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Teologia
Manual de Doutrinas Bíblicas
PREFÁCIO
Este manual visa todos os cristãos que têm fome e sede de conhecer com maior
profundidade as doutrinas centrais da Palavra de Deus.
Tentei tornar este manual compreensível para àqueles que estão a iniciar a
caminhada de fé. Evitei utilizar termos técnicos sem antes explicá-los.
Creio que é dever de todo cristão e estou convencido de que a grande maioria será
capaz de entender com clareza e profundidade as doutrinas bíblicas.
Creio que existe ainda muita esperança de que a igreja alcance compreensão
doutrinária mais profunda, mais pura e vença velhas barreiras, até mesmo aquelas
que têm persistido por séculos. Jesus está em constante trabalho visando
aperfeiçoar a sua igreja a fim de “a apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef. 5:27) e
tem dado dons para equipar a igreja “até que cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus” (Ef. 4:13).
Manual de Doutrinas Bíblicas
A metodologia de apresentação consistirá sempre com base bíblica clara para cada
doutrina, explicação clarificada de cada doutrina, aplicação à vida cristã centrada
no mundo evangélico. Cada capítulo será constituído nesse padrão.
Objectivos
Trabalhos
Avaliação
1. Perguntas – 20%
2. Trabalho Escrito e Apresentação – 30 %
3. Exames – 40 %
4. Leituras – 10%
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Neste manual a palavra doutrina bíblica será entendida da seguinte maneira: “Uma
doutrina bíblica é o que a Bíblia como um todo ensina-nos hoje acerca de um tópico
específico”.
As doutrinas entendidas dessa maneira podem ser bem amplas ou bem restritas.
Podemos falar em “doutrina de Deus” como uma categoria maior incluindo uma
síntese de tudo o que a Bíblia ensina hoje acerca de Deus. Uma doutrina como essa
poderia ser excepcionalmente extensa. Por outro lado, podemos também falar de
2. Doutrina de Deus.
3. Doutrina do Homem.
5. Doutrina da Redenção.
6. Doutrina da Igreja.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Creio que todos devem envolver-se no processo pelo qual Deus tem-se revelado
através dos tempos. Entender a revelação do seu amor, da sua justiça para com a
humanidade, etc.
Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado…” (Mt.
28:19-20).
o ensino. O ensino com base em tudo o que Jesus ensinou e ordenou. Num sentido
mais amplo, é ensinar o que a Bíblia toda diz hoje. É necessário compilar e resumir
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Manual de Doutrinas Bíblicas
o mundo e com a humanidade, maior será a nossa confiança nele, mais plenamente
Paulo escreve a Tito dizendo que a sua obra enquanto apóstolo é de “levar os
clarificar esse método. Devemos estudar teologia com espírito de oração. A própria
Bíblia diz no Salmo 119:18: “Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da
tua lei”. Assim quando estudamos teologia devemos em primeiro lugar pedir e
escreve em 1 Coríntios 2:14 que “quem não tem o Espírito não aceita as coisas que
vêm do Espírito de Deus, pois lhes são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque
Não importa quão inteligente e capaz seja o aluno, se ele não continuar a suplicar a
Deus para dar-lhe mente que entenda e o coração humilde para crer, se o aluno
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Escritura serão entendidos erroneamente, ele não crerá neles, erros doutrinários
aparecerão.
Devemos estudar teologia com humildade. Pedro diz: “Sejam todos humildes uns
para com os outros, porque Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos
conhecimento que traz orgulho, mas para a humildade e amor pelos outros. Essa é
Precisamos ser agradecido por Deus ter colocado mestres na igreja. Devemos
ministério da igreja.
(Mt. 28:19-20).
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Há erros na Bíblia?
Para responder será necessário compreender o que a Bíblia diz e ensina acerca de
a autoridade máxima. Mas exactamente em que sentido ela afirma ser nossa
que ela é a Palavra de Deus são verdadeiras? Vamos responder a essas perguntas
nesse capítulo.
descrer ou desobedecer a Deus. Essa definição pode ser examinada em várias partes.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Deus. No Antigo Testamento (AT) isso é muitas vezes visto na frase introdutória
No mundo do AT, essa frase era identificada na forma de “assim diz o rei…”, que era
usada para prefaciar o édito de um rei aos seus súbditos; um édito que não poderia
soberano Rei de Israel, a saber, o próprio Deus, e estão a declarar que as suas
Além disso, é muitas vezes dito que Deus fala “por meio” do profeta (1Rs. 14:18;
16:23, 34; Zc. 7:7, 12). O AT revela que as palavras que os profetas falavam
nas palavras dos profetas é desobedecer e descrer o próprio Deus (Dt. 18:19;
Esse versículos em si, não afirmam que todas as palavras do AT são palavras de
começam com “Assim diz o Senhor”, deve ficar demonstrado que dentro do AT
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Deus. Essas constituem largas porções do AT. Porém quando percebemos que
afirma essa espécie de autoridade (Êx. 24:7; Dt. 29:21; Js. 24:26; 2 Rs. 23:2-3).
No Novo Testamento (NT), várias passagens indicam que todas as palavras escritas
que todos os escritos do AT são inspirados por Deus. Essa inspiração deve ser
falou (e ainda fala) cada palavra do AT, embora tenha utilizado agentes humanos
que faz com que seus escritos sejam realmente a Palavra de Deus.1”
como Palavra de Deus (2 Pe. 1:21). Falando das profecias da Escritura (v.20), que
prestarem atenção cuidadosa (v.19), Pedro diz que nenhuma dessas profecias
jamais “teve origem na vontade humana”, mas que “homens falaram da parte de
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Erickson MIllard, Introdução à Teologia Sistemática, p. 67.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
homens “falaram”), mas, em vez disso, sua intenção foi dizer que a fonte suprema
de cada profecia não foi decisão do homem a respeito do que ele queria escrever,
mas, antes a acção do Espírito Santo na vida do profeta, cumprida de modos não
Mas será que o apóstolo Paulo quando escreve que toda a Escritura é
inspirada/soprada por Deus em 2 Tm. 3:16, está a referir-se somente ao AT? Como
também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe
deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes
ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para
cartas” com “as demais Escrituras”. Isso é uma indicação clara de que muito cedo na
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Manual de Doutrinas Bíblicas
salário”. A primeira citação vem de Dt. 25:4, mas a segunda não ocorre em nenhum
lugar do AT. É, ao contrário, uma citação que se encontra em Lc. 10:7. Paulo
“Escritura”.
medida que a lemos. Uma coisa é afirmar que a Bíblia alega ser as palavras de
Deus, outra coisa é ser convencido de que essa alegação é verdadeira. Nossa
convicção suprema de que as palavras da Bíblia são palavras de Deus vem somente
quando o Espírito Santo fala em e por meio das palavras da Bíblia ao nosso coração
e nos dá a certeza interior de que essas são as palavras do Criador para nós. Sem a
Uma outra verdade que favorece o argumento deste manual - de que toda a Bíblia
vidas através dos séculos. Profecias que foram cumpridas centenas de anos depois;
humana; por meio delas pessoas têm encontrado a salvação. Todos esses
argumentos são úteis para nós e removem obstáculos que poderiam, de outra
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Manual de Doutrinas Bíblicas
“Deus falou” não significa ditado de Deus como único meio de comunicação.
palavras da Escritura são Palavras de Deus não devem nos levar a pensar que Deus
Quando dizemos que todas as palavras da Bíblia são Palavras de Deus, estamos a
agiu a fim de assegurar o resultado que Ele pretendia. Deve ser enfatizado que a
Bíblia não fala de um único tipo processo ou de uma única maneira pela qual Deus
comunicou aos autores bíblicos o que Ele queria que fosse dito. De facto, há
indicação de uma grande variedade de processos que Deus utilizou para conseguir
Quando o apóstolo João viu o Senhor ressurrecto na visão na ilha de Patmos (Ap.
2:1, 8, 12 “Ao anjo da igreja em… escreve…”). Reparem que Jesus diz a João o que
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Porém em outras secções da Escritura, tal ditado directo de Deus não é certamente
Hebreus diz que Deus falou pelos pais, pelos profetas “de muitas e várias maneiras”
(Hb. 1:1). De outro lado temos a pesquisa histórica e minuciosa que o evangelista
Lucas fez para escrever seu evangelho. Ele diz: “Muitos já se dedicaram a elaborar
um relato dos factos que se cumpriram entre nós, conforme foram transmitidos por
O processo de Lucas claramente não é ditado. Ele conversou com pessoas que
escrever sua narrativa precisa da vida e dos ensinos de Jesus. Fez a pesquisa
pelos quais Deus comunicou com seus autores humanos. Porém são apenas
voz do Senhor; outros homens que estiveram com Jesus e ouviram seus ensinos,
pela operação do Espírito Santo, à medida que Ele as trazia à memória. (Jo. 14:26).
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Manual de Doutrinas Bíblicas
B. A Veracidade da Escritura
se pensamos que algumas partes dela não são verdadeiras, naturalmente não
seremos capazes de crer plenamente nela. É preciso avaliar o carácter das Palavras
de Deus a aplicá-los ao carácter das palavras da Escritura. Tito 1:2 declara que
“Deus que não mente”. Porque Deus não mente, suas palavras são verdadeiramente
Deus) “nas quais é impossível que Deus minta”. O autor não somente diz que Deus
sem erro em qualquer parte. Partindo do princípio de que A Bíblia são Palavras
de Deus, e visto que Deus não pode mentir ou falar falsamente, é correcto concluir
que não há nada inverosímil (inacreditável) e num nenhum erro em qualquer parte
das palavras da Escritura. Ela própria afirma que “as palavras do Senhor são puras,
como prata purificada num forno, sete vezes refinada” (Sl. 12:6). Uma figura vívida é
usada pelo salmista para falar da indissolúvel pureza das Palavras de Deus; não
escudo para quem Nele se refugia” (Pr. 30:5). Essas passagens não dizem apenas
que algumas palavras são puras, mas todas elas. Outros textos apontam para a
natureza das Palavras de Deus. Elas “são eternas” (cf. Sl. 119:89; Mt. 24:35).
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Manual de Doutrinas Bíblicas
adjectivo que Jesus utiliza – Ele não diz “tua palavra é verdadeira”, mas sim, ela é a
(enviado de Deus) encoraja-nos a pensar na Bíblia como ela sendo o padrão mais
mesma, é a verdade.
referência pelo qual qualquer outra alegação de veracidade deve ser medida.
Conclui-se que a verdade é o que Deus diz ser a verdade. A sua Palavra é a verdade.
é o pensamento de que cada pessoa tem uma perspectiva sobre a verdade que é
então, a Bíblia não pode ser aquilo que ela declara ser: a palavras do único e
Poderá algum facto novo contradizer a Bíblia? Poderá qualquer facto científico
Escritura correctamente) tal facto deve ser falso, porque Deus, o autor da
Escritura. Cada facto verdadeiro é algo que Deus já conhecia desde toda a
Escritura.
Essa verdade aponta para outra parte da Doutrina da Palavra de Deus. Até agora
inerrância.
C. A Inerrância da Escritura.
abandonada.
bíblica: A inerrância da Escritura significa que ela nos seus manuscritos originais,
Em outras palavras significa dizer que a Bíblia sempre diz a verdade e que sempre
diz a verdade a respeito de todas as coisas de que trata. Com essa definição, não
estamos a dizer que a Bíblia comunica todos os factos que podem ser conhecidos
acerca de certo assunto, mas afirma que tudo o que diz acerca de qualquer assunto
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Manual de Doutrinas Bíblicas
dizem que inerrância é um termo negativo, e que seria muito melhor usar o termo
positivo para descrever a Bíblia. Outros afirmam que inerrância não é um conceito
bíblico, mas o erro na Bíblia é mais uma questão moral, espiritual do que
considerações seria melhor não pensar mais. Porém se formos confrontados com a
seguinte pergunta: “Se a Bíblia diz isso (…), posso acreditar verdadeiramente nela?”.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Saber que ela é verdadeira é uma questão importante para nós no aspecto
entendiam que detalhes das Escrituras possuíam autoridade e os usavam como tal.
Isso favorece a ideia de que a Bíblia é completamente inspirada por Deus, mesmo
omnisciente, Ele conhece todas as coisas, e não pode negar nem enganar-se a
escritores bíblicos, de tal maneira que nenhum erro seja introduzido no produto
final. E sendo um ser verdadeiro ou veraz (que diz somente a verdade), com
certeza desejará usar essas habilidades de um modo que os seres humanos não
Bíblia. Embora até em tempos recentes, não se teria enunciado uma teoria
completa e precisa, sempre houve, ao longo dos tempos da história da igreja, uma
bíblica. Tais doutrinas que a igreja primitiva e a própria Bíblia sustenta, foram
prove fidedigna em toda as suas declarações. Caso seja concluído que certas
ensina que Deus criou os céus e a terra. Se isso for negado pela ciência e receber
nosso crédito como sendo essa a verdade, e não o que a Bíblia diz, como estaria a
nossa fé, num Deus Criador? Essa questão deve ser respondida com grande
apreciação.
Por isso cremos que a Bíblia é a verdade absoluta, porque ela assim o diz. Cremos
que ela foi escrita por Deus usando homens sábios inspirados pelo Espírito Santo,
que revela toda a verdade aos corações dos homens quer no passado, no presente
relatar tudo sobre a ciência ou factos históricos, contudo todos os que são
contextual de seu tempo. A igreja deve crer que a Bíblia é a única fonte de fé e
pr|tica, pois ela mesmo afirma ser útil para nós em tudo é “inspirada por Deus”
(2Tm. 3:16). Assim, ela é completamente pura (Sl. 12:6), perfeita (Sl. 119:96) e
verdadeira (Sl. 119:160). Cada palavra utilizada por Deus (pelos diversos meios já
relatados) deve ser considerada como tesouro valioso para nós, por isso Ele
mesmo advertiu a qualquer que retirasse ou acrescentasse algo à ela. (Dt. 4:2,
12:32; Ap. 22:18-19). Todas as palavras contidas nela fazem parte do propósito
restaurador de Deus.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
resposta.
resposta.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
A. Clareza
suficiente para conhecermos o que Deus quer que pensemos ou venhamos a fazer?
Qualquer pessoa que tenha começado ler a Bíblia com seriedade haverá de
perceber que algumas partes dela podem ser entendidas muito facilmente, ao
Na verdade, bem no início da história da igreja, Pedro já lembrava aos seus leitores
que algumas partes das epístolas de Paulo eram de difícil compreensão: “Como
igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi
dada, ao falar acerca destes assuntos, como de facto, costuma fazer em todas as suas
epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis
deles.” (2 Pe. 3:15-16). Com base nessa afirmação da própria Bíblia, precisamos
admitir que existem textos que serão difíceis de uma compreensão fácil.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
autor.
A Bíblia afirma diversas vezes a sua própria clareza. A Bíblia fala de sua clareza
que ele ensinasse o povo de Israel: “E esta palavra, que hoje te ordeno, estará no teu
andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” (Dt. 6:6-7). Ele esperava que
suficiente para conseguir ensiná-las a seus filhos. Esse ensino não consistiria
assentado em suas casas, ou ao deitar ou levantar. Deus esperava que todos entre o
seu povo conhecessem e fossem capazes de falar a respeito de sua Palavra com
testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.” (Sl. 19:7). Em outro texto
lemos que “A entrada das tuas palavras dá luz, dá entendimento aos simples.”
(Sl. 119:130). A palavra do Senhor é inteligível, tão clara que torna sábio a
qualquer tipo de pessoa. Nenhum crente deve pensar de si mesmo como se fosse
meio dela.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
intelectual: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque
lhes são loucura; e não podem entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”
Santo.
