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1.

0 - INTRODUÇÃO

A temperatura do ar, expressa de maneira simples, é a energia contida no meio. Essa


energia, por sua vez, vai-se propagando em processo de difusão turbulenta, envolvendo-
se contínua e parcialmente na tentativa da busca de equilíbrio. Desde o nascer do sol a
superfície do solo recebe continuamente energia. A medida que o sol vai alterando sua
posição no espaço, seus raios vão se tornando a cada instante mais próximo da
perpendicularidade para aquele local. Dessa maneira intensificando a energia incidente,
aquecendo mais e mais o solo e este por sua vez aquecendo também , mais e mais a
atmosfera.
O sol tem seus raios mais próximos à perpendicular de um local, no instante do meio dia
para aquele local. Nesse momento, a energia incidente no solo é a máxima para aquele
dia, mas, devido ao processo de difusão turbulenta, ser caracterizado por uma pseudo-
condução e o instrumento que mede a temperatura do ar, estar no abrigo meteorológico a
1,50m da superfície do solo, o valor da temperatura máxima para aquele dia ocorre em
torno das 14:00 às 15:00 horas.
A medida que o sol caminha para o horizonte vai continuamente decrescendo a energia
incidente no solo, até o valor zero, quando o sol se põe.
O solo por sua vez, tendo sido aquecido pela radiação solar, continua perdendo energia,
ou seja se resfriando continuamente. Pouco antes do sol nascer o solo se encontra com
a menor energia possível, ou seja, com a temperatura mínima, a qual também ocorre no
mesmo instante no abrigo meteorológico, local onde se encontra o termômetro de
mínima.
Dessa maneira, no decurso de um dia a temperatura mínima do ar ocorre antes do sol
nascer, e a máxima entre 2 a 3 horas após ao meio dia.
A energia à disposição do meio ambiente oscila entre esses dois valores.
Como essa energia vai paulatinamente de um extremo a outro, ela atua em processo de
contínuo estímulo as reações bioquímicas que caracterizam os processos fisiológicos
vitais nos seres vivos.
Os seres vivos que povoam o planeta vivem adaptados a energia do meio ambiente. Essa
afirmativa está estreitamente associada ao grau de evolução genética. O homem, por
exemplo, na escala final da evolução, tem sua energia interna média praticamente
constante e para conseguir isto, o organismo humano utiliza-se de diversos artifícios. Em
menor e variável escala, os múltiplos organismos animais, possuem seus aspectos
fisiológicos também adaptados à energia do meio. Na maioria dos casos a adaptação é

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relativa, isto é, existe um teor mínimo e um máximo de energia no meio que estabelece
uma condição de estagnação do metabolismo.
Nos vegetais, encontram-se semelhanças em alguns aspectos. Apesar de no geral, terem
maior amplitude de suporte em relação a energia do meio, também são susceptíveis a
valores mínimos e máximos.
O estado de valor energético mínimo admissível ao meio para determinada planta, vem
estabelecer nesta uma paralisação em seu processo de auto produção de alimento e
condicionar as transformações metabólicas a um valor mínimo vital.
Acima desse valor mínimo, a planta utiliza a energia do meio nos processos metabólicos.
Essa energia condiciona a aceleração dos processos vitais, a partir do valor mínimo até
um valor ótimo, decrescendo a sua atividade até um limite superior de energia no meio.
Isto se deve ao fato da planta durante o processo de síntese de alimentos, com utilização
de gás carbônico e vapor d’água do meio, possuir o processo inverso de respiração e
transpiração. Quando a energia do meio alcança um valor tal que o estímulo à respiração
é de dimensão equivalente ao sintetizado pelo gás carbônico e vapor d’água, pelo
processo fotossintético, ocorre o que é chamado de ponto de compensação (τ) , isto é, o
produto da reação fotossintética é consumido pela respiração, resultando em fotossíntese
líquida igual a zero.
Outro fato advém, que, quando a energia do meio alcança um valor elevado, a planta é
sugerida a perder água pelo processo de transpiração, em velocidade maior do aquela
que seria possível captar pelo, sistema radicular e transportar até as folhas. Essa situação
sugere providências da planta no sentido de fechamento dos estômatos, e
conseqüentimente em queda da razão fotossintética.
No intervalo dessas situações limites, a planta utiliza a energia do meio, como estímulo às
reações bioquímicas que caracterizam o seu metabolismo. É interessante frisar que
essas reações bioquímicas tem finalidades dirigidas aos estágios fenológico da planta, e
que elas devem ser completadas para estar completo cada estágio fenológico. Em um
meio de alta energia, ocorre o aceleramento dos processos bioquímicos, e isso vem
antecipar a complementação dos estágios fenológicos da planta, em relação ao meio
ambiente de baixa energia. Isto, em síntese, significa que o ciclo da planta, tem a sua
duração condicionada a energia do meio, desde que sejam as outras condições em
situação de otimização, isto é, a umidade e o teor em nutriente do solo.
Finalmente a quantidade de energia que a planta necessita em cada estágio, é um valor
praticamente constante para o mesmo cultivar.
Em virtude dessa característica, assume-se que seria possível estabelecer um critério de
análise de crescimento e de previsão de tempo para cada estágio fenológico, baseando-
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se na energia do meio. Como já foi dito, essa energia é expressa pela temperatura do ar,
logo, o estudo refere-se aos critérios de avaliação da temperatura do ar.
A temperatura é um dos fatores principais que controla o crescimento das plantas e
também sua distribuição sobre a terra.
Muitos processos fisiológicos nas plantas superiores ocorrem entre temperaturas de 0o a
40oC. Portanto, existe uma ampla faixa de temperatura para o crescimento, ainda que
algumas culturas sejam mais adaptadas a relativamente baixas, moderadas ou até altas
temperaturas. O melhoramento genético tem ampliado esta faixa nas últimas décadas. Do
ponto de vista agronômico, entretanto, a temperatura é ainda de vital importância para o
crescimento da planta, seu desenvolvimento e rendimento.
Uma vez que a temperatura requerida por uma certa espécie seja conhecida, a escolha
de uma área favorável pode ser feita, uma vez que médias de períodos longos de
variação anual e diurna da temperatura são freqüentemente disponíveis em todas as
partes do mundo. Alem disso, em temperaturas sub-ótimas, um aumento na temperatura
em casa de vegetação, cobertura plástica, pode ser obtido, mas tais instalações
requerem, freqüentemente, altos investimentos de capital. A aplicação de tais técnicas é
somente viável guando altos retornos de capital são esperados.
A prevenção contra a temperatura excessiva do ar e mudanças moderadas na
temperatura do solo são mais freqüentemente usadas.

2.0 - TEMPERATURAS CARDEAIS


Independentemente de quão favorável possam ser as condições de luz, o crescimento da
planta pára quando a temperatura cai abaixo de um certo valor mínimo ou excede um
certo valor máximo.
Entre estes limites, existe um ótimo de temperatura no qual o crescimento se dá com
maior rapidez. Estes três valores são conhecidos como temperaturas cardeais.
PARKER (1946) mostrou que a complexidade fisiológica da planta impede a
determinação precisa das temperaturas cardeais, diferentes processos exigem diferentes
temperaturas.
Entretanto, os valores aproximados das temperaturas cardeais são conhecidos para a
maioria das espécies vegetais.
Com culturas típicas de estação fria, como aveia, trigo, centeio e cevada, os pontos são
todos comparativamente baixos: mínimo de 0o a 5oC, ótimo de 25o a 31oC e máximo de
31o a 37oC.
Para plantas de verão, como melão e sorgo, as temperaturas são muito maiores: mínima
de 15o a 18oC, ótima de 31o a 37oC e máxima de 44o a 50oC.
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As temperaturas cardeais também variam com o estágio de desenvolvimento. Certas
plantas exigem um período de baixas temperaturas, durante a germinação e estágios
iniciais de plântulas, para o crescimento ótimo. Muitas plantas bianuais devem receber
tratamento pelo frio no fim do primeiro ano de crescimento para poder induzir-se a
formação de gemas florais e subseqüente floração durante o segundo ano.
Aparentemente algumas substâncias destruídas por altas temperaturas se acumulam
durante o período frio atrapalhando o ciclo reprodutivo.

3.0 - TEMPERATURA DO AR REQUERIDA DURANTE AS FASES VEGETATIVA E


REPRODUTIVA
Vamos discutir o efeito da temperatura do ar em relação a alguns aspectos da
fotossíntese, respiração, produção de matéria seca e matéria verde.
A fotossíntese freqüentemente mostra uma faixa sub-ótima, um ótimo, regularmente
amplo, e um decréscimo acima de 35oC.
A respiração tem sua faixa dobrada com um aumento de 10oC na temperatura. Acima de
45oC, entretanto, ocorre um abrupto declínio na respiração, devido ao dano no
mecanismo da mesma. Portanto, o ganho líquido na produção de matéria seca,
fotossíntese-respiração, varia com a temperatura, assim como a divisão celular e a
elongação e formação de flores. O maior ganho líquido de matéria seca ocorre a uma
temperatura de 20oC, ao passo que a razão de desenvolvimento é relativamente lenta,
resultando numa produção elevada com grandes células e um retardado desenvolvimento
de frutos. Em altas temperaturas o ganho líquido de matéria seca é menor, mas o
desenvolvimento é mais rápido, resultando uma produção diminuída com uma precoce
formação de frutos.

4.0 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR NAS PLANTAS


As plantas como os animais, precisam regular suas temperaturas, para funcionar a um
ótimo de eficiência fisiológica. Isto é conseguido, através de três mecanismos:
Radiação
Transpiração e
Convecção

Muitos processos fisiológicos das plantas dependem primariamente da temperatura, mais


do que da luz, e entre eles estão crescimento e elongação das células.
A temperatura das plantas pode também afetar a atividade fotossintética, embora a
fotossíntese seja primariamente dependente da luz. O processo fotossintético aumentará

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ou diminuirá, se a temperatura das plantas subir ou diminuir muito, e atingirá um ótimo
num nível intermediário de temperatura.
A temperatura de uma planta é determinada por sua relação com o ambiente. Se uma
planta fornece mais energia do que recebe, ela se tornará mais fria e vice-versa. Quando
os fluxos internos de energia forem iguais, a planta estará em balanço termal com o
ambiente.

4.1 - Radiação

É quantitativamente o mais importante dos três processos. Com relação a esta existem
duas formas:

4.1.1 - Radiação solar


É absorvida pelas plantas de maneira diferente para cada comprimento de onda do
espectro.

4.1.2 - Radiação termal


Esta é a energia emitida por qualquer objeto mais quente que o zero absoluto. Objetos
com a temperatura entre zero e 50oC, por exemplo, irradiam somente em comprimentos
de onda infravermelho ( 10 micra).
No verão, a superfície da terra, nas zonas temperadas, recebe energia solar numa taxa
de 1,2 a 1,4 cal/cm2/min. Nas montanhas e desertos, em geral, livres de coberturas de
nuvens, podem receber até 1,6cal cm-2 min-1.
A energia solar que incide numa árvore, ou num colmo de milho, inclui não somente a luz
solar direta, mas também a luz solar que foi dispersa pela atmosfera e a luz solar que é
refletida de baixo para cima pela superfície da terra e de cima para baixo pelas nuvens.
No alto das montanhas, nas quais a intensa luz solar direta e a luz solar refletida pelas
nuvens, ocasionalmente, chegam ao mesmo tempo, o valor da radiação pode ir até 2,2
cal, mais alto, portanto, que a constante solar.
A radiação solar afeta a superfície da terra somente entre o nascer e o pôr do sol. A
radiação termal, por outro lado, esta sempre presente no ambiente emitindo
constantemente energia. Ao fim de um dia a quantidade total de energia termal irradiada
do solo e da atmosfera pode ser igual ou exceder a radiação solar.
Se as plantas continuamente absorvessem energia, sem dissipar nenhuma, a sua
temperatura almentaria constantemente até sofrer a morte pelo calor. Entretanto, mais da
metade da energia que elas absorvem, é dissipada pela reirradiação.

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4.2 - Transpiração
Este segundo processo de transferência de energia faz com que as plantas se livrem do
excesso de calor, convertendo a água das folhas em vapor d’água que passa para a
atmosfera circundante.
Este processo consome energia e, portanto, a folha transpirante torna-se mais fria. O
vapor d’água é emitido através dos estômatos. A abertura e fechamento dos mesmos são
controlados por células especializadas de forma alongada, na epiderme das folhas,
denominadas células guardas. Normalmente, os estômatos estão fechados durante a
noite e abertos durante o dia.
A eficiência da transpiração em transferir energia pode ser julgada pelo fato de que a taxa
de transpiração, de somente 0,0005g de água cm-2 min-1 causa uma perda de energia de
aproximadamente 0,3 cal e isto é suficiente para baixar a temperatura da folha
transpirante de até 150 C.
Nos dias quentes, durante o período da manhã, as folhas iluminadas das plantas
constantemente aumentam de temperatura, e sua atividade fotossintética aproxima-se do
nível ótimo.
Ao meio dia, quando a taxa de calor está no máximo, a taxa de transpiração da folha é
também a mais alta, e produz o máximo de efeito resfriante.
Entretanto, apesar da transferência de energia pela transpiração, a temperatura da folha
alcança um nível acima do ótimo, e o processo fotossintético baixa. A concentração de
gás carbônico nas células guardas aumenta e os estômatos se fecham eliminando-se a
transpiração; a temperatura das folhas aumenta cada vez mais e a fotossíntese pára.
Neste ponto a folha murcha e a planta parece estar a ponto de uma catástrofe termal.
Felizmente, a murcha transforma a orientação das folhas com respeito à iluminação direta
do sol, e com isso, a taxa de calor se reduz.
A temperatura da folha torna-se mais fria e permite o reinicio da fotossíntese, reduzindo
dessa forma a concentração de gás carbônico nas células guardas e provocando a
reabertura dos estômatos.
Vários experimentos têm sido feitos demonstrando claramente que a transpiração é um
mecanismo eficiente para transferência de calor nas plantas. Um desse experimentos foi
realizado em câmaras de crescimento com temperatura controlada na qual se pode
reproduzir condições semelhantes à dos vales e das montanhas. Nesta câmara manteve-
se a iluminação constante e fez-se variar a temperatura desde 10oC até 60oC

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aproximadamente. Quando a temperatura do ar estava aproximadamente a 30oC ou
menos, as folhas das plantas testadas apresentavam-se mais quentes do que o ar
circundante. Quando a temperatura do ar subia acima de 30oC a temperatura das folhas
permaneciam mais frias que a temperatura do ar. Quando a temperatura das folhas
crescia, a transpiração das plantas aumentava lentamente até 41,5oC - efeito limite -.
Abaixo dessa temperatura, a taxa de transpiração era de 0,0005g/cm-2. min-1. Entretanto,
quando atingia a temperatura limite, a taxa passava para 0,0022g/cm -2.min-1. Esse
aumento de permeabilidade fez com que as folhas não se tornassem mais quentes que
42,0oC, mesmo quando a temperatura do ar circundante estava cerca de 20 oC mais alta
do que aquela.
Num outro experimento foram pintadas folhas de tomate com uma substância para
prevenir a abertura dos estômatos. Este tratamento, é claro, suprimiu a transpiração.
Quando foram medidas as temperaturas das folhas tratadas e não tratadas, verificou-se
que as folhas transpirantes erram mais frias que as não transpirantes, cerca de 5oC.
Estes experimentos entre outros, demonstraram a importância da transpiração no controle
de temperatura das plantas.

