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Formação Pedagógica Inicial de Formadores

Módulo 4 - Metodologias e Estratégias Pedagógicas


Formação Pedagógica Inicial de Formador

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Formação Pedagógica Inicial de Formador

Índice

Objetivos Gerais ................................................................................................................................. 4


Submódulo 4.1. Métodos e Técnicas Pedagógicas ........................................................................ 4
Submódulo 4.2. Pedagogia e Aprendizagem Inclusiva e Diferenciada .......................................... 4
Introdução .......................................................................................................................................... 5
Métodos e Técnicas Pedagógicas ....................................................................................................... 6
Metodologias e técnicas de ensino/aprendizagem específicas para adultos (passivas e ativas) .. 6
Metodologias e Técnicas de Autoestudo ....................................................................................... 6
Métodos Pedagógicos ........................................................................................................................ 7
Método expositivo ......................................................................................................................... 8
Método demonstrativo ................................................................................................................ 11
Método interrogativo .................................................................................................................. 12
Método ativo................................................................................................................................ 14
Técnicas Pedagógicas ....................................................................................................................... 16
Simulação/Autoscopia ................................................................................................................. 16
Jogo de papéis ou role-playing..................................................................................................... 17
Critérios de seleção dos métodos e/ou técnicas pedagógicas ......................................................... 23
Pedagogia e aprendizagem inclusiva e diferenciada........................................................................ 24
Criatividade Pedagógica ................................................................................................................... 26
Dramatização de Cenários Pedagógicos........................................................................................... 27
Estratégias de adaptação e desenvolvimento para a inclusão ........................................................ 28
Dinamização de atividades indoor e/ou outdoor............................................................................. 29
Conclusão ......................................................................................................................................... 30
Bibliografia........................................................................................................................................ 31
Webgrafia ..................................................................................................................................... 31
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Objetivos Gerais
• Escolher e a aplicar as técnicas e os métodos pedagógicos mais adequados aos objetivos,
aos públicos-alvo e ao contexto de formação;
• Descrever as vantagens e importância da criatividade em meio pedagógico;
• Identificar estratégias inclusivas de públicos diferenciados;
• Identificar vantagens e desvantagens da aplicação das diferentes técnicas pedagógicas em
contextos diferenciados.

Submódulo 4.1. Métodos e Técnicas Pedagógicas


• Metodologias e técnicas de ensino/aprendizagem específicas para adultos (passivas e
ativas)
• Metodologias e técnicas de autoestudo (formação a distância)
• Métodos Pedagógicos: expositivo, interrogativo, demonstrativo e ativo
• Técnicas pedagógicas: simulação, jogo de papéis, exposição, demonstração, estudo de
casos, tempestade de ideias, projetos, aprendizagem no posto de trabalho, exercícios
práticos, tutoria e dinâmicas de grupo
• Critérios de seleção dos métodos e/ou técnicas pedagógicas

Submódulo 4.2. Pedagogia e Aprendizagem Inclusiva e Diferenciada


• Relações entre formador-formando e formando-formando (socioconstrutivismo)
• Criatividade pedagógica: desenvolvimento do processo criativo; a criatividade como
ferramenta eficaz; técnicas e fontes de criatividade; potenciar a atitude criativa
• Dramatização de Cenários Pedagógicos
• Estratégias de adaptação e desenvolvimento para a inclusão e a formação de grupos
coesos
• Dinamização de atividades indoor e/ou outdoor que permitam a aplicação dos conteúdos
em diferentes contextos
• Vantagens e desvantagens da aplicação das diferentes técnicas pedagógicas em contextos
diferenciados
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Introdução

O presente manual insere-se no contexto da Formação Pedagógica Inicial de Formadores (FPIF) e


consiste na compilação de um conjunto de indicações teóricas e práticas que tem como finalidade
fornecer um itinerário pedagógico que se traduza numa formação estruturada e na consolidação
de aprendizagens através de um método ativo.
Considerando que o aproveitamento na FPIF certifica o indivíduo para o exercício profissional das
funções de formador, este quarto módulo tem como objetivo familiarizar o formando com a
importância das metodologias e estratégias pedagógicas no sucesso da formação.
Numa primeira parte, referente ao submódulo 4.1. Métodos e Técnicas Pedagógicas, objetiva-se
dotar os formandos dos conhecimentos necessários para escolher e aplicar técnicas e métodos
pedagógicos mais adequados aos objetivos, ao público-alvo e ao contexto de formação. A segunda
parte, que incide sobre o módulo 4.2. Pedagogia e Aprendizagem Inclusiva e Diferenciada, tem
como propósito principal dotar os formandos de conhecimentos sobre as principais técnicas
pedagógicas a utilizar com públicos diferenciados.

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Métodos e Técnicas Pedagógicas

Metodologias e técnicas de ensino/aprendizagem específicas para adultos (passivas e ativas)


A aprendizagem de adultos deve ser ativa, de modo a que o formando tenho um maior
envolvimento no processo de construção da sua própria aprendizagem mediante a manipulação, a
experimentação e a descoberta. A motivação e o interesse do formando aumentam à medida que
este se torna mais ativo e participativo, pelo que o formador deve recorrer aos métodos ativos para
estimular a sua participação, de acordo com uma perspetiva construtivista da aprendizagem. Por
essa razão, é importante aproveitar as experiências e conhecimentos dos adultos para desenvolver
competências e estimular novas aprendizagens.
Com efeito, a pedagogia ativa, ao potenciar o envolvimento do formando na sua própria
aprendizagem, permite que este identifique/ultrapasse as suas dificuldades através de atividades
como a simulação, o debate, o trabalho de grupo ou o estudo de caso. Neste sentido, o formador
assume o papel de moderador da aprendizagem, guiando o formando ao longo do seu percurso
formativo.
A seleção das metodologias e técnicas de ensino/aprendizagem determinam o processo de
aprendizagem, na medida em que influenciam o tipo de interação formador/formando e o papel
que o formando assume ao longo do seu percurso formativo, que pode ser mais ou menos ativo. O
método constitui-se como o elo de ligação da tríade presente na relação pedagógica (formador,
formando e saber/conteúdos), promovendo a sua articulação harmoniosa e a dinâmica ao longo de
todo o processo. Os métodos podem estar mais orientados para o formador ou para o formando,
sendo recomendado que a atenção se centre sobretudo no formando e no seu percurso formativo.
De uma maneira geral, os métodos podem ser diretivos (expositivo e demonstrativo), semidiretivos
(interrogativo) e não-diretivos (ativo). Os métodos diretivos são aqueles orientados para o saber ou
saber-fazer segundo a perspetiva do formador, onde este assume o papel de depositário do
conhecimento e o transmite aos formandos sem que estes tenham um papel ativo no processo. Por
sua vez, os métodos não-diretivos (ativos) potenciam a apropriação do saber pelos formandos, na
medida em que desenvolvem a sua capacidade para criar o próprio percurso de aprendizagem, em
função das suas motivações e necessidades de formação.

