Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1) do fundo de um naufrgio
falsa manso
de sbito
evaporada em brumas
de que fala Mallarm, mais fugidia e mais impalpvel que qualquer ter;
por trs, ou nela, no sei, pois era como se aquela tela nebulosa, de to
sutil, se deixasse confundir com aquilo que j no cobria, como se fosse
realmente tecida de lgrimas terrvel, o Nada.
1
Quanto a ns, longe de considerarmos tal experincia como simplesmente
subjetiva, afirmamos, ao contrrio, seu carter objetivo e eminentemente
poltico.
Todas essas atitudes esboam negativamente um terreno, que
preciso determinar ainda mais e positivamente, e que seria aquele de
uma atitude metafsico-crtica. Se a olhamos mais perto, esta aparece
como um tipo de unidade entre, por um lado, a prtica de uma dialtica
conceitualmente potente, e, por outro, certa ateno existencialista,
certo deixar-ser, tambm. Essas duas aproximaes, longe de serem
inconciliveis, se encarnam, unidas, naquele que sabe conceber e sentir
o devir, que sabe o pensamento como cincia no sentido em que Hegel
a entendia, que sabe a determinao da Figura, ao mesmo tempo que
bastante atento para deter-se sobre certos momentos, antes de sua
supresso, at esgotar seu contedo, at imergir-se totalmente neles
(os surrealistas j haviam experimentado isso, mas explicitaram-no
de outra maneira compare-se com a smula da atitude surrealista
feita por Andr Breton em LAmour Fou). Trata-se de considerar o Olhar
como experincia, e portanto como certa tenso entre dois momentos
consecutivos: o primeiro momento a sensao do fenmeno; o
segundo, seu desvelamento como fenmeno. Quando se lhe aponta a
lua, o metafsico-crtico olha primeiro para a lua, depois para o dedo. O
fenmeno se d primeiro em si, depois para si, e o ser-para-si funda o
ser-em-si. O Parclito nunca chega imediatamente e est sempre j a.
Essa atitude metafsico-crtica, explosivo-fixa, essa mudana do olhar,
que no cega, no se pode verdadeiramente alcan-la e conhec-
la como tal, seno atravs da partilha de todas essas sensaes e sua
anlise, no importando que essas experincias, elas prprias, sejam
ou devam ser vividas solitariamente. Da essa rubrica de fenomenologia
da vida cotidiana, que ser permanente, at novo aviso.