Definição de Clareza da Escritura: A Bíblia está escrita de tal modo que seus
ensinos são passíveis de ser entendidos por todos que a lêem procurando pela ajuda
levadas em consideração.
grego ex = ”tirar de”, ou “a partir de”; gese = texto) determinamos o que é que o
autor quis dizer à sua primeira audiência (a sua mensagem segundo os factores
passível de ser entendida”, não diz que todos a entenderão igualmente. Isso deve
B. Suficiência da Escritura
Escritura significa que ela contém todas as palavras de Deus revelando a sua vontade
para seu povo em cada época da história, e que agora ela contém tudo o que
precisamos que Deus nos dê orientação acerca da nossa salvação, para confiarmos
procurar as Palavras de Deus para nós. Ela também lembra-nos que Deus
considera o que nos tem dito na Bíblia como suficiente para nós e que devemos
A explicação e apoio bíblico significativos para essa doutrina são encontrados nas
que são capazes de torná-lo sábio para salvação mediante a fé em Cristo Jesus”
(2Tm. 3:15). O contexto revela que “as Sagradas Letras” significam as palavras
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Manual de Doutrinas Bíblicas
temos na Escritura são todas as Palavras de Deus de que precisamos a fim de que
a concentrar nossa busca pelas palavras de Deus e nos livra da tarefa infindável de
pesquisar em todos os escritos dos cristãos por meio de toda a história. De modo
Deus não pode mais acrescentar palavras às que Ele já falou a seu povo. Ao
contrário, a doutrina implica que o homem não pode acrescentar, por iniciativa
Esse ponto é importante, porque ajuda-nos a entender como Deus poderia dizer a
seu povo que suas palavras lhes eram suficientes em muitos pontos diferentes da
história da redenção e como Ele poderia, não obstante, acrescer outras palavras
posteriormente. Por exemplo, Dt. 29:29, Moisés diz que “as coisas encobertas
pertencem ao Senhor, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos
filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei”. Esse verso
decidiu o que revelar e o que não revelar. Em cada período da história, as coisas
que Deus revelou foram para o seu povo naquele determinado contexto, e eles
interpretando a história.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
cristã. Vejamos:
fizéssemos, mas tendo o discernimento de que a Bíblia não terá respostas para
todas as coisas, pois existem coisas “encobertas que pertencem ao Senhor”, porém
quando analisamos a Bíblia devemos ter confiança que o nela está revelado é a
solução de Deus para a minha vida e orientação para o meu crescimento espiritual.
não devemos acrescentar ou retirar alguma coisa à Escritura e que também não
devemos considerar outro livro com igual importância. (Ex. o livro de Mórmon está
escrito que o livro deles é superior a qualquer outro livro na face da terra)
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Resumo e Aplicação
A Escritura é clara no seu sentido principal para todos aqueles que as lêem com
Bíblia, onde Deus fala de maneira a comunicar aos homens os termos da sua
salvação e o seu Reino. Elas deixam claro que quando uma pessoa não aceita nem
acredita nela, a culpa por isso não pode ser atribuída a uma suposta falta de clareza
dela, mas da própria pessoa que mantém uma mente e coração endurecido. A
dos autores bíblicos, e depois chegar ao seu sentido mais pleno à luz de Jesus. Por
Por causa das Doutrinas, Clareza e Suficiência da Escritura, a Igreja de Cristo deve
proclamar a sua mensagem plena como parte da sua missão, e não deve desviar
importantes.
comunica-se com seu povo através da Escritura Sagrada, nesse momento a nossa
pergunta básica: Como sabemos que Deus existe? A resposta da pergunta não será
A. Existência de Deus
Primeiramente uma verdade deve ser dita. Todas as pessoas têm o senso interior
natureza.
lugares possuem o profundo senso interior de que Deus existe, de que elas são suas
criaturas e de que Ele é o Criador delas. Paulo diz que até os gentios conhecem
Deus, mas “não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças” (Rm.1:21). Ele
(Rm 1:25), sugerindo que eles rejeitaram de forma activa e intencional alguma
que “o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles”, e acrescenta: “porque
Todavia, a Escritura também reconhece que algumas pessoas negam esse sendo
interior de Deus e negam até que Ele existe. É o “tolo”, que diz no seu coração “não
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Manual de Doutrinas Bíblicas
então, cheio de presunção, cogita em seu coração: “não há lugar para Deus”
(Sl. 10:3-4). Essas passagens indicam tanto que o pecado conduz as pessoas a
só quem pensa irracionalmente e está enganado poder| dizer: “Deus não existe”.
Na vida do cristão, essa consciência interior de Deus torna-se mais forte e distinta.
Reconhecemo-Lo como nosso Pai celestial (Rm. 8:15); o Espírito Santo revela-nos
Jesus Cristo vivo no nosso coração (Fl. 3:8-10; Ef. 3:17; Jo. 14:23).
as pessoas possuem de Deus, que lhes dá o claro testemunho do facto de que Deus
existe, a clara evidência que a sua existência pode ser vista na Escritura e na
natureza. De facto a Bíblia inteira presume que Deus existe (mesmo no livro de
Ester onde o seu nome nunca aparece). O mundo também apresenta evidência
abundante da existência de Deus. Paulo diz que a natureza eterna de Deus assim
como a sua divindade “têm sido vistas claramente” desde a criação do mundo
(Rm. 1:20). Porém a mensagem clara na Escritura revela que o homem foi criado a
certo”, assim como “um coração cheio de alegria” são mencionados por Paulo e
Barnabé como testemunho de Deus (Act. 14:17). David diz que “os céus
mãos” (Sl 19:1). Essas evidências validam a existência de Deus, ainda que muitos o
rejeitem.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
B. A Cognoscibilidade de Deus
Mesmo crendo que Deus existe, isso não noz diz se é possível realmente conhecer
Deus, nem nos diz quanto de Deus poder ser conhecido. Em muitas culturas é
se alguém pode conhecer Deus são muito diversas. De agora em diante, vamos
Não podemos nunca entender plenamente Deus. Como Deus é infinito e nós
que é diferente de “ser incapaz de ser entendido”. Em suma, não podemos dizer que
Deus é incapaz de ser entendido, e sim que Ele não pode ser entendido
exaustivamente ou plenamente.
Salmo 145:3 diz: “Grande é o Senhor e digno de ser louvado; sua grandeza não tem
grande de mais para ser descoberto. Salmo 147:5 est| escrito: “Grande é o nosso
Leia Sl 139:6, 17; 1 Co. 2:10-11 Rm. 11:33 e relacione com a ideia acima.
Creio que em relação a Deus, por maior que seja o nosso entendimento, ele será
limitado, contudo isso não significa que porque não entendemos plenamente Ele
entender plenamente?
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Manual de Doutrinas Bíblicas
muito positivas para a nossa vida. Ela significa que nunca seremos capazes de
coisas que temos de aprender dele e, dessa maneira, nunca nos cansaremos de ter
fala de Deus, por isso tudo o que a Escritura fala de Deus é verdadeiro. É correcto e
verdadeiro dizer que Deus é Amor (1Jo.4:8), é Luz (1 Jo. 1:5), é Espírito (Jo. 4:24), é
Justo (Rm. 3:26) e assim por diante. Isso não significa que entendemos tudo acerca
do seu amor, por exemplo. Mas mesmo com uma compreensão limitada, Ele é
porém não poso dizer que conheço todas as coisas acerca dele)
Algumas pessoas acreditam que não podemos conhecer Deus propriamente, mas
somente conhecer alguns factos a respeito Dele ou do que Ele faz. Outros dizem
que não podemos conhecer Deus como Ele é em si mesmo, mas somente o que Ele
nos revela. O que pensas sobre o assunto? Onde te posicionas? Leia Jr. 9:23-24;
Deus. O cristão deve ter consciência de que é possível conhecê-lo, pois Ele habita
dentro do coração, e isso pode ser considerado a maior bênção da vida cristã.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
podemos dizer tudo o que a Bíblia nos ensina a respeito dessa matéria de uma só
vez. Precisamos de algum modo definir sobre quais aspectos do carácter de Deus
Muitas pessoas pensam que Deus criou os seres humanos porque estava solitário e
Deus não é completamente independente de sua criação. Seria o mesmo dizer que
Este atributo defende que Deus não existe em virtude da natureza e que Ele nunca
João em Ap. 4:11, diz que “todas as coisas tu criaste, por tua vontade vieram a existir
foram criadas”. Deus não depende de qualquer parte da criação para existir.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Esse atributo também deve ser considerado na perspectiva de que toda a criação
glorifica a Deus e lhe dá muita alegria. Não podemos ter a concepção que a
perfeições, propósitos e promessas, todavia age e sente emoções; age e sente emoções
Leia o Salmo 102 e veja o contraste entre o que podemos pensar em coisas que são
A Escritura deixa claro que Deus existia antes de os céus e a terra serem criados, e
Ele existirá muito depois de serem destruídos. Deus causa mudança no universo,
mas em contrate com essa mudança, Ele é o mesmo (Ml. 3:16 “Eu não mudo”). “Os
planos de Deus permanecem para sempre, e os propósitos do seu coração, por todas
as gerações” (Sl. 33:11). Deus é imut|vel em suas promessas. Desde que tenha
prometido alguma coisa, certamente Ele não será infiel { sua promessa. “Deus não é
homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso Ele fala, e
deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Nm. 23:19; 1Sm. 15:29).
Deus pode mudar de opinião? Todavia, quando falamos a respeito de Deus ser
Deus disse que julgaria seu povo e, então, por cauda da oração ou do
arrependimento (ou ambos), Deus “arrependeu-se” e não trouxe juízo como havia
bem-sucedida de Moisés na oração para evitar que seu povo fosse destruído
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Creio que exemplos como esses devem todos ser entendidos como a verdadeira
como ela existe naquele momento. Se a situação muda, então naturalmente a atitude
ou expressão da intenção de Deus também mudará. Isso é apenas dizer que Deus
estou a dizer. Deus vê a impiedade de Nínive e envia Jonas para proclamar: “Daqui
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Manual de Doutrinas Bíblicas
diferença para Deus, e Ele não seria o Deus Justo, Misericordioso que é retratado
poderiam ser para melhor ou para pior. O que poderia acontecer? Será que
poderíamos ter confiança plena Nele? Na Sua Palavra? (Ex. Jesus voltará para
governar o novo céu e a nova terra). Se acreditarmos que o nosso Deus é mutável, a
desmoronar-se.
Isso é porque toda a nossa fé, esperança e conhecimento são, em última instância,
não tem início, fim ou sucessão de momentos em seu próprio ser; Ele vê todo o tempo
Deus é atemporal em seu próprio ser. O facto de que Deus não tem começo
nem fim é visto em Sl. 90:2: “Antes que nascessem os montes e de criares a terra e o
expressão de facto que declara que Deus sempre existiu “Eu sou o Alfa e o Ómega,
diz o Senhor Deus, o que é, o que era e que há-de vir, o Todo-Poderoso”.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
As passagens da Escritura de facto revelam que Deus sempre existiu, mesmo antes
de haver tempo. Para Ele tudo da sua existência est| sempre no “presente”, embora
reconheça que com nossa capacidade intelectual seja difícil de entender tal ideia, já
Deus vê todo o tempo de modo igualmente vívido. Lemos em Sl. 90:4: “De
facto, mil anos para ti são como o dia de ontem que passou, como as horas da noite”.
Pedro diz que para o Senhor “ mil anos são como um dia, e um dia como mil anos”
(2Pe. 3:8). Esses versículos nos ajudam a imaginar como Deus vê o tempo. De um
lado vê mil anos como o dia de ontem. Ele pode lembrar todos os eventos
detalhados de mil anos ao menos tão claramente como nós podemos lembrar dos
eventos vivenciados ontem. Quando percebemos que mil anos não implica que
Deus esquece-se de coisas que estão além de 1100 ou 1200 anos, mas, ao contrário,
história passada é vista por Deus com clareza e nitidez: todo o tempo desde a
responda: Qual o significado da expressão” um dia é como mil anos”? Como Deus
DEUS
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Manual de Doutrinas Bíblicas
O diagrama antecipa a discussão seguinte, visto que ele indica que Deus conhece os
eventos no futuro, mesmo o futuro que infinitamente longo e eterno. Com respeito
ao futuro, Deus muitas vezes declara mediante os profetas ao VT que Ele é quem
conhece e que pode declarar os eventos futuros. Em Is. 46:9-10, lemos: “ Lembrem-
se das coisas passadas, das coisas muito antigas! Eu sou Deus, e não há nenhum
outro: Eu sou Deus, e não há nenhum como Eu. Desde o inicio faço conhecido o fim,
desde tempos remotos, o que virá. Digo: Me propósito permanecerá em pé, e farei
tudo o que me agrada”. Deus de alguma maneira (que foge a nossa capacidade de
sua consciência.
chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que o recebêssemos a
ocorriam dentro de sua criação. Então no tempo certo (a plenitude do tempo), Ele
enviou Jesus Cristo ao mundo. Devemos, portanto, afirmar tanto que Deus não
vividamente igual, quanto que em sua criação vê o progresso dos eventos sobre o
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Em síntese, Ele é o Senhor que criou o tempo e que o governa e o usa para seus
tempo, Ele também é ilimitado com a relação ao espaço. Isso significa que Ele pode
estar em todo espaço a todo tempo. Ele não tem tamanho ou dimensão espacial, e
está presente em cada ponto do espaço com a plenitude do seu ser, todavia Deus
age diferentemente em lugares diferentes. Leia Salmo 139:7-10 e veja o que ele
expressa. Deus está presente em todos os lugares, porém Ele também está próximo
da sua criação, “sou eu apenas Deus de perto, pergunta o Senhor, ‘ e não também em
Deus de longe? Poderá alguém esconder-se sem que eu o veja” (Jr. 23:23-24). Nada e
nem ninguém pode fugir da presença do Senhor. No Salmo 139, vemos que David
reconhece para onde ele se dirige, Deus lá está. Ele não está em parte, e sim,
plenamente.
Deus pode estar presente para punir, suster ou abençoar. De facto a pergunta
são resolvidas quando percebemos que Deus está presente de modos diferentes
criação. Algumas vezes Ele está para punir (parece que assim é que Ele está
presente no inferno – Am. 9:1-4). Outras vezes Ele está para suster (Cl. 1:17);
presente para abençoar (Sl. 16:11). Em resumo, Deus está presente em toda parte
38
Manual de Doutrinas Bíblicas
diferentes.
que a Escritura nunca considera atributos mais importantes dos que outros. A
Bíblia diz que “Deus é Luz” (1Jo. 1:5) e, pouco mais tarde, ela diz que “Deus é
Amor” (1Jo. 4:8). Não existe indicação alguma de que parte da sua constituição seja
luz e outra parte amor, ou que Ele seja parcialmente Luz e Amor. Nem devemos
pensar que Ele é mais Luz do que Amor. Segundo esse atributo incomunicável
Justo, e assim por diante. Cada atributo de Deus que encontramos na Escritura é
verdadeiro em relação a todo o ser de Deus. Então, porque a Escritura fala desse
sobre Ele.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
5. Na tua opinião qual atributo de Deus que é mais verdadeiro ou que é melhor
8. Comente a frase “Se Deus est| presente em todo o lugar, Ele também está no
Salmo 90:1-2 “ (1) Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
(2) Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de
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Manual de Doutrinas Bíblicas
2
A lista é razoavelmente completa, mas não abrange tudo o que a Bíblia diz a respeito do carácter de
Deus. Em razão de a excelência de Deus ser tão rica e plena, outros atributos além desse poderiam ser
listados, e algum deles poderiam ser subdividos em outros atributos específicos.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Espiritualidade. Muitas vezes as pessoas perguntam: “De que Deus é feito? Ser|
que é feito de carne e sangue como nós?” Certamente que não. “Então, qual o
material que forma o seu ser?” A resposta da Escritura é clara e revela que Deus é
“Espírito” (Jo. 4:24). Essa afirmação é feita por Jesus no contexto da conversa com a
Deus, e Jesus diz a mulher que a verdadeira adoração a Deus não exige que o
adoração diz respeito não ao lugar físico, mas à condição espiritual interior do
adorador.
significa esta frase: “Deus é Espírito” na tua opinião? (Ajuda – “Deus não est|
dimensão”).
Deus também proíbe seu povo de pensar em seu ser como semelhante a qualquer
Veja a atitude da cidade de Roma (Rm. 1:23-25). Apesar de defendermos que toda
a criação de certa maneira reflecte alguma coisa do Seu carácter, também devemos
afirmar que descrever Deus existindo de uma forma ou modo de ser que seja
42
Manual de Doutrinas Bíblicas
Assim, Deus não possui um corpo físico, nem é feito de qualquer matéria que tenha
semelhança com a sua criação. Ele não é meramente energia ou pensamento. Ele é
Espírito, pois essa é a definição que Ele próprio Lhe atribui em Sua Palavra.
deu um espírito por intermédio do qual o adoramos (Jo. 4:24; 1Co. 14:14; Fp. 3:3),
pelo qual estamos unidos ao Espírito do Senhor (1Co. 6:17), com qual o Espírito
Portanto existe uma comunicação de Deus para nós de natureza espiritual que é
B. Atributos Mentais
simples e eterno.
