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APRESENTAÇÃO
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SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40
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1. RELAÇÕES HUMANAS
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interpessoais qualitativas, para viver de maneira harmônica, equilibrada, de modo a
entender cada estímulo,reação e atitudes dos seus semelhantes. O relacionamento
intrapessoal determina a qualidade dos convívios sociais de um indivíduo e está
centrado na seguinte questão: quem sou eu?
Para entender melhor o relacionamento intrapessoal, pense por alguns
instantes, nas perguntas que seguem:
Quem sou eu?
Eu me conheço realmente?
Sou amigo de mim mesmo? Como?
Como me relaciono comigo mesmo? (Como me vejo nas minhas
fotos, no espelho, quando falo de mim? Do que falo mais prazerosamente?).
Sei me controlar? Por quê? Quando me controlo? Quais situações
me descontrolam? Sempre? Ou quase Sempre? Ou nunca?
Sou uma pessoa madura? Administro adequadamente minhas
emoções, afetos ou sentimentos?
Minhas vontades, desejos, afetos, sentimentos, aspirações, idéias,
fantasias são Possíveis? Socialmente aceitos como normais?
Tenho complexos (psicológicos), conflitos, bloqueios íntimos e
pessoais? Quais?
Sexualmente, como me sinto? Completo, imaturo, equilibrado,
satisfeito, Bem? Por quê?
Profissionalmente, como me vejo? É o que eu queria? Estou
satisfeito? O que fazer?
Intelectualmente, qual a minha nota? Leio? Estudo? Informo-me?
Interesso-me por assuntos novos? Expresso-me corretamente e com
desenvoltura?
Sou autêntico? Verdadeiro? Honesto? Confiável? Ou Orgulhoso?
Prepotente? Ambicioso? Aumento as coisas?
Sou sociável? Respeito o outro? Como? Em Quais ocasiões sou
anti-social?
Como vejo minha família e parentela? (pai, mãe, irmãos, filhos,
esposa (o)).
Vivo; apenas convivo, ou sobrevivo?
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As perguntas acima permitem o autoconhecimento. O conjunto de todas as
respostas a todas as perguntas feitas define a maneira de ser de cada um.É o que
chamamos de relacionamento intrapessoal, isto é, como eu me relaciono comigo
mesmo.
Relações interpessoais consistem no estabelecimento e manutenção
dos contatos entre as pessoas.Diz respeito à percepção do outro e ao
relacionamento que é estabelecido com ele nas mais diferentes formas, situações e
locais.
Cada um traz dentro de si um conjunto de regras e valores, recebido ao
longo da vida, quer consciente ou inconscientemente, fruto das relações com os
diversos grupos sociais a que pertencem.
Assim, as pessoas possuem características próprias, de personalidade, de
individualidade, aspirações, valores, atitudes, motivações e objetivos individuais,
bem como, dotados de habilidades, capacidades, destrezas, etc.
Dale Carnegie em seu livro “Como Fazer Amigos & Influenciar Pessoas”,
apresenta alguns princípios que são fundamentais para o desenvolvimento de um
bom relacionamento interpessoal, entre eles:
Mostre interesse pelas outras pessoas;
Sorria;
Lembre-se do nome das pessoas;
Seja um bom ouvinte;
Fale sobre o que interessa à outra pessoa;
Faça as pessoas se sentirem importantes;
Reconheça seu erro;
Não critique os erros, valorize os acertos;
Critique as ações, não as pessoas.
Não imponha opiniões, envolva as pessoas;
Veja as coisas sob o ponto de vista da outra pessoa;
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Elogie as pessoas;
2.1 Autoconhecimento
2.2 Auto-estima
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Perfeccionismo_ uma obsessão com a aparência ou uma necessidade de
sempre fazer as coisas da maneira “certa”.
Comunicação de uma auto-imagem negativa através de uma linguagem
corporal inadequada.
2.3 Comunicação
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2.3.1 Barreiras que podem distorcer a comunicação:
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Cuidar da postura corporal;
Praticar as palavras mágicas;
Adequar a linguagem à situação e pessoa;
2.4 Assertividade
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Como de dá essa habilidade no trabalho?
