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Revista Eletrônica Lato Sensu – Ano 3, nº1, março de 2008. ISSN 1980-6116
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O PEDAGOGO E SUA INSERÇÃO NO ÂMBITO EMPRESARIAL

Nádia Lúcia Bosa1


Klevi Mary Fanfas Ribas2

RESUMO RESUMEN

Este trabalho vem ressaltar a importância da Este trabajo viene resaltar la importancia de
formação permanente e continuada dos pro- la formación permanente y continuada de los
fissionais e colaboradores das organizações profesionales y colaboradores de las
empresariais. Situa a pedagogia como pers- organizaciones empresariais. Situa la
pectiva de inovação para o âmbito empresari- Pedagogía como perspectiva de inovación
al, em relação à questão da educação fora da para en el ámbito empresarial, en relación a
escola, e a importância dela para um mercado la cuestión fuera de la escuela, y su
exigente, inovador e competitivo. Mostra ins- importancia para el mercado exigente,
trumentos para ter uma equipe de trabalho innovador y competitivo. Muestra
bem preparada, motivada e comprometida instrumentos para tener un equipo de trabajo
com os principais objetivos da empresa. Es- bien preparado, motivado y comprometido
clarece o papel do pedagogo empresarial e a con los principales objetivos de la empresa.
importância da valorização do capital huma- Esclarece el papel del pedagogo empresarial
no. y la importancia de la valorización del
Palavras-chave: Pedagogo Empresarial; capital humano.
Educação informal; Formação continuada e Palabras-llave: Pedagogo Empresarial;
permanente; Capital humano. Educación informal; Educación continuada e
permanente; Capital Humano

EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIFERENCIADO

Definir os fins educativos é definir, ao mesmo tempo, a


sociedade, a cultura e o homem que se quer promover.
Educar é realmente cultivar a criança para dela fazer um
homem. (...) Toda imagem do homem é uma imagem
social. Fixar fins para a educação é escolher um tipo de
homem, portanto de homem social, portanto de sociedade.
Elaborando fins educativos, opta-se por um modelo, ao
mesmo tempo, do homem e da sociedade. Essa escolha
não é abstrata e intemporal. Há tantas escolhas possíveis
quanto classes e grupos em conflito, pois a determinação
1 Pós-Graduanda em Pedagogia Empresarial – Unicentro.
2 Professora Mestre orientadora do trabalho.

O Pedagogo e sua Inserção no Âmbito Empresarial

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dos fins pedagógicos exprime esses conflitos. Charlot


(apud ARANHA, 1989, p. 02).
A educação é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, pois elas
dependem da transmissão de sua herança cultural para sobreviver. Ala visa transmitir ao
indivíduo o patrimônio cultural, para integrá-lo no meio social e nos grupos em que vive. Tem
por objetivo, fazer com que o indivíduo se ajuste na sociedade, ao mesmo tempo que
desenvolve as suas potencialidades e a própria sociedade.
A Revolução de 30 foi o ponto referencial para a entrada do Brasil no modelo
capitalista de produção. A acumulação de capital do período anterior, permitiu com que o
Brasil pudesse investir no mercado interno e na produção industrial. A nova realidade
brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e para tal era preciso investir na
educação.
Foi no fim do Regime Militar que as questões educacionais perderam o sentido
pedagógico e passaram a assumir um caráter político. Para isso, ocorreu a participação de
pensadores de diversas áreas do conhecimento, que passaram a falar de educação num sentido
mais amplo do que as questões pertencentes à escola, a didática e a relação professor aluno,
aluno professor. Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas durante o
Regime Militar, profissionais de outras áreas, passaram a assumir postos na área da educação
e a realizar discursos em nome do saber pedagógico.
A educação formal pode ser resumida como aquela que está presente no ensino
escolar institucionalizado, estruturado hierarquicamente e a informal, como aquela na qual
qualquer pessoa adquire e acumula conhecimentos, por meio de experiências cotidianas, no
trabalho e no lazer. A educação não-formal, define-se como qualquer tentativa educacional
organizada e sistemática que, normalmente, realiza-se fora dos quadros do sistema formal de
ensino.
O processo de reestruturação da produção foi o que sofreu maior impacto e fez as
instituições de ensino, cientistas, pesquisadores e empresas voltarem suas atenções à
necessidade de desenvolver as pessoas no âmbito empresarial. A difusão das inovações
tecnológicas e organizacionais tornou possível a reestruturação da produção e a reorganização
dos mercados interno e externo. O avanço tecnológico e a globalização consolidaram as
mudanças no consumo e o comportamento dos consumidores.
A comunicação e o relacionamento dos indivíduos no âmbito das organizações
passam a ser fatores inerentes ao processo da formação profissional. Em muitas empresas, a
comunicação possui deficiências. Se a influência das formas de comunicação forem
analisadas na prática, percebe-se que o homem não explora corretamente as formas de se
relacionar. Por exemplo, em um call center, os atendentes não estão frente a frente com o
cliente. Se a linguagem corporal é responsável por quase dois terços da comunicação entre
dois indivíduos, ocorre um desperdício de mais da metade dos efeitos responsáveis por uma
boa comunicação. Se o tom de voz, que garante cerca de 40% da linguagem não for utilizado
de forma correta, o contato entre emissor e receptor é quase nulo.