4.3 - Convecção
Este é o terceiro mecanismo que permite a transferência de energia entre as plantas e o
ambiente. Diferencia-se dos demais, principalmente porque poderá esfriar uma planta
quente e aquecer uma planta fria com igual facilidade, dependendo apenas se o ar é
mais quente ou mais frio que a planta.
A convecção atua através de uma fina zona atmosférica conhecida como camada limite
que contorna com ar calmo toda uma superfície.
A taxa de energia transferida através da camada limite depende da espessura da lâmina e
da diferença de temperatura entre o objeto e a atmosfera. No ar calmo, a camada limite
tem cerca de 1cm de espessura.
Por intermédio de fotografia especial, a camada limite e outras regiões de pouca variação
de densidade do ar pode se tornar visível, verificando-se também que o ar perto da
superfície de uma folha não é realmente calmo.
Consideremos uma folha iluminada que se tornou quente pela radiação solar. Se o ar é
mais frio que a folha, as moléculas de gás em contato com a superfície da mesma, serão
aquecidas por condução e ganharão energia. O aumento de energia das moléculas causa
a expansão da massa de ar e faz com que essa massa se expanda e suba para uma
camada mais alta.

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Enquanto o ar quente sobe, o ar mais frio o substitui ao longo da superfície das folhas e o
ar em contato novamente com a folha se torna aquecido e sobe sendo novamente
substituído, e assim sucessivamente.
À noite, ou sempre que a folha estiver mais fria que o ar, a situação é inversa. Na
escuridão a folha pode emitir mais energia do que recebe e torna-se mais fria que o ar
circundante. A convecção, então, força o ar mais quente a dar energia à folha mais fria,
enquanto as moléculas de gás perdem energia, o ar baixa até formar uma massa fria em
torno da base da planta.
Esta inversão aquecerá a folha que tende a estabilizar a sua temperatura a um ponto
próximo ao da temperatura do ar circundante.
A diminuição da eficiência da transferência de energia, a qual pode ocorrer, em noite claras
e calmas, quando a temperatura do ar cai perto do ponto de congelamento, pode causar
desastres a uma plantação de citros.
Existem várias maneiras de combater este início de congelamento das plantas e todos se
baseiam no princípio de criar correntes de ar entre as arvores.
O fluxo de ar aumenta a taxa de transferência de energia da atmosfera, aumentando o
calor ao redor das plantas, evitando que as mesmas atinjam o ponto de congelamento.
Tomando-se como exemplo a plantação de citros, verifica-se que um pequeno movimento
de ar rapidamente destroi a camada limite e, portanto, aumenta a taxa de condutividade
de transferencia de calor. Quando o fluxo de ar sobre a superfície da folha permanece
laminar ou não turbulento, a taxa de transferência de calor permanece proporcional à raiz
quadrada da velocidade do vento. O fluxo do ar, através da vegetação, entretanto,
rapidamente torna-se turbulento e quando isso ocorre, a taxa de transferência torna-se
quase proporcional à velocidade do vento.
Vários experimentos foram feitos procurando-se determinar a eficiência da convecção para
diferentes tamanhos de folhas. Resultados desses experimentos mostraram que, quando
o tamanho da folha aumentava, a taxa de transferência de calor para o ar por convecção e
por unidade de superfície da área tornava-se menor.
O papel da radiação, transpiração e convecção na vida das plantas, durante as horas
do dia, são diferentes daquelas durante a noite.
À noite, os valores de transferência são diferentes e influenciados por outros fatoras que
veremos a seguir:
1 - Com os estômatos das folhas fechados a transpiração é diminuída;
2 - Quando a temperatura da folha cai abaixo da temperatura do ambiente, o processo de
convecção torna-se inverso: adiciona energia do ar para a folha;

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3 - Entre o por do sol e o nascer do sol, a folha não tem taxa de radiação solar para
enfrentar. Embora a radiação termal continui através da noite, mesmo a saída dessa
espécie de energia é reduzida.

5.0 - UNIDADES TÉRMICAS DE CRESCIMENTO

5.1 - UNIDADE DE CALOR OU GRAUS-DIA


Conceito: é a diferença da temperatura média diária e a temperatura base de uma cultura.
Graus-dia também pode ser conceituado como sendo o somatório de calor efetivo para o
crescimento das plantas, acumulado durante o dia.

5.2 - CONSTANTE TÉRMICA


A constante térmica ou índice residual, nada mais é do que a quantidade de unidades de
calor acumulada desde os primeiros dias até a maturação.
Este valor é aproximadamente constante para cada estação e para cada cultura que
cresce num mesmo local. Quando se estuda a duração de um cultivo, observa-se que ela
não é constante, variando segundo as regiões e até em uma mesma localidade, de
acordo com os anos e a época de semeadura.
Se tomarmos como exemplo uma variedade de trigo, veremos que em algumas
localidades, desde a germinação até a maturação, transcorrem 142 dias, em outras 155
dias, 117 dias, etc.
Os primeiros observadores que notaram este fenômeno, entre eles RÉAUMUR, buscaram
a causa deste fenômeno.
RÉAUMUR, há 200 anos, chegou a seguinte conclusão: se desde o momento em que se
verifica a germinação somarmos a temperatura média diária até o momento da
maturação, a soma total é sempre a mesma, qualquer que tenha sido a situação
determinada do cultivo e o ano considerado.
RÉAUMUR não somava as temperaturas médias abaixo de 0oC.
Segundo o citado autor, a cevada requer desde a germinação até a maturação, uma
soma de 1700oC aproximadamente, o trigo 2000oC e o milho 2500oC
Sobre a base deste princípio ficava explicada a diferente duração do ciclo vegetativo das
culturas. Assim, por exemplo, o milho necessita de 2500oC. Se o cultivo se efetua em uma
localidade onde a temperatura média diária é de 25oC, a planta necessitará de 100 dias
para alcançar a maturação; em troca, se a temperatura média diária da localidade for de
15oC a planta necessitará de, 2500/15=167 dias para amadurecer.

6.0 - MÉTODOS PARA CÁLCULO DA CONSTANTE TÉRMICA

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6.1 - Método Simples
Soma-se as diferenças entre a temperatura média diária e temperatura base da planta
desde a germinação até a maturação da planta.

6.2 - Método Direto


Soma-se as temperaturas médias diárias, com exceção dos valores abaixo de 0oC, desde
a germinação até a maturação da planta.

6.3 - Método Residual


Quando as investigações sobre a constante térmica começaram a se estender a
localidades cada vez mais distantes, viu-se que a constante térmica, na realidade sofria
variações segundo as localidades consideradas.
Tratou-se de evitar este inconveniente, relacionando-se assim.
No método direto se considera como útil toda temperatura acima de 0oC, porém, em
verdade o crescimento começa com temperaturas sensivelmente mais que a de fusão do
gelo.
Com poucas diferenças, quase todas as espécies agrícolas começam a crescer aos 6oC;
portanto, toda temperatura inferior a este valor não traz nenhuma utilidade. A este valor de
6oC se dá o nome de ZERO VITAL.
Para encontrar a verdadeira eficiência de uma temperatura é necessário subtrair os 6oC
que correspondem ao Zero Vital; o resíduo resultante é a temperatura efetivamente útil.
Quando com este método, chamado residual, se deseja calcular a constante térmica, à
temperatura média de cada dia se subtrai 6oC e soma-se o resultado de todos os
resíduos assim obtidos desde a germinação até a maturação da cultura.

6.4 - Método Exponencial


Se bem que o método residual tenha mostrado melhores resultados que o método direto,
a constante térmica de uma cultura manifestava valores bastante variados para as
distintas regiões.
Novamente se intentou evitar esta dificuldade. O problema se delineou assim.
O crescimento das plantas é um conjunto de reações físico-químicas e como tais devem
reger-se pela lei de VAN`T HOFF e ARRHENIUS que diz: a velocidade das reações se
duplica para cada aumento de 10oC da temperatura.
De acordo com este método de calcular a constante térmica, a eficiência de uma
temperatura se obtém comparando a velocidade das reações a esta temperatura com a
velocidade unitária que é correspondente a 4,5oC. Assim, por exemplo, a eficiência da

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temperatura de 14,5oC é igual, a 2, porque à dita temperatura as reações se produzem
duas vezes mais rápido que a temperatura de 4,5oC.
A velocidade de reação a uma temperatura qualquer se obtém, elevando o número 2 à
potência correspondente.
Em cada caso se calcula o expoente, subtraindo 4,5oC da temperatura dada e dividindo o
resíduo por 10.

Exemplo: Qual a velocidade que corresponde a 34,5oC ?


Conforme foi dito:
34,5 - 4,5 = 30
30 / 10 = 3;
o número 2 elevado a potência 3 é igual a 23 = 8
Portanto a 34,5oC a velocidade das reações é 8 vezes maior que 4,5oC.

Como se pode observar, segundo esta fórmula exponencial, a eficiência das temperaturas
se eleva em forma notável para as temperaturas altas.
Quando se deseja calcular a constante térmica pelo método exponencial, é necessário
substituir a temperatura média de cada dia pela velocidade de reação correspondente. A
estes valores também se chama de índices exponenciais.
A fim de evitar o cálculo do índice exponencial que corresponde a cada dia, recorre-se ao
uso de tabelas já preparadas para este fim. A Ecologia Agrária de Azzi, publicada na
Itália, em 1928, em sua página 85, traz uma destas tabelas. Finalmente somam-se todos
os índices.
O método exponencial sofre objeções para ser usado em países tropicais, pois, segundo
se tem demonstrado, as temperaturas elevadas, 38oC, 40oC, etc., são computados como
temperaturas muito eficientes.
Pelo contrário, ao se estudar o tema das temperaturas mínima, ótima e máxima para a
produção das fases, se viu que, a partir das temperaturas ótimas, qualquer elevação
térmica é perniciosa, ao invés de ser benéfica.

6.5 - Método Termofisiológico


A fim de eliminara objeção mencionada, recorreu-se a um método que se baseia em
experiências fisiológicas.
Para isto se usa os dados obtidos das experiências termofisiológicas Lehenbauer (1914).
A eficiência de uma temperatura se estabelece comparando a velocidade de crescimento
das plantinhas de milho e esta temperatura, referente à velocidade que registra a 4,5oC.
Esta última (4,5oC) é a velocidade unitária. A 30oC, a eficiência da temperatura é de 120.
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Significa que a esta temperatura o crescimento das plantinhas é 120 vezes mais rápido
que a 4,5oC.
Para conhecer a velocidade de crescimento ou índice termofisiológico que corresponde a
uma temperatura dada, recorre-se a tabelas especiais; na página 86 da obra Ecologia
Agrária de Azzi encontra-se um delas.
Para calcular a constante térmica pelo método termofisiológico se inicia por substituir a
temperatura média de cada dia pelo índice termofisiológico correspondente; em seguida
somam-se todos os índices.
Ao usar este método deve-se recordar que a experiência básica foi realizada com uma só
espécie de milho, submetida a obscuridade e a uma temperatura uniforme durante 12
horas.
Ademais, a experiência se refere só ao crescimento das plantas recém-nascidas. Por
todas estas razões é possível que apareçam discrepância quando se aplica o método a
cultivos de outras espécies realizadas em condições naturais.

7.0 - IMPERFEIÇÕES DO CONCEITO DE GRAUS-DIA


a) A teoria supõe que há somente uma temperatura base durante toda a vida da planta,
não levando em conta que a temperatura necessária muda com o estágio de
desenvolvimento da planta.
b) Que temperaturas noturnas e diurnas têm a mesma importância para o crescimento das
plantas.
c) Que a resposta da planta à temperatura é linear em toda a faixa de temperatura.
d) BROWN (1960) acha que o método dá muito peso para temperaturas acima de 27oC,
as quais podem ser até prejudiciais. Devemos considerar uma temperatura máxima para
o crescimento para eliminar o efeito deprimente das altas temperaturas. (GILMORE e
ROGERS, 1958).
e) Não diferencia uma combinação de primavera quente e verão frio de outra primavera
fria e verão quente.
f) Nenhuma consideração é dada a variação da temperatura diurna, a qual
freqüentemente é mais significativa do que o valor médio diário.

8.0 - FATORES AMBIENTAIS QUE FAZEM VARIAR A CONSTANTE TÉRMICA

a) Nível de fertilidade do solo


Altos teores de N e consequentemente um maior crescimento vegetativo atrasam a
maturação ao passo que altos teores de P tendem a acelerar.

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b) População de plantas
Uma baixa população de plantas fará amadurecer mais cedo do que uma população mais
densa, desde que ervas daninhas não mascarem a diferença.

c) Tipo de solo
Os solos arenosos aquecem-se mais rapidamente do que os solos argilosos. Outras
variáveis tais como nível de fertilidade e características de umidade estão associados com
o tipo de solo.

d) Temperatura do solo
Durante o aquecimento da primavera, a temperatura do solo atrasa-se apreciavelmente
em relação à temperatura do ar. Portanto, unidades de calor acumuladas baseadas na
temperatura do ar podem ser altas demais. A temperatura do solo pode ser usada até à
emergência. Alguns pesquisadores reduziram a temperatura base da planta para 10oC e
usaram a temperatura do solo em lugar da temperatura do ar, na computação da
acumulação de calor.

e) Umidade
Solos pobremente drenados são frios e também causam maior número de problemas de
nutrição.
A maturação será retardada se a umidade é escassa na época de semeadura ou durante
o período inicial de crescimento, embora as unidades de calor sejam acumuladas.