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2.5 Empatia
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Os membros do grupo atacam as idéias de outros membros antes que esses
tenham acabado de exprimi-las.
Os membros do grupo acusam uns aos outros de não atenderem exatamente
a questão.
Os membros do grupo escolhem campos e se recusam a ceder.
Os membros dos grupos atacam sutilmente uns aos outros, a nível pessoal.
2.7 RESILIÊNCIA
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Resiliência é um termo emprestado da engenharia e da física que é
definida nestas áreas como a capacidade de um corpo físico superar uma pressão
voltando ao seu estado original sem ser alterado.
Na área de humanas este termo significa a capacidade que o indivíduo
tem de, ao passar por determinada situação dolorosa, seja em grupo ou
individualmente, conseguir se sair bem. Neste caso ele não voltaria ao seu estado
anterior, mas sairia melhorado. As pessoas resilientes conseguem superar suas
dificuldades sem se desesperar ou perder a cabeça. Elas conseguem pensar
mesmo sob enorme pressão buscando soluções para suas dificuldades Estas
pessoas têm sido o grande alvo das empresas, que estão preferindo contratar e
conservar funcionários que saibam lidar com pressões e frustrações sem se
deixarem abater.
As empresas estão valorizando cada vez mais pessoas que conseguem
atravessar obstáculos de forma flexível, sem perder a cabeça, aprendendo com seus
erros. Valorizam o bom humor, o otimismo, a confiança observando que estes
comportamentos também são contagiosos, mas de forma positiva e é isto que
buscam.
O resiliente busca no auto conhecimento o equilíbrio necessário para
aprenderem a transformar emoções negativas em positivas. Afirmam também que o
trabalho voluntário é um ótimo aprendizado na medida que observam pessoas em
situações piores que as suas e mesmo assim ainda são capazes de sorrir.
Entretanto, para que haja resiliência não basta que somente a pessoa
seja forte o suficiente para agüentar pressões. Um elástico, mesmo sendo flexível,
sob pressões inadequadas demora, mas um dia se rompe. É preciso reconhecer
seus limites e buscar trabalhá-los, a fim de que se consiga viver de maneira mais
satisfatória e verdadeira, fortalecendo a autenticidade e a qualidade de vida.
2.8 ÉTICA
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Contudo, toda e qualquer mudança só acontece a partir do próprio sujeito,
da revisão de suas atitudes, enfim do seu autoconhecimento.
Para ilustrar essa idéia, segue algumas considerações para serem refletidas.
11º - Se aproveito uma idéia de alguém e falo que é minha, estou agregando
valor ao meu trabalho. O outro, é espião.
12º - Se os preços praticados por minha empresa são altos, justificam-se pela
qualidade. Os de meus fornecedores estão fora da realidade.
Pessoas nascem; equipes são formadas. Ambos doem para valer . Por
que? Porque apesar da tendência dos seres humanos em pertencer a uma equipe,
não queremos desenraizar nossas vidas e prioridades individuais pelo bem de um
grupo de trabalho qualquer. Logo, existe um conflito entre as metas dos membros
individuais de uma equipe e a meta abrangente da própria equipe. Assim, o Trabalho
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eficaz em equipe significa saber manter um equilíbrio constante entre as
necessidades da equipe e as necessidades individuais
O trabalho em equipe tem sido uma estratégia cada vez mais valorizada
na atualidade, por permitir cooperação e troca entre pessoas de visões, valores e
necessidades diferentes e ao mesmo tempo complementares, utilizando melhor a
competência de cada uma delas.
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Comunicação - o compartilhamento é condição para a qualidade da equipe,
por essa razão, a comunicação precisa ser clara e acessível a todos os
envolvidos no processo, pois o fracasso ou sucesso da mesma é de
responsabilidade de cada um e de todos juntos.
Administração de conflitos - diferenças geram divergências que se bem
administradas poderão ser oportunidades de revisão de atitudes e
redirecionamento de práticas, enfim aprendizagem.Assim, é importante que
ao lidar com conflitos, sejam discutidas as atitudes não as pessoas.
