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ESCOLA SAGARANA
Educação
para a vida
com dignidade
e esperança
Escola Sagarana - 2
julho de 2001
Edição revista e ampliada
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Apresentação
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Este é um documento aberto e que tomará forma
mais elaborada depois de praticados os
procedimentos que permitam a construção coletiva
do Plano Mineiro de Educação, de caráter decenal,
privilegiando o conceito da Educação para todos
durante toda a vida.
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alcançados são expressivos, como se pode constatar nos diversos setores das
Subsecretarias de Desenvolvimento Educacional e de Administração do
Sistema de Ensino.
Portanto, a base deste documento foi elaborada em 1999, e integra a
primeira edição deste livro e constitui o passo inicial do governo Itamar
Franco na área da Educação, em consonância com o Plano Mineiro de
Desenvolvimento Integrado – PMDI – preparado pela Secretaria de
Planejamento e Coordenação-Geral.
Esta edição, revista e ampliada quase dois anos após a primeira publicação,
contém avaliações dos programas e projetos inspirados pela nova política
educacional de Minas Gerais, a Escola Sagarana, apresenta evoluções e
alterações trazidas pela crítica e pela prática, resultando em aperfeiçoamentos
e avanços muito significativos para a educação em Minas Gerais.
Permanece como documento aberto e que, dentro dos princípios que regem
o planejamento aplicado à Educação de curto, médio e longo prazo, tomará
forma mais elaborada depois de praticados os procedimentos que permitam a
construção coletiva do Plano Estadual de Educação, de caráter decenal,
privilegiando o conceito da Educação para todos durante toda a vida.
O sentido dinâmico do planejamento a partir da realidade, mas em
contínuo processo de acompanhamento, controle e avaliação, que conduz
necessariamente ao replanejamento, reforça a idéia de que este documento é
ponto de partida e, assim, deve ser conhecido, estudado e debatido. É evidente
que os programas e projetos que o constituem estão e estarão sendo
executados, sofrendo alterações, redefinições, retificações e aprofundamentos
em função da metodologia adotada.
Este documento é uma referência do trabalho desenvolvido pela Secretaria
da Educação em sua dimensão de reflexão para debates a serem promovidos
desde a escola até os encontros regionais e estaduais, com a forma de fórum e
de base ao Plano Decenal de Educação, cumprindo-se assim o ciclo processual
do planejamento da Educação, cujo norte será a Educação para a vida com
dignidade e esperança, isto é: a educação a serviço da coesão social e da
participação democrática, preocupada com o desenvolvimento humano e com
a cidadania.
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1. Introdução
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de modo que, opondo-se à padronização técnica de viés autoritário, estimule
as diferenças e as contribuições do rico universo cultural mineiro; que articule
as atividades educacionais com o setor produtivo, envolvendo a participação
das famílias, de instituições sociais e comunitárias, das empresas e de
organizações não governamentais; que seja capaz de organizar conteúdos
curriculares inteligentes e atraentes, voltados para
“aprender a aprender,
aprender a fazer,
aprender a viver e a conviver,
aprender a ser” .
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Como indica a Carta dos Educadores Mineiros, no âmbito da educação
básica, o Sistema Mineiro de Educação deverá:
ampliar o conceito e a escolarização obrigatória até o ensino
médio;
reconhecer a importância das parcerias, estimulando-as;
ampliar e democratizar a oferta de educação infantil, caminhando
progressivamente para sua universalização e contemplando,
prioritariamente, as populações mais carentes;
no ensino fundamental, garantir a matrícula a todas as crianças
em idade escolar, com especial atenção às áreas urbanas periféricas e
ao meio rural, oferecendo tratamento diferenciado aos que dele
necessitam – especialmente aos que se encontram em situação social
de risco - e fazendo da educação um dos meios facilitadores da
cidadania e da superação das desigualdades sociais;
incentivar os programas de educação de jovens e adultos e
garantir às populações rurais serviços educacionais identificados
com suas necessidades e expectativas.
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qualidade e atendimento a suas necessidades de saúde, alimentação,
segurança, habitação, cultura, desporto, lazer.
Para a consecução de seus objetivos, o Sistema Mineiro de Educação
haverá de, necessariamente, valorizar os profissionais que nele atuam. Essa
valorização supõe, entre outras ações, a instituição de nova carreira, com a
correspondente formulação de planos de cargos e salários e outros
instrumentos, sempre mediante ampla participação de todos os setores
envolvidos; a dignificação da atividade profissional pelo respeito e diálogo
permanentes; implementação de sistemáticos programas de treinamento e
aperfeiçoamento continuado dos profissionais da educação.
EM RESUMO, a Educação é vital, considerando-se suas correlações com
diversos setores e áreas, nas relações de emprego, de produtividade, de
competitividade, geração e uso de tecnologias modernas. A educação está
intimamente ligada às questões do ambiente, à formação e preservação dos
valores, prevenção contra a violência, as drogas, as doenças sexualmente
transmissíveis, etc. Sobretudo, é vital na busca da felicidade, do bem comum,
nas relações humanas, na promoção do Humanismo.
Propõe-se o governo de Minas Gerais a construir um Sistema Mineiro de
Educação que tenha identidade própria, que democratize as oportunidades,
atendendo todos os mineiros. Que respeite as diversidades regionais, dentro da
unidade de princípios e de objetivos da educação, socialmente justo e que seja
discutido com a base do sistema educacional, que são os professores, os
diretores, os especialistas da educação, alunos e pais de alunos, enfim, a
comunidade em geral.
3. Diagnóstico
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Contém zonas de alta concentração urbana, como a região metropolitana de
Belo Horizonte, e extensos vazios populacionais, como os vales dos rios
Jequitinhonha e Mucuri. Tem regiões altamente desenvolvidas no setor
industrial e de serviços, imensas áreas de expansão agrícola e zonas onde a
exploração mineral se destaca por seus aspectos positivos e seus impactos
sobre o meio ambiente, reservas indígenas e territórios onde afloram
problemas e conflitos agrários. Todo esse contexto e a complexidade dessa
síntese tem que ser considerada nos planos de ação educacional.
Minas tem mais de 5,4 milhões de alunos (5.440.794, conforme o Censo
Educacional/2000) matriculados em mais de 18.500 escolas. Só a rede
estadual tem perto de 2,9 milhões de alunos na educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio, atendidos em mais de 3.900 escolas.
A evolução das matrículas no ensino fundamental vem indicando uma
redução da demanda, determinada pela queda das taxas de natalidade no
Brasil, na última década. Esse movimento contribuiu, de certa forma, para o
sucesso da política de universalização do ensino. Em Minas, 98% das crianças
em idade escolar estão estudando, índice superior à média nacional (97%),
mas esse indicador altamente positivo não pode esconder outra realidade:
segundo dados da Fundação João Pinheiro, cerca de 400 mil crianças em todo
o Estado continuam fora da escola, premidas, principalmente, pelas condições
sociais e econômicas adversas e pela necessidade de ingressarem cedo no
mercado de trabalho.
A matrícula efetiva na rede estadual foi influenciada também pela
municipalização do ensino fundamental, praticada com intensidade entre os
anos 1992 e 1998. Assim, a redução das matrículas na rede estadual foi
acompanhada do aumento de matrículas nas escolas municipais. Essa linha de
ação, que não obedeceu, na época, a um planejamento rigoroso e provocava
distorções e prejuízos ao Estado, foi alterada a partir de 1999 com a suspensão
das municipalizações.
O quadro de atribuições da união, dos estados e municípios em relação à
educação é definido pela Lei 9.394, de 23 de dezembro de 1996, que
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Assim, cabe
aos estados assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o
ensino médio.
Aos municípios, compete oferecer a educação infantil em creches e pré-
escolas e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as
necessidades de sua área de competência. União, estados e municípios, por
determinação das constituições federal e estaduais, devem investir em
educação, no mínimo, 25% de suas receitas.
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A criação do FUNDEF (Fundo de Desenvolvimento e Manutenção do
Ensino Fundamental e Valorização do Magistério), em 1996, intensificou
processo de municipalização. O ponto de partida para isso é uma distorção
grave do mecanismo proposto pelo FUNDEF: como os recursos do Fundo são
distribuídos com base no número de matrículas registradas nas redes estadual
e municipais, o aluno foi “transformado” em unidade monetária: quanto mais
alunos na rede de ensino, maior o volume de recursos recebidos.
O resultado é que, mesmo representando um razoável avanço, ao criar um
sistema eficiente de financiamento da educação, a engenharia financeira do
FUNDEF contém distorções graves, como a utilização do número de
matrículas do ano anterior para definição dos índices de cada estado e
município, além de permanecer atrelado a uma política econômica que
promove o achatamento do custo-aluno calculado pelo MEC e, com isto,
impede o aporte de recursos novos para a Educação nos estados e municípios.
Esses fatores estão na origem da política de nucleação, que levou ao
fechamento de inúmeras escolas rurais e à quase extinção de importantes e
produtivas experiências pedagógicas.
De outro lado, a mesma legislação determina à administração pública um
patamar mínimo de investimento no ensino fundamental. O estado e os
municípios devem aplicar, no mínimo, 60% dos recursos do FUNDEF em
pagamento do pessoal de magistério e o restante em manutenção e
investimento, sempre em favor do ensino fundamental.
Em várias oportunidades, dirigentes municipais e estaduais e de entidades
representativas da educação no país têm manifestado restrições ao
regulamento do FUNDEF e sugerido alterações de forma a ampliar as
possibilidades de investimento no setor.
O ensino médio foi excluído dessa fonte de financiamento, embora a
demanda de vagas, escolas e professores venha registrando crescimento
elevado e permanente – em Minas a quantidade de alunos nesse nível duplicou
nos últimos cinco anos. Também foi excluída a educação infantil, essencial
para a preparação das crianças para o processo de ensino e aprendizagem,
provocando o fechamento de inúmeras escolas e criando grandes dificuldades
para estados e municípios retomarem essa modalidade de ensino.
As municipalizações realizadas de 1992 a 1998 não seguiram qualquer
projeto racional, levando a Secretaria de Estado da Educação a firmar uma
série de convênios inadequados do ponto de vista pedagógico, inexeqüíveis no
aspecto econômico-financeiro e legalmente insustentáveis, quanto à sua
formalização.
A par de transferir escolas, séries e turmas para a responsabilidade dos
municípios, o Estado assumira, naquela ocasião, compromissos de obras, de
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manutenção, custeio e pessoal que não teve condições de cumprir. Como
conseqüência, além das perdas de caráter pedagógico, houve prejuízos
financeiros para o Estado, elevação de custos e criou-se um paradoxo: muitos
municípios recebiam recursos do FUNDEF para pagamento de pessoal e não
conseguiam aplicá-los integralmente, pois uma boa parte de seus professores
era mantida pelo Estado, com servidores efetivos colocados em adjunção ao
município.
A partir de 1999, foi preciso suspender o processo de municipalização no
ensino fundamental, reduzir as adjunções, reavaliar a política e definir novos
critérios de parceria entre o Estado e os municípios, de forma a preservar o
patrimônio público, promover o melhor aproveitamento do pessoal de
magistério e resguardar as condições necessárias à manutenção da qualidade
da educação.
N a E d u c a ç ã o I n f a n t i l , o Estado reduziu drasticamente sua
participação, a ponto de manter apenas 11 mil crianças matriculadas no final
de 1998, situação que se pretende corrigir ao longo do tempo e conforme a
disponibilidade de recursos, de pessoal e a possibilidade de estabelecer
parcerias com os municípios.
Essa modalidade de educação não é beneficiada por mecanismos oficiais de
financiamento, o que desestimulou os municípios a assumirem
responsabilidades nesse campo e tornou muito difícil ao Estado retomar, como
seria recomendável, a antiga atribuição. A Secretaria da Educação vem
estudando programas alternativos e buscando formas para seu financiamento,
parcerias com as prefeituras, empresas, entidades e organizações da
comunidade. O Censo Escolar 2000 registrou nessa modalidade de ensino
12.207 alunos na rede estadual e 324 mil na municipal.
