Fascículo 02
Cinília Tadeu Gisondi Omaki
Maria Odette Simão Brancatelli
Índice
Idade Contemporânea
O crack da bolsa de Nova Iorque gerou uma das maiores crises do capitalismo – a Grande
Depressão. A significativa diminuição das exportações a partir do fim da Primeira Guerra Mundial, a
marcante concentração de capitais e a contínua queda do poder aquisitivo da população provocaram
nos EUA problemas de superprodução e de subconsumo, atingindo todos os setores de sua economia.
O alto grau de interdependência capitalista transformou a crise norte-americana em
mundial. Falências, desemprego, polarização político-ideológica e adoção de novas medidas
econômicas, levando o capitalismo para uma nova fase (neocapitalismo), foram as principais
conseqüências da Crise de 1929.
Os EUA, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18) abasteceram a Europa, em
particular a Inglaterra e a França, com armas, alimentos, manufaturas e capitais. O alto volume das
exportações estimulou o crescimento econômico norte-americano. Mas o big boom acontecia sob
impulsos econômicos artificiais e frágeis bases, que foram se desmoronando rapidamente, ao longo
dos anos 1920.
A contínua queda das exportações norte-americanas para uma Europa mais protecionista
e preocupada com a sua reestruturação econômica, provocou mudanças internas no campo e na
cidade, caracterizadas pela superprodução, queda dos investimentos, desemprego, menor consumo,
falências e especulação financeira.
A economia nos EUA entrou em um círculo vicioso e de “queda livre”, tendo como
principal marco a grande baixa da bolsa de valores de Nova Iorque, em 24 de outubro de 1929,
conhecida como Quinta-feira Negra, que representou o estopim para a Grande Depressão. O
otimismo anterior cedeu lugar ao medo, insegurança, incertezas e radicalizações.
A crise exigiu respostas econômicas novas e corajosas, adotadas pelo presidente Franklin
Delano Roosevelt, eleito em 1932, e que geraram o New Deal. Esse plano teve como base as idéias de
John Maynard Keynes (1884-1946). O Keynesianismo defende um Estado mais interventor, que
deveria evitar os riscos de superprodução, além de aumentar o poder de consumo, mas preservando a
economia de mercado. O liberalismo clássico de Adam Smith foi superado pelo neocapitalismo.
Política de empregos, projetos de obras públicas, leis de assistência e previdência social,
concessão de créditos aos fazendeiros, fixação de preços dos produtos básicos e planificação
econômica, também foram elementos importantes do New Deal e base para a política de “bem-estar
social” do pós-Segunda Guerra Mundial.
Os principais efeitos da crise foram a paralisação do crescimento alemão, profundamente
dependente dos investimentos norte-americanos; abalo da economia inglesa e francesa, devido a
completa impossibilidade alemã de pagar as indenizações de guerra; o colapso do comércio mundial,
gerando uma maior restrição da produção internacional.
Na década de 1930, em uma Europa insatisfeita e insegura devido à falência das
estruturas liberais, à contínua proletarização da classe média e ao fortalecimento das esquerdas
(“perigo vermelho”), irromperam greves e movimentos pró-ditaduras, pois o Estado liberal e
democrático parecia incapaz de resolver a crise econômica geral e conter o avanço socialista.
Tal conjuntura, marcada pela destruição material, desemprego, alta inflação e elevado
sentimento de nacionalismo ofendido, fomentou propostas políticas de extrema direita, fundadas no
ideal totalitarista, militarista, nacionalista e anticomunista, cujos principais casos foram o fascismo na
Itália e o nazismo na Alemanha.
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Totalitarismo de extrema direita – quadro comparativo
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Exercícios
01. (Unitau-SP) O crack da Bolsa de valores de Nova Iorque, em outubro de 1929, além de colocar os
Estados Unidos numa situação de calamidade, arrastou consigo quase todos os países do mundo.
Apenas um país europeu não foi diretamente afetado pela crise:
a. Itália
b. Inglaterra
c. França
d. Alemanha
e. União Soviética
02. (Ufmg 2000-adaptada) Observe os quadros, cujos dados permitem estabelecer uma relação entre o
desemprego na Alemanha e a presença dos nazistas no Parlamento Alemão.
Desemprego na Alemanha (1929-1932)
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03. (Unirio 99)
Novais, Carlos Eduardo e Rodrigues, Vilmar. Capitalismo para principiantes. São Paulo, Ática, 1991
A charge anterior reflete um momento crucial do período entre-guerras, onde a burguesia capitalista
faz, em alguns países da Europa, a opção por salvaguardar a sua posição de classe dominante a
qualquer custo. Este momento pode ser traduzido por um(a):
a. receio com relação ao avanço da classe trabalhadora e uma tentativa de responder ao colapso
econômico do sistema capitalista.
b. receio com relação aos avanços do comunismo e do pensamento liberal de base keynesiana.
c. receio da intromissão norte-americana nos assuntos nacionais, o que levaria a burguesia desses
países a uma subordinação ao capital norte-americano.
d. tentativa de impedir a deterioração das economias nacionais a deter o avanço de ideologias de
cunho liberal-autoritário.
e. tentativa de frear o sucesso da social-democracia alemã e italiana que apontava para possibilidades
de uma melhor distribuição da renda nacional.