Um dos amigos de Jó, Eliú diz que Deus é “perfeito em conhecimento” (Jó. 37:16), e
João diz que Deus “sabe todas as coisas” (1Jo. 3:20). A qualidade de conhecer todas
as coisas é chamada de omnisciência e, porque Deus conhece tudo, diz-se que Ele é
omnisciente. A definição acima diz que Ele conhece tudo de si mesmo. Este é um
conhece todas as coisas (1Co. 2:10-11). Isso significa que Ele conhece tudo acerca
do passado, presente e futuro, “pois nada lhe é oculto” (Hb. 4:13; cf. 2Cr. 16:9); nada
lhe surpreende.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Podemos imaginar que Ele não necessita de pensar ou raciocinar para chegar a
qualquer conclusão, porque Ele conhece o fim desde o início, e nunca aprende e
esquece de alguma coisa (Sl. 90:4). Seu conhecimento nunca muda ou aumenta. Se
Sabedoria. Sabedoria de Deus significa que Ele sempre escolhe os melhores alvos e
os melhores meios para chegar a esses alvos. Essa definição vai além da ideia de
que Ele fará são sempre decisões sábias – isto é, elas sempre serão realizadas com
chamado o “único Deus sábio” (Rm. 16:27). Jó diz que a sabedoria de Deus é
“profunda” e que só Ele tem sabedoria plena e poder (cf. Jó. 12:13). A Sabedoria de
Deus é vista na criação (Sl. 104:24); Ele a revela de maneira individual (Rm. 8:28)
com a intenção de fazer o seu propósito progredir, para que o homem seja
(Rm. 11:33). Podemos com confiança pedir sabedoria a Deus (Tg. 1:5). A sabedoria
concedida por Deus habilita-nos a viver de modo agradável a Deus. Essa sabedoria
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Veracidade (fidelidade). Significa que Ele é o Deus verdadeiro e que todo o seu
C. Atributos Morais
Bondade. A bondade de Deus significa que Ele é o padrão final do bem, e que tudo o
que Deus faz é digno de aprovação. Jesus disse: “não há ninguém que seja bom, a não
ser somente Deus” (Lc. 18:19). V|rios Salmos dizem: “O Senhor é bom”
(ex. Sl. 100:5). Tudo o que Deus fez é bom, isto é, digno de aprovação (Gn. 1:31).
natureza. Por exemplo, sua misericórdia e graça podem ser vistas como atributos
Deus significa a bondade de Deus para com os que estão em miséria e angústia. A
graça de Deus significa a bondade Dele para com quem merece somente a punição
Amor. Significa que Ele se dá eternamente aos outros. Essa definição entende o
amor como dar a si mesmo para o benefício de outros. “Deus é Amor” (1Jo. 4:8). O
acto de Deus “dar-se a si mesmo por outros” revela a intensidade do Seu amor para
buscar a própria honra. Essa ideia é declarada em vários textos da Bíblia. A palavra
o padrão de relacionamento com Ele: “sede santos porque Eu Sou Santo” (Lv. 19:2).
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Manual de Doutrinas Bíblicas
palavra para descrevê-los. A rectidão significa que Deus sempre age de acordo com o
que é certo e Ele próprio é o padrão final do que é certo. Moisés ao fazer referência a
deus disse: “É Deus fiel, que não comete erros; justo e recto Ele é” (Dt. 32:4). Ele
que é certo [recto] ” (Is. 45:19). Como resultado de sua rectidão, é necess|rio que
Ele trate as pessoas de acordo com o que elas merecem. Por isso, é necessário que
Ele puna o pecado. Ele enviou a Jesus e manifestou a Sua justiça sobre o pecado
(Rm. 3:25-26).
de Deus que deveriam ser motivos de acções graças vindas da nossa parte para
com Ele”.
na aula.
buscar a honra e o bem-estar de alguém. Paulo diz ao Coríntios: “o zelo que tenho
por vós é um zelo que vem de Deus” (2Co. 11:2). Aqui o sentido é preocupação séria
que indica protecção. A Bíblia apresenta Deus como zeloso nesse sentido. Ele deu-
nos ordens para não nos dobrarmos diante de outros deuses “porque Eu, o Senhor,
o teu Deus, sou Deus zeloso…” (Êx. 20:5). Assim definimos Deus zeloso: O zelo divino
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Não é errado Deus procurar a sua própria honra, contudo, porque Ele merece
plenamente. Ele não dará a Sua glória e honra a outro ser (cf. Is. 48:11).
Ira. Pode causa surpresa em nós perceber com quanta frequência a Bíblia falar a
respeito da ira de Deus. No entanto, Deus ama tudo o que é justo e bom e tudo o
que conforma-se ao seu carácter moral. A ira de Deus manifesta-se contra o pecado
D. Atributos de Propósito
Vontade. É um atributo pelo qual Deus aprova e determina dar origem a cada acção
definição indica que a vontade de Deus tem a ver com a decisão e a aprovação de
coisas que Deus é e faz. Ela diz respeito às escolhas de Deus do que fazer e do que
não fazer.
razão última e final de tudo o que acontece. Paulo refere-se a Deus como aquele
que “faz todas as coisas segundo o propósito de sua vontade” (Ef. 1:11). Existe um
aspecto da vontade de Deus, isto é, em parte Ele a revela, porém em outro, ela está
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Vontade Secreta de Deus. Inclui os decretos ocultos, pelos quais Ele governa
o universo e determina tudo o que vai acontecer. Em geral, Ele não nos revela esses
Deus: (Mt. 6:10 – seja feita a tua vontade; Gn. 50:20 – me venderam ao Egipto,
porém Deus me preservou “neste texto vemos a vontade revelada de Deus aos
irmão de José. Seu desejo é que amassem a seu irmão. A vontade secreta era que,
na desobediência dos irmãos de José, o bem maior pudesse ser feito, quando José
fora vendido como escravo, indo parar no Egipto. Lá conquistou toda a autoridade
Algo necessita de clarificação aqui. Deus é livre, e não devemos tentar procurar
qualquer resposta mais definitiva para as acções de Deus na criação do que o facto
de que Ele desejou fazer algo e de que a sua vontade possui verdadeira liberdade.
Omnipotência. Significa que Deus é capaz de fazer toda a sua vontade. Não há
limites quanto ao poder de Deus em fazer o que Ele decide fazer (Gn. 18:14;
Jr. 32:27) e nada é demasiadamente difícil para Ele (Jr. 32:17; Mt. 19:26).
Responda: Na tua concepção existe alguma coisa que Deus não possa fazer?
Deus não pode desejar ou fazer algo que venha negar o seu próprio ser ou carácter.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
que Deus não seja capaz de fazer, mas tudo o que Ele faz é coerente com o seu
carácter. Por exemplo, Deus não pode mentir (Tt. 1:2), não pode ser tentado pelo
mal (Tg. 1:13) e não pode negar-se a si mesmo (2Tm. 2:13). Embora o poder de
Deus seja infinito, o uso que Ele faz desse poder é qualificado por seus outros
atributos.
apropriado perceber que Ele nos fez de tal modo que demonstramos em nossa vida
uma espécie de reflexo débil de cada um deles. Nós possuímos vontade, temos
igreja, governo, etc.). Em todas as áreas, o uso do poder por caminhos que agradem
a Deus e estejam em harmonia com a sua vontade é algo que lhe traz glória, ao
E. Atributos “Simples”
Perfeição. Perfeição divina significa que Deus possui todas as qualidades de modo
excelente e completo e não tem nenhuma falta de qualidades que sejam desejáveis
para Ele. Deus é perfeito (Mt. 5:48). Podemos concluir que seus atributos são todos
perfeitos.
dizem muitas vezes que “bem-aventurada” são as pessoas que andam nos
Soberano (1Tm. 6:15), e fala do glorioso evangelho do Deus bendito” (1Tm. 1:11).
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Manual de Doutrinas Bíblicas
aventurança de Deus significa que Ele tem prazer plenamente em si próprio e no que
Beleza. A beleza de Deus é o atributo pelo qual Ele é a soma de todas as qualidades
Reflicta e responda:
1. Será que Deus pode aprender alguma coisa? Será que Ele pode ser
inerrância bíblica?
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Manual de Doutrinas Bíblicas
IV – A TRINDADE
essência, sempre existiu como mais do que uma pessoa. De facto, Deus existe
ensinos da Bíblia sobre a Trindade traz-nos grande luz a questão do que é o centro
aprendemos que si mesmo, em seu verdadeiro ser, Deus existe nas pessoas do Pai,
eternamente como três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo; cada pessoa é plenamente
Deus e há um só Deus.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
NT. Mas se Deus desde sempre existe em três pessoas, seria surpreendente não
encontrar indicação alguma disso no AT. Embora a doutrina da Trindade não seja
Por exemplo, segundo Gn. 1:26 “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
“nossa” significam? Alguns têm sugerido que são plurais de majestade, formas
verbais de linguagem que um rei usaria ao dizer, por exemplo: “Estamos contentes
estaria aqui a falar a anjos. Mas os anjos não participaram da criação do homem,
nem foi o homem criado à imagem e semelhança dos anjos, de maneira que essa
de pessoas no próprio Deus. Não que haja uma referência a quantas pessoas, e não
temos nada nesse texto que aborde uma completa doutrina da Trindade, mas fica
implícito que mais de uma pessoa esteja envolvida nesse texto. O mesmo pode ser
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Além disso, h| passagens em que uma pessoa é chamada “Deus” ou “o Senhor” e ela
distingue-se de outra pessoa que também diz-se ser Deus. Em Sl. 45:6-7, o salmista
diz: “O meu trono, ó Deus, subsiste para todo sempre […] Amas a justiça e odeias a
iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros
ungindo-te com óleo de alegria”. Aqui o Salmo vai além de simplesmente descrever
o que poderia ser verdadeiro sobre um rei terreno e chama esse rei de “Deus”
(v.6), cujo trono haveria de durar “para todo sempre”. Mas, então, ao descrever a
pessoa “Deus” ele diz que “Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus
(hebraico, elohim). Já no NT, o autor de Hebreu cita essa passagem, porém faz
aplicação a Cristo: “O teu trono, o Deus, subsiste para sempre” (Hb. 1:8).
De modo semelhante, no Sl. 110:1, David diz: “O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-
te à minha direita até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés”.
Jesus entende correctamente que David está a referir-se a duas pessoas separadas
Pai disse a Deus Filho: Assenta-te à minha direita”. Porém, mesmo sem o ensino do
NT sobre a Trindade, parece claro que David estava cônscio (convicto) que é
O profeta Isaías 63:10, referindo-se ao povo de Israel diz que eles “se revoltaram e
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Manual de Doutrinas Bíblicas
história da vinda do Filho de Deus à terra. Seria de esperar que esse grande evento
que de facto encontramos. Antes de olhar para esse assunto em detalhes, podemos
reveladas juntas.
Quando Jesus foi baptizado, “…o céu se abriu, e Ele viu o Espírito de Deus descendo
como pomba e pousando sobre Ele. Então uma voz dos céus disse: Este é o meu Filho
três membros da Trindade executando actividades distintas. Deus Pai fala do céu;
Deus Filho é baptizado, e então ouve que o Pai fala do céu; e Deus Espírito Santo
No final de seu ministério (Mt. 28:19), Jesus disse que seus discípulos deveriam
Espírito Santo”. Mas informações semelhantes ver saudações nas cartas de Paulo.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Deus é três pessoas. Com essa afirmação conclui-se que o Pai não é o Filho; eles
são pessoas distintas. Significa também que o Pai não é o Espírito Santo, e que eles
são pessoas distintas. Significa que o Filho não é o Espírito Santo. Essas distinções
pessoais são vistas em várias passagens citadas na secção anterior assim como em
muitas passagens adicionais no NT. (Ler Jo. 1:1-2 cf. 9-18; Jo. 17:24; Hb. 7:25;
1Jo. 2:1). O Pai, Filho e Espírito são pessoas distintas (Jo. 14:26).
Em primeiro lugar as passagens acima citadas apontam que o Espírito Santo tem
um relacionamento coordenado com o Pai e com Filho (Mt. 28:19; 1Co. 12:4-6).
Visto que o Pai e o Filho são ambos pessoas, a coordenação entre eles sugerem
fortemente que o Espírito Santo seja pessoa também. Outras actividades pessoas
são atribuídas ao Espírito Santo, como ensinar (Jo. 14:26), dar testemunho
(Jo. 15:26; Rm. 8:16), interceder ou orar a favor de outros (Rm. 8:26-27), sondar as
plenamente Deus.
Primeiro, Deus é plenamente Deus. Isso fica evidente a partir do primeiro versículo
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Segundo, O Filho é plenamente Deus. Embora esse ponto vá ser desenvolvido com
Existe uma relação entre a palavra “verbo” (NT – logos/grego) e a palavra “barah”
(VT – disse ou falou/hebraico). Jesus foi o meio pelo qual Deus criou todo o
universo. Tomé na sua dúvida após ver a Cristo diz: “Senhor meu e Deus meu”
(Jo. 20:28).
O Espírito Santo é plenamente Deus. Uma vez entendido que Deus Pai e Deus Filho
são plenamente Deus, as expressões trinitárias nos versículos como Mt. 28:19
Santo é classificado no mesmo nível que o Pai e o Filho. Em outro episódio, vemos
Ananias mentindo a Pedro sobre uma oferta que haviam dado à igreja. Pedro
pergunta: “Como você permitiu que Satanás enchesse o seu coração, ao ponto de você
mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do dinheiro que recebeu da
propriedade? […] Você não mentiu aos homens, mas sim a Deus” (NVI - Act. 5:3-4).
ser. Não há três deuses. Há somente um Deus (Ler. Dt. 6:4-5 – Rm. 3:30; 1Tm. 2:5).
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Manual de Doutrinas Bíblicas
suas conclusões.
com a doutrina da Trindade, porém podemos perguntar porquê? Será que ela é
Primeira, a expiação está em jogo aqui. Se Jesus fosse meramente um ser criado, e
não plenamente Deus, então é difícil ver como Ele, uma criatura, poderia suportar
plenamente a ira de Deus sobre o pecado. Poderia qualquer criatura, não importa
Terceira, se Jesus não fosse Deus infinito, oraríamos a Ele ou adoraríamos? Será
que qualquer criatura poderia responder as nossas orações? E, quem além de Deus
é digno de adoração?
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Manual de Doutrinas Bíblicas
De facto, se Jesus não é Deus, então adorá-lo seria idolatria. Um pecado diante de
Deus. Todavia, no NT existem ordens para adorá-lo (Fl. 2:9-11; Ap. 5:12-14).
Quarta, se alguém ensina que Jesus não é Deus, mas sim um ser criado, mas ainda
assim, alguém que nos salvou, tal ensino começa erroneamente a atribuir crédito
Deus e que cada pessoa compartilha plenamente todos os atributos de Deus, então
mundo. Quando a Escritura discute o modo pelo qual Deus relaciona-se com o
maneiras pelas quais as três pessoas agem, como relacionam-se com o mundo, e
criadoras para trazer o universo à existência. Mas foi Deus Filho, a Palavra eterna
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Manual de Doutrinas Bíblicas
“Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele; sem Ele, nada do que existe teria
sido feito” (Jo. 1:3; 1Co. 8:6; CL. 1:16; Hb. 1:2). O Espírito Santo estava activo
criação (cf. Sl. 33:6; Sl. 139:7 – onde “sopro” deveria ser traduzido por Espírito).
Essas diferenças podem ser vistas na obra da redenção (salvação). Deus Pai
planeou a redenção e enviou Seu Filho ao mundo (Jo. 3:16; Gl. 4:4; Ef. 1:9-10). O
Filho obedeceu ao Pai e realizou a redenção por nós (Jo. 6:38; Hb. 10:5-7; etc.).
Deus Pai não veio morrer pelos pecados, como também não fez o Seu Espírito
Santo. Essa obra estava destinada exclusivamente ao Filho. Então após Jesus ter
sido elevado ao céu, o Espírito Santo foi enviado da parte do Pai e do Filho para
aplicar a redenção a nós. Jesus fala do “Espírito Santo que o Pai enviará em meu
nome” (Jo. 14:26), mas também diz que Ele próprio Ele enviaria o Espírito Santo,
“mas se eu for, vos enviarei” (Jo. 16:7). O papel do Espírito Santo é santificar-nos
(Rm. 8:13; 15:16) e capacitar-nos para o serviço (Act. 1:8; 1Co. 12:7-11).
