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Deputado
Federal (1911-1914 e 1919-1923). Ministro da Justiça e Negócios Interiores (1914
1918). Consultor-Geral da República (1932-1934). Deputado à Assembléia Nacional
Constituinte (1933-1934). Procurador-Geral da República (1934-1936). Ministro da
Corte Suprema (nomeado em 1936, aposentado em 1941).
HERMENÊUTICA
APLICAÇÃO DO DIREITO
19a e d içã o
F O R E
R io de Jan eiro
2003
9a edição - 1979 16a edição - 1997 - 3a tiragem
9a edição - 1980- Ia tiragem 17a edição - 1998
9a edição - 1981 - 2a tiragem 18a edição- 1998
9a edição - 1984- 3a tiragem 18a edição - 1999 - 2a tiragem
10a edição- 1988 18a edição - 1999 - 3a tiragem
1 Ia edição - 1991 18a edição - 2000 - 4a tiragem
12a edição - 1992 19a edição - 2001
13a edição - 1993 19a edição - 2001 - 2a tiragem
14a edição - 1994 19a edição - 2002 - 3a tiragem
15a edição - 1995 19a edição - 2002 - 4a tiragem
16a edição - 1996 19a edição - 2003 - 5a tiragem
16a edição - 1997- complemento - 1997 19a edição- 2003 - 6a tiragem
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CIP - Brasil.
Catalogação-na-fonte.
Sindicato Nacional dos
Editores de Livros, RJ.
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SUMÁRIO
APÊNDICE
Afronto, de novo, as contingências da publicidade e os rigores da crítica; pela segunda vez con
denso em livro o fruto de estudo prolongado e cuidadosa pesquisa no campo da ciência que elegi para
objeto do meu labor profissional.
Oriento a minha atividade intelectiva no sentido das necessidades palpitantes do momento; in
vestigo e escrevo, impelido pelo desejo de ser útil ao Brasil. Bosquejei um tratado de Direito das Su
cessões, por observar que no Foro de todo o País, tanto nos pretórios modestos como nos de grande
movimento, dia a dia se litiga e discorre acerca daquele ramo da ciência jurídica. Precisamente quando
me afanava em concatenar os subsídios que deveriam constituir o arcabouço do meu projeto, encami
nharam o preparo final do Código Civil, cuja promulgação prejudicaria bastante o trabalho vazado no
Direito anterior. Por outro lado, conviria dar tempo ao abrolhar das controvérsias e à formação da ju
risprudência em torno das prescrições do novo repositório, antes de sistematizar a doutrina cristalizada
nos seus preceitos.
Mais urgente me pareceu, no momento, um livro sobre o assunto em que se revelara a mestria de
Barbalho, cuja obra não fora reimpressa depois da morte do brilhante jurisconsul to, e era já deficiente
para a época. Os erros de interpretação constitucional perturbavam a vida do País, suscitavam dissídios
entre os poderes públicos e comprometiam o prestígio das instituições. Depois do passamento daquele
exegeta do estatuto supremo, quase tudo o que aparecera sobre o assunto era antes obra de crítica e
combate, do que de construção e doutrina orgânica. Elaborei os Comentários à Constituição Brasileira, e a
excepcional acolhida que teve o meu trabalho, cuja primeira edição se esgotou em dois anos, atribuo à
falta de um livro nos moldes daquele e aos generosos louvores que lhe prodigalizaram os luminares da
crítica e das letras jurídicas, no Brasil e na República Argentina, visto não valer como penhor de êxito de
proporções tais a escassa nomeada do autor.
No dia Io de janeiro dc 1917 entrou em vigor o Código Civil. Ainda não houve tempo de se fazer,
para os aplicadores dele, o travesseiro ilusório e cômodo da jurisprudência. Existem comentários
relativamente valiosos, porém feitos à pressa, resumidos talvez em demasia. Só depois do transcurso de
vários lustros haverá elementos para se elaborarem as grandes construções sistematizadas. Acha-se o
aplicador do Direito obrigado a interpretar por conta própria, com o auxílio exclusivo das suas luzes
individuais, o texto recente. Cada um observa, mais por necessidade do que por preferência, o sábio
brocardo - Non exemplis sed legibus judicandum est.
Desde que todo juiz ou causídico é exegeta à força, valorizam-se os ensinamentos da Hermenêutica.
Entretanto sobre esta disciplina apenas se encontram capítulos muito breves, resumos de dez a doze
páginas em livros concernentes à Teoria Geral do Direito Civil.
Obra especial sobre Interpretação não se conhece, em português, nenhuma posterior à dc Paula
Batista, publicada há meio século. É um compêndio claro, conciso, digno do prestígio rapidamente
granjeado na sua época. Em relação à atualidade, além de falho, está atrasadíssimo. Nas sucessivas ti
ragens que mereceu, não o enriqueceram com ampliações e retoques. Demais, o professor da Faculdade
de Direito do Recife preferiu filiar-se à corrente tradicionalista: resistiu ao influxo avassalador dc um sol
que esplendia já no céu da juridicidade - Frederico Carlos de Savigny. Não obstante isso c talvez por ser o
compêndio único, o livrinho de Paula Batista ainda hoje goza de bastante autoridade no foro e nas
corporações legislativas; graças ao ascendente por ele exercido, ouvem-se, a cada passo, brocardos que a
Dogmática prestigiava e a ciência moderna abateu: - ln claris cessai interpretatio; -Fiat justitia, pereat
mundus; e assim por diante.
Quantos erros legislativos e judiciários decorrem da orientação retrógrafa da exegese!
Na Europa, depois da doutrina que o professor do Recife cristalizou no seu compêndio, surgiu,
prevaleceu e entrou em declínio, pelo menos parcial, a Escola Histórica. Depois de im perar por alguns
decênios, sofreu modificações até na própria essência: adaptou-se às idéias correntes: foi-se transfor
mando gradativamente no Sistema Histórico-Evolutivo, ou só Evolutivo afinal, graças ao influxo do credo,
jurídico-filosófico evangelizado por Jhering e difundido pelos mestres contemporâneos mais preclaros.
Despontou ainda, audaciosa e irresistivelmente sedutora, a corrente da livre indagação proeter legem,
talvez o evangelho do futuro. Enfim abrolhou, no mais formidável laboratório de filosofia jurídica destes
últimos cem anos, na erudita Alemanha, a arrojada concepção da freie rechtsfin-dung, livre pesquisa do
direito, proeter e contra legem1 (1).
Desse movimento evolucional, de proporções vastíssimas, não se apercebe quem apenas com-pulsa
a vetusta cartilha nacional de Hermenêutica.
Julguei prestar serviço ao País com escrever uma obra vazada nos moldes da doutrina vigente, e
dar conta de todas as tentativas renovadoras dos processos de interpretação. Mais necessário se me an-
tolha esse esforço vulgarizador onde os partidários da Dogmática tradicional, embora não formem na
vanguarda, todavia não constituem a coorte retardatária por excelência: atrás ainda resistem, altanei-ros,
os vexilários do processo verbal, os que discutem Direito com exclusivas citações de gramáticas e
dicionários das línguas neolatinas2 (2).
Versa a presente obra acerca da interpretação do Direito Civil, escrito ou consuetudinário.
Completam-na sínteses dos preceitos que especialmente regem a exegese de Atos Jurídicos, Direito
Constitucional, Comercial, Criminal e Fiscal.
Planejei trabalho sobre Hermenêutica. Os expositores da matéria sentem-se obrigados a tra ta r da
Analogia, que os tradicionalistas incluíam na esfera da Interpretação, e os contemporâneos classificam em
outro ramo do saber jurídico. Demais não se conseguem noções completas de Hermenêutica, sem
penetrar no terreno mais amplo da Aplicação, por guardarem vários assuntos íntima conexidade com um
e outro departamento científico: é o que sucede relativamente ao Direito Excepcional, ao estudo das
antinomias, bem como ao das leis imperativas ou proibitivas e de ordem pública. Por todos esses motivos,
também eu fui forçado a expor, ao lado da Hermenêutica, alguns temas referentes à Aplicação do Direito
propriamente dita, porém relacionados intimamente com a ciência do intérprete.
Alvejei objetivo duplo - destruir idéias radicadas no meio forense, porém expungidas da doutrina
4 5 5 (1 ) É um fato incontrastável a supremacia intelectual da Alemanha no campo teórico do Direito, a
partir da segunda metade do século dezenove. No Brasil, onde culmina a admiração e se evidencia a
preferência por tudo o que fazem e escrevem na Gália moderna, se tem estudado filosofia jurídica
em traduções francesas de obras alemãs: de Henrique Ahres, outrora; Savigny, depois; Jhering, en
fim. Os dois últimos foram chefes de escola universal: aquele, da História; este, da Evolucionista ou
Monismo jurídico-teleológico, ainda predominante na atualidade. Na própria França elevam o
prestígio de renovadores do Direito, pontífices da doutrina moderna, exatamente os que se distin
guem pela cultura germânica em cada página revelada em abundância: como exemplos basta men
cionar Geny e Saleilles.
4 5 6 (2 ) Sobretudo nos ramos em geral menos cultivados da ciência jurídica se torna evidente a ilusória
preferência pelo processo filológico: por exemplo, - quando ventilam, no foro, na imprensa, ou nas
Câmaras, teses de Direito Constitucional, ou Administrativo. Se abandonam excepcionalmente o
terreno gramatical, não vão além do elemento histórico.
triunfante no mur.Ho civilizado, e propiciar um guia para as lides do pretório e a prática da admi
nistração. Por isso me não pareceu de bom aviso manter invariável a preocupação de resumir, observada
quando elaborei os Comentários ao estatuto fundamental.
Como no Brasil, em toda parte o foro é demasiado conservador; o que a doutrina há muito varreu
das cogitações dos estudiosos, ainda os causídicos repetem e juizes numerosos prestigiam com os seus
arestos. Constituem exceções os tribunais ingleses, a Corte Suprema, de Washington, e, até certo ponto, a
Corte de Cassação, de Paris, no desapego ao formalismo, na visão larga, liberal, construtora, com que
interpretam e aplicam o Direito Positivo.
Pareceu-me obra de civismo concatenar argumentos contra as sobrevivências de preconceitos e
credos vetustos: ligar o passado ao presente, e descortinar a estrada ampla c iluminada para os ideais do
futuro. Eis por que este trabalho ficou mais longo do que no Brasil e em Portugal costumam ser os
tratados de Hermenêutica3 (3).
Como prefiro realizar obra de utilidade prática, expus as doutrinas avançadas, porém adotei, em
cada especialidade, a definitivamente vitoriosa, a medianeira entre as estreitezas do passado e as audácias
do futuro. Nas linhas gerais, fui muito além da Dogmática Tradicional; passei pela Escola Histórica;
detive-me na órbita luminosa e segura do Evohicionismo Teleológico. Descrevi apenas, em rápida síntese,
o esforço de Ehrlich e Geny, assim como a bravura semi-revolucionária de Kantoro-wiez e Stammler.
Para usar de uma expressão feliz e limitadora, inserta no adiantado Código Civil Helvético: esposei a
doutrina consagrada, vigente, aceita pela maioria dos juristas contemporâneos.
Neste particular, mantive a mesma orientação dos Comentários à Constituição Brasileira; não
pretendi inovar: com escrúpulo e sinceridade procurei nos meandros das divergências a teoria vitoriosa, o
postulado estabelecido, a ciência jurídica atual: nem retrocesso, nem arroubo revolucionário.
Exaustivo o labor, diuturna a pesquisa, a fim de coligir os materiais esparsos nas eminências
transcendentais da doutrina e no terreno acidentado da prática. Entretanto, se aos estudiosos e aos
competentes parecer que não fiquei distante do objetivo colimado, bendirei a tarefa matinal, contínua,
ininterrupta no decurso de quatro anos.
3 (3) Com intuito igual, e só no campo doutrinário, Geny produziu dois fortes volumes em quatro;
Bierling ocupou o tomo 4o do seu tratado profundo e monumental sobre a sistematização dos prin
cípios jurídicos, e Rodolfo Stammler escreveu duas obras de mais de seiscentas páginas cada uma. O
próprio compêndio teórico e prático do italiano Francisco Degni estende-se por 350 páginas em 4o,
tipo miúdo e, entretanto, abrange matéria menos vasta do que a da presente obra; por outro lado, o
belga Vander Eycken preencheu 430 páginas, de grande brilho, somente para defender a supremacia
da Escola Teleológica em Hermenêutica a doutrina da finalidade, já exposta, em toda a sua amplitude,
para os vários ramos do Direito, pelo egrégio Rodolfo Von Jhering, nos quatro volumes do Espirito do
Direito Romano e nos dois da Finalidade no Direito (Zweck im Recht).
OBRAS DO MESMO AUTOR
DIREITO DAS SUCESSÕES, 5a edição. Pela publicação da 3a edição desta obra, o Instituto dos
Advogados Brasileiros concedeu ao Autor o Prêmio Teixeira de Freitas, de 1953.
4 - C o n fu n d ir a c e p çõ e s é u m g ra n d e m a l e m te c n o lo g ia . O s tu d e s c o s o p ta ra m p e la s
e x p re ssõ e s e x a ra d a s n a p á g in a de ro sto d o liv ro d e T h ib a u t, q u e v e n c e u e m p re stíg io o de
Z a c h a ria e 2 (1) e se to rn o u clássic o - T h eorie d e r A u sle g u n g (T e o ria d a In te rp re ta ç ã o ) (2).
D e c e rto re c e a ra m ta m b é m q u e o v o c á b u lo a rra sta sse à c o n c e p ç ã o ro m a n a e
c a n ô n ic a d e H e rm e n ê u tic a - ex e g e se q u a se m e c â n ic a d o s te x to s (3), v a n ta jo sa m e n te
su b stitu íd a h o je p e la in te rp re ta ç ã o d o s m e sm o s c o m o fó rm u la s c o n c re ta s d o D ire ito
c ien tífico . T e m e ra m ig u a lm e n te que se n ã o to rn a sse c la ra a d ife re n ç a e n tre a
H e rm e n ê u tic a c ie n tífic a e m o d e rn a , e a q u e se o c u p a v a c o m a tra d u ç ã o e ex p lic a ç ã o d o s
liv ro s e sc rito s e m id io m a s estra n g e iro s, so b re tu d o e m lín g u a s m o rtas, c o m o o la tim , o
h eb ra ic o , o sâ n scrito e o g re g o an tig o .
5 6-(1) Bouvier - Law Dictionary, revisto por Francis Rawle, 8a ed., 1914, verb. Interpretation. (2) Felix
Berriat Saint-Prix - Manuel de Logique Juridique, 2a ed., p. 21, n° 34. (3)M.P. Fabreguettes-
LaLogique JudiciaireetVArt de Juger, 1914, p. 366, nota 1. Português, 4a ed., vol. I, p. 24, § 45.
(4) Emílio Caldara - Interpretazione delle Leggi, 1908; Francesco Degni - L 'Interpretazione
delia Legge, 1909.
Degni alarga o conceito de Lei, fazendo-o abranger o Direito Consuetudinário; porém não contesta
que a sua fórmula não compreende a interpretação dos atos jurídicos, exclui as convenções,
privadas ou internacionais. Vede n° 22.
457 G io rg io Giorgí - Teoria delle Obbligazioni, 7a ed., 1908, vol. IV, p. 193, n° 179.
4 5 8 E statu to s da Universidade, liv. II, tit. VI, cap. VI, § 10 e seguintes.
4 5 9 C o rre ia Teles - Comentário critico à Lei da Boa Razão, p. 446, do Auxiliar Jurídico, de Cândido
Mendes, que transcreveu, na íntegra, a obra do jurista português.
4 6 0 T rig o de Loureiro - Instituições de Direito Civil Brasileiro, 1861, vol. I, p. 23; Coelho da Rocha -
Instituições de Direito Civil Português, 4a ed., vol. I, § 45, p. 24.
4 6 1 B ern ard in o Carneiro - Primeiras Linhas de Hermenêutica Jurídica e Diplomática, 2a ed., Paula
Batista - Compêndio de Hermenêutica, 5a ed.
(lO)Clóvis Beviláqua - Código Civil Comentado, vol. I, 1916, p. 103, sobre o art. 59; Paulo de
Lacerda - Manual do Código Civil Brasileiro, vol. I, 1918, p. 507.
(5).
O s E sta tu to s d a U n iv e rs id a d e d e C o im b ra , p u b lic a d o s e m 1772, im p u n h a m ao
p ro fe s s o r d e H e rm e n ê u tic a Ju ríd ic a d e v e re s in d isp e n sá v e is p a ra to m a r p ro v e ito so o
e stu d o d a q u e la d is c ip lin a ( 6 ). N o C o m e n tá rio d a L ei d a B o a R a zã o (L e i d e 18 de a g o sto
de 1769), C o rre ia T e le s re c o m e n d a q u e se g u a rd e m a s re g ra s d a H e rm e n ê u tic a ,
G ra m á tic a , L ó g ic a e Ju ríd ic a (7). C o n se lh o ig u a l d e ra m T rig o d e L o u re iro e C o elh o d a
R o c h a a q u e m d e se ja sse in te rp re ta r c o m a c e rto s as leis ( 8 ). H erm en êu tica J u ríd ica e ra o
títu lo d e liv ro s a d o ta d o s n a s fa c u ld a d e s d e D ire ito d c P o rtu g a l e d o B ra sil (9); e a in d a
h o je é a ex p re ssã o p re fe rid a p e lo a u to r e p e lo s c o m e n ta d o re s d o C ó d ig o C iv il (10).
7 - N ã o b a s ta c o n h e c e r a s re g ra s ap lic á v e is p a ra d e te rm in a r o se n tid o e o alc a n ce
d o s tex to s. P arece n e c e ssá rio re u n i-la s e, n u m to d o h a rm ô n ic o , o fe re c ê -la s ao estu d o , em
u m e n c a d e a m e n to ló g ico .
D e sc o b e rto s os m é to d o s d e in te rp re ta ç ã o , e x a m in a d o s e m sep a ra d o , u m p o r um ;
n a d a re s u lta ria d e o rg ân ico , d e c o n stru to r, se o s n ã o e n fe ix á sse m o s em u m to d o ló g ic o ,
e m u m co m p le x o h a rm ô n ic o . A a n á lise su c e d a a síntese. In te rv e n h a a H e rm e n ê u tic a , a
fim d e p ro c e d e r à siste m a tiza ç ã o d o s p ro c e sso s ap lic á v e is p a ra d e te rm in a r o sen tid o e o
alc a n c e d as e x p re ssõ e s d o D ireito .
APLICAÇÃO DO DIREITO
7 8 - (1) Gmür, Prof, da Universidade de Berne, op. cit. p. 34-35. Prescreviam os Estatutos da Uni
versidade de Coimbra, de 1772, Liv. II, tit. Ill, cap. VIII:
”4. Distinguira (o professor) as três diferentes Idades da Jurisprudência Forense; ou os três diversos
caminhos e métodos de aplicação das Leis, que seguiram os Juristas Pragmáticos. E fará ver que foi a
primeira a da Autoridade da Glossa; a segunda a da Opinião Comum dos Doutores; e a terceira a da
Observância, ou a das Decisões, Casos Julgados e Arestos.
5. Mostrará os manifestos abusos, que em todas elas se tem cometido no exercício da Jurisprudência,
e na aplicação das Leis aos casos ocorrentes no Foro; fazendo ver que o verdadeiro e legítimo meio da
sólida e exata aplicação das Leis às causas forenses consiste precisamente na boa aplicação das
Regras e Princípios do Direito aos fatos; depois de se terem bem explorado, e compreendido todas as
circunstâncias específicas deles; depois de se haverem escropulosamcnte confrontado com as
circunstâncias das ditas Regras, e das Leis, de que elas foram deduzidas, e com todas as de
terminações individuais e específicas das mesmas Leis; e depois de se ter bem reconhecido a iden
tidade de todas as ditas circunstâncias das Leis, e dos fatos por meio de um bom e exato raciocínio.”
(2) Rcuterskioeld, Prof, da Universidade de Upsala, na Suécia, op. cit., p. 61.
8 9- (1) Reuterskioeld, op. cit, p. 86; Karl Von Gareis, Prof, da Universidade de Munique, op. cit., p. 61
62.
(2) Os Estatutos da Universidade de Coimbra, de 1772, exatamente no capítulo que tem por epígra
fe - Da Aplicação do Direito (liv. II, tit. VI, cap. VIII), mandam, primeiro, compreender bem o
caso proposto; depois procurar a frase jurídica aplicável ao mesmo. Deve-se indagar quais as leis
que existem ”para a regulação do referido negócio”; em seguida, ”a que mais se chega para as cir
cunstâncias da caso”; e, afinal, ”considerar-se o que ela determina”.
Na última frase entra em função a Hermenêutica.
4 62C lóvis Beviláqua - Teoria Geral do Direito Civil, 1908, p. 17-25; Reuterskioeld. op. cit., 33;
Gareis, op. cit., p. 48 e 62.
4 6 3 Gareis, op. cit., p. 63-64.
9 10-(1) Gareis, op. cit., p. 61-62.
4 6 4 G areis, op. cit., p. 62.
4 6 5 B e rn h a rd Windscheid - Lehrbuch des Pandeklenrechts, 8a ed., vol., I, § 21, nota 1; Savigny
-Traité de Droit Romain, trad Guenoux. vol. I, § 38; Sabino Jandoli - Sulla Teoria delia interpreta-
zionedelleLeggicon SpecialeRiguardo alie CorrenliMetodologiche, 1921, p. 72: Gareis, op. cit., p.
62.
4 6 6 Jan d o li, op. cit., p. 72; Gareis, op. cit., p. 62-64; Reuterskioeld, op. cit., p. 33.
IN T E R P R E T A Ç Ã O
co m p le to , a o b ra m o d e rn a d o h erm e n e u ta .
In te rp re ta r u m a ex p re ssã o d e D ire ito n ã o é sim p le sm e n te to rn a r cla ro o resp e c tiv o
dizer, a b stra ta m e n te fa la n d o ; é, so b re tu d o , re v e la r o se n tid o a p ro p ria d o p a ra a v id a real, e
co n d u c e n te a u m a d ecisã o re ta (3).
