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Educação e Formação de Adultos - Nível Secundário

Núcleo Gerador: Identidade e Alteridade


Área de Competência: Cidadania e Profissionalidade
Competência: Reconhecer princípios de conduta baseados em códigos de lealdade
institucional e comunitária

Critérios de Evidência:
• Demonstrar empatia e reacção compassiva e solidária face ao outro;
• Interpretar códigos deontológicos;
• Relatar princípios de conduta e emitir opinião fundamentada.

Nome: __________________________________________Data: ____/____/______

CARTAS DO INFERNO (RAMON SAMPEDRO)


08-04-2008
Hoje eu quero falar do filme espanhol "MAR ADENTRO", que conta a história de Ramón Sampedro. Quem nao
viu, está indicado...não irá se arrepender.

O diretor Alejandro Amenábar após conhecer a história polêmica deste homem, bem como o seu livro "Cartas do
Inferno" (foto da capa no post), decidiu relatar em filme todo o drama que passou o tetraplégico Ramón
Sampedro.
Ramón buscou pelas vias legais o direito de renegar a vida, pois esta para ele deixou de ser digna a partir do
momento em que mergulhou no mar, do alto das pedras, e por distração não calculou o tempo de recuo da onda,
batendo com a cabeça no fundo causando uma lesão que o deixou completamente tetraplégico. Ele se recusava
a usar a cadeira de rodas porque para ele aceitar a cadeira seria aceitar migalhas. Assim, deitado em uma cama,
Ramón Sampedro viveu por 29 anos. Após as tentativas de conseguir nos tribunais o direito à eutanásia, Ramón
obteve ajuda de uma amiga e cometeu suicídio ingerindo 200g de cianureto de potássio dissolvido em água, sem
deixar qualquer pista que pudesse incriminar sua amiga que, alguns anos após a prescrição do “crime”,
confessou ter ajudado Ramón a planejar tudo.
O que me chama a atenção neste filme é que eu entendi completamente o drama de Ramón e realmente para ele
a morte era uma solução. Ora, pra quem era mecânico de navio porque tinha intenção de conhecer o mundo
viajando, ficar tetraplégico era o pior dos piores castigos. Ramón dizia: Pra conhecer o mundo
inteiro....MARINHEIRO! Aos 20 anos ele já havia percorrido quase que o mundo todo. Os anos passaram e com
certeza, muito ele pensou sobre sua condição e decidiu, estava de fato convencido, que o melhor seria abdicar da
vida.
Durante esses tempos de cama, Ramón escreveu vários poemas, que depois foram publicados com a ajuda de
sua advogada, que segundo o filme, sofria de uma doença degenerativa. O livro foi escrito à boca.

Na pele de Ramón, o ator Javier Bardem (realizador da melhor interpretação psicopata cinematográfica em “Onde

Técnico/a de Organização de Eventos


Cidadania e Profissionalidade
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os Fracos Não Têm Vez”). Virei fã do cara!

Pode parecer estranho, mas a morte para alguns é solução. E a igreja católica, que afirma ser Deus um
misericordioso, se contradiz quando se opõe à eutanásia.
Pra encerrar, como este fotolog é cheio de intenções poéticas, vai o poema de Ramón que dá nome ao filme.
Salve Ramón Sampedro...que Deus o tenha!

MAR ADENTRO (Ramón Sampedro)

Mar adentro, mar adentro


E na leveza do fundo
Onde os sonhos se cumprem
Juntando-se às vontades
Para realizar um desejo
O seu olhar
E o meu olhar
Como um eco repetindo, sem palavras:
– Mais adentro, mais adentro
Pra lá de tudo
Pra lá do sangue e dos ossos
Mas desperto sempre
E sempre quero estar morto
Para seguir com a minha boca
Enredada nos teus cabelos.

Tratá-lo humanamente: "Em que consiste tratar o outro como outro, quer dizer,
humanamente? Consiste em tentares pôr-te no seu lugar. Reconhecer alguém como
semelhante implica acima de tudo a possibilidade de compreendermos a outra pessoa a partir
de dentro, de adoptarmos por um momento o seu próprio ponto de vista. É algo que se me
impõe perante os seres, como eu próprio, capazes de manejar símbolos. Afinal, sempre que
falamos com outra pessoa o que fazemos é estabelecer um terreno no qual quem agora é
«eu» sabe que se transformará num «tu» e vice-versa. Se não admitíssemos que existe
qualquer coisa de fundamentalmente igual entre nós (a possibilidade de eu ser para outro o
que o outro é para mim), não poderíamos trocar uma palavra que fosse. Pormo-nos no lugar
do outro é algo mais do que o começo de toda a comunicação simbólica com ele: trata-se de
levar em conta os seus direitos. E quando os direitos faltam é preciso compreender as suas
razões. Porque há uma coisa a que qualquer homem tem direito frente aos outros homens,
ainda que seja o pior de todos os homens: tem direito - direito humano - a que um outro
tente pôr-se no lugar dele e compreender o que ele faz e o que ele sente. Mesmo que seja
para o condenar em nome de leisde
Técnico/a que toda a sociedade
Organização deve admitir. Numa palavra, pores-te
de Eventos
Cidadania
no lugar do outro é tomá-lo a e Profissionalidade
sério, considerá-lo tão plenamente real como tu próprio."
2
F. Savater (2000), Ética para um Jovem, Lisboa, Ed. Presença, pp. 94-95.
Reflexão DR1 – NG4
Depois dos textos analisados durante este Domínio de Referencia e de ter
visualizado um excerto do filme: Mar Adentro. Elabore uma reflexão sobre os
conteúdos abordados.

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Cidadania e Profissionalidade
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