Espírito Santo são iguais em divindade a Deus Pai, porém agem diferentemente.
Qual é a relação entre as três pessoas e o ser Deus? Como podemos dizer que
Deus é um ser indivisível e que, todavia, existem Nele três pessoas distintas?
Deus; a saber, cada uma dessas pessoas tem a totalidade e a plenitude do ser Deus
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Filho é total e plenamente Deus, e assim acontece com o Pai e o Espírito Santo.
Dessa maneira, não seria correcto pensar na Trindade conforme a figura abaixo,
PAI FILHO
ESPÍRITO SANTO
Figura 1
O ser Deus não é dividido em três partes iguais pertencentes aos três membros da Trindade.
Pai, Filho e Espírito Santo juntos, não estamos a falar de um ser maior do que
Pai é tudo do ser de Deus. O Filho também é tudo do ser de Deus. E o Espírito Santo
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Mas, se cada pessoa é plenamente Deus e tem tudo do ser de Deus, também não
devemos pensar que as distinções pessoais são uma espécie de atributos adicionais
P F
ES
Figura 2
pessoa tem qualquer atributo que as outras possuam. Devemos dizer, por outro
lado, que as pessoas são reais, que elas não são apenas diferentes maneiras de
(P) (F)
(ES)
Figura 3
As pessoas da Trindade não são apenas três diferentes maneiras de se olhar o ser único de Deus.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Ao contrário, precisamos pensar na Trindade de tal modo que a realidade das três
pessoas seja mantida, e cada pessoa tem de ser vista relacionando com as outras
pessoa).
O único meio pelo qual parece possível fazer isso é dizer que a distinção entre as
algo muito distante de nossa experiência humana, na qual cada ser humano
diferente é uma pessoa diferente também. De alguma forma o ser de Deus é tão
maior que o nosso, que dentro do seu ser indivisível pode haver um
distintas.
Concluímos que não existe diferença de atributos nas pessoas da Trindade. A única
criação. A qualidade singular do Pai é o modo em que Ele relaciona-se como o Pai
Agora é a tua vez de tentar criar uma figura que revele o que estamos a dizer sobre
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Manual de Doutrinas Bíblicas
P F
ES
Figura 4
Há três pessoas distintas, e o ser de cada pessoa é igual à totalidade do ser de Deus .
erros que têm sido cometidos no passado. Eles todos devem-se as tentativas de
removendo todos os seus ministérios. Nunca podemos fazer isso! Contudo, não é
Trindade. Certamente podemos entender e saber que Deus é três pessoas, que cada
uma delas é plenamente Deus e que há somente Deus. Podemos saber essas coisas
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Manual de Doutrinas Bíblicas
porque a Bíblia ensina. Além disso, podemos conhecer algumas coisas a respeito do
paradoxo essa doutrina, mas que não nos deveria perturbar, uma vez que os
desde que somos criaturas finitas e não divindade omnisciente, sempre haverá (e
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Manual de Doutrinas Bíblicas
V. DOUTRINA DO HOMEM
Capítulo I
A Criação do Homem
revelação de Deus. Através da sua Palavra Ele revela-se ao mundo. Falamos sobre a
natureza de Deus e seus atributos e por fim abordamos a essência do “ser” de Deus,
Deus: a criação dos seres humanos, tanto homens como mulheres, para serem mais
parecidos com Ele que qualquer outra criação. Vamos considerar primeiramente o
propósito de Deus ao criar o homem e a natureza do homem como Deus quis que
utilizada para referir a totalidade da raça humana. Por isso todos os leitores
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Deus não precisava criar o homem, todavia Ele nos criou para a sua glória.
que ensinam que Ele não precisava de nós ou do restante da criação para nada.
eternidade (Jo. 17:5, 24), Deus não nos criou porque estivesse solitário ou porque
precisasse de comunhão com outras pessoas – não há razão para Deus precisar de
Não obstante, Deus criou-nos para a sua glória. Quando tratamos do assunto da
independência de Deus, observamos que Ele fala de seus filhos e filhas desde os
confins da terra como aqueles “a quem criei para a minha glória” (Is. 43:7;
cf. Ef. 11:11-12) Portanto, existimos para fazer “tudo para glória de Deus”
(1Co. 10:31).
primeiro lugar, que Deus não precisava nos criar e que Ele não precisa de nós para
realizar alguma coisa, podemos concluir que nossa vida não possui importância
alguma. Porém a Escritura diz-nos que fomos criados para glorificar a Deus,
indicando-nos que somos importantes para o próprio Deus. Essa é a definição final
para Deus por toda a eternidade, então que grau de maior importância poderíamos
querer?
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Qual é o nosso propósito nesta vida? O facto de que Deus nos criou para a sua
vida?”. O nosso propósito deve ser o de cumprir aquilo para qual Deus nos criou:
glorificá-lo.
relacionamento com Ele. Jesus disse: “Eu vim para tenham vida, e a tenham em
Ele é uma grande bênção; maior do que qualquer coisa que poderíamos almejar.
lições de vida que Ele nos dá (Rm. 5:2-3; Fp. 4:4; Tg. 1:2; 1Pe. 6:8).
que Ele regozija-se em nós. Isaías escreveu: “assim como o noivo regozija-se por sua
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Manual de Doutrinas Bíblicas
uma delas, o homem, foi feito “{ imagem de Deus”. Para compreender melhor
podemos usar a seguinte definição: O facto de que o homem foi feito à imagem de
Deus significa que Ele é igual a Deus (num determinado sentido) e que representa
Deus.
semelhança” (Gn. 1:26), o sentido é que Deus planeava fazer uma criatura
palavra hebraica para “semelhança” (dêmut) referem-se a algo que é similar, mas
não idêntico { coisa que ela representa ou aquilo de que é a “imagem”. A palavra
imagem pode também ser usada para algo que representa outra coisa.
resultado final seria esse: “Façamos o homem para ser igual a nós e para nos
precisamente isso “igual para representar”. Porém convém dizer que a nossa
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Manual de Doutrinas Bíblicas
imaginar se o homem deveria ainda ser visto como alguém que é igual a Deus
mesmo após ter pecado? Essa questão é respondida ainda bem cedo, em Génesis,
onde Deus dá a Noé autoridade para estabelecer pena de morte para o homicídio
após o dilúvio. Deus diz: “Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu
sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado” (Gn. 9:6).
Deus nelas porque que o facto de assassinar outra pessoa (“derramar sangue” é
uma expressão do Velho Testamento [VT] para a tirar a vida humana) significa
atacar a parte da criação que mais lembra Deus, e ela revela a tentativa ou desejo
Testamento [NT] confirma isso quando Tiago diz que os homens em geral, não
Contudo como o homem pecou, certamente ele não é plenamente igual a Deus
como o era no seu estado “original”. Sua pureza moral perdeu-se e seu carácter
se pela falsidade e pelo entendimento erróneo; suas palavras não mais glorificam a
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Manual de Doutrinas Bíblicas
egocentrismo e não pelo amor altruísta, e assim por diante. A essa corrupção dá-se
imagem de Deus, em cada aspecto da vida, partes dessa imagem fora distorcida.
Em resumo, “Deus fez os homens justos, mas eles foram em busca de muitas intrigas”
(Ec. 7:29). Assim, após a queda ainda reflectimos a imagem de Deus – somos ainda
parecidos com Deus e ainda seus representantes na terra – mas a imagem de Deus
em nós está distorcida; somos menos plenamente parecidos com Deus do que
não simplesmente pela observação dos seres humanos como são actualmente, mas
pelas indicações da Bíblia sobre a natureza de Adão e Eva quando Deus criou-os e
Deus viu que “era muito bom” (Gn. 1:31). A medida plena da excelência de nossa
humanidade não será vista novamente na vida nessa terra até que Cristo retorne e
significa que podemos, mesmo nessa vida, crescer progressivamente mais e mais
na semelhança com Deus. Por exemplo, Paulo diz que como cristãos temos a
sua Palavra e de seu mundo, começamos a ter mais e mais os pensamentos que o
70
Manual de Doutrinas Bíblicas
próprio Deus tem. Desse modo, somos renovados para o pleno conhecimento e
em nossa vida e carácter. De facto, a meta final para qual Deus redimiu-nos é
tornar-nos “conforme à imagem de seu Filho” (Rm. 8:29), para que, assim, sejamos
imagem de Deus não é vista de Adão quando pecou, nem é vista em nossa vida
Cristo. Ele próprio é “a imagem de Deus” (2Co. 4:4); “a imagem do Deus invisível”
(Cl. 1:15). Em Jesus nós vemos a semelhança humana a Deus como Deus pretendeu
que fosse, e deveria causar-nos regozijo o facto de Deus ter-nos predestinado para
sermos conformes “{ imagem de seu Filho” (Rm. 8:29; cf. 1Co. 15:49). Leia 1 Jo. 3:2.
argumentado antes que seria difícil definir todas as formas pelas quais somos
existência que demonstram que somos mais parecidos com Deus que todo o
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Manual de Doutrinas Bíblicas
responsáveis diante de Deus por nossas acções. Temos o sendo interior do que é
certo ou errado – e esse aspecto por si só diferencia-nos dos animais. (2) Aspectos
Espirituais: Além do corpo físico que temos, o nosso ser é feito de espírito
em que existimos. Isso significa que temos vida espiritual, que nos capacita a
relacionarmos com Deus como pessoas que somos, e também temos imortalidade;
difere dos animais, embora eles sejam reconhecidos como sendo portadores de
chimpanzé sentado em volta de uma mesa a discutir com outros da mesma espécie
assuntos complexos como a Trindade, etc. Nunca veremos um cão a defender a sua
humana. Mas uma vez, os animais também o têm, todavia, incomparável com a
capacidade humana. O homem é igual a Deus, pois foi lhe dado o direito de
sentar no tribunal de juízos dos anjos (Gn. 1:26, 28; Sl. 8:6-8; 1Co. 6:3).
72
Manual de Doutrinas Bíblicas
depravação total. Mas apesar de o cenário ser horrendo, a imagem de Deus não
fora perdida, mas sim desfocada. Na vida dos crentes em Jesus, ela está sendo
restaurada dia após dia, mediante o relacionamento com Ele, sendo que um dia,
linhas, descreva qual deve ser o primeiro propósito de sua vida. Seja prático.
3. Que efeito a queda da humanidade teve sobre o facto de termos sido feitos à
imagem de Deus?
5. Pesquisar na Bíblia onde vem mencionado a criação dos dois sexos. Ver a
Versículo para Memorizar: Gn. 1:26-27 Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais
que se movem rente ao chão” Criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou.”
73
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo II
O PECADO
O que é pecado? De onde veio?
A. Definição de Pecado
plano da redenção de Deus para trazer muitas pessoas de volta para si. Portanto,
com a lei moral de Deus em actos, atitudes ou pensamentos. O pecado é aqui definido
em relação a Deus e à sua lei moral. O pecado não consiste somente em actos
isolados, como roubar, matar, mentir, mas em atitudes que são contrárias às
atitudes que Deus requer de nós. Vemos isso n os Dez Mandamentos, que não
(Ex. “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo...
Êx. 20:17). No Sermão do Monte (Mt. 5), Jesus proíbe igualmente atitudes
Portanto, a vida agradável a Deus é a que possui pureza moral não somente em
suas acções, mas também nos desejos do coração. De facto, o maior de todos os
mandamentos requer que nosso coração seja cheio de atitudes de amor para com
74
Manual de Doutrinas Bíblicas
Deus: “Amarás ao Senhor, o teu Deus, de todo o coração, de toda a sua alma, de todo
B. A Origem do Pecado
universo?”, devemos em primeiro lugar afirmar claramente que Deus nunca pecou,
e que nunca poderá ser o culpado pelo pecado. Foi o homem quem pecou e foram
os anjos que pecaram, e em ambos os casos eles o fizeram por escolha voluntária e
deliberada. Culpar Deus pelo pecado seria uma blasfémia contra o carácter íntegro
de Deus. A Bíblia revela que “Ele é a rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os
seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e recto é”
(Dt. 32:4). Porém devemos guardar-nos de cometer o erro oposto: seria errado
forma ou igual ao próprio Deus em poder. Dizer isso seria afirmar a filosofia com o
sobre o Universo. Portanto, muito embora não devamos dizer que o próprio Deus
pecou ou que Ele deva ser culpado do pecado, devemos também afirmar que Deus
“faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade” (Ef. 1:11), e que de facto
permitiu que o pecado entrasse no mundo, ainda que não tenha prazer nele e ainda
3
Dualismo: é uma concepção filosófica do mundo baseada na presença de dois princípios; duas
substâncias ou duas realidades opostas e inconciliáveis, irredutíveis entre si e incapazes de uma síntese
final ou de recíproca subordinação. Tanto Deus como a matéria existem eternamente lado a lado.
(Grudem, Wayne, Teologia Sistemática e Exaustiva, p. 136.)
75
Manual de Doutrinas Bíblicas
que ele tivesse estabelecido que o pecado viria a este mundo mediante a escolha
angelical com a queda de satanás e seus demónios. Mas com respeito à raça
humana, o primeiro pecado foi o de Adão e Eva no Éden (cf. Gn. 3:1-19). O facto de
Primeiro, o pecado deles cortou a base do conhecimento, porque deu uma resposta
Eva que eles morreriam se comessem do fruto daquela árvore (cf. Gn. 2:17), a
serpente disse: “Certamente não morrerão” (Gn. 3:4). Eva decidiu duvidar da
verdade.
Segundo, o pecado deles cortou a base dos padrões morais, porque deu uma
resposta diferente a pergunta: “O que é certo?”. Deus havia dito que era
moralmente correcto Adão e Eva não comerem do fruto da árvore (cf. Gn.2:17).
Porém a serpente sugeriu que seria correcto comer do fruto e que, ao comê-lo,
Adão e Eva seriam “como Deus” (cf. Gn.3:5). Eva confiou na sua avaliação do que
era certo ou errado; do que seria bom ou mal para ela, ao invés de permitir que as
palavras de Deus definissem o que é certo e o que é errado. “Quando a mulher viu
que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso,
desejável para dela obter discernimento, tomou do fruto, comeu e deu a seu marido,
Terceiro, o pecado deles deu uma resposta diferente { pergunta: “Quem sou eu?”. A
resposta correcta era que Adão e Eva eram criaturas de Deus, dependentes dele e
Porém, Eva e depois Adão sucumbiram { tentação de ser “como Deus” (cf. Gn.3:5),
Realmente, não faz sentido satanás rebelar-se contra Deus na expectativa de ser
capaz de exaltar-se acima de Deus. Igualmente também não faz sentido Adão e Eva
ordens de Deus. A recompensa foi a morte – escolha tola. Assim, com é qualquer
decisão humana em continuar num estado de rebelião contra Deus. Num primeiro
instante pode-se encontrar alguma razão para pecar, porém quando analisado
friamente, chega-se a conclusão que o pecado não faz sentido de forma alguma.
mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a
morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram”
(Rm. 5:12).
O contexto demonstra que Paulo não está a falar a respeito de pecados actuais que
77
Manual de Doutrinas Bíblicas
capítulo 5 por inteiro de Romanos). Paulo está a dizer que pelo pecado de Adão,
todos pecaram.
A ideia de que “todos pecaram” significa que Deus entendeu que todos nós
pecamos quando Adão desobedeceu a Deus. (Ler Rm. 5:13-14). Aqui nesse texto
Paulo assinala que, desde o tempo de Adão até o tempo de Moisés, as pessoas não
tinham a lei escrita de Deus (Dez Mandamentos). Embora os seus pecados não
fossem levados “em conta” (como infracção da lei), elas ainda morriam. E o facto de
elas morrerem é a prova de que Deus considerava as pessoas culpadas com base
homens. Logo assim, como por meio da desobediência de um só homem muitos foram
feitos pecadores, assim, também, por meio da obediência de um único homem muitos
Reflicta: Na tua opinião o que Paulo está a dizer em Rm. 5:18-19? Será Deus é
foram feitos pecadores”. Quando Adão pecou, Deus considerou todos os que
descenderiam dele como pecadores. Embora não existíssemos ainda, Deus, a olhar
culpados como Adão. Essa verdade também aplica-se com a afirmação que Paulo
faz acerca de Jesus “Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores”
78
Manual de Doutrinas Bíblicas
(Rm. 5:8). Obviamente, todos nós nem mesmo existíamos quando Cristo morreu.
