Tendências Recentes das Pesquisas Históricas africanas e contribuição á História
geral
CURTIN, P.D. Metodologia e Pré-história da África (pesquisar)
Este capítulo tratará do significado no exterior, da história da África –
inicialmente aos olhos da comunidade internacional dos historiadores e em seguida para o conjunto do grande público cultivado. À medida que rejeitava as tendências eurocêntricas de sua própria história nacional, cabia aos historiadores de cada continente a tarefa de avançar em direção a uma história do mundo verídica, na qual a África, a Ásia e a América Latina tivessem um papel aceitável no plano internacional. No âmbito desse esforço geral, o papel dos historiadores – na própria África e fora dela – assumia particular importância, provavelmente pelo fato de a história africana ter sido negligenciada que a das regiões não européias equivalentes e porque mitos racistas a desfiguraram ainda mais que estas ultimas. Em razão de seu caráter multiforme, o racismo é, como se sabe, um dos flagelos mais difíceis de extirpar. A partir do momento em que o racismo pseudo - científico ocidental do Séc.XIX estabeleceu uma escala de valores levando em conta as diferenças físicas, sendo mais evidente dessas diferenças a cor da pele, os africanos situaram-se automaticamente na base dessa escala, por serem mais os que mais se diferenciavam dos europeus, que automaticamente outorgaram a si mesmo o nível mais alto. Os racistas não cessavam de proclamar que a história africana não tinha importância nem valor: os africanos não poderiam ser autores de uma “civilização” digna desse nome por isso não havia entre eles nada de admirável que não houvesse sido copiado outros povos. È assim que os africanos se tornaram objetos – e jamais sujeitos – da história. Eram considerados aptos a recolher as influências estrangeiras sem dar em troca a mínima contribuição ao mundo. A principal preocupação dos historiadores da África era desmentir a afirmação segundo a qual a África não possuía passado ou só possuía um passado sem interesse. Sem modificar em nada os papéis, o primeiro esforço para corrigir essa interpretação limita-se a modificar os julgamentos de valor. O africano aparece como vítima inocente, a quem atribuem apenas atitudes passivas. È sempre punhado de europeus que a África e sua História devem o que são.
RESENHA: CASTRO, Iná Elias de. Nordeste como tema de suas elites. In: O mito da necessidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992. ANDRADE, Manuel Correia de. A questão regional: o caso do Nordeste. In: Capítulo de Geografia do Nordeste. Recife: União Geográfica Internacional, 1982.