Você está na página 1de 7

PSICOLOGIA FORENSE E TENDÊNCIAS

PATRÍCIA MÁRIS

1- CONCEITO

1.1- Questionamento sobre o conceito:

A Psicologia Forense, para alguns intelectuais, como, é uma


subárea da Psicologia Jurídica, ao passo que para outros, em
minoria, é um ramo independente da Psicologia que prima por
oferecer pareceres aos tribunais no sentido de propiciar
decisões e julgamentos mais justos. Como foi visto, é errôneo
conceber que o psicólogo forense se dedica somente a assuntos
ligados à criminalidade; esse profissional pode dar
assistência a vários temas da vara cível. Processos cíveis
incluem, por exemplo, a determinação da competência mental de
alguém muito enfermo ou idoso, assim como ajuda a distinguir
se uma morte foi suicídio ou assassinato. Um sub-ramo da
Psicologia Forense é a Psicologia da Declaração ou Psicologia
do Testemunho. É um campo que se ocupa, especificamente, dos
aspectos lógicos, morais e subjetivos daqueles que depõem num
tribunal. Examinando as condutas e o que é verbalizado pelos
sujeitos, esse profissional os conjuga com fatores sociais e
culturais que possam aquilatar a confiabilidade dos
depoimentos.

1.2- A psicologia forense:

É o termo generalizado para a atuação de todo profissional que


tem atividade interdisciplinar entre a psicologia e o direito
no âmbito forense, ambas são trabalhadas conjuntamente sobre o
estudo do comportamento humano, observadas as leis penais,
civis bem como regras de condutas, englobando direitos e
deveres do cidadão. É, portanto uma disciplina ampla,
realizada por um profissional, psiquiatra ou psicólogo, que
tem vasto conhecimento jurídico, geralmente formado também em
direito, é um perito que atua em questões que envolvem os
tribunais, cuja avaliação e diagnóstico forma um laudo que
proporcionará informações mais precisas ao juiz quanto ao
comportamento da pessoa analisada dentro da lide.

Do ponto de vista do profissional, o conceito de psicologia


forense seria a faculdade psicológica de profissionais,
embasada no universo sócio-cultural do indivíduo, em
discernir, imparcialmente, entre duas situações conflitantes –
em geral de defesa e de acusação. A partir de tal dinâmica
psíquica, o juiz pode ou não elaborar um enunciado sobre a
questão – o veredicto, ratificando-o como julgamento ou
sentença declaratória. É nesses termos que o juízo pressupõe
uma apreciação legal, comparação cultural e avaliação
psicológica dos fatos da querela, emitindo, posteriormente,
postulados não pessoais sobre ela.

2- OBJETIVO DA PSICOLOGIA FORENSE

Tem como principal objetivo ajudar na descoberta do real


comportamento de uma pessoa que, psiquicamente enferma se
auto-acusa e ou incrimina inocentemente por um delito grave
levado a cabo por outrem. Busca a ‘veracidade’, ou seja, a
potencialidade ou a escusa em relatar a versão mais fiel
possível relativamente aos fatos acontecidos, por meio do
estudo do comportamento do indivíduo analisado. O psicólogo
forense pode, por exemplo, auxiliar nos litígios, ao elaborar
laudos e pareceres acerca da exploração sexual e de maus-
tratos.

3- IMPORTANCIA DA PSICOLOGIA FORENSE

É uma forma eficaz de buscar a justiça. É de extrema


relevância para auxiliar o juiz em seu convencimento, ou seja
com o laudo pericial do psicólogo forense o juiz ou o jurado
poderá ampliar seu conhecimento a respeito do comportamento da
parte (pessoa analisada) da ação, para formar seu julgamento
com maior grau de razoabilidade ou proporcionalidade.

A psicologia forense é importante na medida em que há pessoas


que apresentam comportamento, aparentemente, duvidoso, no
entanto somente um profissional competente poderá decifrar o
referido comportamento duvidoso, sanando assim todas as
dúvidas quanto à pessoa analisada.

4- COMO FUNCIONA

O perito é nomeado pelo juiz, pode ser nomeação de oficio ou a


requerimento da parte do processo (autor ou réu), depende da
necessidade. Se o juiz entender que há alteração de
comportamento em uma das partes, poderá requisitar um perito,
o qual responderá todos os quesitos necessários para sanar
suas dúvidas existentes sobre o comportamento do individuo em
relação ao crime.