N ã o se tra ta d e u m a arte p a ra sim p le s d ele ite in te le c tu a l, p a ra o g o z o d as p e sq u isa s
e o p a ssa te m p o d e an a lisa r, c o m p a ra r e e x p lic a r o s te x to s; a ssu m e , an te s, a s p ro p o rç õ e s
de u m a d isc ip lin a e m in e n te m e n te p rá tic a , útil n a a tiv id a d e d iária, a u x ilia r e g u ia d o s
re a liz a d o re s e sc lare c id o s, p re o c u p a d o s em p ro m o v e r o p ro g re sso , d e n tro d a o rd e m ; b e m
co m o d o s q u e v e n tila m n o s p re tó rio s o s c a so s c o n tro v e rtid o s, e d o s q u e d e c id e m os
litíg io s e re s ta b e le c e m o D ire ito p o sterg ad o .
P o r m a is h á b e is q u e se ja m o s e la b o ra d o re s d e u m C ó d ig o , lo g o d e p o is de p r o
m u lg a d o su rg e m d ific u ld a d e s e d ú v id a s so b re a a p lic a ç ã o d e d isp o sitiv o s b e m red ig id o s.
U m a c e n te n a d e h o m e n s c u lto s e e x p e rim e n ta d o s se ria in c a p a z d e a b ra n g e r e m su a v isã o
lú c id a a in fin ita v a rie d a d e d o s c o n flito s de in te re sse s en tre os h o m e n s. N ã o p e rd u ra o
a c o rd o e sta b ele cid o , e n tre o te x to e x p re sso e a s re a lid a d e s o b jetiv as. F ix o u -se o D ire ito
P o sitiv o ; p o ré m a v id a c o n tin u a , e v o lv e , d e sd o b ra -se em a tiv id a d e s d iv ersas, m a n ife sta -se
so b a sp e c to s m ú ltip lo s: m o ra is, so ciais, eco n ô m ico s.
T ra n sfo rm a m -se as situ a ç õ es, in te re sse s e n e g ó c io s q u e tev e o C ó d ig o em m ira
reg u lar. S u rg e m fe n ô m e n o s im p re v isto s, esp a lh a m -se n o v a s id é ias, a té c n ic a re v e la c o isas
c u ja e x is tê n c ia n in g u é m p o d e ria p re s u m ir q u a n d o o te x to fo i e la b o ra d o . N e m p o r isso se
d ev e c e n su ra r o le g isla d o r, n e m re fo rm a r a su a obra. A le tra p e rm an e ce : ap e n a s o sen tid o
se a d a p ta às m u d a n ç a s q u e a e v o lu ç ã o o p era n a v id a so c ia l ( 2 ).
O in térp re te é o re n o v a d o r in te lig e n te e c au to , o so ció lo g o do D ire ito . O seu
tra b a lh o re ju v e n e sc e e fe c u n d a a fó rm u la p re m a tu ra m e n te d e c ré p ita, e a tu a c o m o
e le m e n to in te g ra d o r e c o m p le m e n ta r d a p ró p ria le i escrita. E s ta é a e stática, e a fu n ç ã o
in te rp re ta tiv a , a d in â m ic a d o D ire ito (3).
E m F ra n ç a , as m a is d as v e z e s a ju ris p ru d ê n c ia cria d o ra p re c e d e u a le g isla ç ã o ; d a í o
p re stíg io d a fra se d e C elice, "o le g isla d o r é a n tes u m a te s te m u n h a q u e a firm a a e x istê n c ia
d o p ro g re sso d o q u e u m o b reiro q u e o re a liz a " (4).
N o B ra sil a c o n te c e u o m esm o : a C o rte S u p rem a im p e d iu , p o r m eio d e h a b ea s
corpu s, d u ra n te o esta d o d e sítio, o d e g red o p a ra lu g a re s sem so cia b ilid ad e ; a C o n s
titu iç ã o d e 1934 c o n v e rte u as c o n c lu sõ e s d o s A c ó rd ã o s e m re g ra su p re m a (a rtig o s 175, §
I o; art. 2 0 9 , III, d a d e 1946).
N ã o ra ro , a o b ra re n o v a d o ra p a rte d o s ju iz e s in fe rio re s (5), p o r is to m esm o , n ã o h á
m o tiv o p a ra im p o r a o s m a g istra d o s o b e d iê n c ia c o m p u lsó ria à ju ris p ru d ê n c ia su p e rio r
c o m o fa z ia m d iv e rso s trib u n a is lo c a is m e d ia n te a d v e rtê n c ia s e cen su ras.
25 CARLOS MAXIMILIANO
17 - S em e m b a rg o d a s e x ig ê n c ia s n o v a s, d e c o rre n te s d a e v o lu ç ã o p o s te rio r ao
C ó d ig o , v ig o ra este c o m o se tu d o p re v isse , c o m o se fo ra p re p a ra d o p a ra to d a s as
e v e n tu a lid a d e s e e n c e rra sse a so lu ção p a ra q u a lq u e r c aso p o ssív el. D a í se n ã o d e p re e n d e
q u e a le i é c o m p le ta , d e fa to ; c o n c lu i-se , ap en a s, d e v e r a m e sm a se r e n c a ra d a e ap lic a d a
co m o se fo ra se m fa lh a s, se m d e fic iê n c ia s im p o ssív e is d e p re e n c h e r 15 ( 1 ).
A n te a im p o ssib ilid a d e d e p re v e r to d o s o s ca so s p a rtic u la re s, o le g is la d o r p re fe re
p a ira r n a s a ltu ra s, fix a r p rin c íp io s,- e sta b e le c e r p re c e ito s g erais, d e la rg o a lca n c e , e m b o ra
p re c iso s e claro s. D e ix a ao a p lic a d o r d o D ire ito Q u iz, a u to rid a d e a d m in istra tiv a , o u
h o m e m p a rtic u la r) a ta re fa d e e n q u a d ra r o fa to h u m a n o e m u m a n o rm a ju ríd ic a , p a ra o
q u e é in d isp e n sá v e l c o m p re e n d ê -la b e m , d e te rm in a r-lh e o co n te ú d o . A o p a s s a r d o te rre n o
d a s a b stra ç õ e s p a ra o d as re alid a d e s, p u lu la m o s em b a ra ç o s; p o r isso a n e c e ssid a d e da
In te rp re ta ç ã o é p e rm a n e n te , p o r m a is b e m fo rm u la d a s q u e se ja m as p re s c riç õ e s le g a is (2).
O le g isla d o r a sse m e lh a -se ao g e n e ra lissim o de u m g ra n d e e x ército . U m e x p e
rim e n ta d o ch efe m ilita r n ã o o rd e n a a s m e n o re s o p e ra ç õ e s d e tática: a b sté m -se de
p re s c re v e r u m a c o n d u ta p a ra c a d a e v e n tu a lid a d e . D á in stru ç õ e s a m p las: fris a d ire tiv a s
48518-(l)Gmür.op.cit.,p. 80-81.
4 8 6 1 9 - (1) Prof. Raymond Saleilles - Prefácio do livro de Francois Geny - Méthode d 'Interpretation, 2a
ed., 1919; Gmür, op. cit. p. 72-73.
(2) Wurzel - Das Juristiche Denken, in ”Oesterreichisches Zentralblatt” cit., Viena, vol. 21, p. 762-767
e 948-951.
27 CARLOS MAXIMILIANO
20 - A p a la v ra, q u e r c o n sid e ra d a is o la d a m e n te , q u e r e m c o m b in a ç ã o c o m o u
tra p a ra fo rm a r a n o rm a ju ríd ic a , o ste n ta a p en a s rig id e z ilu só ria , ex terio r. E p o r sua
n a tu re z a e lá stic a e d ú ctil, v a ria de sig n ific aç ã o c o m o tra n sc o rre r d o te m p o e a m a r
c h a d a c iv ilização . T e m , p o r isso , a v a n ta g e m d e tra d u z ir as re a lid a d e s ju ríd ic a s su
cessiv as. P o ssu i, e n treta n to , os d e fe ito s d a s su as q u a lid a d e s; d eb a ix o do in v ó lu c ro
fix o , in a lte ra d o , d issim u la p e n sa m e n to s d iv e rso s, in fin ita m e n te v a rie g a d o s e sem
c o n sistê n c ia re a l ' 8 (1). P o r fo ra, o d iz e r p re c iso ; d en tro , u m a p o lic ro m ia d e id éias.
T ra ç a r u m ru m o n e sse m a r re v o lto ; n u m a to rre n te d e v o c á b u lo s d e sc o b rir u m
c o n c e ito ; e n tre a c e p ç õ e s v á ria s e h ip ó te se s d iv e rg e n te s fix a r a so lu ç ã o d e fin itiv a , lú cid a,
p re c isa ; d e te rm in a r o se n tid o ex ato e a e x te n sã o d a fó rm u la le g a l - é a ta re fa d o in térp rete.
N ã o lh e c o m p ete a p e n a s p ro c u ra r atrá s d as p a la v ra s o s p e n sa m e n to s p o ssív e is, m as
ta m b é m e n tre o s p e n sa m e n to s p o ssív e is o ú n ic o a p ro p ria d o , co rreto , ju ríd ic o (2 ).
18 20 - (1) Francois Geny - Science et Technique en Droit Prive Positif, 1914, vol. I, p. 150-51. (2) Dr.
Josef KoMer - Lehrbuch cies Bürgerlichen Rechts, 1906-1915, vol. I, p. 125-126.
to d a s, e m b o ra d en tro d a re la tiv id a d e d a s so lu ç õ e s h u m a n a s; g u ia o e x e c u to r p a ra
d e sc o b rir e d e te rm in a r ta m b é m o alcan ce, a exten são d e u m p re c e ito leg al, o u d o s te rm o s
d e ato de ú ltim a v o n ta d e , o u d e sim p le s co n trato .
28 CARLOS MAXIMILIANO
22 - A lg u n s a u to re s a d o ta m o títu lo In te rp re ta ç ã o d a s L e is p a ra o s liv ro s, o u
c a p ítu lo s, em q u e tra ç a m re g ra s d e H e rm en ê u tic a . A p re fe rê n c ia n ã o se ju stific a . D c fato ,
so b re as le is re c a i a m a io r a tiv id a d e in v e s tig a d o ra d o ex e g e ta e sc la re c e r-lh e s o
sig n ific a d o c d e sc o b rir-lh e s o c o n te ú d o c o n stitu e m p a ra e le o o b je tiv o p rin c ip a l, p o ré m
n ã o - ex clu siv o . J á se e x p õ e ao risc o d e fo rç a r u m p o u c o o sen tid o d o s v o c á b u lo s aq u ele
q u e in c lu i n a d e n o m in aç ã o d e le is o D ire ito C o n su e tu d in á rio ; d e c re to s d o P o d er
E x e c u tiv o ; re g u la m e n to s e m g eral; a v iso s e p o rta ria s m in iste riais; in stru ç õ e s e c irc u lare s
d e a u to rid a d e s a d m in is tra tiv a s 1 9 (1). E n tre ta n to , a in d a a ss im a ep íg ra fe a d o ta d a v a rre ria ,
im p lic ita m e n te , d o c a m p o d a In te rp re ta ç ã o , m a te ria is q u e ali d e v e ria m se r c o lo cad o s:
u so s, d e c isõ e s ju d ic iá ria s; c o n tra to s, te s ta m e n to s e o u tro s a to s ju ríd ic o s ; aju ste s e tra ta d o s
19 22 - (1) Francesco Degni faz a inclusão mencionada; embora no mesmo livro, distinga da interpretação
das leis a do Direito Consuetudinário (/’ Interpretazione delia Legge, 1909, p. 2 e 50-56). (2) Paul
Vander Eycken - Méthode Positive de I 'Interpretation, Juridique, 1907, p. 18. Parecem elucidativas
algumas definições formuladas por afamados jurisconsultos: ''Interpretação é a pesquisa e a
explicação do sentido da lei” (Coviello - Manuale di Diritto Civile Italiano, 2a ed„ 1915, vol. I, n° 62).
Semelhante é o dizer de Ahrens - Encyclopédie Juridique, trad Chauffard, vol. I, p. 104. ”Chama-se
Interpretação a determinação do verdadeiro significado da norma jurídica” (Bierling, Professor da
Universidade de Greifswald, vol. IV, p. 197). Pensam do mesmo modo Pacifi-ci-Mazzoni (Instituzioni
di Diritto Civile Italiano. 3a ed., vol. I, p. 30, n° 16) e Caldara (op. cit, p. 5). ''Interpretação é a atividade
científica dirigida para descobrir o conteúdo de uma norma jurídica” (Crome - System des Deutschen
Biirgerlichen Rechts, 1900-1912, vol. I, p. 96). Pronunciaram-se de maneira quase igual Windscheid
(Lehrbuch des Pandektenrechts, 8a ed., vol. I, p. 81), Dernburg (Pandelte, trad. Cicala, vol. I, p. 85),
Gludice (Enciclopédia Giuridica, 2a ed., p. 30), Ferrini (Diritto Romano, 1898, p. 7) e Savigny (op. e
trad, cits., vol. I, p. 202).
”A Interpretação descobre o conteúdo de um texto legal e o exprime por outras palavras” (Gmür, op.
cit. p. 35).
”Chama-se Interpretação a operação lógica efetuada para se compreender o que a lei prescreve, a
mens ou sententia legis ou legislatoris " (Bonfante - Instituzioni di Diritto Romano, 2a ed., p. 23).
”Interpretar a lei é revelar o pensamento que anima as suas palavras” (Clóvis Beviláqua - Teoria
Geral do Direito Civil, p. 47).
”Prescreve-se a Interpretação, em geral,-para fixara regra dc determinada relação jurídica mediante
a percepção clara e exata da norm a sancionada pelo legislador” (Pasquale Fiore - Delle Disposizioni
Generali sulla Pubblicazione. Applicazione ed Interpretazione delle Leggi, 1890, vol. II, p. 517).
''Interpretação é a declaração precisa do conteúdo e do verdadeiro sentido das normas jurídicas "
(Espínola - Sistema do Direito Civil Brasileiro, 1908, vol. I, p. 125). Opinaram em termos mais ou
menos idênticos Henri Capitant (Introduction à I etude du Droit Civil, 3a ed., 72) e Degni (op. cit., p. 1).
”Explicar o sentido e o alcance da norma jurídica - eis a tarefa da Interpretação” (Korkounov, Prof,
da Universidade de Petrogrado, op. e trad, cits., p. 525). Doutrinaram de acordo com o mestre russo:
Baudry-Lacantinerie & Houques-Aourcade (Truité théorique et pratique de Droit Civil, Des Personnes,
2a ed., vol., I, n°240), Planiol (Traitè Elèmentaire de Droit Civil, 7a ed., vol. I, n°215) e Kohler, Prof, da
Universidade de Berlim (vol. I, p. 122).
V O N T A D E D O L E G IS L A D O R
Do confronto e da crítica das várias definições transcritas resultará talvez justificada a preferência
pelo conceito seguinte, que é o transunto de todas elas, a Interpretação tem por objeto determinar o
sentido e o alcance das expressões do Direito.
20 23 - (1) Domat - Teoria da Interpretação das Leis, trad, de J. H. Correia Teles, reproduzida inte
gralmente no Código Filipino, de Cândido Mendes, vol. Ill, p. 425, n° 4.
487F erd in an d o Puglia, Prof, da Universidade de Messina - Saggi di Filosofia Giuridica, 2a ed., p. 25.
4 8 8 Icilio Vanni - Lezioni di Filosofia deiDirilto, 4a ed., 1920, p. 182-83; Sabino Jandoli - Sulla Teoria
delia Interpretazione delle Leggi con Speciale Riguardo alie Correnti Metodologiche. 1921, p. 22-23.
489G iacom o Perticone - Teoria dei Dirilto dello Stato, 1937, p. 5-6. Veden”
16.
21 24 - (1) H erbert Spencer -Justice, trad, de Castelot, 2a ed., p. 44. No mesmo sentido doutrinaram
Wurzel, in ”OesterreichischesZentralblatt” cit., vol. 21, p. 766-767, e Roberto de Ruggiero, Prof, da
Universidade de Roma - lstituzioni di Diritto Civile, 7a ed., vol. I, § 17, b, p. 129-30.
4 9 0 K o h ler, Prof, da Universidade de Berlim, vol. I, p. 123.
4 9 1 Jethro Brown - The Underlying Principles o f Modern Legislation, 1915, p. 38.
49 2 B ro w n , Prof, da Universidade de Adelaide, na Austrália, op. cit., p. 137 e 140.
No Império do Brasil havia dois partidos políticos: Liberal e Conservador. A Idéia mais sedutora e
brilhante do primeiro, combatida pelo segundo em certa época, foi por este realizada parcialmente, a
princípio; de modo definitivo, depois: Ministério e Câmara de conservadores elaboraram a lei de 28
de setembro de 1871, chamada — do Ventre Livre, porque declarava isentos da servidão os filhos de
mulher escrava nascidos no Brasil; e concluíram a obra em 13 de maio de 1888, com a Lei da
Abolição, assim denominada porque extinguia a escravidão no País.
Na política Inglesa e na dos Estados Unidos Ostrogorski aponta inúmeros exemplos de falta de apego
aos programas, semelhança nas atitudes, plano de um partido observado ou completado pelo outro,
malgrado o antagonismo aparente dos ideais orgânicos (Ostrogorski - La Democratic et I'Organisation
des Partis Politiques, 1903, 2 vols.).
23 26 - (1) Com ser deísta, Bismarck se não distanciava, no fundo, da concepção spenceriana, ou comtista,
do homem de governo. Dizia ele:
”O estadista não pode inventar; nem criar coisa alguma; cabe-lhe apenas esperar e ficar à escuta até
ouvir, através dos acontecimentos, o rum or dos passos do Eterno; e então saltar à frente deste e se
gurar-lhe as pontas do manto: isto é tudo” (Erwin Rose - Bismarck dergrosse Deutsche, 6a ed., p. 164).
A coexistência dos dois fatores, sociológico e individual, foi apreendida por Fredc.ico. o Grande, que a
concretizou na seguinte máxima: ”Apanhar a ocasião e empreender quando ela é favorável; porém
não a forçar, abandonando tudo ao acaso” (Albert Sorel - L 'Europe et la Revolution Fran-çaise, 1905,
vol. I, p. 23).
(2) Kohler, vol. I, p. 129-141; Coviello, vol. I, p. 63-64.
4 9 5 2 7 - (1) Prof. Wigmore - The Judicial Function, prefácio da Science o f Legal Method, de Brunc-ken
& Register, p. XXXIII.
4 9 6 2 8 - (1) Fritz Berolzheimer - Me Gefrahren einer Gefühlsjurisprudenz, 1911, p. 7 e 19; R. Saleilles -
Prefácio cit., p. XIV.
497F rancesco Ferrara - Trattalo di Diritto Civile Italiano, vol. I, 1921, p. 210; Saleilles - Prefácio cit.,
p. XIV-XV.
4 9 8 F e rra ra , Prof, da Universidade de Pisa, vol. I, p. 210 a 212; Saleilles - Prefácio cit., p. XV-XVII;
Theodor Rittler - Lehrbuch des Oesterreichischen Strafrechts, vol. I, 1933, p. 23-24.
4 9 9 A lfred Bozi - Die Weltanschauung der Jurisprudenz, 2aed., 1911, p. 88-89; Berolzheimer, op. cit.,
p. 5-6.
27 30-(l)Bozi,op.,cit., p. 90-91.
(2) Berolzheimer, op. cit., p. 169-170; Wurzel, vol. 21 cit., p. 772.
28 31 - (1) Roscoe Pound - Courts andLegislation, in ” Sc. of Legal Method” cit., p. 227-228.
N a v e rd a d e , a id é ia d e in d a g a r a p e n a s q u a l o p e n sa m e n to d o s e la b o ra d o re s d e u m a
n o rm a é de ta l m o d o d ifíc il d e su s te n ta r e m to d a a lin h a q u e a té m e sm o a p o lo g ista s de
la rg o p re stíg io c ie n tífic o p re fe re m c o n c iliá -la c o m a e v o lu ç ã o , a d m itir q u e o esp írito , o
co n te ú d o d a le i se a lte ra sem se r m o d ific a d a a fo rm a. O ju iz a p lica, h o je , os p re c e ito s
a n u la tó rio s d o s c o n tra to s in c o m p a tív e is c o m a M o ra l; p o ré m to m a p o r b a se e sta c o m o se
en te n d e n o p re se n te , e n ão a d a é p o c a e m q u e fo i o te x to p ro m u lg a d o .
T a m b é m as n o ç õ e s d e o rd e m p ú b lic a , h ig ie n e e o u tra s v a ria m c o m a s id é ia s do
m eio am bien te, e a ssim m u tá ve is a s c o m p re e n d e o h e rm e n e u ta ( 2 ).
A lei é a v o n ta d e tra n sfo rm a d a e m p ala v ra s, u m a fo rç a c o n sta n te e v iv a z , o b
je tiv a d a e in d e p e n d e n te d o se u p ro la to r; p ro c u ra -se o se n tid o im a n e n te n o te x to , e n ão o
q u e o e la b o ra d o r te v e e m m ira (3).
32 35 - (1) Heinrich Thoel - Das Handelsrecht, 6a ed., vol. I, § 21, nota 5; Bonnecase, Prof, da Uni
versidade de Bordéus, op. cit, p. 79.
5 0 8 F e rra ra , vol. I, p. 210-211; Bonnecase, op. cit., p. 79-80; De Ruggiero, vol. I, § 17,4, d, p. 133. Até
mesmo no campo do Direito Criminal é de observar a orientação acima aconselhada (Hippel
-Deutsches Sírafrecht, vol. I, 1925-1930, p. 38; Theodor Rittler - Lehrbuch des Oesterreichschen
Strafrechts, vol. I, 1933, p. 23-24).
5 0 9 F e rra ra , vol.1, p. 210.
Mostram-se contraditórios os corifeus da escola dogmática; porquanto, ao mesmo tempo que forçam
o jurista a limitar-se a buscar e aplicar apenas o pensamento, a vontade do legislador, aceitam o que
eles denominam - interpretação por analogia, isto é, a extensão da regra jurídica aos casos
semelhantes, não previstos pelos autores do texto, nem incluídos verdadeiramente neste (Gareis, op.
cit., p. 63).
Vede o capítulo - Analogia, n os 238-240.
33 37 -(1) K arl Wurzel - Das Juristiche Denken, in ”Oesterreichich.es Zentralblatt” cit., vol. 21, p. 955.
