Você está na página 1de 4

Página |1

A FAMÍLIA DE JESUS
Marcos 6.1-3 – João 7.2-5 – Atos 1.14

A humanidade, na sua evolução racial e civilizadora, tem posto em ação, benéfica e


favorável à sua marcha, muitos fatores de evidente valia.

A ciência, a associação, o direito das gentes, a cultura, o trabalho, o progresso, tudo


tem sido degrau de ascensão dos povos em busca de sua felicidade. Mas, antes
desses fatores, e acima deles, há no mundo um poder - base e fundamento do resto: é
a família.

É do lar que decorrem as primaciais influências da evolução da raça. É na família que


se erige o seu edifício magnífico. É com a família que os povos marcham a bons
destinos. É pela família que a humanidade se agita e trabalha. Ao criar a sociedade
humana, Deus criou primeiro o Lar, e, por ele e com ele, a Igreja e a Nacionalidade.

E dos pais e sua prole legítima que parte o fio condutor da civilização. Tire da terra o
Lar, anulando-lhe o espírito de família, e você terá subvertido tudo.

Pois hoje vamos estudar com reverente curiosidade qual foi e como foi o maior, o
melhor e o mais prestigiado dos lares que já houve na terra, embora não fosse uma
sociedade de sangue azul, abastada, principesca ou forte no conceito político de sua
época - o lar de nosso Senhor.

Seja a família do Filho do Homem, e como Homem Perfeito, o padrão de nossas


famílias, o exemplo para todos nós na marcha de nossa felicidade.

1 - CONSTITUIÇÃO DO LAR DE JESUS


Não há melhor processo, mais lógico e mais razoável, de se chegar a uma conclusão
simples e verdadeira de como e de quem era constituído, na terra e no tempo em que
viveu, o lar de Cristo, senão o de ouvir o depoimento claro e fiel dos que foram amigos
e testemunhas dele, dos que com Ele conviveram na mais suave e doce
camaradagem.

Assim, leiamos por ordem cronológica os depoimentos mais à mão, sobre o caso em
apreço, registrados nos Evangelhos, e tiremos daí as conclusões racionais que as leis
do pensamento exigem, sem preconceitos nem dogmas, sem forçar os textos e as
palavras:

1. Ouçamos Mateus, 1.16, 18, 24, 25.


2. Ouçamos Lucas, 1.30,31,36, 39,40,56.
3. Voltemos a ouvir Mateus, 13.54-56.
4. Atendamos agora a João, 2.12; 7.3,5.
5. Vejamos, depois da ascensão de Cristo, o que se registra em Atos, 1.14.
6. E o que diz Paulo Gl 2.9.

Da leitura simples desses testemunhos colhe-se que a família de Jesus era constituída
de José, seu pai legal, judeu justo e da descendência de Davi, casado com uma jovem
de nome Maria, aparentada com Isabel, esposa do sacerdote Zacarias; que o primeiro
filho foi Jesus, concebido e nascido miraculosamente, em Belém de Judá; que o casal
teve, depois, mais filhos e filhas, sendo que se dão os nomes, pelo menos, de quatro
desses filhos, ficando anônimas as filhas, todos irmãos legítimos e consangüíneos de

www.semeandovida.org
Página |2

Jesus; que estes irmãos de Cristo, embora o estimassem (Mt 12.46-50), não creram
nele como o Messias até à época de sua morte; que, após a ressurreição de Jesus,
seus irmãos e irmãs se converteram e se tornaram discípulos dele; que um desses
irmãos de Jesus, Tiago (um dos quatro mencionados nos depoimentos dos apóstolos),
se tornou pastor da Igreja em Jerusalém e pessoa de grande conceito no círculo
cristão; que não se sabe nem quando nem como morreram, mais tarde, esses
parentes do Senhor.

Estas são as conclusões naturais e lógicas da leitura dos fatos acima.

Entretanto, autores antigos e a Igreja Romana têm tentado desfigurar esses fatos; e
para manter sua teoria de que Maria foi e permaneceu imaculada, e que não teve
filhos senão só Cristo, procuram explicar as expressões "irmãos de Jesus", tantas
vezes ocorrentes nos Evangelhos, por três teorias, cada qual mais absurda. Vejamo-
las:

1ª - "Os irmãos de Jesus não são irmãos no sentido carnal, e, sim, no sentido de
'discípulos' dele." Responde-se que isto é inadmissível, porque em vários lugares do
N.T. se faz diferença entre "os irmãos de Jesus" e seus "discípulos" (Jo 2.12; At 1.14;
Jo 7.3).

2ª - "Os irmãos de Jesus eram só meio-irmãos, filhos de José com sua primeira
esposa já falecida." Responde-se que isto não tem a menor base histórica; além do
mais, cai por terra diante do testemunho de Marcos, 6.1-4, onde se declara
formalmente que se tratava de Maria mesmo, como a mãe de Jesus e de seus irmãos
e irmãs.

3ª - "A palavra 'irmãos' se toma no sentido genérico de 'parentes', isto é, de 'primos' de


Jesus." Responde-se que no N.T. não há exemplo desse uso vocabular. Quando os
autores sagrados querem dizer "parente", usam a palavra própria — suggenes —,
como se vê em Lucas, 1.36,58; 2.44. Quando querem significar "primo", usam o termo
conveniente — anepsios —, como se vê em Colossenses, 4.10.