Metodologias e Técnicas de Autoestudo


Na atualidade, entende-se que os aprendizes/formandos devem ser os gestores do processo de
aprendizagem, de acordo com os princípios da pedagogia autodirigida e da aprendizagem
autodirecionada. Devido ao enfoque na aprendizagem (e não no ensino), o formando passou a ser
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percecionado como um indivíduo autónomo responsável pela monitorização e autoadministração


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do estudo. A aprendizagem é, deste modo, autorresponsável, autoplaneada e autorregulada, pelo

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que o formando deve definir o seu próprio caminho para alcançar os objetivos a que se propõe. A
receção e memorização de informações dá lugar à procura ativa, à seleção e aplicação do
conhecimento.
As estratégias de autoestudo, particularmente importantes na formação a distância (onde o
formando fica “entregue a si mesmo” mediante a orientação do formador) referem-se a um
conjunto integrado de tarefas e recursos que têm o propósito de desenvolver no formando a
capacidade de aprender os conteúdos da formação de modo autónomo e significativo.
O autoestudo promove a aprendizagem individualizada, de acordo com os ritmos de cada um,
facilita a atualização formativa e oferece um maior controlo à qualidade da formação. Contudo,
este é um processo trabalhoso que necessita de maior motivação do formando, que deve definir
os seus próprios objetivos e comprometer-se emocionalmente com eles.
Alguns métodos e técnicas de autoestudo incluem a repetição, o significado, a segmentação, a
associação, a organização, a visualização e a motivação.
Neste ponto, e antes de avançarmos para os próximos tópicos, convém fazer uma distinção entre
método e técnica, dois conceitos muitas vezes confundidos. O método reporta-se ao caminho
utilizado pelo formador para que os formandos atinjam os objetivos (a aquisição de conhecimento
e competências), definindo as linhas gerais de atuação para a consecução dos fins pedagógicos.
São, de uma forma simples, uma espécie de classes onde se inclui diversas técnicas, que constituem
a forma como vamos concretizar o método através de diferentes instrumentos auxiliares. Os
métodos pedagógicos requerem, assim, o uso de diferentes técnicas pedagógicas e condicionam as
situações formativas e os resultados da formação.

Métodos Pedagógicos
A efetivação da aprendizagem só pode ocorrer através da existência de um método pedagógico,
que consiste num conjunto estruturado de princípios que orientam a formação e definem o
caminho utilizado pelo formador para conseguir atingir o objetivo (aprendizagem). Conforme
referenciado, o método pressupõe a utilização de técnicas distintas e tem um papel decisivo no
resultado da formação.
Os métodos podem ser mais orientados para o formando ou para o formador. Os métodos que
colocam o formando no centro do processo formativo são os não-diretivos (ativo), que têm o
propósito de facilitar a aprendizagem ao ritmo dos formandos, o que pressupõe um maior
dispêndio de tempo e uma menor necessidade de recorrer aos meios audiovisuais. Os métodos
orientados para o formador são os diretivos (expositivo e demonstrativo), uma vez que se baseiam
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na transmissão de saberes ao ritmo do formador. Este tipo de método pressupõe um menor


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dispêndio de tempo e uma maior necessidade de recorrer aos meios audiovisuais. Podemos, ainda,

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falar dos métodos semidiretivos, nomeadamente o método interrogativo, que poderá assumir um
papel mais ativo ou mais passivo consoante a maior ou menor orientação do formador a este
respeito.
Os métodos pedagógicos não têm uma hierarquia diferenciada de importância e o uso isolado de
cada um deles não é considerado infalível. O importante é que o formador saiba experimentar e
escolher vários métodos tendo em conta os aspetos descritos acima, relacionados com as
características e condicionantes de cada situação formativa.
O formador pode, inclusive colocar algumas questões antes da escolha do método pedagógico a
utilizar:
• Qual a complexidade da informação?
• Qual será a resistência dos formandos àquilo que vai se apresentado?
• Qua a importância da participação dos formandos?
• Quanto tempo tenho disponível?
• Os métodos selecionados potenciam a diversidade e a participação?
• Qual o meu domínio e segurança face ao método selecionado?
• Qual o trabalho que terei após a seleção de um método?
• É possível utilizar dois ou mais métodos em conjunto?
• O método escolhido requer equipamentos ou salas com condições específicas?
Não há receitas infalíveis, o importante é saber adaptar os métodos a cada situação e variar. A
diversificação da utilização dos métodos é tanto mais importante se considerarmos que o ser
humano retém: 20% do que ouve, 30% do que vê, 50% do que vê e ouve simultaneamente, 80% do
que diz e 90% do que diz enquanto faz algo em que reflete e participa pessoalmente.
Os métodos mais comuns são o expositivo, demonstrativo, interrogativo e ativo, que serão
descritos a seguir.

Método expositivo
O método expositivo consiste na transmissão oral de informações e conteúdos essencialmente
teóricos. O formando assume um papel passivo na relação pedagógica, limitando-se a receber as
informações do formador, o que resultará num ambiente pouco dinâmico e participativo. Este é o
método mais utilizado no ensino tradicional, em seminários e conferências, aplicando-se
particularmente no domínio cognitivo (saber-saber). Este é um método essencialmente não
participativo, pelo que a qualidade depende inteiramente das competências de comunicação do
formador.
A comunicação é unilateral (o formador fala e o formando escuta), pelo que não deve ser utilizado
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de forma muito frequente nem por longos períodos de tempo, principalmente se considerarmos

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que o ser humano apenas retém 20% do que ouve. Além disso, este processo está relacionado com
a eventual perda ou distorção da informação, devido a características como a má colocação de voz
do formador, aos ruídos existentes na sala, ao cansaço dos ouvintes, ao quadro de referência dos
formandos, ao seu conhecimento lexical ou à própria ambiguidade de vários termos.
A utilização do método expositivo pode ser útil em algumas situações, designadamente quando:
• A sessão expositiva é o meio mais prático e menos oneroso de fornecer a informação;
• Os conceitos devem ser explicados de maneira indutiva e o formador é o único a poder
responder às questões dos formandos;
• Num curso cuja metodologia não assente neste método, breves sessões expositivas podem
alterar o ritmo e despertar maior interesse dos participantes;
• A sessão expositiva for a única forma de responder a questionários ou dúvidas dos
formandos e ainda acrescentar informação;
• O método for adequado aos seguintes objetivos: motivação do auditório para um tema
novo, aquisição de conceitos, diretrizes para a execução de uma atividade, reforço de
informação;
• A informação e os conhecimentos sobre um tema podem mudar tão rapidamente que a
atualização para os potenciais formandos/auditório é mais eficaz se recorrermos a uma
exposição oral.
Fonte: http://formacao.fikaki.com

A aplicação do método expositivo deve ter em conta as três etapas fundamentais de uma
exposição: preparação, desenvolvimento e conclusão.

Preparação
• Preparação das sessões de formação atendendo à caracterização prévia do público-alvo
(como, por exemplo, o grau de conhecimentos sobre o tema, a motivação, a idade, as
habilitações ou a experiência profissional);
• Criação de auxiliares de memória apenas com os pontos-chave do tema (nunca escrever
textos completos) e visualmente apelativos;
• Preparação prévia dos conteúdos a abordar;
• Análise prévia das condições materiais existentes e recursos disponíveis (como a sala ou os
equipamentos técnicos);
• Definição de regras de funcionamento;
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• Introdução do tema e verificação de pré-requisitos.