Integração e confiança - O sucesso de uma equipe é proporcional ao nível
de integração e alinhamento de seus membros ao objetivo da mesma. Assim,
é fundamental a confiança na proposta e nas pessoas que a desenvolverão.
O PROFISSIONAL INTEIRO
Quando um profissional entra para uma equipe, ele leva junto sua
complexidade, seus conflitos. E têm início os problemas de relacionamento.
Devemos ter sempre em mente que não são partes de um profissional que estão
interagindo num grupo mas sim, este profissional por inteiro e com ele, todas as sua
qualidades e também defeitos.
Um indivíduo egoísta, arrogante, mal-humorado, invejoso, chato, que não
é afetivo, incapaz de ouvir, que não conhece as delicadezas da comunicação
humana, dificilmente conseguirá fazer parte de uma equipe ou ser aceito por ela, por
melhores que sejam suas qualidades.
Uma pesquisa feita nos EUA sobre motivos de promoções e demissões
em grandes empresas denuncia: 25% das demissões e das promoções ocorrem por
motivos técnicos, enquanto 75% são por motivos de personalidade. (Revista Ser
Humano. N º 129).
Assim, o diferencial competitivo das organizações são as pessoas, que
por sua vez, têm seu diferencial pautado na competência interpessoal, na
capacidade criativa, nas idéias, na iniciativa, na capacidade de motivar-se e persistir
mediante frustrações, controlar impulsos, canalizando emoções para situações
apropriadas, enfim, na capacidade de adaptar-se as novas exigências do mundo do
trabalho, no que Darwin torna-se atualíssimo em dizer com propriedade: ”Só os que
se adaptam melhor sobrevivem”.
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Convém destacar, que não existem fórmulas mágicas para se
estabelecer relações interpessoais qualitativas e saudáveis, mas é fundamental
trabalhar a atitude de mudança pessoal através de valores e princípios, pois a
mudança precisa iniciar na pessoa que pratica e, de forma sincera. Essa é a
diferença de viver a partir de princípios e valores e viver usando uma técnica.
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Então, o que é humanizar? Entendido assim, humanizar é garantir à
palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano, as percepções de dor
ou de prazer no corpo, para serem humanizadas, precisam tanto que as palavras
com que o sujeito as expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse sujeito
precisa ouvir do outro palavras de seu reconhecimento. Pela linguagem fazemos as
descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro, sem o que nos
desumanizamos reciprocamente.
Isto é, sem comunicação não há humanização. A humanização depende
de nossa capacidade de falar e ouvir, pois as coisas do mundo só se tornam
humanas quando passam pelo diálogo com nossos semelhantes.
O compromisso com a pessoa que sofre pode ter basicamente três, ou quatro, tipos
de motivação. Pode resultar do sentimento de compaixão piedosa por quem sofre,
ou da idéia de que assim contribuímos para o bem comum e para o bem-estar em
geral. Pode resultar também da paixão pela investigação científica, que se funda
sobre o ideal de uma pura “objetividade”, com a exclusão de tudo quanto lembre a
subjetividade. Um quarto tipo de motivação de compromisso pode resultar da
solidariedade genuína.
Cada uma dessas motivações tem conseqüências distintas no que diz
respeito à humanização. É interessante se observar que no transcurso do século
XIX as três estratégias de políticas de assistência à saúde que predominaram são
aquelas fundadas na ética da compaixão piedosa, no utilitarismo clássico de
Bentham e Stuart Mill e no discurso tecno-científico, sendo que existe uma
complementaridade entre essas três estratégias.