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Conforme afirma o pedagogo empresarial Robson Borges (apud GAZETA DO


POVO, 2005) “Em geral, as instituições não exploram essas formas de comunicação. Não
existe uma sintonia entre as partes, o que seria fundamental para um bom negócio”.
Sabe-se que muitas pessoas não dão a importância necessária para o significado das
palavras. Uma frase errada pode levar um negócio à não se realizar. A pedagogia empresarial
vem trabalhando o melhor aproveitamento das palavras.
Segundo Borges (apud GAZETA DO POVO, 2005), explica e afirma que 98% das
pessoas se sentem tristes, porque já têm um condicionamento de vocabulário. Nas empresas,
um funcionário pode se sentir desmotivado por uma palavra inadequada dita pelo chefe.
“Quando o líder generaliza um erro, por exemplo, alguns não se importam com o fato. Já
outros se sentem constrangidos com a situação”.

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA


HUMANIDADE

Os seres humanos fazem parte de uma espécie bem sucedida em termos de


sobrevivência biológica. Graças às suas capacidades psíquicas, a espécie humana modificou e
criou um “mundo novo” para si mesmo, bem diferente daquele cenário que encontrou deixado
pela natureza.
De acordo com Cotrim (1987), o desenvolvimento da personalidade humana
depende de dois fatores: os fatores hereditários compreendem todas as características inatas
transmitidas biologicamente dos pais para os filhos. Os fatores educacionais compreendem
todas as características adquiridas, que estão ligadas, sobretudo, à transmissão social dos
conhecimentos.
O papel desempenhado pelos fatores educacionais entre os seres humanos é
excepcionalmente relevante. Isso atribui ao ser humano a capacidade de mudar seu
comportamento de acordo com suas necessidades.
A partir das relações estabelecidas pelo ser humano, cria-se modelos de
comportamento, instituições e saberes. O aperfeiçoamento dessas atividades, só é possível
pela transmissão de conhecimentos adquiridos por meio das gerações e da assimilação dos
modelos de comportamentos valorizados em uma determinada cultura. É a educação que
mantém viva a memória de um povo e dá condições para a sua sobrevivência (ARANHA,
1989).
Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que a educação representa condições
básicas e inerentes para o desenvolvimento da personalidade humana.
Conforme Piaget (apud COTRIM, p.17);
o ser humano não poderia adquirir suas estruturas
mentais mais essenciais sem uma contribuição
educacional exterior, que exige um certo meio social de
formação. Sem a presença de fatores educativos, o homem

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fica impedido de desenvolver-se normalmente, tendo em


