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Introdução 3
Fim da unipolaridade e início da multipolaridade. 4
Interdependência 4
Vinda da multipolaridade assimétrica 5
Idade da multi-multipolaridade 6
A emergência do poder 8
Softer indicators 9
A União Europeia 10
Conclusão 11
Bibliografia 12
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Introdução
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In BRIC in the world; emerging powers, Europe and the coming order, p.9
2
Thomas Renard, investigador
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Fim da unipolaridade e início da multipolaridade
Segundo o texto BRIC in the World: Emerging powers, Europe and the coming
order3, o autor indica que a ordem unipolar detida unicamente pelos Estados Unidos da
América está a acabar e que esta ordem está a mudar para uma ordem multipolar. Esta
ordem é detida pela China, Índia, Brasil e a Rússia – estes países formam o denominado
BRIC – e os Estados Unidos da América, estes últimos têm ficado sozinhos enquanto
superpotência solitária, mas para um futuro próximo eles ainda vão manter este título.
No que toca ao papel da União Europeia, esta não é um poder porque não é um estado
no sentido clássico do termo, mas tem uma considerável importância no que toca à sua
influência mundial, no entanto, para reforçar este papel, tem que tomar medidas mais
coerentes, por exemplo, no combate contra o aquecimento global e uma política
estratégica num sentido de integração no plano mundial. No que toca ao papel dos
estados europeus, eles são pequenos, comparando com os outros a nível global, e por
isso vão perdendo a capacidade de defender os seus interesses vitais, para agravar as
suas situações, eles não conseguem falar a uma só voz.
Uma forma de preservar os seus interesses é desenvolverem com os Estados
emergentes políticas de parcerias.
É apontado o ano de 2001 (um ano simbólico, indica o autor) como o ano que marcou o
início do fim da hegemonia dos Estados Unidos da América, e o começo da era da
“multipolaridade”. Como protagonistas estão os seguintes países: Brasil, China, Índia e
a Rússia. Por mais banal que as chamadas de telefone pareçam, elas são uma das formas
de entender e perceber o crescimento da Ásia, e consequentemente, um dos pólos a ter
em conta. Em 1995 elas estavam 5 milhões, passando para 100 milhões no ano de 2000
e actualmente elas estão em 500 milhões.
Interdependência
O autor começa por fazer lembrar que a interdependência das economias não é um
fenómeno recente, mas algo que sempre se observou na História. Como prova disto o
PIB do Reino Unido em 1910 era de 40% no tocante ao comércio, enquanto os Estados
Unidos não vão além dos 25%. O que se apresenta como novo é a interdependência ao
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De Thomas Renard
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nível das funções e ao nível sistémico, cada país vai se especializando em áreas.
Segundo o autor é funcional devido à dependência do destino dos actores às entidades
internacionais; sistémicos porque os actores dependem de um único sistema: o Planeta
Terra. Com um único sistema, e com a sua consequente partilha de recurso, poderá
haver tensão nesta partilha, principalmente se for não renovável, e se o seu “stock” for
muito limitado (caso do petróleo e água, entre outros). Esta “comprehensive
interdependence”, como intitula o autor, é global, porque esta interdependência faz com
que os vários actores estejam ligados uns aos outros; existencial, devido à ameaça que
paira sobre o seu futuro, ao que o autor dá como exemplo as alterações climáticas;
complexa porque há diversas formas de interdependência, as quais co-existem de forma
heterogénea entre os diversos actores mundiais.
Segundo o autor esta globalização não é irreversível. Porque, já no século XIX
havia encontros entre diversos países a fim de debater a segurança e assuntos
relacionados com a economia, no entanto após a II Guerra Mundial, este processo de
globalização parou, visto que as economias fecharam-se sobre si próprias.