N o E n s i n o F u n d a m e n t a l , com 1.916.245 milhões de alunos
matriculados (dados do Censo Escolar 2000), a adoção apressada do sistema
de ciclos nas quatro séries iniciais criou uma espécie de promoção automática
que comprometia a qualidade e criava dificuldades para o sucesso no processo
de ensino e de aprendizagem. Foi preciso interromper essa política e abrir uma
ampla discussão sobre a forma mais adequada de organização do tempo
escolar e formulação da proposta pedagógica de cada escola, que teve sua
autonomia reconhecida e afirmada a partir de 1999.
O instrumento para isso foram os fóruns regionais, coordenados pelas
superintendências regionais de ensino, realizados em todo o estado e
destinados a subsidiar as discussões para que cada escola decidisse sobre o
sistema de organização do tempo escolar mais adequado às suas condições,
considerando as peculiaridades locais, os recursos humanos disponíveis, o
interesse da comunidade escolar.
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Após um longo processo de debates, no início de 2000, 69% das escolas da
rede estadual optaram por adotar o regime de ciclos. E para essas, a Secretaria
de Estado da Educação instituiu uma nova organização do tempo escolar em
três ciclos – o inicial, intermediário e avançado, sendo os dois primeiros de
três anos e o último de dois anos de duração. Essas escolas foram autorizadas
a criar os Núcleos de Aprendizagem Interativa (NAIs) destinados a
proporcionar atendimento específico aos alunos com dificuldades. Para as que
optaram pelo regime seriado, foi elaborado um programa de apoio visando o
aperfeiçoamento dos métodos de ensino, de avaliação de desempenho,
recuperação e promoção.
N o E n s i n o M é d i o , a pressão do mercado de trabalho e os
programas de aceleração de estudos levaram a uma forte expansão da
demanda. Em 1999, havia 736 mil alunos matriculados, número que, segundo
o Censo Escolar 2000, subiu para 843.018 no ano seguinte. No início de 2001,
foram abertas 3 mil novas turmas de alunos e o total de matriculados
aproximava-se de 1 milhão.
Para os próximos anos, a demanda continuará elevada, estimando-se que
haja uma estabilização a partir de 2005, o que exigirá um grande esforço na
organização do atendimento escolar. Inúmeras escolas de ensino médio foram
reabertas, evitando-se os erros registrados em 1998, quando o governo anterior
adotou uma política de nucleação nas zonas urbanas e rurais, deslocando os
alunos para longe de suas comunidades e deixando às prefeituras graves e
insolúveis problemas de transporte de estudantes.
O ponto crucial do ensino médio é a questão da escassez de recursos, já que
esse nível não dispõe de fontes de financiamento específicas e é mantido,
principalmente, com recursos do Tesouro Estadual. Ao mesmo tempo, o
Ministério da Educação vem promovendo uma ampla reforma do ensino
médio, com novos parâmetros curriculares, nova regulamentação visando a
preparação de alunos tanto para a continuidade dos estudos em nível superior,
como para o ingresso no mercado de trabalho por meio da profissionalização
de nível técnico e tecnológico.
N a E d u c a ç ã o P r o f i s s i o n a l , o governo anterior também
impôs a política de desativação dos cursos técnicos - inclusive de Magistério –
vários deles reabertos pela atual gestão para atender à reivindicação e ao
esforço demonstrado pelas comunidades, agora parceiras do Estado nessa
modalidade. Gradativamente, alguns desses cursos foram reativados e 184
deles já funcionam em todo o Estado. Também foram retomados os programas
de implantação de dez centros de Educação Profissional, sendo os cinco
primeiros em Brazópolis (em funcionamento desde o início de 2001),
Caxambu, Itajubá, Teófilo Otoni e Unaí.
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N a E d u c a ç ã o E s p e c i a l, Minas Gerais atende pouco mais de 10
mil alunos em 90 escolas e classes especiais. A linha de ação adotada na atual
gestão é pela inclusão, ou seja, a integração de alunos portadores de
necessidades especiais às turmas de ensino regular, dotando-se as escolas de
profissionais habilitados para lidar com eles. A outra linha de ação é de apoio
às instituições especializadas, principalmente as Associações de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAEs), que têm até 60% de seus professores
mantidos pelo Estado.
E v a s ã o e r e p e t ê n c i a continuam como grandes desafios da
educação em Minas. Em todos os níveis de ensino há índices negativos que
precisam ser combatidos, apesar do relativo sucesso dos estudantes mineiros
nos programas nacionais de avaliação de desempenho, alcançando pouco mais
da metade dos pontos e colocando-se nos primeiros lugares no cenário
nacional. As taxas de evasão continuam elevadas: de acordo com o Censo
Escolar 2000, em Minas Gerais 6,3% dos alunos do ensino fundamental
deixaram a escola. Esse índice é maior que em 1999 (4,3%), provavelmente
devido às pressões de ordem econômica e social e devido ao aprendizado
ineficaz dos jovens que freqüentaram os projetos de aceleração de estudos e
não continuaram na escola. Tal situação justifica uma ampla política de
envolvimento dos pais, do Ministério Público e especialmente dos professores
e dirigentes escolares para trazerem de volta à escola os alunos evadidos. Da
mesma forma, programas de combate ao trabalho infantil e à promoção de
renda mínima vinculada às necessidades educativas podem contribuir muito
para que famílias carentes mantenham seus filhos na escola (Bolsa-Escola).
Quanto à repetência, as taxas estão caindo, principalmente devido à adoção
crescente do regime de cliclos no ensino fundamental e à crescente
capacitação e treinamento dos professores da rede pública.
A e d u c a ç ã o d e j o v e n s e a d u l t o s mereceu avaliações
específicas, levando-se em conta o interesse social e a eficácia desses projetos,
incluindo a suplência no ensino fundamental e no ensino médio e os projetos
de aceleração de estudos. Trata-se de ferramentas úteis no processo de
aceleração de estudos e correção da defasagem idade/ciclo ou série,
importantes para a inclusão social de jovens e adultos que interromperam os
estudos e para aqueles que, por vários motivos, viram-se forçados a abandonar
os estudos.
Programas como o “Acertando o Passo” – destinado a alunos em
defasagem no ensino fundamental – e “A Caminho da Cidadania”, que atende
à demanda semelhante no ensino médio, cumpriram sua finalidade estatística,
mas há grande insegurança quanto à sua eficácia. O Programa de Avaliação da
Educação Básica (Proeb) constatou, em 2000, que os alunos desses projetos
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não apresentam rendimento suficiente para retornarem ao ensino regular nem
adquirem as competências básicas para prosseguirem nos estudos. Por tais
razões, muitos que concluíram estudos dentro de tais projetos encontraram
dificuldades no mercado de trabalho, chegando a ter certificados rejeitados;
outros não tinham desempenho adequado que lhes permitisse prosseguir
estudos no ensino regular.
Estudos feitos pela Secretaria da Educação indicam que a melhor
alternativa é encaminhar as demandas remanescentes para a educação
supletiva e continuada, garantindo-se o retorno e a continuidade dos estudos
para adolescentes e jovens que abandonaram a escola e querem voltar a
estudar. Essa alternativa vem sendo viabilizada com a instalação de novos
Centros de Educação Supletiva e Continuada (CESECs), na capital e no
interior do estado. A criação do Sistema de Ação Pedagógica (Siape) é um
poderoso mecanismo de apoio e de atuação direta nas escolas para permitir
uma evolução adequada na avaliação, desempenho e aproveitamento de
estudos para que se mantenha movimentação e fluxo adequados.
A f o r m a ç ã o e c a p a c i t a ç ã o de recursos humanos para a
Educação contou com financiamentos do Banco Mundial, através do programa
Pró-Qualidade, com base em convênio firmado em 1995 prevendo empréstimo
de US$ 150 milhões e igual contrapartida do Estado. Desse programa, restava
para execução, em 1999, uma última etapa que prevê investimento de US$
20,5 milhões. Esses recursos estão sendo utilizados nos programas de
capacitação de professores e dirigentes, agora revistos e com nova orientação
baseada nos princípios da Escola Sagarana.
A capacitação de professores e de dirigentes é tarefa essencial da Secretaria
de Educação e será permanente, assim como a formação continuada e o
incentivo à inovação educacional, visando a melhoria da qualidade do ensino e
a valorização dos profissionais do magistério, objetivos que serão perseguidos
por meio de parcerias com as universidades e instituições de ensino superior
instaladas em Minas Gerais.
Assim, o Programa de Capacitação de Professores - PROCAP e o
Programa de Capacitação de Dirigentes – PROCAD tiveram continuidade na
gestão 1999-2002, após uma avaliação de conteúdos, filosofia e métodos,
sendo adaptados à linha de ação estabelecida pela Escola Sagarana. Mais de
105 mil professores e 6 mil dirigentes foram integrados à nova fase.
Visando habilitar professores das redes municipais e estadual que não têm
curso superior e atuam da primeira à quarta série do ensino fundamental, a
Secretaria lançou o Veredas – programa de formação superior de professores,
que beneficiará 15 mil profissionais, utilizando metodologias de educação a
distância.
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A q u e s t ã o d o f i n a n c i a m e n t o da Educação é crucial, e por
esta razão, a Secretaria da Educação está integrada aos movimentos
organizados pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação
(CONSED) pela reformulação do FUNDEF, de forma a atender às reais
necessidades de investimento no setor, e pela preservação do salário-educação
como uma das principais fontes de financiamento à Educação nos estados e
municípios.
O comportamento dessas duas fontes vinha sendo errático, com oscilações
no valor dos repasses, provocadas pela recessão econômica, e devido à
atuação organizada de empresas e entidades empresariais na proposição de
ações judiciais contra o pagamento do salário-educação.
A relativa estabilidade da economia, contudo, refletiu-se no volume de
impostos arrecadados, resultando numa lenta evolução positiva da receita
proveniente do FUNDEF. Nos primeiros seis meses de 1999, as receitas
representadas pela Quota Estadual do Salário-Educação em Minas Gerais
tiveram uma queda da ordem de 5%, reagindo lentamente devido à retomada
da contribuição por centenas de empresas derrotadas nas ações judiciais que
propuseram. Além disso, as quotas depositadas em juízo reverteram para o
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Quanto ao
FUNDEF, a totalidade dos recursos repassados ao Estado é utilizada no
pagamento de pessoal – rubrica que ainda depende de complementação
financeira proveniente do Tesouro Estadual para que seja mantido em dia,
conforme é compromisso do atual governo.
A Secretaria da Educação participa da comissão nacional que estuda, em
nome do CONSED (Conselho Nacional dos Secretários de Educação), os
mecanismos de financiamento da educação nacional. Além de apresentar seus
pleitos com relação à reformulação do FUNDEF, a secretaria apresentou
estudos sobre a reformulação desse fundo que proporcionaria ao Estado e aos
municípios um reforço orçamentário significativo, com dotação de novos
recursos para investimento. E apóia todos os movimentos que visam à
inclusão do ensino médio e da educação infantil como beneficiários dos
recursos do FUNDEF.
Q u a n t o à d e m a n d a d e v a g a s, acentua-se o aumento do
atendimento ao ensino fundamental nas redes municipais (até 1999 foram
transferidos para as redes municipais 562.768 matrículas), e pequeno
decréscimo na rede estadual. Em relação ao ensino fundamental, o
atendimento encontra-se, praticamente, universalizado, atingindo 98,04%. O
ensino médio, apesar do grande incremento no atendimento, está bem longe da
universalização, encontrando-se matriculada menos da metade da população
escolarizável na faixa de 15 a 19 anos. A grande maioria dos alunos do ensino
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médio está sob a responsabilidade do Estado – as redes municipais, conforme
o Censo Escolar 2000, têm apenas 393 unidades escolares atendendo nesse
nível de ensino, enquanto a rede estadual tem 1.444 escolas.
A mobilidade de alunos no ensino fundamental em Minas Gerais, medida
pelo Ministério da Educação através do Censo Escolar 2000, indica que a taxa
de repetência está em declínio, enquanto as de evasão e de promoção subiram
em relação ao ano de 1999.
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4 - Políticas Públicas para a Educação
Parâmetros básicos da
Política Estadual de Educação
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“Educação e cultura são termos indissociáveis de uma mesma
equação cuja solução aproveitará, necessariamente, à cidadania, à
eficiência profissional e à equidade social.”
“As políticas e diretrizes setoriais terão como pressuposto a
participação social e a democratização de oportunidades, opondo-se
decisivamente à elitização e à exclusão.”
4.1. Objetivos
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Desenvolver ações articuladas entre os diversos setores para
favorecer o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente.