vista as próprias potencialidades de sua natureza.
A pedagogia é a teoria crítica da educação, isto é, da ação do homem quando
transmite ou modifica a herança cultural. A educação não é um fenômeno neutro, mas sofre os
efeitos da ideologia, por estar, de fato, envolvida na política (ARANHA, 1989).
Em conseqüência das mudanças que estão ocorrendo na sociedade, novas idéias
estão surgindo e colocando em dúvida as estruturas já estabelecidas. As empresas estão
sempre visando à produtividade, o lucro e a eficiência, para isso, precisam contar com um
quadro de colaboradores comprometimentos, treinados para que desempenham e alcançam os
objetivos propostos pela organização, com competência e qualidade. Então, as empresas
devem proporcionar a atualização permanente e continuada para seus colaboradores, através
de métodos didáticos que revelam uma determinada posição filosófica, psicológica,
sociológica ou científica.
Para Kramer (apud VEIGA; RESENDE, 1998, p. 105):
A efetiva formação do professor em serviço se dá através
do confronto entre a reflexão sobre os conhecimentos
advindos da sua prática e as teorias que explicam,
questionam, lançam conflitos e indagações e permitem
melhor compreender essa mesma prática. A síntese
vivido/estudado substitui, assim, os grandiosos, porém
inócuos, “eventos”, “treinamentos”, “capacitações”,
“reciclagens” e estratégias congêneres, por um processo
aparentemente lento e silencioso, porém mais
mobilizador, crítico e ativo.
A mudança dos professores faz-se, inevitavelmente, no quadro de instituições que,
também elas têm de acolher processos novos. No setor do ensino, tal como no mundo
econômico e empresarial, a formação deve ser encarada como uma componente essencial do
desenvolvimento das organizações. A formação contínua não pode ser entendida como uma
função que intervém à margem dos projetos da escola, mas bem pelo contrário deve estar
intimamente articulada com eles, apoiando o seu desenvolvimento e implementação” Mcbride
(apud NÓVOA, 2002 p. 40).
Ao organizar o ensino, o pedagogo irá utilizar recursos que permitam uma maior
participação do aluno, sem perder de vista o fim proposto, assim, orientará o aluno sobre
valores, desenvolvimento de potencialidades e habilidades, convívio com o semelhante,
conhecimentos específicos para melhorar seu desempenho fora e dentro da organização.
De acordo com Libâneo (1994, p. 152):
Os métodos de ensino são as ações do professor pelas
quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos

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para atingir objetivos do trabalho docente em relação a


um conteúdo específico. Eles regulam as formas de
interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor
e os alunos, cujo resultado é a assimilação consciente dos
conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades
cognitivas e operativas dos alunos.

FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EMPRESARIAL

No contexto brasileiro, a formação do Pedagogo Empresarial surgiu vinculada à


idéia da necessidade de preparação e formação dos Recursos Humanos nas empresas. O
desenvolvimento dos recursos humanos é o fator essencial para o êxito empresarial.
De acordo com Almeida (2006, p. 130),
“A atua do profissional de pedagogia nas organizações
será importante e positiva na medida em que elas não
estejam visualizando apenas a manutenção de políticas de
RH clientelistas, mas sim estejam preocupadas com o
desenvolvimento humano de forma efetiva voltadas para a
potencialização da inteligência de cada um
individualmente e da organização como um todo”.
O pedagogo empresarial passa, assim, a ganhar espaço nas empresas para atuar no
departamento de recursos humanos, na área de treinamentos e desenvolvimento de pessoas,
responsabilizando-se pela preparação e formação de mão-de-obra, atendendo às exigências e
às peculiaridades dos indivíduos e da organização.
A Pedagogia Empresarial tem como foco principal a qualificação de pedagogos e
administradores para atuarem no interior das empresas, visando aos processos de
planejamento, capacitação, treinamento e desenvolvimento de seus colaboradores, com
objetivo do aumento da produtividade e conseqüentemente a elevação da lucratividade.
Conforme Imbernón (2000, p. 65):
Na formação para a aquisição do conhecimento
profissional pedagógico básico, deve haver lugar para a
mudança, e não temos de temer a utopia. Muitas coisas
que hoje são realidade pareciam utópicas há apenas
alguns anos. A formação do professor de qualquer etapa
educativa não pode permitir que as tradições e costumes,
que se perpetuaram com o passar do temo, impeçam que
se desenvolva e se ponha em prática uma consciência
crítica nem que dificultem a geração de novas

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alternativas que tornem possível uma melhoria da