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Desenvolvimento
• Estímulo do interesse dos formandos para o tema em análise;
• Conhecimento dos interesses e expectativas dos formandos relativamente à formação;
• Comunicação dos objetivos da sessão e verificação de pré-requisitos;
• Exposição dos conteúdos por blocos temáticos, do mais simples para o mais complexo;
• Explicação lógica e coerente dos conteúdos;
• Sistematização das ideias principais;
• Estímulo do debate e participação dos formandos;
• Reforço das opiniões e promoção de feedback;
• Recurso a uma linguagem clara e acessível;
• Recurso a meios audiovisuais que auxiliem a aprendizagem;
• Recurso a analogias e exemplos práticos.

Conclusão
• Síntese da apresentação (que pode ser feita em conjunto com a técnica das perguntas aos
formandos);
• Reforço das ideias principais;
• Abertura do caminho para tópicos futuros;
• Resolução de exercícios para consolidação dos conceitos expostos;
• Manifestação de abertura para eventuais esclarecimentos dos formandos.

Ainda a respeito do método expositivo, as vantagens e desvantagens deste método encontram-se


sistematizadas na tabela 1.

VANTAGENS DESVANTAGENS
Transmissão de vários conteúdos em pouco Enfoque no formador e nos conteúdos a
tempo; transmitir;

Aplicação a um grande número de formandos; Pouca adequabilidade a grupos heterogéneos;

Adaptabilidade, facilidade e economia; Passividade dos formandos;

Possibilidade de recurso a técnicas auxiliares; Falta de promoção da motivação;

Expressão de raciocínio lógico sem Perda de muitos conteúdos formativos


interrupções. (retenção de apenas 20% do que se ouve);
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Desvalorização dos conhecimentos e


experiências dos formandos;

Pouco controlo do formador na aquisição de


conhecimentos por parte dos formandos;

Dependente da capacidade de comunicação e


empatia do formador;

Ausência de respeito pelos ritmos e estilos de


aprendizagem dos formandos;

Falta de promoção de autonomia e iniciativa.


Tabela 1. Vantagens e desvantagens do método expositivo.

Método demonstrativo
O método demonstrativo assenta no conhecimento técnico/prático do formador e no recuso à
exemplificação prática para mostrar como se realizar uma determinada tarefa técnica ou prática,
que deve ser repetida e aprendida pelo formando. Este método coloca a ênfase no saber-fazer,
requerendo o domínio completo do formador em relação àquilo que pretende demonstrar.
Este método, por si só, não apela à participação dos formandos na descoberta do saber-fazer, mas
potencia o desenvolvimento de automatismos e aptidões motoras. O formador explica e mostra
em simultâneo, associando o saber-saber e o saber-fazer. A utilização deste método é fundamental
em certas aprendizagens de carácter técnico.
Este método desenvolve-se de acordo com uma sequência de quatro fases:
• Explicitar. O formador deve explicar o formando em que consiste a tarefa a realizar e o seu
propósito, questioná-lo acerca do seu grau de conhecimentos e articulá-la com a sua
experiência, criando as melhores condições possíveis para a sua realização;
• Demonstrar. Nesta etapa, o formador demonstra e explica como se realiza a tarefa, dando
destaque às ideias-chave. A demonstração deve ter uma sequência lógica e contemplar as
diferentes formas de realizar a tarefa, respeitando os ritmos de aprendizagem dos
formandos;
• Executar. O formando tem a oportunidade de executar a tarefa, experimentando e
corrigindo os erros até alcançar os resultados esperados. O formador deve corrigir
eventuais erros, reforçar as ideias-chave e esclarecer dúvidas;
• Controlar. O formador deve garantir a aprendizagem efetiva dos formandos, formulando
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questões, observando a sua execução da tarefa e deixando-os gradualmente entregues a si


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próprios.

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As vantagens e desvantagens deste método estão expostas na tabela 2:

VANTAGENS DESVANTAGENS
Promoção do diálogo e do ensino prático de Dispêndio de muito tempo na execução do
uma tarefa; método:

Maior nível de participação dos formandos; Aplicabilidade a grupos de pequena dimensão;

Aumento do nível de motivação dos Necessidade de maior diversidade de


formandos; materiais;

Maior interação com o formador; Necessidade de conhecimento teórico prévio;

Maior facilidade na avaliação e atenção; Necessidade de material pedagógico


específico;

Adaptabilidade a diferentes ritmos de Necessidade de acompanhamento


aprendizagem; individualizado ao formando.

Aprendizagem individualizada e em grupo;

Facilitação da aquisição de conhecimentos.

Controlo de eventuais desvios negativos;

Desenvolvimento de aptidões psicomotoras.


Tabela 2. Vantagens e desvantagens do método demonstrativo

Método interrogativo
O método interrogativo baseia-se numa comunicação bilateral assente na formulação de
perguntas, potenciando uma relação pedagógica de maior proximidade entre formador e
formandos. Este método reporta-se a um processo de interações verbais dirigidas pelo formador
que normalmente assume um formato do tipo pergunta-resposta. O seu objetivo consiste na
descoberta pelos formandos dos conceitos ou conhecimentos a memorizar. Este método dá mais
importância ao pensamento autónomo e ativo do formando.
O método interrogativo pode ser aplicado nos domínios do saber-fazer e do saber-saber, aplicando-
se ao conteúdo de uma exposição ou demonstração. Neste sentido, pode ser aplicado em
diferentes situações formativa, designadamente quando se pretende verificar o nível de
conhecimentos dos formandos sobre um determinado tema, para rever assuntos e verificar pré-
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requisitos, para recordar ideias-chave, para consolidar a aprendizagem, para garantir a participação
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dos formandos e captar a sua atenção ou para variar o método pedagógico, imprimindo maior
dinamismo à sessão.
Este método é normalmente utilizado em conjunto com outros métodos, podendo ser aplicado,
por exemplo, em situações de avaliação diagnóstica ou quando se pretende controlar o
conhecimento adquirido através do método expositivo. O recurso a este método pode despertar
um maior interesse e motivação para aprender.
Neste tipo de método, é possível recorrer a técnicas como o interrogatório (perguntas específicas
do formador para avaliar a aquisição de conhecimentos), a argumentação (o formador determina
o tema e os formandos têm de encontrar os argumentos para o discutir com o formador) ou o
diálogo (o formador lança o diálogo sobre um tema e pede ao grupo que dê a sua opinião sobre o
mesmo).
O tipo de perguntas colocado aos formandos deve ser claro, objetivo e simples, de modo a evitar
distorções por parte dos formandos, e as questões devem estar em articulação com as experiências
do grupo. Deste modo, é possível falar em diversos tipos de perguntas:
• Perguntas dirigidas à memória: são aquelas que implicam o relembrar de informação
específica;
• Perguntas dirigidas ao raciocínio: são perguntas que levam o formando a pensar e a
desenvolver a sua informação;
• Perguntas criativas: exigem do formando soluções novas e originais, a partir de dados
fornecidos anteriormente;
• Perguntas pessoais: este tipo de perguntas suscita no formando a expressão de opiniões,
sentimentos e valores pessoais. Esta classificação de perguntas baseia-se na taxonomia de
objetivos educacionais de Bloom. Estão também hierarquizadas por níveis de complexidade
de operações cognitivas;
• Perguntas abertas: são aquelas perguntas cujas respostas se conseguem através de uma
elaboração diferente de indivíduo para indivíduo. Podem ter uma ou várias respostas
aceitáveis;
• Perguntas fechadas: são perguntas que apenas têm uma única resposta correta à qual só
se chega através de processos mentais semelhantes.
Fonte: http://formacao.fikaki.com
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As vantagens e desvantagens deste método estão sumariadas na tabela 3:

VANTAGENS DESVANTAGENS
Dinamismo e interação entre formador e Desmotivação do formando no caso de
formandos; responder incorretamente às questões;

Feedback da aprendizagem pelos formandos; Dispêndio de muito tempo;

Aumento do interesse e motivação do Grande domínio e preparação do formador


formando quando responde corretamente; para estimular a participação do grupo;

Incentivo à comunicação verbal e à Cansativo no caso de ser utilizado de forma


participação de todos; excessiva;

Promoção do saber-saber e do saber-fazer; Redução dos conteúdos a transmitir;

Maior facilidade na avaliação contínua e no Necessidade de capacidade de planificação por


controlo das aprendizagens; parte do formador;

Promoção da capacidade de atenção e Inibição inicial dos formandos;


reflexão;

Possibilidade de transmissão de um reforço Necessidade de conhecimento prévio sobre os


positivo ao formando. conteúdos;

Baixa adequabilidade a formandos mais


introvertidos;

Aplicabilidade a grupos de pequena/média


dimensão.
Tabela 3. Vantagens e desvantagens do método interrogativo.

Método ativo
O método ativo reporta-se à aprendizagem do formando através da sua experiência pessoal e de
uma forma interativa, baseando-se na atividade, liberdade e autoexpressão. O formador assume o
papel de orientador, mediador e observador da formação. Este tipo de método abrange os
domínios cognitivo (saber-saber), afetivo (saber-ser) e psicomotor (saber-fazer), incluindo em si
todos os outros métodos. O processo de aprendizagem é grupal, ativando uma comunicação
multilateral e uma troca dinâmica de informações, opiniões e experiências. O objetivo é criar
situações o mais semelhantes possível à realidade profissional dos formandos e potenciadoras da
descoberta de soluções.
Neste processo, há uma maior autonomia e responsabilização do formando pelo seu próprio
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processo de aprendizagem, na medida em que este constrói o seu saber recorrendo a atividades
significativas e em articulação com os seus interesses e motivações. Este método tem em conta o
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formando na sua globalidade e prevê o exercício da sua autonomia e liberdade num contexto
dinâmico, seguro e aberto à diversidade.
O método ativo é o mais adequado quando pretendemos desenvolver nos formandos
competências cognitivas, comportamentais e sociorrelacionais, como é o caso do trabalho em
grupo, dos processos de tomada de decisão, da capacidade de liderança, das competências
comunicacionais ou da criatividade. Além disso, potencia a aquisição de conhecimentos teóricos
através do trabalho de grupo. Neste sentido, o formador atua como um gestor pedagógico,
cooperando com o grupo (estimula), ajudando os formandos (clarifica) e conduzindo os esforços
do grupo (orienta). Desta forma, os formandos têm uma nova postura perante a formação,
discutindo, analisando os temas, procurando soluções e interagindo com o grupo e com o
formador, de acordo com uma perspetiva socioconstrutivista da aprendizagem.

As principais vantagens e desvantagens deste método estão representadas na tabela 4:

VANTAGENS DESVANTAGENS
Promoção da cooperação e do espírito de Maior dificuldade na condução da sessão;
grupo;

Comunicação multilateral; Morosidade na obtenção de resultados;

Promoção da liberdade e do espírito de Pouca adequabilidade a grupos heterogéneos


iniciativa dos formandos; (pode quebrar os ritmos de aprendizagem);

Elevado grau de autonomia e participação dos Aplicabilidade a grupos de pequena/média


formandos; dimensão.

Troca de experiências entre os elementos do Grande variação de resultados em função das


grupo; características do grupo;

Aumento do interesse e motivação; Flexibilidade na planificação;

Distanciamento do ensino tradicional; Dificuldade no controlo do tempo;

Maior recetividade à aprendizagem; Exigência de um elevado grau de preparação


do formador e da existência de competências
Criação de situações o mais semelhantes
para além dos domínios cognitivo e motor
possível à realidade do trabalho.
(como a autoconfiança, a capacidade analítica
e autocrítica, o espírito de equipa, a abertura à
diversidade ou a liderança).
Tabela 3. Vantagens e desvantagens do método ativo.
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Técnicas Pedagógicas
A técnica pedagógica refere-se a uma estratégia, procedimento ou forma concreta de apresentar
ou orientar as aprendizagens, com o propósito de facilitar a aquisição de conhecimentos. As
diferentes técnicas são complementares, pelo que não podem ser usadas isoladamente, tal como
acontece com os métodos pedagógicos. A seleção das técnicas a utilizar terá sempre por base os
objetivos da formação.
A diversificação e a aplicação sequencial das técnicas são fatores essenciais para o sucesso da
formação e a consecução dos objetivos propostos. A utilização correta das técnicas pedagógicas
contribui para que o método desempenhe a sua função de gestão da formação, pelo que é
importante o domínio das técnicas que garantam que o método adotado seja um fator efetivo de
aprendizagem e sucesso.
Também é importante referir que há técnicas que podem ser aplicadas para a obtenção de
conhecimento, para a avaliação ou para a investigação, mas a mesma técnica pode ser útil para
mais do que uma habilidade.
De seguida, vamos descrever as seguintes técnicas pedagógicas: simulação, jogo de papéis,
exposição, demonstração, estudo de casos, tempestade de ideias, projetos, aprendizagem no posto
de trabalho, exercícios práticos, tutoria e dinâmicas de grupo.

Simulação/Autoscopia
A simulação ou autoscopia consiste na reconstituição de uma situação concreta de acordo com um
modelo, implicando o desempenho de um papel próximo do assumido (ou a assumir) pela pessoa
em situação de simulação. A simulação é filmada e posteriormente visionada e analisada pelo
grupo, pelo próprio formando e pelo formador. No contexto da FPIF, a autoscopia é uma técnica
muito comum, tendo por base a simulação de uma sessão. Este processo permite que a pessoa se
reveja em ação e tome consciência dos seus pontos fortes e pontos fracos, de modo a melhorar o
seu desempenho.
A técnica da simulação desenvolve no indivíduo a capacidade de autoanálise e ajuda a melhorar a
preparação, a animação e o desempenho das funções de formador. Ao conhecer-se melhor, não só
através da observação, mas também do feedback do grupo e do formador, o indivíduo pode
contribuir mais eficazmente para a melhoria do seu desempenho e para o sucesso da formação. A
análise da simulação deve ser realizada com um formador com vastos conhecimentos na área
comportamental, na medida em que esta técnica é geradora de ansiedade e stresse por parte da
pessoa que faz a intervenção (principalmente porque sabe ou está a ser analisada). A este respeito,
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convém realçar que os comentários devem restringir-se à forma como os conteúdos são
transmitidos e não ao indivíduo ou ao conteúdo. Deste modo, a simulação deve ser usada com
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precaução (porque pode ser constrangedora) e encarada como um exercício de treino (não um
instrumento de avaliação).
A preparação de uma simulação deverá ter em conta alguns aspetos, nomeadamente as
características dos participantes, o clima do grupo no início da formação, a duração da ação, o local
da ação e os materiais técnico-pedagógicos disponíveis. Além disso, apesar de não haver um
modelo único para a aplicação desta técnica, é fundamental seguir algumas etapas, como é o caso
da preparação da intervenção pelo formando, a videogravação da simulação, o visionamento da
intervenção (pelo próprio, pelo grupo e pelo formador) e a análise (aspetos positivos, aspetos a
melhorar e sugestões para melhoria).
No que diz respeito às suas vantagens, esta técnica de autoavaliação permite que os participantes
se revejam e ganhem consciência daquilo que fazem bem e daquilo onde podem melhorar,
contribui para a alteração de atitudes e comportamentos e potencia a afirmação pessoal através
da transmissão de ideias. Por outro lado, o sucesso desta técnica depende de um profundo
processo de autorreflexão que dificilmente se consegue impor de fora para dentro.