Mas ainda assim, Deus olhou para nós como pecadores carentes de salvação.
Éden. Como nosso representante, Adão falhou e pecou contra Deus, e Deus
considerou-nos tão culpados quando Adão. O termo técnico para essa acção é o
“pecado imputado”. Deus considerou que a culpa de Adão pertence a nós e, j| que
culpados por causa do pecado de Adão, a nossa tendência é protestar, porque ela
parece injusta. Realmente nós não decidimos pecar, não é? Então, como podemos
voluntariamente, pelos quais Deus os considera também como culpados. Estes hão-
pois Deus “retribuirá a cada um conforme o seu procedimento” (Rm. 2:6) e “quem
cometer injustiça receberá de volta a injustiça, não haverá excepção para ninguém”
(Cl. 3:25).
79
Manual de Doutrinas Bíblicas
também teria pecado, como ele, e nossa rebelião subsequente contra Deus
demonstra isso”. Creio que isso provavelmente é verdadeiro, mas não parece um
não. Tal incerteza não é de muita ajuda para diminuir o senso de injustiça de uma
pessoa.
é injusto sermos representados por Adão, devemos pensar do mesmo modo, i.é,
injusto sermos representados por Cristo, tendo a sua justiça imputada a nós por
Deus, pois o procedimento usado por Deus foi o mesmo (Leia Rm. 5:12-21).
Adão. Além da culpa legal que Deus nos imputou por causa do pecado de Adão,
terminologia “corrupção herdada”, pois creio que expressa mais claramente a ideia
David diz: “Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu a minha
mãe” (Sl. 51:5). Esse texto não est| relacionado aos pecados da mãe de David. O rei
está a confessar os seus próprios pecados (cf. Sl. 51:1-4). David é tomado tão
intensamente pela consciência do próprio pecado, que ao olhar para sua vida
percebe que era pecador desde o início. De facto ele percebe que desde o seu
nascimento ou ainda na sua concepção no ventre de sua mãe, ele j| era “pecador”.
Existe a ideia semelhante no Sl. 58:3. Portanto nossa natureza inclui a disposição
80
Manual de Doutrinas Bíblicas
para o pecado, de maneira que Paulo pode afirmar que, antes de sermos cristãos,
Essa tendência herdada para o pecado não significa que os seres humanos são
todos tão maus quanto poderiam ser, nem significa que não podemos fazer nada de
bom em qualquer sentido da palavra. Contudo, com nossa tendência para pecar, no
respeito a Deus, não somos capazes de fazer nada que lhe agrade. Vejamos:
perante Deus. Isso não significa que apenas algumas partes de nós são
Antes, cada parte de nosso ser é afectada pelo pecado – nosso intelecto, nossas
(cf. Rm. 7:18 e Tt. 1:15). Uma coisa não podemos esquecer – é que apartados da
obra redentora de Cristo, nós somos iguais a todos os outros descrentes que
diante de Deus.
Essa ideia está relacionada com o que já foi tido anteriormente. Não somente
mesmo agrade a Deus (Rm. 8:8). Além disso, em termos de produzir frutos no
Reino de Deus, Jesus disse: “sem mim nada podeis fazer” (Jo. 15:5). Realmente, os
descrentes não agradam a Deus, se não por outra razão, simplesmente porque suas
Para agradar a Deus é necessário a fé, como diz a Escritura: “sem fé é impossível
agradar a Deus” (Hb. 11:6). Os descrentes estão num estado de escravidão porque
espiritual à vista de Deus, então será que ainda exercemos algum tipo de liberdade
de escolha?
decidem o que querem fazer e o fazem. Nesse sentido há ainda uma espécie de
“liberdade” nas escolhas que as pessoas fazem. Todavia, por causa da incapacidade
agradável a Deus.
82
Manual de Doutrinas Bíblicas
Espírito Santo de Deus, e ela não durar| para sempre. Veja: “Se hoje ouvirdes a voz,
homem, iremos neste momento passar por questões prévias acerca de dúvidas que
testifica a pecaminosidade universal da raça humana (cf. Sl. 14:3; 1Rs. 8:46; Pv.
Há graus de pecado? Existem pecados piores do que os outros? Creio que sim e
a. Culpa legal.
Em termos de nossa posição legal diante de Deus, qualquer pecado, mesmo o que
83
Manual de Doutrinas Bíblicas
Deve-se dizer que alguns pecados são piores que os outros nos sentido que causam
do pecado. Quando Jesus esteve diante de Pilatos, Ele disse: “…aquele que me
Pilatos e o pecado do povo com a traição de Judas. Enquanto Pilatos não conhecia a
Por isso creio que o pecado de Judas fora “maior” do que o de Pilatos, pois ele
Em geral podemos dizer que alguns pecados têm consequências mais danosas do
que outros e que desonram mais o nome de Deus do que outros, e por isso creio
que o julgamento será consoante a gravidade dos pecados (na vida dos cristão
regenerados).
Imaginem uma situação em que uma pessoa rouba um carro, isso é pecado e digno
carro e acaba por agredi-lo – o pecado torna-se mais grave. Entretanto, na fuga ele
atropela várias pessoas, mata um policial, etc. As consequências são mais danosas.
seu pecado aos olhos de Deus é igual, a de um aluno que fora pego a fazer plágio de
um trabalho na internet?
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Manual de Doutrinas Bíblicas
O Que acontece quando o cristão (verdadeiro) peca? Embora esse assunto será
tratado mais tarde quando falarmos sobre a santificação na vida cristã, é bastante
apropriado tratar dele neste momento. Quais são os resultados do pecado na vida
do cristão?
a. Nossa posição legal diante de Deus não muda. Quando o cristão peca, sua
posição legal diante de Deus permanece inalterada. Ele é ainda perdoado, pois
“já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm. 8:1). A salvação
não é baseada nos nossos méritos, mas é o dom livre de Deus (Rm. 6:23), e a
Além disso, somos ainda filhos de Deus e ainda retemos nossa posição de família
de Deus. O facto de sermos pecadores, porém justificados por Deus mediante Jesus,
não perdemos a nossa condição diante de Dele conquistada por Cristo. Somos
pecamos, embora Deus não cesse de nos amar, Ele fica desgostoso connosco.
Esse facto é sentido também entre os seres humanos. Podemos amar uma
pessoa, porém estarmos desgostosos como ela (ex. pais e filhos; marido e
mulher, etc.). Paulo diz-nos que é possível o cristão entristecer “o Espírito Santo
de Deus” (Ef. 4:30). Quando pecamos nós lhe causamos tristeza e desgosto.
Quando pecamos, não é somente a nossa relação com Deus que fica prejudicada.
Nossa vida cristã e a nossa capacidade de dar frutos também ficam danificadas.
85
Manual de Doutrinas Bíblicas
Jesus adverte-nos: “Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer
na videira. Vocês não poderão dar frutos se não permanecerem em mim” (Jo. 15:4).
Quando nos desviamos da comunhão com Cristo por causa de nossos pecados,
celestial. A pessoa que construiu na obra da igreja não com ouro, prata ou pedra
preciosa, mas com “madeira, feno e palha” (1Co. 3:12) ter| a sua obra queimada no
dia do juízo. Paulo entende que “todos nós devemos comparecer perante o tribunal
de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do
de um pecado que nunca ser| perdoado. Jesus diz: “Por esse motivo eu lhes digo:
Todo o pecado e blasfémia serão perdoados aos homens, mas a blasfémia contra o
Espírito Santo, não será perdoada” (Mt. 12:31-32; cf. Mc. 3:29-30, Lc. 12:10
Este espaço está destinado para que os alunos possam fazer os seus
86
Manual de Doutrinas Bíblicas
1. Defina o pecado.
3. Como o pecado de Adão afectou a natureza humana? Isso significa que todas
as pessoas são tão más quanto poderiam ser? Explique a sua resposta.
5. Quando o cristão peca, como isso afecta a sua posição legal diante de Deus?
10. Defina o pecado imperdoável revelado por Jesus em Mt. 12:31-32. Qual
Sugestão: Após reflectir nas perguntas leia Salmos 51:1-4 e ore diante do Senhor.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo I
A Pessoa de Cristo
“Como Jesus pode ser plenamente Deus e plenamente homem, sendo, todavia, uma só pessoa?”
maneira: “Jesus Cristo era plenamente Deus e plenamente homem em uma só pessoa,
A. A humanidade de Cristo
pelo Espírito Santo de Deus. (Mt. 1:18-25; Lc. 1:34-35). Só essa afirmação da
três áreas:
pode nunca vir por intermédio do esforço humano, mas deve ser obra
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Manual de Doutrinas Bíblicas
em uma só pessoa. Esse foi o meio que Deus usou para enviar o Seu Filho
(Jo. 3:16; Gl. 4:4) ao mundo como homem. Se pensarmos por um momento em
outras maneira possíveis pelas quais Cristo poderia ter vindo ao mundo,
uma mesma pessoa. Provavelmente teria sido possível Jesus ser enviado como
humano. Deus poderia fazer isso, pois Ele tem todo o poder. Também Deus
poderia usar Maria e José como os pais de Jesus e em determinada altura unir
mas mesmo assim seria difícil entendermos como Jesus poderia ser
plenamente Deus, já que a sua origem seria igual à nossa em cada detalhe.
natureza moral. Mas o facto de que Jesus não teve um pai humano significa que
culpa legal e a corrupção moral que pertence a todos os seres humanos não se
Mas porque Jesus não herdou a natureza pecaminosa de Maria? A Igreja Católica
Romana responde a essa pergunta dizendo que Maria estava livre do pecado,
dizer que a obra sobrenatural do Espírito Santo de Deus deve ter evitado não
somente a transmissão de pecado de José (pois Jesus não teve um pais humano),
Espírito Santo virá sobre você (Maria) […] Assim, aquele que há-de nascer será
crianças “normais” (Lc. 2:40, 52). Jesus se cansava como nós também nos
cansamos, teve sede (Jo. 4:6; 19:28) e fome (Mt. 4:2); ele morreu como todo o
90
Manual de Doutrinas Bíblicas
b. Jesus possuía mente humana. Em Lc. 2:52, vemos que Jesus ia “crescendo em
c. Jesus possuía alma e emoções humanas. Jesus disse ante da sua crucificação:
“Agora, está angustiada a minha alma” (Jo. 12:27). Jesus experimentou grande
(Mt. 8:10), chorou de tristeza com a morte de seu amigo Lázaro (Jo. 11:35);
orou com o coração cheio de emoções, pois “durante os seus dias de vida na
terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que
podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão”
plenamente homem exactamente como nós somos, também afirma que Ele era
diferente num aspecto importantíssimo: Jesus era sem pecado, e nunca pecou
durante toda a sua vida. Satanás foi incapaz de persuadir Jesus a pecar, após os
pecado, tal como era a vontade de Deus para Adão, antes de esse pecar. Jesus teve a
pecado?” (Jo. 8:46). Jesus era a “luz do mundo” – e a luz significa pureza plena e
santidade. Essa luz seria o meio de retirar o homem das trevas em que ele vivia por
causa do pecado. Por isso a luz não poderia ter “trevas” – não existe comunhão
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Paulo fala de Jesus vindo viver como um homem, porém ele esclarece que Jesus
não era um “homem pecador”, antes ele diz que Deus enviou o seu próprio Filho “à
semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado” (Rm. 8:3); ele refere
também Jesus como “aquele que não tinha pecado” (2Co. 5:21).
Para mais informações leia os seguintes texto: Hb. 4:15; 7:26; 1Pe. 1:19; 2:22;
Perguntas para discussão em aula: (1) Na tua opinião Jesus poderia ter pecado?
Se sim quais as implicações para as nossas vidas? (2) Porque era necessária a plena
humanidade de Cristo?
92
Manual de Doutrinas Bíblicas
B. A Divindade de Cristo
Para completar o ensino bíblico sobre Jesus, devemos afirmar não somente que Ele
era plenamente homem, mas também que era plenamente divino. Usaremos a
Cristo é bastante ampla no . Mais uma vez o propósito desse manual não é ser
NT
a. A Palavra Deus (gr. theos) usada com relação a Cristo. Embora a palavra theos,
(cf. Jo.1:1, 18; 20:28; Rm. 9:5; Tt. 2:13; Hb. 1:8; 2Pe. 1:1).
b. A Palavra Senhor (gr. kyrios) usada com relação a Cristo. As vezes a palavra
sua divindade Yhwh (cf. Mt. 3:3; Lc. 2:11; 1Co. 8:6)
c. Outras declarações forte da divindade de Cristo. Além do uso das palavras theos e
kyrios para referir a Cristo, temos outras passagens que declaram fortemente a
93
Manual de Doutrinas Bíblicas
divindade de Cristo. Jesus disse aos seus opositores que “antes que Abraão
existisse EU SOU” (Jo. 8:57-58 – comparar com Êx. 3:14). Jesus estava a requerer
Deus que é a fonte da própria existência e que sempre tem sido e sempre será.
“Eu sou o Alfa e o Ómega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap. 22:13).
Essa combinação revela na totalidade a Soberania de Jesus tal qual como o Pai.
todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará,
e seu reino jamais será destruído” (Dn. 7:13-14). Em Mt. 26:64-66, Jesus utilizou
morte responderam eles”. Aqui Jesus tornou explícita sua forte alegação de ser o
94
Manual de Doutrinas Bíblicas
com apenas uma ordem (Mt. 8:26-27); multiplicou pães e peixes (Mt. 14:19);
b. Ele declarou a sua eternidade quando disse: “eu lhes afirmou que antes de
(Mc. 2:8) e por saber “desde o princípio quais deles não criam e que iria o trair”
(Jo. 6:64).
que a igreja seria estabelecida, Jesus pode dizer: “Pois onde se reunirem dois ou
três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mt. 18:20), e “eu estarei convosco
f. E por fim, uma outra afirmação clara da divindade de Cristo dá-se por Ele ser
absoluta divindade de Jesus. Ele faz isso em centenas de versículos explícitos que
95
Manual de Doutrinas Bíblicas
amplo que ambas têm sido aceitas desde os tempos mais antigos da história da
igreja e só foi definida no ano 451 d.C. Antes desse período diversas teorias foram
levantadas. Vamos mencionar algumas nesta secção, porém sem discuti-las com
exaustão.
pessoa única de Cristo possuía corpo humano, mas não uma mente humana
Natureza
Divina
Corpo
Humano
Figura 1
Apolinarismo
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Pessoa Pessoa
Humana Divina
Figura 2
Nestorianismo
Nova
Natureza
Natureza
Humana Pessoa
Divina
Figura 3
Monofisismo ou Eutiquismo
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Manual de Doutrinas Bíblicas
P F
E.S Figura 4
Concluímos esta secção reforçando que não podemos perder de vista a mensagem
da Bíblia. Ela revela o mais espantoso milagre. O facto de o Filho Unigénito do Deus
98
Manual de Doutrinas Bíblicas
razões.
3. Mencione três modos pelos quais a Bíblia explicitamente afirma que Jesus é
Nestorianismo e do Monofisismo.
“E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do
99
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo II
A Expiação
A. A Causa da Expiação
Qual foi a causa última que fez com que Cristo viesse a este mundo e morresse por
nosso pecados? A fim de encontrar a resposta para essa pergunta, temos que
Bíblia (Jo. 3:16). Mas a justiça de Deus também requeria que Deus encontrasse o
meio para que a penalidade que nos era devida por causa de nossos pecados fosse
paga, porque Deus não poderia aceitar-nos sem que a pena fosse paga.
Essa foi a razão pela qual Deus enviou Cristo para fazer “propiciação pelos pecados”
(Rm. 3:25) – a saber o sacrifício que suporta a ira de Deus de maneira que o
100
Manual de Doutrinas Bíblicas
Por isso ambos, o amor e a justiça de Deus, foram a causa última da expiação. Sem
amor, Deus nunca teria tomado qualquer iniciativa para redimir-nos; todavia, sem
B. A Necessidade da Expiação
Haveria qualquer outro modo de Deus salvar os seres humanos sem ser o de enviar
o Seu Filho para morrer em nosso lugar? Vimos em parte a resposta a essa questão
devemos perceber que não era necessário Deus salvar pessoas, pois Ele não
poupou os anjos que pecaram e os lançou no inferno (2Pe. 2:4). Ele bem poderia
fazer isso com o homem. Ele poderia ter decidido não salvar ninguém.