4
Tese defendida por Samuel Huntington
5
In BRIC in the World: emerging powers, Europe and the coming order, p. 17
6
Idem, p. 17
7
Idem, p. 17
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para o nosso autor a mais realista, no entanto, ele não a diferencia da interpolaridade
que se fazia sentir no séc. XIX. Em Giovanni podem-se encontrar três dimensões desta
interpolaridade, as quais são: economia, energia e ambiente. O autor explica que as duas
primeiras já estavam desenvolvidas dois séculos antes.
Idade da multi-multipolaridade
Para o autor o nascimento de uma ordem mundial multipolar está implicado uma
emergência de novos pólos.
8
“However, the two first dimensions were already strongly developed two centuries ago”, in BRIC in
the world; emerging powers, Europe and the coming order, p. 18
9
Idem, p. 18
6
Fig. 1 GDP at PPP 1990-2014 (in billion US$)
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integração destes países na economia mundial de uma forma mais intensa do que as
outras economias.
A emergência do poder
A grande pergunta deste tema é: “are the Bric coutries (or other) rising?” ao que
o autor do texto G20: Towars a New World Order10, dá uma resposta positiva, de facto
eles estão a crescer e a um ritmo muito acelerado, no entanto, eles vão começar a
diminuir este crescimento. No entanto estes países que se têm tornado potências
emergentes estão em níveis desiguais de desenvolvimento.
É preciso definir o que é uma potência emergente, indica o autor, visto que as
discussões ao seu redor, apenas de focam no nível económico. A tese que mais é
seguida é a de Paul Kennedy11, na qual é indicado que é condição necessária ser-se
primeiro uma economia forte e depois é que se pode formar uma potência política e
militar. A título de exemplo é Taiwan, Tailândia, entre outros. Estes apenas têm poder
económico, não detendo, ainda, poder militar.
Há diferença entre emergência económica e emergência de poder, refere o autor.
Ao poder económico basta haver um poder nacional forte. Para reforçar esta afirmação
o autor socorre-se do exemplo, no qual os estados mais fortes economicamente são
aqueles que mais influência sobre os restantes que são menos fortes economicamente. O
poder do Estado está baseado em três níveis12: (1) resources or capabilities, or power-
in-being; (2) how that power is converted through national processes; (3) and power in
outcomes, or whichstate prevails in particular circumstances”. O poder do Estado, por
seu turno está relacionado com sete factores: (1) geografia; (2) população; (3) recursos;
(4) economia; (5) poderio militar; (6) diplomacia; (7) identidade.
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Thomas Renard
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The rise and Fall of Great Powers
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In BRIC in the world, emerging powers, Europe and the coming order, p. 20
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Fig. 2. Share of Global Hard Power (in %)
Neste gráfico podemos perceber que todos os países perdem poderio, à excepção
da China e Índia, que são os dois países mais populosos do planeta, até a U.E. 27. Não
consegue fazer frente ao poderio chinês e indiano. O Brasil consegue estabilizar o seu
poder, embora baixando ligeiramente.
Softer indicators
Estes indicadores são, segundo o autor, formas de medir o poder de forma não
tradicional. Um dos indicadores é a capacidade que o Estado tem para captar pessoas.
Exemplo disso pode ser a Coca-cola, Voice of America, Hollywood, entre outras, na
Europa está presente o modelo social que todos almejam. Mas não são só os Estados
Unidos que detém este tipo de indicador, e como exemplo disso, o autor, dá o de
Bollywood que se tem popularizado na Ásia e em África, ou até mesmo em alguns
casos, no Ocidente (como é o caso do filme Quem quer ser milionário).
Outro indicador é a percepção do poder, e por fim, o último indicador é a demonstração
da satisfação de vida.
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A União Europeia
A U.E. É um actor global, pois tem presença em todo o globo, mas há diferença entre
ser actor global e ser um poder global, bastando para ser actor global estar presente no
globo de forma significativa, e para ser poder global requer que haja uma influência
significativa ao nível global. Segundo os indicadores que medem o poder, e que já
foram nomeados neste ensaio, a UE parece ser uma potência global, tem a maior
população do mundo, as maiores Forças Armadas (em quantidade e qualidade), mas não
tem a capacidade de falar a uma só voz, alguns dos seus Estados-Membros têm moeda
própria e taxas próprias, entre outros. A UE não fala a uma só voz no que toca à
pesquisa de armamento, sendo que cada país tenta apetrechar as suas Forças Armadas
com as descobertas que se realizaram ao nível europeu (pesquisas em conjunto).