(2) Wurzel, revista cit., vol. 21, p. 955.
34 38 - (1) Vander Eycken, op. cit., p. 346-347; Jandoli, op. cit., p. 19.
5\0D igesto, liv. 25, tít. 4. frag. 1, § 11.
511Digesto, liv. 32, tít. 3, frag. 25, 1.
5 1 2 R u d o lf Stammler - Die Lehre von dem Richtigen Rechte, 1902, p. 499-500. Vede
o capítulo - Brocardos.
5 1 3 Kiss, op. cit., p. 17, nota 2; Degni, op. cit., p. 57.
514Digesto, liv. 1, tít. 3, frag. 17.
5 1 5 Windscheid, vol. I, p. 85 e nota 9.
516D egni, op. cit., p. 57.
35 40 -(1) Degni, op. cit.,p. 58; Virgílio de Sá Pereira -Dois Brocardos, separata da ”Rev. Geral de
Direito, Legislação e Jurisprudência”, 1920, p. 16-18.
(2) Paula Batista, op. cit, § 3 e nota 1.
Na mesma época o Conselheiro Ribas ensinava o contrário, precisamente a boa doutrina, em sua
cátedra na Faculdade de Direito de São Paulo (Antônio Joaquim Ribas - Curso de Direito Civil
Brasileiro, 2a ed., 1880, vol. I, p. 283). Foi aliás, um Professor da Faculdade do Recife, Tobias Barreto,
que introduziu no Brasil a moderna cultura jurídico-filosófica alemã.
(3) Chironi & Abello- Trattato diDiritto Civile italiano, vol. 1,1904, p. 56; EmmanueleGianturco
- Sistema di Diritto Civile Italiano, 3a ed., I, p. 114; Sá Pereira, op. cit., p. 8: Ribas, vol. I, p. 283;
Paulo de Lacerda, vol. I, nos 243 e 262; Espínola, Prof, da Faculdade de Direito da Bahia - Sistema
cit., vol. I, p. 126, 129 e nota 10; Miraglia, Prof, da Universidade de Nápoles, vol. l,p. 249;DeFi-
lippis, Prof, da Universidade de Milão, vol. I, p. 85; Saredo, op. cit., n os 536-537; Giudice, Prof, da
Universidade de Pavia, op. cit., p. 30; Filomusi Guelfi, Prof, da Universidade de Roma, op. cit., p.
145; Caldara, op. cit., n os 6-10; Degni, op. cit., p. 61-67; Coviello, Prof, da Universidade de Cata-
nia, vol. I, p. 63; Laurent, Prof, da Universidade de Gand, vol. I, n° 269; Planiol, Prof, da Universi
dade de Paris, vol. I, n° 216 (menos decisivo); Savigny, vol. I, p. 201; Windscheid, vol. I, p. 85;
Biermann, Prof, da Universidade de Giessen, vol. I, p. 29 e nota 6; Kiss, op. cit., p. 17; Bierling,
vol. IV, p. 198; Gmür, op. cit., p. 35-36; Aubry & Rau, Falcimaigne e Gault- Cours de Droit Civil,
5” ed., vol. I, § 40, p. 193; Giovanni Lomonaco-Istituzioni di Diritto Civile, 2a ed., vol. I, p. 83; Pa-
cificimazzoni - Istituzioni di Diritto Civile, vol. I, n° 16; Nicola Stolfi - Diritto Civile, vol. I, n°s
806-807; Manresa y Navarro - Comentários al Codieo Civil Espanol. 2" ed vol t n 7 7 -VaivprHf
m o d e rn o s c o m o su sc e tív e is d e in te rp re ta ç ã o (3).
41 - A p a la v ra é u m m a u v e íc u lo d o p e n sa m e n to ; p o r isso , e m b o ra d e a p a rê n -'c ia
tra n slú c id a a fo rm a , n ã o re v e la to d o o c o n te ú d o d a le i, re s ta se m p re m a rg e m p a ra
co n c e ito s e d ú v id a s; a p ró p ria le tra n e m sem p re in d ic a se d e v e se r e n te n d id a à risc a , o u
a p lic a d a e x te n siv a m e n te ; en fim , até m e sm o a c la re z a e x te rio r ilu d e ; sob u m só in v ó lu c ro
v e rb a l se c o n c h e g a m e e sc o n d e m v á ria s id é ia s, v a lo re s m a is a m p lo s e p ro fu n d o s d o q u e
o s re s u lta n te s d a sim p les a p re c ia ç ã o lite ra l d o te x to 36 (1).
N ã o h á fó rm u la q u e a b ra n ja as in ú m e ra s re la ç õ e s e te rn a m e n te v a riá v e is d a v id a ;
c ab e ao h e rm e n e u ta p re c isa m e n te a d a p ta r o te x to ríg id o a o s fa to s, q u e d ia a d ia su rg e m e
se d e se n v o lv e m sob a sp e c to s im p re v isto s.
N ítid a o u o b sc u ra a n o rm a , o q u e lh e e m p re sta e la sté rio , a lca n ce, d u tilid a d e , é a
in te rp re ta ç ã o . H á o d e sd o b ra r d a fó rm u la n o esp a ço e n o tem p o : m u ltip lic a n d o as rela ç õ e s
n o p re se n te , so fren d o , n o fu tu ro , as tra n sfo rm a ç õ e s le n ta s, im p e rc e p tív e is, p o ré m
c o n tín u a s, d a e v o lu çã o (2).
y Valverde -Tratado de Derecho Civil, 3a ed., vol. I, p. 89; J. Olegário Machado - Exposition y
Comentário dei Código Civil Argentino, vol. I, p. 49, nota ao art. 16; Egger, Oser, Escher e Habb
-Kommentar zum Schweizerischen Zivilgesetzbuch, vol. I, p. 48; Staudingers - Kommentar zum
Bürgerlichen Gesetzbuch, 9a ed., 1925, vol. I, p. 18; Mário Rotondi, in Nuovo Digesto Italiano, vol.
VII, verbis - Legge (Interpretazione delia), n° 1; Joaquim Dualde, Prof, da Universidade de Barcelona
- Una Revolution en Ia Lógica dei Derecho, 1933, p. 49-63; Giulio Battaglini, Prof, da Universidade
de Bolonha -Diritto Penale, Teorie Generali, n° 14, p. 26. Vede nos 13-17 e 116-A.
36 41 -(1) W alter Jellinek, op. cit.,p. 161-162; Salomon, op. cit.,p. 28; Dernburg, Prof, da Universidade de
Berlim, vol. I, p. 89; Ferrara, vol. I, p. 206-207; Alves Moreira - Instituições do Direito Civil Português,
vol. I, 1907, p. 37.
Os apologistas do - in claris... - são os apóstolos da supremacia da exegese verbal, os que só admitem o
emprego dos elementos lógicos de interpretação quando falham os filológicos. Vede os capítulos -
Elemento fdológico, e segs. (2) Jandoli, op. cit., p. 20.
37 42 - (1) Coviello, vol. I, p. 63; Degni, op. cit., p. 64; Jandoli, op. cit, p. 20.
5 1 7 P a u lo de Lacerda, vol. I, n° 262; Vander Eycken, op. cit., p. 347.
5 1 8 c . Maximiliano - Comentários à Constituição Brasileira, 2a ed., n° 400.
38 43 - (1) Savigny, vol. I, p. 308; Jandoli, op. cit., p. 20.
519B ierling, vol. IV, p. 198 (indiretamente); Caldara, op. cit., n° 6; Ferrara, vol. I, p. 206.
5 2 0 G m ü r, op. cit., p. 36.
39 44 - (1) Vander Eycken, op. cit., p. 346.
5 2 1 Dualde, op. cit., p. 62; De Ruggiero, vol. I, § 17, p. 120-121.
5 2 2 V an d er Eycken, op. cit., p. 346.
5 2 3 Planiol, vol. I,n°216.
4 4 -A - E m re fo rç o d as c o n c lu sõ e s d a d o u trin a , a d v eio c o m a e la b o ra ç ão d o C ó d ig o
C iv il B ra sile iro , o e le m e n to h istó rico .
A o d isc u tir-se o T ítu lo P re lim in a r, cin c o d e p u ta d o s p e lo R io G ra n d e d o Sul
ap re s e n ta ra m à C â m a ra a se g u in te em en d a :
40 44-A - (1) Trabalhos da Câmara sobre o Projeto de Código Civil, vol. I, p. 371-372; vol. IV, p. 124-125 e
131-133.
EXEGESE E CRÍTICA
42 45 - (1) Sutherland - Statutes and Statutory Construction, 2a ed., de Lewis, vol. II, § 365, p. • 697-698;
Campbell -Black - Handbook on the Construction and Interpretation of the Laws, 2a ed., p. 1-5; John
Bouvier - Law Dictionary, 1914, verb. Construction e Interpretation; Woodburn -The American
Republic and its Government, p. 339-340.
E comum, na prática, e também nos compêndios; empregarem indiferentemente, como sinônimos, os
dois vocábulos Interpretação e Construção, como sucede, entre nós, com Interpretação e Exegese.
Também na Alemanha se tem idéia da diferença de significado acima referida, embora a do termo
Construção (Konstruktion) não seja ali absolutamente o mesmo que se adota nos Estados Unidos
(Rumpf, op. cit., p. 84-87).
(2) Max Gmür, op. cit, p. 12; Maximiliano - Comentários, Prefácio.
Os expositores do Direito norte-americano abstêm-se de dizer mal de uma lei; explicam e justificam
sempre, dispositivo por dispositivo, se adotam o método exegético: ensinam a aplicar o conjunto.
Quando dissertam sob a forma sistemática. A crítica é feita em obras especiais, em livros de combate.
47 50 - (1) O autor deste livro compenetrou-se da superioridade do método sistemático após o apare
cimento dos seus Comentários à Constituição Brasileira. Pensou em refundi-los, para a segunda
edição; porém, dada a preferência notória que em toda a América (sem excetuar os Estados Uni
dos) se dá ao processo oposto, nos domínios do Direito Público, teve receio de se entregar a um tra
balho ingente, em pura perda. Correria o risco de comprometer o êxito na obra, o qual, na feitura
exegética, excedera toda a expectativa; o livro granjeara o mais amplo acolhimento; era citado, a
cada passo, nas cátedras acadêmicas, assembléias legislativas, lides forenses e Mensagens Presi
denciais.
Os jurisconsultos portugueses compreenderam cedo a superioridade do método sintético, sistemático,
ou científico, sobre o exegético, ou analítico. A preferência pelo primeira foi imposta, aos professores,
pelos Estatutos da Universidade de Coimbra, de 1772, liv. II, tit. Ill, cap. I, § 18. Entretanto a obra do
Catedrático Marnoco e Sousa comenta, artigo por artigo, a Constituição da República.
48 51 -(1) Jandoli, op. cit., p. 64-71.
538Saleilles - Prefácio a Méthode d'Interpretation, de Geny p. XV, Planiol, vol. I, n° 221;
Windscheid, vol. I, § 22, p. 86; Düringer, op. cit., p. 16; Capitant, op. cit., p. 75-77; Regelsberger-
Pandekten, vol. I, § 35, VI, n° 2; W alter Jellinek, op. cit., p. 167; Holbach - L 'Interpretation de la
Loi sur les Sociétés, 1906, p. 100-102.
539B iagio Brugi - Introduzione Enciclopédica alie Scienze Giuridiche e Sociali, 3" ed., § 41; Kohler,
vol. I, p. 127-129; Coviello, vol. I, p. 64-65; Degni, op. cit., p. 51 e segs.; Paul Oertmann, Prof, de
Direito em Lipsia (Leipzig), op. cit., p. 31-42; Reuterskioeld, op. cit, p. 73-74; Mario Rotondi, in
"Nuovo Digesto Italiano", verbo Legge (Interpretazione delia), n° 1.
5 4 0 Jan d o li, op. cit, p. 30.
5 4 1 Dualde, op. cit, p. 215.
542Digesto, de Justiniano, liv. 50, tit. 17 - De Regulis Juris Antiqui, frag. 1: Jandoli, op. cit, p. 64-65.
O s q u e d isfa rç a m a su a c o n fo rm id a d e c o m a d o u trin a d a e v o lu ç ã o e, so b re tu d o , os
q u e a d e re m à m e s m a e m to m sin cero e fran co , re a liz a m c a d a d ia o b ra d e ju s tiç a , de
ciên c ia , d e p ro g re sso ; a m o ld a m -se às n e c e ss id a d e s d a p rá tic a ; an te a im p o ssib ilid a d e de
a lte ra r c o m in te rv a lo s b re v e s o s te x to s p o sitiv o s, se g u e m v e re d a seg u ra: p la sm a d o o
D ire ito e m u m a fo rm a a m p la , d ú til, ad ap ta m -n o , p e la in te rp re ta ç ã o , às e x ig ê n c ia s so ciais
im p re v ista s , à s v a ria ç õ e s su c e ssiv a s d o m eio (3).
C o m p e te à e x e g e se c o n stru to ra "fe c u n d a r a le tra d a le i n a su a im o b ilid a d e , de
m a n e ira q u e se to rn e e sta a e x p re ssã o re al d a v id a d o D ire ito " (4). M e rg u lh e , p r o
fu n d a m e n te , n a s o n d a s d o o b je tiv o , p a rtic ip a n d o d a re a lid a d e (5).
O in té rp re te n ã o c ria p re sc riç õ e s, n e m p o ste rg a as e x iste n te s; d e d u z a n o v a reg ra,
p a ra u m ca so c o n c re to , d o c o n ju n to d as d isp o siç õ e s v ig e n te s, c o n se n tâ n e a s c o m o
p ro g re sso g eral; e a ss im o b e d e c e ao c o n c e ito d e P a u lo - N on ex re g u la ju s 'sumatur, s e d
ex ju r e , q u o d est, reg u la f i a t - "d a re g ra se n ão e x tra ia o D ire ito , ao c o n trá rio , c o m o
D ire ito , tal q u a l n a e ssê n c ia e le é, c o n stru a -se a reg ra" (6).
52 - A te n d ê n c ia ra c io n a l p a ra re d u z ir o ju iz a u m a fu n ç ã o p u ra m e n te a u to m á tic a ,
a p e s a r d a in fin ita d iv e rsid a d e d o s c a so s su b m e tid o s ao seu d ia g n ó stic o , te m se m p re e p o r
to d a p a rte so ç o b ra d o a n te a fe c u n d id a d e p e rsiste n te d a p rá tic a ju d ic ia l.
E m te m p o s d e a n a rq u ia , m a g istra d o s im p o lu to s d e cid e m , d e p re fe rê n c ia , p e la
a u to rid a d e ; tra n q ü iliz a d o s o s e sp írito s, h o m e n s de ig u a l in te ire z a d e c a rá te r in te rp re ta m os
m e s m o s te x to s n o sen tid o d a lib erd a d e . A s o sc ila ç õ e s v e rific a d a s re ta rd a m , p o ré m n ão
im p e d e m a e v o lu ç ã o ju r íd ic a d a co letiv id a d e . A o a p lic a r u m C ó d ig o , d iv e rg e m , à s v e ze s,
a s in te rp re ta ç õ e s sim u lta n e a m e n te e fetu a d a s e m p re tó -rio s d ife re n te s: re v e la m -se este s
alg o a v a n ç a d o s; m ais c o n se rv a d o re s, o u m o d e ra d o s, p e rm a n e c e m a q u ele s, e m b o ra seja
u m a só a d ire triz g eral. N a v e rd a d e , a n te d isp o siç õ e s in a lte ra d a s v a ria a ex eg e se, seg u n d o
a s id é ia s d o m in a n te s, o s p e n d o re s in d iv id u a is, c o m p e n e tra d o s to d o s d e q u e a g ira m c o m
e x e m p la r re tid ão , e m o b e d iê n c ia e x c lu s iv a a o s d ita m e s d a p ró p ria c o n sc iê n c ia ; en treta n to ,
a e v o lu ç ã o ex iste , im p e rio sa , a v a ssala d o ra , in e lu tá v el; d o m in a e a rra sta o s p ró p rio s
O b e m , o ra p ro c la m a d o , n ã o é m o d e rn o , v e m d e lo n g e ; a g ra n d e fo rç a c ria d o ra do
D ire ito R o m a n o fo i m e n o s o le g is la d o r do q u e a ju risp ru d ê n c ia , o u tro ra m a is p o d e ro s a do
q u e n a a tu a lid a d e (2).
52 55 - (1) Pasquale Fiore - Delle Disposizione Cenerali sulla Publicazione, Aplicazione edInterpre-tazione
delle Leggi, 1890, vol. II, n° 932; Théophile Hue - Commentaire du Code Civil, vol. I, nos 180-182;
Savigny- Traité de Droit Romain, trad. Guenoox, vol. I, p. 201.
545R aym undo Salvat- Tratado de Derecho Civil Argentino, Parte General, n° 93; Baudry-
Lacantinerie &Houquesfourcade- Traité de Droit Civil-Des Personnes, 2a ed., vol. I,n°s 234-237;
Código Penal de 1890, art. 207, n° 4°, combinado com o art. 210; João Vieira de Araújo - Código
Penal Interpretado, Parte Especial, vol. I, p. 156.
5 4 6 C ó d . Civil, Introdução, art. 4o; Cód. Penal de 1890, arts. 207 e 210; Cód. Civil Francês, art. 4o;
Cód. Penal Francês, art. 185; Cód. Pen. Italiano, art. 178; Cód. Civil Argentino, art. 15; Cód.
Civil do Uruguai, art. 15; Carlos de Carvalho - Direito Civil Brasileiro Recopilado, art. 58.
5 4 7 F . Holbach - L 'Interpretation de La loi sur les Sociétés, 1906, p. 5-6.
548Savigny, vol. I, p. 201.
5 4 9 F io re, Prof, da Universidade de Nápoles, vol. II, p. 934.
56 - E n te n d a -se b e m : n a o b rig a ç ã o d e d e c id ir sem p re, n ã o se c o m p re e n d e a
p re rro g a tiv a d o ju i z - d e su b s titu ir o le g isla d o r, em p a rte, c o m o p re te n d e a e sc o la de
K a n to ro w icz . Se a le i n ã o c o n té m e x p lícita, n e m im p líc ita d e c isã o so b re o c aso , o
m ag istra d o d e c la ra q u e, p e ra n te o D ire ito v ig e n te , o litig a n te n ão te m ação , co m o , p o r
ex em p lo , n a h ip ó te se d e p e d ir q u e lh e in d e n iz e m d a n o m o ra l53 (1). P o r o u tra s p a la v ra s, o
trib u n a l a firm a q u e , n o caso , o silê n c io d a le i im p o rta e m n ã o re c o n h e c e r e m n in g u é m o
d ireito d e p le ite a r p o r a q u e le m o tiv o : a o m issã o e q ü iv a le a u m d isp o sitiv o e x p re sso q u e
n e g u e o p re te n d id o p e lo a u to r, o u re c o rre n te (2).
N e m se m p re é fá c il e sta b e le c e r a d ife re n ç a en tre o silê n c io p ro p o sita d o , q u e
sig n ific a re c u s a d e ação , e a d e fic iê n c ia o c a sio n al, q u e se d e v e su p rir p e lo s m eio s
re g u la re s - a n alo g ia, D ire ito su b sid iá rio , eq ü id ad e. E m ta l c o n ju n tu ra su rg e a o p o r
tu n id a d e p a ra se re v e la r to d a a a rg ú c ia e d e m a is re c u rso s in te le c tu a is d o h e rm e n e u -ta ;
seria p re c ip ita d o p ro n u n c ia r lo g o o ju iz o non p o ssu m u s fatal.
53 56 - (1) Concluíram não prescrever o Código Civil a indenização do dano moral os Acórdãos do
Supremo Tribunal Federal, de 20 de agosto de 1919; 16 out., 11 e 29 dez. de 1920, e 16 Jul. de 1921;
Rev. do Supremo Tribunal, vol. 22, p. 39-40; vol. 9, p. 67 e 129; vol. 30, p. 207-208; vol. 36, p. 121.
(2) Erich Danz - Einfuhrung in die Rechtsprechung, 1912, p. 3; Demologue - Cours de Code Napoleon,
vol. I, n° 113.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 56
54 57-(1) Giovanni Pacehioni - Corso de Diritto Romano 2a ed., 1918, vol. I, p. 176-177; Charles Maynz -
Cours de Droit Romain, 5a ed., vol. I, p. 221-222.
(2) C. Accarias - Précis de Droit Romain, 4a ed., vol. I, n° 19; Mackeldey - Manuel de Droit Romain.
trad. Beving, 3a ed., p. 14-15.
58 - C re sc e u p a u la tin a m e n te o n ú m ero d e ed ito s: c o m ele s o s p re to re s a b ra n
d a v a m o rig o r d a lei; ta m b é m a c o m p le ta v a m e a té co rrig iam " (1). F o ra c o stu m e, a
p rin c íp io , d a re m à p u b lic id a d e u m só p o r an o , e d iv id id o e m títu lo s e ru b ric as; d e
p o is a p a re c ia m ta n to s q u a n to s se to rn a v a m n e c e ssá rio s p a ra a te n d e r à m u ltip lic id a
d e d o s ca so s c o n c re to s, d ific ílim o s d e prev er. O m a g istra d o n ão fic a v a a d strito ao
q u e e sta b ele ce ra: p o d e ria d e c id ir d ife re n te m e n te ; e até p u b lic a r n o v a s d isp o siç õ e s
d e rro g a tó ria s d a p rim eira.
D a í re s u lta ra m a b u so s e re c la m a ç õ e s; p e lo q u e se c rio u o e d ito p erp é tu o , n o m e q u e
n ã o in d ic a v a e te rn id a d e n a d u raç ã o , e, sim , in a lte ra b ilid a d e d u ra n te o ex e rc íc io d o cargo.
