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ANDRAGOGIA: EDUCAÇÃO CONTINUADA E PERMANENTE

Maria do Carmo Carrasco


Fonoaudióloga Empresarial
Consultora em Comunicação Corporativa e Facilitadora de MediaTraining
Email: carrasco@copconsultoria.com

De acordo com o Dicionário Aurélio, “Educação” significa “ato ou efeito de educar (-se).
Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral [...] do ser humano em
geral, visando à sua melhor integração individual e social [...]. Os conhecimentos ou as
aptidões resultantes de tal processo; preparo [...]. O cabedal científico e os métodos
empregados na obtenção de tais resultados; instrução, ensino [...]. Aperfeiçoamento integral de
todas as faculdades humanas. Conhecimento e prática dos usos de sociedade; civilidade,
delicadeza, polidez, cortesia, [...] arte de ensinar [...]”.

A Educação deve ser um processo contínuo, e dessa forma cumprir com o objetivo da
sociedade e compromisso profissional. A Educação é considerada atualmente como fator
preponderante para a qualificação e capacitação profissional, tornando-se uma saída
remediável aos países menos favorecidos. Dessa forma, com as mudanças ocorrendo de
maneira acelerada e frenética, a necessidade de um sistema permanente de educação é
fundamental.

A Educação Continuada e Permanente é um conceito muito utilizado nas grandes instituições


de ensino e nas principais empresas que mantêm centros de apoio e desenvolvimento,
direcionados à capacitação profissional. Essa nomenclatura é utilizada para enfatizar o
aperfeiçoamento do ser humano, de forma integral, contínua e sem interrupção, desde o seu
nascimento até a sua morte. Durante todas as situações da vida, o homem tem a possibilidade
de aprendizado e, em especial no ambiente de trabalho, o profissional necessita
constantemente se moldar às tendências e relações de trabalho.

A importância de compreender um pouco mais sobre a educação continuada e permanente é


devido a aquisição de novas habilidades e conhecimentos, tanto para desenvolver essas
aptidões, como também entender a educação dos adultos.

Nesta perspectiva, os objetivos estão alinhados com uma metodologia especial e inovadora, a
Andragogia. A utilização de técnicas balizadas e organizadas para a transmissão de
conhecimentos, de novas informações, de tecnologias diferenciadas e novos comportamentos,
pois deve-se ter cuidado com os valores, as normas, os padrões dos indivíduos, grupos e
empresas (instituições e organizações) envolvidas.

O principal instrumento da educação neste modelo é o treinamento diferenciado e que


pressupõe mudança de comportamento e aquisição de habilidades e posturas necessárias.
Deve ser um instrumento institucionalizado que permite o desenvolvimento do homem no seu
meio social e profissional. Todo treinamento que propõe mudanças, desenvolvimento da
coletividade e vivência deve fundamentar-se na Andragogia: ciência responsável pela
educação de adultos.

A Andragogia é a arte de educação de adultos (do grego: andros – homem). É importante


ressaltar que a Andragogia se difere da Pedagogia (do grego: peda – criança), pelo próprio
público envolvido, o adulto. A Andragogia contribui como uma nova ciência, oferecendo muito
além do que pode oferecer à Pedagogia. Dessa forma, devemos pensar na educação do
adultos de modo especial e planificado. A finalidade da prática da Andragogia é possibilitar os
fundamentos didáticos para a realização do processo de aprendizagem, fornecendo os
princípios técnicos e metodológicos que permitam o embasamento didático de uma variedade
de programas de Educação de Adultos.
A grande maioria dos adultos e empresas que estão realizando constantemente cursos,
workshops e treinamentos para sua capacitação tem a „impressão‟ de que nada mudou. Essa
„impressão‟ na realidade é fruto da utilização de um método inadequado ao aprendizado do
adulto. Por isso se faz necessário o aprendizado por parte dos profissionais da área de
treinamento e consultoria, dentre eles: profissionais de RH, psicólogos, fonoaudiólogos,
instrutores, formadores etc que querem trabalhar nesse segmento, ou já trabalham, nos moldes
da Andragogia.