Jogo de papéis ou role-playing


O jogo de papéis ou role-playing consiste na teatralização ou representação de um determinado
papel para tratar de um caso real ou fictício. A dramatização de situações verosímeis potencia o
desenvolvimento da empatia, uma vez que o facto de assumir o papel de um outro aumenta a sua
capacidade de compreensão. Além disso, os formandos podem desenvolver capacidades
relacionadas com a livre expressão e tornar-se menos inibidos. Esta técnica motiva para diferentes
formas de expressão, cria uma relação de maior proximidade e conhecimento entre o grupo, gera
climas afetivos e pode conduzir a alterações comportamentais ou desbloquear situações-problema.
Em termos do funcionamento da técnica, geralmente o formador distribui os papéis pelos
formandos, de modo a que estes possam simular situações análogas à realidade, e observa as suas
reações. Este tipo de jogo pode originar comentários e a discussão do grupo. Contudo, convém ter
em consideração o facto de a dramatização ser propícia à criação de climas emotivos que podem
agravar as relações interpessoais. Também não é conveniente aplicar esta técnica no início da
formação, porque o grupo ainda não se conhece e há um maior nível de inibição. Esta técnica não
é a mais adequada para grupos com baixa motivação ou com um baixo nível de perceção.
A dramatização pode ser planificada ou espontânea. Na dramatização planificada, o formador
distribui os papéis e instrui os formandos quando à sua forma de atuar (esta planificação também
poderá ficar a cargo do grupo de formação, através da consulta do esquema do formador). Na
dramatização espontânea, o formador pede ao grupo que encene um caso semelhante ao que está
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ser estudado naquele momento. No final, pode-se pedir a um elemento do grupo que registe as
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observações de todos os formandos e identifique pontos-chave do problema. Este registo será


seguido pela teorização e conclusões acerca do tema abordado.
O jogo de papéis apresenta várias vantagens:
• Evita a monotonia e potencia o desenvolvimento do autoconhecimento;
• Permite que o formando assuma um papel que não tem a ver com a sua personalidade, o
que facilita o treino de comportamentos que poderão ser aplicados a situações difíceis ou
conflituosas;
• Promove o desenvolvimento de um processo comunicativo pouco comum e estimula a
participação e envolvimento do grupo, aumentando a motivação;
• Potencia o desenvolvimento das capacidades de observação e análise de aspetos positivos
e negativos;
• Possibilita a adaptação ou reformulação de formas de intervenção na procura de alcançar
o objetivo desejado.
Para além das vantagens identificadas, refira-se o facto alguns participantes apresentarem
resistência a este tipo de técnica devido a fatores como a insegurança, a timidez ou o receio do
fracasso. O jogo de papéis pode, ainda, ser propício ao humor, pelo que os formandos poderão não
o levar tão a sério quanto se desejaria, o que coloca em causa os resultados esperados.

Exposição
A exposição consiste na apresentação de um tema específico perante uma audiência. Esta é a
técnica mais ajustada a grupos grandes e pressupõe fatores como o dom da oratória e da
apresentação (domínio da voz, timbre, volume, gestos), a organização prévia dos materiais de
suporte e de gestão do tempo e a elaboração de esquemas/sínteses.

Demonstração
A demonstração é uma técnica que permite que os formandos observem como se realiza uma
determinada tarefa e que coloquem em prática aquilo que observaram, através da
experimentação. É uma técnica adequada para explicar processos ou operações, sobretudo
psicomotores, podendo ser direta (realizada pelo formador) ou indireta (demonstrada através de
filmes, vídeos ou programas de computador, por exemplo)
Este tipo de técnica requer o cumprimento de quatro requisitos fundamentais:
• Preparação cuidada de todas as fases da demonstração (pois não há lugar a repetições) e
do equipamento/material necessário;

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Explicação da finalidade da técnica, de modo a focar a atenção dos formandos;



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Apresentação sequencial através de pequenos passos;

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• Experimentação pelos formandos, de preferência no final de cada passo.


A técnica da demonstração revela-se especialmente útil em situações que requerem o treino de
competências (saber-fazer) e não se dispõe de muito tempo. Contudo, não aprofunda demasiado
o processo, o que pode levar a que não fique bem consolidada, aumentando o risco de erro durante
o processo.

Estudo de casos
O estudo de casos tem como objetivo criticar dados, opiniões e hipóteses e descobrir novas
perspetivas na apreciação dos problemas e na tomada de decisões. Quando falamos do conceito
de caso, reportamo-nos a uma situação concreta que exige uma resolução ou uma tomada de
decisão. Esta técnica é eficaz quando se pretende desenvolver aptidões como a análise de
situações, a seleção de informações importantes, a conceção de várias hipóteses de solução, a
comunicação de ideias, o diagnóstico de problemas e a tomada de decisões.
O caso pode ser apresentado de diversas formas, como a descrição, a narração, o diálogo, a
dramatização ou o filme. O mais importante é que tenha características que o tornem verosímil,
polémico e motivador. Esta técnica deve ser aplicada quando se pretende motivar os formandos,
desenvolver a capacidade de análise crítica, estimular o trabalho em equipa, promover a aquisição
de novos conceitos, desenvolver o reportório lexical e potenciar a capacidade de tomada de
decisões.
Quando o formador opta por utilizar esta técnica, deve preparar o caso em função das
características e realidade dos formandos, distribuir o caso a cada formando e explicar a
metodologia, manter-se imparcial face à opinião do grupo e realizar uma síntese.

Tempestade de ideias ou brainstorming


A tempestade de ideias ou brainstorming é uma técnica de dinâmica de grupos que tem como
finalidade estimular a criatividade e criar o maior número possível de soluções para um tema ou
problema específico. Esta técnica permite colocar em evidência a criatividade dos formandos face
a temas novos ou a situações específicas. Porém, a sua aplicação correta exige a criação de um
clima favorável e propenso à liberdade de expressão e participação. Por esse motivo, o grupo deve
libertar-se de ideias pré-concebidas, de atitudes de acomodação e do medo da crítica.
Este processo centra-se em três etapas principais:
• Exposição de abertura, na qual o formador deve explicar a técnica, mostrando aos
formandos que estes podem expressar as suas ideias de forma concisa e clara e que devem
eliminar atitudes críticas;
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• Exposição de ideias, fase produtiva na qual os formandos podem expressar livremente as


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suas ideias;

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• Seleção das melhores ideias, fase em que se apuram as ideias mais importantes e que têm
possibilidade de ser colocadas em prática.
Durante a aplicação desta técnica, o formador atua como moderador, não fazendo qualquer
avaliação sobre as ideias dos formandos e garantindo que não sejam emitidos juízos de valor pelo
grupo. Frequentemente, o formador regista as ideias proferidas, agrupa-as em classes e força uma
decisão/solução por parte do grupo, sem emissão de qualquer opinião.
Esta técnica apresenta várias vantagens:
• Capacita os formandos para a criação de ideias e soluções originais;
• Contribui para a superação da padronização, da rotina e da indiferença;
• Revela a existência de uma multiplicidade de soluções;
• Desenvolve a flexibilidade mental;
• Ativa uma relação mais espontânea no grupo e causa bem-estar no final.
No entanto, a técnica é de difícil aplicação em grupos muito grandes e apresenta dificuldades no
que diz respeito ao controlo do grupo.