Incentivar a defesa e prática dos direitos humanos, em especial da
criança e do adolescente, e a observância dos princípios da convivência
harmônica e solidária.
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Garantia de critérios democráticos para escolha de diretores de
escolas estaduais, com participação da comunidade escolar.
Garantia da prática da gestão democrática das escolas, com
valorização do colegiado e respeito ao interesse da comunidade escolar
e dos que vivem em torno da escola.
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Reexame dos procedimentos de avaliação vigentes no Estado,
buscando conformar modelos centrados na avaliação qualitativa cuja
ênfase recaia no desenvolvimento progressivo do processo ensino-
aprendizagem.
Reformulação da sistemática de correção do fluxo escolar e
atendimento à população com defasagem idade-série, visando convertê-
las em mecanismo pedagógico que privilegie a formação integral do
aluno.
Substituição da cultura da reprovação e da repetência, bem como
da promoção automática, pela cultura do sucesso escolar.
Implantação do Programa Familiar para a Educação – Bolsa-
Escola
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convencionais de qualificação, com apoio das instituições de ensino
superior.
Reforma e diversificação do ensino médio, de maneira
compatível com as realidades regionais, com ênfase na educação básica
geral.
Desenvolvimento e estímulo a metodologias para serem utilizadas
no ensino noturno de forma a aproveitar e certificar, para fins
curriculares, estudos e conhecimentos apropriados pelo aluno no mundo
do trabalho.
Promoção de entrosamento do ensino médio com a educação
profissional, inclusive no que se refere ao denominado “Pós-Médio”.
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4.2.9 - Educação indígena
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subsistema regular e supletivo de educação, permitindo agregar
conhecimentos originados de diversos setores da sociedade.
Implementação de rede regionalizada de centros públicos de
educação profissional.
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4.2.15 - Estudos e pesquisas em educação
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5 – Tendências da Educação para o século XXI
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O físico Goéry Delacôte afirma que, embora a educação seja, hoje, um
sucesso em termos de amplitude, é urgente a evolução do sistema educacional,
particularmente quanto ao papel dos professores, o reconhecimento da
importância crescente da educação a distância e das novas tecnologias e o
desenvolvimento dos sistemas de avaliação, compreendendo a que se aplica ao
final de cada ciclo de estudos e a que contribui à formação do educando no
curso da aprendizagem – isto é, a avaliação continuada.
Delacôte afirma, ainda, que ao saber puramente formal devem suceder os
saberes de aplicação e os meta-saberes. Enfim, enquanto o sistema financeiro
funciona na ordem de alguns microssegundos e o sistema produtivo trabalha
com algumas semanas, o tempo de aprendizagem será continuamente mais
longo. Os espaços da aprendizagem serão também mais variados e a própria
cultura da aprendizagem será afetada pela interatividade.
O terceiro intelectual que contribui para as novas fronteiras da educação é
o português Roberto Carneiro que, de certa forma, sintetiza algumas das
colocações anteriores ao falar da “educação para todos durante toda a vida”.
Carneiro também coloca o seu pensamento quanto às grandes perspectivas
da dimensão social da aprendizagem, a saber:
- a compatibilização entre as exigências da mundialização e a busca das
raízes nacionais e locais será resolvida pela busca de uma coesão social
fundada no fortalecimento da democracia e em crescimento econômico mais
equânime;
- os quatro pilares da aprendizagem são retomados do relatório da
Comissão Delors (Educação, um tesouro a descobrir/Unesco) voltados para o
futuro:
• aprender a aprender (ou aprender a conhecer),
• aprender a fazer,
• aprender a viver e a conviver e
• aprender a ser.
O autor diz que essas missões parecem extremamente simples em sua
formulação, mas são de aplicação delicada em um mundo fragmentado em que
diferenças culturais, lingüísticas e étnicas alimentam conflitos. Por isso,
precisam ser combinadas com os pilares do desenvolvimento em que uma
nova sociedade do conhecimento deverá conciliar, harmoniosamente, direitos
e obrigações;
- a educação, marcada fortemente por um estatuto social, que conduz à
exclusão, deverá preocupar-se com nova forma de conhecimento de natureza
inclusiva que favoreça o desenvolvimento pessoal e cultural, a formação da
cidadania vinculada a uma comunidade, porém identificada com a
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humanidade e o exercício da educação continuada ao longo da existência de
cada ser humano, mesmo fora do sistema escolar.
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cultura, com a comunidade e, ao mesmo tempo, com a nação e a própria
humanidade?
Na falta de definições mais objetivas, o melhor critério é o comedimento,
ferramenta primordial da sensatez. E o bom senso recomenda refletir sobre
que características gerais seriam importantes para sustentar o desenvolvimento
humano e a sociedade moderna, para criar condições de prosperidade em
nosso país, em nosso estado, em nossas comunidades, para que todos tenham a
oportunidade e os instrumentos necessários à busca da felicidade.
Esta é a porta para a qual só existe uma chave: é pela educação que se pode
abrir o caminho para que cada um busque a felicidade a seu modo, conforme
suas habilidades e o seu contexto social e cultural. A educação, por si só, não
opera milagres nem muda realidades. É, sim, um processo contínuo, efetivo,
de resultados duradouros, mas lentos. Educar é alimentar sonhos, é torná-los
consistentes, é construir esperanças, transformar realidades.
Mas é preciso estar atento a tudo o tempo todo. A rapidez do mundo
moderno, a versatilidade das comunicações, a volatilidade dos conceitos éticos
e morais são circunstâncias que nos exigem uma capacidade extrema de
observação, de assimilação e de adaptação. Exigem de todos, em qualquer
atividade, uma velocidade quase meteórica de reagir, de agir e de interagir, de
responder aos estímulos do meio em que se vive, entender e superar
obstáculos, intervir na realidade e torná-la melhor a cada dia.
Cada uma dessas enormes tarefas envolve conceitos sobre os quais há
consenso quanto à importância de serem praticados a cada momento,
disseminados por todos os segmentos e comunidades, mesmo estando em
permanente processo de mutação e diretamente influenciados pelo grau de
contextualização política, social e cultural. É o caso da cidadania, fundamento
da vida política moderna, da ética, que fornece as bases da vida social, da
solidariedade e da fraternidade, fundamentais para a preservação da vida, da
espécie humana, do meio em que vivemos.
Por tal ordem de razões, a primeira opção de qualquer sistema educacional
deve ser pela consistência ética, com grandeza de propósitos e cercada de
humanismo por todos os lados. É desprovido de ética, por exemplo, qualquer
plano que se limite a propor o adestramento de operadores de máquinas, que
pense o ser humano apenas por uma de suas facetas, a de agente econômico a
serviço de modelos que, mais dia menos dia, se descobre, têm horizonte
limitado no tempo e na história.
É por tais circunstâncias que é inconcebível a instituição de sistemas
educacionais que tendam a reproduzir a perversidade inata dos modelos de
Escola Sagarana - 32
desenvolvimento que privilegiam conceitos como competitividade, mercado,
individualismo, supremacia da produção sobre a inventividade. É preciso
romper com as propostas que se atêm apenas ao mundo do trabalho, à
formação de meros operadores de máquinas, autômatos habilitados para
entender manuais de instruções e códigos e atalhos dos sistemas operacionais.
Para contrapor esses modelos é preciso propor a construção de mentalidades
novas, versáteis, repletas de informações e caracteres típicos da diversidade
humana. Qualquer proposta educacional tem que levar em conta a pluralidade,
o respeito à multiplicidade de feitios e interesses humanos, a mobilidade das
estruturas sociais, das transformações econômicas, das culturas local, regional
e nacional. E que leve em conta que somos todos cidadãos do mundo.
A longo prazo, portanto, só a educação geral é capaz de dar à maioria dos
cidadãos os instrumentos para enfrentar as realidades do próximo milênio. E
ela deve estar voltada para a construção do conhecimento, a formação do
homem na sua integralidade e o aperfeiçoamento da vida social. Esse é o
melhor e o mais permanente dos antídotos contra os desajustamentos
provocados pela excessiva especialização, que pulveriza métodos e
tecnologias e tolhe a articulação de conjuntos e de ações sistêmicas.
A formação geral deve tomar por base o desenvolvimento de habilidades
elementares, como a leitura, a escrita e a interpretação; desenvolver a
capacidade de raciocínio matemático, lógico e funcional, e sobre ela construir
os fundamentos da ciência, da tecnologia, do progresso, da democracia, da
ascensão social, da organização da comunidade. Essa formação perpassa a
vida toda do estudante, da pré-escola até a vida universitária e pós-
universitária, mas suas bases se erguem diretamente sobre os alicerces do
ensino fundamental e do ensino médio, obrigações do Estado, deveres da
sociedade.
Articular as ações educativas de forma a aumentar a oferta de serviços
educacionais, buscar fórmulas criativas e aperfeiçoar mecanismos de captação
e distribuição de recursos para financiamento da educação, capacitar recursos
humanos e elevar a qualidade do ensino têm sido metas permanentes em nossa
gestão na Secretaria da Educação de Minas Gerais. E essas tarefas passam por
um esforço especial, que hoje é do governo e que deve ser de toda a
comunidade: a defesa e a valorização da escola pública.
É claro que há escolas de baixo rendimento, mas há também ilhas de
excelência – na média, as escolas mineiras são de boa qualidade. Foram
vítimas, sim, da indústria do vestibular, que procurou desqualificá-las além do
limite, mas é somente por meio da rede pública que o país terá a possibilidade
Escola Sagarana - 33
de realizar o ideal de democratizar e universalizar o direito e o acesso à
educação de qualidade.
Cabe à universidade dedicar esforço especial à valorização do ensino
fundamental e do ensino médio, a começar por uma redefinição do perfil dos
professores que forma a cada ano, adequando-se à realidade do país e aos
desejos da sociedade. Esse novo professor há de ser, acima de tudo, um
cidadão comprometido com a ética, com cidadania, com a responsabilidade
social, sintonizado com as realidades do novo mundo que se abre neste
terceiro milênio. Isso implica, certamente, mudanças curriculares, introdução
de novas metodologias, desenvolvimento de novas experiências, pesquisa e
extensão.
Cabe ao Estado coordenar essas ações de forma a encontrar espaços para a
necessária integração, mas nada se produzirá nesse campo se não houver, de
ambas as partes, vontade política, arrojo e disposição para a cooperação. Um
dos caminhos mais promissores é a adoção de mecanismo de
compartilhamento de responsabilidades com as instituições de ensino superior,
que têm contribuição importante a dar nas áreas de planejamento, gestão,
acompanhamento pedagógico, avaliação, formação inicial, capacitação e
educação continuada.
Escola Sagarana - 34
partidos e, especialmente, capitais, trazendo consigo a cultura ao
individualismo, ao privatismo, ao Estado mínimo.
A evolução é cada vez mais rápida e encontra a grande maioria dos
países despreparados, incapazes de acompanhar a marcha para o futuro. A
conseqüência é dramática. Alarga-se a cada dia o fosso entre os países que
criam e dominam as tecnologias e aqueles que se utilizam delas ou as
adquirem em produtos ou materiais acabados. Os blocos e zonas de livre
comércio formam-se conforme a vontade dos países poderosos, sufocando as
possibilidades das alianças políticas e econômicas regionais.
Nesse ambiente e a longo prazo, só a Educação pode reconstruir valores
permanentes e bases sólidas para o desenvolvimento sustentado nas
potencialidades do País, sem perder de vista a inserção na comunidade
internacional. O professor tem um papel fundamental nesse processo, podendo
tornar-se agente transformador na medida em que contribuir para a formação
de uma nova consciência. A educação será peça de resistência, base para a
reconstrução dos valores locais e regionais, revitalização do sentimento
nativista, fortalecimento de laços culturais e comunitários.
Cabe à educação disseminar e ampliar essa capacidade de resistência – e
esta é a proposta da Escola Sagarana – fortalecer as convicções e construir a
adesão das novas gerações a um projeto de vida e de desenvolvimento
econômico e social que leve em conta o interesse dos mineiros, em primeiro
plano, e dos brasileiros, por conseqüência. Porque soberania nacional não se
constrói com discursos nem com decretos, mas pela conscientização, pelo
exercício pleno e amplo da liberdade, da democracia, com dignidade e com
responsabilidade cidadã.