Juntas, elas compõem as modernas estratégias de biopoder, que
interferem em nossa existência na medida em que propõe uma nova utopia, a da
saúde perfeita num corpo conceitual biônico Essas estratégias passam a assistir
nossas necessidades mais elementares e íntimas, vigiando nossos movimentos,
discutindo nossa sexualidade e vigiando nossos movimentos em nome de cuidar de
nossa saúde. A saúde passa a ser valorizada como um bem acima de qualquer
discussão, justificando assim formas coercitivas de controle social em nome da
utilidade e da felicidade do maior número, da piedade compassiva pelos que sofrem
e do condicionamento de comportamentos considerados mais saudáveis pelo saber
médico científico higienista do momento. Tudo isso sem qualquer tipo de
questionamento a respeito do que as pessoas envolvidas pensam e tem a dizer
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sobre o assunto. É preciso ressaltar aqui que a capacidade de cuidar, assistir e
aliviar o sofrimento em saúde pública não implica necessariamente que a assistência
seja uma intromissão coercitiva.
A utopia da saúde perfeita surge de forma clara na própria definição da
saúde proposto pela OMS em 1948, como sendo o “estado de completo bem-estar
físico, mental e social, não meramente a ausência de doença ou enfermidade.” Essa
definição tem o mérito de ampliar o escopo de um modelo estritamente biomédico de
saúde como presença/ausência da doença ou enfermidade enquanto desvio da
normalidade causada por uma etiologia específica e única, tratada pela suposta
neutralidade científica da ciência médica. O aspecto utópico está contido na idéia de
um estado de completo bem-estar.
Sabemos, desde Mal-estar na Civilização , que um estado de completo
bem-estar simplesmente não existe, a não ser na morte, como estado absoluto de
ausência de tensão. Bem ao contrário do que a utopia da saúde perfeita propõe, a
civilização moderna vem exigindo da humanidade cada vez mais renuncias às
satisfações de seus impulsos e oferecendo cada vez menos referências simbólicas
em nome das quais essas renuncias poderiam ser suportadas.
A lógica da compaixão piedosa , por sua vez, compõe um jogo perverso
e desumanizante, difícil de se evidenciar, pois é uma prática muito arraigada em
nossa sociedade ocidental, tendo como figura principal no século passado a dama
de caridade, que tinha um estatuto de benfeitora divina em função de seus atos de
ofertar esmola e filantropia. A dama de caridade vem sendo progressivamente
substituída pela enfermagem, herdeira maior dessa lógica que muitas vezes ainda
motiva suas ações no ambiente hospitalar.
O aspecto desumanizante da compaixão piedosa está no fato de que ela
faz das diferenças o fundamento para relações dissimétricas que ela institui entre o
benfeitor e o assistido. Essa lógica instaura um exercício de poder de coerção e
submissão sob um discurso de humanismo desapaixonado e desinteressado,
gerando, além da obediência e da dependência, uma sensação de dívida e gratidão
eternas pela caridade recebida.
Caponi ressalta que no ato de compaixão existe uma sutil defesa de nós
mesmos, no sentido de nos libertarmos de um sentimento de dor que é nosso, pois o
contratempo sofrido pelo outro nos faz sentir impotência, caso não corramos em
socorro da vítima, e o temor de que o infortúnio possa nos acontecer. Ou seja, no
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ato de compaixão não estamos sendo completamente generosos e desinteressados,
pois estamos indo, na verdade e em primeiro lugar, em socorro de nós mesmos.
Outro aspecto é que existe na compaixão um fundo de vingança
disfarçada, de sadismo mesmo, pois é preciso que o infortúnio e a desgraça existam
e aconteçam com o outro para que nós possamos nos aliviar de nossa própria
angústia ao mesmo tempo que supomos que nos engrandecemos moralmente com
nossa caridade. É por isso que no sentimento de compaixão, segundo Nietzsche , a
dor alheia é despojada do que ela tem de pessoal, de singular e irredutível, pois o
compassivo julga o destino sem se preocupar em saber nada sobre as
conseqüências e complicações interiores que o infortúnio tem para o outro. Ou seja,
quando realizamos atos de caridade, agimos impulsionados pelo júbilo sádico
provocado pelo espetáculo de uma situação, masoquista, oposta à nossa.
O problema da compaixão, quando se amplia e passa a fundamentar
políticas de assistência, segundo Caponi , é que ela permanece alheia ao diálogo e
exclui a argumentação, pretendendo superar uma necessidade, que muitas vezes é
urgente, pela força do imediatismo.