N e m e sta re striç ã o fo i se m p re o b se rv ad a ; p o sto q u e, e m g eral, o s m a g istra d o s só se
se rv isse m d o seu p o d e r c o m o m a io r esc rú p u lo , sem o b je tiv o s p e sso a is, e m u ito a ten to s
a o s p rin c íp io s u n iv e rsa lm e n te c o n sa g rad o s, a o s d ita m e s d a e q ü id a d e e a o s re c la m o s d a
o p in ião p ú b lica. P ro lo n g a v a -se a e fic á c ia an u a l d o s b o n s d isp o sitiv o s; p o rq u e o n o v o
P re to r se a p re ssa v a a c o n so lid á -lo s, e m b o ra c o m a lte ra ç õ e s c o n v e n ie n te s e o p o rtu n o s,
re to q u e s, d o q u e re s u lta v a o ju s tran slatitiu m , ao la d o d o s e d ic ta nova, o rig in á rio s d a
m e n te d o m ag istra d o e m e x e rc ício (2). T a m b é m se c o n h e c ia o e d ito rep en tin o (edictum
repen tin u m ), sem o c a rá te r g era l e c o m p le x o d o p erp é tu o , e p ro v o c a d o p o r u m a
c irc u n stâ n c ia is o la d a e im p re v ista .
O c o n ju n to d e ta n ta s d isp o siç õ e s fo rm o u u m re p o s itó rio o p u le n to de n o rm a s
u tilíssim a s, o D ire ito P reto ria n o , q u e ad q u iriu , n a p rá tic a, m a io r im p o rtâ n c ia d o q u e a
p ró p ria L ei d a s D o ze T ábu as e as q u e a e sta se se g u ira m (3).
55 58-(l)Pacchioni, Prof, da Universidade de Turim, vol. I, p. 175-176 e 185; Maynz, Prof, da Uni
versidade de Liége, vol. I, n°s 120-121; Accarias, Prof, da Universidade de Paris, vol. I, n° 20.
Ordenavam, em 1772, os Estatutos da Universidade de Coimbra, liv. II, tit. Ill, cap. VIII, § Io:
"M ostrará (o professar) as alterações, que sobre esta matéria houve nas diferentes idades, e Estados
do povo romano; Já pela mitigação do rigor das Leis, com que as aplicavam os Pretores romanos;
pelas novas cores, que esses Magistrados davam aos negócios; e pelas fícções, que inventavam
para iludir a força das Leis debaixo da aparência de quererem sempre conservá-la, e já por outros
princípios, e causas, que também influíam nas decisões."
550Pacchioni, vol. I, p. 185-186; Maynz, vol. I, n°s 120-122; Accarias, vol. I, n° 19.
5 5 1 Maynz, vol. I, n° 120; Accarias, vol. I, n° 19, p. 49.
56 59 - (1) Eis o texto francês: "Art. 59-11 est défendu auxjuges deprononcer, par voie de dispositi-
on, generate et réglementaire, sur les causes qui leur sonl soumises."
57 60 - (1) "Inter oequitatem jusque interpositam interpretationem nobis solis et aportei et licet inspi-cere"
(Código liv., 1, tit. 14, frag. 1)-"somente a nós incumbe e é lícito apurar a interpretação interposta
entre a eqüidade e o Direito". No frag. 9 está o que determinaram Valentiniano e Marciano.
5 5 2 C a rl Schmitt - Gesetz und Urteil, 1912, p. 25; Savigny, vol. I, p. 289-292.
5 5 3 "Si quid vero ut supradictum est ambiguum fuerit visum: hoc ad imperiale culmen per judices
referatur, et auctoritate Augusta manifestetur, cui soli concessum, est leges, et condere et interpre-
tari" (Justiniano, apud Código, liv. 1, tit. 17, frag., ou Const. 2, § 21 in fine) - "se, em verdade,
conforme acima foi exposto, algo parecer ambíguo, seja submetido pelos juizes ao trono imperial
e esclarecido pela Augusta autoridade, só à qual é permitido estabelecer e interpretar as leis".
5 5 4 P a u l Oertmann - Gesetzeswang undRichterfreiheit, 1909, p. 32; Bemhard Windscheid -Lehrbuch
des PandeMenrechts, 8* ed., vol. I, p. 95.
5 55E dm ond Picard - Le Droit Pm * 1910, p. 154.
Quando Bonaparte soube do aparecimento da primeira glosa doutrinai, exclamou: "Vão estragar o
meu Código!"
AMPLAS ATRIBUIÇÕES
DO JUIZ MODERNO
62 65 - (1) Géza Kiss - Gesetzesauslegung und ungeschriebenes Recht, 1911, p. 47-48. Cita um trabalho de
Regelsberger.
5 6 1 E h rlich - Freie Rechtsfindung undfreie Rechtswissenchaft, in "Sc. o f Legal Method", cit, p. 73.
562M aynz - Cours de Droit Rqmain, 5a ed., vol. I, p. 221, n° 122.
5 6 3 Saleilles - Livre du Centenaire (du Code Civil), vol. I, p. 103; Gmür, op. cit., p. 141, nota 3.
564D üringer, op. cit., p. 81; Planiol - Droit Civil, vol. I, p. 224.
5 6 5 Story assim conclui o seu ensinamento sobre as regras para interpretar o estatuto fundamental;
"O governo é uma coisa prática, feita para a felicidade do homem, e não - destinada a propiciar
um espetáculo de uniformidade que satisfaça os planos de políticos visionários. A tarefa dos que
são chamados a exercê-lo, é dispor, providenciar, decidir, e não - debater. Seria pobre
compensação haver alguém triunfado em uma disputa enquanto perdíamos um império; termos
reduzido a migalhas um poder, e ao mesmo tempo destruído a República (Joseph Story -
Comentaries on the Constitution o f the United States, 5" ed., vol. I, § 456).
63 66 - (1) Düringer, op. cit., p. 18; Baudry-Lacantinerie & Houques-Fourcade, vol. I, n° 239.
(2) Ehrlich, Prof, da Universidade de Czernowitz, op. cit., p. 69-70; Geny, vol. II, p. 214 e 246-248;
Fabreguettes - La Logique Judiciaire et L 'Art de Juger, 1914, p. 367-373; Discurso de Bal-lot-Beaupré,
Io Presidente da Corte de Cassação, apud Fabreguettes, p. 368, nota 1; Raul de La Grasserie - De La
Justice en France et à tranger au XXe. Siècle, 1914, vol. I, p. 225-227.
64 67 - (1) Portalis - Discours Préliminaire cit.; Baudry-Lacantinerie & Houques-Fourcade, vol. I, n°
239.
d a ju stiç a .
5 6 6 6 8 - (1) Géza Kiss - Gesetzesauslegung cit., p. 50-52; Rudolf Stammler - Die Lehre von dem Rich-
tigen Rechte, 1902, p. 316-434; Hermann Kantorowicz - Zur Lehre vom Dichtigen Recht, 1909, p. 9;
Karl Gareis - Vom Begrif Gerechtigkeit, 1907, p. 31-32; Oertmann, op. cit., p. 19-20; Código Civil,
arts. 145, II; 219; I; 317, III; 932; 935; 958; 971; 1.002; 1.059; 1.060; 1.183, III; 1.192,1; 1.300; 1.527
e 1.543.
5 6 7 69-(l)Marcemanio\-TraitéÉlémentairedeDroitCivil,Ted., 1915-1918,vol.I,nos 204e221.
5 6 8 N a Inglaterra, Alemanha e Austria o mesmo fato se nos depara, e em escala muito mais larga do
que na Bélgica e na França. Ehrlich, in "Sc. of Legal Method", p. 69-70, Geny, vol. II, p. 214.
569G en y , vol. II, p. 246-248. Cita, em apoio do que aduziu, os livros, de êxito rápido e forte, publica
dos por Planiol, Colin & Capitant e Thaler, todos orientados pela corrente conservadora
65 CARLOS MAXTMTTTANO
A ju r is p ru d ê n c ia c o n te m p o râ n e a é, p o r su a v e z, e n e m p o d e ria d e ix a r de ser,
fo rte m e n te im p re ss io n a d a p e lo m o v im e n to p ro g re ssista e re n o v a d o r q u e se g e n e ra liz a
en tre o s e stu d io so s d o D ire ito , se m d istin ç ã o d e esco las; o so p ro d e m o d e rn ism o sa u d áv el
in sin u a -se p o r to d a p arte , e d a c á te d ra d im a n a até o p re tó rio . O q u e o P ro fe sso r G eny
o b se rv o u n o e n sin o su p e rio r d e d o is p o v o s e u ro p eu s, v e rific a -se n o B ra sil, p a ra h o n ra
n o ssa , e e m to d o s o s p a ís e s c u lto s (2).
67 70 - (1) O membro de qualquer dos tribunais superiores percebe 5.000 libras por ano; pagam 10.000 ao
Lorde Alto Chanceler, Presidente do Chancery Division; 8.000, ao Lord Chief Justice of England,
Presidente da King's Bench Division; 6.000, ao Master o f the Rolls (dados não atualizados nesta
edição).
5 7 0 o membro da Suprema Corte ou de qualquer dos tribunais superiores pode retirar-se à inativi
dade, depois de quinze anos de serviço e com uma pensão de três mil libras anuais.
5 7 1 R ao u l de La Grasserie - De Ia Justice en France etal Étranger au XXe. Siècle, 1914, vol. I, p. 118
120; vol. II, p. 418 e 451; William Anson - Loit et Pratique Constitutionelles de L 'Ingleterre -La
Couronne, trad. Gandilhon, 1905, p. 527; Sabino - Jandoli - Sulla Teoria delia Interpretazione
delle Leggi con speciale Riguardo alle Correnti Metodologiche, 1921, p. 33 e 34.
”Quando a lei fala em termos gerais e sucede alguma coisa que, não está de acordo com o curso co
mum dos acontecimentos é direito que seja a lei modificada na sua aplicação àquele particular, como o
próprio legislador teria feito, se o caso se houvesse apresentado ao seu espírito” (E. Robertson, in
"Enciclopédia Britânica”, vol. VIII, verb. Equity).
67 CARLOS M AXIM ILIANO
L IV R E IN D A G A Ç Ã O
68 71 - (1) O próprio Geny reconhece que o proselitismo se fez com Intensidade maior na Alemanha
do que em qualquer outro país (Méthode d 'Interpretation, 2a ed., vol. I, Advertência, p. VIII).
Com o advento do Nacional-Socialismo a doutrina do Direito Livre progrediu bastante entre a ma
gistratura tudesca, pelo menos no tocante à aplicação do Direito Privado promulgado antes da ins
tituição do novo regime (Lueben Dikow, Prof, da Universidade de Sofia - Die Neugestaltung des
Deutschen Buergerlichen Rechts, p. 29-34; Marcel Cot - La Conception Hitlérienne du Droit, p.
198-208).
Vede nota 76 - (5).
69 72 - (1) Rudolf Stammler - Die Lehre von dem Richtigen Rechte, 102, p. 273-275; Ehrlich - Freie
Reichtsfmdung und Freie Rechtswissenschaft, in "Sc. of Legal Method", p. 76-78; Roscoe Pound
-Courts and Legislation, in "Sc. of Legal Method", p. 210-211; J. G. Gmelin - Quousquel, 1910,
p. 54-55; Lorenz Briitt -Die Kunst der Rechtsanwend ung, 1907, p. 148; Adolf Ten Hompell -Der
Werstandigunsweck im Recht, 1908, p. 105-108; Géza Kiss, op. cit, p. 54-56; Diiringer, op. cit, p.
19; Gareis, op. cit, p. 31 e nota 41; Geny, vol. II, p. 144-148; Gmür, op. cit, p. 20-21, 103,
128-131.
70 73 - (1) Fritz Berolzheimer - Die Gefahren einer Gefühlslurisprudenz in der Gegewart, 1911, p.
5-6.
5 7 5 M . P. Fabreguettes - La Logique Judiciaire etL'Art de Juger, 1914, p. 368-73, sobretudo p. 372.
57Ó G m ür, op. cit., p. 30-31, 58 e, sobretudo, 152.
Em fontes germânicas se abebera, de preferência, a cultura jurídica da Suíça.
5 7 7 Apud Gmelin - Quousquel, p. 45, nota 1.
5 7 8 G m ü r, Prof, da Universidade de Berna, op. cit., p. 100-101; Rumpf, op. cit., p. 22-23. Rumpf
lembra ter sido na Alemanha onde, primeiro, se indagou, e observou, além do que o legislador
quis, o que ele quereria, se vivesse na atualidade e tomasse conhecimento do caso concreto.
5 7 9 ”A jurisprudência é um perpétuo comentário, que se afasta dos textos ainda mais porque é, mal
grado seu, atraída pela vida” (João Cruet - A Vida do Direito, cap. II, in fine).
71 74 - (1) Charles Maynz - Cours de Droit Romain, 5a edição, vol. I, p. 221.
5 8 0 f . Laurent - Príncipes de Droit Civil, 4a ed., vol. I, n° 257.
5 8 1 Laurent, vol. I, n° 256.
5 8 2 ”Enciclopédia Britânica”, vol. VIII, verb, Equity; Kiss, op. cit., p. 15-16.
583H ein rich Gerland - O Exercício da Função Judicial perante a Lei Inglesa, in ”Sc. of Legal
Method”, p. 238. Vede n° 358.
76 - L a n ç a d a a e sc o la d a L iv re In d a g a ç ão p o r F ra n c o is G en y , c o m a lg u m a tim id e z ,
e E u g e n E h rlic h , c o m d ese m b a ra ç o m a io r, eis q u e e m 1906 re b o a n a E u ro p a , e strid e n te e
se n sa c io n a l c o m o u m to q u e d e clarim , a v o z d e A rm ín io K a n to ro w icz . E m v ig o ro sa
m o n o g ra fia - A L u ta p e la C iên cia d o D ire ito (D er K a m p f um d ie R ech tsw issen sch a ft), e
d isfa rç a d o n o p se u d ô n im o d e G n aeu s F la v iu s73 (1), o d o c e n te de F rib u rg o , e m B risg ó v ia ,
a tira a b a rra m u ito lo n g e. E h rlic h e G en y a trib u e m ao ju iz lib e rd a d e am p la, re la tiv a m e n te
criad o ra , em f a lta d e d isp o siç ã o e sc rita ou co stu m eira ; p o rta n to , a u to riz a m -n o a a g ir
p r o e te r legem . K a n to ro w ic z , e m b o ra filia d o à m e s m a esc o la , in d u z o m a g istra d o a b u s c a r
o id e a l ju ríd ic o , o D ire ito ju s to (rich tig es R ech t), o n d e q u e r q u e se e n c o n tre , d en tro ou
f o r a d a lei, n a a u sê n c ia d e sta o u - a d e sp e ito d a m esm a, isto é, a d e c id ir p r o e te r e ta m b é m
co n tra legem : n ão se p re o c u p e c o m o s tex to s; d esp re z e q u a lq u e r in te rp re ta ç ã o , c o n stru
ção , fic ç ã o o u a n alo g ia; in sp ire-se , d e p re fe rê n c ia , n o s d a d o s so cio ló g ic o s e sig a o
d e te rm in ism o d o s fe n ô m e n o s, a te n h a -se à o b se rv a ç ã o e à e x p e riê n c ia , to m e c o m o g u ias
os d ita m e s im e d ia to s do seu se n tim en to , do seu ta to p ro fissio n a l, d a su a c o n sc iê n c ia
ju ríd ic a . A d o u trin a re v o lu c io n á ria o lh a d e m a sia d o p a ra o fo ro ín tim o , q u a n d o d ev eria,
co m o os m o d e ra d o s e a e sc o la h istó ric o -e v o lu tiv a , to m a r p o r p o n to d e p a rtid a a le i,
in te rp re ta d a e c o m p re e n d id a n ã o so m e n te à lu z d o s p re c e ito s ló g i
73 76 - (1) Gnaeus Flavius foi o Callidus vir etfacundus ("varão eloqüente e hábil"), do IV século antes de
Cristo; atingiu, em Roma, às mais altas honras, e revelou o jus civile repositum in penetrali-bus
pontificum ut quomodo lege agi possit sciretur ("o Direito Civil guardado nos recintos pontificiais, a
fim de que se pudesse saber como agir em observância da lei").
5 8 8 G areis, op. cit., p. 28-30; Geny, vol. II, p. 252.
5 8 9 a jaça encontra-se na dogmática tradicional, a escola evolutiva interpreta até mesmo as dispo
sições claras.
(4)Theodor Sternberg-J. H. v. KirchmannundseineKritikderRechtswissenschalt, 1908,p. 10. (5) A obra
de Bülow - Lei e Magistratura (Gesetz und Richteramt) é de 1885, anterior à de Geny, cuja primeira
edição surgiu em 1899, e também ao primeiro trabalho de Ehrlich - Sobre as Lacunas no Direito (Über
Lücken im Rechte), publicado em "Juristiche Blaetter", em 1888, e resumido no Prefácio da
monografia - Livre Pesquisa do Direito e Livre Ciência do Direito (Freie Rechtsfm-dung undfreie
Rechtswissenschaft), de 1903. Geny confessa que os alemães o precederam (vol. II, notas a p. 349-351).
Também aproveitaram a Kantorowicz as críticas do Unger; porém este se alistou na corrente mo
derada da Livre Indagação (Deutsche Juristen-Zeitung, 1906, vol. XI, p. 748-787; Geny, vol. II, p.
376).
73 CARLOS MAXTMTLTANO
77 - A lg u m a se m e lh a n ç a c o m o s id e a is d a L iv re In d a g a ç ã o tin h a m os d a E sc o la
C rim in a l P o sitiv a , q u e p ro p u g n a v a ta m b é m m a io r lib e rd a d e p a ra o ju iz ao p u n ir o s réus,
p o ré m o siste m a e ra d iv erso : o s p ró p rio s C ó d ig o s d e v e ria m s e r m e n o s c a su ístico s, d e ix a r
m a rg e n s la rg a s, so b retu d o q u a n to às d irim e n te s, a g ra v a n te s e a te n u a n te s, e o m a g istrad o ,
im b u íd o d e p ro fu n d o s c o n h e c im e n to s d e p s ic o lo g ia e so c io lo g ia , te ria u m c am p o v asto
p a ra fa z e r v e rd a d e ira ju s tiç a e g ra d u a r o a fa sta m e n to do c o n v ív io so cia l c o n fo rm e a
te m ib ilid a d e do d e lin q ü e n te . N ã o ju lg a ria c o n tra legem : o s p ró p rio s te x to s, p e lo s te rm o s
d a su a re d aç ã o , p e rm itiria m a m p lo a lv e d rio ao s trib u n a is ao d e fe n d e r a c o le tiv id a d e
c o n tra o crim e.
R e le v a a d v e rtir q u e a té o s a p o lo g ista s d a L iv re In d a g a ç ã o m o d e ra d a n ão a e ste n d e m
à ó rb ita d a C rim in o lo g ia ; e n q u a d ra m -n a so m e n te n o D ire ito P riv a d o 74 (1).
75 78 - (1) ”Dai-nos homens! Dai-nos juizes de gênio! É o que precisamos!” (Gerland, Prof, da
Universidade de Jena - O Exercício da Função Judicial, segundo a Lei Inglesa, in ”Sc. of Legal
Method”, p. 231).
5 9 0 N o Brasil é bastante insistir sobre a preferência pelos métodos modernos de expor as disciplinas,
sobretudo no ensino do Direito Privado e do Judiciário; porque a distribuição das matérias já é
adiantada; não se prolonga em demasia o estudo do Direito Romano, como sucede na Europa
Central, e voltou a ser obrigatório o curso da Filosofia do Direito, bem como o das Ciências
Sociais, para o bacharelado que dá acesso aos primeiras cargos da magistratura.
5 9 1 E h rlich - Freie Rechtsfindung undfreie Rechtswissenschaft, in ”Sc. of Legal Method”, p. 65-66;
Rumpf, op. cit., p. 78; Gmelin, op. cit., p. 20 e 81-82; Gmür, op. cit., p. 142-143 e 146. A frase
literalmente transcrita é de Gmür, p. 146, nota 2.
D e fe n d e m -se , m o d e ra d o s e re v o lu c io n á rio s, c o m a le g a r q u e, e m o b se rv â n c ia d a
d o u trin a d a L iv re In d a g a ç ã o , c o m o n a v ig ê n c ia d a H e rm e n ê u tic a tra d ic io n a l, o m a g istra d o
ju lg a em esp écie; p a ra e sta ele d e sc o b re u m a reg ra, se m a p lic a ç ão fu tu ra; o lh a p a ra o
p a ss a d o ;A f a c i t in te r p a rte s; e o q u e c a ra c te riz a o ato le g islativ o e o d is p o sitiv o
co stu m e iro é a g e n e ra lid a d e e o efeito p e rm a n e n te , so b re os ca so s v in d o u ro s (2). O
75 CARLOS M AXIM ILIANO
co n c e ito n o v o , p e la m a g istra tu ra e sta b ele cid o , seria, n a fra se d e K a n -to ro w ic z , tra n sitó rio
e frá g il c o m o as p ró p ria s estrela s. A le i é u m a n o rm a ju r íd ic a g eral; a re g ra firm a d a p e lo
ju iz , u m a n o rm a ju r íd ic a in d iv id u a l (3).
A s câ m a ra s d is p õ e m e m ab stra to ; n o p re tó rio o rd e n a m p a ra o caso c o n c re to (4).
O s a rg u m e n to s p ro c e d e m , e m p a rte ; m a s n ã o b a sta m p a ra ju s tific a r as a u d á c i-a s d o s
n o v o s e v a n g e liz a d o res. A m a io r p a rte d o s tra b a lh o s le g isla tiv o s e n v o lv e c a so s p e sso a is
(5), e, n ã o raro , d e c id e m so b re o p a ssa d o , c o m o n a a n istia , n a d isp e n sa d e e n tra r c o m a
q u a n tia e m q u e fic o u a lca n ç a d o c o m a F a z e n d a N a c io n a l o fu n c io n á rio , etc. A p ró p ria
d isp o siç ã o g era l é q u a se sem p re su g e rid a p o r u m fato iso la d o (6). D e m a is, ta m b é m às
v e z e s o m a g istra d o o rd e n a p a ra o fu tu ro , c o m o su ced e n o s in te rd ito s p ro ib itó rio s (7).
82 - E m g eral, a fu n ç ã o d o ju iz , q u a n to a o s te x to s, é d ilatar, c o m p le ta r e c o m
p re e n d e r; p o ré m n ão alte ra r, co rrig ir, su b stitu ir79 (1). P o d e m e lh o ra r o d isp o sitiv o , g ra ç a s
à in te rp re ta ç ã o la rg a e h á b il; p o ré m n ão - n e g a r a lei, d e c id ir o c o n trá rio do q u e a m e sm a
e sta b e le c e (2). A ju ris p ru d ê n c ia d ese n v o lv e e a p e rfe iç o a o D ire ito , p o ré m c o m o que
in c o n sc ie n te m e n te , c o m o in tu ito d e o c o m p re e n d e r e b e m ap licar. N ão cria, reco n h ece o
q u e ex iste; não fo rm u la , d e sc o b re e re v e la o p re c e ito e m v ig o r e a d a p tá v e l à esp écie.