A opção feita por Minas Gerais – exposta no slogan “Educação para a
vida com dignidade e esperança” – é pela construção de mentalidades novas e
versáteis, repletas de informações, capazes de assimilar a realidade e agir
sobre ela com espírito transformador. Significa ir muito além do papel de
formar pessoas habilitadas para disputar espaço no mercado de trabalho
(capazes de ler manuais de operação de sistemas e repetir operações), pois o
mundo do trabalho é apenas uma das faces da inserção das gerações no plano
dos desafios do novo milênio.
Essas definições de ordem estratégica são ainda baseadas em estudos e
pesquisas recentes acerca do perfil do estudante e da escola no próximo
século. Nesses levantamentos, fica evidente que a sociedade atual espera que
os futuros cidadãos sejam capazes de analisar situações, encontrar alternativas
e resolver problemas; que sejam participativos, adaptados para o trabalho em
Escola Sagarana - 35
equipe e com espírito de liderança; que tenham formação multidisciplinar,
estejam prontos para o exercício da cidadania, sintonizados com os problemas
do mundo e sejam membros participantes da vida comunitária.
Fora do plano das individualidades, o Sistema Mineiro de Educação deve
contemplar a diversidade cultural e respeitar a identidade de cada região,
valorizando e preservando suas manifestações e as relações comunitárias. E
apontar a perspectiva do bem estar e da esperança como ingredientes para a
busca da felicidade. É essa utopia que impulsiona a mobilidade social, que faz
com que cada geração seja melhor, mais digna e mais feliz do que a anterior,
estimulando e desenvolvendo valores sociais e humanos que contribuam para
a harmonia e a paz social, como fraternidade, generosidade, solidariedade,
ética, justiça social, dignidade do trabalho, preservação da vida e do ambiente.
O desenvolvimento dessa política educacional de fundo humanista e
democrático exige uma postura nova, também, da parte dos educadores. Não
há mais a escola detentora e transmissora de conhecimento, ensimesmada,
autoritária, impositiva. O educador precisa entender o ritmo de seus alunos,
conhecer suas habilidades e suas circunstâncias para ter condições de
proporcionar uma educação de qualidade. E precisa preparar-se para essa
missão, mantendo-se em permanente aprendizado, atento a todas as mudanças,
em constante aperfeiçoamento, comprometendo-se com os objetivos sociais da
educação.
Cabe ao Estado proporcionar aos profissionais da educação os
instrumentos necessários ao desempenho de missões tão ambiciosas. E isso se
fará pela valorização do pessoal do magistério, criando-se condições para o
seu permanente aperfeiçoamento, desenvolvimento pessoal e profissional,
assegurando-se a manutenção de suas conquistas e criando-lhes novas
perspectivas. Da mesma forma, cabe ao Estado criar os estímulos e
mecanismos de controle social para que a gestão democrática da escola abra
caminhos para a participação da comunidade na definição dos objetivos, dos
meios e das propostas pedagógicas a serem aplicadas. É esta integração que
garantirá a sintonia entre a escola, a comunidade e a cidadania, numa
perspectiva duradoura e capaz de transformar a realidade.
Como se vê, não é tarefa para um governo só nem é exclusiva dos
poderes públicos. O regime de cooperação que a Secretaria de Educação de
Minas Gerais vem desenvolvendo coloca em destaque o estabelecimento de
alianças com organizações comunitárias, órgãos de classe dos trabalhadores e
dos empresários, universidades, organismos nacionais e internacionais. E
dessa troca virão, a cada dia, os procedimentos de planejamento, coordenação,
acompanhamento e controle, num círculo virtuoso de cooperação capaz de
Escola Sagarana - 36
avaliar, controlar e realimentar o sistema, confirmando ou reorientando
políticas, planos e ações.
A Escola Sagarana, como conjunto de princípios, estratégias, planos,
define o compromisso de Minas Gerais com a Educação. É proposta aberta e
democrática, como sempre, permeável à participação e à contribuição de toda
a sociedade, num processo permanente e dinâmico. Essa é a verdadeira
construção da nossa soberania e o caminho para plantá-la, definitivamente, no
coração e na consciência dos mineiros de hoje e do futuro.
Escola Sagarana - 37
de uma época específicas, mas o homem universal, defrontando-se com
problemas eternos.”
A palavra Sagarana, hibridismo cunhado pelo mais mineiro e
universalista dos escritores brasileiros para denominar seu primeiro livro,
lançado em 1946, resulta da união do radical germânico SAGA – que significa
narrativa épica em prosa, ou história rica em acontecimentos marcantes ou
heróicos – com o elemento RANA, que é de origem tupi e representa a idéia
de “à maneira de, típico ou próprio de”. Ou seja, além de uma inovação
lingüística, com o neologismo Sagarana, Rosa também quis deixar “a
sugestão de histórias em que o elemento local, regionalista, se associa a uma
dimensão maior de interesse universal”, como diz o crítico literário Sami
Sirihal.
E esta seria a síntese radical para o sentido da Escola Sagarana e os objetivos
que se pretende atingir com ela: uma educação que, perseguindo sempre a
qualidade, tome por base os sentimentos e a cultura dos mineiros, tão voltados
para o sentimento nativista, a mineiridade que nos faz singulares na medida
em que sintetiza características de vários rincões brasileiros, e os valores
universais que, a um só tempo, ressaltam a preservação da vida, da dignidade
humana e da esperança sempre renovada.
A Escola Sagarana é isto: Educação a serviço da construção de uma vida com
dignidade e esperança, para todos os mineiros. É mais que uma logomarca
para o Plano Mineiro de Educação, define-se pelo conjunto de planos,
programas, projetos e atitudes baseadas no compromisso social com as futuras
gerações, e pressupõe a justiça social e a criação de oportunidades iguais para
todos, a promoção da liberdade e o respeito à diversidade social, cultural,
humana.
Sob a denominação de Escola Sagarana reúnem-se todos os princípios,
estratégias e objetivos da política educacional de Minas Gerais e sua
identidade com a cultura e o povo mineiro. É definida ainda pelo
compromisso de atuar na busca, construção e transmissão de conhecimentos
que contribuam para a preparação dos jovens para a vida, em toda a sua
complexidade. É um plano de educação para a vida.
Escola Sagarana - 38
São metas da Escola Sagarana:
No plano estratégico,
são prioridades da Escola Sagarana:
Escola Sagarana - 39
O SIGNIFICADO DO TERMO “SAGARANA”
Escola Sagarana - 40
Cresce a exclusão social. Cada vez um número maior de seres humanos
não tem acesso aos recursos básicos para a sobrevivência. Ao mesmo tempo,
alguns valores se estabelecem como se fossem verdades absolutas e acabam
por ditar as normas de convivência entre as pessoas.
Sob o rótulo do respeito à individualidade, cresce o individualismo
egoísta. Sob a capa da pretensa liberdade para a concorrência, cresce a
competição inescrupulosa. Perde-se a perspectiva da importância do coletivo e
a prática da solidariedade é cada vez mais restrita. E, na educação, as políticas
adotadas até aqui simplesmente reproduzem o quadro perverso das
desigualdades sociais, realimentando o modelo e criando o círculo vicioso da
pobreza criando pobreza, concentração de renda, exclusão, desigualdade.
Vivemos, de fato, numa sociedade profundamente injusta que, orientada
pela lógica do mercado, transforma todos em mercadoria. Os padrões de
consumo acabam por desenvolver na consciência das pessoas a convicção de
que ter é mais importante do que ser.
Este é um tempo difícil, e viver talvez, nunca tenha sido tão arriscado,
mas, por outro lado, nunca foi tão desafiante.
Escola Sagarana - 41
formação do ser humano, afirmando e ou reafirmando valores como:
solidariedade, justiça, liberdade, compromisso com o coletivo e outros.
É fundamental recuperar a utopia, não como uma ilusão, mas como a
possibilidade concreta do vir a ser, resgatando a esperança e o potencial de
cada ser humano para revolucionar a sua existência e a vida social.
A escola, por meio do processo educativo, pode apontar para a
construção de uma sociedade justa, democrática e solidária. É nesta
perspectiva que está desenhada a proposta da Escola Sagarana.
Escola Sagarana - 42
A proposta da Escola Sagarana supõe uma escola essencialmente
democrática e, por isso mesmo, inclusiva. Nesta perspectiva, pode-se dizer
que a Escola Sagarana tem a sua proposta político-pedagógica alicerçada nos
seguintes eixos:
O que é Bolsa-escola?
A Bolsa-escola tem o objetivo de garantir a permanência da criança na
escola, combatendo o trabalho e a prostituição infantil. As famílias carentes
recebem um benefício para que possam manter na escola, todos os seus filhos
na faixa etária de sete a quatorze anos.
O Programa se estrutura de acordo com uma série de critérios rígidos,
que são fundamentais para garantir a sua credibilidade e a sua eficácia. Para se
cadastrar no Programa, exigem-se das famílias os seguintes requisitos: ter
filhos na faixa etária de sete a quatorze anos matriculados na escola pública;
ter renda per capita familiar igual ou inferior a meio salário mínimo e ter
residência comprovada no município por pelo menos três anos. Feito o
cadastramento, as famílias são selecionadas conforme as condições
socioeconômicas devidamente apuradas pelos cadastradores.
Considerando a complexidade e as dimensões do Estado de Minas de
Gerais, o Programa está sendo implantado gradualmente, começando pelos
Escola Sagarana - 43
municípios do Vale do Jequitinhonha e tendo como critério de prioridade os
indicadores socioeconômicos de cada cidade da região. O valor do benefício
também pode variar, de acordo com os mesmos critérios. No ano de 2000, o
programa beneficiou 10.500 famílias em 19 municípios do Vale e, no ano
seguinte, foi estendido para mais 11 municípios e 6.500 famílias. A meta é
atingir toda a região, a partir de 2002.
É importante destacar que cada família selecionada recebe um
benefício, ou seja, uma Bolsa-escola, independente do número de filhos. A
manutenção do benefício exige que todas as crianças tenham uma freqüência
mínima de 90% às atividades escolares. O Programa prevê também o
acompanhamento sistemático das famílias, com o desenvolvimento de um
conjunto de ações sociais integradas visando melhorar as condições de vida,
para que a concessão do benefício possa vir a ser desnecessária.
Escola Sagarana - 44
Há uma grande discussão sobre a pertinência ou não de se incluir a
palavra política, quando se trata de proposta ou projeto pedagógico.
A concepção da Escola Sagarana, visando uma escola democrática e
inclusiva, sustenta a necessidade de se trabalhar na perspectiva do projeto
político-pedagógico, por várias razões, dentre as quais é importante destacar:
- a construção do projeto político-pedagógico não se restringe a
uma questão de técnica de planejamento. O conhecimento das
técnicas de planejamento é muito importante, mas para contribuir
com o projeto político;
- a construção coletiva de um projeto político-pedagógico passa,
necessariamente, pelo planejamento participativo. Isto significa que
a participação dos profissionais da educação e de outros segmentos
da comunidade deve se efetivar em todas as etapas de elaboração e
execução do projeto, sem perder de vista as especificidades do
trabalho escolar. Os professores, especialistas e servidores não
devem se preocupar apenas sobre o “como fazer” ou o “com que
fazer”, mas também sobre “o que fazer” e “para que fazer”;
- o planejamento participativo numa escola democrática tem como
ponto de partida o marco referencial, onde está incluída a dimensão
política da opção e da ação coletiva;
- a necessidade de se partir de um marco referencial, bem, como o
caráter participativo do planejamento significa que o projeto
pedagógico tem o compromisso de contribuir com a transformação
da sociedade, na perspectiva da justiça social.
Escola Sagarana - 45
colaborar, fazer o que está previsto que se faça; o autoritarismo presente em
nossa formação cultural e política sempre valorizou o “culto” à obediência,
transformando o direito de divergir em insubordinação.
É claro que nenhum educador será contrário à paz e à harmonia.
Entretanto, a construção dos consensos que são fundamentais para que a paz
se participação que escamoteia as divergências é o mesmo que descarta
qualquer possibilidade de divisão do poder. As pessoas participam, desde que
não decidam.
A participação efetiva supõe a convivência com a pluralidade das
idéias, com a discordância, com o conflito e a garantia do poder de decisão. É
assim que a proposta da Escola Sagarana entende que deve se dar a
participação, para que o discurso da construção coletiva se transforme em
prática permanente.