Outra forma de motivação do compromisso com a pessoa que sofre é
fornecida pelo utilitarismo, que faz da procura da maior felicidade para o maior
número a medida para todas os atos. Ou seja, um ato é correto se produz as
melhores conseqüências para o bem-estar humano. Acredita-se no utilitarismo que o
prazer ou bem-estar de um sujeito pode ser medido e comparado com o de outro.
Como na cultura do individualismo a felicidade coletiva só pode ser pensada como a
soma das felicidades individuais, o problema passa a ser como fazer com que a
procura da felicidade individual possa ser integrada nessa felicidade coletiva. A
solução passou a ser criar instituições de controle capazes de controlar e
regulamentar as condutas dos indivíduos e dentre estas instituições está o hospital,
além dos reformatórios, presídios, asilos, etc.
Nesse sentido, as instituições de assistência pública de saúde se
fundamentam faz dois séculos pelos critérios de bem-estar geral, urgência social e
de felicidade e interesse comuns. E suas ações, campanhas e programas partem
das certezas de que sempre atuam em nome e pelo bem daqueles a quem
pretendem ajudar, sendo que supõe conhecer esse bem de um modo claro e
distinto, sem necessidade de consultar antes aos “beneficiados”. Uma política de
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assistência fundamentada sobre esses pressupostos prescinde de argumentos,
exclui a palavra e emudece qualquer diálogo.
Tanto a ética utilitarista, quanto a ética compassiva são, por si só,
desumanizantes pelo fato de colocarem os princípios acima dos sujeitos envolvidos,
banindo as decisões tomadas coletivamente com base no diálogo e argumentação,
pois essas éticas consideram que os princípios religiosos ou de utilidade geral são
os únicos que podem determinar de antemão o que dever ser levado em
consideração e feito.
Uma terceira motivação de compromisso com a pessoa que sofre é
trazida pelo discurso tecno-científico e a paixão que a suposição de objetividade e
neutralidade da ciência desperta no homem moderno. O desenvolvimento científico
e tecnológico tem trazido uma série de benefícios, sem dúvida, mas tem como efeito
colateral uma inadvertida promoção da desumanização. O preço que pagamos pela
suposta objetividade da ciência é a eliminação da condição humana da palavra, da
palavra que não pode ser reduzida à mera informação de anamnese, por exemplo.
Quando preenchemos uma ficha de histórico clínico, não estamos escutando a
palavra daquela pessoa e sim apenas recolhendo a informação necessária para o
ato técnico. Indispensável, sem dúvida. Mas o lado humano ficou de fora. O ato
técnico, por definição, elimina a dignidade ética da palavra, pois esta é
necessariamente pessoal, subjetiva, e precisa do reconhecimento na palavra do
outro. A dimensão desumanizante da ciência e tecnologia se dá, portanto, na
medida em que ficamos reduzidos a objetos de nossa própria técnica e objetos
despersonalizados de uma investigação que se propõe fria e objetiva. Um hospital
pode ser nota 10 tecnologicamente e mesmo assim ser desumano no atendimento,
por terminar tratando às pessoas como se fossem simples objetos de sua
intervenção técnica, sem serem ouvidas em suas angústias, temores e expectativas
(informação considerada desnecessária e perda de um tempo precioso) ou sequer
informadas sobre o que está sendo feito com elas (o saber técnico supõe saber qual
é o bem de seu paciente independentemente de sua opinião).
Por outro lado, o problema em muitos locais é justamente a falta de
condições técnicas, seja de capacitação, seja de materiais, e torna-se
desumanizante pela má qualidade resultante no atendimento e sua baixa
resolubilidade. Essa falta de condições técnicas e materiais também pode induzir à
desumanização na medida em que profissionais e usuários se relacionem de forma
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desrespeitosa, impessoal e agressiva, piorando uma situação que já é precária. É
importante lembrar, com o poeta, que mesmo em tempo ruim, agente ainda dá bom
dia! Sempre podemos nos questionar diante de circunstâncias adversas a respeito
do que podemos fazer mesmo assim para melhorar.