9.0 -TERMOPERIODISMO

A variação anual, diária e aperiódica da temperatura do ar tem um claro efeito no


desenvolvimento dos vegetais superiores.
Esta variação, num ciclo completo de um a ano, um dia ou vários dias constitui um
termoperíodo anual, diário ou aperiódico, respectivamente e se caracteriza por apresentar
dois setores bem definidos: a termofase positiva e a termofase negativa.
A primeira termofase corresponde ao lapso mais quente e a segunda ao lapso mais frio do
termoperíodo.
A reação das plantas ao termoperíodo denomina-se Termoperiodismo.
Distinguem-se três tipos de Termoperiodismo: o anual, o diário e o aperiódico, segundo se
trate da resposta do vegetal a termoperiodicidade anual, diária ou aperiódica.
A importância da periodicidade anual da temperatura se manifesta na distribuição
geográficas das culturas. O êxito ou fracasso das introduções de espécies exóticas
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depende, em grande parte, da semelhança ou não entre as condições termoperiódicas
anuais das regiões de origem, e das regiões onde se pretenderá cultiva-las.
Em 1952, BURGOS estabelece uma classificação das plantas, segundo a qual seu ciclo
vital coincide ou não com a variação anual da temperatura.
Denomina-se deste modo três grupos principais de plantas:

9.1 - Termocíclicas
Aquelas espécies que apresentam tecidos ativos à temperatura durante um ou mais
períodos anuais de variação da temperatura. Exemplo: plantas perenes e plantas
bianuais.

9.2 - Paratermocíclicas
As espécies anuais com tecidos ativos à temperatura em uma das termofases positiva e
negativa. Exemplo: cereais de inverno (trigo, cevada, etc.)

9.3 - Atermocíclicas
As espécies anuais com tecidos ativos à temperatura somente na termofase positiva do
termoperíodo anual. Exemplo: tomate, sorgo, milho, etc.

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EVAPORAÇAO

15
1.0 – INTRODUÇÃO

A transferência de água para a atmosfera, no estado de vapor, quer pela evaporação de


superfícies líquidas, quer pela evaporação de superfícies úmidas ou pela transpiração
vegetal, constitui importante elo do ciclo hidrológico da natureza.
Informações quantitativas de evaporação e evapotranspiração são necessárias nos vários
campos científicos que tratam dos numerosos problemas do manejo de água. Dados
confiáveis de evaporação são exigidos para o planejamento, construção e operação de
reservatórios e sistemas de irrigação e drenagem.
Pôr outro lado, o conhecimento do consumo de água pelas plantas
(EVAPOTRANSPIRAÇÃO) é essencial para se poder estimar a quantidade de água
requerida para irrigação. Também, o conhecimento do consumo de água nos diversos
subperíodos ou etapa de desenvolvimento das plantas cultivadas permite a administração
de sua irrigação mais racional e efetiva, de acordo com a exigência da cultura. Esse
conhecimento é, ainda, útil mesmo na agricultura não irrigada, pois permite ajustamentos
de épocas de semeadura, dentro da estação de crescimento em função da disponibilidade
hídrica média da região considerada, determinando maior eficiência no aproveitamento
das precipitações (MOLION & BERLATO,1981).

1.1 - DEFINIÇÃO DE TERMOS


Evaporação - Processo físico pelo qual um líquido ou sólido é transformado ao estado
gasoso. Em meteorologia o termo evaporação é restrito para designar a mudança física
de água de líquido para gás (HUSCHKE, 1970).

Evaporação Potencial - Perda de água para a atmosfera de uma superfície saturada


exposta às condições reinantes de fatores meteorológicos (HUSCHKE, 1970).

Transpiração - Perda de água para a atmosfera na forma de vapor através dos


estômatos e cutículas das plantas (GANGOPADHYAYA et al. 1968).

Evapotranspiração - É a perda combinada de água para a atmosfera, em forma de


vapor, através dos processos de evaporação das superfícies e transpiração das plantas
(HUSCHKE, 1970).

Evapotranspiração Potencial (ETP) - Total de água transferida para a atmosfera pôr


evaporação e transpiração, pôr unidade de tempo, de uma superfície extensa
16
completamente coberta de vegetação de porte baixo e bem suprida de água (PENMAN,
1956).

Evapotranspiração Real ou Efetiva (ETR) - Perda de água para a atmosfera pôr


evaporação e transpiração, nas condições reais (existentes) de fatores atmosféricos e
umidade do solo. A evapotranspiração Real é igual ou menor que a Evapotranspiração
Potencial (GANGOPADHYAYA et el. 1981).

Consumo de Água ou Uso Consuntivo - É a quantidade de água transpirada pelas


plantas mais a evaporada do solo mais a água retirada nos tecidos vegetais.

2.0 - FATORES DETERMINANTES DA EVAPORAÇÃO E


EVAPOTRASNPIRAÇÃO

A transferência natural de água no estado líquido na superfície, para o gasoso na


atmosfera, complica-se quando a superfície evaporante não é uniforme. O vapor d'água
formado é removido pôr difusão turbulenta, ocasionada pelas correntes de convecção
provocadas pelas diferenças de densidade e do deslocamento do ar na camada
atmosférica junto à superfície. O fenômeno é pôr isso condicionado pela temperatura,
défice de saturação e estado de agitação do ar junto à superfície evaporante, e portanto,
pelo estado de equilíbrio da atmosfera no local e na ocasião considerada. Os parâmetros
meteorológicos que estabelecem estas condições são: radiação solar, temperatura na
camada limite junto à superfície evaporante, a diferença entre tensões de vapor reinante
na superfície evaporante e ao nível superior da camada limite e velocidade do vento que
modifica a camada limite, estabelecendo a importância dos gradientes superficiais da
tensão de vapor e da temperatura.

2.1 - Fatores Determinantes da Evaporação da Superfície Livre de Água

2.1.1 - Radiação Solar - a mudança de estado físico da água de líquido para vapor
demanda um consumo de energia da ordem de 590 cal.g-1 a uma temperatura ambiente
de 20ºC. O processo de evaporação é, fundamentalmente, um processo dependente da
energia disponível para a mudança do estado físico de água, sendo, portanto, a radiação
solar o fator isolado mais importante.

2.1.2 - Temperatura - As temperaturas do ar e da água estão grandemente associadas à


radiação solar e, portanto, também se correlacionam positivamente com a evaporação. A
temperatura da água determina a razão com que as moléculas deixam a superfície líquida

17
e passam para o ar. A variação da temperatura da superfície da água em períodos curtos
pode exercer profundo efeito na quantidade de água evaporada.

2.1.3 - Tensão de Vapor - Em igualdade de outras condições, a evaporação é


proporcional à diferença entre a tensão máxima de vapor à temperatura da água e a
tensão atual de vapor do ar atmosférico
(es-e).

2.1.4 - Vento - O efeito do vento na evaporação é exercido pela remoção do ar logo acima
da superfície evaporante. Normalmente, o vento retira, da camada acima da
superfície evaporante, o ar saturado ou próximo à saturação ficando sobre a mesma
superfície ar mais seco o que determina a manutenção do processo evaporativo. A
relação entre o vento e a evaporação é, entretanto, limitada. Acima de uma determinada
velocidade do vento a evaporação torna-se independentemente da mesma.
Para pequenas áreas, uma brisa leve (2m.s-1) já é suficientemente eficaz. Para grandes
superfícies de água 32 a 40km.h-1 seria um valor limite da velocidade do vento, acima da
qual não mais exerceria influência.
Outros fatores de menor importância podem ser citados: O armazenamento de calor ou
energia, especialmente em reservatórios ou evaporímetros de maior profundidade, a
pressão atmosférica - redução de pressão aumenta a evaporação-, umidade relativa do
ar, tamanho e profundidade da superfície evaporante, presença de sais e outras
impurezas, etc.

2.2 - Fatores Determinantes da Evaporação da Superfície de Solos Nus

A evaporação da água do solo é, em princípio, governada pêlos mesmos fatores ou


elementos meteorológicos que influenciam a evaporação de uma superfície livre de água,
pois a evaporação do solo nada mais é que a evaporação da película de água que
envolve as partículas do solo e que ocupa os espaços existentes entre as partículas. A
diferença reside no fato de que a superfície apresenta uma oportunidade ilimitada de
evaporação pela disponibilidade de água, ao passo que no solo a água nem sempre está
francamente disponível para ser evaporada

2.3 - Fatores Determinantes da Evapotranspiração

A evapotranspiração vem a ser o fenômeno associado à perda conjunta de água do solo


pela evaporação e da planta pela transpiração. Pôr ser a água total perdida pelo sistema,
ela deve ser determinada com o maior cuidado possível, afim de ser reposta e manter

18
sempre o sistema de cultivo em condições de máximo relacionamento com o meio. Como
é sabido, a planta retém em torno de 1 a 2% de água que utiliza, portanto, quanto maior a
quantidade de água utilizada, melhor o desempenho da planta.

2.3.1 - Evapotranspiração Potencial (ETP)

Evapotranspiração potencial é a máxima quantidade de água que a planta pode e deve


utilizar. A condição de evapotranspiração potencial estabelece o nível ideal de
relacionamento entre planta, solo e atmosfera, para surtir na planta a produção máxima
possível.
A necessidade de manter a planta dentro das condições de evapotranspirar
potencialmente requer o conhecimento da mesma, e pôr intermédio da reposição
sistemática consegue-se o intento pretendido.
Em condições de ótima disponibilidade de água no solo, a ETP seria apenas uma função
das condições meteorológicas, tais como a evaporação da superfície de água e do tipo de
vegetação. O controle exercido pela vegetação seria através de sua estrutura, afetando o
albedo, a rugosidade aerodinâmica, a cobertura do solo, bem como o sistema radicular.
A variação do albedo acarreta uma variação do balanço de energia da superfície
evaporante e, consequentemente, variação da perda de água pelas plantas para
atmosfera.
Conforme dados de CHANG (1968), as principais culturas agrícolas têm um albedo
máximo aproximadamente de 0,25.
PENMAN, citado pôr CHANG (1968), argumenta que quando o cobertura do solo é
completa, a evapotranspiração potencial é determinada principalmente pelos elementos
meteorológicos e não é afetada pela espécie de planta.

2.3.2. Evapotranspiração Real

A evapotranspiração real ou efetiva é a perda de água para a atmosfera pôr evaporação e


transpiração dos cultivos, nas condições reais existentes no solo, na atmosfera e de
umidade do solo (GANGOPADHAYA et al. 1968). É a evapotranspiração que ocorre no
campo (BERLATO & MOLION, 1981).
A evapotranspiração real pode ser igual ou menor que a evapotranspiração potencial.
Vários métodos e teorias foram estabelecidas para relacionar a disponibilidade de água
no solo e a razão ETR/ETP.
Sabe-se, hoje, que a relação entre a taxa de evapotranspiração e a tensão de umidade do
solo depende de outros fatores, como a textura do solo, condutibilidade hidráulica do solo,

19
profundidade e desenvolvimento do sistema radicular, densidade da vegetação e
condições atmosféricas. Provavelmente, o fator que exerce maior peso é a demanda
evaporativa da atmosfera.

3.0 - MEDIÇÃO E MÉTODOS ESTIMATIVOS DA EVAPORAÇÃO E


EVAPOTRANSPIRAÇÃO

As medições diretas ou métodos estimativos para se determinar a evaporação e a


evapotranspiração potencial ou de referência podem agrupar-se em cinco categorias:
1. Medida direta com lisímetro ou evaporímetros;
2. Fórmulas empíricas que usam um ou mais elementos climáticos comuns;
3. Método aerodinâmico;
4. Método de balanço de energia;
Tanto as fórmulas empíricas como o balanço de energia não incluem elementos
suficientes para avaliar a influência de energia advectiva. Precisam ser modificados
quando são usados em climas áridos.

3.1 - Medições Diretas da Evaporação

A medição da evaporação é realizada através de duas classes de instrumentos


denominados de Atmômetros e Evaporômetros.
O termo Atmômetros é utilizado para designar qualquer instrumento que apresente uma
superfície porosa ao nível da qual se processa a evaporação.
Os principais tipos de atmômetros utilizados são o evaporímetro de Piche (o mais
utilizado), o atmômetro de Livingstone e o atmômetro de Bellani.
O evaporímetro de Piche é um tubo de vidro normalmente de 22,5cm de comprimento
com uma extremidade fechada. Tem o diâmetro interno de 11mm e o externo de 14mm. O
tubo é graduado em mm3 e a altura da água evaporada é lida diretamente. Na
extremidade aberta do tubo é ajustado um disco de papel poroso com 3,2cm de diâmetro,
dando uma superfície evaporante total de 13cm2. A leitura é feita uma vez por dia e, a
evaporação para um período de 24 horas, é dada pela diferença entre duas leituras
consecutivas.
Ev = Lf - Li, onde Ev é a evaporação ocorrida no período, Li é a evaporação no tempo
inicial e Lf é a evaporação no tempo final do período. Esse instrumento é instalado dentro
do abrigo meteorológico.
Os evaporômetros, por sua vez, são reservatórios ou tanques, geralmente de seção
circular, onde a superfície da água encontra-se livremente exposta a evaporação. Entre os

20
evaporômetros, o mais importante é o tanque de evaporação tipo "Classe A" que consiste
em um recipiente circular de 121cm de diâmetro interno e 25,4cm de altura, construído de
chapa de ferro galvanizado. Ele é montado sobre um estrado de madeira de modo que o
fundo do tanque fique em torno de 5 a 10cm de distância acima do solo. O tanque é cheio
de água até uma distância de 5cm de sua borda superior. Para efeito de padronização,
deve-se recompensar o volume do tanque sempre que tenha se observado uma
evaporação acumulada em torno de 22,9cm de água, ou seja, quando o volume de água
for de aproximadamente 2,5cm de profundidade deste recipiente e, sempre retirar água
quando, após o nível do mesmo for superior aos 5cm de sua borda superior. A leitura
também é feita uma vez ao dia e, a evaporação para um período de 24 horas, é dada
pela diferença entre duas leituras consecutivas, com suas devidas correções.

Ev = P + (Li - Lf), onde P é a precipitação medida no pluviômetro. A unidade de leitura é


o milímetro (mm).