Contribui o facto de a UE não ser um Estado no sentido clássico do termo, e portanto,
não é um poder, explicita o autor. No entanto a UE detém um certo poder global, e
exemplo disso, é a luta das questões ambientais. A era da interpolaridade é, segundo o
autor, uma época essencial para ter acesso às oportunidades (e também é uma era de
desafios à EU), mas poderá terminar com um mundo “europeizado”, pondo fim a
valores e praticas europeias que são executadas no globo. Mas o seu poder tem vindo a
diminuir.
É necessário para a Europa contrair relações com as potências emergentes,
influenciando-as da forma que conseguir. No palco das relações é necessário que todos
os países falem a uma só voz, que tenham relações não assimétricas. As políticas de
estratégia têm sido pouco convenientes, no sentido em que são feitas com países que
não detém influência no palco global, e por vezes nem no regional. Segundo Thomas
Renard, é preciso que se façam pactos de estratégia com a China, Índia, México, entre
outros. Estes começam a surgir das brumas do desconhecido e a começam a ganhar uma
importante influência ao nível global.
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Conclusão
É certo que as regras que governam o mundo estão a ser mudadas com a entrada
em palco de outros actores, como por exemplo a China ou a Índia, os EUA são
obrigados a reconhecer que vão ter que dividir o seu poder com as outras potências
emergentes (mas ainda levará algum tempo até que isto aconteça). Se os nossos países
não criarem politicas estratégicas em que envolvam as potências emergentes, elas
poderão, e terão legitimidade, para criar as suas próprias instituições, e nas quais, sem
duvida, não haverá indícios dos valores ocidentais, ou de sua inspiração.
As potências emergentes têm crescido a um ritmo nunca visto e continuam em
crescimento. O autor refere que os BRIC detinham 7% do PIB global, e passados dez
anos duplicaram para 15,5%. Dentro dos BRIC a China é quem tem crescido mais
rápido, passando da terceira economia mundial, para segunda enquanto o Japão sofria as
consequências da crise económica, mostrando a maturidade e resiliência da economia
chinesa. O autor refere que o crescimento da China e Índia é tão importante como o
crescimento dos EUA quando se industrializaram no séc. XIX. A globalização das
economias da China Índia e Brasil mostram como eles estão-se a tornar potências
económicas. Um dos factores que está a impulsionar a economia chinesa é a êxodo das
áreas rurais para as cidades/zonas urbanas.
O motor da industrialização é o aço, e a China, actualmente é o seu maior produtor e
consumidor, refere Jerry Harris.
A globalização tem trazido crescimento económico aos diversos países, e tem
aliviado a pobreza no globo.
Tem havido no Ocidente um síndroma de Copenhaga, onde mais e mais se
revelam incapazes se se sentarem uma mesa e criar soluções para eles, entre os quais as
questões relacionadas com o ambiente, no entanto, o G20 é um exemplo a seguir, como
sendo uma instituição que saiu de uma crise e que debate e cria soluções para os
problemas, mas ainda continuam sendo excluídos países que poderiam ter um papel
importante, e não entraram ainda neste clube de países mais ricos.
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Bibliografia
1. http://pt.wikipedia.org/wiki/BRIC
2. http://saber.sapo.cv/wiki/BRIC
3. Bric in the world: emerging powers, Europe and the coming order, Thomas
Renard
4. G20: Toward a new world order, Thomas Renard
5. Emerging third world powers: China, Índia and Brazil
6. http://pt.wikipedia.org/wiki/G20
7. http://www.g20.org/about_what_is_g20.aspx
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