feito o rebaixamento das
áreas acompanhado pelo professor. Se o trabalho for feito no papelão, basta o aluno recortar as
áreas e colar na placa base.
No momento da impressão sugiro que o professor tente oferecer papel colorido de preferência
reciclado para dar um acabamento bem próximo dos cordéis já vistos. O tamanho pode ser o A5 que
gera um trabalho pequeno e fácil de ser manipulado. Cada aluno pode fazer cerca de 6 impressões e
posteriormente escolher a melhor para o cordel.
A montagem do trabalho deve ser feita mesclando as gravuras e as rimas impressas no mesmo papel
e respeitando o mesmo tamanho já determinado pelas impressões. Sugiro que seja grampeado, o que
dá firmeza aos livrinhos.
Os trabalhos podem ser expostos em barbantes para a manipulação do público, tomando somente o
cuidado para mantê-los amarrados para que não sumam, já que se trata de cópias únicas.
Avaliação:
Além da avaliação dos trabalhos realizados e de todo o processo de criação que envolveu a
participação de duas ou mais disciplinas, os alunos podem organizar pequenas apresentações das
rimas (pode-se, ainda, usar instrumentos musicais para criar o clima original como os repentistas
apresentam os textos dos cordéis).
Após as apresentações podem ser feitas avaliações comparativas entre o resultado do folheto criado
por eles a apresentação feita oralmente para a turma.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=9421
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 05

Área do conhecimento: Língua Portuguesa, Geografia, Ciências e Arte.

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


• Ampliar a competência comunicativa do aluno.

• Utilizar diferentes linguagens e diferentes tipologias textuais.

• Aproveitar os conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de


intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos, considerando sua diversidade
sociocultural.

• Comparar diferentes gêneros textuais, apontando suas características.

• Usar adequadamente a linguagem oral em seu cotidiano.

• Conhecer a biodiversidade de sua cidade e seu estado para aprender a preservá-la.

Duração das atividades: 07 horas aula

Estratégias e recursos da aula:


ATIVIDADE 01:

Etapa um:
Forme equipes de quatro a cinco alunos e distribua a cada uma delas uma cartolina onde terão que
desenhar ou escrever o que sabem a respeito do tema Aquecimento global. Estipular um tempo
para que realizem o levantamento do conhecimento prévio. É preciso definir o que os estudantes já
sabem e o que precisam saber. Em seguida abrir as descobertas dentro do grupo classe. Esse
momento de discussão permite que os alunos partilhem seus conhecimentos entre si e com o
professor, gerando mudanças de atitude em relação ao tema.

Etapa dois:

Após a sondagem inicial, propor aos alunos a leitura do texto “ O planeta tem pressa”, publicado em
Veja. (ver boxe na página seguinte)

Etapa três:

Após a leitura e discussão do texto, dividir a turma em grupos e solicitar que em fontes de pesquisa
(sites, revistas, livros, reportagens...) cada grupo possa aprofundar e se atualizar frente aos
problemas ambientais. Propor que os estudantes coletem, selecionem e organizem os dados obtidos
na pesquisa. É interessante também que os alunos tragam recortes de gravuras que mostrem
impactos ambientais causados pela ação humana.
Leitura da reportagem O planeta tem pressa, Revista Veja, maio de 2008.

O planeta tem pressa

Até mesmo os mais incrédulos já concordam: a temperatura da Terra está subindo e a maior
parte do problema é provocada por ações do homem, como a queima de combustíveis fósseis.
Ainda persistem divergências acerca do tamanho do impacto sobre a vida humana. O conjunto
demonstra que é preciso agir agora.
O acúmulo de gases começou com o advento da Revolução Industrial, no século XVIII. O
aquecimento é diretamente proporcional à atividade industrial. Portanto, quanto mais intensa ela
for, mais dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso (N2O) serão lançados na atmosfera.
Os problemas começaram a se manifestar agora porque esses gases tendem a se acumular.
A mais grave conseqüência para o Brasil seria a mudança de vegetação em metade da
Amazônia,que se tornaria uma espécie de savana ou cerrado, já a partir de 2050. Isso porque a
temperaturana região subiria pelo menos 3 graus. Com a temperatura média do país, que hoje é de
25 graus,passando aos 29 graus, milhares de famílias teriam de deixar o sertão nordestino em
busca de regiões de clima mais ameno. O nível do mar também subiria nas cidades litorâneas,
como Recife e Rio de Janeiro.
As chuvas seriam muito mais intensas, e isso afetaria todas as regiões. Espera-se que haja um
maior número de noites quentes e ondas de calor, mas também invernos mais rigorosos. A
temperatura variaria em extremos. Se for mantido o atual ritmo de emissões – e levando-se em
conta as projeções de crescimento econômico, populacional etc. –, haverá elevação do nível do
mar, redução de florestas, enchentes nas regiões mais úmidas, secas mais severas nas regiões de
clima árido e semi-árido.
ATIVIDADE 02:

1- Socializar as pesquisas e as gravuras trazidas pelas estudantes. Após esse momento, dividir a
turma em duplas e propor uma produção de texto baseado nas pesquisas, discussões e leitura da
reportagem O planeta tem pressa.

2- Ilustrar a produção de texto com as gravuras que os estudantes trouxeram de casa.

3- Propor a leitura do texto elaborado para a turma (solicitar que 5 duplas façam a apresentação).

4- Elaborar um texto coletivo sobre o tema a partir das produções das duplas. Confeccionar um
cartaz com o texto coletivo e ilustrações dos estudantes para montagem do mural da escola.

ATIVIDADE 03:

1- Apresentar o cordel “A terra está esquentando e a culpa é do homem” (presente da página


seguinte) de Walter Medeiros.

2-Aprofundamento sobre o gênero textual “CORDEL”.

3- Discussão sobre o tema “Aquecimento global” a partir do que foi lido no cordel estudado.

ATIVIDADE 04:

Produção de texto em grupo

1-Criar um poema de Cordel que alerte sobre as questões ambientais abordadas.

2- Essa atividade pode ser integrada à disciplina de Arte, já que um dos objetivos pode ser a
produção da capa do poema de cordel elaborado pelos estudantes na técnica de xilogravura.

3- Exposição dos poemas produzidos pelos estudantes no varal imitando Cordel.

4- Selecionar, com os alunos, um poema de Cordel elaborado pela turma e transformá-lo em rap.

Fonte: http://www.rnsites.com.br/cordeis-aquecimento.htm
A terra está esquentando e a culpa é do homem Walter Medeiros