Projetos
O projeto tem como base a participação dos elementos de um grupo com o propósito de elaborar
um trabalho planificado e organizado em comum acordo. O trabalho encontra-se orientado para a
resolução de um problema e o projeto consiste em estudar um tema, responder a um problema e
concretizar uma ação. Este tipo de técnica relaciona-se com investigação-ação e pressupõe a
existência de uma motivação intrínseca.
Os formandos selecionam um tema ou problema do seu interesse e fazem a sua planificação,
nomeadamente no que se refere ao modo de tratamento ou resolução do problema. Através da
realização de um projeto, os formandos ficam com mais conhecimentos sobre um tema ou
problema específico e desenvolvem a sua capacidade de escrita, reflexão e abordagem pessoal do
tema.

Aprendizagem no posto de trabalho


A aprendizagem no posto de trabalho tem como objetivo formar pessoal especializado em
situações reais de trabalho. O desenvolvimento desta técnica requer a existência de um grupo de
técnicos que elaborem os programas de formação e de pessoas/monitores com competência
técnica para a transmissão desses programas.
Esta técnica pressupõe os seguintes fatores:

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Ensino de um trabalho corretamente (desenvolvendo as capacidades dos formandos);



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Análise do trabalho (destacando as fases principais e os pontos-chave de uma função);

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• Preparação e motivação do formando (demonstração daquilo que é correto no


desempenho do trabalho);
• Explicação do modo como o trabalho deve ser apresentado (de forma sequencial e com
insistência nos pontos-chave);
• Demonstração da forma como o trabalho deve ser realizado e feedback (colocando o
formando numa situação em que este deve explicar a tarefa à medida que a executa e
corrigindo os erros no próprio momento);
• Acompanhamento e reforço dos formandos (observando o trabalho, encorajando-o a
ultrapassar os obstáculos e promovendo gradualmente a sua autonomia).

Neste contexto, os monitores devem possuir as seguintes competências:


• Capacidade de transmissão de conhecimentos que permitam a qualificação profissional das
pessoas;
• Domínio completo da sua profissão e elevado grau de conhecimento acerca de materiais,
máquinas, normas e regulamentos;
• Capacidade de estabelecer relações entre os diversos setores da empresa;
• Capacidade de identificação dos métodos existentes no trabalho com o objetivo de os
aperfeiçoar, substituir, combinar, eliminar ou simplificar;
• Capacidade de orientação e manutenção de boas relações no trabalho, contribuindo para
a criação de relações harmoniosas entre formandos, para a resolução de problemas e para
a participação dos formandos.
A aprendizagem no posto de trabalho possibilita a qualificação de pessoal em pouco tempo
(demonstrando a forma correta de executar as tarefas e insistindo nos pontos-chave) e promove o
rendimento máximo dos formandos e dos equipamentos utilizados. Contudo, também se pode
transformar numa barreira à formação se for erradamente aplicada em situações que exijam
capacidades rápidas de adaptação, na medida em que não há uma preparação prévia das pessoas
para evoluírem de acordo com as circunstâncias.

Exercícios práticos
Os exercícios práticos, como o nome indica, permitem aplicar os conteúdos ministrados, verificando
se houve aquisição de conhecimentos e quais as dificuldades dos formandos. Esta é uma das
técnicas mais utilizadas na formação e frequentemente ocorre após a exposição dos conteúdos,
sendo uma forma de consolidar os conhecimentos. Contudo, se usada de forma excessiva, pode
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desmotivar os formandos, principalmente aqueles com maiores dificuldades.


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Tutoria
A tutoria consiste numa ação de orientação e suporte aos formandos por parte de um tutor, sendo
realizada de forma sistemática e contínua. O tutor deve dedicar aos seus tutorandos uma atenção
privilegiada:
• Esclarecendo e debatendo questões;
• Auxiliando-os no seu processo de integração nos contextos formativos;
• Orientando-os e esclarecendo dúvidas;
• Promovendo a sua participação ativa na atividade formativa;
• Refletindo sobre as suas potencialidades e dificuldades;
• Promovendo a motivação para a aprendizagem;
• Promovendo a participação ativa dos formandos e a qualidade do processo de
ensino/aprendizagem;
• Facilitando o desenvolvimento de competências cognitivas, afetivas, pessoais e sociais que
melhorem o seu desempenho, as suas atitudes e as suas relações interpessoais.

Dinâmicas de grupo
A dinâmica de grupos é uma técnica que promove a aproximação, conhecimento e partilha de ideias
e valores entre os intervenientes. Em contextos formativos, pode recorrer-se a estes jogos para
alcançar objetivos específicos em relação a um dado tema, para desenvolver competências
concretas ou apenas para descontrair e quebrara a monotonia, aliviando o ritmo da sessão e
motivando. Este processo permite enriquecer o potencial dos formandos ao nível da criação,
formação e transformação do conhecimento. As dinâmicas também promovem uma maior
integração no grupo, o que contribui para fatores como a segurança, a valorização, a autoestima
ou a afiliação.
Existe um conjunto diverso de dinâmicas de grupo que incluem as técnicas de apresentação,
integração, animação ou capacitação. O recurso a este tipo de técnicas permite melhorar a
assimilação de novos conhecimentos e promover atitudes de aceitação face à atividade profissional
dos formandos, sendo fundamental a sua aplicação correta e articulada com os conteúdos
ministrados. Por essa razão, as dinâmicas devem integrar-se construtivamente na estrutura
pedagógica da formação, não surgindo como peças soltas no preenchimento de espaços vazios.
Quando colocados em prática de forma eficiente, os jogos criam interesse e motivação nos
formandos, podendo funcionar como um ponto de partida para outras atividades.
A aplicação de dinâmicas de grupo em contexto formativo rege-se por alguns princípios básicos:
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• O formador deve recorrer à sua sensibilidade e conhecimento do grupo para selecionar e


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promover as dinâmicas;

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• A mesma dinâmica pode ser utilizada mais do que uma vez e com diferentes objetivos,
considerando o momento da sua aplicação e as características específicas do grupo onde
se aplica;
• As regras devem ser definidas antes do início da dinâmica (não havendo lugar a alterações
após o seu esclarecimento), de preferência fazendo uso da espontaneidade, informalidade,
criatividade e humor;
• O espírito de grupo deve ser estimulado (garantindo a salvaguarda da individualidade de
cada elemento);
• Não há respostas certas ou erradas, dando-se primazia ao envolvimento e participação do
grupo;
• O formador deve evitar atitudes e comentários negativos, destrutivos e ridicularizantes;
• A participação dos formandos não deve ser sujeita a juízos de valor ou interpretações,
devendo ser contextualizada no contexto da própria dinâmica e da relação grupal;
• Após o término da dinâmica, deve haver partilha de opiniões com o grupo.