Uma quarta motivação para o compromisso com quem está em
sofrimento é propiciada pela solidariedade. A solidariedade abre uma perspectiva de
humanização, pois ela somente se realiza quando a dimensão ética da palavra está
colocada. Nesse sentido, segundo Caponi , a solidariedade implica uma
preocupação por universalizar a dignidade humana, que precisa da mediação das
palavras faladas e trocadas no diálogo com o outro para poder generalizar-se. Como
uma relação autêntica com o outro implica um mínimo de alteridade e aceitação da
pluralidade humana como algo irredutível, o laço social humanizante somente se
constrói pela mediação da palavra. É somente pela mediação da palavra trocada
com o outro que podemos tornar inteligíveis nossos próprios pensamentos, anseios,
temores e sofrimentos. Nossos sentimentos e sensibilidades só tomam forma e
expressão na relação simbólica com o outro. Enfim, as coisas do mundo se tornam
humanas quando as discutimos com nossos semelhantes.
Nesse sentido, humanizar a assistência hospitalar implica dar lugar tanto
à palavra do usuário quanto à palavra dos profissionais da saúde, de forma que
possam fazer parte de uma rede de diálogo, que pense e promova as ações,
campanhas, programas e políticas assistenciais a partir da dignidade ética da
palavra, do respeito, do reconhecimento mútuo e da solidariedade.
"Je ne suis pas un prophète mais il arrive que je voie ce que les autres
voient comme moi, mais ne veulent pas voir. Le monde moderne regorge aujourd hui
d hommes d affaires et des policiers mais il a besoin d entendre quelques voix
liberatrices. Les voix liberatrices ne sont pas les voix apaisantes, les voix
rassurantes. Elles ne se contentent pas de nous inviter à attendre l avenir comme on
attend le train."(GEORGESBERNANOS) Humanitas
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Interrogar as razões de um Projeto de humanização é interrogar, ao
mesmo tempo, o homem contemporâneo e seus valores, a cena social brasileira, e a
realidade dos hospitais públicos no Brasil.
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Mas parece que, no sentido que lhe empresta Gilles Lipovetsky (1992:
90), o individualismo contemporâneo não representa mais uma resistência em
relação às formas de poder, e sim a afirmação do indivíduo contra toda a espécie de
regra ou engajamento. Encontramos na verdade, a atomização do narcisismo bem
mais do que uma afirmação da autonomia, uma explosão hedonista mais do que a
conquista da liberdade. O individualismo como passividade, indiferença,
descontração "cool". Alguns autores cunharam a expressão "era do narcisismo".
Quer estejamos de acordo ou não, vemos que não são águas serenas para lançar
as âncoras de uma nova ética.
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dramáticos. Não há mais ambiguidade mas indistinção. Não vemos mais o momento
em que "o ofício de cuidar se transforma em tecnologia"( Ibidem: 42). Penso que os
efeitos sobre as equipes de trabalho precisam ser, de algum modo, considerados.
Que espécie de discernimento se opera no momento de constituir a análise do que é
clínico, do que é caritas? do que pertence ao passivo das dívidas sociais para com o
brasileiro comum, do que merece o estatuto de doença? É comum ouvir os
profissionais de saúde dizerem que não são "a palmatória do mundo". Sentem-se
esmagados pela disparidade entre o que a formação técnica lhes vaticinava e o que
a realidade sombria da miséria os obriga a enfrentar.
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ÉTICA
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Phronesis é como uma sabedoria prática, na ação e para a ação. Virtude que se põe
a serviço de fins e se ocupa com a escolha dos meios.
ENCONTRO
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O problema do encontro, sobretudo do encontro com o rosto do outro, tem um
sentido capital no pensamento ético de Emmanuel Lèvinas, para quem à ética está
mergulhada na relação intersubjetiva. A Ética é por ele encarada como um não
redutível por excelência, como não passível de síntese: no "face a face" dos
humanos, simplesmente nessa relação com a alteridade surge uma apreensão da
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responsabilidade ética. O rosto do outro é enigma, mistério mas também imediata
responsabilidade (LÈVINAS, 1993).