Dizem que em dois mil e cem Mas sobre erros humanos


Muita coisa nesta vida Ninguém viverá tão bem Gases, fumaça, esgoto,
Já conseguiu me chocar Já dá prá pensar na prática; Não é coisa de garoto
Me fez rir e fez chorar Esse tempo que se tem Mas faltam americanos.
E continuei na lida; Terá quatro graus além
Mas agora vou narrar Numa era sorumbática. O tal do efeito estufa
O pior fato que há Cujo estrago já se viu
Na nossa terra querida. Falam em mais um porém Teve ilha que sumiu
Sobre as camadas polares Onde tambor não mais rufa;
Não é de se apavorar Que perderão seus lugares Geleira também caiu
Mas é bem preocupante Pois esquentarão também; E muita gente sentiu
Pois um problema gigante Derreterão sob olhares Quem escapou disse “ufa!”.
Acabam de anunciar; Dos filhos que aqui deixares
É dose prá elefante E a quem queres muito bem. O relatório saiu
Pois deu no alto-falante Algo precisa mudar
Que a terra vai esquentar. Vai ter coisa até nos mares Para da terra cuidar
Que já têm seus perímetros Começar pelo Brasil
Não se trata de rompante Cinquenta e oito centímetros Bastava não desmatar
Pois quem disse foi a ONU Já te mandam calculares Para muito ajudar
Nem se deve perder sono Usarão até multímetros Já seria nota mil.
Ou ver algo delirante; Pois a tensão dos voltímetros
Se a terra não tem dono, Será medida nos ares. Quando quiser viajar
Dióxido de carbono Evite ir de avião
É pior que meliante. Mais de dois mil cientistas Pois em qualquer estação
Assinam o relatório Ele vai gás espalhar;
Falam também no metano Não é um dado simplório Andar de carro, então,
E no óxido nitroso É de encher as revistas Se não tiver solução,
Um efeito horroroso Apesar do falatório Motor sempre revisar.
Para o habitat humano; De um ianque inglório
O calor calamitoso Prá quem tudo é terrorista. Dessa forma, cidadão,
Que já é muito danoso A mudança começou
Aumenta a cada ano. Nada ali é irrisório Nosso clima esquentou
Pois as secas e tufões Temos um novo padrão
Não é conto de trancoso Terão mais situações Tempestades de horror
Mas é de bem e de mal Sem nada de ilusório; Muita gente já pegou
Catástrofe ambiental Diversas populações E pode ter mais, então.
É bom ficar bem cioso; Terão suas aflições
Rádio, tv e jornal Afetando até cartório. A ciência observou
Divulgaram tudo igual Que essa variação
Sem ter mais vez prá dengoso. O aquecimento global Teve a participação
Não é nada por engano Do homem que relegou
E olhe que é parcial É culpa do ser humano Por causa de ambição
Essa conclusão enfática Que destruiu manguezal; Destrói da terra o pulmão
Sobre mudança climática Desse jeito, ano a ano Que Deus um dia criou.
Deveras fenomenal; Algo pior que profano
Parece coisa galática Fez assim o maior mal. Não é qualquer impressão
Mas tem uma matemática Capaz de gerar enganos
Ruim prá planta e animal. Já faz quase doze anos Pesquisaram em mil anos
Que se falou em Kyoto Região por região
Explicando a problemática Não era coisa de boto Então daqui a cem anos
Caso sejam mais insanos Deixo a bola com você
Não sei como será não. Pensando nesse sistema Para não enlouquecer
Vamos raciocinar Vou parar de matutar;
A ONU tem grande plano Como essa terra será Para quem conseguiu ler
Para enfrentar o problema Na praia de Ipanema Quero apenas dizer
Estuda um grande esquema Quarenta graus ao luar Que só quem viver verá.
Até o fim deste ano Mais quatro graus aumentar
Uma coisa prá cinema Aí vai ser um problema. FIM
Que pode levar o lema
De salvar o ser humano. Acho que vou terminar
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 06

Área do conhecimento: Língua Portuguesa.

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


Esta aula contribuirá para que o aluno reconheça a importância da literatura de cordel como
patrimônio histórico e cultural do povo brasileiro. Contribuirá, também, para estimular a leitura, a
produção de cordéis entre alunos e demais integrantes da comunidade escolar, e utilizar a literatura
de cordel como recurso para debater temas relacionados à atualidade. Através dessas aulas, os
alunos ficarão mais motivados em produzir textos, pois outras pessoas terão oportunidade de ler
suas produções. Os alunos também praticarão a escrita, aguçando assim a criatividade e o
enriquecimento do vocabulário.

Duração das atividades: 06 horas aula

Estratégias e recursos da aula:


ATIVIDADE 01:

O professor sugere o seguinte exercício para os alunos:

1 – Leia este poema " A morte de Nanã" (ver boxe nas páginas seguintes) de Antônio Gonçalves da
Silva, mais conhecido como Patativa de Assaré:

2 – Patativa de Assaré (1909-2002) foi um importante poeta brasileiro, que se destacou na literatura
de cordel. Pelas características de sua linguagem, é possível supor que ele seja:

a) Um poeta popular ou um poeta erudito? Por quê?

b) Um poeta urbano ou um poeta rural? Por quê?

3 – O poema A morte de Nanã foge às normas da língua escrita e procura retratar o modo de falar
do poeta

a) Identifique palavras que tenham sido escritas de modo diferente daquele registrado no dicionário.
b) O poeta emprega no texto a palavra “cajuêro”, muito usada em certa região do país. Qual é essa
região?

Antes de fazer a correção do exercício com os alunos, pergunte se eles sabem o que é a literatura de
cordel. Exponha à turma que esse será o assunto das próximas aulas e apresente o vídeo em que
Patativa do Assaré declama o texto estudado (ver no dvd disponibilizado o vídeo “A morte de
Nanã”).
A Morte de Nanã de Patativa do Assaré

Eu vou contá uma histora Era gorda, bem gordinha Quando ela via o angu,
Que eu não sei como comece, Minha querida Nanã, Todo dia demenhã,
Pruquê meu coração chora, Tão gorda que reluzia. Ou mesmo o rôxo beju
A dô no meu peito cresce, O seu corpo parecia De goma de mucanã,
Omenta o meu sofrimento Uma banana-maçã. Sem a comida querê,
E fico uvindo o lamento Oiava pro dicumê,
De minha arma dilurida, Todo dia, todo dia, Depois oiava pra mim
Pois é bem triste a sentença Quando eu vortava da roça, E o meu coração doía,
De quem perdeu na isistença Na mais compreta alegria, Quando Nanã me dizia:
O que mais amou na vida. Dento da minha paioça Papai, ô comida ruim!
Minha Nanã eu achava.
Já tou velho, acabrunhado, Por isso, eu não invejava Se passava o dia intêro
Mas inriba dêste chão, Riqueza nem posição E a coitada não comia,
Fui o mais afortunado Dos grandes dêste país, Não brincava no terrêro
De todos fios de Adão. Pois eu era o mais feliz Nem cantava de alegria,
Dentro da minha pobreza, De todos fio de Adão. Pois a farta de alimento
Eu tinha grande riqueza: Acaba o contentamento,
Era uma querida fia, Mas, neste mundo de Cristo, Tudo destrói e consome.
Porém morreu muito nova. Pobre não pode gozá. Não saía da tipóia
Foi sacudida na cova Eu, quando me lembro disto, A minha adorada jóia,
Com seis ano e doze dia. Dá vontade de chorá. Infraquecida de fome.
Quando há sêca no sertão,
Morreu na sua inocença Ao pobre farta feijão, Daqueles óio tão lindo
Aquêle anjo incantadô, Farinha, mio e arrôis. Eu via a luz se apagando
Que foi na sua isistença, Foi isso que aconteceu: E tudo diminuindo.
A cura da minha dô A minha fia morreu, Quando eu tava reparando
E a vida do meu vivê. Na sêca de trinta e dois. Os oínho da criança,
Eu bejava, com prazê, Vinha na minha lembrança
Todo dia, demenhã, Vendo que não tinha inverno, Um candiêro vazio
Sua face pura e bela. O meu patrão, um tirano, Com uma tochinha acesa
Era Ana o nome dela, Sem temê Deus nem o inferno, Representando a tristeza
Mas, eu chamava Nanã. Me deixou no desengano, Bem na ponta do pavio.
Sem nada mais me arranjá.
Nanã tinha mais primô Teve que se alimentá E, numa noite de agosto,
De que as mais bonita jóia, Minha querida Nanã, Noite escura e sem luá,
Mais linda do que as fulô No mais penoso matrato, Eu vi crescê meu desgôsto,
De un tá de Jardim de Tróia Comendo caça do mato Eu vi crescê meu pená.
Que fala o dotô Conrado. E goma de mucunã. Naquela noite, a criança
Seu cabelo cachiado, Se achava sem esperança
Prêto da cô de viludo. E com as braba comida, E quando vêi o rompê
Nanã era meu tesôro, Aquela pobre inocente Da linha e risonha orora,
Meu diamante, meu ôro, Foi mudando a sua vida, Fartava bem pôcas hora
Meu anjo, meu céu, meu tudo, Foi ficando deferente. Pra minha Nanã morrê.
Não sirria nem brincava,
Pelo terrêro corria, Bem pôco se alimentava Por ali ninguém chegou,
Sempre sirrindo e cantando, E inquanto a sua gordura Ninguém reparou nem viu
Era lutrida e sadia, No corpo diminuía, Aquela cena de horrô
Pois, mesmo se alimentando No meu coração crescia Que o rico nunca assistiu,
Com feijão, mio e farinha, A minha grande tortura. Só eu a minha muié,
Que ainda cheia de fé Na sua pequena bôca Pra dizê como é que fico.
Rezava pro Pai Eterno, Eu via os laibo tremendo Pensando naquele adeus
Dando suspiro maguado E, naquela afrição lôca, E a curpa não é de Deus,
Com o rosto seu moiado Ela também conhecendo A curpa é dos home rico.
Das água do amó materno. Que a vida tava no fim,
Foi regalando pra mim Morreu no maió matrato
E, enquanto nós assistia Os tristes oínho seu, Meu amô lindo e mimoso.
A morte da pequenina, Fêz um esfôrço ai, ai, ai, Meu patrão, aquele ingrato,
Na menhã daquele dia, E disse: "Abença, papai!" Foi o maior criminoso
Veio um bando de campina, Fechó os óio e morreu. Foi o maió assassino.
De canaro e sabiá O meu anjo pequenino
E começaro a cantá Enquanto finalizava Foi sacudido no fundo
Um hino santificado, Seu momento derradêro, Do mais pobre cimitero
Na copa de um cajuêro Lá fora os passo cantava, E eu hoje me considero
Que havia bem no terrêro Na copa do cajuêro. O mais pobre dêste mundo.
Do meu rancho esburacado. Em vez de gemido e choro,
As ave cantava em coro. Soluçando, pensativo,
Aqueles passo cantava, Era o bendito prefeito Sem consôlo e sem assunto,
Em lovô da despedida, Da morte do meu anjinho. Eu sinto que inda tou vivo,
Vendo que Nanã dexava Nunca mais os passarinho Mas meu jeito é de defunto.
As misera desta vida. Cantaro daquele jeito. Invorvido na tristeza,
Pois não havia ricurso, No meu rancho de pobreza,
Já tava fugindo os purso. Nanã foi, naquele dia, Tôda vez que eu vou rezá,
Naquele estado misquinho, A Jesus mostrá seu riso Com meus juêio no chão,
Ia apressando o cansaço, E omentá mais a quantia Peço em minhas oração:
Seguido pelo compasso Dos anjo do Paraíso. Nanã, venha me buscá!
Da musga dos passarinho. Na minha maginação,
Caço e não acho expressão
ATIVIDADE 02:

Nesta segunda aula, o professor falará sobre o que é literatura de cordel. Ele poderá levar um texto
para os alunos expondo sobre o assunto. É interessante que o professor leve alguns exemplares de
cordel, para que os alunos conheçam e tenham contato com esse material.
Como sugestão segue o seguinte texto:
Literatura de Cordel

A poesia popular, enquanto literatura oral já existe há mais de 3.500 anos. No Brasil o cordel
chegou, trazido de Portugal, onde era vendido como "folhas soltas", mas foi com um poeta nascido
em Pombal, que ele ganhou celebridade. Foi Leandro Gomes de Barros quem primeiro passou a
editar e comercializar, no final do século XIX, o folheto na forma tal como temos atualmente, por
isso ele é considerado o patriarca dessa expressão popular e a Paraíba é tida como o berço da
literatura de cordel.

O cordel que era vendido nas barracas das feiras livres pendurado em cordões e recitado ou
cantado pelos poetas violeiros para atrair os compradores, hoje sofre dos males do esquecimento e
do abandono, explicado pelo advento da era tecnológica e assimilação desenfreada da cultura
estrangeira. Ele já foi, no interior do Nordeste, o jornal, a música, o lazer de um povo que se reunia
nos salões ou terreiros das casas para fantasiar histórias lidas por aqueles que dominavam os
códigos da leitura e servia também para alfabetizar tantos outros que às vezes sabia de cor folhetos
famosos. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no Nordeste poetas de expressão como
Patativa do Assaré e revelar ao mundo uma música inigualável de Luiz Gonzaga, valores que
sintetizam a grandiosidade da nossa arte popular.

Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a
presença do público. Ainda hoje são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.
De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem
grande sucesso em estados

Temas da Literatura de Cordel


Não há limite na escolha dos temas para a criação de um folheto, que tanto pode narrar os feitos de
cangaceiros, as espertezas de heróis como João Grilo e Pedro Malasartes ou uma história de amor,
ou ainda acontecimentos importantes de interesse público, como o suicídio de Getúlio Vargas, em
1954. Também são comuns os temas sobrenaturais, como a chegada de Lampião no Inferno ou a
realização de profecias de Antônio Conselheiro. Com o advento dos meios de comunicação de
massa, os astros da TV também passaram a aparecer como personagens de cordel.
Fragmentos do texto “Projeto Cordel na Escola” de Francisco Ferreira Filho Diniz e do texto “Literatura de Cordel e
Literatura Oral” extraído do site http://www.suapesquisa.com/cordel/ (acessado em 13 de setembro de 2009).

O professor poderá ler alguns poemas de literatura de cordel (ver textos contidos no anexo desse
Caderno Pedagógico) e, oralmente, após a leitura, pedir para os alunos identificarem os temas
presentes nesses poemas.
ATIVIDADE 03:
O professor fará a leitura de alguns poemas de literatura de cordel para análise das características do
gênero. Em seguida, esquematizará no quadro de giz as principais características da literatura de
cordel, juntamente com os alunos.

Como lição de casa, o professor pedirá aos alunos que pesquisem sobre o significado e o histórico
da Literatura de Cordel, com o intuito de que eles possam ampliar o conhecimento sobre esse
gênero. Os alunos podem ler e anotar as informações mais importantes no caderno, tais como:
1- O que significa Literatura de Cordel?
2- Onde e como surgiu?
3- Quais as suas principais características?
4-Quem são os principais autores?

ATIVIDADE 04:
O professor iniciará um trabalho em grupo de 3 a 5 pessoas na classe. Cada grupo elaborará um
texto no formato da literatura de cordel. Logo após, os grupos deverão escolher uma temática para
desenvolver. O professor poderá sugerir alguns temas:

• Reciclagem
• A importância da água
• O meio ambiente
• A importância da educação
• Nossa escola
• A dengue
Cada grupo ficará encarregado do material utilizado na confecção do trabalho. É importante
ressaltar que a ilustração do cordel será feita pelos próprios alunos, de acordo com a temática de
cada grupo.

Os trabalhos dos grupos serão, primeiramente, apresentados em sala em formato de sarau e, em


seguida, expostos para a escola em varais. Os melhores textos poderão ser publicados no sítio da
escola e/ou xerocados para a comunidade escolar. Podera haver também um apresentação dos
cordéis no sarau promovido pela sala. Outras salas poderão ser convidadas para o sarau.

Avaliação:
A avaliação deverá ocorrer durante a confecção e a apresentação dos cordéis produzidos pelos
alunos. Na confecção, o professor estará atento ao nível de criatividade dos alunos. Já durante as
apresentações dos cordéis, o professor deve valorizar os aspectos positivos do grupo. As
observações deverão ser anotadas pelo professor durante o sarau e serão comentadas somente com a
classe, após todos os grupos apresentarem. Tanto os avaliadores como os avaliados devem ter
clareza do objetivo das observações feitas, ou seja, de contribuir para a melhoria das futuras
apresentações. O professor deve verificar se os cordéis evidenciaram conhecimentos do tema como
um todo, de acordo com o que foi trabalhado em sala de aula.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=8146
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 07

Área do conhecimento: Língua Portuguesa.

