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Índice
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Conceitos de Teledetecção
A detecção remota, tal como o termo sugere, é uma técnica que permite observar fenómenos à
distância sem que exista um contacto directo com os objectos em estudo. Para que tal
aconteça, é necessária a existência de uma interacção entre os fenómenos e os sistemas que
permitem a sua observação. Desta forma, qualquer sistema de detecção remota compreende
um sensor e um dado objecto, em que a relação entre ambos se efectua a partir de um fluxo de
energia, sob a forma de radiação electromagnética (figura 1).
A principal fonte de energia radiante utilizada pela detecção remota é proveniente do Sol.
Consoante a natureza dos objectos que se encontram à superfície terrestre, o fluxo de energia
radiante que incide sobre a Terra pode ser transmitido, disperso, absorvido, emitido ou
reflectido por esses objectos. A quantidade de fluxo de energia que é reflectido ou emitido,
estabelece a relação entre os objectos e os sensores, uma vez que se trata da energia
possível de ser registada por estes últimos, permitindo a obtenção de imagens de detecção
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Conceitos de Teledetecção
remota. Uma vez que as imagens obtidas reflectem comportamentos espectrais, torna-se
fundamental conhecer tais comportamentos.
• Região do infravermelho próximo, com comprimentos de onda que variam desde os 0.7µ
m até aos 1.3 µm.
• Região do infravermelho médio, que inclui valores desde 1.3 µm até 8 µm.
• Micro-ondas, região do espectro cuja gama de valores varia entre 1 mm e os 300 cm.
Uma das principais características da atmosfera terrestre é o facto de actuar como um filtro
perante determinados comprimentos de onda, resultado de uma absorção da radiação por
parte das partículas que a constituem. É o que sucede no domínio dos raios gama, raios X e
grande parte dos raios ultravioletas, bem como noutras regiões do espectro (por exemplo, o
vapor de água é o responsável pela absorção em torno de 6 µm e entre 0.6 e 2 µm; o dióxido
de carbono absorve radiações no infravermelho térmico e no infravermelho médio, entre 2.5 e
4.5 µm). Este comportamento dá origem a que nem todas as regiões do espectro sejam
possíveis de serem utilizadas pela detecção remota, estando esta limitada a regiões em que
absorção não se faz sentir e que se caracterizam pela transmissão das radiações, vulgarmente
designadas por janelas atmosféricas (v.g. figura 2).
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Conceitos de Teledetecção
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Conceitos de Teledetecção
Tal como se pode observar pela figura, a água absorve ou transmite a maior parte das
radiações à medida que os comprimentos de onda aumentam. Como consequência, a sua
reflectividade diminui ao longo do espectro, sendo praticamente nula a partir da região do
infravermelho. O comportamento espectral da água está dependente da natureza e
concentração de materiais que se encontram em suspensão, da profundidade existente e da
rugosidade da sua superfície. De uma maneira geral, a presença de materiais em suspensão
aumenta a reflectividade da água, como é o caso da clorofila, que provoca um aumento da
reflectividade na banda verde da região do visível.
A curva espectral dos solos caracteriza-se por uma reflectividade relativamente baixa na região
do visível, aumentando gradualmente com o incremento do comprimento de onda das
radiações. Trata-se de uma resposta semelhante à da água, mas em sentido contrário.
O comportamento espectral dos solos é condicionado pela sua composição química, textura e
teor de humidade.
A reflectividade dos solos na região do visível está condicionada principalmente pela presença
de matéria orgânica e teor de humidade, pois à medida que estes aumentam, a reflectividade
decresce. Em relação ao infravermelho próximo e médio, a resposta espectral pode depender
do teor de humidade, como consequência da elevada absorção da água nestas bandas.
Nem sempre é fácil adquirir informação sobre os solos a partir da detecção remota, devido à
presença de vegetação. Nestes casos, os dados são inferidos a partir da cobertura vegetal,
uma vez que as espécies vegetais dependem directamente da natureza dos solos.
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Conceitos de Teledetecção
Em virtude da maioria das espécies estarem sujeitas à acção directa dos solos, a composição
destes últimos influencia os seus comportamentos e, consequentemente podem existir
variações espectrais passíveis de serem detectadas pela detecção remota. Para além disso,
em qualquer ecossistema é frequente a coexistência de vários tipos de vegetação, com
diferentes comportamentos em relação às solicitações do meio ambiente, o que se traduz
numa única resposta em termos de detecção remota.
O comportamento espectral das rochas está intimamente relacionado com a sua composição
mineralógica. Para o estudo da resposta espectral das diferentes litologias é frequente
utilizarem-se curvas experimentais da resposta espectral dos minerais para inferir sobre a
resposta de determinada litologia (v.g. figura 4).
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Conceitos de Teledetecção
As propriedades térmicas das rochas (conductividade térmica, densidade, inércia termal, etc)
permitem proceder à sua diferenciação no domínio do infravermelho térmico (8 a 12 µm).
Assim, a melhor diferenciação observa-se entre rochas silicatadas e não silicatadas (Quadro I).
Quadro I
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Conceitos de Teledetecção
As rochas possuem propriedades físicas e térmicas muito características, o que permite que a
sua resposta espectral seja bastante evidente no domínio do Infravermelho térmico (8 a 12µm).
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Conceitos de Teledetecção
Para o estudo das litologias utilizam-se com grande frequência técnicas de combinação
colorida de imagens correspondentes às diferentes bandas do espectro electromagnético.
Na geologia as combinações de bandas mais frequentes são combinação RGB das bandas
TM5,4,1; TM4,5,1; TM 7,5,4 e TM 7,4,1, consoante os tipos litológicos que se pretende
diferenciar.