“Os intelectuais são como as rainhas que vivem das abelhas trabalhadoras.”
A. Hitler
“Sem espírito militar a escola alemã não poderá existir. Um professor pacifista é um palhaço ou um
criminoso. Deve ser exterminado.”
Ministro Schewemm - Bavária
“Professores alemães ... nenhum menino e nenhuma menina da escola devem sair de vossas aulas sem
o sagrado propósito de ser um inimigo mortal do bolchevismo judeu, na vida e na morte.”
F. Weachter
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Contextualizando historicamente as declarações anteriores, de lideranças nazistas na Alemanha,
pode-se afirmar que:
a. o nazismo não tinha nenhum projeto para as áreas de educação e cultura, pois dentro da
perspectiva do culto ao corpo e da obediência sem questionamentos, aquelas lhes eram
completamente indiferentes.
b. ao contrário da produção cultural, à qual eram refratários, os nazistas permitiram a permanência
das diretrizes educacionais da República de Weimar.
c. tanto a educação como a cultura foram áreas enquadradas dentro dos pressupostos básicos do
regime transformando-se em instrumentos ideológicos de controle e propaganda.
d. o Estado nazista interveio fortemente somente nas escolas freqüentadas por alunos não-arianos e
filhos de pais bolcheviques.
e. educação e militarização da sociedade eram projetos excludentes dentro do projeto nazista de
dominação.
05. (Fuvest) O regime franquista espanhol (1939-1975) pode ser caracterizado como:
a. uma ditadura de tipo misto, que se baseou tanto no poder do general Franco, quanto na figura
carismática do rei.
b. uma ditadura fascista, semelhante à de Mussolini, procurando converter a região do Mediterrâneo
em área sob sua influência.
c. uma ditadura pessoal, baseada exclusivamente na figura do general Franco, que recusou a
formação de instituições coletivas.
d. uma ditadura fascista, idêntica à de Mussolini e de Hitler, a ponto de o general Franco enviar tropas
para combater a União Soviética.
e. uma ditadura fascista, que evitou amplas mobilizações de massa, com forte influência católica.
Gabarito
01. Alternativa e.
A resposta capitalista à vitória da Revolução Bolchevista de 1917 e à formação do
primeiro Estado socialista foi o isolamento - “cordão sanitário”. Frente a isso, a União Soviética optou
pelo fechamento em si mesma, principalmente após a ascensão de Stálin e adoção dos Planos
Qüinqüenais. Sem condições de participar diretamente do comércio internacional e de sua natural
interdependência, conseguiu escapar dos piores efeitos da Grande Depressão.
02. Alternativa d.
A Grande Depressão atingiu drasticamente a Alemanha, que não recebendo mais os
capitais norte-americanos possuía, em 1932, pouco menos de 5 milhões e 600 mil desempregados. O
contexto favoreceu diretamente o partido nazista, que até 1929, teve pouca expressão política. O
crescimento dos partidos de esquerda nas eleições de 1930 e 1932 alarmou os setores mais
conservadores da sociedade, que passaram a encarar os nazistas como um “mal menor”, frente à crise
geral e ao “perigo vermelho”. Em 1932, Hitler foi derrotado nas eleições presidenciais, apesar da
grande votação. Mas, no ano seguinte, o fortalecimento nazista (288 cadeiras no Parlamento) e as
pressões das elites econômicas e dos militares, levaram o presidente Hindenburg a convidá-lo para o
cargo de Chanceler. A proclamação do Terceiro Reich e a morte do presidente em agosto de 1934,
levaram Hitler a adotar o título oficial de Führer (supremo dirigente). A Alemanha estava sob o
completo controle nazista.
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03. Alternativa a.
A polarização social determinada pela crise do capitalismo, a dificuldade do Estado liberal
em garantir a estabilidade desejada, o fortalecimento das esquerdas e a frágil democracia, em alguns
países europeus, levaram as classes dominantes (burguesia industrial, banqueiros, grandes
proprietários rurais) a apoiar os partidos fascistas, que apresentavam em seus exaltados discursos um
programa nacionalista, anti-marxista, militarista, expansionista e protetor da propriedade privada e do
próprio capitalismo.
04. Alternativa c.
Um dos alvos principais dos regimes fascistas era a doutrinação da juventude.
Enquadrada desde a infância, recebia nos centros especiais do partido orientação ideológica,
assistência, recreação e formação militar. A socialização ideológica continuava na educação, por meio
de um rígido controle sobre livros, professores e conteúdos.
05. Alternativa e.
A ditadura fascista espanhola (franquismo), estabelecida após a violenta Guerra Civil
(1936-1939), que derrubou o governo da Frente Popular (coalizão de esquerdas) possui como
elementos marcantes: Exército, latifundiários, burguesia conservadora e Igreja, como as principais
bases sociais de apoio; uma maior subordinação do partido (Falange) ao Exército; forte clericalismo;
nacionalismo menos voltado ao expansionismo e preponderância dos interesses agrários sobre os da
grande indústria.