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


- reconhecer a variação linguística do “falar sertanejo” como expressão cultural de um povo;
compreender a inexistência de uma hierarquia de valores entre variantes linguísticas (uma
melhor do que a outra);
- produzir textos orais e escritos acerca do preconceito linguístico e da cultura caipira;
- conhecer as diferenças linguísticas entre variedade padrão X variedade caipira;

Duração das atividades: 06 horas aula


Estratégias e recursos da aula:
ATIVIDADE 01
Variação linguística
Seus alunos já conhecem o conceito de variação linguística. Eles já sabem que uma mesma língua
possui variantes relacionadas à: região, idade, nível cultural, classe social etc.
A presente atividade trata da variedade regional, especificamente o falar "caipira", "sertanejo", que
relaciona-se ao modo de falar, na maioria das vezes, aos falantes de regiões rurais dos estados de
São Paulo, Minas Gerais, Goiás e da região Nordeste. O "caipirês", nesses estados, também tem
suas variações. Por isso, como caráter ilustrativo, utilizaremos a imagem lúdica do personagem
Chico Bento como representante do falar caipira.
Exiba o desenho animado “Chico Bento no shopping” para os alunos (vídeo disponibilizado no
dvd distribuído junto com o Caderno Pedagógico)
Durante uma primeira exibição, peça aos alunos para observar a diferença entre a variedade
linguística utilizada por Chico Bento e por seu primo.
Exiba o desenho animado novamente, pedindo que eles anotem as palavras que diferenciam o falar
dos dois primos, bem como as atitudes e costumes que diferenciam Chico Bento dos moradores da
cidade.
ATIVIDADE 02
Debatendo as diferenças
Após as exibições do desenho animado, promova um debate com os alunos. Não é necessário
formar grupos. Disponha-os em círculo para que todos possam participar ativamente do processo de
discussão. As anotações feitas pelos alunos na atividade anterior deverão ser utilizadas como
argumentos e informações para o debate.
Você deverá nortear as discussões em torno das seguintes problemáticas:
• o primo referir-se à Chico Bento como "bicho do mato" - discuta sobre preconceito ao
morador das regiões rurais - o caipira é um bicho?;
• a ignorância de Chico perante ao funcionamento da escada rolante - discuta sobre
preconceito ao morador das regiões rurais - o caipira é um ignorante?;
• a crítica feita pelo personagem à forma que as palavras estão escritas no shopping - discuta o
fato da utilização de estrangeirismos ser aceita e a variação caipira ser estigmatizada - “não
entendo nada do que ta escrivinhado por aqui”;
• o conflito entre a relação que Chico tem com a água e a função que a fonte tem no espaço do
shopping;
• a diferença de sentidos que tem a nudez para Chico Bento e para os moradores da cidade.
Tais discussões devem ser mediadas por você. Não faça com que essa atividade seja uma aula
expositiva, por isso, enriqueça seus comentários com novos exemplos sobre os pontos discutidos. A
classe deverá reconhecer, pelos comentários seus e dos colegas, que a variação linguística do caipira
não é somente um jeito de falar, mas também a expressão cultural de um povo que se expressa por
meio de: modas de viola, causos, contos etc.
O debate, ainda que tenha a duração de mais de uma hora aula, objetiva que a classe compreenda o
preconceito linguístico, ideológico e cultural que existe em relação ao caipira, seus costumes e suas
crenças. A discussão deve, também, demonstrar que não existe uma hierarquia entre variantes
linguísticas.

ATIVIDADE 03

Produção textual: breves apontamentos sobre o preconceito linguístico/cultural frente ao


caipira
Após o desenvolvimento do debate, proponha que os alunos produzam, individualmente, um
pequeno texto (ensaio, por exemplo) que sintetize as discussões empreendidas acerca do caipira e o
preconceito que o circunda.
Questionamentos norteadores para a produção:
• o que você entendeu como preconceito social? Cite exemplos que conhece.
• o modo de falar do caipira é melhor ou pior que o do homem da cidade?
• os costumes do caipira são tidos como inteligentes ou ignorantes pelo homem da cidade?
Por quê?
Por se tratar de um texto curto e ter como embasamento as discussões empreendidas anteriormente,
os mesmos podem ser produzidos em sala de aula, ao longo de uma hora aula.
ATIVIDADE 04
Leitura dos textos produzidos
Os textos produzidos na atividade anterior serão aqui utilizados para um exercício de leitura em voz
alta.
Cada aluno lerá o seu texto e os demais poderão fazer questionamentos e comentários sobre o
mesmo. Organize, por meio de inscrições, os alunos que falarão após as leitura para que a atividade
não fique desorganizada (todos falando ao mesmo tempo).
Aqui o professor deverá:
• avaliar a produção textual (adequação à temática, organização textual, capacidade de
sintetização de informações);
• avaliar a leitura e argumentação oral;
• avaliar os questionamentos e comentários dos colegas frente aos textos lidos.
Conclua a atividade com uma reflexão sobre as leituras, comentários e informações que comporam
o conjunto de textos (orais e escritos) produzidos pela turma.

Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=10182
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 08

Área do conhecimento: Língua Portuguesa.

O que o aluno poderá aprender com esta aula:


Reconhecer efeitos musicais da métrica e da rima no texto do repente;
Reconhecer o uso de estratégias do discurso poético e seus efeitos de sentido, nas canções
repentistas;
Usar, em um texto ou sequência textual, estratégias musicais do discurso poético em função dos
efeitos de sentido pretendidos.

Duração das atividades: 04 horas aula


Estratégias e recursos da aula:

ATIVIDADE 01:
Professor, ao iniciar a aula é necessário esclarecer aos alunos que os objetivos das atividades são
baseados no estudo básico de métrica, ritmo e rima (adquiridos ou não até o momento) e que este
estudo será feito a partir do Repente, gênero musical e poético de uso muito comum no nordeste
brasileiro.
Para esse início, pretende-se averiguar o conhecimento que os alunos têm desses temas, tanto dos
recursos rítmicos quanto do próprio Repente.
Inicie um debate e instigue os a expor o que entendem sobre os pontos-chave da aula,
provavelmente alguns já ouviram repentistas na tv ou nas ruas e saberão informar algumas
características do gênero. A rima pode surgir como sendo um elemento sonoro do conhecimento
deles, sem maiores dificuldades de conceituação, mas é bom informá-los que ela é apenas mais um
recurso em que se apóia o ritmo, e que a métrica, sobretudo para o gênero Repente, é também
importantíssima. Abaixo alguns conceitos básicos sobre métrica, ritmo e rima:
MÉTRICA: refere-se à estrutura rítmica e à técnica de composição dos versos. Um verso consiste
num conjunto de palavras, as quais comportam um número específico de acentos tônicos a partir de
um número determinado de sílabas métricas. As palavras que formam um verso – elemento
fundamental da poesia – cumprem um determinado critério rítmico. Esse ritmo é fortemente
influenciado pelo tipo de métrica usado.
RITMO: refere-se à sucessão de sílabas fortes e fracas, com intervalos regulares, ou não muito
espaçados. O ritmo acentua a musicalidade e é fonte de prazer para a poesia.
RIMA: identidade ou semelhança de sons em lugares determinados dos versos.
Veja como exemplo a sextilha de Fenelon Dantas, que será apreciada em outra aula.
"Sou/ po/e/ta/ can/ta/dor
1 2 3 4 5 6 7
des/de o/ tem/po/ de/ me/ni/no - rima (ino)
sa/í/ de/ lá/ pra/ São/ Pau/lo
pra/ cum/prir/ com/ meu/ des/ti/no - rima (ino)
o/ Bra/sil/ co/nhe/ce em/ pe/so
o/ can/ta/dor/ nor/des/ti/no". - rima (ino)