profissão.
Entende-se que, nesse sentido, é indispensável nas empresas, órgãos públicos,
instituições educativas e escolares, a presença de profissionais com conhecimentos
especializados em educação, gestão de pessoas, organização, planejamento, avaliação,
seleção, recrutamento, treinamento e desenvolvimento de pessoas.
Quanto à atuação do profissional da pedagogia empresarial, ela deve ser de forma
relacionada e cooperativa com os outros profissionais da gestão de pessoas. Então, será
possível elaborar e desenvolver projetos e ações que contribuem para uma melhor atuação dos
colaboradores, bem como a melhora do desempenho da empresa.
A importância do educador de acordo com Ribeiro (2006 p. 93).
Ao educador sempre coube a missão de colaborar para o
desenvolvimento humano. Em todo o mundo, em todos os
períodos, o educador que viu na sua profissão uma forma
de influenciar e ser influenciado pelo desenvolvimento é
aquele que efetivamente entendeu a sua importância para
a evolução do ser humano. O educador que não estiver
imerso neste pensamento não galgará sucesso em sua
jornada. O mesmo vale para o Pedagogo Empresarial,
que é o educador que atua com vistas ao crescimento
profissional e ao desenvolvimento dentro das
corporações.
De acordo com Ferreira (apud RIBEIRO 2004), a intenção da pedagogia nas
empresas é de qualificar todo o pessoal da organização nas áreas administrativas,
operacionais, gerenciais e, assim, elevar a qualidade da produtividade organizacional.
Sabe-se que a pedagogia tem como principal finalidade incitar mudanças no
comportamento das pessoas, bem como o melhoramento do desempenho profissional e
pessoal, prezando pela qualidade de vida, sem deixar de valorizar e considerar o contexto em
que cada pessoa está inserida.
Parafraseando com essa idéia Dominicé (apud NÓVOA, 2002, p.57), afirma:
Devolver a experiência o lugar que merece na
aprendizagem dos conhecimentos necessários à existência
pessoal, social e profissional passa pela constatação de
que o sujeito constrói o seu saber ativamente ao longo de
seu percurso de vida. Ninguém se contenta em receber o
saber, como se ele fosse trazido do exterior pelos que
detém os seus segredos formais. A noção de experiência
mobiliza uma pedagogia interativa e dialógica.

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Segundo Ribeiro (2004), a pedagogia empresarial se ocupa basicamente com os


conhecimentos, as competências, as habilidades e as atividades diagnosticadas como
indispensáveis para a melhoria da produtividade.

O PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL

Entende-se que o papel do Pedagogo Empresarial é implantar programas de


qualificação profissional, produzir e divulgar conhecimentos, estruturar o setor de
treinamento, levantar as necessidades de formação continuada, identificar as deficiências no
âmbito organizacional e desenvolver programas adequados para o desenvolvimento de
pessoas. Para atuar nesse contexto, o pedagogo necessita ter como ponto principal a filosofia e
a política de recursos humanos adotados pela organização.
Concordando com a idéia, Almeida (2006, p. 52) cita:
O papel do Pedagogo Empresarial é apoiar o gestor do
desenvolvimento e aplicação das melhores práticas
relativas ao desenvolvimento da aprendizagem para os
funcionários, principalmente no que se refere aos
investimentos para treinamentos, dinâmicas e avaliações
que façam diferença na produtividade pessoal e na
qualidade de vida no ambiente corporativo.
Sabe-se que para aumentar a produtividade é primordial desenvolver as pessoas,
assim, fica explícito a importância do pedagogo para desenvolver a educação informal nas
organizações.
Conforme o artigo publicado pela Gazeta do Povo (2005), intitulado “Contatos
eficientes dentro e fora da empresa garantem ganhos de produtividade”, relata o que o
pedagogo empresarial faz nas empresas, tendo em vista um profissional que está altamente
qualificado e preparado para: desenvolver e coordenar projetos educacionais utilizados nos
treinamentos, aperfeiçoamento e desenvolvimento dos funcionários; é capaz de desenvolver
projetos para divulgação de produtos, de elaborar programas de avaliação de performance,
também atua como conselheiro de carreira de funcionários, gerentes e executivos, o chamado
coaching integrado; analisa a necessidade de aprendizado de cada funcionário e determina
qual a melhor metodologia para cada caso; pesquisa, analisa e seleciona quanto à viabilidade
de cursos e projetos que serão adotados pela empresa, trabalha a cultura da empresa com os
funcionários, é mediador entre o cliente e a empresa durante processos jurídicos.
Conforme afirma Ribeiro (2004), o departamento de recursos humanos é
responsável pela formação profissional, a fim de elevar o potencial de aprendizagem existente
nos demais departamentos e o fortalecimento da aprendizagem no próprio espaço de trabalho.
Assim, ao pedagogo, atuando junto ao departamento de recursos humanos, cabe a função de
assessorar, coordenar, facilitar e apoiar os projetos aderidos pela empresa. O pedagogo