A construção coletiva de um projeto político-pedagógico de qualidade
tem como um de seus eixos fundamentais a equidade. Isto significa que as
oportunidades educacionais devem ser garantidas a todos.
A escola pública, atualmente, passa por profundas mudanças e convive
no seu dia-a-dia com inúmeras situações novas. Para responder a todos os
desafios que lhe são impostos, é fundamental fazer uma revisão da teoria e da
prática pedagógica. Nesta perspectiva, algumas questões devem ser
destacadas, quando se discute o projeto político-pedagógico da escola:
1 - A função da escola
Tradicionalmente, a escola incorporou a concepção de que o ato de
educar estava relacionado, quase que exclusivamente, com o processo de
ensino. Ensinar é um componente importante do processo educativo, mas não
é a sua única dimensão.
A escola de hoje tem como função formar o ser humano. Além dos
processos cognitivos, é essencial trabalhar com as crianças e adolescentes os
aspectos relacionados com a afetividade, com a formação da cidadania, com a
ética, com a sexualidade, com todas as dimensões do ser humano.
Ao assumir esta função, a escola se coloca diante da sociedade, como
agente de mudanças, capaz de interferir no processo histórico de forma
positiva.
Escola Sagarana - 46
3 - Os seres humanos são diferentes
O compromisso com a formação do ser humano e com o desafio de
fazer aprender tem que levar em conta as diferenças individuais dos alunos,
respeitando os ritmos e as características de cada um.
Escola Sagarana - 47
8 - O trabalho pedagógico é coletivo
Na escola democrática e inclusiva, o trabalho dos profissionais da
educação deve ser coletivo. Não se trata mais da ação individual de cada
professor ou de cada especialista, mas do trabalho integrado de todos os
profissionais da escola. Isto implica mudanças radicais, que passam pela
concepção do trabalho pedagógico e transformam substantivamente a rotina
da escola. É preciso garantir o espaço e o tempo necessários para que os
profissionais possam realizar reuniões periódicas de planejamento e
acompanhamento do processo educativo.
Escola Sagarana - 48
flexibilidade para se ajustar à concepção da escola formadora de seres
humanos, democrática e inclusiva.
No ensino fundamental, a organização em ciclos garante aos
profissionais da educação a liberdade pedagógica e a flexibilidade
indispensável para implementar o processo educativo, de acordo com as
referências já citadas. Este tipo de organização favorece o acompanhamento
das diferenças individuais dos alunos, o trabalho coletivo do professor, a
execução do currículo interdisciplinar e a avaliação com progressão
continuada.
Escola Sagarana - 49
comunidade escolar, acaba por favorecer a reprodução de vícios típicos de
uma cultura autoritária: fisiologismo, clientelismo, manipulação, etc.
O nosso desafio é construir uma cultura democrática. No caso
específico da gestão da escola, essa tarefa é ainda mais desafiante, porque
afeta diretamente o núcleo do poder.
Escola Sagarana - 50
Durante muito tempo, os processos de capacitação foram
compreendidos pelos professores e especialistas como instrumentos para
corrigir defasagens de formação, como também para garantir "acesso” a
melhores níveis salariais. Sem desconhecer a pertinência desse tipo de
incentivo, é importante deixar claro que esta é uma visão pragmática e
reducionista dos processos de capacitação.
A escola democrática investe na educação continuada como processo
permanente de construção do conhecimento. A mesma concepção do
conhecimento e de desenvolvimento curricular prevista no projeto político-
pedagógico da escola, deve permear a formação permanente de professores e
especialistas. Por isso, neste caso, além da ação do poder público, é preciso
trabalhar junto aos profissionais da educação, em cada unidade escolar, uma
outra cultura sobre a importância do conhecimento. Esta é uma tarefa
complexa, porque interfere de forma direta em comportamentos já
cristalizados no cotidiano de professores e especialistas. O investimento em
educação continuada deve ser uma exigência dos profissionais não só pelos
benefícios salariais que dela possam decorrer, mas como uma necessidade
para a realização do trabalho pedagógico coletivo.
Escola Sagarana - 51
É preciso ir além das relações artificiais, que tradicionalmente, a Escola
manteve com a comunidade: relacionamentos esporádicos, caracterizados por
comemorações festivas de determinadas datas ou acontecimentos. A
comunidade precisa identificar na Unidade Escolar e no processo educativo,
agentes permanentes de integração com os seus problemas e suas
necessidades, bem como um espaço privilegiado de luta pelos ideais de
justiça, humanismo e solidariedade.
Escola Sagarana - 52
reconhecendo a validade dessa dimensão, hoje ela é insuficiente. A proposta
de gestão consorciada transcende a prestação de serviços e identifica nas
Instituições de Ensino Superior, parceiras efetivas e, portanto, indispensáveis,
para o êxito da proposta da Escola Sagarana e a consolidação das diretrizes de
seu projeto político- pedagógico.
Trata-se de uma nova perspectiva, que , evidentemente, apresenta uma
série de dificuldades para a sua operacionalização. Por esta razão , este
também é um processo a ser construído.
O Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública (Simave),
iniciado no ano 2000, já trabalha com uma rede de Instituições de Ensino
Superior, com a concepção de gestão consorciada.
7 - Conclusão
Embora já tenha sido enfatizado, é importante destacar novamente que a
proposta da Escola Sagarana não é um projeto terminado. Trata-se de uma
construção coletiva que depende da participação da comunidade escolar e de
todos os atores sociais compromissados com a educação.
A concepção da “Escola Sagarana” não é apenas uma nova marca para
caracterizar uma mudança de governo. É muito mais que isso. É uma outra
concepção de sociedade, que implica outra concepção de Escola e processo
educacional.
_______
* Professora de História, ex-secretária-adjunta da Educação de Minas
Gerais
Escola Sagarana - 53
6 – A Educação em Minas no século XXI
Escola Sagarana - 54
O debate para a construção do Sistema Mineiro de Educação precisa, então,
levar em consideração os instrumentos legais já existentes, especialmente os
contidos nas legislações federal, estadual e municipais, bem como os
documentos e declarações produzidos nos fóruns internacionais e reafirmados
pelo Brasil. Sobretudo, esse debate deve alimentar-se de um ideal de inovação
e de transformação, que busca a todo tempo avançar e conquistar novos
espaços para o desenvolvimento da sociedade e da comunidade mineira.
Com tais pressupostos, a Secretaria da Educação de Minas Gerais vem
propondo aos educadores mineiros, conforme o desejo expresso no documento
final do 1º Fórum Mineiro de Educação, realizado em agosto e setembro de
1998, a instituição de uma instância permanente de avaliação, negociação,
construção e renovação do Sistema Mineiro de Educação. Por isso a Secretaria
da Educação convocou a Segunda edição evento – iniciada em junho de 2001
e com encerramento programado para outubro de 2001 – com a tarefa
primordial de fornecer subsídios para a formulação de proposta de uma Lei de
diretrizes e bases da educação mineira.
O objetivo é, primordialmente, instituir na forma de lei uma política de
estado para a educação em Minas Gerais, necessária para o sucesso do
processo educacional, capaz de suplantar os entraves da descontinuidade
administrativa provocada pela sucessão e alternância de governos mais ou
menos comprometidos com os princípios da educação de qualidade para
todos.
Na convocação do 2º Fórum Mineiro de Educação também pretendeu-se
gerar subsídios para a formulação de um Plano Decenal para educação no
estado, contendo princípios e objetivos gerais compostos a partir da consulta à
sociedade e aos agentes da educação, capaz de gerar e alimentar uma espécie
de compromisso em torno questões cruciais para as próximas gerações e para
o futuro do estado e do país.
Escola Sagarana - 55
7 – Programas estratégicos
Escola Sagarana - 56
SITUAÇÃO: Iniciado em 1999, o programa está em andamento e com
várias etapas executadas. Foram implantadas redes de comunicação no
campus da Secretaria, integrando toda a administração local e regionais via
internet; foram implantados sistemas de controle para as áreas administrativa e
financeira, de gerenciamento de recursos humanos(EDAB), custo
aluno(SICA), cadastro de escolas e prédios escolares, gestão de projetos e
orçamentos, gestão de pessoal, controle de transferência de recursos para as
escolas, de controle de despesas com viagens, despesas com energia elétrica e
água, convênios com prefeituras, inscrições para exames supletivos, sítio na
Internet.
Escola Sagarana - 57
profissionais da educação, democratizar as ações da Secretaria pelo acesso
público às informações, garantir eficácia e eficiência às ações do governo no
campo da educação, melhorar a qualidade da educação.
METAS: reorganizar as superintendências regionais de ensino quanto às
suas jurisdições, competências e mecanismos de atuação; profissionalizar o
servidores; criar e aperfeiçoar instâncias, sistemas e procedimentos de forma a
dar mais eficiência à administração.
ESTRATÉGIA: fortalecer a adoção de critérios técnicos na administração
da Secretaria; fortalecer os concursos públicos como forma de ingresso de
servidores; estabelecer um plano de carreira, cargos e salários compatível com
a missão de educar e com as funções exercidas; estabelecer programas de
treinamento e formação continuada para todos os profissionais da educação,
valorizando sua formação e aperfeiçoamento.
AÇÕES: Desde o início de 1999, várias medidas foram adotadas para
ajustar a administração da Secretaria às condições atuais, planos de ações e
metas de governo. A nova estrutura da Secretaria da Educação foi objeto de
estudos e propostas encaminhadas à Secretaria de Estado do Planejamento e
Coordenação Geral. Como resultado, o poder executivo enviou projeto de lei à
Assembléia Legislativa propondo a reestruturação da Secretaria. O projeto foi
aprovado e encaminhada à sanção do governador Itamar Franco.
O Plano de Carreira do Pessoal do Magistério foi debatido e elaborado por
uma comissão paritária formada por técnicos da Secretaria e representantes do
Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE). A proposta foi
encaminhada ao governo para avaliação de impacto funcional e financeiro.
Em abril de 2001, o governador Itamar Franco determinou, por meio de
decreto, a realização de concursos públicos para preenchimento de mais de 53
mil vagas nas escolas, superintendências regionais e administração central da
Educação.
Escola Sagarana - 58
7.3 Sistema de Avaliação da Educação Pública (Simave)
Escola Sagarana - 59
Ensino, com representantes dos municípios, dos professores e dos alunos,
evidencia que a avaliação passa a ser compreendida na sua dimensão social.
Não se trata apenas de aplicar testes, mas de formular democraticamente, em
conjunto com a comunidade educacional, as políticas do setor.
Construir uma nova cultura de avaliação implica ruptura com as práticas
tradicionais ainda em vigor no cotidiano da escola. E o SIMAVE é um
instrumento fundamental para se repensar, mais que o sistema educacional
como um todo, o trabalho pedagógico na escola. É claro que transformações
deste porte não acontecem de uma hora para outra.
A rede de ensino, em Minas Gerais, há algum tempo, vem discutindo a sua
prática e implementando transformações de forma competente. Apesar das
dificuldades, os profissionais da educação são comprometidos com o sucesso
do processo educacional. Os diretores das escolas são escolhidos por suas
comunidades e têm a consciência da importância da gestão democrática e
eficiente.
Enfim, as escolas de Minas Gerais têm uma história reconhecida, de
trabalho permanente e de luta pela qualidade do ensino. Tudo isto confere à
escola de Minas as credenciais necessárias para continuar avançando na busca
da Escola em que todos acreditam: autônoma, democrática e de qualidade.
Investir no Sistema de Avaliação da Educação Pública, mais que apostar, é
acreditar que o melhor instrumento para se atingir a eqüidade e a justiça social
é a oferta de uma escola de qualidade para todos.
Exclusão X Inclusão
Ao longo de seus quase cinco séculos, a história da educação brasileira tem
sido marcada pela exclusão. Primeiro, pela exclusão direta, explícita, já que o
acesso à educação era restringido por lei aos "homens livres"; posteriormente,
quando o acesso à educação já era garantido a todos do ponto de vista
jurídico-formal, a exclusão ocorria pela insuficiência de vagas na rede de
ensino público, que privilegiava as regiões mais desenvolvidas e as
populações abastadas. Isso explica, em parte, o fato de que, apesar do
crescimento experimentado, o dramático perfil de escolaridade da população
brasileira pouco tenha mudado. Nos últimos 40 anos, esta situação vem se
modificando, registrando-se extraordinária expansão da rede de ensino
público, que já nos anos 80 garantia vagas suficientes para o atendimento a
cerca de 90% da população urbana de 7 a 14 anos.