Os versos são heptassílabos (sete sílabas) ou redondilhas maiores, como também são chamados. A
contagem é demonstrada no primeiro verso.
O ritmo é marcado pelas tônicas na 3ª e na 7ª sílabas. Há uma variação no terceiro verso marcada
pelas tônicas na 2ª e na 4ª sílabas, e no sexto verso onde o ritmo é marcado na 4ª e na 7ª sílabas.
Professor, explicar a ocorrência das sílabas tônicas na última e penúltima sílabas, pode haver dúvida
quanto à contagem, as sílabas métricas são contadas até a última tônica de cada verso. Além disso,
há as elisões (junção de vogais) entre as sílabas, marcadas pelo sublinhado.
Para contextualizar um pouco o Repente, sua origem e sua popularidade na cultura nordestina, e
complementar o que os alunos já disseram, a sugestão é pensar em algumas de suas características
mais marcantes:
ORIGEM: herdeiro da tradição medieval ibérica dos trovadores, que deu origem aos cantadores –
poetas populares, que viajam com a viola nas costas para cantar os seus versos. Eles podem
aparecer em diversos gêneros pelo Brasil: Trova gaúcha; Calango (Minas Gerais); Cururu (São
Paulo); Samba de roda (Rio de Janeiro); e Repente nordestino.
IMPROVISO: o Repente se diferencia dos outros pelo improviso – os cantadores fazem os versos
"de repente", em um desafio com outro cantador.
Muitas vezes sem muito conhecimento musical e desafinados, o que vale para os repentistas é o
ritmo e a agilidade mental que permitem, no caso do desafio, vencer o oponente apenas pela força
do discurso.
O instrumental desses improvisos cantados é variado: o gênero pode ser subdividido em embolada
(na qual o cantador toca pandeiro ou ganzá), aboio (apenas com a voz) e cantoria de viola.
MÉTRICA E VERSIFICAÇÃO: variada: temos a sextilha (estrofes de seis versos), a septilha (de
sete versos), a décima (de dez versos) e variações da métrica como o martelo agalopado (décima
composta por versos decassílabos com as tônicas na 3ª, 6ª e 10ª sílabas), o martelo alagoano
(semelhante ao agalopado, porém com um estribilho no final da estrofe que o denomina) , o galope
à beira-mar (décima com versos de onze sílabas, com estribilho cuja palavra final é mar), e tantas
outras.

2ª aula
Atividade:
Na segunda aula, peça aos alunos que pesquisem mais sobre o Repente, utilizando a sala de
informática como recurso. Uma sugestão é que eles procurem em algum site de buscas por uma lei
sancionada recentemente e que regulamenta a profissão dos cantadores. Nela, há alguns pontos
importantes para se entender melhor o perfil do repentista.
Abaixo a Lei 12.198, de 14 de janeiro de 2010, que reconhece a profissão dos repentistas em todo o
Brasil e que fez valer as mesmas regras e direitos dos músicos profissionais aos cantadores e
violeiros improvisadores; emboladores e cantadores de Coco; poetas repentistas; escritores da
literatura de cordel e contadores e declamadores de causos da cultura popular. É interessante
observar com os alunos a definição de Repentista (Art. 2º), e que a profissão agora reconhecida
engloba outras categorias do gênero (Art. 3º) como contadores de causos, e até mesmo aqueles que
produzem a literatura escrita, como o cordel.
“Art. 1º - Fica reconhecida a atividade de Repentista como profissão artística.
Art. 2º - Repentista é o profissional que utiliza o improviso rimado como meio de expressão
artística cantada, falada ou escrita, compondo de imediato ou recolhendo composições de origem
anônima ou da tradição popular.
Art. 3º - Consideram-se repentistas, além de outros que as entidades de classe possam reconhecer,
os seguintes profissionais: I – cantadores e violeiros improvisadores; II – os emboladores e
cantadores de Coco; III – poetas repentistas e os contadores e declamadores de causos da cultura
popular; IV – escritores da literatura de cordel.
Art. 4º - Aos repentistas são aplicadas, conforme as especificidades da atividade, as disposições
previstas nos arts. 41 a 48 da Lei no 3.857, de 22 de dezembro de 1960, que dispõem sobre a
duração do trabalho dos músicos.
Art. 5º - A profissão de Repentista passa a integrar o quadro de atividades a que se refere o art. 577
da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio
de 1943.
Art. 6º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 14 de janeiro de 2010; 189º da Independência e 122º da República.”
Fonte: http://andredepaula.wordpress.com/2010/01/20/sancionada-lei-dos-repentistas/

Além da Lei 12198, indique aos alunos a entrevista feita por Miguel de Almeida com o repentista
Ivanildo Vilanova intitulada "O nordeste dos violeiros repentistas", publicada na Folha de S. Paulo,
domingo, 30 de maio de 1982.
É interessante observar o ponto de vista de Vilanova sobre a influência externa na cultura popular e
no repente, considerada por ele negativa, pois tende muitas vezes a apresentar essa cultura como
exótica fora do nordeste e com intenção exclusivamente comercial. Disponível em:
http://almanaque.folha.uol.com.br/musicapop1.htm
Após a leitura da lei e da entrevista peça aos alunos que avaliem os argumentos do cantador e
discutam sobre a denúncia de exploração comercial da cultura do Repente.

3ª aula
Como material didático para as próximas aulas, a sugestão é a utilização da série de vídeos
produzidos pela TV Escola sobre o gênero, intitulada "Poetas do Repente".
Os 19 vídeos (aproxim. 6 min. cada), que serão citados nas próximas atividades, estão disponíveis
em: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/752
A série trata da música nordestina e dos repentistas e discorre sobre as origens do gênero poético,
que provém de uma literatura oral, portanto, não escrita. Descreve a influência africana no
repentismo brasileiro do nordeste, principalmente Pernambuco e Paraíba. Além de fazer a
comparação do repentismo com o rap e o hip hop, e sugere algumas aplicações pedagógicas.

Atividade:
Para a 3ª e 4ª aulas é necessário utilizar a sala de informática para que os alunos assistam aos vídeos
propostos ou o professor pode gravá-los e apresentá-los em sala de aula em dvd.
Peça aos alunos que pesquisem os vídeos no link citado acima (objetos educacionais).
O primeiro vídeo sugerido é o vídeo nº 3, no qual há um exemplo de cantoria com os repentistas
Edmilson Pereira e Antônio Lisboa. Aqui transcrevemos as quatro sextilhas cantadas por eles, com
a métrica marcada na primeira estrofe de versos em redondilhas maiores:
"Nem/ tu/do é/ o/ que/ pa/re/ce,
a/ gen/te/ po/de/ pro/var
às/ ve/zes/ um/ lu/gar/ ver/de
tem/ po/lu/i/ção/ no/ ar
e o/ mar/ pa/re/ce o/ce/a/no
mas/ nun/ca/ pas/sa/ de/ mar".

"Residência não é lar


quando o dono dela é rude
lagoa não é barragem
barragem não é açude
e nem toda pessoa gorda
pode ter muita saúde"

"Nem toda grande atitude


elimina precedente,
nem todo riso é sincero,
nem toda voz é de gente
nem todo livro é bem feito
e nem toda rima é repente".

"É bastante diferente


de uma ONG uma escola
um sapato de borracha
para um chinelo de sola
de um cantador de embolada
p'ra um cantador de viola".