Critérios de seleção dos métodos e/ou técnicas pedagógicas


A seleção dos métodos e/ou técnicas de formação deve ter em consideração alguns critérios de
seleção, nomeadamente:
• Tipo de objetivos: cognitivos (conhecimentos ao nível do saber-saber, relacionados com a
aquisição de conhecimentos), motores (conhecimentos ao nível do saber-fazer,
relacionados com a aquisição de novas capacidades manuais e instrumentais) ou
comportamentais/afetivos (conhecimentos ao nível do saber-ser, relacionados com a
alteração ou ajuste de atitudes e comportamentos);
• Conteúdos: a transmissão de conhecimentos exige que o formador analise a estrutura
interna dos conceitos e o seu grau de complexidade, porque cada área do conhecimento
tem formas mais adequadas de aprendizagem;
• Formandos: o conhecimento das características dos formandos (por exemplo, habilitações
literárias, idade, dimensão do grupo, origem social, integração e relacionamento com o
grupo, experiência, aspetos culturais, ritmos e estilos de aprendizagem, motivações e
expectativas) permite que o formador escolha mais acertadamente o método e a técnica a
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utilizar;
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• Formador: as competências do formador e a sua experiência são uma componente


importante das situações de aprendizagem. Por isso, a escolha de uma metodologia deve
considerar aspetos como a experiência, o domínio das metodologias, as competências, a
criatividade e a personalidade;
• Contexto: a formação depende de diversos condicionalismos, nomeadamente dos recursos
materiais e humanos disponíveis, das instalações, dos custos, da duração e da própria
natureza da formação. Por exemplo, optar por uma metodologia que exige muitos recursos
quando a maior parte deles está indisponível não é uma boa opção.

Pedagogia e aprendizagem inclusiva e diferenciada

Relações entre formador-formando e formando-formando


As características de personalidade do formador e o seu estilo de relacionamento interpessoal são
fatores condicionantes do ambiente pedagógico característico da situação de
ensino/aprendizagem. A estrutura de personalidade do formador, a sua preparação
psicopedagógica e técnico-profissional são, com efeito, fatores que podem influenciar diversos
aspetos, entre eles a motivação, o interesse e a ausência/presença de conflitos no grupo. Estes três
fatores influem na avaliação que o grupo faz do formador enquanto pessoa e enquanto legítimo
gestor da atividade formativa e da comunicação na sala.
Desta forma, é necessário ter alguns cuidados nas atividades pedagógicas, intercalando as diversas
atividades (evita a monotonia) e conferindo dinamismo e ritmo à formação, o que contribuirá para
que os formandos se mantenham atentos e não fiquem cansados. No que diz respeito a técnicas
como os debates, as discussões ou a dinâmicas de grupo, também é necessário ter atenção a alguns
aspetos aquando da sua aplicação, já que estas apresentam alguns riscos, como a monopolização
da comunicação por alguns elementos, o surgimento de rivalidades, o sentimento no grupo de que
se está a perder tempo se não houver uma articulação clara com os objetivos pedagógicos ou a
ansiedade ou insegurança dos elementos mais introvertidos.
A formação tem como objetivo principal contribuir não só para a mudança ao nível dos
conhecimentos técnicos, mas também ao nível do saber-estar. Em contexto de sala, é possível
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trabalhar novas formas de relacionamento interpessoal, modos alternativos de trabalho em grupo


e novas formas de comunicação. Neste contexto, é fundamental considerar a experiência e o saber
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de cada um, abrindo espaço para a expressão individual. As próprias questões sobre os conteúdos

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ministrados são compostas por uma dimensão socioemocional. O esclarecimento de dúvidas


permite aos formandos satisfazer as suas necessidades sociais de reconhecimento do seu estatuto
no grupo e de afirmação da sua própria individualidade.
Muitas vezes, o formador apenas se preocupa em seguir linearmente o programa, relegando para
segundo plano o domínio socioafetivo e a necessidade de integrar esta componente no contexto
formativo. A este respeito, convém fazer notar que nem sempre os objetivos do formador
correspondem aos objetivos dos formandos, pelo que trabalhar a relação contribui para a
facilitação da transmissão dos conceitos teóricos e técnicos. Assim, o formador tem a
responsabilidade de estar permanentemente atento ao comportamento, atitudes e feedback do
grupo, de modo a identificar possíveis tensões e a contribuir para a progressão do grupo não só ao
nível teórico e técnico, mas também relacional.
Neste sentido, e sobretudo no que diz respeito aos conflitos, o formador deve favorecer a expressão
das tensões negativas, porque só assim será possível contribuir para a sua resolução. O formador
deve orientar o grupo de uma forma racional e objetiva com o propósito de estabelecer uma
reformulação neutra e objetiva dos conflitos e encontrar soluções funcionais. Este tipo de atitudes
promovem a compreensão racional dos fatores inerentes ao conflito, na medida em que obrigam
os envolvidos a distanciar-se da emoção e a analisar os comportamentos e atitudes de modo
objetivo. Durante este processo, o formador deve ser capaz de lidar racionalmente com a
agressividade e evitar envolver-se nos conflitos, competências adquiridas através da prática e da
experiência acumulada.
Por fim, refira-se o papel importante de assumir atitudes positivas face ao grupo, através de
estratégias como:
• A adaptação dos conteúdos e das metodologias às características concretas do grupo com
o qual se está a trabalhar;
• Dar atenção à relação interpessoal com o grupo, mas sem deixar de dar importância à
teoria;
• Garantir que a comunicação é eficaz e a mensagem bem interpretada e compreendida pelo
grupo, através da formulação de questões como “Ficaram elucidados?” ou “Gostariam que
reformulasse a questão?”;
• Estimular o feedback dos formandos sem haver uma diretividade excessiva;
• Diversificar as estratégias, recursos e meios pedagógicos ao longo da sessão.
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Criatividade Pedagógica
A criatividade consiste na capacidade de criar, produzir ou inventar ideias novas. Ser criativo é
pensar “fora da caixa” (“think outside the box”), sendo original e não imitando aquilo que já se
encontra pré-estabelecido ou que já foi feito milhares de vezes. Algumas características da pessoa
criativa incluem a autoconfiança, a flexibilidade, a coragem, a intuição, a capacidade de associação
de ideias e conceitos, a perceção aguçada, a imaginação, a capacidade crítica, o entusiasmo e a
profundidade.
A criatividade é uma função humana intrínseca que pode ser aplicada à criação de objetos de
qualquer natureza ou à resolução de problemas. Esta função está dependente do meio onde
crescemos e da sua estimulação. Contudo, há técnicas individuais e de grupo que permitem
estimular a criatividade. Usualmente, as técnicas de grupo são as mais utlizadas, na medida em que
são mais vantajosas: o brainstorming, por exemplo, pode ser usado individual ou coletivamente,
mas a sua aplicação em grupo melhora significativamente os resultados e estimula a tolerância e a
escuta ativa.
Os mapas mentais constituem um exemplo de uma técnica individual de criatividade. Esta é uma
técnica gráfica que, partindo de uma palavra-chave, ícones ou gráficos, se vai decompondo através
de outros elementos associados e complementares. Esta ramificação dá origem ao mapa mental,
destacando os aspetos mais importantes e levantando questões relacionadas com as vantagens e
desvantagens, o porquê, o como, o onde e o quando. Esta técnica facilita a criação e mostra de uma
forma simples aquilo que se pretende.
A técnica dos seis chapéus é o exemplo de uma técnica que potencia a criatividade em grupo e a
tomada de decisão. Os seis chapéus representam os diferentes pontos de vista com base nos quais
se poderá analisar uma situação ou um problema. O objetivo desta técnica é que todos os
elementos do grupo contribuam com ideias e colaborem no processo de tomada de decisão. Todas
as pessoas devem usar cada chapéu ou ponto de vista para analisar uma situação ou problema,
sendo que cada chapéu tem uma cor diferenciada em função da perspetiva acerca da temática.