E x a m in a o C ó d ig o , p e rq u irin d o d as c irc u n stâ n c ia s c u ltu ra is e p sic o ló g ic a s e m q u e ele
su rg iu e se d e se n v o lv e u o seu e sp írito ; fa z a c rític a d o s d isp o sitiv o s e m fa ce d a ética e das
c iê n c ia s so ciais; in te rp re ta a re g ra c o m a p re o c u p a ç ã o d e fa z e r p re v a le c e r a ju s tiç a id e a l
(rich tig es R ech t); p o ré m tu d o p ro c u ra a c h a r e re s o lv e r com a lei; ja m a is c o m a in te n ç ã o
d e sc o b e rta d e a g ir p o r c o n ta p ró p ria , p r o e te r o u c o n tra legem (3).
D e v e o m a g istra d o d e c id ir de aco rd o , n ão so m e n te c o m o s p a rá g ra fo s fo rm u la d o s,
m a s ta m b é m c o m o u tro s e le m e n to s de D ire ito . E n tre ta n to , d aí se não d e d u z q u e se lh e
p e rm ita o d e sp re z o d a Lei, ou q u e p o s s a u m in d iv íd u o su p e rp o r-se ao E sta d o ; p o is d e ste e
d a q u e la e m a n a a a u to rid a d e to d a d o ju iz ; g o z a e le d a lib e rd a d e co n d ic io n a d a , d en tro dos
lim ite s d o c o n te ú d o d e D ire ito q u e se e n c o n tra n o s tex to s. L e m b ra m os c o rife u s d a e sc o la
e x tre m a d a q u e ta m b é m eles a s s im p ro c e d e m (2). A v e rd ad e é q u e e x a g eram ; não
re c o rre m a o s p rin c íp io s g e ra is, o u à e q ü id a d e , so m e n te p a ra c o m p re e n d e r e c o m p le ta r o
tex to ; m as ta m b é m p a ra lh e c o rrig ir as d isp o siç õ e s, in ju sta s seg u n d o o c ritério p e ss o a l do
ju lg a d o r.
A le g a m o s g u ia s d a c o rre n te re v o lu c io n á ria q u e o ju iz não é u m e x e c u to r ceg o e,
sim , u m a rtista d a a p lic a çã o d o D ire ito . D e v e ria m sa b e r q u e ta m b é m o a rtista o b e d e c e a
n o rm a s; to d a arte te m os se u s p re c e ito s e q u e m d o s m e sm o s se afasta , c o rre o risco de
p ro d u z ir o b ra im p e rfe ita , e ta lv e z rid ícu la, salv o e x c e çõ e s g en iais; e se n ão c ria m
d o u trin a s, o u m é to d o s, p a ra u so e x c lu siv o d e ilu m in a d o s e su -p e r-h o m en s. C o m p a rá v e l
se ria o m a g istra d o ao v io lin ista d e ta le n to , q u e p ro c u ra c o m p re e n d e r b e m a p a rtitu ra ,
im p rim e à e x e cu ç ão cunho p e sso a l, um b rilh o p a rtic u la r, d e c o rre n te d a p ró p ria
v irtu o sid a d e ; p o ré m n ão se a fa s ta d o s sin ais im p resso s; in te rp re ta -o s com in te lig ê n c ia e
in v e já v e l m e stria ; n ão in v e n ta c o is a a lg u m a (3).
84 88 - (1) João Cruet-A Vida do Direito, ed. portuguesa, p. 82-83; Geny, vol. I, advertência, p. IX; vol., II.
p. 289-293.
6 1 5 G areis, op. cit., p. 33.
6 1 6 O proceder do juiz deve ser o adotado e assim exposto pelo vienense Unger: "Quando se me
apresenta um caso forense para decidir, eu tiro a sentença, primeira e imediatamente, do próprio
senso ou consciência jurídica; e procuro a princípio a base legal e a justificação teórica do meu
pre-julgamento; porém, se verifico, enfim, que um preceito positivo se contrapõe àquela decisão
provisória, considero um dever profissional subordinar à lei a minha convicção espontânea de
jurista, (Deutsche Juristen-Zeitung, 1906, n° 14. p. 789). De pleno acordo: Gareis, op. cit, p. 33.
617B erolzheim er - Die Gefahren einer Gefúhlsjurisprudenz, p. 17.
F R U T O S D A C R ÍT IC A
89 - D e sd e 1885 B ü lo w p ro flig a ra , c o m v e e m ê n c ia e g ra n d e c ó p ia d e a rg u m e n to s
c o lh id o s n a p rá tic a fo ren se , as estre ite z a s d a e x e g e se m e ra m e n te ló g ic a , si-lo g ístic a;
c h e g o u a se r to m a d o c o m o p re c u rso r, a p rin c íp io p a rtid á rio d ep o is, d a L iv re P e sq u isa do
D ire ito , o q u e ele c o n te s to u 85 (1). P e rm a n e c e u o n d e e stiv e ra sem p re: e n tre o s que
p re te n d ia m p re e n c h e r a s la c u n a s d o s C ó d ig o s p o r m eio de u m a in te rp re ta ç ã o larg a,
o rie n ta d a p e lo s fa to re s so c io ló g ic o s e p e la fin a lid a d e h u m a n a, e m a n e ja d a p o r ju iz e s
in s tru íd o s à m o d e rn a e in v e stid o s d e a m p la a u to n o m ia p a ra a p lic a r o D ire ito d e n tro d as
n o rm a s p o sitiv a s (2).
A L iv re In d a g a ç ã o m o d e ra d a a c lim o u -se e m a lg u m a s re g iõ e s, e p o ss u i e le m e n to s
de v ita lid a d e ap re c iá v e l; p a re c e d e stin a d a a b rilh a n te fu tu ro . O s e x tre m a d o s tiv e ra m a
ru tilâ n c ia fu g a z d e e stre la s cad en tes.
E n tre ta n to , u m a e o u tra c o rre n te p re s ta ra m às le tra s ju ríd ic a s in e s tim á v e is serv iços.
O fu ra c ã o re v o lu c io n á rio , o u le v a p o r d ia n te as in stitu iç õ e s v ig e n te s, o u p a ssa , d eix a n d o
sem p re, e n tre o s m a le s tra n sitó rio s q u e su scita, a lg u m a se m en te
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA E
DOUTRINAL
86 90 - (1) Paula Batista, op. cit., § 4o; Pimenta Bueno - Direito Público Brasileiro, n° 84; Coelho da Rocha
- Instituições de Direito Civil Português § 44; Trigo de Loureiro, Instituições de Direito Civil Brasileiro,
Introdução, § XLIII; Eduardo Espinola - Sistema do Direito Civil Brasileiro, vol. I, 1908, p. 135;
Guilherme Alves Moreira - Instituições do Direito Civil Português, vol. I, 1907, p. 38-39; Demburg -
Pandekten, vol. I, § 34; Carl. Crome - System, des Deulschen Biirgerlichen Rechts, 1900-1912, vol. I, §
20; Ludwig Enneccerus - Lehrbuch des Biirgerlichen Rechts, 1921, vol. I, § 48; Pacifici-Mazzoni -
Instituzioni di Diritto Civile Italiano, 3a ed., vol. I, n° 17; Henri Ca-pitant - Introduction à I 'Etude du
Droit Civil, 1912, p. 72.
(2) Alguns autores dividem a Interpretação em legal e doutrinai. Subdividem a primeira em autên
tica e usual: refere-se aquela às leis escritas; esta, aos costumes. Outros fazem a legal abranger a
autêntica e a judiciária, realizada a primeira pelas câmaras, a segunda pelos tribunais.
O texto manteve o sistema prestigiado pela tradição, brasileira e portuguesa; distinguiu entre dois
tipos: o livre e o compulsório. A exegese judiciária obedece aos mesmos princípios da doutrinai
propriamente dita, e só obriga às partes litigantes. O próprio juiz pode m udar de parecer, e este ape
nas vale, nos outros casos, como ensinamento; não estão adstritos a observá-lo nem sequer os tri
bunais inferiores.
Muitos escritores preferem fazer da interpretação judiciária uma categoria especial. Não deixam de
ter alguma razão; porque ela participa dos característicos das outras duas: é, em parte, obrigatória,
como a autêntica; e, em geral, livre, só prestigiada pelo valor dos próprios argumentos, como a
doutrinai.
6 2 4 P im en ta Bueno, op. cit, n° 85; Ferrara, vol. I, p. 209-210; Baudry-Lacantinerie & Hou-ques-
Fourcade, vol. I, n° 255.
6 2 5 c h iro n i & Abello - Trattato di Diritto Civile Italiano, vol. 1,1904, p. 58-59; Carlos Maximilia-no -
Comentários à Constituição Brasileira, 5a ed., n os 88-89 e 382.
a u tên tica a o fe re c id a p o r a q u ele , o u p o r q u a lq u e r o u tro ato m in is te ria l (3): o s trib u n a is
to m a m c o n h e c im e n to d as d ú v id a s le v a n ta d a s so b re a c o rreç ã o d a ex e g e se c o n sta n te de
u m re g u la m e n to , e, se lh e s p a re c e m p ro c e d e n te s, fu lm in a m o m e sm o , c o n sid e ra m -n o
irrito e n u lo , p o r in c o m p a tív e l c o m a le i a q u e se re fe re (4).
6 2 6 9 1 -(1) Pimenta Bueno, op. cit., n° 85; C. Maximiliano, op. cit, n°88; Constituição de 1891, arts. 16 e
36-40; de 1946, arts. 37 e 67-72; de 1969, arts. 46-59.
62792-(l)Crom e, vol. T, p. 104; Nicola Coviello - Manuale di Diritto Civile Italiano, 2a ed., 1915, vol. T, p.
65.
(2) Duarte de Azevedo - Controvérsias Jurídicas, 1907, p. 2, Clóvis Beviláqua, - Código Civil Co
mentado, vol. T, 1916, p. 93; C. Maximiliano, op. cit., n° 511.
A Constituição de 1937 reduziu à esfera penal a garantia ampla exarada nas leis básicas anteriores; a
de 1946 restabeleceu o acatamento aos direitos adquiridos.
6 2 8 ”Projeto do Código Civil Brasileiro” Trabalhos da Comissão Especial da Câmara dos Deputados,
vol. TV, p. 6.
6 2 9 P a u lo de Lacerda- Man uai do Código Civil Brasileiro, vol. 1,1918, p. 260-262; C. Maximiliano,
op. cit., n° 511.
6 3 0 P im en ta Bueno, op. cit., n° 86; Dias Ferreira - Código Civil Português Anotado, vol. T, p. 23-25,
nota ao art. 8o; Edwin Countryman - The Supreme Court o f the United States, 1913, p. 73; James;
Kent - Commentaires on American Law, 12a ed., vol. T, n° 456, nota c; Thomas Cooley-A Theatise
on the Constitutional Limitation, 7” ed., p. 137; Willoughby - The Constitutional Law o f the United
States, 1910, vol. TT, p. 1.265; Bouvier - LawDictionary verb. "States”.
O assu n to fic o u e sc la re c id o , e d e m o d o co m p le to , q u a n d o se e la b o ro u o C ó d ig o
85 CARLOS MAXIMILIANO
l)N o n p o ssu n t o m n es a rticu lisin -g illa tim a u t legibu s, a u t sen a tu s con su lti com preh en di:
se d e cum in a liq u a ca u sa sen ten tia eorum m a n ifesta est, is, q u iju risd ictio n ip ra eest, a d
sim ila p ro ced ere, a t-q u e ita j u s d ic e re d e b e t - "não p o d e m se r to d a s a s q u estõ es
co m p re e n d id a s p e lo s sen a tu s co n su lto s e le is; p o ré m , q u a n d o so b re o u tro a ssu n to a
so lu ç ão p ro p ic ia d a p e lo s te x to s re fe rid o s é m an ife sta , a q u e le q u e p re s id e ao ju lg a m e n to
d ev e e ste n d ê -la ao s c aso s se m e lh a n te s e a s s im m in is tra r ju s tiç a " (3) 2) Nam , u t a it
P ediu s, q u o tien s leg e aliqu id, unum v e l alteru m in trodu ctu m est, bo n a o c c a sio e s t
coetera , q u a e ten d u t a d ean dem u tilitatem , v e l in terp reta tio n e, v e l c e rte ju r isd ic tio n e su p -
p le r i - "p o is, co n fo rm e d iz P é d io , to d a v e z q u e é p o r le i alg o e sta b e lec id o , u m só o u
d iv e rso s; b o a o p o rtu n id a d e se n o s a n to lh a p a ra se re m a c re sc e n ta d o s, p o r m e io d a
in te rp re ta ç ã o o u d e c o m p e te n te a d m in istra ç ã o d a ju s tiç a , o u tro s m ais, te n d e n te s à m e sm a
u tilid a d e " (4).
n a p rá tic a (2).
P o r o u tro la d o , é q u ase im p o ssív e l fa z e r u m a n o rm a e x c lu siv a m e n te in te rp re -ta tiv a ,
sim p le s d e c la ra ç ã o d o se n tid o e a lc a n ce d e o u tra; e m v erd a d e , o q u e se a p re s e n ta c o m
esse ca rá te r, é u m a n o v a reg ra, sem e lh a n te à p rim e ira e d e sta m o d ific a d o ra d e m o d o
q u a se im p erce p tív e l. "E, d e fa to , o e sta b e le c im e n to d e d ire ito n o v o , c o m o a c ré sc im o de
d e te rm in a r q u e se ja co n sid e ra d o c o m o co n tid o j á e m u m te x to an te rio r" (3). N a d a m a is
d ifíc il d o q u e c a ra c te riz a r as n o rm a s sim p le sm e n te e x p lic a tiv a s, isto é, d is tin g u ir a m e ra
in te rp re ta ç ã o d a v e rd a d e ira in o v a çã o , no c a m p o d o D ire ito (4).
4 6 9 - A p ró p ria d ú v id a so b re se a le i re g e a p e n a s os ca so s fu tu ro s, o u se se a p lic a
d e sd e a d a ta d e o u tra a n te rio r (e sc o la ita lia n a p re c ip ita d a m e n te a c e ita p o r
a lg u n s ju r is ta s b ra sile iro s), e ss a d iv e rg ê n c ia to rn a c o n tra p ro d u c e n te a te n ta tiv a
d e e x e g e se a u tê n tic a, p o r a u m en ta r, ao in v é s d e d im in u ir, a in c e rte z a rein an te,
a s c a u sa s de d isp u ta s e litíg io s. D e m a is, não é d e p re s u m ir q u e trê s en tid a d e s,
C â m a ra , S en ad o e E x e c u tiv o , não e sp e c ia liz a d a s em ju ris p ru d ê n c ia e
d e sv a ira d a s p o r p re v e n ç õ e s e p e n d o re s d iv e rso s, c h e g u e m a a c o rd o no sen tid o
d a v e rd a d e c ie n tífic a , d a e x p lic a ç ã o c o rre ta d e u m te x to 92 (1).
94 98 - (1) Certos jurisconsultos entendem que a interpretação autêntica merece alguma considera
ção, exame respeitoso por parte dos tribunais; porém os não obriga; tem apenas o valor cientifico
dos próprios argumentos (Black - Handbook on the Construction and Interpretation of the Laws,
2a ed., p. 306-307; Sutherland - Statutes and Statutory Construction, vol. II, 2a ed., § 476). Muitos
outros avançam mais; repelem-na, como inconstitucional (Salis - Le Droit Federal Suisse, trad.
Borel, 2a ed., vol. II, p. 202-203; Lisandro Segovia - El Código Civil de la República Argentina,
vol. I, nota 3 à p. 2; Kent - vol. I, n° 456, nota c; Countryman, op. cit., p. 73).
Merece especial menção um argumento de Segovia: o estatuto federal não atribuiu ao Congresso o
poder, expresso, de fazer leis e interpretá-las, como estipularam as Constituições de algumas pro
víncias argentinas (e o Código supremo do Império do Cruzeiro); e a competência não se presume, as
disposições que a estabelecem entendem-se e aplicam-se estritamente. A Constituição brasileira de
1824 prescrevia: "Art. 15. E da atribuição da Assembléia Geral: VIII -Fazer leis, interpretá-las,
suspendê-las e revogá-las."
6 4 1 Dias Ferreira, vol. I, p. 24; Piola Caselli, apud Jandoli, p. 41; Caldara, op. cit., p. 72-73; Laurent,
vol. I, n os 282 e 284; Cooley, op. cit., p. 137; Kent, vol. I, n° 456, nota c; Segovia, vol. I, p. 2, nota 3.
6 4 2 L u k as, op. cit, p. 405 e segs.; Laurent, vol. I, n° 271.
95 99-(1) Windscheid, vol. I, § 20; Savigny, vol. I, p. 202-203; Jandoli, op. cit., p. 43. Genye muitos
outros autores nem se ocupam com a interpretação autêntica.
(2) Vede nos 204 e 322.
96 99-A - (1) Giulio Battaglini - Diritto Penale, Teorie Generali, n° 14, p. 26-27. Vede
n°313, J.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 90
DISPOSIÇÕES LEGISLATIVAS
SOBRE INTERPRETAÇÃO
A s re g ra s d e H e rm e n ê u tic a in c lu íd a s e m u m C ó d ig o tê m a m e s m a fo rç a c o m
p u ls ó ria q u e o s o u tro s p re c e ito s a li c o n so lid a d o s, isto é, v a riá v e l se g u n d o a e v o lu ç ã o ;
p o rq u a n to d e v e m se r in te rp re ta d a s ta m b é m d e ac o rd o com as c o n d iç õ e s sociais.
O b rig a tó ria s e m te o ria , so fre a lte ra ç õ e s su tis a su a a p lic a b ilid a d e , à m e d id a das
n e c e ssid a d e s e c o n ju n tu ra s im p re v ista s e m u ltím o d a s d a p rá tic a e c o n fo rm e a ín d o le d o s
d isp o sitiv o s e m c u ja ex e g ese se e m p re g a m (4).
100 103 - (1) Caldara, op. cit., nos 40-41; Coviello, vol. I, p. 69.
Em Coimbra chamam oficialmente Direito Pátrio ao só Direito Civil.
6 5 3 Raymundo Salvat- Tratado de Derecho Civil Argentino, vol. I, 1917, n" 94, b. Aliás o Código
argentino contém, sobre interpretação, apenas o art. 18, muito semelhante ao 7o brasileiro. A nova
Lei de Introdução suprime a matéria do art. 6o; mas contém a do 7o, e manda, no seu art. 5o, atender
aos fins sociais do Direito positivo.
6 5 4 O s artigos acima referidos aplicam-se habitualmente às disposições de Direito Civil, Comercial,
Criminal, Judiciário e Administrativo.
6 5 5 S e rá oportuno o estudo comparativo entre os artigos da Lei de Introdução de 1916 e de 1942, para
tanto transcreve-se no final do Apêndice os textos de ambas lado a lado. (Nota da Editora.)
1
"A in te rp re ta ç ã o d as le is é o b ra d e ra c io c ín io e de ló g ic a , m a s ta m b é m
de d isc e rn im e n to e b o m sen so , de sa b e d o ria e e x p e riê n c ia" (3). U m C ó d ig o ,
p o rv e n tu ra te o ric a m e n te ó tim o , sem p re ex ig e , p a ra a su a p e rfe ita o b se rv â n c ia ,
a p lic a d o re s e x o rn a d o s d e g ra n d e s d o te s in te le c tu a is (4). É n o tó rio q u e a
m e sm a n o rm a p o sitiv a ad q u ire a c e p ç õ es e a p lic a ç õ e s v á ria s e m d ife re n te s
p a íse s, o u e m ép o cas d iv e rsa s, e a c a u sa d a d iv e rg ê n -
102 105 - (1) Biagio Brugi, Prof, da Universidade de Pádua - Prefácio de VInierpretazione delia Legge, de
F. Degni, 2a ed., 1909, p. VTT.
659G m elin - Quousquel, p. 20; Jandoli, op. cit., p. 76.
660G m elin, op. cit., p. 21.
6 6 1 Giorgio Giorgi - Teoria delle Obbligazioni, T cd., vol. TV, n° 180.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 96
N o p re tó rio c o n te m p o râ n e o n ão p o d e h a v e r lu g a r p a ra o s le ig o s, n e m p a ra o s falso s
le tra d o s; p a ra os in c o m p e te n te s, em su m a (2). C u m p re e sc o lh e r o s m a g istra d o s e n tre os
q u e b e m c o n h e c e m a s p a ix õ e s h u m a n a s, a s c a u sa s p ró x im a s e re m o ta s d o s fe n ô m e n o s
ju ríd ic o s, a fin a lid a d e d o s in s titu to s e d isp o sitiv o s, o s fa to re s so c io ló g ic o s q u e in flu íra m
n a e la b o ra ç ão , o u n a e x e g e se d o s tex to s. D e v e m te r a p re n d id o a su b s titu ir o eg o ísm o ,
c u ltiv a d o o u tro ra n o s g in á sio s, p e lo s se n tim e n to s é tic o s in s p ira d o s p e lo s in te re sse s
c o m u n s d a c o letiv id a d e , e ta m b é m d o s p o v o s, q u e r iso la d o s, q u e r n o c o n v ív io d as n açõ es.
O m e lh o r siste m a d e seleção é o in g lê s, a té a le m ã e s o rec o n h e c e m : c o n q u ista os
g ra n d e s a d v o g a d o s p a ra m e m b ro s de trib u n a l d e se g u n d a in stâ n c ia ; p o rq u e v iv e m e m
co n ta to im e d ia to c o m a so c ie d ad e , estã o fa m ilia riz a d o s c o m os c o n flito s d e in te re sse s,
c o n h e c e m b e m a lu ta p e la e x istên c ia , c o m as su a s d o re s e v itó ria s, a n e -lo s e d esilu sõ es.
S ab em , p o r e x p e riê n c ia , o v a lo r d e c a d a c irc u n stâ n c ia d e fa to ; p o rta n to a p re c ia m -n a
m e lh o r e le v a m -n a e m c o n ta ao a p lic a r as le is (3).