A nomeação do perito ocorre na fase de saneamento do processo,


fase em que o juiz retira do processo toda espécie de vício e
dúvidas, bem como busca promover todos os tipos de provas,
exceto as ilícitas, para formar seu convencimento.
5- AVALIAÇÃO DO PERITO

O psicólogo forense, também chamado de psicólogo jurídico deve


saber usar com destreza e segurança os meios terapêuticos e de
suporte ao diagnóstico que apresentem técnicas complexas.
Esses diagnósticos incluem a aplicação, análise e
interpretação de provas psicológicas, bem como a comparação
dessas com padrões psicométricos que conduzirão à validez,
confiabilidade e adequação do laudo do qual o diagnóstico faz
parte. Dessa forma, deve haver também destreza e sensibilidade
psicoterapêutica, que concerne ao tratamento eficaz das
demandas subjetivas que surgem ante os problemas psíquicos
concretos ou potenciais envolvendo os atores do universo
jurídico – vítimas, algozes e até mesmo os profissionais do
Direito, em razão do desgaste psicológico e emocional que
algumas querelas envolvem.

6- ÁREAS DE ATUAÇÃO

A psicologia forense tem suas especialidades, como a


psicologia da família, a psicologia criminal, em distúrbios do
consumidor, possibilita avaliações de consumidores
inadimplentes, advogados e até mesmo por instituições de
detenção. Ela também é assaz profícua na distinção entre um
trauma ou síncope psicológica verdadeira da simulada, já que
as desordens mentais graves autênticas podem conduzir à
prática de algum delito involuntário. Nesse caso, ele
necessita conhecer um pouco da vida do acusado.

6.1- No direito de família:

O psicólogo de família atua em casos de separação, adoção etc.


Um bom exemplo é o da alienação parental, ditada pela Lei de
Alienação Parental: Lei nº 12.318-10, influenciar
negativamente filhos contra genitor (geralmente ex-cônjuge).

A alienação parental ocorre um dos cônjuges do casal, atribui


ao outro cônjuge todo tipo de artifício negativo para
influenciar o filho contra o outro cônjuge, vindo vem a
prejudicar psicologicamente o filho. É uma agressão à criança,
que por distúrbios psicológicos do pai ou da mãe, o filho
passa a viver “um inferno emocional” em razão do desequilíbrio
de seu genitor. Geralmente ocorre quando o casal está em fase
de separação, é uma situação de difícil percepção para
qualquer pessoa normal, mas perfeitamente visível para um
psicólogo forense.

Assim, a psicologia forense, dentro da especialidade do


direito de família, é de extrema importância para identificar
o alienador e ajudar a criança que adquire uma série de
problemas psicológicos. O objetivo é ajudar aos pais a
identificar quando é que seus filhos podem estar sendo vítimas
da alienação parental.

Para exemplificar, juntamos as seguintes situações que


demonstram em menor ou maior grau o risco da rejeição paterna.

• ...”Cuidado ao sair com seu pai . Ele quer roubar você de


mim”...
• ...”Seu pai abandonou vocês “...
• ...”Seu pai não se importa com vocês”...
• ...”Você não gosta de mim!Me deixa em casa sozinha para sair
com seu pai”...
• ...”Seu pai não me deixa refazer minha vida”...
• ...”Seu pai me ameaça , ele vive me perseguindo”...
• ...”Seu pai não nos deixa em paz, vive chamando no
telefone”...
• ...”Seu pai tenta sempre comprar vocês com brinquedos e
presentes”...
• ...”Seu pai não dá dinheiro para manter vocês”...
• ...”Seu pai é um bêbado”...
• ...”Seu pai é um vagabundo”....
• ...”Seu pai é desprezível”...
• ...”Seu pai é um inútil”...
• ...”Seu pai é um desequilibrado”...
• ...”Vocês deveriam ter vergonha do seu pai”....
• ...”Cuidado com seu pai ele pode abusar de você”...
• ...”Peça pro seu pai comprar isso ou aquilo”...
• ...”Eu fico desesperada quando vocês saem com seu pai”...
• ...”Seu pai bateu em você , tente se lembrar do passado”...
• ...”Seu pai bateu em mim, foi por isso que me separei
dele”...
• ...”Seu pai é muito violento, ele vai te bater”...

Com isso, ocorrem casos de crianças com problemas psicológicos


diversos, onde vemos tais reflexos somatizados, de uma culpa
que elas não têm, ora em forma mais grave, como o desvio de
comportamento, e outras copiando o modelo materno ou paterno
de forma inadequada.

O psicólogo que atua no direito de família atua na maioria dos


casos em ações de separação.
6.2- Psicologia Criminal:

A psicologia criminal, em que o psicólogo analisa a o


comportamento do criminoso, trazendo indícios de sua vida que
o levaram a praticar o crime, realizando assim estudos
psicológicos de tipos mais comuns de delinquentes e dos
criminosos em geral. De fato, a investigação psicológica desta
área da psicologia apresenta, sobretudo, trabalhos sobre
homicídios e crimes sexuais, talvez devido à sua índole grave
e fascinante.