Entretanto, apesar da ampliação da rede física, as estatísticas confirmavam a
permanência do caráter excludente. Sobretudo, a garantia do acesso à escola
não estava resultando numa melhoria do perfil de escolaridade da população
brasileira. Existem inúmeros fatores que contribuem para o fracasso escolar,
Escola Sagarana - 60
entre eles alguns que são externos à escola, e outros que dizem respeito à
situação socioeconômica do país. Mas, também é verdade que alguns aspectos
do trabalho pedagógico concorrem efetivamente para aqueles maus resultados,
tais como, é bom destacar, a própria estratégia de avaliação costumeiramente
adotada.
Com efeito, a questão da avaliação educacional e, mais especificamente, da
avaliação do desempenho escolar, foi mantida em segundo plano, mesmo
durante os anos 70, quando a maioria dos profissionais da educação
denunciava incessantemente o uso da educação, no Brasil, como um
instrumento de legitimação das desigualdades sociais.
Por muito tempo a avaliação foi utilizada como instrumento de seleção
daqueles que passariam a integrar o seleto grupo dos "incluídos", social,
política e economicamente. Esse instrumento apontava os "competentes" e os
"incompetentes", os "capazes" e os "incapazes", aqueles que seriam premiados
e aqueles que seriam punidos, criando ainda uma imagem de que o bom
professor seria aquele que identificasse melhor esses dois segmentos, ou seria
aquele que reprovasse a maioria – esse era tido como um professor sério,
exigente, intransigente.
No contexto dos esforços pela democratização da escola pública no Brasil, é
indispensável repensar as práticas de avaliação tendo em vista fazer com que
elas percam o histórico caráter de certificação da desigualdade, de
predestinação ao fracasso escolar quando se trata das crianças que vêm dos
segmentos de menor renda. Para tanto, é preciso que se transforme a avaliação
em instrumento de identificação dos problemas do sistema educacional e do
processo ensino e aprendizagem.
Ou seja, a avaliação deve diagnosticar e apontar os fatores técnico-
pedagógicos que dificultam à maioria das crianças brasileiras o domínio dos
conhecimentos e habilidades considerados necessários ao êxito nas suas
trajetórias escolares e em suas vidas. Ao invés de premiar ou punir, a
avaliação pode e deve ser um instrumento que favoreça os objetivos
democráticos da eqüidade e da igualdade na área da educação. Não basta
garantir para todos o acesso à escola, é preciso garantir que todos,
independente de sua origem ou condição social, econômica, cultural, racial ou
étnica, tenham a oportunidade de acesso e permanência na escola. A educação
de qualidade, portanto, deve desenvolver-se numa perspectiva inclusiva, que
habilite seus alunos a uma participação efetiva na vida política, social e
econômica do país.
O sistema de avaliação
Escola Sagarana - 61
Os mecanismos para se fazer avaliações do sistema educacional são muitas
vezes vistos com desconfiança pela comunidade escolar, provocando
insegurança, angústia e tensão. O grande desafio que se coloca para a
educação é construir essa nova cultura de avaliação.
Os processos avaliativos, em todas as instâncias e momentos da vida
escolar, devem ser compreendidos como uma estratégia de realização de
diagnósticos, identificação de problemas e, quando for o caso, de
redimensionamento dos rumos do processo educativo. Isto significa que
avaliar não tem como objetivo punir ou classificar, mas fornecer as
informações básicas para a tomada de decisões na área da política
educacional.
Várias avaliações já foram realizadas na rede escolar do estado de Minas
Gerais, mas as unidades escolares, em sua maior parte, não tomaram
conhecimento dos resultados e não conseguiram perceber com clareza nem os
objetivos nem os desdobramentos dessas avaliações. A criação de um
verdadeiro sistema de avaliação, portanto, é um avanço qualitativo, no sentido
de se garantir a permanência do processo e fazer da avaliação parte integrante
do cotidiano escolar, numa perspectiva positiva, sem medos e sem angústias.
A ênfase na criação de um Sistema Mineiro de Avaliação significa, de
acordo com os princípios da Escola Sagarana, levar em conta as diferenças
regionais, a complexidade cultural que caracteriza o estado de Minas Gerais,
sem perder de vista, entretanto, as perspectivas global e universal.
Escola Sagarana - 62
Em cada Superintendência Regional de Ensino foi constituída a Comissão
Regional de Avaliação da Educação Pública que, além da Superintendência
Regional, será integrada também pelo representante da Instituição Regional de
Ensino Superior responsável pelo PROEB, por representantes dos municípios,
dos profissionais da educação e dos alunos. Essa comissão é responsável pelo
programa de avaliação na jurisdição da Superintendência Regional de Ensino
e pelo processo de avaliação continuada.
Escola Sagarana - 63
educação, discutindo a qualidade e a pertinência dos cursos de formação
inicial e de formação continuada atualmente oferecidos aos professores.
Eqüidade: O Estado verdadeiramente democrático deve garantir a oferta
de uma educação de qualidade para todas as crianças e jovens em idade
escolar, independentemente de fatores tais como raça, sexo, etnia, nível
socioeconômico ou região de moradia. O processo também contribui para a
definição de políticas que garantam que todas as escolas tenham condições de
oferecer uma educação de qualidade.
Publicidade: os resultados do programa de avaliação serão públicos. Isto
não significa expor indevidamente a escola. Pelo contrário! É fundamental
garantir a todo e qualquer cidadão o acesso à informação, principalmente
quando essa informação diz respeito às ações de órgãos públicos e quando a
maior ou menor possibilidade de melhoria da qualidade de vida do cidadão
depende da qualidade dessas ações. Esconder resultados ou sonegar
informações faz parte de uma cultura autoritária e clientelista que os
profissionais da educação combatem e que só tem contribuído para o
retrocesso e o atraso do processo educacional.
Perfil do Simave
OBJETIVOS: Promover a avaliação sistemática da rede pública de educação
básica; criar instrumentos de participação da sociedade e dos profissionais da
educação na gestão da escola pública; democratizar o acesso à informação
sobre a educação pública, desenvolver procedimentos de gestão de avaliação
das políticas públicas educacionais com base em princípios de equidade;
fortalecer a escola como instituição de promoção de igualdade de
oportunidades para todos os mineiros.
Escola Sagarana - 64
METAS: Desenvolver parâmetros e métodos de aferição do desempenho e
da qualidade nas redes estadual e municipais de educação básica; criar
parâmetros diferenciados de avaliação da rede pública de educação básica,
compatíveis com a realidade, a cultura e o desenvolvimento de Minas Gerais,
observadas as peculiaridades regionais; criar instrumentos de avaliação,
controle e acompanhamento para a permanente busca da elevação da
qualidade da educação básica; estabelecer mecanismos e sistemáticas de
gestão consorciada da rede pública de educação com base na cooperação e na
parceria entre o governo, sociedade, universidades e instituições de ensino
superior instaladas em Minas Gerais; promover a formação, adequação e
aperfeiçoamento de recursos humanos para atender às necessidades da rede
pública de educação básica e os objetivos da política educacional de Minas
Gerais.
ESTRATÉGIA: o SIMAVE está estruturado em programas setoriais
destinados à avaliação da educação básica em Minas Gerais, de caráter
universal e execução em parceria com instituições de ensino superior.
Escola Sagarana - 65
A organização do PROEB no Estado
Para viabilizar sua realização, o Proeb conta com uma Instituição
Coordenadora, que é a Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, por meio
do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação - CAEd, da
Faculdade de Educação. A UFJF é responsável pela elaboração, impressão e
distribuição dos testes; planejamento e acompanhamento da implantação do
programa; supervisão e acompanhamento do trabalho das instituições
regionais junto às 41 superintendências regionais de ensino; organização,
processamento e análise dos resultados dos testes; divulgação dos resultados e
apoio pedagógico às unidades escolares.
Também participam da implementação do programa 27 instituições de
ensino superior que, indicadas pela Secretaria de Estado da Educação de
Minas Gerais, após seleção, atuam no âmbito regional apoiando as atividades
programadas pela instituição coordenadora e as ações das superintendências
de ensino.
Este tipo de organização confirma um dos princípios básicos do Simave,
que é a gestão consorciada da educação básica, com a formação de uma rede
de instituições de ensino superior, devidamente articulada com a rede de
educação básica. Além disso, esta forma de organização garante ainda o
princípio da descentralização e da regionalização, sem que se percam de vista
as características comuns à população e à educação do estado de Minas
Gerais.
Os primeiros resultados do Proeb surgiram em 2001 com a implantação do
Sistema de Ação Pedagógica (Siape), das comissões regionais de apoio
pedagógico e do sistema de avaliação continuada. São mecanismos propostos
pelo Proeb, com atuação direta e permanente nas escolas. Deles resulta a
formação de equipes e estudos para análise dos boletins de avaliação da escola
e adoção das medidas necessárias à correção de rumos e superação de
eventuais deficiências, com apoio das instituições regionais de ensino superior
integradas ao programa.
Escola Sagarana - 66
A institucionalização do Sistema Mineiro de Avaliação da Educação
Pública é um salto qualitativo importante, entre outras razões, porque trabalha
com a perspectiva de resguardar a especificidade de Minas Gerais, tendo em
vista a formulação de políticas educacionais próprias, além de ser universal –
para toda a rede pública de ensino e para todos os alunos das séries escolhidas
– e apresentar resultado individualizado por escola.
Entretanto, cuidar do que é específico de Minas significa distanciamento da
perspectiva nacional. Por esta razão, é imprescindível a utilização de
instrumentos de análise que permitam a necessária comparação entre o Proeb
e o Saeb. Assim, os indicadores de proficiência - uma medida referente às
habilidades e competências desenvolvidas pelos alunos em cada área do
conhecimento – são os mesmos produzidos na escala nacional pelo Inep e
utilizada pelo Saeb.
Escola Sagarana - 67
combinando métodos de educação a distância e presenciais, com apoio de
material impresso, vídeos e internet.
São quase 60 mil profissionais que atuam nas redes de ensino estadual e
municipais de Minas Gerais sem a necessária habilitação, e, conforme previsto
na LDB, todos devem ter curso superior até 2005. Na primeira etapa, com
início previsto para fevereiro de 2002, o Veredas vai atender 12 mil
professores estaduais e 3 mil municipais, com material didático (textos e
vídeos) preparados por especialistas e distribuídos gratuitamente.
Essa habilitação será gratuita e obtida em serviço, de forma que a prática do
professor sirva como parte de suas atividades de curso, com acompanhamento
e orientação dos tutores. O projeto prevê a realização de provas para seleção
dos candidatos, organizadas pelas universidades consorciadas, e registro dos
diplomas no Ministério da Educação.
OBJETIVO: melhorar a qualidade do ensino nas redes estadual e
municipais, desenvolver metodologias de educação a distância, estimular o
uso de tecnologias avançadas de informática e comunicação, contribuir para a
redefinição o perfil dos cursos de formação de pessoal para área de educação.
METAS: habilitar em serviço 12 mil professores da redes estadual e 3 mil
das redes municipais na primeira etapa e, a médio prazo, habilitar 55 mil
profissionais que atuam nas escolas mineiras sem habilitação superior, integrar
as universidades ao processo formativo e promover adequação curricular.
ESTRATÉGIA: articular com as universidades e instituições de ensino
superior sistemáticas de gestão consorciada e de cooperação na formação de
recursos humanos para a educação, buscar novas definições quanto ao perfil e
currículo das faculdades de educação, promover a cooperação entre estado e
municípios no campo da formação de educadores, atrair profissionais de alto
nível para o estudo , preparação e elaboração de material didático adequado às
novas metodologias educacionais, obter o apoio e reconhecimento do curso
pelo Ministério da Educação.
BENEFICIÁRIOS: professores que atuam da primeira a quarta série do
ensino fundamental, sem formação superior, das redes municipais e estadual.
SITUAÇÃO: o projeto está finalizado e aprovado, com recursos definidos.
Foram divulgados os editais para seleção dos profissionais responsáveis pela
elaboração dos textos didáticos – a grande maioria deles é formada por
doutores em educação e mestres com doutorado em andamento.