3.2 - Medições diretas da Evapotranspiração Potencial (ETP) ou de Referência (Eto)

A evapotranspiração é definida como sendo a evaporação da água do solo mais a


transpiração dos cultivos no campo. Os instrumentos para sua medição são os lisímetros
de balança e os evapotranspirômetro de drenagem e de lençol freático constante. Esses
instrumentos são tanques enterrados e cheios de solo e plantas, com dispositivos para
medir a água nele existente.
Os lisímetros de balança são tanques cheios de solo, vegetado, suportados por um
mecanismo de balança que permite a verificação de peso em qualquer intervalo de
tempo.
No lisímetro de balança e evapotranspiração é dada por:
ET = ∂ m/∂ t + P + I - D, onde ET é a evapotranspiração, ∂ m/∂ t é a variação do peso do
lisímetro no tempo t, P é a precipitação, I é a irrigação e D é a drenagem.
Esses lisímetros permitem a medição da evapotranspiração real para intervalo de tempo
de até 10 minutos mais ou menos e apresentam grande precisão.
A possibilidade de se obterem, com esse instrumento, medidas precisas para curtos
intervalos de tempo permite realizar estudos detalhados como a variação diária da
evapotranspiração, relação entre evapotranspiração e umidade do solo, etc.
O lisímetro é, portanto, o instrumento mais exato para a determinação direta da
evapotranspiração. Entretanto, devido ao custo de instalação e cuidados de operação,
esses instrumentos são indicados apenas para pesquisa e como padrão para calibração
de outros métodos de estimativa da evapotranspiração.
21
Os evapotranspirômetros tipo THORNTHAWAITE - MATHER, são tanques cheios de solo
vegetado. São, geralmente, utilizados para medir a evapotranspiração potencial (ETP), ou
seja, nesses tanques, a umidade do solo é mantida à capacidade de campo (= 0,3bar)
através de irrigação - evapotranspirômetro de drenagem - ou com a manutenção do
lençol freático constante - evapotranspirômetro de lençol freático constante -. No
evapotrans- pirômetro de drenagem um bom sistema de drenagem no fundo do tanque
permite que a água que excede a capacidade de retenção do solo percole e seja
conduzida a um poço onde é medida. A evapotranspiração é determinada por:
ETP = P + I - D, onde ETP é a evapotranspiração potencial, P é precipitação, I é a
irrigação e D é a drenagem ou percolação. Como nesses instrumentos a variação de
umidade do solo com o tempo é considerada zero, e tendo em vista que a drenagem do
solo é um processo lento, os evapotranspirômetros de drenagem só são suficientemente
precisos para períodos de tempo razoavelmente longo, como, possivelmente, um mês. No
evapotranspirômetro de lençol freático constante a ETP é determinada através de uma
escala mantida no tanque abastecedor.

3.3 - Métodos para Determinação da ETP

Muitas vezes nos é impossível ter o conhecimento da perda real em água de uma
superfície vegetada, seja por não possuir o equipamento, seja por falta de condições para
sua manipulação, ou por qualquer outra condição adversa em termos práticos diários.
Dessa maneira, a nossa opção resume-se na escolha de um método de estimativa de
perda d'água da superfície vegetada em parâmetros meteorológicos medidos em local a
parte da cultura. Esse local pode ser desde um posto agrometeorológico completo, até um
posto termo-pluvio-evaporímetro.
Os métodos de estimativa de evapotranspiração potencial ou de referência são muitos,
mas, os mais disseminados e utilizados são três, sendo o critério referencial baseado no
modelo aero-energético de PENMAN, o critério de extrapolação a partir do tanque
"Classe A" e o modelo de THORNTHWAITE, baseado unicamente em índices térmicos
obtidos a partir de termômetros.

3.3.1 - Método Combinado de PENMAN

O método que combina o balanço de energia com a aproximação aerodinâmica foi


desenvolvido por PENMAN, equação publicada pela primeira vez em 1948 (PENMAN,
1956). Esse método desde aquela época, tem sido modificado pelo próprio PENMAN e
por diversos outros pesquisadores. Uma das principais vantagens do método foi a

22
eliminação da necessidade de medidas de superfície, não disponíveis em estações
meteorológicas comuns e, também, difíceis de serem obtidos com a exatidão requerida.

Evapotranspiração Potencial (ETP)

ETP = {[( ∆ / ϒ) Rn + Ea] / ( ∆ / ϒ + 1)} . (1/59) (mm/dia)


(01)

onde ETP é a evapotranspiração potencial em mm/dia; ∆ é o coeficiente angular de


curva que relaciona a pressão de saturação de vapor e temperatura (mb/ºC), estimado
pela equação 02; ϒ é a constante psicrométrica = 0,49 mb/ºC, o termo ∆ / ϒ é
admensional; Rn é o saldo de radiação solar diário em Mj/m2, estimado conforme a
equação 04 do capítulo de Radiação Solar, considerando o albedo da superfície vegetada
= 0,25; Ea é a capacidade evaporativa diária de ar em col/cm 2 .dia, estimado pela
equação 04; 1/59 é o fator de transformação da energia em altura de água evaporada em
mm.

Coeficiente Angular ( ∆ )

∆ = (eso - esa) / (To - Ta) (mb/ºC) (02)

onde eso é a pressão de saturação do vapor à temperatura da superfície (mb/ºC); esa é a


pressão de saturação de vapor à temperatura de ar (mb/ºC); To é a temperatura da
superfície evaporante e Ta é a temperatura de ar, es é a tensão de saturação de vapor
d'água que é dada pela equação 03 (TETENS, 1930).

Tensão de Saturação (es)

es = 6,1078 * 10 7,5 * Ta // 237,3 + Ta (mb) (03)

1 mb = 0,1 KPa

Capacidade evaporativa do Ar (Ea)

Ea = 20,65 ( es – e ) ( k + V2 / 160 ) (cal/cm2.dia ) (04)

onde k é um fator de rugosidade da superfície considerada, para vegetação = 1 e para a


água = 0,5; V é o vento a 2m de altura dado em km/dia.
23
3.4 - Método de PENMAN modificado por DOORENBOS & PRUITT (1977)

O boletim da FAO, número 24, (FAO) de DOORENBOS & PRUITT (1977), apresenta uma
equação modificada de PENMAN para estimativa da Evapotranspiração de referência
(ETo). Essa equação modificada é conhecida hoje como PENMAN-FAO. As principais
modificações envolveram a função devido ao vento mais sensível do que a utilizada
originalmente por PENMAN, em 1956, e um fator de ajustamento c que é baseado nas
condições locais de clima e a hipótese de que G=0 (fluxo de calor no solo) para períodos
superiores a 24 horas.

 ∆ γ 
ETo = c  ( Rn − G ) + 2 ,7 W f ( es − e )  (05)
∆ +γ ∆ +γ 

onde,

W f = ( 1 + 0 ,864U2 ) (06)

O déficit de pressão de vapor d’água é calculado pôr dois métodos. Equação 07, quando
a temperatura do ponto de orvalho é disponível e caso contrário a equação 08.

( es − e ) = es ( Tmed ) − es ( Torv ) (07)

( es − e ) = es ( Tmed )( 1 − UR / 100 ) (08)

Nas equações 05 a 08, ETo é em mm/dia, U2 é em m/s , e e es é em KPa. Os


valores para o fator de ajustamento c são apresentados em forma de tabela (FAO-24).
FREVERT et al, desenvolveram, entretanto, em 1983, uma equação polinomial para c
para fins de uso em soluções computacionais da equação de PENMAN-FAO. Os
coeficientes apresentados por FREVERT et al., para o fator de ajustamento c, tem sido
arredondado e, um termo eliminado, por ALLEN e PRUITT, em 1991, de forma que os
valores finais estão dentro de 0,01 do valor da regressão original de FREVERT et al. O
novo fator de ajustamento c, equação 09 para a equação 05 proporciona valores de
ajustes, que desviam menos daqueles valores de c obtidos pela equação original de
FREVERT et al., especialmente para valores típicos de URmax entre 60 a 90 %.

c = 0.68 + 0.0028 URmax + 0.018 Rs - 0.068 Ud + 0.013 Ud /Un + 0.0097 Ud (Ud /Un)
24
+ 0.430 x 10-4 URmax Rs Ud /Un (09)

onde URmax é a umidade relativa máxima diária em %, Rs é o saldo de radiação global


com céu limpo, em mm/d, Ud é a velocidade do vento do período diurno - 07:00 às 19:00 -
em m/s e Un é a velocidade do vento do período noturno - 19:00 às 07:00 - em m/s.
A equação de PENMAN-FAO, conforme ela é apresentada, e quando é utilizado o fator c
de ajustamento, calculado de acordo com a equação 09, o método de PENMAN-FAO é
conhecido como PENMAN-FAO corrigido. Quando o valor de c é posto igual a 1,0, o
método é chamado apenas de método PENMAN-FAO.
A equação de PENMAN-FAO, portanto, inclui o fator de correção ou ajustamento c, que
de alguma forma requer medições de dados meteorológicos adicionais e fatores relativos
à equação original de PENMAN. Esse fator sinaliza que a aplicação dessa equação
tornou-se um tanto quanto mais trabalhosa para aplicações de rotina, a não ser que a
equação seja resolvida por meio computacional.
Persiste ainda, segundo pesquisas realizadas em várias regiões do globo , uma dúvida
quanto ao emprego dessa equação, uma vez que tem sido observado, com muita
freqüência, uma superestimativa da ETo, tendo a grama como referência, sob uma ampla
gama de condições climáticas. Essa tendência é observada por PRUITT e SWAN em suas
pesquisas de 1986, baseadas em comparações feitas em medições lisimétricas de
precisão em Davis, Califórnia, e medições micrometeorológicas de ETo na Austrália.
No manual número 70 da ASCE, conforme ALLEN e colaboradores, essa tendência de
superestimação é também observada para a ETo, até mesmo com a utilização do fator de
ajustamento c no método de PENMAN-FAO. Tal superestimativa, de acordo com esse
autores, chega próximo de 35% durante os meses de maior demanda evaporimétrica, em
Davis, Califórnia, e por uma média de 12% em valores sazonais. Em outras regiões, como
na Austrália, de clima classificado como árido e semi-árido, a superestimativa atingiu 8%.
Além disso, nas regiões consideradas úmidas e sub-úmidas o erro observado atingiu 35%
para ambos os casos, durante os meses de maior demanda e também em termos médios
sazonais.
Portanto, é notório que existe uma tendência de superestimativa da ETo, pelo método de
PENMAN-FAO, tendo a grama como referência. Além desse problema, existe a
complexidade na utilização do fator de ajustamento c par estimativa da ETo. É fato
também que essa equação é utilizada por um grande número de pesquisadores de todo o
mundo e tem sido utilizado por muitos como padrão internacional, especialmente no
Brasil.

3.5. Método de THORNTHWAITE (1948)


25
THORNTWAITE (1954) definia a evapotranspiração potencial como sendo a quantidade
ideal de precipitação. Disse que quando a precipitação é exatamente igual a
evapotranspiração potencial, a água disponível à planta é justamente o necessário, não
havendo portanto, um défice, nem excesso de água, o clima não é seco nem úmido.
Desenvolvido a partir das observações de precipitações e escoamento superficial de
vários locais hidrográficos dos USA, sua fórmula, equação 10, foi obtida para se
determinar a evapotranspiração potencial em função de temperatura local.

Evapotranspiração Potencial (ETP)

ETP = 1,6. [10 . (Ta/I)]ª. (10)

onde Ta é a temperatura de ar médio mensal (ºC); I é um índice anual de calor, igual a


soma de (12) doze índices i mensal dado pela equação 11; a é uma função cúbica de I
dada pela equação (18).

i = (Ta/5)1.514 (11)

a = 6,7 . 10 -9 . I3 - 771 . 10 -7 . I 2 + 179 . 10 -4 . I + 0,492 (12)

I = ∑ i (janeiro a dezembro) (13)

3.6 Método de Tanque "Classe A"

Esta metodologia permite estimar a evapotranspiração potencial, equação 14, a partir das
leituras ou observações diárias deste instrumento.

ETP = Et . Kp (14)

onde Et é a evaporação medida no tanque "Classe A"; Kp é um coeficiente de conversão


de tanque que é dado pela equação 15 ou pela equação 16.

Kp = Leitura feita no Evapotranspirômetro (ETP) / Leitura feita no Tanque


"Classe A" (Et)

Kp = 0,4751393 - 0,23508 . 10 -3 V + 0,0051625 . UR + 0,0011755 . WS - 0,16295 . 10-4 .


UR2 - 0,10110 . 10-5 . WS2 - 0,84216. 10-8. V. UR2- 0,90742. 10-8. WS. UR 2 (16)

26
onde V é a velocidade do vento a 2m de altura; UR é a umidade relativa; WS é a distância
em metros do tanque ao extremo da cobertura vegetal que circunda o mesmo.

4.0. COMENTÁRIOS SOBRE OS MÉTODOS DE PENMAN E DE


THORNTHWAITE

4.1. Método de PENMAN

Algum tempo após a derivação de sua fórmula, PENMAN (1956) declarava, com
sinceridade, textualmente: "A expressão para Ea é demasiadamente simples para ser
verdadeira para todas as condições, mas ela é adequada para muitas". De lá para cá seu
método tem sido o mais usado, especialmente em trabalhos de pesquisa, quer na sua
forma original, quer nas inúmeras variantes com ligeiras modificações introduzidas por
muitos pesquisadores.
Conforme afirma CHANG (1968), as evidências experimentais suportam a assertiva de
que a equação de PENAM é a melhor. Dados analisados mais tarde pôr JENSEN (1973)
continuam evidenciando a superioridade do método de PENMAN.
Alguns autores afirmam que o método de PENMAN não parece dar bons resultados para
estimativas diárias, sendo recomendado para períodos de 5 ou mais dias. Entretanto
TANNER & PELTON (1960), em exaustiva análise de comparação do método de
PENMAN com o método do balanço de energia detalhado, concluíram que a aproximação
de PENMAN é válida para estimar a evapotranspiração potencial para períodos curtos,
como um dia.
Outro fator que, como no balanço de energia, em determinadas condições, causa erro no
método de PENMAN é a energia advectiva não computada. Esse erro, pode, entretanto,
ser minimizado na prática se forem tomadas precauções referentes às condições da
conceituação de evapotranspiração potencial (superfícies grandes e uniformes,
especialmente).
O termo Ea, conforme observa o próprio PENMAN (1956), não é um termo crítico em sua
equação. Um grande erro na estimativa de Ea resulta em pequeno erro na
evapotranspiração (ETP). Esta é, possivelmente, a causa principal de que estimativas
indiretas de es, como a feita pelo evaporímetro de Piche, estejam dando resultados
satisfatórios.

27
4.2. A Fórmula de THORNTHWAITE

A fórmula de THORNTHWAITE foi derivada em uma região de clima temperado


continental, centro e leste dos Estados Unidos, e, nessas condições, apresentou
resultados satisfatórios. Em outras partes do globo, entretanto, a fórmula não teve
sucesso. Mesmo assim, o método de THORNTWAITE ganhou popularidade mundial, mas
pelo fato de requerer somente dados de temperatura, que, juntamente com a
precipitação, são as informações meteorológicas mais disponíveis em todo o globo, do
que pôr sua precisão e universalidade. O método de THOURNTWAITE, não obstante, é,
ainda hoje, uma alternativa válida em muitas áreas onde existem dados de temperatura.