Professor: após a exibição do vídeo peça aos alunos que transcrevam os versos acima e que façam a
contagem das sílabas métricas, e marcação das rimas (sempre na 2ª, 4ª e 6ª sílabas).
Além disso, inicie um debate a fim de que os alunos avaliem a riqueza temática presente nas
sextilhas: poluição do ar, mar, saúde, comparações entre ONG e escola, sapato e chinelo, e entre
rima e repente, cantador de embolada e cantador de viola.
Atividade:
O próximo vídeo sugerido é o nº 5, onde há um embate entre Lourival Batista e Pinto do Monteiro.
O exemplo a ser observado é a resposta do segundo ao primeiro, que é feita em martelo agalopado,
transcrita abaixo:

"Quan/do eu/ can/to/ ga/lo/pe em/ u/ma/ sa/la A


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
des/ce o/ céu/, so/be a/ ter/ra/, se/ca o/ mar, B
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
pá/ra a/ bri/sa/, mu/da o/ ven/to/, fin/da o ar B
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ce/go/ vê/, mu/do/ fa/la e/ mun/do/ fa/la A
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ge/la o/ sol/, quei/ma a/ lu/a, o/ ei/xo es/ta/la A
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
tem/pes/ta/de/ trans/for/ma/-se em/ se/re/no C
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
cas/ca/vel/ per/de a/ ba/se e/ o/ ve/ne/no C
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
a/ men/ti/ra/ se/ vi/ra/ na/ ver/da/de D
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
vi/ra/-la/ta/ da/ su/a/ qua/li/da/de D
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
não/ a/cu/a/ ta/tu/ no/ meu/ ter/re/no". C
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Professor, após o segundo exemplo, pedir aos alunos que transcrevam a décima de Pinto do
Monteiro para que percebam a ocorrência do martelo agalopado (tônicas na 3ª, 6ª e 10ª sílabas) -
ocorre uma descontinuidade no 3º verso, porém é previsível já que o repente é feito "de repente" -
de improviso. As rimas marcadas na ordem (ABBAACCDDC).
Aqui o repente ocorre em embate, desafio entre dois cantadores.
Instigue-os à análise do tema da resposta de Pinto do Monteiro, que é criticado, e responde a
Lourival Batista com imagens de um apocalipse que ocorre quando o cantador principia em seu
"galope" (referência metalinguística do tipo de verso usado). Além disso, peça-os para que
procurem no texto marcas da linguagem figurada (metáforas) e da linguagem satírica dirigida ao
outro no embate.
4ª aula
Atividade:
Na última aula, indicar aos alunos o acesso aos vídeos nº 7 e nº 13 da série da TV Escola citada
acima.
No vídeo nº 7, há 4 sextilhas de Ivanildo Vilanova, transcritas abaixo, em que o cantador tematiza a
própria maneira de cantar.
"Pois/ a/ pa/la/vra/ da/ gen/te
a/lém/ de/ me/tri/fi/ca/da
u/sa/ a/ o/ra/li/da/de
mu/si/ca/da e/ ri/t/ma/da
no/ ser/tão/ ou/ ca/pi/tal
sem/pre é/ mui/to a/pre/ci/a/da".

"Essa linguagem falada


traz cultura por tabela
o cantador é repórter
sem mostrar nada na tela
mensagem que o sertão
aprendeu muito com ela".

"Seja em sextilha ou parcela


o cantador se desprende
seu repente o povo escuta
seu folheto a turma vende
quem não aprender na escola
mas sendo rimando aprende".

"A cantoria transcende


um panorama mais lindo
poeta é a voz do povo
que está lhe assistindo
que quer dizer mas não pode
tudo quanto está sentindo".
No vídeo nº 13, há uma décima, dos Irmãos Nonato, na qual cantam a manutenção da tradição do
repente, porém seus temas tratam das novidades tecnológicas.
"A minha arte reflete A
para mostrá-la eu não tardo B
e os meus arquivos eu guardo B
em cd-rom ou disquete A
uso livro e internet A
pra buscar informação C
mudei na afinação C
mas no resto eu não mudei D
para ser novo, eu peguei D
carona na tradição" C

Como já visto, as sextilhas são rimadas nos versos pares (2º, 4º, 6º) e compostas em redondilhas
maiores. A décima, também em redondilhas, tem o esquema de rimas (ABBAACCDDC). Porém, o
que mais interessa nos exemplos de Vilanova e dos Irmãos Nonato é o tema das sextilhas.
Peça aos alunos para que transcrevam os textos.
No primeiro deles, sugerir aos alunos que recolham as características da cantoria expostas por
Ivanildo. Pedir para que discutam em grupo e depois apresentem ao restante da turma, como são
tratados no texto determinados aspectos:
Como é a palavra/ linguagem do cantador?
Como o cantador leva a informação ao povo?
E o que ele costuma informar?
Avaliação
Professor, para a avaliação a sugestão é dividir a turma em grupos e pedir para que cada grupo
escolha um dos vídeos da série da TV Escola.
Após assistirem, peça-os que transcrevam um dos repentes cantados e demonstrem para a turma
qual é a estrutura rítmica do texto e apresentem suas características: rima, métrica e acentos tônicos;
além do estudo do tema para perceberem o quanto o repente trabalha tanto os temas mais
tradicionais e rurais, quanto os temas urbanos e os assuntos atuais como as novidades da
tecnologia.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 09

ATIVIDADE:
MÙSICA A TRISTE PARTIDA (PATATIVA DO ASSARÉ)

*Atividade coletiva:
A) Leitura feita pela professora da história de vida do poeta Antônio Gonçalves da Silva, conhecido
por “Patativa do Assaré”.
B) Conversa com os alunos sobre o poeta e a importância de suas obras para o povo brasileiro.
C) A partir dessa atividade, os alunos farão um estudo sobre uma das obras deste poeta: “A triste
partida” que mostra o descontentamento do sertanejo com os estados do nordeste e que vem à
procura de São Paulo para se sustentar. Os alunos irão assistir ao vídeo, no Data Show, a música “A
triste partida”. (Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga)
D) Depois de assistirem ao vídeo, a professora irá questionar os alunos sobre o que entenderam
dessa música e o que sentiram ao assisti-la.

*Atividade em grupos: Os alunos irão pesquisar em revistas e jornais algumas figuras que retratam
a realidade do sertanejo de acordo com a música que assistiram e montar um mural. O mural será
exposto na classe.

(A professora irá passar pelos grupos para a orientação dessa atividade)

*Atividade individual
A) Observando o mural, escreva algumas palavras e/ou frases relacionadas ao que acabamos de
estudar.
B) Leia o trecho da música “A triste partida” e responda as seguintes questões:

A TRISTE PARTIDA (PATATIVA DO ASSARÉ)

Setembro passou, com outubro e novembro


Já tamo em dezembro.
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.

a) A palavra “tamo” é um modo de falar. Como escrevemos essa palavra corretamente na Língua
Portuguesa?
b) O que você entendeu ao ler e ouvir o trecho: “Assim fala o pobre do seco Nordeste, com medo da
peste, da fome feroz.”
SEQUÊNCIA DIDÁTICA 10

Conversa com o professor

Além de poetas clássicos, como Olavo Bilac, Cecília Meireles e

Gonçalves Dias, apresentados nas oficinas anteriores, existem no Brasil

os chamados “poetas populares”, que compõem versos que encantam

e emocionam o leitor, como o cordel. Convide os alunos a ler um trecho

de um dos nossos maiores poetas de cordel, Patativa do Assaré.

Pergunte: quem conhece um poema de cordel? Quando e onde ouviram ou leram

cordel? Quais autores de cordel conhecem?

Atividades

Leia para os alunos as duas primeiras e a última estrofe do poema

“Emigração e as conseqüências”. O poema conta a história da seca no

Nordeste, do sofrimento do povo, das injustiças sociais, da migração

para o sul, da luta, do trabalho e do perigo da entrada dos filhos

na marginalidade.

Cordel é um estilo de poema popular da

tradição nordestina. Cantado ou declamado,

está presente na maioria dos festejos da

comunidade sertaneja: feiras, festas reli-

giosas, comícios etc. É uma poesia narrativa,

ou seja, conta uma história. Geralmente, o

tema é o cotidiano, a denúncia dos sofrimen-

tos do povo, a exaltação de heróis e tipos


populares, as lendas ou tradições nativas.

A denominação “cordel” deve-se ao fato de

que os livretos costumam ser pendurados

em fios de algodão – os cordéis – nos pon-

tos de venda.

Emigração e as conseqüências

Patativa do Assaré

Nesse estilo popular

Nos meus singelos versinhos,

O leitor vai encontrar

Em vez de rosas espinhos

Na minha penosa lida

Conheço do mar da vida

As temerosas tormentas

Eu sou o poeta da roça

Tenho mão calosa e grossa

Do cabo das ferramentas.