INÌCIO: os cursos devem começar em fevereiro de 2202.
Escola Sagarana - 68
As desigualdades sociais vêm se acumulando no Brasil ao longo de sua
história. O capitalismo brasileiro se consolidou pela via do Estado (de cima
para baixo), impondo à sociedade sucessivas políticas econômicas
concentradas de renda e, por conseqüência, geradoras de uma desigualdade
perversa, condenando à miséria milhões de brasileiros.
A partir da década de 1990, as transformações que afetaram o mundo
alteram substancialmente as relações entre os seres humanos e exacerbam o
quadro de exclusão social.
Nos últimos anos, o discurso da prioridade para a educação passou a fazer
parte da agenda nacional. Entretanto, a política tem revelado que há uma
enorme distância entre “intenção e gesto”. Pois além de dar condições a que
toda criança tenha ingresso garantido na escola, é preciso garantir as
condições objetivas para que ela permaneça e tenha bom desempenho na
escola.
Ao lado do princípio de “universalização” tem de ser colocado o da
“eqüidade”, isto é, a democratização das oportunidades educacionais. É nesta
perspectiva que se coloca o Programa Bolsa Familiar para a Educação –
Bolsa-escola.
A importância do Bolsa-escola.
A preocupação com a renda mínima é histórica entre filósofos e
economistas e em vários países do mundo já estão em vigor programas dessa
natureza: Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, Bélgica, Suécia, França,
Espanha e Portugal. No Brasil, estudiosos trabalham esta proposta desde a
década de 1970.
Entretanto, o Programa Bolsa Familiar para a Educação – Bolsa-escola
adotado em Minas Gerais é mais do que um programa de renda mínima, pois o
seu enfoque principal não é apenas a distribuição de renda, mas a educação
como questão de direito e de cidadania.
Escola Sagarana - 69
crianças mineiras, em especial das regiões mais carentes, o direito de acesso à
educação de boa qualidade e permanência na escola.
Escola Sagarana - 70
Longe de ser uma ação paternalista, o Bolsa-escola incentivará o
desenvolvimento da cidadania e a consciência necessária dos direitos e
deveres das pessoas em relação à sociedade e ao Estado.
Nesta perspectiva, trata-se de um Programa formador de consciências,
combatendo todas as possibilidades de fisiologismo ou clientelismo,
estabelecendo a necessária ruptura com a cultura “do favor” e resgatando a
dignidade e a esperança.
Escola Sagarana - 71
8 – Programa permanentes
Escola Sagarana - 72
a cidadania e o sentimento de justiça social. Para tal, a escola deve se
concretizar como um espaço de harmonia, de alegria e de prazer, de forma a
fazer da PAZ e da FRATERNIDADE, um sentimento e uma ação
permanentes, enquanto valores próprios da humanidade.
ABRANGÊNCIA: todas as escolas das redes públicas e particulares.
ESTRATÉGIA: atuação pedagógica através da discussão de temas
relacionados à forma de valores, palestras, reuniões, articulação com a
comunidade, concursos e incentivo à formação da cidadania.
PARTICIPANTES: professores, alunos, escolas, lideranças comunitárias,
secretarias estaduais que atuam no campo social, Polícia Militar, Polícia Civil,
Ministério Público, Curadoria da Infância e da Juventude, organizações não-
governamentais.
BENEFICIÁRIOS: alunos e escolas da rede pública.
AÇÕES: atividades pedagógicas, realização de concurso de frases,
desenhos e textos sobre temas relacionados à paz. Os melhores trabalhos
foram reunidos em uma agenda para o ano 2000 – A AGENDA DA PAZ,
publicada pela Secretaria da Educação. Incentivar a formação de grêmios
estudantis que fortalecem o sentimento de grupo e desenvolvem a noção de
cidadania e participação política.
Escola Sagarana - 73
AÇÕES: consulta à comunidade para escolha dos diretores das escolas
estaduais, realizada em 1999, com a nomeação pelo governador Itamar Franco
de todos os diretores e vice-diretores escolhidos. Esses dirigentes passaram
ainda pelos cursos de capacitação. O regulamento do processo de escolha foi
aperfeiçoado para contemplar maior participação da comunidade. No ano
2000, foram eleitos os novos componentes dos colegiados escolares na grande
maioria das escolas estaduais, intensificados os trabalhos de orientação às
escolas sobre as atribuições e funcionamento dos colegiados. Também foi
intensificada a integração com a Rede Nacional de Referência em Gestão
Educacional (Renageste) e aperfeiçoados os critérios de organização,
participação e avaliação dos trabalhos inscritos para o Prêmio Nacional de
Referência em Gestão Escolar, com fortalecimento da rede estadual do
Renageste.
Escola Sagarana - 74
8.4 Programa de Educação Infantil
Escola Sagarana - 75
AÇÕES: Após vários meses de discussão, a Secretaria da Educação abriu a
possibilidade de cada escola escolher o regime de organização do
tempo escolar melhor adequado às suas condições e ao perfil de seus
profissionais. Como resultado, 68% das escolas estaduais já optaram
pelo regime de ciclos. Minas adotou três ciclos no ensino
fundamental: ciclo básico (nos três primeiros anos), ciclo
intermediário (do 4º ao 6º ano) e ciclo avançado (7º e 8º ano). Nas
escolas que optaram pelo ciclo, foi adotada a avaliação continuada do
desempenho escolar, com ênfase na avaliação formativa. Minas
também participa dos estudos visando a preparação de material
didático adequado ao regime de ciclos.
Escola Sagarana - 76
reforma ou construção e equipamento de escolas, desenvolvimento e
elaboração de material didático.
Escola Sagarana - 77
OBJETIVO: ampliar as oportunidades educacionais, intensificar as políticas
de inclusão e integração social, de atenção integral às crianças e adolescentes,
melhorar a qualidade do ensino.
METAS: atender, diretamente, ou através de parcerias com instituições
comunitárias as crianças e adolescentes portadores de necessidades educativas
especiais, preparar e treinar recursos humanos, promover a gradativa
integração das crianças e adolescentes especiais no ensino regular.
ESTRATÉGIA: estabelecer parcerias com prefeituras, instituições
especializadas e comunitárias para ampliar a capacidade de atendimento,
promover a formação e aperfeiçoamento de recursos humanos, desenvolver
parcerias com outras secretarias de estado e municípios para o atendimento
especializado.
AÇÃO: divulgação dos princípios, recomendações e critérios para a adoção
da política de integração, orientação às escolas e profissionais,
desenvolvimento de projetos e experiências nas escolas para facilitar a
integração, manutenção dos convênios com instituições especializadas no
atendimento a portadores de necessidades educativas especiais e acordos
operacionais para cessão de professores, técnicos e especialistas.
Escola Sagarana - 78
AÇÕES: qualificar grupos de voluntários; criar mecanismos de avaliação
de desempenho dos professores, voluntários e alunos; avaliar cursos existentes
e programar ampliação do atendimento; utilizar a rede de telessalas.
BENEFICIÁRIOS: jovens e adultos com mais de 15 anos de idade com
baixa escolarização ou analfabetos.
Escola Sagarana - 79
para que aperfeiçoem e intensifiquem a aplicação dos princípios e estratégias
da atenção integral. A partir dessas unidades, disseminar esses princípios e
estratégias a outros municípios, bairros e localidades não atendidos
diretamente pelos CAICs. Promover a cooperação e integração entre os órgãos
e entidades responsáveis pela prestação dos serviços sociais. Retomar ou
intensificar a cooperação com as universidades e outras instituições
interessadas na implementação da atenção integral.
AÇÕES: Instituição de grupo de trabalho, no âmbito da Secretaria da
Educação, encarregado de coordenar as atividades. Cooperação com a
Associação dos Dirigentes dos CAICs do Estado. Estabelecimento de formas
permanentes de cooperação entre os órgãos, entidades e instituições públicas e
privadas envolvidas. Realizado em 2001, no marco do 2º Fórum Mineiro de
Educação, o Seminário sobre
Educação Integral, com reuniões nas cidades de Belo Horizonte, Ituiutaba,
Januária, Muriaé e Poços de Caldas visando debates e coleta de subsídios para
explorar e ampliar as possibilidades de cooperação entre o Estado e as
prefeituras na retomada da política de atenção integral à criança e ao
adolescente.
PARTICIPANTES: Grupo de Trabalho constituído pela Secretaria da
Educação, secretarias da área social, demais entidades do Governo do Estado
interessadas, Associação dos Dirigentes dos CAICs, outras instituições públicas
e privadas com as quais se estabeleçam parcerias.
Escola Sagarana - 80
AÇÕES: Estabelecer convênios e parcerias com universidades e
organizações nacionais e internacionais para programas de cooperação e
formação de recursos humanos, formação de grupos de facilitadores e
atualização de equipamentos.
BENEFICIÁRIOS: professores das redes públicas estadual e municipal.
Escola Sagarana - 81
especialização; adoção de políticas de reconhecimento do papel social do
profissional da educação e sua efetiva valorização.
AÇÕES: Firmados protocolos de cooperação com a França e com Cuba;
ampliados os projetos de formação e capacitação de recursos humanos em
serviço; implantação de um banco de recursos humanos com pessoal
habilitado; atualização de profissionais e conscientização para a qualidade na
prestação de serviços públicos; implantação de cursos de integração e
reintegração de pessoal, cursos de capacitação de técnicos, treinamento de
pessoal de apoio e desenvolvimento das relações interpessoais e
interinstitucionais.
Escola Sagarana - 82
OBJETIVO: Melhoria da qualidade da gestão administrativa, financeira e
pedagógica do Sistema Mineiro de Educação e das escolas públicas,
aperfeiçoamento da gestão democrática, melhoria da qualidade do ensino.
METAS: Aumentar a eficiência da administração pública na prestação de
serviços educacionais; tornar transparente a administração; racionalizar a
aplicação dos recursos públicos e qualificar dirigentes de unidades e sistemas
educacionais.
ESTRATÉGIA: Intensificar a formação de agentes facilitadores;
intensificar as atividades de capacitação e treinamento em serviço de
dirigentes da Secretaria da Educação por meio de convênios e acordos de
cooperação com instituições nacionais e estrangeiras para obter
financiamento, capacitação e treinamento de dirigentes educacionais.
AÇÕES: ampliar a capacitação de administradores, diretores, vice-
diretores, pedagogos, inspetores e supervisores escolares através de cursos
seqüenciais, presenciais ou semi-presenciais, utilizando metodologias e
recursos técnicos da educação a distância , aperfeiçoar o processo de escolha
de dirigentes escolares, criar cursos para treinamento em práticas
administrativas e contábeis.
Escola Sagarana - 83
ensino superior para a coordenação e a execução do Programa visando o
treinamento de facilitadores estaduais e municipais. O Procap – Fase Escola
Sagarana começou suas atividades de capacitação em junho de 2001,
beneficiando 105 mil professores das redes de ensino estadual e municipais.
Escola Sagarana - 84
educacional e equipes de professores recuperadores para reintegração de
alunos em defasem idade-série; criar mecanismos de atendimento à demanda
residual; estudar a viabilidade de expansão do ensino supletivo em suas várias
modalidades, incluindo a de educação a distância; promover formação
continuada e aperfeiçoamento de docentes; estabelecer parcerias com o
Ministério Público e organizações não-governamentais para atuação conjunta
no combate à evasão escolar.
AÇÕES: Utilização permanente do programa Canal Educativo, com edição
semanal, transmitido via satélite e captado nas escolas por antena parabólica;
utilização da rede de telessalas e recursos da TV Interativa para formação de
recursos humanos e atendimento à demanda educacional; publicação de livros
da coleção Lições de Minas tratando dos temas ligados à inclusão social e
temas transversais a serem explorados nas salas de aulas.
Escola Sagarana - 85
METAS: Implantar 2 mil novas centrais de informática e laboratórios de
informática nas escolas estaduais e municipais; capacitar professores para uso
da informática na educação; informatizar as escolas propiciando sua
modernização administrativa e proporcionar a formação técnica de estudantes
e membros da comunidade para uso, programação, manutenção e montagem
de sistemas operacionais e equipamentos.
ESTRATÉGIA: parceria com o Ministério da Educação, prefeituras
municipais e entidades comunitárias para o equipamento das escolas e a
qualificação de professores-mutiplicadores.