Porém, mais uma vez vemos o amor de Deus manifesto, porque Ele decidiu salvar
alguns seres humanos, porém o meio de salvação era a morte expiatória de Seu
Filho Unigénito. Por isso a expiação tornou-se necessária, porque sem ela não
haveria salvação ou libertação dos pecados (conferir os textos: Rm. 3:26; Hb. 2:17;
C. A Natureza da Expiação
Nesta secção, vamos considerar dois aspectos da obra de Cristo: (1) A obediência
de Cristo por nós, sua submissão a todas as exigências da lei em nosso lugar e a
sofrimento de Cristo por nós, no qual Ele tomou sobre si a penalidade pelos
pecados que nos era devida e, como resultado, morreu pelos nossos pecados.
101
Manual de Doutrinas Bíblicas
primária da obra da redenção de Cristo não está em nós, mas em Deus Pai. Jesus
sofreu em nosso lugar, recebendo sobre si a penalidade que Deus Pai teria feito
cair sobre nós. Em ambos os casos, a expiação é vista como objectiva, i.é., alguma
coisa que tem influência primária directamente sobre o próprio Deus. Apenas de
forma secundária ela tem aplicação para nós, e isso somente porque houve um
evento definido no relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho que assegurou a
diversos efeitos sobre nós. Ela pode, portanto, ser vista por diversos ângulos
(1) Merecemos morrer como penalidade pelo pecado. (2) Merecemos suportar a
ira de Deus contra o pecado. (3) Estamos separados de Deus por causa dos
maneira: (1) Sacrifício: para pagar a penalidade da morte que merecemos por
causa dos pecados, Cristo morreu como sacrifício por nós (Hb. 9:26).
(2) Propiciação: para remover de nós a ira de Deus que merecíamos, Cristo
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Manual de Doutrinas Bíblicas
de redenção a ideia que vem a nossa mente é de resgate. Resgate é o preço pago
Vimos até agora uma verdade que é incontestável. A Bíblia revela que todos
pecaram e foram separados da glória de Deus, como diz Rm. 3:23, e que
A partir de agora vamos reflectir na maneira pela qual Deus aplica essa salvação à
nossa vida. Iremos falar da obra electiva de Deus, a saber, sua decisão em nos
escolher para que fossemos salvos, eleição que deu-se antes da fundação do
por nós, visto que ela deu-se antes de Cristo ter obtido a salvação quando morreu
sabedoria resolveu nos salvar. Portanto, é correcto pensar nele como o primeiro
103
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo I
A Eleição
Quando e porque Deus nos escolheu?
Eleição é o acto divino antes da criação no qual Deus escolhe algumas pessoas para
serem salvas, não com base em qualquer mérito humano, mas somente por causa de
dentro das diversas linhas teológicas dentro das igrejas evangélicas. Muitos
humana. Este manual não ira descartar essa “tensão” que é sustentada pela Bíblia.
doutrina.
ser salvos (cf. Act. 13:48; Rm. 8:28-30; Ef. 1:4-6; 2Ts. 2:13; 1Pe. 1:1; 2:9;
Ap. 13:7-8).
104
Manual de Doutrinas Bíblicas
Após esta vasta lista de versículos sobre a eleição, é importante vermos como o NT a
vê.
como conforto aos crentes. Quando Paulo assegura aos romanos que “Deus age em
toda as coisas para o bem daqueles que são chamados de acordo com o seu
propósito” (Rm. 8:28), ele considera essa obra da predestinação divina com a razão
pela qual podemos ficar seguros dessa verdade. O argumento de Paulo consiste em
que Deus agiu para o bem dos que foram chamados para ele mesmo. O texto em
Rm. 8:29-30 diz que os “que antemão conheceu predestinou para serem á imagem
do Seu Filho”. Dessa forma a predestinação deve ser vista pelos cristãos como um
conforto, pois ela no assegura que Deus escolheu-nos antes da fundação de todas
Como razão para louvar a Deus. Paulo diz: “Em amor nos predestinou para
sermos adoptados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da
sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no
Amado” (Ef. 1:5-6). Essa é a razão pela qual Paulo dá graça em última instância.
Deus é o responsável pela salvação do seu povo; Ele é quem os escolheu para que
possamos sentir. A eleição não depende de nós, mas sim da omnisciência de Deus.
105
Manual de Doutrinas Bíblicas
porque evangelizar, se Ele irá salvar os eleitos na mesma? Leia 2Tm. 2:10.
O apóstolo Paulo sabe que Deus escolheu pessoas para serem salvas e vê tal facto
como encorajamento para pregar o Evangelho, mesmo que isso signifique suportar
evangelização, pois ele sabe que algumas dessas pessoas a quem ele dirige-se são
eleitas e, por causa disso, elas crerão e serão salvas. É como se alguém convidasse-
nos a uma pescaria e dissesse: “Eu lhes garanto que irão pescar algum peixe – eles
o que venhamos a fazer, as coisas acontecerão porque tinham que acontecer, como
mecânica.
106
Manual de Doutrinas Bíblicas
salvação como algo produzido pelo Deus pessoal que relaciona-se com as criaturas
pessoais. Ele “em amor” nos predestinou para sermos seus filhos por adopção
(Ef. 1:5). O acto electivo de Deus não foi impessoal nem mecanicista, mas foi
permeado de amor pessoal por aqueles a quem Ele escolheu. Além do mais,
continuamente não nos vê como criaturas mecânicas ou robôs, mas como pessoas
o convite de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que eu
revela que somos criaturas que fazemos escolhas deliberadas, e que essas escolhas
são reais e tem consequências reais na nossa vida. Elas afectam nossa vida, e o
destino e vida de outras pessoas. Assim “quem crê não é condenado, mas quem não
fé. É muito comum pessoas concordarem que Deus predestina algumas pessoas
para serem salvas, mas elas argumentam que Ele olha e vê o futuro e vê quem
haverá de crer em Cristo e quem não vai crer. Se Ele vê uma pessoa que irá ter a fé
107
Manual de Doutrinas Bíblicas
Discussão em Sala de Aula: Reflicta neste ponto e tente argumentar contra essa
posição.
Como foi apresentada a doutrina da Eleição ela vem sendo comummente aceite
que apelam para a vontade do homem e que pedem às pessoas para fazer uma
oportunidade de crer. Essa objecção diz que Deus decretou desde a eternidade
que algumas pessoas haveriam de crer, então nunca houve uma oportunidade
genuína para que elas cressem, e o sistema inteiro funciona de modo injusto.
108
Manual de Doutrinas Bíblicas
que ela ensina que Deus escolhe alguns para serem salvos e deixa outros de lado,
E. A Doutrina da Reprovação
soberana de Deus de não contemplar outras pessoas com a salvação. Essa decisão
soberana de Deus antes da criação de deixar de lado algumas pessoas, decidindo com
tristeza não salvá-las e puni-las por seus pecados, manifestando desse modo a sua
justiça.
amor que Deus nos dá e pelas outras pessoas e também o amor que Ele ordena que
tenhamos para com o nosso próximo faz-nos reagir contra esse ensino, e é correcto
Mas há passagens na Escritura que falam de tal decisão divina? Sim. Judas fala que
nosso Deus em libertinagem e negam a Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor”
(Jd. 4).
Além disso, Paulo fala do mesmo modo de Faraó e de outros: “Pois a Escritura diz
poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra. Portanto, Deus tem
misericórdia de quem Ele quer, e endurece a quem Ele quer, […] E se Deus, querendo
mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os
vasos de sua ira, preparados para a destruição” (Rm. 9:17-22; cf. Rm. 11:7).
nossa atitude para com Deus e para com essas passagens da Escritura. Nunca
devemos sequer começar a desejar que a Bíblia tivesse sido escrita de outra
Pode ser de grande ajuda para nós o reconhecimento de que, de alguma maneira,
Deus para connosco. Ele faz isso “para tornar conhecidas as riquezas de sua glória
aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para glória” (Rm. 9:23).
110
Manual de Doutrinas Bíblicas
A eleição para a salvação é vista como motivo de regozijo e louvor a Deus, que é
digno de louvor e recebe todo crédito pela nossa salvação (Ef. 1:3-6; 1Pe. 1:1-3).
Mas a reprovação é vista como algo que traz tristeza a Deus, não prazer (Ez. 33:11),
anjos caídos e nunca no próprio Deus (Jo. 3:18-19; 5:40). Assim, na representação
pecador.
Deus. Portanto, não existe “dupla predestinação” (uma para vida e outra para
morte).
perguntar a si mesmo: “Porque sou cristão? Qual é a razão final pela qual Deus
decidiu salvar-me?”
A doutrina da eleição afirma que eu sou cristão simplesmente porque Deus na sua
eterna sabedoria decidiu colocar o seu amor sobre mim. Mas porque Ele decidiu
colocar o seu amor sobre mim? Certamente por nada de bom em mim mesmo, mas
111
Manual de Doutrinas Bíblicas
Não existe outra explicação para tal. Ao pensar dessa maneira nos humilhamos
diante de Deus. Faz-nos perceber que não temos nenhuma reivindicação e o que
doutrina.
Cristo?
doutrina da reprovação?
112
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo II
Quando Paulo fala a respeito do modo em que Deus traz a salvação à nossa vida, ele
diz: “E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou;
aos que justificou, também glorificou” (Rm. 8:30). Aqui Paulo ressalta uma ordem
definida na qual as bênçãos da salvação vêm até nós. Embora muito tempo atrás,
quando o mundo ainda não existia, Deus nos tenha predestinado para que
fossemos feito seus filhos e para que nos conformássemos (no sentido de
desenvolvimento real do seu propósito em nossas vidas, Deus nos “chamou”. Então
coisas vêm após o chamado eficaz. Paulo indica que existe uma ordem definida do
A. O Chamado Eficaz
Quando Paulo diz: “aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também
justificou”, ele assinala que o chamado é um acto divino. É de facto um acto de Deus
Pai, pois é Ele quem predestina as pessoas “para serem conforme à imagem de seu
113
Manual de Doutrinas Bíblicas
Filho” (Rm. 8:29). Deus chama as pessoas “das trevas para a sua maravilhosa luz”
(1Pe. 29).
Ele as chama “à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Co. 1:9). São
chamados para “serem santos” (Rm. 1:7); para suportar o sofrimento (1Pe. 2:20-21;
Esses versículos indicam que esse não é um chamado sem poder ou meramente um
parte do Rei do Universo e tem tal poder que exige uma resposta dos corações
humanos.
É o acto divino que garante a resposta, porque Paulo especifica em Rm. 8:30 que
todos foram chamados foram também justificados. Esse chamado tem a capacidade
nos para a plena harmonia com Ele: “Fiel é Deus, o qual os chamou à comunhão com
seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Co. 1:9). Esse acto poderoso de Deus d|-se o
nome de vocação eficaz. Uma definição mais detalhada da vocação eficaz: “é o acto
em que Deus Pai fala por meio da proclamação humana do Evangelho, pelo qual Ele
convoca as pessoas para si mesmo de tal maneira que elas respondem com fé
poder dessa vocação sem que aconteça a resposta deliberada da parte delas ao
Evangelho.
O chamado eficaz revela que Deus actua de maneira particularmente eficaz na vida
114
Manual de Doutrinas Bíblicas
mensagem do Evangelho. Eu creio que Deus na vida dos que são predestinados
para a salvação actua de tal maneira no coração que essas pessoas são incapazes
Discussão na aula: Ler 1Co. 2:6-16 e fazer comentário sobre a passagem, tendo
Qualquer pessoa que venha a Cristo para salvação dever ter ao menos o
salvação. Sabemos que todos pecaram (Rm. 3:23); que a pena do pecado é a morte
(Rm. 6:23); e que Jesus morreu para pagar a pena requerida pelos nossos pecados
(Rm. 5:8). Mas o entendimento desses factos e mesmos a concordância de que eles
são verdadeiros não são suficientes para uma pessoa ser salva; (2) Tem que haver
pessoal ao Evangelho de Jesus (Mt. 11:28-30). O evangelista João (Jo. 1:11-12) diz
que Jesus veio para os seus e eles não o receberam, porém os que receberam a
Jesus foram feitos filhos de Deus. Uma resposta pessoal (cf. Ap. 3:20); (3) Embora
115
Manual de Doutrinas Bíblicas
para tornar-nos em filhos de Deus e acesso à água da vida, é útil tornar explícito
cristão deve ter a confiança plena de que os vêm a Cristo com sinceridade de
coração em busca de salvação e fé Ele diz: “e quem vier a mim eu jamais o rejeitarei”
(Jo. 6:37).
Deus está a agir nos corações do homem. No aspecto da salvação ela não acontece
Deus pelo qual Ele comunica-nos uma nova vida espiritual (nascer de novo).
116
Manual de Doutrinas Bíblicas
Ela é a transformação que Deus opera nos indivíduos que crêem em Jesus. Seu acto
de conceder uma nova vitalidade e direcção espiritual à vida dos que recebem a
Cristo. Sem Cristo o ser humano está morto em seus delitos e pecados, separado de
homem não tem nenhum papel activo (cf. Jo. 1:13) Nessa passagem João revela que
os que nasceram de novo nascem segundo a vontade de Deus e não dos homens.
Escritura refere-se a ela como “gerar” ou “nascer de novo” (Tg. 1:18; 1Pe. 1:3;
Jo. 3:3-8). Nós também não escolhemos tornar vivos fisicamente e nem escolhemos
“Darei a vocês um novo coração e porei em vós um novo espírito; tirarei o vosso
coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei em vós o meu Espírito e os
(Ez. 36:26-27).
Santo. Jesus disse a Nicodemos que ele deveria “nascer do Espírito” (cf. Jo. 3:8),
porém Deus Pai e Jesus estão activos na regeneração (cf. Ef. 2:5; 1Pe. 1:3).
eficaz?
117
Manual de Doutrinas Bíblicas
Se tivermos em conta que a regeneração é uma nova vida, tal como está revelada
Ela vem antes do resultado da vocação eficaz (nossa fé), porém é difícil especificar
do homem seja consciente e voluntária. Para uma maior clarificação devemos ter
em conta seis implicações: (1) A natureza humana não pode ser mudada por
reformas sociais ou pela educação. Precisa ser transformada por uma obra
sobrenatural do Deus Triúno; (2) Ninguém pode predizer ou controlar quem vai
egocêntrico, porém ninguém chega a essa conclusão se não acontecer uma acção
prévia da parte de Deus na vida do homem; (4) A fé salvadora exige uma crença
correcta acerca da natureza de Deus e do que ele fez. A crença correcta, porém é
novo nascimento não é percebido quando ocorre. Ante, vai demonstrar sua
Concluímos que a regeneração, ainda que seja um grande mistério, ela é uma
Deus com fé. Assim Deus envia o chamado eficaz, nos regenera e respondemos com
necessário? Porque?
respondeu a ele? Pode descrever o que sentiu no coração? Você crê que o
Espírito Santo esta a agir para tornar eficaz o chamado do evangelho em sua
que quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (Jo. 3:3).
119
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo III
Justificação e Santificação
sermos salvos). Mas o que dizer a respeito da culpa dos nossos pecados? O
resposta, confiando em Jesus para perdão dos nossos pecados. Agora o próximo
e fazer o que prometeu, isto é, realmente declarar que nossos pecados estão
perdoados. Tal passo deve ser uma declaração legal acerca de nosso
justificação. Ela vem somente pela fé. E tal como o a vocação eficaz, a justificação é
uma obra operada totalmente por Deus. Ela provém da fé (Rm. 5:1).
120
Manual de Doutrinas Bíblicas
Nossa definição: Justificação é o acto legal e instantâneo de Deus pelo qual Ele (1)
declara-nos justos diante Dele. Iremos ver passo a passo essa definição a seguir.
parte de Deus. Vem do verbo (gr. dikaioó), que no NT tem uma vasta gama de
não muda a nossa natureza interna ou nosso car|cter. Nesse sentido de “justificar”,
Exemplificando seria o mesmo que Deus do seu alto e sublime trono olhasse para
devedores para com Ele, pois Ele mesmo estava a pagar a nossa dívida (nossos
pecados).
121
Manual de Doutrinas Bíblicas
Na declaração legal da justificação que Deus faz, Ele declara especificamente que
somos justos aos seus olhos. Essa declaração envolve dois aspectos:
Primeiro, significa que Ele declara que não temos nenhuma penalidade a ser paga
pelo pecado, incluindo os pecados passados, presentes e futuros (cf. Rm. 8:1).