Por força da natureza

Sou poeta nordestino

Porém só conto a pobreza

Do meu mundo pequenino

Eu não sei contar as glórias

Nem também conto as vitórias

Do herói com seu brasão

Nem o mar com suas águas


Só sei contar minhas mágoas

E as mágoas de meu irmão.

.......................................

Meu bom Jesus Nazareno

Pela vossa majestade

Fazei cada pequeno

Que vaga pela cidade

Tenha boa proteção

Tenha em vez de uma prisão

Aquele inferno medonho

Que revolta e desconsola

Bom conforto e boa escola

Um lápis e o caderno.

Para saber

mais

Muitos poetas preocupam-se também com

o ritmo do poema, ou seja, que seus versos

tenham uma cadência, como um tambor ba-

tendo em intervalos regulares. Patativa con-

seguiu esse efeito em seu poema. Chamar a

atenção para o ritmo dos versos, mostrando

como os efeitos de sonoridade encantam e

emocionam o leitor, pode ajudar seus

alunos a procurar um ritmo mais harmônico

ao produzir seus poemas.


Leia o poema em voz alta para os

alunos. Peça que fechem os olhos e

ouçam atentamente. Percebem o ritmo

do poema?

Mostre aos alunos que todo poema tem


um tema, isto é, o principal assunto ou

mensagem. Discuta com eles: qual o

tema desse poema?

Do que fala Patativa do Assaré?

Em seguida, leia para eles os seguintes versos e pergunte o que cada um

entendeu deles.

Nesse estilo popular

Nos meus singelos versinhos,

O leitor vai encontrar

Em vez de rosas espinhos

Nesses versos, Patativa

anuncia o estilo de poesia que

faz – popular – e conta para

o leitor que em seus versos

não vai encontrar apenas

“rosas”, ou seja, coisas belas,

mas também “espinhos”: a

tristeza e os problemas da

comunidade onde vive.


Retome com os alunos a
conversa que tiveram na
oficina 2, sobre o que os

poetas exprimem em seus poemas, reafirmando que belos versos como

os de Patativa podem falar sobre sofrimento, dificuldades... Afinal, a

poesia traduz a forma como o poeta vê uma situação, um

acontecimento.

Transcreva na lousa mais alguns versos de Patativa do Assaré (não se

esqueça de ressaltar a primeira letra de cada verso) e lance um desafio:

quem descobre algo diferente nesse poema?

Conte para seus alunos que Patativa do Assaré, para compor esses

versos, usa, além do recurso da rima, o acróstico.

Posso dizer que cantei

Aquilo que observei

Tenho certeza que dei

Aprovada a relação

Tudo é tristeza e amargura Acróstico é uma composição poética

Indigência e desventura em que as letras iniciais dos versos for-

Veja, leitor, quanto é dura mam verticalmente uma palavra ou frase,

muitas vezes um nome próprio. Observe

A seca no meu sertão

que as primeiras letras de cada verso do

poema ao lado formam na vertical o no-

me do poeta: Patativa
Os poetas populares usam esse recurso

como forma de identificar suas produ-

ções, assegurar a autoria de seus versos

que são divulgados em publicações ex-

postas em cordéis, em espaços públicos,

como feiras.

Agora, sugira que cada aluno crie um acróstico com o próprio nome,

usando suas características, jeito de ser, gostos etc., para compor os versos.

Escreva na lousa as frases a seguir e peça aos alunos que as completem.

Eu sou

Eu gosto muito quando

Fico triste quando

Meus amigos dizem que

Fico desanimado(a) quando

Minha maior qualidade é

Às vezes

Sonho com

Peça para os alunos que comecem escrevendo o próprio nome,

verticalmente, no papel. Depois incentive-os a encontrar palavras

relacionadas à maneira de ser de cada um, às suas características físicas

– verdadeiras ou desejadas –, que comecem com cada uma das letras

do nome, e anote-as ao lado. Ajude-os na escolha de uma ou mais

palavras para cada letra. Agora, é só fazer os versos do acróstico e

expor para o grupo.

Escolha alguns acrósticos para colocar no mural.


SEQUÊNCIA DIDÁTICA 11
o cordel a biografia: um livro que contagia

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula


• Recitar ou ler em voz alta textos poéticos breves, previamente preparados.
• Ler em voz alta para um pequeno público, textos breves, em prosa , previamente preparados.
• Ler e escrever relatos breves de experiências de vida.
• Ler e escrever biografias, observando a seqüência cronológica dos textos de eventos.

Duração das atividades


Aproximadamente 200 minutos; 04 aulas.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno


- Gênero textual: forma composicional, estilo, função, contexto de circulação.
- Reconhecer os seguintes gêneros textuais: cordel, biografia, provérbios, frases de caminhão e
canção.

Estratégias e recursos da aula


As estratégias a serem utilizadas são:- aula interativa;
- trabalhos em grupos e duplas;
- debate;
- produção de texto;
- montagem de um livro;
Desenvolvimento da aula
1º passo:- Distribuir a turma em cinco grupos. Cada grupo ficará responsável por uma produção
textual que irá compor um livro.
- O professor deve solicitar que, em grupos, os alunos reflitam sobre o significado da palavra:
EMBORNAL* (ver recursos complementares). A palavra deve ser escrita no quadro.
2º passo:- O professor deve dar um tempo para que os grupos pensem em um possível significado
dessa palavra. À medida que os grupos vão dizendo os possíveis significados da palavra
“embornal”, o professor deverá registrar no quadro para que todos consultem:
EMBORNAL
GRUPO 1: Nome de uma cidade.
GRUPO 2: Nome de uma pessoa.
GRUPO 3: Nome de uma peça de carro.
GRUPO 4: Nome de um alimento.
GRUPO 5: Marca de um cobertor.
3º passo:
- O professor deverá solicitar que cada grupo produza textos a partir do significado dado à palavra
“embornal” pelos grupos.
- Cada grupo ficará responsável pela produção de um determinado texto. Por exemplo: equipe 1
produzirá um cordel que envolva a palavra “embornal” que o grupo considera ser um nome de uma
cidade. Para a equipe 2 a produção de uma biografia que envolva a palavra “embornal” que o grupo
considera ser o nome de uma pessoa. Assim deverão ser produzidos os seguintes gêneros: cordel,
biografia, provérbio, frases de caminhão e canção.
- Para a produção dos gêneros mencionados, o professor deverá disponibilizar modelos para os
grupos (ver modelos de todos os gêneros citados em recursos educacionais).
- Cabe ao professor também informar as condições de produção necessárias para a escrita do texto
como: quem será o interlocutor do texto, qual o objetivo do texto, o assunto, o gênero e a
linguagem.
4º passo:- Após a produção dos textos, a professora deverá informar que estes textos constituirão
em um livro que será distribuído na escola para outras turmas. Sendo assim, a professora deverá
salientar aos alunos a importância da correção do texto e sua reescrita.
- Para a correção e reescrita do texto, o professor solicitará que os grupos troquem seus textos, afim
de que os próprios colegas corrijam os possíveis “erros”. Após a correção os grupos receberão mais
uma vez seus textos para reescreverem.
5º passo:
- Com a correção e reescrita dos textos, o professor poderá levar os alunos a algum laboratório de
informática da escola (caso haja) para que os mesmos digitem seus textos.
- Após isso, professor poderá realizar uma última revisão com os alunos, solicitando que os mesmos
façam as ilustrações que comporão o livro.
6º passo:- O professor deverá fazer várias cópias do livro para distribuição e marcará um dia para
que os alunos autografem o livro e distribuam entre os colegas da escola.
Recursos Educacionais adicionados a aula
Literatura de Cordel (ver aula: “Rimando com cordéis e brincando com repentes, oxente!”)
Justiça deixa a lei escapar
No ano de 2003
O caso volta a chocar
Com os tais assassinos
A mídia a mostrar
Pela morte do índio
Aparecem em vídeo
É o mínimo a pagar

Eles são fora da lei


Estavam renovando
Carteira de motorista
Na cidade passeando
E sem autorização
Para essa renovação
É a mídia revelando