A relação entre as cores e os chapéus é a seguinte:


• Chapéu branco: apresentação da informação de modo objetivo e imparcial;
• Chapéu vermelho: apresentação de opiniões e sentimentos sem necessidade de
fundamentar as respostas com argumentos concisos;
• Chapéu amarelo: exposição dos aspetos positivos de um assunto ou ideia;
• Chapéu negro: tolerância em relação à análise da questão, incluindo os possíveis riscos e
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obstáculos;

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Chapéu verde: promoção do pensamento criativo;

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• Chapéu azul: exposição de uma visão geral sobre a temática, sintetizando o debate,
avaliando e ponderando as alternativas expostas.

Dramatização de Cenários Pedagógicos


A dramatização (jogo de papéis) consiste na teatralização de uma situação (real ou inspirada na
realidade) passível de ser explorada pedagogicamente. O recurso a esta técnica tem como objetivos
a criação de situações empáticas (ao assumirmos o papel de um outro, temos mais facilidade em
compreender o seu ponto de vista), a integração da realidade social no contexto da formação, o
desenvolvimento da capacidade de expressão, a resolução de problemas e a aquisição de técnicas
de comunicação.
Este processo é composto por quatro etapas principais:
• Planeamento da dramatização. O formador dá o mote em relação a uma situação que deve
ser dramatizada (relacionada com as aprendizagens realizadas), construindo as
características dos papéis atribuídos a cada formando, prevendo os critérios de observação,
negociando os papéis a desempenhar por cada formando e o grupo que irá observar e
explicando sumariamente a situação e como dramatizá-la;
• Preparação da ação. Os formandos decidem qual a melhor forma de encenar a situação,
mas o professor pode ajudar;
• Representação. Nesta fase, os formandos fazem a encenação e o grupo de análise regista
as observações;
• Análise. Todos os formandos dão a sua opinião acerca do assunto dramatizado, o grupo de
análise tece os seus comentários e o formador formula uma síntese das conclusões e da
resolução do problema.
A dramatização é vantajosa em várias situações, motivando para diferentes formas de expressão,
estimulando o conhecimento mútuo dos formandos, gerando climas afetivos positivos, conduzindo
a mudanças de comportamentos e desbloqueando situações-problema. No entanto, é conveniente
ter em atenção que esta técnica pode criar climas emotivos propícios ao agravamento das relações
interpessoais. Além disso, não é adequada para o momento inicial da formação, porque os
formandos ainda não se conhecem bem.
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Estratégias de adaptação e desenvolvimento para a inclusão


A aprendizagem e a memorização são mais efetivas quando se aprende em grupo, devido à osmose
social (propensão para a aceitação das normas grupais) e à partilha de ideias. A interdependência
entre os elementos do grupo, a sua influência mútua e aceitação das regras/papéis a desempenhar
são aspetos essenciais para a consecução de objetivos comuns ao grupo.
Contudo, a eficácia e a qualidade do trabalho de grupo tendem a diminuir se o número de
participantes for superior a 4/5 elementos. Além disso, um grupo maduro não depende apenas da
maturidade dos seus elementos, sendo importante que o formador garanta que o grupo amadureça
enquanto tal. No grupo, todos devem ter a oportunidade de participar de igual modo e de expressar
livremente as suas ideias, o que deve ser assegurado pelo formador.
Neste sentido, há diversas estratégias que asseguram o desenvolvimento e a formação de um grupo
coeso:
• Encorajamento e motivação dos elementos do grupo;
• Promoção da cooperação;
• Aceitação voluntária das normas;
• Disponibilidade dos elementos para se ajustarem ao grupo e ao seu ritmo de trabalho;
• Reconhecimento da utilidade da participação de todos os elementos do grupo.
Por outro lado, os fatores que condicionam o desenvolvimento e a formação de um grupo coeso
são os seguintes:
• Existência de um membro agressivo;
• Desinteresse dos elementos do grupo;
• Domínio do grupo por um elemento manipulador e que assume uma atitude de
superioridade;
• Recurso a interesses particulares para causar a instabilidade e desorganização do grupo.

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Dinamização de atividades indoor e/ou outdoor


Na formação, a dinamização de atividades indoor é mais comum do que a dinamização de
atividades outdoor. Contudo, não devemos descurar as atividades que podem ser realizadas fora
do espaço comum da formação (sala). Estas atividades constituem um instrumento inovador e
potenciador do desenvolvimento humano, porque se desenvolvem num espaço mais descontraído.
As atividades outdoor promovem o exercício e o treino das competências individuais e do trabalho
em equipa, tendo como propósito contribuir para desenvolver aspetos como a gestão do stresse, a
tomada de decisão, a liderança, a gestão de risco, a criatividade e o treino de equipas.
As principais vantagens das atividades outdoor são as seguintes:
• Promove o maior envolvimento dos elementos do grupo;
• Aumenta os níveis de motivação;
• Quebra a rotina e a monotonia da sala de formação;
• Permite viver outras sensações e emoções;
• Promove o espírito de descoberta;
• Contribui para a participação ativa dos elementos do grupo;
• Contribui para melhorar a relação formador-formandos e formandos-formandos;
No entanto, este tipo de atividades pode envolver maiores custos, requer um elevado grau de
planeamento por parte do formador e pode facilitar a perda de rumo das atividades face aos
objetivos.
Por outro lado, as atividades indoor são mais adequadas quando se pretende abordar um maior
número de conteúdos num curto espaço de tempo, aumentando o grau de concentração dos
formandos e a consciencialização dos objetivos a atingir.

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Conclusão

Através deste manual, procurou-se apresentar os principais métodos e técnicas passíveis de


aplicação no contexto formativo. De entre os aspetos apresentados, destaca-se a importância de
reconhecer que não há receitas milagrosas ou padronizadas que se apliquem a todos os grupos,
sendo essencial selecionar as metodologias com base nas características do grupo com quem se vai
trabalhar.
Nesse sentido, o formador deve ter a flexibilidade necessária para adequar as suas formas de
intervenção ao grupo que tem à sua frente. Considerando que o desenvolvimento de competências
tangíveis é o principal propósito da formação, o modo de atuação do formador e as técnicas
escolhidas devem resultar de uma reflexão ponderada cujo fim último é promover as melhores
condições para a aprendizagem dos formandos.

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Bibliografia

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Webgrafia
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