LINGUAGEM
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comunicativa. Rouanet interpreta o mundo vivido como "o lugar das interações
espontâneas, em que os locutores se encontram para conduzir o processo de
comunicação, para formular suas respectivas pretensões de validade, para criticá-
las aceita-las, para chegar ao consenso...."é o lugar das certezas pré-reflexivas e
dos vínculos que nunca foram postos em dúvida" (ROUANET,1999: 161).
Para Habermas, haveria no mundo moderno uma tendência crescente para a
invasão sistêmica de áreas cada vez mais extensas do mundo vivido, ao mesmo
tempo em que "uma disjunção entre o mundo vivido e sistema, tem sido responsável
pela emergência de espaços sociais não regidos por qualquer normatividade"
(Ibidem: 164)
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Podemos voltar ao cotidiano de nossos consultórios públicos.
Sustento que os profissionais tem uma visão minimalista desse encontro com o
paciente. A economia de gestos e palavras não se deve apenas à exiguidade do
tempo. É também defesa, armadura. O que os inquieta, o que o faz ter medo é a
emergência do sofrimento , não do visceral, corpóreo (porque este é da doença
propriamente dita e está ao alcance da técnica) mas do sofrimento subjetivo,
imaginarizado. O sofrimento que, muitas vezes, apoiando-se sobre a dor física,
remete à vida psíquica e aos conteúdos simbólicos. (Entende-se porque a paciente
histérica, na companhia do hipocondríaco, seguem sendo motivo dos maiores
desconcertos).
Ana Pitta reconhece que, nos hospitais, "a linguagem é uma forma muito
característica desta forma de dominação: o doente se comunica do seu modo vulgar
coloquial. O médico, ao contrário, fala parcialmente a mesma linguagem com ele, e
de uma outra forma sobre ele, utilizando-se dos jargões próprios da técnica; técnica
que é a própria materialização do desenvolvimento científico e tecnológico e que tem
no saber e no como fazer, ou seja, no processo de trabalho, as determinações de
seus êxitos maiores ou menores" (Op. Cit.: 51).
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A tendência paternalista de tratar o doente como um infante e o refúgio
nos jargões da técnica, ambos apontados por Ana Pitta, são, a meu ver, os sintomas
que melhor expressam a recusa da dimensão intersubjetiva nas práticas
institucionais. E, não por acaso, a negação da intersubjetividade explode em
idiossincrasias de linguagem (WITTGENSTEIN, 1992). Mas receio que este barco
esteja à deriva, e fazendo água. Em primeiro lugar, porque a questão dos usos da
linguagem está ainda subdimensionada. Os processos de interação comunicativa
nos hospitais vivem uma entropia. A degradação da clínica é também uma
degradação da linguagem. Esse aniquilamento da linguagem leva consigo as
possibilidades mais criativas dos agentes e, em última analise, sua capacidade de
suportar o sofrimento. Em segundo, vimos, em nosso passeio por Aristóteles, que a
técnica não é um bom remédio para a práxis ética, quando essa é claudicante. Algo
de terrível acontece quando deinos (hábil) vem em socorro de phronesis
(prudência).
CLINICA
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Foucault, em dado momento de "O Nascimento da Clínica", identifica no
método anátomo-clínico uma estrutura epistemológica em que se articulam o
espaço, a linguagem e a morte.
34
apaziguamento: "é que a medicina oferece ao homem moderno a face obstinada e
tranquilizadora de sua finitude; nela, a morte é reafirmada mas, ao mesmo tempo,
conjurada; e se ela anuncia sem trégua ao homem o limite que ele traz em si, fala-
lhe também desse mundo técnico, que é a forma armada, positiva e plena de sua
finitude"( Ibidem: 228)
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situação embaraçosa e mobilizadora de conteúdos afetivos contraditórios" ( Op. Cit.:
32).
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5 - FATORES CRÍTICOS PARA A HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO
HOSPITALAR
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receptividade e compreensão. A relação profissional-usuário é considerada
importante no processo de adesão ao tratamento.