5.0 - DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DA CULTURA (Kc)

Denomina-se coeficiente de cultura (Kc) a relação entre a evapotranspiração real e a


evapotranspiração potencial, dada pela equação 16, observadas num período de tempo,
em relação a uma cultura qualquer, ou seja:

Kc = ETR / ETP (17)

ou seja:

ETR = Kc . ETP (18)

O valor de Kc é condicionado principalmente pelo umidade do solo e evapotranspiração


potencial que atuam conjuntamente. É sabido que a disponibilidade de água no solo
depende bastante do valor da demanda atmosférica (pôr questões de condutividade
hidráulica de solo e planta), representada pelo valor de ETP. Assim sendo, a água
livremente disponível para planta em um determinado solo dependerá não só do tipo de
solo e seu teor de umidade, como também da velocidade de solicitação ( ETP) desta
água. Para nossas condições climáticas onde ocorrem valores máximos de ETP em torno
de 5 a 6mm/dia, observa-se que no teor de umidade correspondente a tensão de água no
solo entre 0,06 e uma atmosfera (que é variável para cada tipo de solo), o valor de Kc é
muito pouco dependente do tipo de solo e do seu teor de umidade, variando apenas em
função das características da planta.
O valor de Kc varia ao longo do ciclo de uma cultura, tornando-se para a mesma cultura,
mais ou menos constante em determinados estágios de desenvolvimento (desde que a

28
tensão da água no solo esteja próxima a uma atmosfera). O coeficiente Kc é definido
então em quatro estágios principais assim caracterizados:
Estágio I: Desde a semeadura até o início da emergência das plantas.
Estágio II: Desde a emergência das plantas até 80% do se desenvolvimento total.
Estágio III: Desde 80% de desenvolvimento até a maturação.
Estágio IV: Desde a maturação até colheita.
Cumpre notar que no estágio I, ocorre principalmente evaporação de solo nu, e nos
estágios seguintes a proporção entre evaporação e transpiração é determinada
principalmente pela densidade de cobertura.
Existe uma variação de Kc de cultura para cultura em função da densidade de cobertura,
do poste, de determinadas características aerodinâmicas da superfície, e biológicas da
planta.
5.1. Evapotranspiração Real

A evapotranspiração real é a perda de água que uma cultura sofre em um instante


qualquer. Se pôr ventura a cultura estiver em condições preconizadas pela
evapotranspiração potencial, a evapotranspiração real é a própria potencial.
A evapotranspiração real, ao contrário da potencial, é extremamente variável, sendo
dependente de inumeráveis situações.
Fisiologicamente a planta possui alguns artifícios de alterar sua evapotranspiração real, a
fim de poupar água em condições desfavoráveis. Quando o potencial matricial da água do
solo é bastante elevada, ou déficit de saturação do vapor d'água na atmosfera também o
é, o recurso adotado é diminuir a atividade dos estômatos, reduzindo pôr sua vez a
intensidade da fotossíntese.
Pôr outro lado, mesmo no caso de estar o solo com o potencial matricial próximo a 0,06
atmosferas, a intensa incidência da radiação solar faz com que a planta, a fim de evitar a
quebra de condutibilidade hidráulica, altere a posição dos cloroplastos, diminuindo com
isso a intensidade de fotossíntese.
É visto, que a perda d'água de uma cultura em condições naturais é um fenômeno
complexo, e dessa maneira, toda estimativa e mesmo medida de evapotranspiração real,
devem ser efetuadas com o máximo cuidado e com tantas repetições quanto possíveis.
A demanda de água da cultura deve ser atendida pela água do solo, através do sistema
radicular. A taxa real de absorção de água do solo pela cultura em relação a sua
evapotranspiração potencial (ETP) é determinada quer pelo fato de que a água disponível
no solo seja suficiente, ou que a cultura venha a sofrer estresse resultante de déficit
hídrico.

29
Para se determinar a evapotranspiração real (ETR) deve-se considerar o nível de água
disponível no solo. A evapotranspiração real (ETR) será igual a evapotranspiração
potencial (ETP) quando a água disponível no solo para a cultura for suficiente, ou seja,
ETR = ETP. A magnitude da ETR pode ser quantificada para períodos entre irrigações ou
chuvas intensas e para períodos mensais.
O conhecimento da evapotranspiração real é de grande valia, pois com ela é possível
estabalecer a relação evapotranspiração real e potencial, e assim estabelecermos um
coeficientes importante para a planta, o qual chamaremos de coeficiente da cultura (Kc).
Quando mais próximo da unidade for esse coeficiente tanto mais próximo das condições
ideais de crescimento e desenvolvimento se encontra a planta.
Dessa maneira tem-se uma idéia da importância que representa saber-se qual o valor
desse índice.

5.2. Métodos de Obtenção da Evapotranspiração Real (ETR)

A evapotranspiração real pode ser obtida diretamente pôr intermédio de lisímetros ou


indiretamente pôr intermédio de métodos como o gravimétrico, balanço de energia,
modelo aerodinâmico proposto pôr THORNTHWAITE & HOLZMAN.

5.2.1. Modelo aerodinâmico proposto pôr THORNTHWAITE & HOLZMAN

ETR = 0,16 . 10 -6 [(V2 - V1) (e1 - e2)] / (ln . z2/z1) 2 (19)

onde ETR é a evapotranspiração real em g/cm2. S; V1 e V2 são as velocidades do vento


nos níveis z1 e z2 em cm/s; z1 e z2 são as alturas dos níveis considerados em cm; e 1 e e2
são as tensões de vapor nos níveis z1 e z2.

30
6.0 - BIBLIOGRAFIA

BERLATO, A.& MOLION, L. C. B. 1981.Evaporação e Evapotranspiração -


Instituto de Pesquisa Agronômicas - IPAGRO. Boletim Técnico. 07; 03-95
Porto Alegre-RS.
CHANG, Jen-Hu. 1968. Climate and agriculture; an ecological survey, Chicago,
Aldine. 304p.
GANGOPADHYAYA, M; HARBECK, G. B.; NORDENSON, T.J.; OMAR, M.
H.; ORYVAEV, V. A. 1968 Measurement and Estimation of Evaporation.
Geneva, WMO. (Tecnical Note, 83).
GLOVER, J., Mc CULLOCH, L. S. G. 1968. The empirical relation betwen
solar radiation and hours of sunshine. Q. J. R. Meteor. Soc., V. 84,
p. 172-175.
HUSCHKE, R. E. 1970. Glossary of Meteorology. Boston, American Meteoro-
logical Society. 638p.
JENSEN, M. E. ed. 1973. Consunptive use of water and irrigation water reque-
riments. New York, American Society of Civil Enginees 215p.
PENMAN, H. L.; SCHOFIELD, apud PENMAN, H. L. 1956. Evaporation: An
introductory survey. Chicago, Aldine.
TANNER, C. B. & PELTON, W. L. 1960. Potential evapotranspiration estima-
tes by the approximente energy balance method of Penman. Journol of
Geophysical Research . Washington, D. C. 65: 3391-413

31
UMIDADE RELATIVA DO AR

32
1.0 - INTRODUÇÃO

Como um dos constituintes do ar atmosférico, o vapor d’água tem como característica, ser
variável em quantidade, de acordo com disponibilidade de água no local e energia do
meio. Apesar de ser um elemento variável em tempo e espaço é extremamente
importante, tanto no aspecto físico associado as suas características moleculares, como
no aspecto fisiológico, decorrente de sua dependência pelos seres vivos.
Como o vapor d’água é oriundo da superfície do solo, e sua concentração máxima é
próxima a ele e diminui a medida que se afasta da superfície. Também, as suas
interações físicas e fisiológicas com o meio, incluindo vegetais e animais determinam que
o vapor d’água seja considerado um elemento muito importante no estudo
bioclimatológico.
Falaremos aqui somente sobre as interações fisiológicas:
Com uma concentração praticamente nula nas regiões desérticas e nos extremos polares,
até 4% em volume, nas regiões tropicais quentes e úmidas, o vapor d’água é um do mais
importantes constituintes atmosféricos. Exerce papel de destaque no balanço de energia
próximo a superfície do solo. Além disso, sua presença é absolutamente indispensável
para toda espécie de vida na terra. É elemento decisivo no ciclo hidrológico, quer
transferindo água da superfície para a atmosfera, quer retornando, sob a forma líquida,
como chuva. Com isso, desempenha o papel de um agente termorregulador, impedindo
que a camada de ar junto ao solo se resfrie em demasia durante a noite. Ademais, ao
passar da fase líquida para a gasosa, absorve calor do ar circunvizinho, resfriado-o, e, ao
retornar da fase gasosa para a líquida, libera o calor latente acumulado; desta feita, estará
aquecendo a atmosfera. Possuindo máximas concentrações nas regiões tropicais e
equatoriais úmidas e mínimas nas latitudes elevadas e polares, acaba por estabelecer um
fluxo de vapor d’água das baixas para as altas latitudes e, ao condensar e precipitar,
aquece aquelas regiões. Com isso, o vapor d’água passa a desempenhar um papel
relevante no transporte do superávit de calor tropical em direção aos pólos. Quando o ar é
forçado a subir para as camadas superiores da atmosfera, o que é mais intenso nas
regiões tropicais e equatoriais, o vapor d’água, ao condensar, desempenha duplo papel:

33
forma pesadas nuvens e transfere calor para a atmosfera superior, alimentando, assim,
não apenas chuvaradas intensas, mas também alguns dos mais temíveis fenômenos
atmosféricos - os tufões e os furacões. O vapor d’água é a maior fonte de energia latente
da atmosfera tropical.

2.0 - QUANTIFICAÇÃO DA UMIDADE ATMOSFÉRICA

Em Meteorologia, o termo Umidade Atmosférica se refere à presença de vapor d’água na


atmosfera e não à presença de água nas formas líquida e sólida. A quantificação do vapor
d’água contido na atmosfera não pode ser feita mediante sua extração e pesagem, pois
isso é impraticável. É necessário, contudo, dispor de métodos rápidos e eficientes, que
informem com boa precisão a distribuição vertical e horizontal do vapor d’água na
atmosfera. Para tanto, existem inúmeros parâmetros que podem ser usados para
expressar quantitativamente o vapor d’água na atmosfera.
2.1 - Umidade Absoluta ( ρ v )

A Umidade Absoluta do ar é simplesmente a massa específica ( ou densidade absoluta)


do vapor d’água na atmosfera, isto é, massa de vapor d’água contida na unidade de
volume de ar.
Expressando-se “e” em mb e T em Kelvin, a Umidade Absoluta poderá ser calculada em
g/m3, por:
e
ρ v = 216,68
T

2.2 - Umidade Específica (q)

A Umidade Específica é definida como a massa de vapor d’água contida na unidade de


massa de ar ( ar seco + vapor d’água ). Usando-se “q” para simbolizar a Umidade
Específica, pode-se expressá-la matematicamente por:

0,622 e
q=
P − 0,378e

Note-se que a Umidade Específica é admensional, podendo ser expressa em g/g, kg/kg...

2.3- Razão de Mistura ( r )

34
É definida como a massa de vapor d’água contida na mistura em uma unidade de
massa do ar seco, expressa em g/g ou kg/kg. Difere da Umidade Específica apenas
porque está relacionada com o ar seco e não com o ar úmido (ar seco + vapor d’água ).
Pode-se expressá-la como:

e
r = 0,622
P
2.4 - Umidade Relativa ( UR )

Por um acordo internacional, a Umidade Relativa é definida como a relação entre a Razão
de Mistura observada e aquela que prevaleceria em condições saturadas, à mesma
temperatura. Expressa em percentagem (%), é dada por:

r
UR = x 100
rs
e
UR = x 100
es
ρv
UR = x100
ρ vs
q
UR = x100
qs

Imagine-se a presença de água em um recipiente, em instantes diferentes mas a mesma


temperatura. No instante inicial a água acaba de ser colocada no recipiente, e, portanto,
ainda não existe vapor d’água acima da superfície líquida. Assim um manômetro
corretamente instalado indicar á pressão nula. Ao iniciar o processo de evaporação, o
ponteiro do manômetro começa a se deslocar, indicando uma elevação na pressão do
ambiente. A temperatura é mantida constante. Em um instante posterior o ponteiro se
estabiliza, significando que o processo de evaporação interrompeu-se; verifica-se que o
nível da água baixou no cecipiente, indicando que parte da água líquida transformou-se
em vapor até ocorrer a saturação do ambiente. A pressão registrada é devida,
exclusivamente, ao vapor d’água, e é denominada pressão de saturação ( es ) do vapor
d’água. Seu valor varia com a temperatura em que ocorre o processo, uma vez que ao se
elevar a temperatura verificar-se-á que o ponteiro do manômetro continua a subir, até que
se estabilize novamente, indicando um novo valor da pressão de saturação. Plotando-se
em um gráfico os valores de pressão de saturação do vapor d’água versus temperatura,
ter-se-á uma curva denominada CURVA DE SATURAÇÃO.

35
Existem, na literatura, várias expressões para o cálculo da pressão de saturação, obtidas
por integrações diretas a partir da equação de Clausius-Clapeyron.
Expressões mais elaboradas, proposta por Goff - Gratch, foram adotadas pela OMM
como padrão para o cálculo de es . Tais expressões, entretanto, são bastante extensas, o
que dificulta sua utilização em cálculos rápidos. Dentre as diversas expressões
apresentadas na literatura para o cálculo de es , aquelas propostas por Tetens mostram
ótimos resultados quando comparadas com as fórmulas de Goff - Gratch, podendo ser,
portanto, utilizadas na grande maioria das aplicações meteorológicas.
o
Usando temperatura em C e pressão em mmHg, as equações de Tetens podem ser
expressas como:

 7 ,5 t 
 
 237 , 3+ t 
es = 6,1068x10

para t > 0oC

 9 ,5 t 
 
es = 6,1077 x10 265,5+ t 

para t < 0oC.

2.5 - Pressão Real de Vapor D’água ( e )

Como mencionado anteriormente, a quantidade de vapor d’água presente na atmosfera é


variável, podendo o ar estar ou não sob condições de saturação Caso esteja saturado, a
pressão real de vapor d’água, isto é a pressão parcial exercida pelo vapor d’água na
atmosfera, corresponderá à pressão de saturação es, que, como já se descutio, é uma
função apenas da temperatura do ar. Caso o ar não esteja saturado, a pressão real do
vapor d’água será menor que aquela que prevaleceria em condições saturadas, à mesma
temperatura.
Pode-se determinar a Pressão Real de Vapor por meio da seguinte equação

e = esu - A.P. (t - tu)

em que esu é a pressão de saturação de vapor d’água (mmHg) à temperatura do bulbo


úmido A é a constante psicrométrica (oC), cujos valores são 6,7x10-4 oC, para psicrômetro
aspirados e 8,0x10-4 oC, para psicrômetro sem aspiração P é a pressão atmosférica local
instantânea (mmHg) (t - tu) a depressão psicrométrica, em oC. Assim, a pressão real de
vapor é dada em mmHg.
36
2.6 - Temperatura do Ponto de Orvalho

A Temperatura do Ponto de Orvalho é definida como “ a temperatura na qual a


saturação ocorreria se o ar fosse resfriado à pressão constante e sem adição ou
remoção de vapor d’água Em outras palavras, é a temperatura na qual a quantidade de
vapor d’água atualmente presente na atmosfera estaria em sua máxima concentração.
Assim, a temperatura do ponto de orvalho poderá ser estimada por meio da seguinte
equação, fazendo e=es , ou seja:

186,4905 − 237 ,3 log 10 e


Td =
log 10 e − 8,2859

sendo e a pressão real de vapor, em mb, e Td a temperatura do ponto de orvalho,


em oC.
Em condições normais, a temperatura do ponto de orvalho, Td, é uma temperatura crítica
entre o estado de vapor e a condensação d’água na atmosfera, ou seja, acima de Td a
água mantém-se na forma de vapor e abaixo de Td passa, gradativamente, à fase líquida
Naturalmente, existem fatores externos que interferem no processo, como, por exemplo, a
presença ou ausença de núcleos de condensação na atmosfera.