P a ra o s trib u n a is su p e rio re s ta m b é m e stão n a tu ra lm e n te in d ic a d o s o s c a te d rá -tic o s e
os siste m a tiz a d o re s de sa b e r ju ríd ic o , h o m e n s c u jo s h á b ito s in te le c tu a is e v a stid ã o de
c u ltu ra p re d isp õ e m p a ra o e x e rc íc io da fu n ç ã o a trib u íd a à ju risp ru d ê n c ia , de
a p e rfe iç o a d o ra su til e q u a se in c o n s c ie n te do tra b a lh o d o le g isla d o r, o b re ira d iu rn a d a
e v o lu ç ã o do D ireito . O s e n tu sia sta s d e liv ro s v e lh o s e o s fe rre n h o s p e r-q u irid o re s de
n u lid a d e s se rv e m p a ra c u ra r o s jo v e n s a d v o g a d o s d e certo d e sd é m p e lo rito p ro c e ssu a l,
fic a m à m a ra v ilh a n o s p re tó rio s d e p rin c ip ia n te s, d o n d e n ão d e v e m sair...
E m re su m o : a o b ra d o in té rp re te é d ifíc il e d e lic a d a ; p re ssu p õ e ta to , fe lic id a d e de
in tu iç ã o , c rité rio e "o sa b e r d e e x p e riê n c ia feito ".
4 7 4 - T a m b é m a p o s iç ã o do in té rp re te c o n trib u i p a ra a d e fe sa de p ro p o siç õ e s
in e x a ta s. O a d v o g a d o p ro p u g n a a te s e q u e m e lh o r a p ro v e ita ao c o n stitu in te ; o
p o lític o , a q u e c o n v é m ao se u p a rtid o ; o ju iz se n te -se p re so p e la id é ia
su ste n ta d a em p ro c e sso an te rio r; o p rático a p e g a -se a o s p re c e d e n te s; o
d iv u lg a d o r a lv issa re iro d e u m a d o u trin a n o v a, d ific ilm e n te a re p u d ia d ep o is,
n ão c o n d e sc e n d e e m d e sp o ja r-se d a g ló ria d a d e sc o b e rta o u d a p rim a z ia; o
e sc rito r, c ritic ad o v ig o ro sa m e n te , n ão m a is a b a n d o n a o s seu s p a ra d o x o s
v is to so s , n e m o s c in tila n te s so fism a s e n g a n a d o re s '06 (1).
104 107 - (1) Francesco F errara - Trattato di Dirítto Civile Italiano, 1921, vol. I, p. 206.
(2) Karl Wurzel - Das Juristiche Denken, in ”Oesterreichisches Zentralblatt fur die Juristische
Praxis”, vol. 21, p. 599-600.
A m agistratura francesa inclinava em demasia a balança da justiça contra os socialistas; mudou de
conduta quanto a estes, porém voltou os seus raios para os antimilitaristas (Raoul de La Gras-serie -
De la Justice en France et à L 'Etranger au XXe siècle. 1914, vol. I, p. 7).
6 6 4 1 0 8 - (1) Félix Berriat Saint-Prix - Manuel de Logique Juridique, 2° ed., n° 158. As
crianças falam como se fossem regulares os verbos irregulares.
665109-(1) Berriat, Saint-Prix, op. cit.,n° 162.
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 98
1 1 2 - T ra d ic io n a lm e n te , a lé m d e d iv id ir a in te rp re ta ç ã o , q u a n to à su a o rig em ,
e m a u tên tica e dou trin ai, ta m b é m a d e c o m p u n h a m , c o n fo rm e o s e le m e n to s d e q u e
se serv ia, e m g r a m a tic a l e lógica. H o je n ão m ais se a c e ita m se m e lh a n te s d e n o m i
n a ç õ e s im p ró p ria s. A in te rp re ta ç ã o é u m a só; n ã o se frac io n a : e x e rc ita -se p o r v á rio s
p ro c e sso s, n o p a re c e r d e u n s; a p ro v e ita -se d e e lem en to s d iv e rso s, n a o p in iã o de o u
tro s: o g ra m a tic a l, o u m elhor, filo ló g ic o ; e o lógico, su b d iv id id o este, p o r su a v ez,
e m ló g ico p ro p ria m e n te dito, e socia l, o u so cio ló g ico .
A d ife re n ç a e n tre os d o is p rin c ip a is e le m en to s, o u p ro c e sso s, c o n siste e m q u e u m só
se p re o c u p a c o m a le tra do d isp o sitiv o ; o o u tro , c o m o esp írito d a n o rm a e m apreço.
1 1 3 - P re sta -se a lín g u a p a ra e sta b e le c e r e c im e n ta r a s re la ç õ e s en tre o s h o
m en s. Q u a n d o a lg u é m p re te n d e d e sp e rta r e m o u tre m id é ia se m e lh a n te à q u e irro m
p e u n o se u p ró p rio cére b ro , p o r m e io d o s n e rv o s m o to re s e n g e n d ra u m p ro d u to
físic o , o q u a l, p o r su a v e z , im p re ss io n a o s ó rg ã o s se n sitiv o s d o o u tro in d iv íd u o , em
c u ja a lm a fa z b ro ta r a im a g e m p lan e ja d a . O m a is im p o rta n te d e sse s p ro d u to s físic o s
é a lin g u a g e m , fa la d a o u c o n siste n te e m escrita , g e sto s, fig u ras, sinais. A c o m u n ic a
ção c o m p le ta -se d e sd e q u e a im a g e m c ria d a p o r u m se re p ro d u z c o m im p re ss io n a r o
in tele c to d o o u tro 109 (1).
P o rta n to , o p rim e iro e sfo rç o de q u e m p re te n d e c o m p re e n d e r p e n sa m e n to s a lh e io s
o rie n ta -se n o sen tid o d e e n te n d e r a lin g u a g e m e m p reg ad a. D a í se o rig in o u o p ro c e sso
v e rb a l, o u fd o ló g ic o , d e e x eg ese. A te n d e à fo rm a e x te rio r d o te x to ; p re o -
(*) Os processos e regras atinentes à exegese das leis também servem para interpretar frases de escritores
e atos jurídicos em geral. Os códigos oferecem, de preferência, normas concernentes à hermenêutica
dos contratos, as quais, porém, se aplicam, salvo exceções previstas, a leis, regulamentos e outros
quaisquer textos (Zacharias e Crome - Manuale del Diritto Civile France-se, trad. Barassi, vol. I, nota
1 ao § 36; Baudry-Lacantinerie e Hosque-Rau, Falcimaigne e Gault-Cours de Droit Civil, 5a ed., vol. I,
§ 40, princípio).
109 113 - (1) Erich Danz - Einf?hrung in die Rechtsprechung, 1912, p. 8-9, § 4o.
6 6 8 P a u la Batista - Compêndio de Hermenêutica Jurídica, §§ 8 e 9; Charles Brocher - Êtude suites
Príncipes Généraux de L 'Interpretation des Lois, 1870, p. 21; Emilio Caldara - Interpretazio-ne delle
Leggi, 1908, nos 95 e 97.
669B ro ch er, membro da Corte de Cassação do cantão de Genebra, op. cit., p. 21-22.
6 7 0 1 1 4 - (1) Bernardino Carneiro - Primeiras Linhas hermenêutica Jurídica e Diplomática, 2 ” ed., § 16;
Ernest R. Bierling - Juristiche Prinzipienlehre, 1911, vol. TV, p. 215; N. M. Korkounov -Cours de
Théorie Generate du Droit, trad. Tchernoff, 1903, p. 526-527; Caldara, op. cit., n os 101-102.
6 7 1 1 1 5 - (1) Na versão obrigatória do texto alemão para o francês, não foi possível exprimir bem todas
as nuances da linguagem primitiva (Vede n° 72, e ”Les transformations du droit dans les prin-
cipaux pays depuis cinquante ans (1869-1919), Livre du Cinquantenaire de la Société de Legislation
Comparée, Paris, vol. T, 1922, p. 332-333).
(2) Caldara, op. cit., nos 98 e 101.
H á lín g u a s o p u le n ta s e o u tra s p o b re s, isto é, a n a lític a s as p rim e ira s, sin té tic a s as
ú ltim a s. A te n d a -se à riq u e z a d o id io m a em p re g a d o : se este p o ss u i u m a p a la v ra p a ra
e x p rim ir d u a s id é ia s, a q u e le v a ria d e v o cá b u lo c o n fo rm e o sen tido . E m p o rtu g u ê s, - tem po
- sig n ific a - d a ta e e sta d o d a a tm o sfera ; e m a lem ão o u in g lê s, in d ic a m a p rim e ira acep ç ão
c o m u m te rm o - Z e it o u time, e a seg u n d a, c o m o u tro -W etter o u w eath er.
A lín g u a g e rm â n ic a fo rm a v o c á b u lo s n o v o s, c o m a g lu tin a r o s artig o s, o q u e fa c ilita
a c o m p ree n são . A s de o rig e m ro m a n a se g u e m trilh a m a is d ifíc il e c o m p lic a d a ; a p ro v e ita m
ra íz e s g re g a s o u latin a s, e x p re ssõ e s estra n g e ira s tra d u z id a s o u não, b a rb a rism o s e
n e o lo g ism o s. N e sse m ea n d ro p e n e tra o h e rm e n e u ta , c o m o in tu ito d e e sc la re c e r tu d o , e
d a r a c a d a v o c á b u lo o sig n ific a d o p rec iso . T a re fa p re c á ria , so b re tu d o q u a n d o o p ró p rio
le g isla d o r, o u e x p o s ito r do D ire ito , não se m o stra z elo so d a su a lin g u a g e m e e m p re g a as
p a la v ra s n o v a s, o u irre g u la re s, e m m a is d e u m a d e su a s a cep çõ es! T a m b é m p o d e se rv ir-se
de u m te rm o , o ra no sen tid o e tim o ló g ic o , o ra no u su a l, re c en tíssim o .
O s id io m a s fa la d o s h o je tê m não só a p ró p ria a n a to m ia e fisio lo g ia ; m as, a in d a, a
su a p a to lo g ia . A té a s e n fe rm id a d e s d a lin g u a g e m p re c isa m se r c o n h e c id a s p e lo in té rp re te
e e x p o sito r do D ire ito (2).
6 7 5 C h iro n i & Abello, Profs, da Universidade de Turim, vol. T, p. 61: Ferrara, vol. T. p. 213-214.
676G ianturco, vol. T, p. 1, 118; Ferrara, vol. T, p. 214.
677G ianturco, vol. T, p. 118.
678D egni, op. cit., p. 237, n° 111.
679 B ro ch er, op. cit., p. 27-28.
680 F ran co is Geny - Méthode d' Interpretation et Sources en Droit Prive Positif, 2 ” ed., 1919, vol. l,p.
276-277, n° 101.
6 8 1 M . Rumpf- Gesetz undRichter, 1906, p. 76-78.
682 F ran co is Geny -Science et Technique en Droit Prive Positif, 1914, vol. T, p. 148.
683N icolas Stolfi - Diritto Civile, vol. T, n° 281; Geny — Méthode d' Interpretation, vol. T, p. 277-278.
684U lpiano, em o Digesto, liv. 50, tit. 16 - de verborum significatione, frag. 6, § 1°.
6 8 5 jo a q u im Dualde - Una Revolution en la Lógica del Derecho, p. 4. Vede
n os 217 esegs.
(16)Enneccerus,KippeWolff-LehrbuchdesBürgerlichenRechts, IT ed.,vol.T, Pparte,§51.
(17) Giovanni Lomonaco - Istituzioni di Diritto Civile, 2 ” ed. vol. T, p. 85.
Mais severo do que o famoso mestre napolitano se nos antolha o implacável Professor da Faculdade
de Direito do Recife, Tobias Barreto, in Menores e Loucos, p. 27:
”Não compreendo que valor poderia ter o estudo do Direito, se os que a ele se consagram fossem
obrigados, como os doutores da lei, da escola do rabino Shammai, a ser somente exegetas, a não sair
do texto, a executar simplesmente um trabalho de midrasch, como dizem os judeus, isto é, de
escrupulosa interpretação literal. Assim viríamos a ter, não uma ciência do Direito, mas uma ciência
da lei, que podia dar o pão, porém, ao certo, não dava honra a ninguém. Assentar-lhe-ia em cheio o
leider auch com que Goethe humilhou a Teologia; e cada um de nós poderia, com mais razão do que
Fausto, zombar do seu doutorismo - heisse Doktor gar!...
(18) Wurzell - Das Juristiche Denken, in "Zentralblatt fair die Juristische Praxis”, vol. 21, p.
762-767 e 948-251; Armin Ehrenzweig - System des Oesterreichischen Allgemeinen Priva-
trechts, vol. T, Ta parte, p. 69-70.
Veden° 19.
6 8 6 C u n h a Gonçalves - Tratado de Direito Civil, vol. TV, 1931, n° 542, 19, p. 425.
6 8 7 P io la Caselli - Digesto Italiano, vol. XTTT, nos 7-8.
688 P lan io l & Ripert e Esmein - Traité Pratique de Droit Civil, vol. VT, n° 373.
4 8 2 N o ta m - s e n a lin g u a g e m d u a s te n d ê n c ia s o p o s ta s , e x e rc id a s s i m u lta n e a
m e n te s o b r e p a la v r a s d iv e r s a s , o u s o b r e a m e s m a e m é p o c a s d if e re n te s :
p a r a g e n e ra liza r e e sp e c ia liza r o s e n tid o r e s p e c tiv o , o q u a l v a i m u d a n d o à
p r o p o r ç ã o q u e se v e r if ic a o m e n c io n a d o fe n ô m e n o d e L in g ü ís tic a . P r e c is a ,
p o r t a n t o , o h e r m e n e u ta c o n h e c e r o d e s e n v o lv im e n to e v o lu tiv o , a h is tó r i a d e
u m v o c á b u lo , a fim d e a p u r a r o q u e e s te fo i c h a m a d o a e x p r i m i r (3).
4 8 3 S e m u d o u , c o m o te m p o , o s e n tid o d e u m a p a l a v r a , p r e f e r e - s e o d a é p o c a
e m q u e fo i o te x to r e d ig id o e m c a r á t e r d e fin itiv o , e n ã o d a q u e la e m q u e é
i n t e r p r e t a d o (4).
4 8 4 A te n d e - s e a o s u s o s lo c a is re la tiv o s à lin g u a g e m ; re s p e ita - s e a a c e p ç ã o a d o
t a d a n a z o n a g e o g rá f ic a e m q u e fo i o tr e c h o p u b lic a d o (5): p o r e x e m p lo , e m
E s ta d o s v iz in h o s , c o m o os d e M in a s G e r a is , S. P a u lo e R io d e J a n e i r o , a
p a l a v r a alqu eire, o fic ia lm e n te e m p r e g a d a , n ã o d e s ig n a a m e s m a q u a n ti d a d e
s u p e r f ic ia l d e t e r r a .
4 8 5 P r e s u m e - s e q u e a le i n ã o c o n te n h a p a la v r a s s u p é r f lu a s ; d e v e m to d a s s e r
e n te n d id a s c o m o e s c r ita s a d r e d e p a r a in f lu i r n o s e n tid o d a f r a s e re s p e c tiv a
(6).
4 8 6 N a d ú v id a , p r e f e r e - s e o s ig n ific a d o q u e t o r n a g e r a l o p r in c íp io e m a n o r m a
c o n c r e tiz a d o , a o in v é s d o q u e i m p o r t a r i a n u m a d is tin ç ã o , o u e x c e ç ã o (7).
h ) A p o s iç ã o d o s te x to s e s c la re c e o h e r m e n e u ta : se o o b je to é id ê n tic o , p a r e c e
n a t u r a l q u e a s p a la v r a s , e m b o r a d iv e r s a s , te n h a m s ig n ific a d o s e m e lh a n te (8).
i) P o d e h a v e r , n ã o s im p le s i m p r o p r i e d a d e d e te r m o s , o u o b s c u r id a d e d e lin
g u a g e m , m a s ta m b é m e n g a n o , la p s o , n a re d a ç ã o . E s te n ã o se p r e s u m e : P r e c i s a s e r
d e m o n s tr a d o c la r a m e n te . C u m p r e p a t e n t e a r , n ã o só a in e x a tid ã o , m a s ta m b é m a
c a u s a d a m e s m a , a fim d e f i c a r p le n a m e n te p r o v a d o o e r r o , o u s im p le s d e s c u id o (9).
j ) A p r e s c r iç ã o o b r i g a tó r i a a c h a -s e c o n ti d a n a f ó r m u l a c o n c r e ta . S e a l e t r a n ã o
é c o n t r a d i t a d a p o r n e n h u m e le m e n to e x te r io r , n ã o h á m o tiv o p a r a h e s ita ç ã o : d e v e
s e r o b s e r v a d a . A lin g u a g e m te m p o r o b je tiv o d e s p e r t a r e m te r c e ir o s p e n s a m e n to se
m e lh a n te a o d a q u e le q u e f a la ; p r e s u m e - s e q u e o le g is la d o r se e s m e ro u e m e s c o lh e r
e x p re s s õ e s c la r a s e p r e c is a s , c o m a p r e o c u p a ç ã o m e d i ta d a e f i r m e d e s e r b e m c o m
p r e e n d i d o e fie lm e n te o b e d e c id o . P o r isso , e m n ã o h a v e n d o e le m e n to s d e c o n v ic ç ã o
e m s e n tid o d iv e r s o , a té m -s e o i n t é r p r e t e à l e t r a d o te x to (10).
E m b o r a s e ja v e r d a d e i r a a m á x im a a t r i b u í d a a o a p ó s to lo S ã o P a u lo - a l e t r a
m a t a , o e s p ír ito v iv ific a -, n e m p o r isso é m e n o s c e r to c a b e r a o j u i z a f a s ta r - s e d a s
e x p re s s õ e s c la r a s d a le i, s o m e n te q u a n d o f i c a r e v id e n c ia d o s e r isso in d is p e n s á v e l
p a r a a ti n g ir a v e r d a d e e m s u a p le n itu d e . O a b a n d o n o d a f ó r m u l a e x p líc ita c o n s titu i
u m p e rig o p a r a a c e r t e z a d o D ire ito , a s e g u r a n ç a j u r í d i c a ; p o r isso é só ju s tific á v e l
e m fa c e d e m a l m a i o r , c o m p r o v a d o : o d e u m a s o lu ç ã o c o n t r á r i a a o e s p ír ito d o s d is
p o s itiv o s , e x a m in a d o s e m c o n ju n to . A s a u d á c ia s d o h e r m e n e u ta n ã o p o d e m i r a
p o n to d e s u b s tit u ir , d e f a to , a n o r m a p o r o u t r a (11).
k ) E n t r e t a n t o , o m a i o r p e r ig o , f o n te p e r e n e d e e r r o s , a c h a -s e n o e x tr e m o o p o s
to , n o a p e g o à s p a la v r a s . A te n d a - s e à l e t r a d o d is p o s itiv o ; p o r é m c o m a m a i o r c a u te
la e ju s to re c e io d e "S a c rific a r a s r e a lid a d e s m o r a is , e c o n ô m ic a s , 'o c i a i ', q u e
c o n s titu e m o f u n d o m a t e r i a l e c o m o o c o n te ú d o e fe tiv o d a v id a ju r í d i c a , a 'i n a i ',
p u r a m e n t e ló g ic o s, q u e d a m e s m a n ã o re v e la m s e n ã o u m a s p e c to , d e to d o f o r m a l ”
(12). C u m p r e t i r a r d a f ó r m u l a tu d o o q u e n a m e s m a se c o n té m , im p líc ita e e x p lic ita
m e n te , o q u e , e m r e g r a , só é p o ss ív e l a lc a n ç a r c o m e x p e r i m e n t a r o s v á r io s r e c u r s o s
d a H e r m e n ê u t ic a (13).
V erbum ex legibu s, sic accip ien d u m est: tarn ex legu m sen ten tia, quam ex v e rb is-
” O s e n tid o d a s leis se d e d u z , t a n t o d o e s p ír ito c o m o d a l e t r a r e s p e c tiv a ” (14).
S ã o in e v i tá v e i ' o s e x tr a v a s a m e n to s e a s c o m p r e s s õ e s ; r e s u lta m d a p o b r e z a d a
p a l a v r a , q u e t o r n a e s ta i n a p t a p a r a c o r r e s p o n d e r à m u ltip lic id a d e d a s id é ia s e à
c o m p le x id a d e d a v id a . P o r is to , h á in t e r p r e ta ç ã o ex ten siva e estrita, p o s to q u e o r u -
t r o r a se c o n s id e r a s s e id e a l a só d e c la ra tiv a (15).
1 ) A in t e r p r e ta ç ã o v e r b a l fic a a o a lc a n c e d e to d o s , s e d u z e c o n v e n c e o s in d o u -
to s , im p r e s s io n a f a v o r a v e lm e n te o s h o m e n s d e le t r a s , m a r a v ilh a d o s c o m a r i q u e z a d e
c o n h e c im e n to s filo ló g ic o s e p r i m o r e s d e lin g u a g e m o s te n ta d o s p o r q u e m é, a p e n a s ,
u m p r o f is s io n a l d o D ire ito . C o m o t o d a m e ia c iê n c ia , d e s l u m b r a , e n c a n t a , e a t r a i ;
p o r é m f ic a lo n g e d a v e r d a d e a s m a is d a s v e z e s, p o r e n v o lv e r u m só e le m e n to d e
c e r te z a , e p r e c is a m e n te o m e n o s s e g u ro .
N ã o se d e s d e n h e , e m a b s o lu to , u m t a l p ro c e s s o ; c u m p r e e m p r e g á - lo , p o r é m ,
c o m a m a is d is c r e ta c a u te la , p a r a e v i t a r o q u e o s a le m ã e s d e n o m in a m S ilben stech e-
re i - lo g om aqu ia, e s m e r ilh a ç ã o p e d a n te s c a , d is p u ta p a la v r o s a e o c a (16).
Q u e m só a te n d e à l e t r a d a le i, n ã o m e r e c e o n o m e d e ju r is c o n s u lt o ; é s im p le s
p r a g m á ti c o (d iz ia V ic o ) (17).