O adulto precisa aprender a partir de suas experiências, percebendo e sistematizando os


conhecimentos. Em contrapartida o facilitador deve ter uma postura diferente de um professor
tradicional, deve ser na realidade um mediador do processo de aprendizagem. Nas aulas
expositivas, característica do método tradicional de ensino, o adulto ao mesmo tempo em que
ouve a mensagem, pensa sobre elas, atribuindo preconceitos, antipatia, rancor, prazer e
opinião. Esses sentimentos, reproduzem as seguintes impressões: não acredito nisso, isso é
uma asneira e para finalizar, se pergunta: - o que estou fazendo aqui? Por meio dessas
impressões, o adulto e o professor estruturam uma verdadeira barreira de comunicação e de
aprendizagem.

Aplicando a Andragogia, estimulamos a exteriorização desses sentimentos e, a partir dos


métodos e técnicas inovadoras aplicadas, temos possibilidade de promover a aprendizagem e
aquisição do novo comportamento e conhecimento. Neste formato o mediador é um
comunicador eficaz e utiliza os métodos e técnicas adequadas de acordo com as necessidades
da empresa-cliente e do colaborador (funcionário/empregado).

Por meio das atividades práticas, a distinção entre capacidade e potencial são apresentadas e
colocadas em harmonia e possibilitando o desenvolvimento das habilidades e competências
técnicas e comportamentais.

Pela Andragogia se torna possível ensinar como é que se muda, pois o mediador na verdade
não ensina, mas possibilita vivência, experiênciação, laboratório de observação e participação.

Desta forma torna-se essencial uma formação e capacitação para os profissionais envolvidos
nesta tarefa de treinamento, assessoria e consultoria. Aprender a ensinar e mediar informações
não é tarefa fácil, mas de acordo com a metodologia desenvolvida por Carrasco (2001) pode-
se afirmar que o profissional responsável por esta atividade tem a possibilidade de
desempenhar as ações de facilitador adequadamente.

É importante citar alguns princípios que nortea esta metodologia:

1 os participantes do processo de ensino-aprendizagem devem ter o desejo de aprender e


mudar;

2 os adultos durante o aprendizado aprendem melhor em ambiente diferenciado, ou seja,


informal;

3 os adultos têm mais facilidade de aprender temas e assuntos que se relacionam com suas
necessidades;

4 durante o aprendizado, as atividades vivenciadas e realizadas pelos adultos são melhores


aprendidas;

5 todo indivíduo carrega uma série de experiências, as quais influenciam o aprendizado do


adulto;

6 existe uma variedade de métodos e esses de acordo com o objetivo do treinamento devem
ser utilizados;
7 os adultos querem participar das atividades com a sensação de que são responsáveis pela
sua própria aprendizagem;

8 os educandos almejam orientação e não conceitos e notas quantificadas.

Desta forma o processo de ensino-aprendizagem é uma possibilidade de aquisição e


modificação de formas de comportamentos. É importante citar que o aprendizado ocorre
quando adquirimos algo novo, ou modificamos formas existentes e antigas de agir, pensar e
sentir.

O que possibilita alcançar resultados mais satisfatórios para o treinamento, aprendizado,


participantes e empresas envolvidas, é o estilo utilizado pelo profissional, ou seja, o estilo ativo
dirigido, o estilo ativo participativo e o inovador e as técnicas de exploração de idéias,
exposição dialogada, leitura e estudo dirigido, discussão em grupo, simulação, dramatização,
estudo de caso, painel, júri simulado, jogo de empresas, discussão em grupo etc. É necessário
um certo grau de criatividade e uma sessão de brainstorming.

Assim o educador deve:

1 estimular a atividade dos participantes;

2 promover o desenvolvimento das idéias individuais;

3 aceitar as diferenças individuais;

4 destacar a importância da auto-avaliação e considerar a avaliação como um processo


cooperativo;

5 estimular a livre expressão pessoal.

O processo de ensino-aprendizagem é um processo de interação-comunicação entre


facilitador/educador e interlocutor/aprendiz.

É importante citar que esta metodologia com embasamento na Andragogia pode utilizada
também nas tarefas de comunicação interpessoal, orientação, delegação e ordenação de
tarefas, assessoria, consultoria, coaching, mentoring, perícia e demais atividades que
necessitem de interação, comunicação, aprimoramento e desenvolvimento de habilidades
necessárias.

Sucesso sempre!!!

Bibliografia e referêrencia:

CARRASCO, M. C. O. Fonoaudiologia Empresarial: perspectivas de consultoria, assessoria e


treinamento. Manual teórico-prático. São Paulo. Editora Lovise, 2001.

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