Pra quem se esqueceu


Vou portanto relembrar
É do índio pataxó
Que estou a relatar
Que foi assassinado
Com o corpo queimado
Por meninos a brincar

A brincar com a vida


De um índio a dormir
Na parada de ônibus
Por não ter aonde ir
Sem pensar na crueldade
Crendo na impunidade
Fizeram o fogo infundir

E pior do que isto


Foi a justificativa
Achando ser mendigo
Tiveram a iniciativa
Mendigo é quase nada
É motivo de piada
Não vale estimativa

E o pobre do índio
Sem saber se defender
Teve o corpo queimado
E acabou por morrer
Mas uma pessoa viu
Delatou o ato vil
Pra polícia resolver

Assustados com o fogo


Os meninos fugiram
No carro em que estavam
Os policiais descobriram
E foram capturados
Julgados e condenados
Mil desculpas pediram

O auditório lotou
No dia do julgamento
Trouxe muita revolta
O acontecimento
E os índios choraram
Por Galdino clamaram
Houve muito lamento

E os sete jurados
Tomaram a decisão
Os rapazes teriam
14 anos de prisão
Por homicídio doloso
O ato foi maldoso
Mereciam a reclusão

E os tais acusados
Choraram ao ouvir
A sentença prescrita
Que irão enfim cumprir
Os pais revoltados
Os índios animados
Com justiça a servir

Segundo os jurados
Foi muita crueldade
Não deram à vítima
Nem a possibilidade
De poder se defender
Pois queriam entreter
Às custas da maldade

E quem não se lembra


Foram cinco que mataram
Um era menor de idade
E não o condenaram
Visto separadamente
Segue a vida normalmente
Pois logo o liberaram

Eron Chaves Oliveira


Antônio de Vilanova
Max Rogério Alves
Deixam Galdino na cova
Com Tomás Oliveira
Cometeram a sujeira
Agora estão na alcova

Apenas Max e Tomás


Já podiam renovar
Suas habilitações
Puderam logo deixar
Suas celas na prisão
Mas apenas com função
Trabalhar ou estudar

No entanto os outros
Em 2001 renovaram
Na época não podiam
Saída não liberaram
Para esses condenados
Então privilegiados
Assassinos adularam

E no final da contas
Estavam a dirigir
Pelas ruas da cidade
A namorar e curtir
Não seguindo a missão
Trabalho, escola, prisão
Como deviam cumprir

Até hoje a defesa


Tenta o caso melhorar
Já entrou com recursos
Para os presos ajudar
E já vem conseguindo
Estão por aí curtindo
Na cidade a passear

Mas a mídia descobriu


E resolveu revelar
Pra toda a sociedade
A justiça a mangar
Deixa isso acontecer
Eles estão a beber
Até cerveja no bar

Essa história ainda vai


Dar muito o que falar
Uma justificativa
Ao povo precisam dar
Porque os condenados
São privilegiados?
Justiça devem pagar

Homicídio doloso
É crime hediondo
Quer queira quer não
Mesmo a defesa opondo
Devem manter posição
Pois se houver armação
A mídia acaba expondo

Este processo foi


Lição à sociedade
Pois o índio é como nós
E merece igualdade
Como o pobre do mendigo
Que já tem como castigo
Toda a marginalidade

Se não há igualdade
Geram essas divisões
Do pobre com o rico
Causando distinções
Que não podem ser reais
Pois somos todos iguais
Não importa os tostões
Na nossa sociedade
O que vale é o poder
E a banalização
Cada dia a crescer
É muita violência
Vista com complacência
Os valores a perder
Isabel de Assis Fonseca
http://www.beleleo.com.br/cordeis.asp

Biografia (ver aula: “Cante Lá que Eu Canto Cá: história e vida de Patativa do Assaré”)

Patativa do AssaréAntônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré (Assaré,
C eará, 5 de março de 1909 — 8 de julho de 2002) foi um poeta popular, compositor, cantor e
improvisador brasileiro.
Biografia
Uma das principais figuras da música nordestina do século XX. Segundo filho de uma família pobre
que vivia da agricultura de subsistência, cedo ficou cego de um olho por causa de uma doença. Com
a morte de seu pai, quando tinha nove anos de idade, passa a ajudar sua família no cultivo das
terras. Aos doze anos, freqüenta a escola local, em que é alfabetizado, por apenas alguns meses. A
partir dessa época, começa a fazer repentes e a se apresentar em festas e ocasiões importantes. Por
volta dos vinte anos recebe o pseudônimo de Patativa, por ser sua poesia comparável à beleza do
canto dessa ave. Sendo muito amigo da familia Diniz.
Indo constantemente à Feira do Crato onde participava do programa da rádio Araripe, declamando
seus poemas. Numa destas ocasiões é ouvido por José Arraes de Alencar que, convencido de seu
potencial, lhe dá o apoio e o incentivo para a publicação de seu primeiro livro, Inspiração
Nordestina, de 1956.
Este livro teria uma segunda edição com acréscimos em 1967, passando a se chamar Cantos do
Patativa. Em 1970 é lançada nova coletânea de poemas, Patativa do Assaré: novos poemas
comentados, e em 1978 foi lançado Cante lá que eu canto cá. Os outros dois livros, Ispinho e Fulô e
Aqui tem coisa, foram lançados respectivamente nos anos de 1988 e 1994. Foi casado com Belinha,
com quem teve nove filhos. Faleceu na mesma cidade onde nasceu.
Obteve popularidade a nível nacional, possuindo diversas premiações, títulos e homenagens (tendo
sido nomeado por cinco vezes Doutor Honoris Causa). No entanto, afirmava nunca ter buscado a
fama, bem como nunca ter tido a intenção de fazer profissão de seus versos. Patativa nunca deixou
de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (Cariri) no interior do Ceará. Seu
trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e
guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de
Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
A transcrição de sua obra para os meios gráficos perde boa parte da significação expressa por meios
não-verbais (voz, entonação, pausas, ritmo, pigarro e a linguagem corporal através de expressões
faciais, gestos) que realçam características expressas somente no ato performático (como ironia,
veemência, hesitação, etc.). A complexidade da obra de Patativa é evidente também pela sua
capacidade de criar versos tanto nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma clássica),
como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele
próprio diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia
(denominada por ele de poesia "matuta").
Patativa transitava entre ambos os campos com uma facilidade camaleônica e capacidade criadora e
intelectual ainda não totalmente compreendidas pelo meio acadêmico. Sua obra, de dimensão tanto
estética quanto política, aborda diferentes temas e possui outras vertentes além da social/militante;
como a telúrica, religiosa, filosófica, lírica, humorística/irônica, motes/glosas, entre outras. As
múltiplas tentativas de categorização da obra de Patativa do Assaré (muitas vezes subjetivas e sem
base teórica) expõem falhas inerentes dos próprios parâmetros de julgamento.
Estes, na maior parte, baseados em pressuposições e preconceitos que levam a dois extremos: a
representação idealizada do mito, a exclusão pela classe social, nível de escolaridade, etc.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9
Avaliação
A avaliação é processual e contínua, devendo ser realizada oral e coletivamente, enfocando a
dinâmica do grupo, identificando avanços e dificuldades.
O desempenho dos alunos durante a aula, a realização das tarefas propostas, as observações e
intervenções do professor, a auto - avaliação do professor e do aluno serão elementos essenciais
para verificar se as competências previstas para a aula foram ou não desenvolvidas pelos alunos.
A produção textual foi e continua sendo uma difícil atividade escolar, entretanto, o professor precisa
estar atento para alguns procedimentos metodológicos que podem facilitar esse processo. O
professor precisa fornecer informações para a produção textual (condições de produção) e acima de
tudo modelos dos gêneros textuais que seriam escritos. No ato da produção o professor precisa
avaliar se o aluno consegue escrever um texto com coesão e coerência, que esteja de acordo com as
configurações do gênero a ser produzido.

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