Nesse sentido os que são justificados não têm penalidade alguma a pagar por causa
do pecado. Isso significa que não estamos mais sujeitos a nenhuma condenação.
Em segundo lugar além de nos justificar (pagar nossas dívidas), Deus nos imputou
sua justiça, isto é, o saldo devedor que tínhamos para com Ele foi saldado, porém
ainda mais, recebemos créditos na nossa conta. Iremos apresentar nessas duas
------- +++++
------- +++++
- -Figura
- - - -1 - FIGURA 1 FIGURA2
+++++
- +
O perdão de pecados é uma parte da justificação A imputação da justiça de Cristo a nós é a outra parte da
justificação
C. Deus pode declarar-nos justos porque ele credita a justiça de Cristo a nós
Quando dizemos que Deus credita a justiça de Cristo a nós, isso significa que Deus
considera a justiça de Cristo a nossa justiça. Ele a “lança como crédito” em nossa
conta. Dessa maneira a justiça de Cristo torna-se nossa justiça. (cf. figura 2 e Leia
Rm. 4:5-6.)
122
Manual de Doutrinas Bíblicas
não com base na nossa condição real de justiça ou santidade, mas antes com base
na perfeita justiça de Cristo, que Deus considera como nossa. Esse é ponto focal
Nós insistimos que a justificação não nos muda internamente e não é uma
declaração baseada em qualquer bondade que tenhamos em nós mesmos. Ela vem
inteiramente a nós pela graça de Deus e não nos méritos humanos. A graça
Deus sabia que éramos completamente incapazes de ganhar o seu favor pelos
nossos méritos, e de nos declararmos justos. Então, Ele pela sua graça envia o
único meio de salvação, Jesus, totalmente a parte de qualquer boa obra humana.
Por isso é que dizemos que a salvação é por meio da graça, mediante a fé. Essa
Segue abaixo duas implicações práticas da justificação somente pela fé: (os alunos
123
Manual de Doutrinas Bíblicas
nosso carácter. Nesse momento iremos nos voltar para parte da aplicação da
redenção que é progressiva; a que Deus continua a fazer durante toda a nossa vida
Justificação Santificação
Como a santificação é algo que continua ao longo da vida cristã. O curso normal da
124
Manual de Doutrinas Bíblicas
ocorre em nossa vida no tempo da regeneração, pois Paulo fala a respeito do “lavar
regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt. 3:5). Uma vez que nascemos de
novo, não podemos continuar a pecar como hábito ou padrão de vida (1Jo. 3:9),
vida de pecado.
pelo pecado (cf. Rm. 6:11-14, 18). Nesse contexto estar morto para o pecado ou ser
pecaminosa na própria vida. Isso significa que a virtude do Espírito Santo na vida
tentações e as seduções do pecado. O pecado não é mais o senhor, como era antes
Em termos práticos, isso significa que devemos afirmar duas verdades. Por um
porque a nossa santificação aqui na terra nunca será completa. Por outro lado,
nunca devemos dizer, por exemplo, “este pecado derrotou-me; eu desisto. Faz 37
125
Manual de Doutrinas Bíblicas
anos que tenho esse temperamento explosivo, serei assim até morrer, e as pessoas
vão ter que me tolerar dessa maneira!” Qual o perigo de uma pessoa dizer isso?
hoje. Embora, Paulo diga que seus leitores tinham sido “libertos do pecado”
(Rm. 6:18) e que eles estavam “mortos para o pecado, mas vivos para Deus em
Cristo Jesus” (Rm. 6:11), ele reconhece que o pecado permanece em suas vidas, de
maneira que lhes diz que não deixem o pecado reinar nem ofereçam os membros
do seu corpo para o pecado (cf. Rm. 6:12-13). A tarefa de todo cristão é crescer
mais e mais em santificação, exactamente como antes eles haviam crescido mais e
A Santificação nunca será completa nessa vida. Porque há pecado que ainda
sentido completa (Hb. 12:23), ainda embora falta a ressurreição corporal que
acontecerá somente quando Jesus retornar, aí então nesse ponto era será
126
Manual de Doutrinas Bíblicas
Santidade perfeita
Morte
Conversão
Escravos do Pecado
Nesse ponto convém esclarecer que não estamos a dizer que os papéis são iguais
estamos a dizer que simplesmente existe uma cooperação com Deus de maneira
de Deus, é natural que Paulo ore: “Que o próprio Deus da paz vos santifique
seus filhos. Ele é quem opera o querer e o efectuar (Fl. 2:13), isto é, Deus causa o
desejo (querer) do por sua vontade e lhe dá o poder para executá-la (efectuar).
de que dependemos de Deus para nos santificar, quanto activo, no sentido de que
127
Manual de Doutrinas Bíblicas
lutamos para obedecer a Deus e dar passos que aumentarão a nossa santificação –
crescimento espiritual.
Primeiro, o que poder ser o papel “passivo” que exercemos na santificação é visto
em texto que encorajam-nos a confiar em Deus ou a orar pedindo que Ele nos
“Deixe Deus agir” é entendida como um sumário de como devesse viver a vida
O papel activo é indicado em Rm. 8:13, quando Paulo diz: “mas, se pelo Espírito
fizerem morrer os actos do corpo, viverão”. Aqui o apóstolo reconhece que é “pelo
Espírito” que somos capazes de fazer isso. Mas ele também diz que nós devemos
carne, mas os cristãos! Existem vários aspectos desse papel activo que exercemos
bíblicas que sustentam a nossa posição: Hb. 12:14; 1Ts. 4:3; 1Jo. 3:3; Rm. 12:1;
13:14; Ef. 4:17; 6:20; Fl. 4:4-9; Cl. 3:5; 4:6; 1Pe. 2:11; 5:11, etc.
honrados meios de ler a Bíblia e de meditar nela (Sl. 2; Mt. 4:4; Jo. 17:17), à oração
(Ef. 6:18; Fl. 4:6), à adoração (Ef. 5:18-20), ao testemunho (Mt. 28:19-20), à
128
Manual de Doutrinas Bíblicas
Deus. O cantor cristão tem um excelente hino que revela essa verdade: “Crer e
Para concluir esse tópico, deve-se revelar a alegria da santificação. Quanto mais
são parte dos frutos do Espírito (Gl. 5:22) e mais aproximamo-nos da espécie de
129
Manual de Doutrinas Bíblicas
Trabalho em Grupo
justificação.
nessa vida?
3. Mencione pelo menos 5 motivos para obedecer a Deus. Cada motivo desse
vida? Você realmente crê que nesse momento você está morto para o poder
Deus?
130
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo I
A. A natureza da Igreja
igreja é composta de todos os que verdadeiramente são salvos. Em Ef. 5:25, Paulo
revela que “Cristo amou a sua igreja e se entregou por ela”. Então a expressão
“igreja” aplica-se a todos aqueles por quem Cristo morreu a fim de redimi-los,
todos os que são salvos pela morte de Cristo e que crêem que Ele seja esse único
Deus no AT, quando Ele chamou para si mesmo para serem uma assembleia
adoradora perante Ele (cf. Dt. 4:10 - O dia em que estiveste perante o Senhor teu
Deus em Horebe, quando o SENHOR me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as
assembleia” (gr. ekklésia), que significa “igreja”. Vejam relação entre Israel e Igreja
genuínos, a igreja é invisível. Isso porque não podemos ver a condição espiritual do
não podemos olhar para o coração e ver o estado espiritual em que encontram-se.
Paulo diz: “O Senhor conhece quem lhe pertence” (2Tm. 2:19). Somente Deus sabe
sentido, a igreja visível inclui todos os que professam a fé em Cristo e dão evidência
Nessa definição, não estamos a dizer que a igreja visível é a igreja que qualquer
ver, mas estamos a falar da igreja como ela é percebida por aqueles que são crentes
A igreja visível espalhada por todo mundo sempre incluirá alguns descrentes, e as
podemos ver o coração das pessoas como Deus vê (Ler 2Tm. 2:17-18 e ver como
132
Manual de Doutrinas Bíblicas
Paulo enfrentou essa realidade de pessoas que pertenciam a igreja visível, contudo
não faziam parte da Igreja invisível, pois suas acções revelavam o contrário).
Convém esclarecer que não é a nossa função tentar identificar que são os crentes
verdadeiros e os que não são. Essa função pertence ao Senhor Jesus. Ele separará o
trigo do joio.
desde uma reunião pequena em uma casa até um grupo de verdadeiros crentes na
Mas também encontramos a expressão “igreja” como uma conotação mais alargada
“a igreja que se encontra na cidade de…” (1Co. 1:2; 1Ts. 1:1), mas também a
Podemos concluir que Deus tem chamado igreja tanto a um grupo familiar, numa
congregação local ou como uma realidade universal, porém não podemos cometer
133
Manual de Doutrinas Bíblicas
Reflectir:
D. Propósitos da Igreja
igreja é adorá-lo (cf. Cl. 3:16; Ef. 1:12). A adoração não é meramente a
aos seus discípulos: “Façam discípulos de todas as nações” (prf. Mt. 28:19). Essa
como ajudar aos mais necessitados são deveres e privilégios da igreja de Jesus.
Reflicta: Na tua opinião qual desses ministério é mais importante na igreja local?
134
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo II
sistemas de governos que existem das diversas igrejas evangélicas e nem criticar
existem, todavia a nossa ênfase será no sistema adoptado pela nossa igreja local,
As igrejas hoje têm muitas formas de governos. A igreja Católica Romana tem um
denominações é voluntária.
presbiterianos têm um presbitério local que aplica essa autoridade, porém estão
135
Manual de Doutrinas Bíblicas
A. Oficiais da Igreja
Apóstolos. De uma maneira muito sucinta o termo apóstolo pode ser usado em um
Cristo”. Esses apóstolos tinham autoridade única para fundar e liderar a igreja
Para se qualificar como apóstolo era preciso: (1) ter visto com os próprios olhos o
Cristo ressurrecto; (2) ter sido designado apóstolo pelo próprio Senhor; Houve um
referir a algum fundador da igreja ou evangelista, na minha opinião não parece ser
nenhum dos grandes nomes da história da igreja, tal como, Agostinho, Lutero,
Bíblia, todas elas estão relacionada a liderança da igreja. Aqueles que são
136
Manual de Doutrinas Bíblicas
Para ser mais fácil a interacção iremos assumir o nome que é tradicional dentro da
(1Pe. 5:2-5). Devem pastorear o rebanho de Deus não pela força, i.é., não de
maneira ríspida ou opressora, mas com amor. Além de liderança, o pastor tem a
disciplinar, etc., pois todas elas fazem parte ou de liderança (condução ao rumo
As qualificações e modo de vida do pastor podem ser vistos em 1Tm. 3:2-7; Tt. 1:6-
9; Tm. 4:12; Tt. 2:7. Deve-se dizer que não é opcional que o pastor seja um
o termo comum que traduz-se por “servo”, quando não é usada num sentido
eclesiástico.
Apesar de não sabermos com grande clarificação as suas funções, todavia pelas
137
Manual de Doutrinas Bíblicas
1Tm. 3:8-13 “Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, de uma só palavra, não dados a muito vinho, não
cobiçosos de torpe ganância; 9 Guardando o mistério da fé numa consciência pura. 10 E também estes sejam
primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. 11 Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não
maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. 12 Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos
e suas próprias casas. 13 Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita
responsabilidade no cuidado com as finanças da igreja, j| que tinham que ser “não
administrativa, pois tinha que governar bem sua casa e seus filhos; poderão
também ter responsabilidade de aconselhamento, pois tanto ele como a esposa não
deveriam ser “maldizentes”. Mas isso são apenas sugestões possíveis com base no
texto bíblico, porém é claro que suas funções distinguem-se da do pastor, pois a
Outros cargos. É visível que nas igrejas de hoje além dos pastores e diáconos
dizer porque não aparecem na Bíblia (ex. director da EBD; conselheiro de jovens,
Vale a pena lembrar que todos os oficiais da igreja são escolhidos por ela em
responsáveis.
138
Manual de Doutrinas Bíblicas
Esse sistema de governo é o que os baptista na sua grande maioria têm utilizado
PASTOR
CORPO DIACONAL
IGREJA
atribuída ao pastor pode variar de igreja para igreja, mas a autoridade máxima é
onde todas as decisões sejam elas quais forem são levadas a serem discutidas em
assembleia-geral. É digno de nota que com o passar dos anos esse sistema tem-se
com um governo eclesiástico, mas ser somente dirigida pelo Espírito Santo
(expressão utilizada por essas pessoas). Nesse caso a igreja nega a necessidade de
consenso. Essa forma de governo tem revelado pouca durabilidade, e deixa de ser
governos não é doutrina fundamental da fé cristã. Todavia, uma igreja nunca deve
deixar de buscar a santidade e pureza que encontramos no NT. Cremos que a forma
de governo mais parecida com a que encontramos na igreja dos primeiros séculos
é o sistema congregacional.
140
Manual de Doutrinas Bíblicas
Capítulo III
duas cerimónias que Jesus ordenou que a sua igreja praticasse. Ma antes de
protestantes mesmo sobre o termo geral que deveria ser aplicado a elas.
às pessoas que participam neles, mesmo sem requerer fé dos praticantes. Alguns
católica romana.
baptismo, é a posição defendida por esse manual é que o baptismo não é uma
doutrina de “peso” que deva causar divisão entre os crentes genuínos, mas é, ainda
141
Manual de Doutrinas Bíblicas
baptismo era realizado no . Isso é evidente pelas seguintes razões: (1) a palavra
NT
expressão era utilizada tanto para o baptismo com para outras coisas, dentro e fora
palavra em diversas passagens do NT. Em Mc. 1:5, as pessoas eram baptizadas por
João “no rio Jordão”. Mc. 1:10, aquando do baptismo de Jesus ele diz: “e saiu da
|gua”. No texto grego aparece a expressão “ek” que com as traduções perde-se o
seu significado. A expressão “ek” significa “de dentro de”. O contexto da passagem
também revela que tanto João como Jesus foram até o rio. Se o baptismo fosse
somente por “aspersão” (derramar |gua sobre a cabeça) não seriam precisos eles
entrarem dentro do rio. Esse é um argumento muito forte para o baptismo por
ressurreição parece requerer o baptismo por imersão. Paulo diz: “Ou vocês não
sabem que todos nós, que fomos baptizados em Cristo Jesus, fomos baptizados em sua
morte? Portanto, fomos sepultados com Ele na morte, por meio do baptismo, a fim de
142
Manual de Doutrinas Bíblicas
que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também
nós vivemos uma nova vida” (Rm. 6:3-4; cf. Cl. 2:12).
Ora essa verdade é claramente simbolizada pelo baptismo por imersão. Quando o
candidato desce às águas, é um quadro que aponta para alguém descendo para ser
sepultado. Sair da água é então a imagem de alguém sendo ressuscitado com Cristo
do velho modo de vida de uma pessoa para uma nova espécie de vida em Cristo. Já
Alguns que defendem o baptismo por aspersão argumentam que o baptismo não é
Cristo (ou, mas precisamente, os que dão evidência razoável de sua fé em Cristo)
devem ser baptizados. Isso porque o baptismo, que é o símbolo do início da vida
cristã, deve ser ministrado somente aos que de facto começaram a trilhar a vida
cristã.
143
Manual de Doutrinas Bíblicas
aos que creram e professam a fé em Jesus (cf. Act. 2:41; 8:12; 10:47-48).
da vida cristã deveria ser administrado aos que demonstram evidência de terem
iniciado essa vida (cf. Gl. 3:27). Paulo aqui presume que o baptismo é o sinal
Por isso creio que o baptismo infantil nunca deve ser administrado. Pois
de expressar fé.