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trabalha para o aumento da produtividade e qualidade dos serviços, conseqüentemente o


aumento da lucratividade da empresa.
O pedagogo empresarial Robson Borges (apud GAZETA DO POVO, 2005) explica;
para que a lucratividade da empresa aumente o profissional da pedagogia empresarial, deve
trabalhar a relação interpessoal de duas formas: a integração na equipe e a relação individual
de cada funcionário. “É uma reeducação da mente para desenvolver habilidades que tornem as
pessoas mais seguras, confiantes e comprometidas com seus valores”.
Percebe-se que essa função dentro das empresas era do psicólogo do trabalho, hoje é
feito pelo pedagogo empresarial, não significa que esse profissional veio para tirar a função
do psicólogo, mas fazer parceria entre as duas profissões. O psicólogo tem maior capacidade
de análise do problema, então o pedagogo fica com a didática, que é característica da
pedagogia, com isso ocorre uma maior facilidade na resolução de conflitos dentro das
empresas.
Conforme cita Ribeiro (2004, p. 43), “treinamento e programas de formação
profissional sustentam as mudanças e possibilitam melhores resultados com melhor qualidade
de vida”.
Para o desempenho global das organizações, o setor de recursos humanos junto com
a pedagogia empresarial está chamado a responder, de forma mais efetiva em termos de
contribuição, para o desenvolvimento de projetos e programas de treinamento e
desenvolvimento de pessoas, permitindo assim, o aumento da produtividade tanto em nível
pessoal quanto organizacional.
A revista Você S/A em um artigo de Izidoro (2006), intitulado “Agressivo sim”,
relata que para ter funcionários comprometidos tem duas condições essenciais: o indivíduo
tem que ser tratado como maior. Ele tem que pensar com a cabeça dele, ninguém pensa por
ele. Segundo: o indivíduo precisa viver emoções no papel profissional. Ser agressivo no
papel profissional não é agredir, é ter coragem de falar para o outro em que o comportamento
dele é inadequado, com isso instiga as pessoas a praticarem a empatia, que é se colocar no
lugar do outro.
De acordo com Ribeiro (2004, p.54):
As estratégias para a adoção de procedimentos técnicos e
científicos no desenvolvimento de recursos humanos
minimizam as insatisfações e torna mais efetiva a
correção dos desvios surgidos no decorrer do processo de
trabalho.
Partindo desse pressuposto, não cabe mais pensar, que no século XXI ainda se tem
organizações vivendo na enfermidade da rotina, essa foi substituída pelas transformações
permanentes e pelas mudanças constantes. A mudança deve ocorrer focada em objetivos,
sempre deixando claro aos participantes do processo as perspectivas de benefícios que irá
ocorrer para a empresa e conseqüentemente para os mesmos.

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Gaudêncio (1999, p. 109) ressalta;


Todo o trabalho de mudança nas empresas deve focalizar
as motivações humanas, e cabe à empresa estabelecer as
condições necessárias para que elas sejam usadas, na
medida em que são forças propulsoras e reforçadoras do
trabalho.
A não resistência às mudanças é requisito fundamental dos profissionais atuais. As
empresas precisam ter cuidado e atenção muito grandes quanto ao envolvimento das pessoas
em processos de mudanças. É necessário que elas sejam preparadas, orientadas para a
mudança. Caso isso não aconteça, ocorre sérios danos aos resultados profissional e à vida
particular do funcionário, prejudicando sua qualidade de vida.
Conforme Gaudêncio (1999, p. 115), “qualquer mudança na empresa deve começar
por uma profunda noção das motivações humanas, e o uso desses conhecimentos levará o
líder da mudança a atuar de maneira mais eficiente”.
Estudos apontam que as organizações que enfrentam as mudanças com sucesso têm
profissionais que motivam e inspiramos os colaboradores. Esses profissionais assumem uma
postura de treinadores de desempenhos. Promovem o treinamento no trabalho, são os
mentores em seu caminho de transformação para atingir o melhor de suas potencialidades. É
um trabalho que exige tempo e muito esforço, mas resulta em colaboradores motivados,
prontos a aceitar desafios e tomar iniciativas.
Então, cabe ao pedagogo, desempenhar o papel de articulador dessas mudanças, em
parceria com especialistas, identificar e levantar as vantagens e benefícios das mudanças para
o trabalho. O pedagogo deve tranqüilizar os envolvidos no processo, assim, cria um ambiente
pacífico, para que tudo aconteça da forma mais produtiva possível.
Entende-se que toda mudança acontece por meio de um processo que, geralmente, é
demorado e, acima de tudo, requer adaptação cultural dos envolvidos. De acordo com
Almeida (2006), as empresas têm um ciclo de vida parecido com o das pessoas, quando esse
ciclo for comparado com o estado evolutivo, têm empresas que são maduras na gestão, mas
possuem um corpo velho e há empresas com corpo novo, mas com gestão ultrapassada ou
conservadora ao extremo.
Segundo Tavares (apud ALMEIDA 2006, p.39);
O processo de mudança organizacional se torna mais,
complexo conforme mais variáveis que são incluídas na
história da empresa: valores, culturas e tecnologias. Para
se protegerem contra as mudanças, as instituições
endurecem a sua resistência, formalizando rituais,
costumes e tradições. Esta resistência, algumas vezes,
leva a incapacidade de enfrentar um novo ambiente e
acaba levando a empresa à estagnação e ao fracasso.