37
NUVENS

38
NUVENS

1.0 – CONCEITO

Uma nuvem é um conjunto visível de minúsculas partículas de água ou gelo; ou dos dois,
em suspensão na atmosfera. A aparência de uma nuvem depende da natureza, das
dimensões e da concentração das partículas que a compõem; ela depende igualmente da
luz recebida, bem como das posições relativas ao observador e do astro iluminante em
relação à nuvem.
Existem numerosos métodos para medir o raio e a concentração das gotículas das
nuvens.
As gotículas das nuvens formam-se quando atingem o estágio de equilíbrio à medida que
a umidade relativa varia. Esta hipótese é aceitável quando a velocidade das correntes
ascendentes que dão nascimento às nuvens é fraca; ela é menor quando esta velocidade
é elevada. A formação das gotículas de nuvens começa quando a umidade relativa do ar
atinge o seu valor máximo paras os grandes núcleos. Se, nesse momento a queda de
temperatura é lenta, somente os grandes núcleos agem como centro de condensação; se,
ao contrário, a queda de temperatura é rápida, fracas super saturações se produzem
permitindo aos núcleos pequenos entrar em ação. De maneira geral, pode-se dizer que a
estrutura de uma nuvem depende da velocidade das correntes ascendentes, que lhe dão
nascimento bem assim como da concentração e dos raios dos núcleos de condensação.

1.1 - Classificação e descrição das nuvens

As nuvens podem apresentar-se ao observador sob uma infinidade de formas. Como não
é possível descrever um número infinito de formas, é necessário limitar-se às formas

39
características freqüentemente observadas. A descrição dessas formas características
varia segundo as condições de observação.
As formas de nuvens mais típicas foram destinguidas em 10 gêneros; cada um desses
gêneros está subdividido em espécies, segundo a forma das nuvens e sua estrutura
interna.

1.1.1 - Cumulos (Cu)

Nuvens separadas, geralmente densas e de contornos nítidos, desenvolvendo-se


verticalmente em forma de torres, cuja parte superior, muito expandida, têm a forma de
couve flor. As partes dessas nuvens iluminadas pelo sol são de um branco deslumbrante.
O cumulus é composto de diminutas gotículas.
1.1.2- Cumulunimbus (Cb)

Nuvem densa, geralmente possante, de grande extensão vertical, em forma de bigorna ou


de enormes torres.
São compostos de gotículas de água e, sobretudo, na parte superior, existem cristais de
gelo. Elas produzem, geralmente, aguaceiros de chuva ou de neve, outras vezes, saraiva
ou granizo, contendo, portanto, elementos de precipitação sólida ou líquida.

1.1.3 - Stratus (St)

Camada geralmente cinzenta, com base muito uniforme, é geralmente composto de


gotículas de água. Esta nuvem contém excepcionalmente partículas de gelo.

1.1.4- Stratocumulus (Sc)

O Stratocumulus é fisicamente análogo ao altocumulus: o único critério que permite


destinguir os dois gêneros de nuvens é a altura em que se formam, de onde resulta a
largura aparente diferentes de seus elementos e também algumas leves diferenças de
aspecto.

1.1.5 - Nimbostratus (Ns)

Camada cinza, sombria, cujo aspecto torna-se delicado pelas quedas mais ou menos
contínuas de chuva ou neve, que atingem o solo na maioria das vezes; esta camada é
suficientemente espessa para mascarar o sol, de maneira total. Existe freqüentemente,

40
abaixo da base da camada, nuvens baixas, esfarrapadas, soldadas ou não com elas. O
nimbostratus, como o altostratus, é uma nuvem cuja extensão e espessura são
geralmente muito grandes. Ela é composta de gotículas de água, superfundidas ou não, e
de grandes elementos de precipitação, sólidos ou líquidos.

1.1.6- Altostratus (As)

Camada cinza ou azulada, de aspecto estriado, fibroso ou uniforme, cobrindo total ou


parcialmente o céu; apresenta partes suficientemente finas para permitir ver o sol, que
aparece de maneira mais ou menos vaga; o altostratus é, geralmente, uma nuvem cuja
extensão e espessura são muito grandes. Num altostratus típico são distiguidos: uma
parte superior, composta quase unicamente de cristais de gelo; uma parte média, formada
de uma mistura de cristais e de gotículas de água super fundidas, uma parte inferior
constituída na maior parte por gotículas de água super fundidas ou não.

1.1.7- Altocumulus (Ac)

Camada ou banco branco ou cinza, ou branco cinza, dando geralmente sombra própria,
habitualmente ondulado ou composto de lâminas, seixos, rolos, etc, soldados ou não,
parcialmente fibrosos ou difusos.
O altocumulus é, em geral, composto de finas gotículas, o que indica a nitidez de seus
contornos.

1.1.8- Cirrocumulus (Cc)

O cirrocumulus é uma camada fina ou banco branco, sem sombra própria, constituída
por pequeníssimos elementos em forma de grânulos, rugas, etc., soldados ou não, e
organizados com mais ou menos regularidade. É geralmente composto de pequenos
cristais de gelo muito dispersos.

1.1.9- Cirrostratus (Cs)

Véu transparente, esbranquiçado, de aspecto fibroso ou liso, cobrindo total ou


parcialmente o céu e provocando geralmente os fenômenos de halos. É composto de
pequenos cristais de gelo muito dispersos, o que o torna muito transparente.

1.1.10- Cirrus (Ci)

41
Nuvens separadas em forma de filamentos brancos e delicados, ou de bandas estreitas
ou placas, brancas, ou, na maior parte, brancas.

PRECIPITAÇAO

42
CAPÍTULO VI

PRECIPITAÇÃO

1.0 - CONCEITO

Entende-se por precipitação a água proveniente do vapor de água (umidade relativa do


ar) da atmosfera depositada na superfície terrestre de qualquer forma, como chuva,
granizo, orvalho, neblina, neve ou geada. A água que escoa nos rios ou que está
armazenada na superfície terrestre pode ser sempre considerada como um resíduo das
precipitações.

2.0 - FORMAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES

A atmosfera pode ser considerada como um vasto reservatório e um sistema de


transporte e distribuição do vapor de água. Todas as transformações aí realizadas o são a
custa do calor recebido do sol.
A umidade atmosférica ou umidade relativa do ar é o elemento básico para a formação
das precipitações; embora seja necessária, ela não é suficiente, pois outros requisitos são
também necessários como por exemplo, um mecanismo de resfriamento do ar, a
presença de núcleos higroscópicos, para que haja condensação, e um mecanismo de
crescimento das gotas.
A formação da precipitação seque o seguinte processo: o ar úmido das camadas baixas
da atmosfera é aquecida por condução, torna-se mais leve que o ar circundante e sofre
uma ascensão adiabática. Nessa ascensão ele expande e se resfria na razão de 1oC por
100m (expansão adiabática seca) até atingir a condição de saturação (nível de
43
condensação). A partir desse nível, em condições favoráveis, e com a existência de
núcleos higroscópicos, o vapor d’água condensa, formando minúsculas gotas de água em
torno desses núcleos. Essas gotas, entretanto, não possuem massa suficiente para
vencer a resistência do ar, sendo portanto mantidas em suspensão até que, por um
processo de crescimento, ela atinja tamanho suficiente para precipitar.
Os processos de crescimento das gotas mais importantes são os de coalescência e de
difusão de vapor.
O processo de coalescência é aquele no qual as pequenas gotas das nuvens aumentam
seu tamanho devido ao contato com outras gotas através da colisão, provocada pelo
deslocamento das gotas, devido a movimentos turbulentos do ar, a força elétrica e ao
movimento Browniano. Quando as gotas atingem tamanho suficiente para vencer a
resistência do ar, elas se deslocam em direção ao solo; nesse movimento de queda, as
gotas maiores adquirem maior velocidade do que as menores, o que faz com que as
gotas menores sejam alcançadas e incorporadas às maiores aumentando, portanto seu
tamanho.
O processo de difusão do vapor é aquele no qual o ar após o nível de condensação
continua evoluindo, provocando difusão do vapor supersaturado e sua conseqüente
condensação em torno das gotículas que aumentam de tamanho.

3.0 - TIPOS DE PRECIPITAÇÃO

O esfriamento dinâmico ou adiabático é a principal causa da condensação e é o


responsável pela maioria das precipitações. Assim sendo, o movimento vertical das
massas de ar é um requisito importante para a formação das precipitações. Assim sendo,
o movimento vertical das massa de ar é um requisito importante para a formação das
precipitações, que pode ser classificadas de acordo com as condições que produzem o
movimento vertical do ar. Nesse sentido existem três tipos principais, que são: ciclônicos,
orográfico e convectivo.

3.1 - PRECIPITAÇÕES CICLÔNICAS

As precipitações ciclônicas estão associadas com o movimento de massas de ar de


regiões de alta pressão para regiões de baixa pressão. Essas diferenças de pressão são
causadas por aquecimento desigual da superfície terrestre.
A precipitação ciclônica pode ser classificada como frontal ou não frontal. Qualquer baixa
barométrica pode produzir precipitação não frontal com o ar sendo elevado devido a uma

44
convergência horizontal em áreas de baixa pressão. A precipitação frontal resulta da
ascensão do ar quente sobre o ar frio na zona de contato entre duas massas de ar de
características diferentes. Se a massa de ar se move de tal forma que o ar frio é
substituído por ar mais quente, a frente é conhecida como frente quente, e se por outro
lado o ar quente é substituído por ar frio, a frente é fria.
As precipitações ciclônicas são de longa duração e apresentam intensidades de baixa a
moderada, espalhando-se por grandes áreas. São importantes, principalmente, no
desenvolvimento e manejo de projetos em grandes bacias hidrográficas.

3.2 - PRECIPITAÇÕES OROGRÁFICAS

As precipitações orográficas resultam de ascensão mecânica de correntes de ar úmido


horizontal sobre barreiras naturais, tais como montanhas. As precipitações da cidade de
Bonfim são exemplos típicos.

3.3 - PRECIPITAÇÕES CONVECTIVAS

As precipitações convectivas são típicas de regiões tropicais. O aquecimento desigual da


superfície terrestre provoca o aparecimento de camadas de ar com densidades diferentes,
o que gera uma estratificação térmica da atmosfera em equilíbrio instável. Se esse
equilíbrio por qualquer motivo (vento, superaquecimento) for quebrado provoca uma
ascensão brusca e violenta do ar menos denso, capaz de atingir grandes altitudes. Essas
precipitações são de grande intensidade e curta duração, concentradas em pequenas
áreas. São importantes para projetos em pequenas bacias.

4.0 - MEDIDAS PLUVIOMÉTRICAS

A medida da precipitação é um parâmetro extremamente importante, pois possibilita-nos


saber quanto de água foi disponível naquele local.
A medida da precipitação é feita utilizando-se aparelhos chamados pluviômetros ou
pluviógrafos, conforme sejam simples receptáculos da água precipitada ou registrem
essas alturas no decorrer do tempo.
Exprime-se a quantidade de chuva (h) pela altura, em milímetros (mm), da coluna de
água caída e acumulada sobre uma superfície plana e impermeável.

45
As medidas realizadas nos pluviômetros ou pluviógrafos são periódicas; em geral, em
intervalos de 24 horas feitas normalmente às 09:00.
As grandezas características são:
Altura Pluviométrica - medidas realizadas nos pluviômetros e expressas em mm.
1mm de precipitação = 1 litro de água por metro quadrado (1mm = 1l/m2)
Intensidade de precipitação - é a relação entre a altura pluviométrica e a duração
da precipitação expressa, geralmente em mm/h ou mm/min.
Duração - período de tempo contado desde o início até o fim da precipitação.
Para uma grande área, é muito improvável que a informação de um pluviômetro seja
representativa. Isto devido a topografia da área e características da chuva.
Para tanto é conveniente que haja diversos coletores, distribuídos pela área. A partir daí é
necessário estabelecer um critério de análise.

4.1 - MÉTODO ARITMÉTICO

A maneira mais simples de se determinar o valor médio provável da precipitação, seria a


utilização da média aritmética desses coletores. Esse método é conhecido como método
aritmético:

_ ∑P P1 + P2 + P3 ...................Pn
hmm= ------ = -------------------------------------
N N

onde:
P é a precipitação em cada ponto
N é o número de pontos de observação

46
4.2 - MÉTODO DE THIESSEN

Esse método difere do anterior porque estabelece uma área de influência para cada
pluviômetro. A precipitação é ponderada de acordo com a superfície de domínio. É
estimado o volume para cada estimada superfície ( P1 x S1 ) e somando-se todos os
volumes encontrados divide-se pela área total. Obtém-se dessa maneira, a média
ponderada da altura de água precipitada naquela área. Esse método é eficiente onde a
topografia não é muito irregular.

A2
. P2

A1
P1 .

P6
. A6

. P3
. A3
P5
A5

P4 A4

_ ∑PnAn P1A1 + P2A2 + P3A3 + P4A4 + P5A5 + P6A6


hmm = -------------- = -----------------------------------------------------
AT A1 + A2 + A3 + A4 + A5 + A6
47
O cuidado a se ter nesse método é o cálculo das superfícies de domínio de cada
pluviômetro. O processo é o seguinte: deve-se ligar (na planta do terreno) os pontos onde
se situam os pluviômetros, formando sempre triângulos. Na metade de cada lado do
triângulo passar uma perpendicular (mediatriz). Essas mediatrizes tem o tamanho
suficiente para se encontrarem, ou quando na periferia deixar a superfície do terreno. As
superfícies determinadas pelas mediatrizes são as consideradas no método de
THIESSEN.