Nesse ponto divergimos completamente da igreja católica romana, pois para eles o
salvação, mas sim um testemunho público da fé que foi gerada em nosso coração
por meio do testemunho do evangelho da graça de Jesus Cristo. Esse ponto será
144
Manual de Doutrinas Bíblicas
Há a bênção do favor de Deus que vem com a obediência, assim como a alegria que
ilustração física do que é morrer e ressuscitar com Cristo e receber a lavagem dos
pecados. Certamente que Deus nos deu o baptismo para fortalecer e encorajar a
nossa fé – e isso deve acontecer em cada pessoa que é baptizada e em cada crente
baptismo (Mt. 28:19), como fizeram os apóstolos (Act. 2:38), não devemos dizer
Uma outra razão para defender que o baptismo não é necessário para salvação é
não no momento em que a pessoa é baptizada nas águas, que por regra geral
ocorre sempre mais tarde. O baptismo não é necessário para a salvação, contudo,
por ser uma ordenança de Jesus o crente que ainda não foi baptizado deve o
145
Manual de Doutrinas Bíblicas
Os que foram convencido acerca dos baptismos realizados somente aos crentes
A resposta directa a essa pergunta é que elas deve ter idade suficiente para fazer
O Senhor Jesus instituiu esta outra ordenança para que a igreja observasse. A ceia
“E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai,
comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos
Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão
dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o
Paulo acrescentou as seguintes frase da tradição que recebeu (1Co. 11:23): “Este
cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso, sempre que o beberem em
146
Manual de Doutrinas Bíblicas
A ceia do Senhor para a igreja de Cristo é uma expressão de sua alegria plena no
seu Deus. E com base nesse argumento podemos ver que no VT encontramos a
textos expressam acerca da ceia do Senhor (cf. Êx. 24:9-11; Dt. 14:23-26).
Utilize o espaço abaixo para fazer os seus apontamentos para discutirmos em aula.
morte de Cristo, porque nossas acções delineiam um quadro de sua morte por
deste cálice, anunciam a morte do Senhor até que Ele venha” (1Co. 11:26).
individualmente tomamos o cálice, cada um dos crentes está, por meio dessa
Cristo”.
147
Manual de Doutrinas Bíblicas
assim o pão e o vinho da ceia do Senhor trazem-nos nutrição. Mas eles também
natureza, designada para ensinar-nos isso. Jesus disse: “Se vocês não comerem a
carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si
bebida. Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em
Certamente que Jesus não está a falar de comer literalmente sua carne e beber o
seu sangue. Mas, se não está a falar de comer e beber literalmente, então Ele deve
ter uma participação espiritual nos benefícios da redenção que adquiriu para nós.
Essa nutrição espiritual, tão necessária para a alma, é tanto simbolizada como
também dão um sinal claro de sua unidade um com o outro. De facto, Paulo
disse: “Como há somente um pão, nós, que somos muitos, somos um só corpo, pois
quatro coisas juntas, começamos a perceber alguns dos significados mais ricos
Ele morreu por mim, participo dos benefícios de sua morte, recebo nutrição
espiritual e sinto-me unido com todos os outros crentes que participam dessa
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Manual de Doutrinas Bíblicas
ceia. Que grande motivo de acção de graças e alegria é poder participar desse
memorial.
5. Cristo afirma seu amor por mim. O facto de que sou capaz de participar da
para mim. Achego-me à sua mesa com a seguinte posição: membro de sua
eterna família.
c|lice, com essas acções estou a proclamar: “Preciso de ti e confio em ti, Senhor
Jesus, para perdoar os meus pecados e dar vida e saúde para a minha alma,
porque somente pelo teu corpo partido e pelo teu sangue vertido eu posso ser
salvo”.
Iremos falar das três correntes que relatam acerca da presença de Cristo na ceia do
Senhor.
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mesmo tempo em que o sacerdote diz isso, o pão é elevado e adorado. Essa
meu sangue”. Jesus falou de maneira simbólica diversas vezes quando referiu-
se a si mesmo. Ele disse, por exemplo: “Eu sou a videira verdadeira” (Jo. 15:1),
ou “Eu sou a porta, e quem entrar por mim será salvo” (Jo. 10:9), ou ainda “Eu
sou o pão que desceu do céu” (Jo. 6:41). De maneira similar as expressões “isto é
por todas pelos nossos pecados (cf. Hb. 9:24-28). “Está consumado!” (Jo. 19:30)
frase “isto é o meu corpo” tinha que ser tomada em algum sentido como
afirmação literal. Sua conclusão não foi que o pão realmente transforma-se no
corpo físico de Cristo, mas que o corpo físico de Cristo est| presente “em, com e
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não são transformados em corpo e sangue de Cristo, mas estes estão presentes
nos elementos.
Em resposta a posição luterana pode ser dito que ela também falha em
perceber que Jesus está a falar de uma realidade espiritual, porém a usar
A despeito das diferenças sobre alguns aspectos da ceia do Senhor, a maioria dos
devem participar dela, porque ela é um sinal de que a pessoa é cristã e continua
firme na vida cristã. Paulo adverte que quem come e bebe indignamente enfrenta
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Manual de Doutrinas Bíblicas
E. Outras Interrogações
Quem deve administrar a ceia do Senhor? A Escritura não faz menção nenhuma
acerca desse ensino, de maneira que cada igreja deve decidir de maneira sábia e
líder.
Quando ela deve ser administrada? Mas uma vez a Bíblia não tem essa
diária ou todas as vezes que estavam juntos. A quem diga que algumas igreja no
primeiro século celebravam aos domingos (Act. 20:7). Creio que em relação a ceia
a Bíblia é clara: deve ser celebrada independente do dia, deixar de observá-la é que
Se a ceia do Senhor for planeada, explicada e levada a efeito de tal maneira que seja
parece-me apropriado celebrá-la uma vez por mês, para que não torne-se rotina
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1. Quais são as duas marcas principais de uma verdadeira igreja? Porque elas
são importantes?
2. Mencione e descreva os três propósitos da igreja.
3. Defina o termo “igreja visível” e “igreja invisível”. Compare e contraste as
duas definições.
4. Faça um contraste entre a posição católica romana acerca do baptismo e da
ceia e a posição defendia por esse manual.
5. Se o baptismo não é necessário para a salvação, é realmente importante os
crentes serem baptizados? Explique a sua resposta.
6. Porque não devemos baptizar crianças? E na tua opinião o que é ser
baptizado?
7. Porque o baptismo é observado apenas uma vez na vida pelos cristãos,
enquanto a ceia do Senhor é observada repetidamente ao longo da vida dos
crentes?
8. Mencione pelo menos quatros simbolismos que encontramos na ceia do
Senhor para nossa vida.
9. Quem deve participar na ceia do Senhor, e porque é importante um auto-
exame para o participante da mesa do Senhor?
10. Na tua opinião, como é que Cristo está presente na ceia do Senhor?
11. Qual o simbolismo que está contido no baptismo?
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Manual de Doutrinas Bíblicas
pessoal.
Começa-se por referir que a morte física implica a passagem da vida humana para
condenação de Deus (Jo. 3:18) tendo vencido a morte (Jo. 11:25-26), e cujo estão
debaixo da protecção de Jesus (Jo. 6:39), como para os não crentes, afastados de
Deus, que morrem nos seus pecados (Jo. 8:21-24) e estão na morte de Adão (1 Co.
15:22). Para ambos está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois o juízo de
eles um abismo (Lc. 16:19-31). Com a morte de Jesus, o qual fora preparar um
lugar na casa de seu Pai (Jo. 14:2-3) para o povo de Deus regenerado (Ef. 2:15-16),
4
Grudem, Teologia Sistemática Actual e Exaustiva, p. 948.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
resgatados do “Seol” (Sl. 49:14-15; Sl. 16:10; 30:3). Estes santos foram, assim, para
junto de Jesus ressurrecto e ascendido aos céus, num corpo ressurrecto, mas ainda
para o Hades, mas para um estado intermédio de protecção divina pois, com a
morte de Jesus, o seu espírito foi vivificado (1 Pe. 4:6). A morte de Jesus implicou,
nas regiões celestes (Ef. 2:5-6; Cl. 3:1), o que aconteceu de maneira real e definitiva
com o ladrão que morreu ao lado de Jesus na cruz (Lc. 23:43) e com Estêvão
(Act. 7:55,59).
que experimentou João (Ap. 4:2), para junto de Deus, e juntar-se-ão aos santos de
todos os tempos, os vinte quatro anciãos (Ap. 4:4), mantendo a qualidade de reino,
Menciona-se que haverá uma volta repentina, pessoal, visível e corpórea de Jesus
Cristo (Mt. 24:44; Jo. 14:3). Após a sua ascensão aos céus, dois anjos disseram aos
seus discípulos, que o seu retorno seria corporeamente, ou seja, do mesmo modo
em que Ele estava a subir aos céus em corpo, seria o seu retorno (Act. 1:11). Ele
descerá dos céus após o ressoar das trombetas dos anjos (1 Ts. 4:16). O seu
5
Ladd, Apocalipse Introdução e Comentário, p. 23.
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através das passagens citadas acima, contudo o autor de Hebreu diz que sua
segunda vinda não será mais para retirar o pecado, e sim, para trazer a salvação
acerca de seu retorno. A segunda vinda fazia parte da mensagem apostólica (Act.
3:19-21). Todavia, embora o facto da segunda vinda ser assegurado tanto por Jesus
como pela sua Igreja, e explanado com muita clareza por toda a Escritura, o tempo
desse evento não é claro. Apesar de Deus ter estabelecido um tempo definido, esse
tempo não foi revelado a ninguém. Jesus indicou que nem Ele nem os anjos sabiam
curiosidade, Jesus disse que eles deveriam ser suas testemunhas em todo o mundo.
Diz-se ainda, que o carácter da segunda vinda de Jesus será pessoal, física,
ao carácter, e é pressuposto ao longo das referências à sua volta. Jesus disse, por
exemplo em João, que Ele iria preparar um lugar e que voltaria para buscar os seus
seguidores (Jo. 14:3), e Paulo declara em Tessalonissenses que Ele (Jesus) mesmo
desceria dos céus (1 Ts. 4:16), deixando poucas dúvidas que o seu retorno será de
natureza pessoal.
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Manual de Doutrinas Bíblicas
A segunda vinda também será física, e mesmo apesar de crer que Jesus está
presencialmente presente na vida dos que por Ele desejam viver, mediante uma
vida espiritual, desde o novo nascimento, creio que o seu retorno será físico e
Embora a segunda vinda seja precedida de vários sinais (Mt. 24:15), exemplos, a
grande tribulação (v. 21), escurecimento do Sol (v.29), etc., eles não indicarão o
tempo exacto do retorno do Senhor. Jesus disse que por causa da grande demora
do seu retorno muitos se acharão desatentos (Mt. 25:1-13). Diz-se ainda, que
aquando da parousia (que pode significar tanto “presença” como “vinda” (Fl. 2:2; 1
Co. 16:17; 2 Co. 7:7) ela ocorrerá tão repentinamente que não haverá tempo para
primeira vinda à terra. Ele virá nas nuvens com grande poder e glória (Mt. 24:30;
Mc. 13:26; Lc. 21:27). Ele assentará em seu trono glorioso e julgará todas as nações
(Mt. 25:31-36). Aquele que veio numa primeira vez e foi julgado pelos homens, virá
imediato, quando Deus visitaria o seu povo em juízo (Am. 5:18; Is. 2:12). Este dia é
a visitação final de Deus quando Ele estabelecerá o seu Reino no mundo, e trará
salvação ao seu povo fiel e o julgamento aos maus (Sf. 1:14; Jl. 3:14). No NT, o
termo tornou-se uma expressão técnica para o dia em que Deus visitará o mundo,
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Manual de Doutrinas Bíblicas
para encerrar este século e inaugurar o século vindouro, todavia, esses assuntos
Conclui-se este ponto dizendo que é pouco provável, mas possível que os sinais
estrelas, todavia, esses sinais poderão acontecer num espaço de uns poucos
Por isso é necess|rio estar atento e vigilante, preparado para que no “Dia do
Senhor” não possa ser surpreendido pelo dia em que Cristo vir| triunfante e
santos juntos de Deus que está a reinar do seu trono, são narrados acontecimentos
seus decretos eternos na terra por intermédio de seu Filho Jesus, que é Deus6.
6
Ferreira, Antologia Teológica, p. 659.
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Deus, o seu povo e Satanás, que embora amarrado e tendo o seu poder limitado, e
ordem mundial, representada pela Grande Babilónia (Ap. 17:5), pela Nova
envolverá toda a terra, porém após esse tempo de tribulação no fim da era da
igreja, Cristo voltará à terra e estabelecerá o seu reino milenar. Quando Ele
onde seus corpos serão reunidos aos seus espíritos, e esses crentes reinarão com
Cristo por mil anos. Diz-se ainda em relação aos mil anos ou período milenar que
tempo que não seja exactamente mil anos literais, tratando-se assim de uma
tempo, Cristo estará fisicamente presente na terra com o seu corpo ressurrecto e
Em relação aos descrentes que permanecerem sobre a terra, muito (mas não
todos) renderão a Cristo e serão salvos. Jesus reinará com justiça perfeita e haverá
paz por toda a terra e a maldição que a prende será derrubada (Is. 11:1-9; 65:25).
Durante esse tempo Satanás será preso e lançado no abismo, de maneira que não
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Após o final desse período milenar, Satanás será solto da sua prisão e reunirá
Cristo, mas que interiormente mantinham-se em rebelião ardente contra Ele, pois
ainda neste tempo haverá o pecado e seus efeitos na vida humana (Is. 65:20).
Satanás então, juntará esses rebeldes para batalhar contra Cristo, mas serão
Ele, o Juiz de toda a terra, para o julgamento final. Após o julgamento final ter
que um universo criado por Ele que foi perturbado pelo maligno e pelo pecado.
consigo mesmo por intermédio de seu Filho Jesus (Cl. 1:20), porque todas as
coisas foram criadas por meio Dele e para Ele (Cl. 1:16) e Ele finalmente gozará a
No que diz respeito a realidade do juízo final a Escrituras afirmam de facto que
tribunal de Cristo para o julgamento, com seus corpos ressuscitados, eles ouvirão a
proclamação que Ele fará acerca do destino deles (Ap. 20:11-15; cf. Act. 17:30-31;
Rm. 2:5).
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Manual de Doutrinas Bíblicas
Esse juízo final é o auge de muitos juízos precursores nos quais Deus recompensou
a rectidão e puniu a injustiça por toda a história humana. Ao mesmo tempo em que
trouxe bênçãos e libertação do perigo para os que lhe foram fiéis, incluindo Abel,
Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, David e os fiéis dentre o povo de Israel, Ele
também vez por outra trouxe juízo sobre os que persistiam na desobediência e na
Torre de Babel (Gn. 11), os juízos sobre Sodoma e Gomorra (Gn. 19) e os contínuos
esfera espiritual invisível ou sobrenatural, Ele trouxe juízo sobre os anjos que
ocorrerá após o período milenar e a remoção de Satanás, para que este não tenha
qualquer influência sobre a terra (Ap. 20:1-6), pois este será derrotado
decisivamente após a sua rebelião (Ap. 20:9-10). Após essa derrota final dos
poderes do mal, seguir-se-á o juízo perante o trono branco o qual Deus está
assentado.
Diz-se ainda que no juízo final, Jesus Cristo será o juiz que julgará tantos os vivos
como os mortos (2 Tm. 4:1). Essa autoridade de Jesus fora dada pelo seu Pai,
descrentes (Rm. 2:5, 6, 8; Mt. 11:22, 36; Ec. 12:14) e os crentes (Rm. 14:10, 12; 2
Co. 5:10; Ap. 20:12, 15) serão julgados por Cristo. É importante mencionar acerca
do julgamento dos crentes que ele será para avaliar e conceder vários graus de
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recompensa (Jo. 5:24; Ap. 11:18); no caso de o dos descrentes, a recompensa será a
condenação ou punição eterna. O juízo de Deus será perfeito e justo (1 Pe. 1:17)
imparcial (Rm. 2:11) e ninguém será capaz de reclamar que Deus o tratou com
Após o juízo final, os crentes entrarão no gozo pleno da vida na presença de Deus
para sempre, pois serão convidados pelo próprio Cristo (Mt. 25:34). O trono de
Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão (Ap. 22:3). O lugar
de habitação dos crentes glorificados por Deus não será nesta terra actual, mas
serão criados novos céus e uma nova terra, ou seja, uma criação inteiramente
renovada, onde os filhos de Deus viverão com Ele para todo sempre (Is. 65:17;
“como uma noiva adornada para o seu marido” (Ap. 21:2). Nesse lugar “não haver|
mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem j| passou”
será precioso, porém todas as descrições em Apocalipse 21 acerca dos muros e das
Todos verão Deus face a face (Ap. 22:4) e serão cumpridos todos os anseios do
coração do homem, e este não terá mais necessidade alguma, pois o Senhor será
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