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A CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL DA PEDAGOGIA EMPRESARIAL PARA


AS ORGANIZAÇÕES

No contexto atual, é indispensável no interior das empresas a inserção do pedagogo


empresarial, o mesmo conhecimentos especializados em educação, organização,
planejamento, avaliação, seleção, recrutamento desenvolvimento e treinamento de
funcionários.
Então, a educação tem grande importância na reestruturação do mundo do trabalho,
no espaço produtivo, faz-se necessário que o profissional da educação, dotado de bases
teóricas e metodológicas sólidas, assuma um espaço e forma efetiva no interior das empresas
(ALMEIDA, 2006).
A atuação do pedagogo empresarial precisa acontecer de forma relacionada e
cooperativa a outros profissionais de gestão, ele não pode trabalhar sozinho, isolado como se
não entendesse nada de empresa. Trabalhando em parcerias, é possível desenvolver e efetivar
planos, projetos e ações que visem à melhoria de atuação dos colaboradores, bem como o
aumento da produtividade e da lucratividade.
Conforme afirma Almeida (2006, p.7), “O Pedagogo Empresarial tem o domínio de
conhecimentos, técnicas e práticas que, somadas à experiência dos profissionais de outras
áreas, constituem instrumentos importantes para a atuação na gestão de pessoas”.
Portanto, a educação representa condições básicas para o desenvolvimento da
humanidade e assume grande relevância na reestruturação do mundo do trabalho. Então, o
trabalho do pedagogo empresarial contribui significativamente com os processos de produção,
desenvolvimento pessoal e intelectual, visando à qualidade de vida e o maior objetivo das
organizações; o aumento da lucratividade.
No entanto, a gestão de pessoas é hoje um dos principais focos de atenção dos
líderes das organizações. O processo de modernização das organizações eliminou
significativamente, as barreiras entre os mercados e o acesso às tecnologias de administração,
produção e comercialização, tornando o capital humano um dos grandes diferenciais
competitivos. Assim, é necessário garantir que os funcionários estejam em número suficiente,
bem treinados, preparados, motivados e comprometidos com os propósitos da organização.
Portanto, ficou claro no decorrer do texto, que não existe para o pedagogo uma
função ou um cargo específico. O pedagogo empresarial é mediador da multiplicidade de
possibilidades que visam ao crescimento pessoal e empresarial. O pedagogo precisa ter
discernimento necessário para atuar e desenvolver suas habilidades, competências de acordo
com a realidade de cada contexto que vai atuar. Sempre tendo sensibilidade para atender aos
anseios dos indivíduos e das organizações, sendo assim, esse caminho desenvolve o
crescimento pessoal e profissional de forma contínua e permanente.

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REFERÊNCIAS

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Janeiro: Brasport, 2006.

ARANHA, M. L. de A. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989.

COTRIM, G. Educação para uma Escola Democrática: história e filosofia da educação.


São Paulo: Saraiva, 1987.

GAUDENCIO, P. Mudar e Vencer: como as mudanças podem beneficiar pessoas e


empresas. São Paulo: Editora Gente, 1999.

GAZETA DO POVO. Curitiba, Ano 89 ed. 27.553 abr. 2005.

IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza.


São Paulo: Cortez, 2000.

IZIDORO, MARIA. Agressivo Sim. Revista Você S/A, São Paulo, ed. 100, p. 88-91 out.
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LIBÄNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

NÓVOA, A. Formação de professores e trabalho pedagógico. São Paulo: Educa, 2002.

RIBEIRO, A. E. do A. Pedagogia empresarial: atuação do pedagogo na empresa. Rio de


Janeiro: Wak, 2003.

VEIGA, I. P. A. & RESENDE, L. M. G. de. (orgs.). Escola: espaço do projeto político-


pedagógico. Campinas: Papirus, 1998.

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