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REFLEXÃO CRÍTICA

Introdução

Foi com grande apreensão que me inscrevi nesta acção de formação. Apesar
de já ter instalado e iniciado uma biblioteca escolar há quinze anos e ter sido
dinamizadora cultural de outra durante dois anos, desconhecia por completo
até Setembro deste ano os requisitos das Bibliotecas Escolares na RBE.

Fui designada como Coordenadora das Bibliotecas Escolares do Agrupamento


de forma extemporânea, na segunda semana de Setembro. Quando me foi
pedido que assumisse esta função, tive de imediato a noção da importância
deste empreendimento, no entanto, sentia-me completamente despreparada.
Procurei de imediato saber se haveria formação que pudesse ajudar-me a
desempenhar esta função junto do meu centro de formação. Quando a minha
Coordenadora Interconcelhia noticiou a abertura desta acção temi por dois
motivos – disse-me que seria difícil ter vaga por haver excesso de candidatos e
os meus colegas disseram que era demasiado difícil e muito provável que
precisasse desistir. Vencido o primeiro obstáculo, iniciei este percurso de forma
muito solitária, dado que a minha colega bibliotecária não me acompanhou
(vencida pelo medo das dificuldades anunciadas), e cheia de receios, como
qualquer pessoa que empreende um projecto de grande envergadura pela
primeira vez.

Estou satisfeita por ter aceitado este desafio. Esta acção fez-me “crescer à
força”, “mergulhar de cabeça” no MAABE e perceber esse documento tão
complexo, mas tão precioso para orientar o nosso trabalho “no terreno” e dar-
lhe a consistência necessária. Já tinha lido o modelo anterior duas vezes,
contudo, as propostas de reflexão de cada sessão, os trabalhos que realizei, os
trabalhos dos meus colegas, as sínteses das minhas formadoras ajudaram-me
a navegar neste “mar alto” sem me sentir perdida. É minha convicção que
agora seria a melhor altura para começar esta formação, que os meus
trabalhos teriam outra consistência, mas não é assim em tudo na vida?

Contributos recebidos com as sessões desta Acção de Formação

Aprendi, ao longo das sessões da formação, o valor da BE para a escola e a


necessidade de formação da comunidade educativa para compreenderem esse
mesmo valor. Da mudança de paradigma da BE enquanto espaço que
disponibiliza informação para a Be enquanto espaço de construção de
conhecimento, de trabalho com professores e alunos, com impacto nas
aprendizagens dos alunos e, assim, corresponsável pelo sucesso educativo

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dos mesmos. Verifiquei que é incontornável a integração efectiva (não apenas


no papel) da BE no PE da escola e nos projectos curriculares.

Apercebi-me dos desafios que a BE enfrenta no contexto actual e das


oportunidades que se abrem. É minha convicção que os desafios - tecnológico
e de agente de formação - são os mais dificeis de operacionalizar, mas vitais
para o tempo presente. O desafio tecnológico apresenta-se tanto ao nível da
colecção que agora se estende a recursos online, como ao nível da gestão
onde a web disponibiliza instrumentos que permitem uma maior interacção com
os utilizadores. E ainda, o desafio colocado pelo processo de auto-avaliação,
que exige uma prática investigativa e a fundamentação da nossa prática
através da recolha de evidências, que incluindo as que já eram recolhidas de
natureza estatística a ultrapassam e complementam com dados que podem ser
muito enriquecedores para a consciência do impacto do que foi feito. Esse
conhecimento vai dar-nos dados mais ricos para decidirmos as acções de
melhoria a implementar.

Pude compreender que o processo de auto-avaliação da BE implica o


envolvimento de forma directa da escola a quem a BE serve. Em primeiro lugar
a Direcção, depois a escola. Não só porque colaboram na inquirição que este
processo exige, mas também porque o envolviemento de todos será garante de
criação de valor e do próprio reconhecimento do valor da BE. Neste processo
estão implicados o CP, os departamentos, os alunos, os pais, equipa,
Biblioteca Municipal, todos os que suportam e os que são visados na nossa
acção.

Esta formação levou-me a debruçar-me sobre o Modelo de Auto-Avaliação e a


compreender os princípios, metodologias, competências e atitudes necessárias
à sua aplicação, no intuito de melhorar a qualidade dos serviços prestados e
enfrentar os desafios que se abrem à BE. Permitiu-me entender a importância
do papel do professor bibliotecário e a necessidade de saber exercer um papel
de liderança na coordenação da equipa, trabalhando colaborativamente com os
professores e com a direcção da escola. Pude constactar que este modelo
constitui um instrumento muito útil, cuja organização em domínios permite
seleccionar um a privilegiar nesse ano e permite o controlo dos restantes.
Orienta, permite aferir o que é feito e apresenta sugestões de acções de
melhoria a implementar. E, apesar de ser um documento muito denso e exigir
grande investimento de tempo, é incontornável para uniformizar práticas,
regular procedimentos, garantir patamares de sucesso e a criação de valor no
contexto da escola e no que respeita ao peso que a BE tem na avaliação
externa (IGE). A avaliação da BE deve integrar a avaliação da escola, pois
insere-se nos domínios que a IGE avalia e contribui para o ensino e
aprendizagem, para a missão e objectivos da escola que constam do PE.