PARTICIPANTES: escolas estaduais e municipais.
AÇÕES: ampliar e dinamizar a atuação dos Núcleos de Tecnologia
Educacional, ampliar a abrangência do Programa, priorizando o atendimento
àquelas escolas localizadas em regiões periféricas e que atendam populações
mais pobres.
Escola Sagarana - 86
OBJETIVO: universalizar o direito ao livro didático no ensino
fundamental; distribuir anualmente livros com conteúdos de todas as
disciplinas; fornecer aos professores manuais atualizados e orientações sobre
sua utilização.
META: monitorar e apoiar o sistema de escolha e distribuição de livros
didáticos a todas as escolas públicas de ensino fundamental no estado; adquirir
e fornecer material didático para escolas da rede estadual; promover a
avaliação permanente da qualidade dos livros utilizados pelas escolas públicas
para mantê-los compatíveis com a qualidade do ensino e a política
educacional de Minas Gerais.
ESTRATÉGIA: Apoiar o programa desenvolvido pelo Ministério da
Educação fiscalizando sua execução; desenvolver estudos visando o
desenvolvimento e elaboração de livros, manuais e outras publicações de
orientação aos professores, com apoio das universidades.
AÇÕES: estimular através de campanhas a conservação dos livro didático e
para-didáticos; promover a renovação dos acervos; estimular o hábito da
leitura e da pesquisa.
BENEFICIÁRIOS: 3,7 milhões de alunos das redes públicas
Escola Sagarana - 87
cardápios, controle de qualidade, saúde, higiene, conservação, estocagem e
manipulação de alimentos, cardápios alternativos e organização de hortas.
Implantado em cem escolas da capital o projeto piloto de aquisição de gêneros
da merenda escolar não perecíveis por meio do registro de preços, para
aumentar a eficiência do processo. Firmado convênio com o Centro
Tecnológico de Minas Gerais (CETEC) para realização de restes de qualidade
e de aceitabilidade de produtos selecionados para a merenda escolar.
RECURSOS: Secretaria da Educação e MEC
BENEFICIÁRIOS: 2,1 milhões de alunos das redes estadual e municipais
de todo o Estado.
Escola Sagarana - 88
AÇÕES: estimular o uso de novas metodologias e dinâmicas de grupo para
abordagem de temas da sexualidade e da afetividade nas escolas, com
capacitação de docentes e de agentes facilitadores entre os alunos.
ABRANGÊNCIA: 300 escolas da rede estadual da capital e do interior
PARCERIA: Fundação Odebrecht
Escola Sagarana - 89
- Elaboração: Secretaria da Educação, com a coordenação editorial da
Assessoria de Comunicação Social e, em alguns casos, executados em
parceria com organizações governamentais e não governamentais.
- Distribuição: para todas as escolas, órgãos públicos estaduais, prefeituras,
universidades, instituições e entidades ligadas à educação.
- Edição: em séries temáticas identificadas por inscrição na capa e cor
específica, a saber:
A) Idéias & Debates: artigos, ensaios, experiências e pesquisas sobre temas
culturais, históricos, e outros de interesse da Educação.
B) Inovações & Tendências: divulgação de experiências, novas
tecnologias, teses, ensaios, reportagens, artigos com temas pedagógicos.
C) Ações & Projetos: propostas institucionais, programas e projetos da
Secretaria da Educação, bem como suas avaliações e resultados.
- Formato: livro (15cm x 21,5cm) com lombada quadrada
- 100 a 200 páginas em papel apergaminhado 90g
- Capa: 4 cores, papel cartão 250g, verniz ou plastificada
- Fotos e ilustrações ou gráficos: capa (cor) e páginas internas (P/B)
Livros
Publicados:
I – Tiradentes, O herói que inventou a Pátria – diversos autores
II – Escola Sagarana; Educação para a vida com dignidade e esperança – 1ª
edição
III – Tempo escolar: hora de refletir, planejar e construir a Escola Sagarana
– diversos autores
IV - Merenda: Alimentação também se aprende na escola – diversos
autores
V – Dignidade, harmonia e paz: novo milênio sem exclusões – Campanha
da Fraternidade 2000.
VI – Escola Indígena: Índios de Minas Gerais recriam a sua educação –
diversos autores
VII – Lições de Minas – 70 anos da Secretaria da Educação – diversos
autores
VIII – Português: Língua Pátria, fator de identidade e resistência – diversos
autores
IX – Inovação Educacional: Escolas de Minas estão aprendendo a aprender
X – Prevenção às drogas: um desafio à comunidade escolar – diversos
autores
Escola Sagarana - 90
- Formato: Portal da Secretaria de Estado da Educação, independente mas
integrada àquelas mantidas pelo governo estadual no portal oficial, utilizando
o provedor e a consultoria da Prodemge.
- Objetivo: disseminar informações; dar transparência aos atos da
Secretaria, seus investimentos e sua atuação; permitir a interatividade e
ampliar as possibilidade de participação da comunidade na condução da
política educacional em Minas Gerais, democratizar as informações e o acesso
público à Secretaria da Educação.
- Conteúdo: conceitos, idéias, projetos e ações da Secretaria da Educação
de Minas Gerais, quadros, estatísticas, gráficos, artigos sobre a Educação em
Minas Gerais, perfis, informações, hipertextos e links relacionados aos
parceiros e seus projetos voltados para o campo da educação.
- Público alvo: público em geral, escolas, comunidade, universidades,
imprensa, prefeituras, governos, empresas interessadas no setor educacional.
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9. ANEXOS
Escola Sagarana - 92
Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, de competência estadual, e
os impostos de competência federal, os quais irão compor a transferência
federal no tocante ao Fundo de Participação do estado. Basicamente estes
recursos estão direcionados para o pagamento do pessoal e custeio
operacional da Secretaria da Educação, e seu montante está vinculado à
necessidade de recursos para fazer face a estas despesas.
2. Recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF - Estes
recursos são obtidos através de transferências da União e do Estado, sendo
recolhidos 15% das Receitas de FPM, FPE, ICMS, IPI – Exportação, Lei
87/96, e distribuídos entre os Estado e seus Municípios, de acordo com o
número de matrículas do ensino fundamental constante nas redes. Esta
receita depende basicamente de dois componentes: o primeiro, base do
montante de recursos que compõem o FUNDEF, ou seja, 15% das receitas,
cuja arrecadação vai depender da atividade econômica; o segundo, do
número de matrículas existentes no ensino fundamental regular, pois os
recursos são repassados com base no número de alunos.
3. Quota Estadual do Salário Educação – Estes recursos são obtidos
através de contribuição social de empresas que recolhem um percentual de
2,5% sobre a folha de pagamento de seus funcionários, destinados ao
financiamento de programas, projetos e ações voltadas para o ensino
fundamental, sendo sua utilização assim definida: 1/3 para a União, na
função redistributiva, 2/3 distribuídos aos Estados, de acordo com índices
de arrecadação. Como esta receita tem como base de cálculo o volume de
salários que são pagos pelas empresas, ela vai depender diretamente da
atividade econômica, pois, na medida em que há retração, há menos postos
de trabalho, e, portanto, menor arrecadação do Salário-Educação.
4. Convênios com o FNDE – São recursos obtidos por meio de acordos
realizados com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), e estão financiando, basicamente, os programas de : Livro
Didático; Merenda Escolar; Construção, Reforma e Ampliação de prédios
escolares. Estes recursos dependem também da Contribuição Social do
Salário-Educação. Portanto, quanto maior a captação do Salário-Educação,
maior a capacidade do FNDE de financiar as citadas ações.
5. Operações de Crédito do Banco Mundial – Estes recursos foram obtidos
através de um contrato de financiamento com o Banco Mundial, que tem
sua previsão de término em 2002. O contrato, inicialmente, previa um
montante de $150.000.000,00 (cento e cinqüenta milhões de dólares) do
Banco Mundial e o mesmo valor como contrapartida do Estado, sendo
direcionado para ações de desenvolvimento do ensino fundamental. A sua
Escola Sagarana - 93
programação na vigência do contrato depende do cronograma e andamento
dos projetos por ele financiados.
6. Outros Recursos Vinculados – referem-se à arrecadação do percentual de
3,5% dos servidores públicos estaduais, como contribuição para
aposentadoria e são integralmente utilizados no pagamento de proventos
dos aposentados da Educação.
Conclusão
Como se pode verificar, as receitas que financiam a área educacional do
Estado são basicamente as mesmas de ano para ano. As reformas fiscais e
tributárias podem representar, eventualmente, alterações nos investimentos
educacionais.
Veja, a seguir, quadro e gráficos explicativos da composição de recursos de
1998 a 2000, bem como a projeção para o exercício de 2001.
Escola Sagarana - 94
fundamentais para o planejamento da educação a longo e médio prazos, pois
significam uma demanda menor para o ensino fundamental com os reflexos
daí resultantes. Por exemplo: calcula-se que a matrícula nas redes municipais
de Minas Gerais sofrerá de 2000 para 2001 um decréscimo de 1.508.467 para
1.438.602 alunos.
Em contraposição, os dados disponíveis apontam para o crescimento da
matrícula na rede estadual de ensino médio, de 2000 para 2001, de 843.018
para 953.644 alunos.
O Estado de Minas Gerais classifica-se em 12º lugar entre as unidades
federadas com o IDI 0,568 (escala de 0 a 1). Não é uma situação confortável,
especialmente porque existem grandes disparidades regionais. Haja vista que,
entre os 853 municípios de Minas Gerais, encontramos:
Melhores Índices Piores Índices
Poços de Caldas Pai Pedro
IDI 0,740 IDI 0,182
Itanhandu Serranópolis de Minas
IDI 0,718 IDI 0,185
Itaú de Minas Ninheira
IDI 0,708 IDI 0,197
Bicas Santo Antônio do Retiro
IDI 0,705 IDI 0,202
Timóteo Montezuma
IDI 0,705 IDI 0,214
Como o desenvolvimento infantil é essencial à melhoria do quadro social do
Estado de Minas Gerais, e de todo o Brasil, notamos que, hoje, no que se
refere à educação básica, o ponto crítico no atendimento está na educação
infantil, de 0 a 6 anos.
Basta apresentar os índices de desenvolvimento quanto aos serviços de
educação nessa faixa etária: no Brasil, 3,44% de crianças estão matriculadas
em creche e 21,02% em pré-escola; enquanto em Minas Gerais, 5,01% de
crianças estão matriculadas em creche e 44,60% de crianças estão
matriculadas em pré-escola.
Se acrescentarmos o fato de que a maior parte das crianças com acesso à pré-
escola pertence às classes sociais melhor situadas, temos condições de
enfatizar a gravidade do problema. Significa dizer que as crianças mais
carentes chegam à escola – ensino fundamental – sem o necessário
desenvolvimento de suas atividades físicas, psíquicas e motoras.
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (art.11 item 5) atribui aos
municípios a oferta da educação infantil. Um dos efeitos mais dramáticos
desse dispositivo encontra-se no fato de que o Estado de Minas Gerais, que
chegou a ter 242.684 alunos em sua rede de pré-escolar, reduziu esse
atendimento para, apenas, 11.722 alunos em 1998; no mesmo período, os
municípios mineiros passaram de 120.937 para 316.569 alunos.
A educação infantil, além de ser considerada a mais dispendiosa, não tem
nenhuma fonte segura de financiamento. É claro que, diante dos números e da
realidade do IDI do Brasil e de Minas Gerais, estamos frente a um desafio
difícil de ser superado, devido às aperturas financeiras por que passam os
estados e os municípios. Ao mesmo tempo, a União amplia sua participação
na receita nacional por intermédio de contribuições, como a Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF, que não entram na
composição do Fundo de Participação do Estado – FPE e do Fundo de
Participação dos Municípios – FPM.
Vemo-nos diante de um quadro em que avultam transferências de
responsabilidades para estados e municípios sem os correspondentes recursos
financeiros.
E a responsabilidade social torna-se mais aguda na medida em que faltam
meios indispensáveis ao desenvolvimento da infância brasileira.
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FONTES:
Situação Mundial da Infância 2001 – UNICEF
Situação da Infância do Brasil 2001 – UNICEF
Lei nº 9.394/96 – LDBEN
Evolução da Matrícula Efetiva em Minas Gerais – 1991 a 2000 – SEE/MG
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9.3 – Educação em números
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