Obs: Mas é claro que a não adesão envolve, além da relação com o
profissional, fatores relacionados aos pacientes ( idade,sexo, estado civil,etnia,
contexto familiar, escolaridade, auto-estima, crenças, hábitos de vida), as doenças
(cronicidade, ausência de sintomas) aos tratamentos ( custo, efeitos indesejáveis,
esquemas complexos), à instituição política de saúde, acesso ao serviço de saúde,
tempo de espera, tempo de atendimento, etc. .
Além do suporte técnico-diagnóstico o profissional deve utilizar e
desenvolver a sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, ouvir suas
queixas e encontrar , junto com ele, estratégias que facilitem a aceitação,
compreensão da doença e a adaptação a modificação que por ventura , tenha que
fazer por conta de seu problema de saúde.
Se faz necessário lembrar que toda instituição pública é uma organização
idealmente destinta atender a comunidade,muito embora pressionadas por uma
grande demanda, por carências de recursos materiais e humanos e atenuando
muitas vezes situações limites, o que acaba interferindo indiretamente na assistência
humanizada.
O trabalho
Público Alvo:
- Assistentes Sociais;
- Médicos;
- Profissionais de enfermagem;
- Odontologos;
- Fisioterapeutas;
- Nutricionistas;
- Agentes Administrativos;
- Assistentes de Serviços gerais;
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- Equipe Multidisciplinar;
- Todos que compõem e prestam assistência a saúde.
Objetivo:
Melhorar a qualidade do serviço público de saúde incorporando uma atitude
ética e humanizada ao relacionamento com clientes e profissionais envolvidos nas
diferentes ações de saúde.
Justificativa
A humanização é um processo amplo, demorado, demorado, complexo, ao
qual se oferecem resistências, pois envolvem mudanças de comportamento que
sempre despertam insegurança ao processo de humanização devem está
envolvidas as várias instâncias da saúde.
A experiência de humanização vem sendo implementadas em
diferentes setores de atendimento a saúde no Brasil, buscando um novo conceito
de atendimento que contribua para a melhoria dos relacionamentos que se
estabelecem nessas instituições. Assim sendo este curso proporciona uma reflexão
individual e coletiva do atendimento a saúde , fornecendo subsídios básicos para a
capacitação dos diferentes profissionais envolvidos na área da saúde.
TEXTO
Atendimento
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informação. Nesse momento a sua primeira atitude é aproxima-se de uma atendente
e fazer a seguinte pergunta: “Bom dia, eu quero consultar meu filho, como devo
fazê-lo”. E ouve a reposta: “Não sei, pergunte para aquela moça de azul do outro
lado da sala”.
Após perguntar para a “outra moça”, você descobre que deveria pegar
uma senha na entrada, mas como ninguém a orientou, outras pessoas já estão a
sua frente. Detalhe: você ainda precisa consultar seu filho, deixar ele em casa e
voltar para o trabalho.
Nesse ponto, afinal, após ter conversado com cerca de quatro ou cinco
pessoas do atendimento, para então poder ser atendida, pergunta-se: “Aquele seu
pensamento do início, de que era um hospital organizado, ainda continua o
mesmo?”.
Acredito que você também já comece a pensar se o hospital é o mesmo
organizado. Por mais que o hospital possua um excelente atendimento, os pontos
negativos mencionados são situações que prejudicam seriamente a imagem da
instituição, pois lembre-se que as pessoas não enxergam hospitais ou empresas por
“setores”, mas , sim, como um organismo único. Portanto, se u desses “braços” não
funcionar o hospital não funciona.
Mas, como fazer para que tenhamos na sala de Recepção um
atendimento padrão, ou seja, de referência em atendimento e que sirva ao mesmo
tempo de orientação a funcionários e usuários daquela instituição?
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REFERÊNCIAS
MOURA, Ana Rita de Macedo; CARVALHO, Maria do Carmo Nanci. Libere sua
competência transformando a angústia existencial em energia motivacional e
produtividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.
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