Além disso, para se admitir que os "irmãos de Jesus" eram seus "primos", é preciso
inventar uma irmã de Maria, nos Evangelhos, esposa de Cleófas (Jo 19.25), e fazer
este Cleófas ser o mesmo Alfeu de Mateus, 10.3. Ora, tal teoria cai aos pedaços
diante do fato de que Alfeu era pai de um Apóstolo, e João (7.3,5) declara
peremptoriamente que os "irmãos de Jesus" não criam nele. É absurda a suposição.

Assim, fica de pé a mais natural hipótese, ou seja, que "os irmãos de Jesus" eram
seus irmãos carnais, filhos de José e Maria, mais moços do que Ele. Assim, o lar de
Jesus não era pequeno nem desolado. Havia um bom grupo de não menos de nove
queridos que o constituíam.

Verifica-se ainda que. os irmãos de Jesus e sua mãe (provavelmente depois de morto
José, pois os Evangelhos não mais o referem depois de ter Jesus doze anos) viviam
com Ele e moravam onde Ele morava.

O casal José e Maria esteve em Belém; residiu uns dois anos no Egito; voltou a
Nazaré. Depois, Jesus morou em Cafarnaum, com os seus. Em Nazaré Cristo passou
a sua adolescência, aprendeu o ofício de carpinteiro e fez o seu curso de letras e de
religião.

www.semeandovida.org
Página |3

Os irmãos de Jesus tinham pela pessoa dele cuidado e estima. Certa feita, em grupo,
foram quase que à força buscá-lo no trabalho, que não lhe dava tempo nem para as
refeições (Mc 3.20,21,31,32).

Em síntese, pode-se dizer que, admitindo que Maria teve mais filhos além de Jesus,
ou não, isso não é de grande importância. Se os teve, foi uma bênção e uma honra
pa-ra ela e sua casa. Se não os teve, também não se desprestigiava por isso. Filhos,
dá-os ou não o Deus Criador.

2 - LAR ABENÇOADO
Com todas as fragilidades próprias da natureza humana, que devia ter havido nas
criaturas que constituíam os queridos do Senhor, o único que era, aí, perfeito e sem
pecado, Jesus soube aproveitar muito bem as bênçãos e privilégios do seu lar e do
contato que teve com a família e com os parentes. Vejamos alguns desses benefícios:

1- Jesus aprendeu a viver em obediência. O Evangelho registra este fato como de


capital importância na vida do Filho do Homem (Lc 2.51). Que lindo exemplo para os
filhos de hoje!

2- Jesus aproveitou todas as oportunidades para se cultivar normalmente.


Aprendeu a ler várias línguas, e a falá-las. Aprendeu um ofício. Aprendeu Religião.
Tanto Maria como José eram religiosos e piedosos. O cântico de Maria (Lc 2) prova-o.

3- Jesus foi criado num ambiente de amor, não só ao trabalho, mas à vida
simples da Natureza. Em Nazaré, a família de José devia ter muita oportunidade de
entrar em contato com a Natureza. Os sermões de Jesus mostram como Ele bebera
na vida dos campos e das searas verdades gloriosas. Suas prédicas estão cheias de
símiles, figuras e aromas dos campos, dos regatos, das aves, das plantas, das
montanhas, da vida ao ar sadio e livre.

É interessante notar que essa mesma qualidade se encontra também em Tiago, irmão
de Jesus, na sua carta apostólica. Veja-se, só para exemplo, em Tiago, 1.10;
3.5,11,12,18; 4.14; 5.7, etc., uma cópia de símiles formosos, tirados da vida
campestre.

Quantas vezes, quem sabe, não foram Jesus e seus irmãos a agradáveis passeios em
redor de Nazaré, na sua natureza pujante? O lar deve conduzir os seus queridos ao
amor do Belo e do aprazível.

4- Jesus aprendeu no seu lar, embora humilde, o valor da vida honrada e digna.
Convém notar que o testemunho do povo, da gente que conhecia José, sua esposa,
filhos e filhas era o melhor possível (Mt 13.54-56; Mc 3.31-35; Lc 8.9-21). E no
percurso da carreira de Cristo, jamais alguém ousou argüir contra Ele qualquer mácula
da família e dos parentes.

Denunciaram-no réu de vá-rios supostos crimes — revolucionário, mestre, sedutor do


povo, messias —, mas nunca de mau filho ou mau parente, ou oriundo de um lar
menos respeitável e menos digno. O lar é o cadinho onde se forjam as primeiras
linhas-mestras do caráter.

www.semeandovida.org
Página |4

3 - A FAMÍLIA DE JESUS E A NOSSA


1. A vida dos casados é um estado digno e honroso.

2. O verdadeiro lar se constitui legitimamente pelas leis do Amor, do Estado e o da


Igreja de Deus.

3. A maternidade é uma grande bênção, como é crime repugnante fugir ao sagrado


privilégio de ser mãe de filhos, quantos queira o Senhor enviar à família.

4. O lar não se faz feliz pelas exterioridades, e, sim, pela estima mútua, pela união dos
pais, filhos e irmãos entre si, pela piedade e pelo temor de Deus.

5. A simplicidade no lar é segredo da alegria.

6. Honra-se, honrando a Deus, o lar de boa reputação e respeito.

7. O lugar de primazia no lar cabe a Jesus.

8. Cristo amou os seus. O amor santifica o lar

AUTOR: REV. GALDINO MOREIRA

www.semeandovida.org

Você também pode gostar