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O Landsat-4, lançado em 1982, marca o início de uma nova geração de satélites. Com a
alteração das características orbitais, a altura de voo é reduzida de 917 km para 705 km,
originando um aumento da resolução temporal (intervalo de tempo necessário para adquirir
imagens da mesma região ) de 18 para 16 dias. Por razões de ordem técnica, deixou de operar
em 1983. Mais tarde, em Março de 1985, com as mesmas características orbitais foi enviado
para o espaço o satélite Landsat-5. Um dos grandes avanços tecnológicos que estes dois
satélites apresentam é a incorporação de um novo sensor, o TM (Thematic Mapper), dirigido
principalmente para a cartografia temática. Para dar continuidade aos primeiros Landsat, foi
mantido o sensor MSS.
Em relação aos sensores, existem várias formas de os classificar, sendo a mais usual baseada
no modo como recebem a energia proveniente da superfície terrestre. Neste sentido, existem
dois tipos de sensores: sensores activos, capazes de gerar a sua própria fonte de energia
(em que o mais utilizado é o radar) e sensores passivos em que a energia recebida provém
de uma fonte exterior em que se enquadra o satélite Landsat. No entanto, existe um conceito
comum a todos eles : a sua resolução, ou seja, a capacidade de registar informação
discriminadamente. Seguidamente descrevem-se os vários tipos de resolução e as suas
características no Landsat 5 TM.
Resolução espacial: Este conceito refere-se ao objecto mais pequeno que pode ser
encontrado numa imagem. Existem diversas maneiras de definir a resolução espacial, sendo a
mais comum o IFOV (Instantaneous field of view), baseado nas propriedades geométricas do
sensor, sem considerar as propriedades espectrais dos objectos. Assim, define-se IFOV como
a área de superfície terrestre observada pelo sensor, a partir de uma dada altitude, num
determinado instante de tempo. Pode ser medido como um ângulo ou como a distância sobre o
terreno a que corresponde esse ângulo, tendo em conta a altitude e velocidade do sensor. Em
termos de imagens, esta distância corresponde à dimensão de um pixel (picture element), ou
seja, à unidade mínima de informação presente numa imagem.
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Conceitos de Teledetecção
resolução espectral de um sensor. A resolução espectral será maior quanto maior for o número
de imagens obtidas e quanto mais limitada for a região do espectro que cada uma delas inclui,
pois permite caracterizar pormenorizadamente os diferentes tipos de materiais. O número de
bandas espectrais do Landsat TM é igual a 7, encontando-se as suas características
resumidas na tabela 2.
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Conceitos de Teledetecção
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x= f (C , L )
1
y= f (C , L)
2
X = + C+ L+ + CL +
2 2
f 0
f 1
f 2
f C 3
f 4
f L 5
Y= g +g C+g L+g C +g CL + g
2 2
0 1 2 3 4 5 L
X,Y - coordenadas da imagem corrigida
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• 3ªetapa: transferência dos níveis digitais (DN) originais para uma nova posição
corrigida (X,Y).
• Equalização do Histograma
• Composição Colorida
• Filtros digitais;
• Classificação Digital
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Atribui-se a cada uma das imagens uma das cores primárias - vermelho (R), verde (G) e azul
(B), obtendo-se no fim imagens de “falsa cor” que refletem as “melhores” assinaturas
espectrais dos objectos a estudar.
Este processo utiliza-se muito no estudo da vegetação, geologia, áreas urbanas, etc.
Para o estudo das diferentes geologias as composições que normalmente se utilizam são
TM754, TM741, TM541, TM451, no entanto estas dependem do objectivo e tipo de materiais a
analisar.
Estes podem ser baixa frequência - quando se pretende homogeneizar uma imagem; filtros de
alta frequência - quando se pretende realçar determinadas características numa imagem, e
ainda os filtros direccionais - quando se pretende dar enfase ou “limpar” estruturas direccionais
numa imagem digital.
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O valor de cada nível digital (ND) de uma imagem original é transformado e novos valores de
ND são obtidos, resultado de operações aritméticas ponderadas com os ND dos pixeís
visinhos.
Esta operação faz-se através de uma matriz de dimensão nxn (3x3, 5x5, ...) que vai percorrer a
imagem sequencialmente e substituir o valor central na imagem por um novo ND (ponderado
pelos (nxn)-1 pixeís vizinhos) (v.g. figura 9).
É frequente verificar, numa imagem de satélite, que muitos valores ND de pixeis são
semelhantes, especialmente em bandas correspondentes a regiões muito próximas do
espectro electromagnético.
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Normalmente ao primeiro eixo está associada uma imagem que resume as principais
características de toda a informação existente (no conjunto das N bandas originais), resultando
numa imagem de grande definição, contornos bem definidos, albedo, topografia e pouco ruído.
Esta imagem representa a média pesada de toda a informação contida nas diferentes bandas.
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Conceitos de Teledetecção
4. Referências Bibliográficas
BARATA, T.A., 1993 -“Identificação do Coberto Vegetal por Tratamento Digital de Imagens de
Satélite”, I.S.T./U.N.L., Tese de Mestrado, Lisboa.
DRURY, S.A., 1987 – Image Interpretation in Geology, Allen & Unwin Publishers, Ltd., Sydney.
SABINS, F.F. – Remote Sensing: Principles and Interpretation; 1987, W.H. Freeman, 2nd Ed.,
New York.
SMITH, W.L., 1972. Remote Sensing Applications for Mineral Exploration. Dowden, Hutchinson
&Ross, Inc., Michigan.
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