4.3 - MÉTODO DAS ISOIETAS

Isoietas são chamadas as linhas que interligam pontos de mesma precipitação. Esse
método é o mais preciso de todos, pois independe das características de topografia do
terreno e das precipitações. Os pontos de mesma precipitação estabelecem as curvas
que serão utilizadas para a estimativa do valor médio da altura pluviométrica em qualquer
ponto. O produto desse valor médio, pela área correspondida, entre as isoietas, possibilita
a estimativa de volume precipitado naquela superfície. A soma dos volumes parciais
dividido pela área total resulta no valor ponderado médio da altura da água precipitada. O
método das isoietas é mais utilizado para grandes superfícies.

P1
S1
P2
S2
P3
S3
P4 S4

P5
S5
P6

48
5.0 - FREQUÊNCIA DE TOTAIS PRECIPITADOS

Em Engenharia o conhecimento das características das precipitações apresenta grande


interesse de ordem técnica por sua freqüente aplicação nos projetos hidráulicos. Nos
projetos dos vertedores de barragens, no dimensionamento de canais, na definição das
obras de desvio dos cursos d’água, na determinação das dimensões de galerias de águas
pluviais, no cálculo de bueiros, deve-se conhecera magnitude das enchentes que
poderiam ocorrer com uma determinada freqüência. Nos projetos de irrigação e a
bastecimento d’água, há que se conhecer a grandeza das estiagens que adviriam e com
que freqüência ocorreriam. Portanto, há a necessidade da determinação das precipitações
extremas esperadas.
Nos projetos de obras hidráulicas, as dimensões são determinadas em função de
considerações de ordem econômica, portanto corre-se o risco de que a estrutura venha a
falhar durante a sua vida útil. É necessário, então, conhecer este risco. Para isso
analisam-se estatisticamente as observações realizadas nos postos hidrométrico,
verificando-se com que freqüência elas assumiram cada magnitude. Em seguida, pode-se
avaliar as probabilidades teóricas.
Os dados observados devem ser classificados em ordem decrescente e a cada um
atribui-se o seu número de ordem. A freqüência com que foi igualado ou superado um
evento de ordem m é:

m
F = ------ ( Método Califórnia)
n

ou

m
F = ------ ( Método Kimbal )
n+1

onde n é o número de anos de observação.

49
6.0 - PERÍODO DE RECORRÊNCIA OU FREQÜÊNCIA DAS INTENSIDADES

1
T = -------
F

50
F

PRESSAO ATMOSFÉRICA

51
1.0 - INTRODUÇÃO

O ar, como todos os fluidos, exerce pressão sobre tudo o que estiver nele ou em volta
dele. A pressão do ar, na realidade, jamais fora notada até que o cientista italiano
Torricelli realizou sua famosa experiência em 1643. Torricelli usou um tubo de vidro reto
e estreito com uma das extremidades aberta e a outra fechada, enchendo-o com mercúrio
e colocando-o em pé, com a extremidade aberta submersa em uma bacia com mercúrio.
Uma coluna de mercúrio de aproximadamente 760 mm de altura ficou imóvel dentro do
tubo, sem voltar para a bacia, o que só era possível se a atmosfera estivesse fazendo
pressão sobre a superfície do mercúrio da bacia.

2.0 - CONCEITO

A Pressão Atmosférica é o peso da atmosfera posicionada verticalmente acima do local


por unidade de área horizontal.

3.0 - MEDIÇÕES DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA

A pressão atmosférica é uma força, ou peso, distribuída igualmente sobre uma superfície,
sendo medida, geralmente em gramas por centímetro quadrado (gr/cm2). Na superfície da
terra, a pressão do ar é de cerca de 1kg/cm2. Isto, por sua vez, significa que o peso de
uma coluna de ar com 1 m2, estendendo-se do nível médio do mar até ao limite exterior
da atmosfera, pesa cerca de uma tonelada.

52
Os instrumentos usados para a medição da pressão atmosférica são: o barômetro de
mercúrio, o barômetro de aneróide e o barógrafo de aneróide.
Basicamente o barômetro de mercúrio é o instrumento mais preciso na medição de
pressão atmosférica. A pressão atmosférica é dada pelo comprimento da coluna de
mercúrio entre o nível da cuba e o menisco.
Modernamente foi adotado uma unidade internacional de pressão atmosférica, o milibar
(mb), para facilitar a representação sinóptica. A relação com o milímetro de mercúrio é de
1 mb = 0,75 mmHg.
Entretanto, a leitura do barômetro de mercúrio deve sofrer algumas correções. Essas
correções são as seguintes: correção instrumental (Ci), correção de temperatura (Ct) e
correção de gravidade (Cg).

4.0 - VARIAÇÃO DA PRESSÃO COM A ALTITUDE

A pressão atmosférica diminui com a altitude, em decorrência da diminuição da densidade


do ar, da aceleração da gravidade e da temperatura do ar. A taxa de diminuição da
pressão atmosférica com a altitude é exponencial, e varia no decurso do dia e do ano.
Para se expressar a taxa média de decréscimo da pressão com a altitude, adota-se a
atmosfera padrão, definida pelas seguintes características:

a - o ar é seco e sua composição química é constante em todas as altitudes;

b - o valor da aceleração da gravidade é uniforme e igual a 9,8062 m/s2;

c - o valor da temperatura e da pressão ao nível médio do mar são


respectivamente
15oC e 760 mmHg;

d - o gradiente de temperatura do ar é de 0,65 oC/100 m até 11.000 m, ou seja, a

temperatura na altura z ( metros ) é dada por:

t = 15 - 0,0065. z

e, para todas as altitudes superiores a11.000 m, e inferiores a20.000 m, a temperatura do


ar é constante e igual a -55,0 oC

53
Adotando os valores acima estabelecidos, pode-se determinar matematicamente a
variação da pressão P (mmHg) em função da altitude z (metro) como sendo:

P = 760 [ 1 - (0,0065 . z / 288 )]5,2568

Como um valor aproximado, pode-se dizer que a pressão decresce de 1/30 de seu valor,
numa dada altitude média, para cada 275 m de altitude. Se ao nível do mar a pressão for
de 760 mmHg, a 275 m ela terá caído 1/30 de 760, ou seja, 25,3 mmHg, sendo pois 760 -
25,3 = 734,7 mmHg.

5.0 - VARIAÇÃO DIÁRIA E ANUAL DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA

A variação média diária da pressão atmosférica apresenta dois momentos de máxima e


dois momentos de mínimas, conforme pode ser visto na figura 01.

Fig. 01 - Variação média diária da pressão

As máximas ocorrem às 10:00 horas e às 22:00 horas, e as mínimas às 04:00 horas e às


16:00 horas. Não existe ainda uma explicação satisfatória para esse padrão de variação.

A figura 02 mostra a variação anual de pressão atmosférica. A pressão atmosférica


apresenta um curso anual inverso do da temperatura do ar, como conseqüência das
massas de ar de menor temperatura apresentarem maior densidade, e vice-versa.

54
Fig. 02 - Variação anual da pressão atmosférica

Pelo fato das amplitudes térmicas anuais crescerem com o aumento da latitude, ocorre
um aumento da amplitude anual da pressão atmosférica do Amazonas para o Rio Grande
do Sul. Como exemplo, a amplitude anual de pressão atmosférica é 1,8 mmHg em
Manaus, 4,0 mmHg em Franca-SP e 6,0 mmHg em Pelotas-RS.
Pelo fato do ar sobre o continente se aquecer mais no verão e se resfriar mais no inverno,
em relação ao ar sobre o oceano, as pressões sobre o continente serão menores no
verão e maiores no inverno que as pressões sobre o oceano.
As linhas que unem locais de mesma pressão reduzida ao nível do mar são denominadas
Isóbaras. As isóbaras formam núcleos em que a pressão cresce ou decresce em direção
ao seu centro. Os núcleos de pressão crescente são chamados de centro de alta pressão,
simbolizados por A e os de pressão decrescente são chamados centro de baixa pressão
simbolizados por B.

55
UMIDADE RELATIVA DO AR

1.0 - INTRODUÇÃO

Como um dos constituintes do ar atmosférico, o vapor d’água tem como característica, ser
variável em quantidade, de acordo com disponibilidade de água no local e energia do
meio. Apesar de ser um elemento variável em tempo e espaço é extremamente
importante, tanto no aspecto físico associado as suas características moleculares, como
no aspecto fisiológico, decorrente de sua dependência pelos seres vivos.
Como o vapor d’água é oriundo da superfície do solo, e sua concentração máxima é
próxima a ele e diminui a medida que se afasta da superfície. Também, as suas
interações físicas e fisiológicas com o meio, incluindo vegetais e animais determinam que
o vapor d’água seja considerado um elemento muito importante no estudo
bioclimatológico.
Falaremos aqui somente sobre as interações fisiológicas:
Com uma concentração praticamente nula nas regiões desérticas e nos extremos polares,
até 4% em volume, nas regiões tropicais quentes e úmidas, o vapor d’água é um do mais
importantes constituintes atmosféricos. Exerce papel de destaque no balanço de energia
próximo a superfície do solo. Além disso, sua presença é absolutamente indispensável
para toda espécie de vida na terra. É elemento decisivo no ciclo hidrológico, quer
transferindo água da superfície para a atmosfera, quer retornando, sob a forma líquida,
como chuva. Com isso, desempenha o papel de um agente termorregulador, impedindo
que a camada de ar junto ao solo se resfrie em demasia durante a noite. Ademais, ao
passar da fase líquida para a gasosa, absorve calor do ar circunvizinho, resfriado-o, e, ao
retornar da fase gasosa para a líquida, libera o calor latente acumulado; desta feita, estará
aquecendo a atmosfera. Possuindo máximas concentrações nas regiões tropicais e
equatoriais úmidas e mínimas nas latitudes elevadas e polares, acaba por estabelecer um
fluxo de vapor d’água das baixas para as altas latitudes e, ao condensar e precipitar,
aquece aquelas regiões. Com isso, o vapor d’água passa a desempenhar um papel
relevante no transporte do superávit de calor tropical em direção aos pólos. Quando o ar é
forçado a subir para as camadas superiores da atmosfera, o que é mais intenso nas
regiões tropicais e equatoriais, o vapor d’água, ao condensar, desempenha duplo papel:
forma pesadas nuvens e transfere calor para a atmosfera superior, alimentando, assim,
não apenas chuvaradas intensas, mas também alguns dos mais temíveis fenômenos
atmosféricos - os tufões e os furacões. O vapor d’água é a maior fonte de energia latente
da atmosfera tropical.
56
2.0 - QUANTIFICAÇÃO DA UMIDADE ATMOSFÉRICA

Em Meteorologia, o termo Umidade Atmosférica se refere à presença de vapor d’água na


atmosfera e não à presença de água nas formas líquida e sólida. A quantificação do vapor
d’água contido na atmosfera não pode ser feita mediante sua extração e pesagem, pois
isso é impraticável. É necessário, contudo, dispor de métodos rápidos e eficientes, que
informem com boa precisão a distribuição vertical e horizontal do vapor d’água na
atmosfera. Para tanto, existem inúmeros parâmetros que podem ser usados para
expressar quantitativamente o vapor d’água na atmosfera.

2.1 - Umidade Absoluta ( ρ v )

A Umidade Absoluta do ar é simplesmente a massa específica ( ou densidade absoluta)


do vapor d’água na atmosfera, isto é, massa de vapor d’água contida na unidade de
volume de ar.
Expressando-se “e” em mb e T em Kelvin, a Umidade Absoluta poderá ser calculada em
g/m3, por:
e
ρ v = 216,68
T

2.2 - Umidade Específica (q)


A Umidade Específica é definida como a massa de vapor d’água contida na unidade de
massa de ar ( ar seco + vapor d’água ). Usando-se “q” para simbolizar a Umidade
Específica, pode-se expressá-la matematicamente por:

0,622 e
q=
P − 0,378e

Note-se que a Umidade Específica é admensional, podendo ser expressa em g/g, kg/kg...

2.3- Razão de Mistura ( r )

É definida como a massa de vapor d’água contida na mistura em uma unidade de


massa do ar seco, expressa em g/g ou kg/kg. Difere da Umidade Específica apenas
porque está relacionada com o ar seco e não com o ar úmido (ar seco + vapor d’água ).
Pode-se expressá-la como:

e
r = 0,622
P
57
2.4 - Umidade Relativa ( UR )

Por um acordo internacional, a Umidade Relativa é definida como a relação entre a Razão
de Mistura observada e aquela que prevaleceria em condições saturadas, à mesma
temperatura. Expressa em percentagem (%), é dada por:

r
UR = x 100
rs

e
UR = x 100
es

ρv
UR = x100
ρ vs

q
UR = x100
qs

Imagine-se a presença de água em um recipiente, em instantes diferentes mas a mesma


temperatura. No instante inicial a água acaba de ser colocada no recipiente, e, portanto,
ainda não existe vapor d’água acima da superfície líquida. Assim um manômetro
corretamente instalado indicar á pressão nula. Ao iniciar o processo de evaporação, o
ponteiro do manômetro começa a se deslocar, indicando uma elevação na pressão do
ambiente. A temperatura é mantida constante. Em um instante posterior o ponteiro se
estabiliza, significando que o processo de evaporação interrompeu-se; verifica-se que o
nível da água baixou no cecipiente, indicando que parte da água líquida transformou-se
em vapor até ocorrer a saturação do ambiente. A pressão registrada é devida,
exclusivamente, ao vapor d’água, e é denominada pressão de saturação ( es ) do vapor
d’água. Seu valor varia com a temperatura em que ocorre o processo, uma vez que ao se
elevar a temperatura verificar-se-á que o ponteiro do manômetro continua a subir, até que
se estabilize novamente, indicando um novo valor da pressão de saturação. Plotando-se
em um gráfico os valores de pressão de saturação do vapor d’água versus temperatura,
ter-se-á uma curva denominada CURVA DE SATURAÇÃO.
Existem, na literatura, várias expressões para o cálculo da pressão de saturação, obtidas
por integrações diretas a partir da equação de Clausius-Clapeyron.
Expressões mais elaboradas, proposta por Goff - Gratch, foram adotadas pela OMM
como padrão para o cálculo de es . Tais expressões, entretanto, são bastante extensas, o

58
que dificulta sua utilização em cálculos rápidos. Dentre as diversas expressões
apresentadas na literatura para o cálculo de es , aquelas propostas por Tetens mostram
ótimos resultados quando comparadas com as fórmulas de Goff - Gratch, podendo ser,
portanto, utilizadas na grande maioria das aplicações meteorológicas.
o
Usando temperatura em C e pressão em mmHg, as equações de Tetens podem ser
expressas como:

 7 ,5 t 
 
 237 , 3+ t 
es = 6,1068x10

para t > 0oC

 9 ,5 t 
 
 265,5+ t 
es = 6,1077 x10

para t < 0oC.