Um psicólogo formado nesta área tem que dominar os


conhecimentos que dizem respeito à psicologia em si, mas
também tem que dominar os conhecimentos referentes às leis
civis e às leis criminais. Deve ser um bom clínico e possuir
um conhecimento pormenorizado da psicopatologia.

6.2.1- Fases de atuação da psicologia criminal:

A- Na fase de investigação policial – inquérito policial:

O Psicólogo Criminal pode ser chamado quando ainda na


delegacia, surge dúvida sobre a sanidade mental do acusado,
sobre a veracidade das informações colhidas ou ainda quando
existe a necessidade de traçar o perfil psicológico de um
criminoso. Em todos esses casos o psicólogo emite um laudo ou
parecer psicológico.

Nessa fase pode acontecer, por exemplo, divergências entre os


depoimentos da suposta vítima e do acusado. Então o Psicólogo
Criminal é requisitado pra realizar uma perícia investigativa,
com o objetivo de esclarecer aspectos obscuros do fato
investigado. Em relação ao perfil psicológico do acusado, o
psicólogo poderá, por meio da análise do crime, da cena do
crime e da forma como o crime foi cometido elencar
características sobre quem cometeu o crime e ajudar na
investigação policial para prender o verdadeiro criminoso.

B- Na fase processual:

Ocorre quando já durante o processo criminal surgem dúvidas


sobre a sanidade mental de uma das partes. Nesses casos o
psicólogo pode ser chamado para responder a uma questão
específica. Assim como na fase de investigação policial, nessa
fase o psicólogo também emite laudo ou parecer psicológico.

C- Na fase de execução penal:


O psicólogo atua através do psicodiagnóstico criminal e em
aconselhamento psicossocial. Nessa fase o psicólogo emite
parecer psicológico. Outra atividade do psicólogo criminal
nessa fase é realizar aconselhamento e reabilitação
psicossocial dos sentenciados (aqueles que já foram julgados),
tanto os comuns como os internos em casas de custódia e
tratamento psiquiátrico.

Como se pode notar através dessa breve descrição do trabalho


do Psicólogo Criminal, sua atuação é muito ampla e está
diretamente ligada ao trabalho dos profissionais da área
jurídica. Daí a importância de os profissionais da Psicologia
Criminal conhecer as leis para então poder nortear sua ação,
pois sem esse conhecimento podem cometer alguns deslizes
sérios. Além disso, é importante que esse profissional esteja
aberto para trabalhar com outros profissionais como
psiquiatras e assistentes sociais e que se mantenha sempre
atualizado através de um constante aprimoramento profissional.

6.3- Assistência jurídico-social:

O psicólogo jurídico pode atuar também ao lado de assistentes


sociais e/ou sociólogos, junto a escritórios de advocacia e
juizados para esclarecer quais seriam as melhores ações frente
a conflitos judiciais, quais as melhores estratégias para
dirimir os efeitos psicológicos negativos de uma determinada
decisão judicial.

6.4- PSICOLOGIA PRÉ-FORENSE:

Usada como forma de resolução de problemas antes que seja


proposta a ação.

A- Na defesa do consumidor:

Geralmente os psicólogos forenses atuam em grandes centros, em


PROCONS e ASSOCIAÇÕES DE DEFESA DO CONSUMIDOR, onde o número
de ações está ligado à relação de consumo. Tratam consumidores
compulsivos que tem problemas com a justiça ou poderão vir a
ter, os quais apresentam grande número de inadimplência. Tem o
cunho de evitar inadimplência e futura ação.

B- Nos escritórios de cobrança:

Psicólogos trabalham para escritórios de advocacia para


descobrir a melhor maneira de efetuar a cobrança dos
devedores, sem que estes se sintam ofendidos pela cobrança.
Tem o cunho de evitar a ação de cobrança.

6.5- PSICOLOGIA NOS PRESÍDIOS E PENITENCIÁRIAS:

Há estudiosos que prezam pela psicologia nos presídios, pois


visa a disciplina dos institutos da liberdade condicional, da
prisão aberta, das penas alternativas e outros. No Brasil o
diagnóstico é realizado apenas para indivíduos
perceptivelmente perigosos à sociedade, no entanto deveria ser
efetuado com todos os presos que irão se beneficiar do
livramento condicional, uma vez que nem todos aparentam o que
realmente é.

BIBLIOGRAFIA:

http://www.psikeba.com.ar/articulos2/MAF_psicologia_juridica_p
sicologia_forense.htm. Acessado em 17/10/2010.

http://www.psicologiananet.com.br/psicologia-juridica-e-
psicologia-forense-dominios-de-aplicacao/564/. acessado em
17/10/2010.

http://caminhandopsicologia.no.comunidades.net/index.php?
pagina=1194181631.acessado em 17/10/2010.

http://psicologiaereflexao.wordpress.com/2010/06/07/psicologia
-criminal/, acessado em 20/10/2010.

Você também pode gostar