A e x e g e se filo ló g ic a a tin g e , a p e n a s , o c a so típ ic o , p r i n c ip a l ; o n ú c le o , e x p líc ito ,
lú c id o , é c e r c a d o p o r u m a z o n a d e tr a n s iç ã o ; c a b e a o i n t é r p r e t e u l t r a p a s s a r esse
lim ite p a r a c h e g a r ao c a m p o c ir c u n v iz in h o , m a is v a s to , e ric o d e a p lic a ç õ e s p r á t ic a s
(18).
m ) G u ia -s e b e m o h e r m e n e u ta p o r m e io d o p ro c e s s o v e r b a l q u a n d o c la r o s e
a p r o p r ia d o s os te r m o s d a n o r m a p o s itiv a , o u d o a to ju r íd i c o (19). E n t r e t a n t o , n ã o é
a b s o lu to o p r e c e ito ; p o r q u e a lin g u a g e m , e m b o r a p e r f e it a n a a p a r ê n c i a , p o d e s e r
in e x a ta ; n ã o r a r o , a p lic a d o s a u m te x to , lú c id o à p r i m e i r a v is ta , o u tr o s e le m e n to s d e
in t e r p r e ta ç ã o , c o n d u z e m a r e s u lta d o d iv e r s o d o o b tid o c o m o só e m p r e g o d o p r o
cesso filo ló g ic o (20).
S o b r e tu d o e m se t r a t a n d o d e a to s ju r íd i c o s , a ju s t i ç a e o d e v e r p r e c íp u o d e f a
z e r p r e v a l e c e r a v o n ta d e r e a l c o n d u z e m a d e c id i r c o n t r a a l e t r a e x p líc ita , f r u t o , à s
v e z e s, d e u m e n g a n o ao r e d ig ir e m (21).
116-A - Nos tratados de Direito e nos repositórios de Jurisprudência pululam
conclusões em flagrante desacordo com a impressão resultante da exegese puramente
gramatical dos textos.
a) O art. 32 da Lei Cambial (Decreto n° 2.044, de 21 de dezembro de 1908) de
termina: "O portador que não tira em tempo útil, e forma regular, o instrumento do
protesto da letra perde o direito de regresso contra o sacador, endossadores e a v a
lis ta s ".
A e x e g e se filo ló g ic a le v a a c o n c lu ir q u e, n ão fe ito o p ro te sto no p ra z o leg al, c e ss a a
fa c u ld a d e d e a g ir c o n tra q u a lq u er a va lista ; p o is o te x to n ão d istin g u e en tre o do a c eitan te
d a le tra d e câ m b io , o u d o e m ite n te d a n o ta p ro m issó ria , e o s d em ais. C o m e sta o rie n ta çã o
d e c id iu até u m p re tó rio q u e fo rm a n a p rim e ira lin h a e n tre o s m a is esc la re c id o s d o B ra sil -
o T rib u n a l de J u s tiç a de S ão P a u lo (A có rd ão d e 30 d e m a rço de 1916). R e fo rm o u , en fim ,
a ju risp ru d ê n c ia , a fe iç o a n d o -a , d e v e z, à b o a d o u trin a (A có rd ão d e 8 d e ju lh o d e 1919).
O a v a lista d o a c e ita n te d a letra, o u d o em iten te d a n o ta p ro m issó ria , é e q u ip ara d o
ao av alizad o . A re sp o n sa b ilid a d e d e ste n ã o c e ssa p e lo sim p le s fa to d e se n ã o p ro te s ta r o
títu lo ; p o rta n to , o m e sm o se d á c o m a daq u ele.
A lei, e m b o ra n ão d is tin g a e x p lic ita m e n te , re fe re -se a a v a lista s d o s sa c a d o r e s e ao s
de en d o ssa d o res. O e m ite n te , o u a c e ita n te , e os re sp e c tiv o s a v a lista s são o b rig a d o s
d ireto s; o sa cad o r, o e n d o ss a d o r e o s seu s a v a lista s são os q u e a d o u trin a c o n sid e ra
o b rig a d o s re g ressivo s, ú n ic o s q u e se lib e rta m quando se n ã o fa z em te m p o o
in d isp e n sá v e l p ro te s to " 3 (1).
b) P re c e itu a o C ó d ig o C iv il p o rtu g u ê s: "A rt. 1.457. A s d o aç õ e s, que tiverem
de p ro d u z ir o s seu s e fe ito s p o r m o rte d o doa d o r, tê m a n a tu re z a d e d isp o siç ã o d e ú l
tim a v o n ta d e , e fic a m su jeitas às re g ra s e sta b e le c id a s n o títu lo d o s te sta m e n to s."
A le tra p a re c e a d m itir as d o a ç õ e s ca u sa m o rtis; p o ré m a d o u trin a e a ju ris p ru d ê n c ia
c o n c lu e m d e m o d o d ia m e tra lm e n te o p o sto - c o n tra a le g a lid a d e d e ta is a to s b e n é fic o s (2).
c) P re s c re v ia o C ó d ig o P e n a l d e 1890, sob a ep íg ra fe D o R a p to : "A rt. 270. T i
ra r d o la r d om éstico, p a ra fim lib id in o so , q u a lq u e r m u lh e r h o n e sta ..."
A e x e g e se filo ló g ic a e x c lu iu d o a lca n c e d o te x to a tira d a d e u m re c o lh im e n to , o u
c o lég io , e o ra p to e m p le n a ru a , n u m te a tro , a g ê n c ia d e C o rreio s, o u lo ja d e m o -d ista. A
b o a d o u trin a , b a s e a d a n a in te rp re ta ç ã o ló g ic a e estrita, n ão re s tritiv a n e m g ra m a tica l,
113 116-A - (1) Saraiva - A Cambial, 2a ed., §§ 96,171 e 286; Carvalho de Mendonça - Tratado de Direito
Comercial, vol. V, parte 2a, r í* 766 e 957; Paulo de Lacerda -A Cambial no Direito Brasileiro, 3a ed.,
n° 316; José Maria W hitaker - Letra de Câmbio, 2a ed., n° 147 e nota 339.
6 8 9 José Tavares, Professor da Universidade de Coimbra - Sucessões, 2a ed., vol. I, p. 29; Dias Ferreira,
Professor da Universidade de Coimbra - Código Civil Português Anotado, vol. Ill, comentário ao art.
1.174.
6 9 0 Jo ã o Vieira de Araújo - O Código Penal Interpretado - Parte Especial, vol. I, n° 111, p. 246-247;
Galdino Siqueira - Direito Penal Brasileiro - Parte Especial n° 299 (em desacordo quanto ao rapto
em plena rua); Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 26 de março de 1898; Ac. da
Terceira Câmara da Corte de Apelação do Distrito Federal, de 10 de abril de 1915; Gazeta Jurídica,
vol. 17, p. 170; Revista de Direito, vol. 40, p. 212-216; Edgard Costa - Repertório de Jurisprudência
Criminal, n° 304.
e n g lo b a n a m e s m a fig u ra d e litu o s a to d a s as h ip ó te se s re fe rid a s; p o rq u e "a e ss ê n c ia do
crim e d e rap to e s tá no a p o ssa r-se d a p e s s o a de a lg u é m le v a n d o -a d e u m p a ra o u tro lu g a r
(a bd u ctio d e lo c o a d locum , d o s ro m a n o s), o u re te n d o -a o n d e se a c h e à d isc riç ã o d e o u tra
p e sso a " (3).
6 9 1 C h av eau e Helie - Théorie du Code Penal, 3a ed., vol. TV, p. 389-399; Garraud - Traité Thêo-rique
et Pratique du Droit Penal Français, 2" ed., vol. V, n° 1.982 e nota 11.
6 9 2 C arlo s Maximiliano-Direito das Sucessões, n° 731; Aubry & Rau e Bartini - Cours de Droit Civil,
5a ed., vol. XT, § 692 e notas 5 ter a 6 ter; Théophile Hue - Commentaire du Code Civil, vol. VT, nos
44-47.
69 3 P lan io l & Ripert, e Trasbot - Traité Pratique de Droit Civil, vol. V, 1933, n° 731; Baudry-
Lacantinerie e Colin - Des Donations entre Vifs et des Testaments, 3a ed., vol. TT, n os 2.908-11;
Marcelo Planiol - Traité Élémentaire de Droit Civil, 7a ed., vol. Tll, n° 2.862; C. Maximiliano -
Direito das Sucessões, n° 1.099.
6 9 4 ju lie n Bonnecase - L'Ecole de L'Exegese en Droit Civil, 1919, p. 217; Planiol & Ripert e Nast, v.
TX, n 05 1.118-1.120; Dualde, op. cit., p. 161-162.
6 9 5 M elo Freire - Institutionum Juris Civilis Lusitani, Liber TTT, tít., 6o, § 11; Correia Teles, Di-gesto
Português, vol. TT, n° 1.164, com apoio em Valasco; Pereira de Carvalho - Primeiras Linhas sobre
o Processo Orfanológico, edição Dídimo da Veiga, vol. T, nota 65; Teixeira de Freitas nota 273 à
Doutrina das Ações, de Correia Teles; Cândido Mendes - Código Filipino. 14a ed., nota 5 à
Ordenação do liv. T, tít. 88, § 9o, com apoio em Gama, Valasco, Barbosa, Paiva e Pona; Carlos
Maximiliano, - Direito das Sucessões, n oS 1.544-1.545.
6 9 6 P o n tes de Miranda - Ação Rescisória, p. 11 e 238; Cândido Mendes de Almeida- CódigoFi-lipino,
14a ed., vol. T, nota 1 à Ordenação do livro 3o, título 75, princípio, com apoio de Morais e Silva
Pereira; Teixeira de Freitas - Doutrina das Ações, nota 162, e Primeiras Linhas sobre o Processo
Civil, vol. TT, nota 696; Manuel Tnácio Carvalho de Mendonça-Da Ação Rescisória, n° l,p. 8; Jorge
Americano-Da Ação Rescisória, 2aed.,n°29, p. 64; Pedro Lessa- Do Poder Judiciário, § 45.
(10) Raoul de la Grasserie - De La Justice en France et à l Etranger au XXe Siècle, vol. T, p.
123-124; Egger, Oser, Escher e Haab-Kommentarzum Schweizerischen Zivilgesetzbuch, 2" zi.,
1930, vol. T, p. 48.
a to s de ú ltim a v o n ta d e , a fe iç o o u à m e lh o r d o u trin a o p re c e ito im p e ra tiv o e claro ;
tra n sp o rto u p a ra o c am p o do d isp o sitiv o c ita d o a te o ria d a ca u sa d eterm in a n te ilícita , e
tem , c o m e ste fu n d a m e n to , a n u la d o a p ró p ria lib e ra lid a d e , a c lá u s u la te sta -
114 Ml-(l)R.Von Jhering-L'Esprit du Droit Romain, trad. Meulenaere, vol. Ill, p. 137-138. (2) Fritz
Berolzheimer-.Syííem derRechts und Wirtschaftsphilosophie, 1904, vol. I, p. 285-286.
co n su b sta n c ia d a s no b lo c o , o q u e e fe tu a c o n fo rm e a su a e x p e riê n c ia , d e sv ia d o m u ita s
v eze s p o r a sp iraç õ es, p re fe rê n c ia s e p re c o n c e ito s p e sso a is, o u d e co m u n id a d e , o u p e la
ig n o râ n c ia , q u e r d as d ife re n ç a s d e a c e p ç õ e s d e c o rre n te s d o la p so d e te m p o , q u e r d as
alte ra ç õ e s v e rific a d a s n o m eio a m b ie n te "5 (1).
6 9 7 1 1 8 - (1) John Wigmore - Prefácio de - Science of Legal Method, de Bruncken & Register. (2) K arl
Wurzel - Das JuristicheDenken in ”O esterreichisches Zentralbratt fur die Juristische Praxis”, vol.
XXI, p. 762; Danz, Prof, da Universidade de Jena, op. cit., p. 10-11.
6 9 8 1 1 9 - (1) Prof. Wigmore, da Northwester University ~ Prefácio citado.
699H olbach - L ' Interpretation de la Lot sur les Sociétés, 1906, p. 7-41.
7OOCaldara, op. cit., n° 110; Degni, op. cit., p. 237; Holbach, op. cit., p. 35-37.
117 120 - (1) Max Gmiir - Die Anwendung des Rechts nach, Art. I des Schweizerischen Zivilgesetz-
buches, 1908, p. 81.
7O 1 Johann Gmelin - Quousquel 1910, p. 82-83.
7O 2F ritz Berolzheimer - Die Gefahren einer Gefuhlsjurisprudenz, 1911, p. 19.
7O 3Édouard Lambert - La Fonction du Droit Civil Compare, in ”Sc. of Legal Method”, p. 257.
7 O 4 Jean Cruet - A Vida do Direito, trad. Portuguesa, 1908, p. 74.
v e rd a d e iro p ro c e sso d e "o ssific aç ã o d o D ire ito " (3); p o is im p e d e o tra b a lh o c ria d o r p o r
p a rte d a ju risp ru d ê n c ia , cu jo p a p e l, b e m c o m p re e n d id o , le v a a m e lh o ra r in s e n siv e lm e n te a
le i (4). "A ju r is p ru d ê n c ia é u m p e rp é tu o c o m en tá rio , q u e se a fa s ta d o s te x to s a in d a m ais,
p o rq u e é, a p e s a r seu, a tra íd a p e la v id a" (5).
120 123 - (1) Jhering, Prof, da Universidade de Gottingen, vol. Ill, p. 134.
In principio erat verbum frase do Gênesis, que, no caso presente, assim se entenda: "em épocas
primevas a palavra era tudo".
712Dernburg-PíwiíM ren, 6a ed., vol. I, § 34; R. Von Jhering, vol. Ill, p. 134-135 e 141.
7 1 3 P a u l Vander Eycken - Méthode Positive de L 'Interpretation Juridique, 1907, p. 21 -22; Dual-de, op.
cit., p. 228 e 307.
714 D u ald e - op. cit., p. 47-48 e 59.
7 1 5 Sohm - Historia e Instituciones dei Derecho Privado Romano, trad, espanhola, p. 82.
716B ierling, vol. IV, p. 213 e nota 15 ao § 53.
A vitalidade espantosa do Direito romano, e, até mesmo, da Lei das Doze Tá
buas antes de advir o C o rp u s Juris, deve atribuir-se à in terp reta tio , que desenvolvia e
ampliava o Direito escrito, embora deixando intata a letra respectiva (5).
Relativamente a uma civilização embrionária não parece insolúvel o problema;
porque é pouco variado o conjunto das relações sociais, reduzida a multiplicidade
dos interesses; portanto menor o campo da linguagem; mais fácil se antolha o
abranger com as frases o pensamento integral. Hoje sucede o contrário: mais com
plexa a vida; cada palavra significa idéias diversas; insuficiente e precária se revela a
exegese verbal (6).
124 - Em conclusão: nunca será demais insistir sobre a crescente desvalia do
processo filológico, incomparavelmente inferior ao sistemático e ao que invoca os
fatores sociais, ou o Direito Comparado. Sobre o pórtico dos tribunais conviria ins
crever o aforismo de Celso - S cire le g e s non e s t v e rb a earum tenere, s e d vim a c p o -
testa te m n[ (1): "Saber as leis é conhecer-lhes, não as palavras, mas a força e o
poder”, isto é, o sentido e o alcance respectivos.
Só ignaros poderiam, ainda, orientar-se pelo suspeito brocardo - v e rb is le g is
te n a c ite r inhaerendum - ”apeguemo-nos firmemente às palavras da lei”. Ninguém
ousa invocá-lo; nem mesmo quem de fato o pratica.
Não devem ter imitadores os formosos espíritos que, ao ventilar teses jurídicas,
ainda hoje timbram em servir-se apenas de erudição filológica; ostentam como
documentação, adversa ao Direito Comparado, trechos de gramáticas e dicionários,
unicamente. Ninguém contesta o subsídio que pode prestar o conhecimento das leis e
usos da linguagem; estude-se, todavia, o Direito, de preferência, nos livros de Direito,
nacionais e estrangeiros.
Retrógrada e indefensável é a supremacia da interpretação ju d a ic a .
PROCESSO LÓGICO
126 - V it o r io s o s c o n t r a o s e x c e s s o s d o s f e t ic h is t a s d a p a la v r a e s c r it a , i d o t r a s
d o f o r m a lis m o , c a ír a m , e n t r e t a n t o , n o e x a g e r o o p o s t o o s p r o p u g n a d o r e s d a p r e
f e r ê n c i a p e lo p r o c e s s o l ó g i c o . P r e t e n d e r a m r e d u z i r t u d o a p r e c i s ã o m a t e m á t i c a ,
e n q u a d r a r , e m u m a s é r ie d e s ilo g is m o s b e m c o n c a t e n a d o s , t o d o o r a c io c ín io d o e x e -
g e t a e a p l i c a d o r d o D i r e i t o 123 ( 1 ) .
T a l s i s t e m a , s ó p o r s i, n ã o é p r o d u t o r . R í g i d o s o b r e m a n e i r a , q u a n d o l e v a d o à s
ú l t i m a s c o n s e q ü ê n c ia s , n ã o s e a d a p t a a o s o b j e t i v o s d a l e i, c o n s i s t e n t e e m r e g u l a r a
v i d a , m u l t i f o r m e , v á r i a , c o m p l e x a . T o r n a - s e d e m a s i a d o g r o s s e ir o e á s p e r o p a r a o
tra b a lh o fin o , h áb il, d o in té rp re te , q u e é fo rç a d o a in v o c a r o au x ílio d e o u tro s e le m e n to s,
122 125 - (1) Trigo de Loureiro - Instituições de Direito Civil Brasileiro, 1861, vol. I, § 51; Crome,
vol. I, p. 97.
717A ssento 345, de 17 de agosto de 1811; Ass. 358, de 10 de junho de 1817; Borges Carneiro-Direito
Civil de Portugal, 1826, vol. I, p. 48, n° 18; Carlos de Carvalho - Direito Civil Brasileiro Recopilado,
art. 62, § 3°.
7 1 8 P au lo , no Digesto, liv. 1, tít. 3, frag. 29.
7 1 9 G m ü r, op. cit., p. 26.
72ONicola CovieUo- Manuale di Diritto Italiano, T ed., vol. I,p. 69; Paula Batista, op. cit., § 14; Ferrara,
vol. I, p. 220; Gianturco, vol. I, p. 120; Fiore, vol. II, p. 528, n° 945.
7 2 1 Celso, no Digesto, liv. 33, tit. 10, frag. 7, 2°.
123 126 - (1) Os mestres da Lógica dividem o raciocínio em duas espécies: quando procede do parti
cular para o geral denominam Indução; quando parte do geral para o particular - Dedução. A
forma completa e clássica de exprimir o raciocínio dedutivo é constituída pelo Silogismo. Com
põe-se este de três proposições: a primeira, presumivelmente incontestável, ou geralmente acei
ta, chama-se - Maior; a intermediária, apelidada - Menor, mostra que a primeira encerra a
terceira; conduz a inteligência, imbuída da verdade de uma proposição, a aceitar outra, a última,
aquela que se pretende atingir ou demonstrar - a Conclusão.
Exemplo:
d a te le o lo g ia , d o s fa to re s so c iais (2). D e g e n e ra fa c ilm e n te e m v e rd a d e ira p e d a n te ria
esco lástica. O fe re c e ap a rê n c ia de certeza, e x te rio rid a d e s ilu só ria s, d e d u ç õ e s p re te n sio sa s;
p o ré m , n o fu n d o , o q u e se g a n h a e m rig o r d e ra c io c ín io , p e rd e -se em a fa sta m e n to d a
v e rd a d e , d o D ire ito efetiv o , d o id e a l ju ríd ic o (3).
D e s s a p re o c u p a ç ã o de re d u z ir to d a a H e rm e n ê u tic a a b ro c a rd o s, d e ap lic a ç ã o
m e c â n ic a , a c o n se q ü ê n c ia é m u ltip lic a re m -se e m d e m a s ia a s re g ra s de in te rp re ta ç ã o a tal
p o n to q u e se to rn a m m e n o s salien tes, p e rc e p tív e is, o s se u s c a ra cte re s, e, p o r co n seg u in te ,
n ão é fá c il d is c e rn ir q u a n d o se d e v e re je ita r u m a e a p lic a r d e p re fe rê n c ia o u tra; d ista n c ia -
se o in v e stig a d o r, ao in v é s d e se ap ro x im ar, d a p re te n d id a c e rte z a m a te m á tic a ; en fim , cai-
se n a su tileza, in c o m p a tív e l c o m a se g u ra n ç a ju r íd ic a p ro m e tid a e c o lim a d a (4).
P R O C E S S O S IS T E M Á T IC O
127 130 - (1) Alvará 18 fev. 1766; Lei 4 de julho 1768; Lei 14 dez. 1770; alv. 23 fcv. 1771; Coelho da
Rocha - Instituições de Direito Civil Português, 4* ed., vol. I, § 45, regra 7a; Borges Carneiro, vol. I,
p. 49, n" 24 a; Trigo de Loureiro, Prof, da Faculdade de Direito do Recife, vol. I, p. 23-24, regras 2a
e 9a; Carlos de Carvalho, op. cit., art. 62, § 5o.
P o ss u i to d o c o rp o ó rg ã o s d iv erso s; p o ré m a a u to n o m ia d as fu n ç õ e s não im p o rta e m
sep a ra ç ão ; o p e ra m -se , c o o rd e n a d o s, o s m o v im e n to s, e é d ifícil, p o r isso m esm o ,
c o m p re e n d e r b e m u m e lem e n to se m c o n h e c e r o s o u tro s, se m o s co m p a ra r, v e rific a r a
re c íp ro c a in te rd e p e n d ê n c ia , p o r m a is q u e à p rim e ira v ista p a re ç a im p e rc e p tív e l. O
p ro c e sso siste m á tic o e n c o n tra fu n d a m e n to n a le i d a so lid a rie d a d e en tre o s fe n ô m e n o s
c o ex iste n te s.