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Esta acção foi determinante para a me ajudar a perceber o funcionamento do


MAABE e me preparar para a sua aplicação. Foram muito importantes, para
regular os trabalhos práticos, as sínteses das formadoras que nos permitiram
verificar se o percurso do trabalho era adequado ou devia ser melhorado e em
que aspectos. Esta ajuda não a tería na aplicação individual do MAABE e por
isso foi preciosa, especialmente para mim que me vejo perante esta tarefa pela
primeira vez. É de salientar as advertências minuciosas que nos foram feitas
nos trabalhos propostos para aplicação do MAABE, nas quais fomos
confrontados com a precisão dos termos utilizados e reconduzidos na sua
utilização.

Foi possível aprender a relacionar os indicadores e respectivos factores críticos


com os instrumentos, evidências e acções de melhoria. No que respeita às
últimas, foi importante a advertência para a necessidade de que sejam
concisas, realistas, apontem para objectivos possíveis num determinado
espaço de tempo. Estas acções devem enunciar o que é preciso fazer, mas
também como fazer, com quem e quando.

Ficou bem patente a necessidade da prática de recolha de evidências que


quando analisadas nos permitem identificar com mais rigor os pontos fortes e
fracos e desenvolver um plano de acção que consolide os pontos fortes e gere
a melhoria desejada no que detectámos como pontos fracos.

Conclusão

Foi muito importante a frequência desta acção para o meu desempenho


enquanto Coordenadora da Bes do Agrupamento. Sinto-me agora mais segura
no desempenho das minhas funções e mais consciente do que se espera de
mim e da importância do papel que me foi atribuído para a escola.

Foi interessante realizar a acção na modalidade e-learning. Foi a primeira


experiência que tive nesta modalidade. Senti alguma solidão neste trajecto,
nada que os textos orientadores não tivessem avisado e que procurei resolver
seguindo o conselho dos mesmos – interagindo com os colegas, colocando
dúvidas às minhas formadoras (que responderam sempre prontamente). O
mais positivo nesta modalidade foi a liberdade de escolha do horário de
trabalho e não exigir deslocações. Pois, apesar de reconhecer que temos que
aderir a novos formatos e adaptar-nos a realidades mais consentâneas com o
tempo em que vivemos, continuo a apreciar a presença física dos meus
colegas e a possibilidade de partilhar um espaço menos virtual. Muitas vezes
senti necessidade de ter as formadoras em presença real para lhes mostrar o
andamento dos trabalhos e certificar-me de que tinha compreendido
cabalmente o que me era pedido. Remediei esta situação com o fórum de
dúvidas, no entanto, não é a mesma coisa. Evitava estar sempre a usá-lo e por
vezes não me sentia segura.

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Procurei realizar todas as tarefas propostas com rigor e atendendo aos prazos
estipulados. Li atentamente todos os textos das sessões, tanto os obrigatórios
como os facultativos. Os textos foram muito importantes, até porque não tinha
tido oportunidade de reflectir sobre esta temática com base noutra fonte que
não fosse o MAABE anterior à publicação de 11 de Outubro de 2010. Foi por
isso muito importante ter acesso a toda esta bibliografia que imprimi, sublinhei
e vou reler e aprofundar.

Sinto que o cronograma da acção me criou constrangimentos. Foi difícil


coordenar o muito trabalho diário com a necessidade de entregas constantes
de trabalhos que exigiam muita reflexão dos que já estivessem dentro do
assunto, muito mais de uma principiante. Fiz a melhor gestão de tempo que fui
capaz e empenhei-me em todas as actividades propostas.

O balanço final é muito positivo. Aprendi muito com as minhas formadoras –


através dos textos, das sínteses e com os meus colegas – através da leitura
atenta dos seus trabalhos e das participações nos fóruns. Considero que os
objectivos desta acção foram cumpridos e que estou agora muito mais apta
para aplicar o MAABE à minha BE e consciente do meu papel nas
aprendizagens dos alunos e na escola. Estou convicta que os problemas que
foram referidos nas sínteses, no que respeita à auto-avaliação realizada no ano
transacto, não se repetirão nos formandos que puderam auferir desta
formação. Essa será a meu ver uma boa evidência da pertinência desta
formação.

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