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A FAMÍLIA DE JESUS
Marcos 6.1-3 – João 7.2-5 – Atos 1.14
E dos pais e sua prole legítima que parte o fio condutor da civilização. Tire da terra o
Lar, anulando-lhe o espírito de família, e você terá subvertido tudo.
Pois hoje vamos estudar com reverente curiosidade qual foi e como foi o maior, o
melhor e o mais prestigiado dos lares que já houve na terra, embora não fosse uma
sociedade de sangue azul, abastada, principesca ou forte no conceito político de sua
época - o lar de nosso Senhor.
Assim, leiamos por ordem cronológica os depoimentos mais à mão, sobre o caso em
apreço, registrados nos Evangelhos, e tiremos daí as conclusões racionais que as leis
do pensamento exigem, sem preconceitos nem dogmas, sem forçar os textos e as
palavras:
Da leitura simples desses testemunhos colhe-se que a família de Jesus era constituída
de José, seu pai legal, judeu justo e da descendência de Davi, casado com uma jovem
de nome Maria, aparentada com Isabel, esposa do sacerdote Zacarias; que o primeiro
filho foi Jesus, concebido e nascido miraculosamente, em Belém de Judá; que o casal
teve, depois, mais filhos e filhas, sendo que se dão os nomes, pelo menos, de quatro
desses filhos, ficando anônimas as filhas, todos irmãos legítimos e consangüíneos de
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Jesus; que estes irmãos de Cristo, embora o estimassem (Mt 12.46-50), não creram
nele como o Messias até à época de sua morte; que, após a ressurreição de Jesus,
seus irmãos e irmãs se converteram e se tornaram discípulos dele; que um desses
irmãos de Jesus, Tiago (um dos quatro mencionados nos depoimentos dos apóstolos),
se tornou pastor da Igreja em Jerusalém e pessoa de grande conceito no círculo
cristão; que não se sabe nem quando nem como morreram, mais tarde, esses
parentes do Senhor.
Entretanto, autores antigos e a Igreja Romana têm tentado desfigurar esses fatos; e
para manter sua teoria de que Maria foi e permaneceu imaculada, e que não teve
filhos senão só Cristo, procuram explicar as expressões "irmãos de Jesus", tantas
vezes ocorrentes nos Evangelhos, por três teorias, cada qual mais absurda. Vejamo-
las:
1ª - "Os irmãos de Jesus não são irmãos no sentido carnal, e, sim, no sentido de
'discípulos' dele." Responde-se que isto é inadmissível, porque em vários lugares do
N.T. se faz diferença entre "os irmãos de Jesus" e seus "discípulos" (Jo 2.12; At 1.14;
Jo 7.3).
2ª - "Os irmãos de Jesus eram só meio-irmãos, filhos de José com sua primeira
esposa já falecida." Responde-se que isto não tem a menor base histórica; além do
mais, cai por terra diante do testemunho de Marcos, 6.1-4, onde se declara
formalmente que se tratava de Maria mesmo, como a mãe de Jesus e de seus irmãos
e irmãs.
Além disso, para se admitir que os "irmãos de Jesus" eram seus "primos", é preciso
inventar uma irmã de Maria, nos Evangelhos, esposa de Cleófas (Jo 19.25), e fazer
este Cleófas ser o mesmo Alfeu de Mateus, 10.3. Ora, tal teoria cai aos pedaços
diante do fato de que Alfeu era pai de um Apóstolo, e João (7.3,5) declara
peremptoriamente que os "irmãos de Jesus" não criam nele. É absurda a suposição.
Assim, fica de pé a mais natural hipótese, ou seja, que "os irmãos de Jesus" eram
seus irmãos carnais, filhos de José e Maria, mais moços do que Ele. Assim, o lar de
Jesus não era pequeno nem desolado. Havia um bom grupo de não menos de nove
queridos que o constituíam.
Verifica-se ainda que. os irmãos de Jesus e sua mãe (provavelmente depois de morto
José, pois os Evangelhos não mais o referem depois de ter Jesus doze anos) viviam
com Ele e moravam onde Ele morava.
O casal José e Maria esteve em Belém; residiu uns dois anos no Egito; voltou a
Nazaré. Depois, Jesus morou em Cafarnaum, com os seus. Em Nazaré Cristo passou
a sua adolescência, aprendeu o ofício de carpinteiro e fez o seu curso de letras e de
religião.
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Os irmãos de Jesus tinham pela pessoa dele cuidado e estima. Certa feita, em grupo,
foram quase que à força buscá-lo no trabalho, que não lhe dava tempo nem para as
refeições (Mc 3.20,21,31,32).
Em síntese, pode-se dizer que, admitindo que Maria teve mais filhos além de Jesus,
ou não, isso não é de grande importância. Se os teve, foi uma bênção e uma honra
pa-ra ela e sua casa. Se não os teve, também não se desprestigiava por isso. Filhos,
dá-os ou não o Deus Criador.
2 - LAR ABENÇOADO
Com todas as fragilidades próprias da natureza humana, que devia ter havido nas
criaturas que constituíam os queridos do Senhor, o único que era, aí, perfeito e sem
pecado, Jesus soube aproveitar muito bem as bênçãos e privilégios do seu lar e do
contato que teve com a família e com os parentes. Vejamos alguns desses benefícios:
3- Jesus foi criado num ambiente de amor, não só ao trabalho, mas à vida
simples da Natureza. Em Nazaré, a família de José devia ter muita oportunidade de
entrar em contato com a Natureza. Os sermões de Jesus mostram como Ele bebera
na vida dos campos e das searas verdades gloriosas. Suas prédicas estão cheias de
símiles, figuras e aromas dos campos, dos regatos, das aves, das plantas, das
montanhas, da vida ao ar sadio e livre.
É interessante notar que essa mesma qualidade se encontra também em Tiago, irmão
de Jesus, na sua carta apostólica. Veja-se, só para exemplo, em Tiago, 1.10;
3.5,11,12,18; 4.14; 5.7, etc., uma cópia de símiles formosos, tirados da vida
campestre.
Quantas vezes, quem sabe, não foram Jesus e seus irmãos a agradáveis passeios em
redor de Nazaré, na sua natureza pujante? O lar deve conduzir os seus queridos ao
amor do Belo e do aprazível.
4- Jesus aprendeu no seu lar, embora humilde, o valor da vida honrada e digna.
Convém notar que o testemunho do povo, da gente que conhecia José, sua esposa,
filhos e filhas era o melhor possível (Mt 13.54-56; Mc 3.31-35; Lc 8.9-21). E no
percurso da carreira de Cristo, jamais alguém ousou argüir contra Ele qualquer mácula
da família e dos parentes.
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4. O lar não se faz feliz pelas exterioridades, e, sim, pela estima mútua, pela união dos
pais, filhos e irmãos entre si, pela piedade e pelo temor de Deus.
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