2.5 - Pressão Real de Vapor D’água ( e )

Como mencionado anteriormente, a quantidade de vapor d’água presente na atmosfera é


variável, podendo o ar estar ou não sob condições de saturação Caso esteja saturado, a
pressão real de vapor d’água, isto é a pressão parcial exercida pelo vapor d’água na
atmosfera, corresponderá à pressão de saturação es, que, como já se descutio, é uma
função apenas da temperatura do ar. Caso o ar não esteja saturado, a pressão real do
vapor d’água será menor que aquela que prevaleceria em condições saturadas, à mesma
temperatura.
Pode-se determinar a Pressão Real de Vapor por meio da seguinte equação

e = esu - A.P. (t - tu)

em que esu é a pressão de saturação de vapor d’água (mmHg) à temperatura do bulbo


úmido A é a constante psicrométrica (oC), cujos valores são 6,7x10-4 oC, para psicrômetro
aspirados e 8,0x10-4 oC, para psicrômetro sem aspiração P é a pressão atmosférica local
instantânea (mmHg) (t - tu) a depressão psicrométrica, em oC. Assim, a pressão real de
vapor é dada em mmHg.

2.6 - Temperatura do Ponto de Orvalho

59
A Temperatura do Ponto de Orvalho é definida como “ a temperatura na qual a
saturação ocorreria se o ar fosse resfriado à pressão constante e sem adição ou
remoção de vapor d’água Em outras palavras, é a temperatura na qual a quantidade de
vapor d’água atualmente presente na atmosfera estaria em sua máxima concentração.
Assim, a temperatura do ponto de orvalho poderá ser estimada por meio da seguinte
equação, fazendo e=es , ou seja:

186,4905 − 237 ,3 log 10 e


Td =
log 10 e − 8,2859

sendo e a pressão real de vapor, em mb, e Td a temperatura do ponto de orvalho,


em oC.
Em condições normais, a temperatura do ponto de orvalho, Td, é uma temperatura crítica
entre o estado de vapor e a condensação d’água na atmosfera, ou seja, acima de Td a
água mantém-se na forma de vapor e abaixo de Td passa, gradativamente, à fase líquida
Naturalmente, existem fatores externos que interferem no processo, como, por exemplo, a
presença ou ausença de núcleos de condensação na atmosfera.

60
PRECIPITAÇAO

1.0 - CONCEITO

Entende-se por precipitação a água proveniente do vapor de água (umidade relativa do


ar) da atmosfera depositada na superfície terrestre de qualquer forma, como chuva,
granizo, orvalho, neblina, neve ou geada. A água que escoa nos rios ou que está
armazenada na superfície terrestre pode ser sempre considerada como um resíduo das
precipitações.

2.0 - FORMAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES

A atmosfera pode ser considerada como um vasto reservatório e um sistema de


transporte e distribuição do vapor de água. Todas as transformações aí realizadas o são a
custa do calor recebido do sol.
A umidade atmosférica ou umidade relativa do ar é o elemento básico para a formação
das precipitações; embora seja necessária, ela não é suficiente, pois outros requisitos são
também necessários como por exemplo, um mecanismo de resfriamento do ar, a
presença de núcleos higroscópicos, para que haja condensação, e um mecanismo de
crescimento das gotas.
A formação da precipitação seque o seguinte processo: o ar úmido das camadas baixas
da atmosfera é aquecida por condução, torna-se mais leve que o ar circundante e sofre
uma ascensão adiabática. Nessa ascensão ele expande e se resfria na razão de 1oC por
100m (expansão adiabática seca) até atingir a condição de saturação (nível de
condensação). A partir desse nível, em condições favoráveis, e com a existência de
núcleos higroscópicos, o vapor d’água condensa, formando minúsculas gotas de água em
torno desses núcleos. Essas gotas, entretanto, não possuem massa suficiente para
vencer a resistência do ar, sendo portanto mantidas em suspensão até que, por um
processo de crescimento, ela atinja tamanho suficiente para precipitar.
Os processos de crescimento das gotas mais importantes são os de coalescência e de
difusão de vapor.
O processo de coalescência é aquele no qual as pequenas gotas das nuvens aumentam
seu tamanho devido ao contato com outras gotas através da colisão, provocada pelo
deslocamento das gotas, devido a movimentos turbulentos do ar, a força elétrica e ao
movimento Browniano. Quando as gotas atingem tamanho suficiente para vencer a
resistência do ar, elas se deslocam em direção ao solo; nesse movimento de queda, as
61
gotas maiores adquirem maior velocidade do que as menores, o que faz com que as
gotas menores sejam alcançadas e incorporadas às maiores aumentando, portanto seu
tamanho.
O processo de difusão do vapor é aquele no qual o ar após o nível de condensação
continua evoluindo, provocando difusão do vapor supersaturado e sua conseqüente
condensação em torno das gotículas que aumentam de tamanho.

3.0 - TIPOS DE PRECIPITAÇÃO

O esfriamento dinâmico ou adiabático é a principal causa da condensação e é o


responsável pela maioria das precipitações. Assim sendo, o movimento vertical das
massas de ar é um requisito importante para a formação das precipitações. Assim sendo,
o movimento vertical das massa de ar é um requisito importante para a formação das
precipitações, que pode ser classificadas de acordo com as condições que produzem o
movimento vertical do ar. Nesse sentido existem três tipos principais, que são: ciclônicos,
orográfico e convectivo.

3.1 - PRECIPITAÇÕES CICLÔNICAS

As precipitações ciclônicas estão associadas com o movimento de massas de ar de


regiões de alta pressão para regiões de baixa pressão. Essas diferenças de pressão são
causadas por aquecimento desigual da superfície terrestre.
A precipitação ciclônica pode ser classificada como frontal ou não frontal. Qualquer baixa
barométrica pode produzir precipitação não frontal com o ar sendo elevado devido a uma
convergência horizontal em áreas de baixa pressão. A precipitação frontal resulta da
ascensão do ar quente sobre o ar frio na zona de contato entre duas massas de ar de
características diferentes. Se a massa de ar se move de tal forma que o ar frio é
substituído por ar mais quente, a frente é conhecida como frente quente, e se por outro
lado o ar quente é substituído por ar frio, a frente é fria.
As precipitações ciclônicas são de longa duração e apresentam intensidades de baixa a
moderada, espalhando-se por grandes áreas. São importantes, principalmente, no
desenvolvimento e manejo de projetos em grandes bacias hidrográficas.

3.2 - PRECIPITAÇÕES OROGRÁFICAS

62
As precipitações orográficas resultam de ascensão mecânica de correntes de ar úmido
horizontal sobre barreiras naturais, tais como montanhas. As precipitações da cidade de
Bonfim são exemplos típicos.

3.3 - PRECIPITAÇÕES CONVECTIVAS

As precipitações convectivas são típicas de regiões tropicais. O aquecimento desigual da


superfície terrestre provoca o aparecimento de camadas de ar com densidades diferentes,
o que gera uma estratificação térmica da atmosfera em equilíbrio instável. Se esse
equilíbrio por qualquer motivo (vento, superaquecimento) for quebrado provoca uma
ascensão brusca e violenta do ar menos denso, capaz de atingir grandes altitudes. Essas
precipitações são de grande intensidade e curta duração, concentradas em pequenas
áreas. São importantes para projetos em pequenas bacias.

4.0 - MEDIDAS PLUVIOMÉTRICAS

A medida da precipitação é um parâmetro extremamente importante, pois possibilita-nos


saber quanto de água foi disponível naquele local.
A medida da precipitação é feita utilizando-se aparelhos chamados pluviômetros ou
pluviógrafos, conforme sejam simples receptáculos da água precipitada ou registrem
essas alturas no decorrer do tempo.
Exprime-se a quantidade de chuva (h) pela altura, em milímetros (mm), da coluna de
água caída e acumulada sobre uma superfície plana e impermeável.
As medidas realizadas nos pluviômetros ou pluviógrafos são periódicas; em geral, em
intervalos de 24 horas feitas normalmente às 09:00.
As grandezas características são:
Altura Pluviométrica - medidas realizadas nos pluviômetros e expressas em mm.
1mm de precipitação = 1 litro de água por metro quadrado (1mm = 1l/m2)
Intensidade de precipitação - é a relação entre a altura pluviométrica e a duração da
precipitação expressa, geralmente em mm/h ou mm/min.
Duração - período de tempo contado desde o início até o fim da precipitação.
Para uma grande área, é muito improvável que a informação de um pluviômetro seja
representativa. Isto devido a topografia da área e características da chuva.
Para tanto é conveniente que haja diversos coletores, distribuídos pela área. A partir daí é
necessário estabelecer um critério de análise.

4.1 - MÉTODO ARITMÉTICO

63
A maneira mais simples de se determinar o valor médio provável da precipitação, seria a
utilização da média aritmética desses coletores. Esse método é conhecido como método
aritmético:

_ ∑P P1 + P2 + P3 ...................Pn
hmm= ------ = -------------------------------------
N N

onde:

P é a precipitação em cada ponto


N é o número de pontos de observação

4.2 - MÉTODO DE THIESSEN

Esse método difere do anterior porque estabelece uma área de influência para cada
pluviômetro. A precipitação é ponderada de acordo com a superfície de domínio. É
estimado o volume para cada estimada superfície ( P1 x S1 ) e somando-se todos os
volumes encontrados divide-se pela área total. Obtém-se dessa maneira, a média
ponderada da altura de água precipitada naquela área. Esse método é eficiente onde a
topografia não é muito irregular.
E
A2
. P2

A1
P1 .

P6
. A6

. P3
. A3

64
P5
A5

P4 A4

_ ∑PnAn P1A1 + P2A2 + P3A3 + P4A4 + P5A5 + P6A6


hmm = -------------- = -----------------------------------------------------
AT A1 + A2 + A3 + A4 + A5 + A6

O cuidado a se ter nesse método é o cálculo das superfícies de domínio de cada


pluviômetro. O processo é o seguinte: deve-se ligar (na planta do terreno) os pontos onde
se situam os pluviômetros, formando sempre triângulos. Na metade de cada lado do
triângulo passar uma perpendicular (mediatriz). Essas mediatrizes tem o tamanho
suficiente para se encontrarem, ou quando na periferia deixar a superfície do terreno. As
superfícies determinadas pelas mediatrizes são as consideradas no método de
THIESSEN.

4.3 - MÉTODO DAS ISOIETAS

Isoietas são chamadas as linhas que interligam pontos de mesma precipitação. Esse
método é o mais preciso de todos, pois independe das características de topografia do
terreno e das precipitações. Os pontos de mesma precipitação estabelecem as curvas
que serão utilizadas para a estimativa do valor médio da altura pluviométrica em qualquer
ponto. O produto desse valor médio, pela área correspondida, entre as isoietas, possibilita
a estimativa de volume precipitado naquela superfície. A soma dos volumes parciais
dividido pela área total resulta no valor ponderado médio da altura da água precipitada. O
método das isoietas é mais utilizado para grandes superfícies.

P1
S1
P2
S2
P3
S3
P4 S4

65
P5
S5
P6

5.0 - FREQUÊNCIA DE TOTAIS PRECIPITADOS

Em Engenharia o conhecimento das características das precipitações apresenta grande


interesse de ordem técnica por sua freqüente aplicação nos projetos hidráulicos. Nos
projetos dos vertedores de barragens, no dimensionamento de canais, na definição das
obras de desvio dos cursos d’água, na determinação das dimensões de galerias de águas
pluviais, no cálculo de bueiros, deve-se conhecera magnitude das enchentes que
poderiam ocorrer com uma determinada freqüência. Nos projetos de irrigação e a
bastecimento d’água, há que se conhecer a grandeza das estiagens que adviriam e com
que freqüência ocorreriam. Portanto, há a necessidade da determinação das precipitações
extremas esperadas.
Nos projetos de obras hidráulicas, as dimensões são determinadas em função de
considerações de ordem econômica, portanto corre-se o risco de que a estrutura venha a
falhar durante a sua vida útil. É necessário, então, conhecer este risco. Para isso
analisam-se estatisticamente as observações realizadas nos postos hidrométrico,
verificando-se com que freqüência elas assumiram cada magnitude. Em seguida, pode-se
avaliar as probabilidades teóricas.
Os dados observados devem ser classificados em ordem decrescente e a cada um
atribui-se o seu número de ordem. A freqüência com que foi igualado ou superado um
evento de ordem m é:
m
F = ------ ( Método Califórnia)
n

ou

m
F = ------ ( Método Kimbal )
n+1

onde n é o número de anos de observação.

66
6.0 - PERÍODO DE RECORRÊNCIA OU FREQÜÊNCIA DAS INTENSIDADES

1
T = -------

67
FÓRMULAS PARA DETERMINAÇÃO DA ETP

Método Combinado de PENMAN

ETP = {[( ∆ / ϒ) Rn + Ea] / ( ∆ / ϒ + 1)} . (1/59) (mm/dia)

Coeficiente Angular ( ∆ )
∆ = (eso - esa) / (To - Ta) (mb/ºC)

Tensão de Saturação (es)

es = 6,1078 * 10 7,5 * Ta // 237,3 + Ta (mb)

1 mb = 0,1 KPa

Capacidade evaporativa do Ar (Ea)

Ea = 20,65 ( es – e ) ( k + V2 / 160 ) (cal/cm2.dia )

Método de PENMAN modificado por DOORENBOS & PRUITT (1977)


 ∆ γ 
ETo = c  ( Rn − G ) + 2 ,7 W f ( es − e ) 
∆ +γ ∆ +γ 

W f = ( 1 + 0 ,864U2 )

O déficit de pressão de vapor d’água


( es − e ) = es ( Tmed ) − es ( Torv )
( es − e ) = es ( Tmed )( 1 − UR / 100 )

Fator de ajustamento
c = 0.68 + 0.0028 URmax + 0.018 Rs - 0.068 Ud + 0.013 Ud /Un + 0.0097 Ud (Ud /Un)

+ 0.430 x 10-4 URmax Rs Ud /Un

68
Método de THORNTHWAITE (1948)

ETP = 1,6. [10 . (Ta/I)]ª.

i = (Ta/5)1.514

I = ∑ i (janeiro a dezembro)

a = 6,7 . 10 -9 . I3 - 771 . 10 -7 . I 2 + 179 . 10 -4 . I + 0,492

Método de Tanque "Classe A"

ETP = Et . Kp

Kp = 0,4751393 - 0,23508 . 10 -3 V + 0,0051625 . UR + 0,0011755 . WS - 0,16295 . 10-4 .


UR2 - 0,10110 . 10-5 . WS2 - 0,84216. 10-8. V. UR2- 0,90742. 10-8. WS. UR 2

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DA CULTURA (Kc)


Kc = ETR / ETP

. Métodos de Obtenção da Evapotranspiração Real (ETR)


ETR = 0,16 . 10 -6 [(V2 - V1) (e1 - e2)] / (ln . z2/z1) 2

69

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