N ã o se e n c o n tra u m p rin c íp io iso la d o , e m c iê n c ia a lg u m a; a c h a -se c a d a u m e m
co n e x ã o ín tim a c o m o u tro s. O D ire ito o b je tiv o n ão é u m c o n g lo m e ra d o ca ó tic o de
p re c e ito s; c o n stitu i v a sta u n id a d e , o rg a n ism o re g u lar, siste m a , c o n ju n to h a rm ô n ic o de
n o rm a s c o o rd en a d a s, e m in te rd e p e n d ê n c ia m e tó d ic a , e m b o ra fix a d a c ad a u m a no seu
lu g a r p ró p rio . D e p rin c íp io s ju ríd ic o s m a is o u m e n o s g e ra is d e d u z e m c o ro lá rio s; u n s e
o u tro s se c o n d ic io n a m e re s trin g e m re c ip ro c a m e n te , e m b o ra se d e se n v o lv a m d e m o d o q u e
c o n stitu e m ele m e n to s a u tô n o m o s o p e ra n d o e m c a m p o s d iv erso s.
C a d a p re c e ito , p o rtan to , é m e m b ro d e u m g ra n d e to d o ; p o r isso do e x a m e e m
co n ju n to re s u lta b a sta n te lu z p a ra o caso e m ap reço .
132 - G en y e n te n d e q u e é m a io r a p re su n ç ã o d e a certo q u a n d o a e x e g e se re
su lta d e c o m p a ra r tre c h o s d a m esm a lei, d o q u e d e c o n fro n ta r p re c e ito s d e le is d i
v e rs a s 129 (1). N e s ta ú ltim a h ip ó tese , p a re c e in tu itiv o , e n tre tan to , q u e se e n c o n tra ria
b a s e se g u ra no c o tejo e n tre u m a n o rm a e o u tra j á in te rp re ta d a d e m o d o d e fin itiv o ,
128 131 - (1) Sthal - Die Philosophie des Rechts, vol. II, Parte Segunda, p. 166; Landucci - Tratato
di Diritto Civile Francese edItaliano. 1900, vol. I, § 133, p. 654; Coviello, vol. I, p. 70; Ferrara,
vol. I, p. 216; Savigny vol. I, p. 207.
(2) Celso, no Digesto, liv. 1, tit. 3, frag. 24.
129 132 - (1) Geny-Méthode cit., vol. I, p. 286.
so b re tu d o , se as d u a s tra ta m d o m e sm o assu n to .
130 133 - (1) Enneccerus, Prof, da Universidade de Hamburgo, vol. T, p. 115, regra 1.
72 4 D o m at - Teoria da Interpretação das Leis, trad. Correia Teles, transcrita integralmente no Código
Filipino, de C. Mendes, vol. Tll, cit., 431, X.
725K orkounov, op. cit., p. 530; Coviello, vol. T, p. 69-70; Gmür, op. cit., p. 57; Bierling, vol. TV, p. 226.
Os adeptos da doutrina tradicional admitiam três elementos lógicos - o sistemático, o motivo ou o fim
da lei (ratio legis) e a avaliação do resultado obtido com adotar uma em vez de outra exegese.
Consideravam o primeiro como o de maior valor, mais seguro; e o último, mais fraco, precário;
deveria ser empregado com uma grande reserva (Aubry & Rau - Cours de Droit Civil Français, 5a
ed., 1897-1922, vol. T, p. 194; Pacifici-Mazzoni - Istituzioni di Diritto Civile Italiano, 3a ed., vol. T, p.
47; Savigny, vol. T, p. 217; Bernardino Carneiro, op. cit., § 43).
DIREITO COMPARADO
131 135 - (l) Julien Bonnecase - L 'École de l 'Exegese en Droit Civil, 1919, p. 9; Alexandre Alvarez - Une
nouvelle Conception des Etudes Juridiques, 1904, in "Science of Legal Method", p. 452; Geny, II, p.
267.
120 CARLOS M AXIM ILIANO
A triu n fa n te E sc o la h istó ric o -ev o lu tiv a in te rp re ta o D ire ito p e lo D ire ito ; p a ra ela, a
132 136 - (1) Cogliolo - Scritti Varii di Dirilto Privato, vol. II, p. 9.
726D egni, op. cit, p. 335.
7 2 7 G en y - Méthode cit., vol. II, n° 270.
728H olbach, op. cit., p. 153.
729137-(l)Jandoli,op.cit.,p.75.
7 3 0 1 3 8 - (1) Raoul de La Grasserie - De la Justice en France et à l 'Étranger au XX' Siècle, 1914. vol.
TT, p. 416.
731 1 3 9 - (1) Geny-Méthode cit., vol. TT, p. 272. 274-275; Jandoli, op. cit., p. 35-36 e 75; Degni. op. cit.,p.
5,n°5.
(2) Carlos Maximiliano - Direito das Sucessões, n° 1.081.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 122
DISPOSIÇÕES CONTRADITÓRIAS
136 140-(l)Saredo,op.cit.,n°619.
(2) Savigny, vol. I, p. 263.
Também não se presumem contradições ou antinomias irredutíveis, em atos jurídicos.
7 3 2 G m ü r, op. cit., p. 60-61.
7 3 3 Estatutos cit., liv. II, tit. VI, cap. VII, § 6o.
137 141 - (1) Caldara, op. cit., n° 220. Vede n° 326 (Brocardos).
7 34C am pbell Black - Handbook on the Construction and Interpretation of the Laws, 2a ed., p. 328;
Brocher, op. cit., p. 91.
7 35P apiniano, apudDigesto, liv: 50, tit. 17, frag. 80.
7 3 6 T rig o de Loureiro, vol. I, p. 27, regra 23; Coelho da Rocha, Prof, da Universidade de Coimbra, vol.
I, § 45, regra 11; Savigny, vol. I, p. 264; Saredo, op. cit.,n" 616; Marcel Planiol- Traité Élémentaire
de Droit Civil, 7a ed., vol. I, n° 223.
737C oelho da Rocha, vol. I, § 45, regra 11; Trigo de Loureiro, vol. I, p. 25 e27, regras 11 e 23; Pla-
niol, vol. I, n° 223; Geny, vol. I, p. 31.
73 8 S ared o , o;,, cit., n° 616; Savigny, vol. I, p. 264.
739Coviello, vol. I, p. 78.
74O G m ür, op. cit., p. 61; Black, op. cit., p. 326-327; Caldara, op. cit., n° 220; Saredo, op. cit., n°618.
7 4 1 Geny, Méihode cit., vol. I, p. 31; Coviello, vol. I, p. 78.
(10) Vede nui 439 e segs. (Revogação do Direito).
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 124
ELEMENTO fflSTÓMCO
5 0 2 - N ão é p o ss ív e l m a n e ja r c o m d e se m b a ra ç o , a p re n d e r a fu n d o u m a c iê n c ia q u e
se re la c io n e c o m a v id a d o h o m e m e m so c ie d ad e , se m a d q u irir a n te s o p re p a ro
p ro p e d ê u tic o in d isp en sáv e l. D e ste fa z p a rte o e stu d o d a h is tó ria e sp e c ia l do
p o v o a q u e se p re te n d e a p lic a r o m en c io n a d o ra m o de c o n h e c im e n to s, e
ta m b é m o d a h is tó ria g eral, p rin c ip a lm e n te p o lític a , d a h u m a n id a d e . O D ire ito
in sc re v e -se n a re g ra e n u n c ia d a , q u e, aliás, não c o m p o rta ex ceçõ es: p a ra o
c o n h e c e r b e m , c u m p re fa m ilia riz a r-se c o m os fa s to s d a c iv iliza ç ã o , so b retu d o
d a q u e la q u e a ssim ila m o s d ireta m e n te: a e u ro p é ia e m g eral; a lu s ita n a e m
p a rtic u la r. C o m p le te -se o c a b e d a l d e in fo rm a ç õ e s p ro v e ito sa s c o m o e stu d o d a
H istó ria d o B ra s il138 (1).
5 0 3 - O q u e h o je v ig o ra , a b ro lh o u d e g e rm e s e x iste n te s no p a ssad o ; o D ire ito não
se in v e n ta ; é u m p ro d u to len to d a e v o lu ç ã o , a d a p ta d o ao m eio; c o m a c o m p a
nhar o d e se n v o lv im e n to d esta, d e s c o b rir a o rig e m e a s tra n sfo rm a ç õ e s
h istó ric a s d e u m in stitu to , o b té m -se a lg u m a lu z p a ra o c o m p re e n d e r b e m 139 (1).
Só a s p e sso a s e stra n h a s à c iê n c ia ju r íd ic a a c re d ita m n a p o ss ib ilid a d e de se
fa z e re m le is in te ira m e n te n o v a s, c rê e m se r u m C ó d ig o o b ra p e sso a l d e A o u B.
O a u to r a p a re n te d a n o rm a p o s itiv a a p e n a s a ssim ila , a p ro v e ita e c o n so lid a o
q u e e n c o n tra no p a ís e, e m p e q u e n a p a rte, e n tre p o v o s d o m e sm o g ra u de
c iv ilização . C o n siste o D ire ito a tu a l e m re p ro d u ç õ e s, o ra in te g ra is, o ra
lig e ira m e n te m o d ifica d a s, de p re c e ito s p re e x iste n te s (2).
P o is b e m : se o p re se n te é u m sim p le s d e sd o b ra m e n to d o p a ssa d o , o c o n h e c e r este
p a re c e in d isp e n sá v e l p a ra c o m p re e n d e r aq u ele: d aí a g ra n d e u tilid a d e d a H is tó ria do
D ire ito , p a ra o e stu d o d a c iê n c ia ju r íd ic a (3). S e g u n d o o c h a n c e le r P o rta lis, a H is tó ria é "a
F ís ic a E x p e rim e n ta l d a le g isla çã o "; a c re s c e n ta G en y se r a H istó ria d o D ire ito a F ís ic a
E x p e rim e n ta l d a ju r is p ru d ê n c ia (4).
7 4 2 1 4 2 - (1) Trigo de Loureiro, vol. T, § 46; Saredo, op. cit, nüs 573 e 577; Sutherland - Statutes and
Statutory Construction, 2a ed., vol. TT, § 462.
7 4 3 1 4 3 -(1) Black, op. cit., p. 345; Ferrara, vol. T, p. 216-217.
(2) Berriat Saint-Prix, op. cit., n° 96; Coviello, vol. T, p. 70-71.
Basta comparar o Código Civil com as anteriores Consolidações das Leis Civis, de Teixeira de
Freitas e Carlos de Carvalho, para se ver como prevaleceram inovações em número reduzido,
quando elaboraram aquele repositório de normas.
74 4 S ared o , op. cit., n os 576 e 577; Brocher, op. cit., p. 47.
7 4 5 G e n y - Méthode cit., vol. T, p. 23.
746D egni, op. cit., p. 334; Geny, vol. TT, p. 256.
747C oviello, vol. T, p. 71; Degni, op. cit., p. 245-247.
C u m p re v e rific a r o d e se n v o lv im e n to q u e tiv e ra m no p a ssa d o o s in stitu to s ju ríd ic o s ,
e ta m b é m a su a e v o lu ç ã o c o n te m p o râ n e a , d e n tro e fo ra d o p a is; to d a a e la b o ra ç ã o do
D ire ito P o sitiv o , as su as te n d ê n c ia s re ce n tes, o s se u s o b je tiv o s; os re su lta d o s o b tid o s
p e lo s p ro c e sso s m o d e rn o s d e p e sq u isa d a v erd a d e, as reg ras, o s m é to d o s e o s siste m as q u e
m e lh o r se a d a p ta m ao p ro g re sso so c ia l e c o n trib u e m p a ra o la b o r tra n q ü ilo do h o m em ,
iso la d o o u e m c o le tiv id a d e (5).
D e v e p a rtir de lo n g e o e stu d o d as fo n te s d a le g isla ç ã o p á tria ; re c u a r a té ao D ire ito
ro m a n o , ao c a n ô n ic o o, às in stitu iç õ e s ju ríd ic a s m e d ie v a is, p a s s a r às d o s p o v o s m o d e rn o s
eu ro p e u s (6), so b re tu d o p o rtu g u ê s, e c o n c lu ir p e lo q u e se fe z n o B ra sil, n a m e s m a e sfera
de c o n h e c im e n to s, d e sd e a In d e p e n d ê n c ia a té o p resen te.
144 - M a is im p o rta n te d o q u e a h is tó ria g e ra l d o D ire ito é, p a ra o h e rm e n e u ta ,
a e sp e c ia l d e u m in stitu to e, e m p ro p o rç ã o m a io r, a d o d isp o sitiv o o u n o rm a su b m e
tid a a e x eg ese. A le i a p a re ce c o m o ú ltim o elo d e u m a cad e ia, c o m o u m fa to in te
le c tu a l e m o ra l, c u ja o rig e m n o s fa rá c o n h e c e r m e lh o r o esp írito e a lc a n c e d o m e sm o •
4O(1).
C o m esse in tu ito o ju iz "lan ça u m a p o n te e n tre as o b sc u ra s d isp o siç õ e s d o p re se n te
e o s p re c e ito s c o rre sp o n d e n te s e ta lv e z c la ro s d o D ire ito an terio r" (2).
In q u ire q u a is a s id é ia s d o m in a n te s, o s p rin c íp io s d ire to re s, o esta d o d o D ire ito , os
u so s e c o stu m e s e m v o g a, e n fim o e sp írito ju ríd ic o re in a n te n a ép o ca e m q u e fo i fe ita a
norm a.
O le g is la d o r é u m filh o d o se u te m p o ; fa la a lin g u a g e m d o seu sécu lo , e a ss im d ev e
se r en ca ra d o e c o m p re e n d id o (3).
V e rific a a in d a o m ag istra d o q u a is as tra n sfo rm a ç õ e s q u e so fre u o p re c e ito , e o
sen tid o q u e ao m esm o se a trib u ía n as le g isla ç õ e s d e q u e p ro v e io , d ire ta o u in d ire ta m e n te .
N o seg u n d o c aso , e m não sen d o d u v id o sa a filia ç ã o , to rn a -se in e s tim á v e l o v a lo r do
su b síd io h istó rico . E x ig e , e n tre ta n to , a c o n su lta d e o b ra s d e e sc rito re s c o n te m p o râ n e o s e o
cu id ad o d e v e rific a r b e m q u a is o s c a ra c te re s c o m u n s e q u a is as d ife re n ç a s e sp ecíficas.
R e la tiv a m e n te às ú ltim as, d ev e a ex eg e se a p o ia r-se e m o u tra b a s e q u e n ão o s re fe rid o s
tra b a lh o s d e ju ris c o n s u lto s alien íg e n a s: in q u ire d a o rig e m e m o tiv o d a d iv e rg ê n c ia , e p o r
este m eio d e d u z o sen tid o e alca n c e d a m e s m a (4).
145 - S e m p re se p re s u m e q u e se n ão q u is su b stitu ir, d e to d o , a n o rm a e m v i
gor; a re v o g a ç ã o d a le i d e v e fic a r b e m clara. V e rific a -se a te n ta m e n te se o p a rla m e n
to p re te n d e u re fo rm a r o D ire ito v ig en te, q u e circ u n stâ n c ia s o le v a ra m a isto ; até
o n d e fo i o p ro p ó s ito in o v a d o r; q u a is os te rm o s e a e x te n sã o e m q u e se a fa s to u das
fo n te s, n a c io n a is o u e stra n g e ira s, do d isp o sitiv o atu al. P e lo q u e e lim in o u e p e lo q u e
d e ix o u su b sistir, c o n c lu i-se o se u p ro p ó sito , o rie n ta -se o h e rm e n e u ta 141 (1).
140 144 - (1) Sthal - Philosophie des Rechts, vol. II, p. 170; Saredo, op. cit, n°s 575-576.
(2) Rumpf, op. cit., p. 89.
Non est navum, utpriores leges adposteriores trahantur (Paulo, no Digesto, 1 iv. I, tít. 3, frag. 26).
7 4 8 W a lte r Jellinek - Gesetz, Gesetzesanwendung und Zwekmaessigkeiserwaegung, 1913, p. 164; Degni,
op. cit., p. 334-335; Enneccerus, vol. I, p. 115; Trigo de Loureiro, vol. I, § 46; Henri Capitant -
Introduction - L 'Étude du Droit Civil, 3a ed., p. 79.
749K orkounov, op. cit., p. 527-530; Capitant, op. cit., p. 79; Kohler, vol. I, p. 127-128; Degni, op. cit., p.
250.
Vede, no capítulo Brocardos e com subepígrafe Argumento de autoridade, o que se diz acerca do
argumento de fonte.
141 145 - (1) Aubry & Rau, vol. I, p. 97; Planiol, vol. I, n° 219; Fabreguettes, Conselheiro da Corte de
Cassação da França, op. cit., p. 385; Black, op. cít., p. 345; Paula Batista, op. cit., § 19; Trigo de
Loureiro, vol. I, § 56, regra 20; Coelho da Rocha, vol. I, § 45, regra 8.
(2) Dualde, op. cit., p. 180-187.
142 146 - (1) Sutherland, vol. II, § 403.
7 5 0 P a u la Batista, op. cit., § 19.
7 5 1 Karl Wurzel - Das Juristische Denken, in "Oesterreichisches Zentralblat für die Juristiche Praxis",
vol. 21, p. 838-839.
143 147-(1) Wurzel, rev. e vol. cits., p. 841.
752Pacifici-Mazzoni, ex-Prof, de Direito Civil, Conselheiro da Corte de Cassação, de Roma, vol. I, p.
44-45; Saredo, op. cit., n° 637; Laurent, vol. I, n° 274.
7 5 3 Paulo, no Digesto, liv. I, tit. 3, frag. 28.
5 0 5 - H o u v e e x a g e ro s no a p reço a o s T ra b a lh o s P re p a ra tó rio s, a p o n to d e se lh e s
a trib u ir o v a lo r d e in te rp re ta ç ã o autên tica, o q u e e ra re m a ta d o a b s u rd o 145 (1).
N ã o p a re c e d e fe n s á v e l o e q u ip a ra r a u m a e x e g e se o ficial, c o m p u lsó ria,
irre to rq u ív e l, u m p ro c e sso e sp o n tâ n e o e m e n o s e fic ie n te e re c o m e n d á v e l q u e o
7 5 4 1 4 8 - (1) A primeira denominação é mais usada pelos suíços e tudescos; a segunda, pelos franceses,
belgas e italianos.
7 5 5 1 4 9 - (1) Endemann - Lehrbuch des Bürgerlichen Rechts, 8a ed., vol. T, Ta parte, p. 50; Ferrara, vol. T,
p. 217.
7 5 6 o s próprios tradicionalistas atribuem a primazia ao processo sistemático (Vede n°s 124, 130-133).
75 7 V ed e os capítulos referentes aos elementos acima citados.
758H olbach, op. cit., p. 288.
759A córdão do Tribunal Federal Suiço, de To de dezembro de 1908, apud Schneider & Fick
-Commentaire du Code Federal des Obligations, trad. Porret, 1915, vol. T, p. 8, n°23; Curtiforrer
Schweizerisches Zivilgesetzbuch, 1911, p. 3, n° 5; Raimundo Salvat - Tratado de Derecho Civil
Argentino, vol. 1, 1907, n° 105; Adelbert Düringer - Richter und Rechtprechung, 1909, p. 22;
Endemann - Handbuch des Deutschen Handels-, See-und Wecheselrechts, vol. T, p. 37-38; Dern-burg,
vol. T, p. 88, nota 6; Windscheid, vol. T, p. 84, nota 6; Salomon, op. cit., p. 73; Gmiir, op. cit. p. 58;
Reuterskioeld, op. cit., p. 67; Saredo, op. cit., n° 594; Jandoli, op. cit., p. 33-34; Coviello, vol. T, p. 72;
Fiore, vol. TT, n os 954-955; Degni, op. cit., p. 251-261; Caldara, op. cit., n° 145; Co-gliolo-Scritti Varii,
vol. 1, p. 43; Planiol, vol. T, n°218; Capitant, op. cit., p. 79; Laurent, n°275; Baudry-Lacantinerie &
Houques-Fourcade, vol. T, n° 262; Brocher, op. cit., p. 47 e 52; Geny -Méthode cit., vol. T, p. 32;
Paula Batista, op. cit., § 33; Dualde, op. cit, p. 194-200.
152 - S e ja q u a l fo r a o p in iã o q u e se te n h a so b re o v a lo r d o s T ra b a lh o s P re p a
rató rio s; d e sd e q u e se a c e ita m c o m o e le m e n to s d e H erm e n ê u tic a , se rá fo rç a d is tin g u ir
en tie os D e b a te s P a rla m en ta res, isto é, o tra n su n to d o s d isc u rso s p ro fe rid o s n as C âm ara s,
sob re d e te rm in a d o tem a , e os o u tro s M a te ria is L e g isla tiv o s - a n te p ro je to s; p ro je to s e
resp e c tiv a s e x p o siç õ e s d e m o tiv o s; M e n s a g e n s do E x e c u tiv o ao C o n g re sso ; re la tó rio s das
c o m issõ e s n o m e a d a s p e lo G o v ern o ; p a re c e re s e v o to s e m sep arad o em itid o s no seio das
c o m issõ e s p a rla m e n ta re s; e m e n d a s ac e ita s o u reje ita d a s. N ã o in s p ira m m u ita c o n fia n ç a os
p rim e iro s e le m e n to s re ferid o s, os sim p les to rn e io s trib u n íc io s; a trib u i-se -lh e s
in c o m p a ra v e lm e n te m e n o s p eso q u e a o s d em a is su b síd io s d e c o rre n te s d a h is tó ria d a le i'48
(1).
O tra n su n to d o s D e b a te s e sc la rec e a lg u m a s v e z e s; p o ré m n ã o ra ra m e n te d e sn o rte ia
e d esg arra. É p o r esse fa to d e p o d e r c a u sa r o m a l c o m o o b e m , in d u z ir o ra ao a c erto , o ra
ao erro , ou, p e lo m en o s, b a ra lh a r tu d o , a u m e n ta r a c o n fu sã o , q u e m u ito s au to re s re p e le m
aq u e le e le m e n to d e H e rm e n ê u tic a , in lim in e; a c h a m não m e re c e d o r d e c o n fia n ç a a lg u m a
148 152 - (1) Chiovenda- Diritto Processuale Civile, 3a ed., p. 73; Fabreguettes, op. cit., p. 385; Gi-anturco,
vol. T, p. 119; Laurent, vol. T, n° 275. Até mesmo os que atribuem às exposições de motivos às
mensagens do Governo e aos trabalhos das comissões por ele nomeadas, autoridade quase igual à da
interpretação autêntica apenas se inclinam também ante os relatórios das comissões parlamentares;
porém concedem muito menor apreço às orações e apartes proferidos no plenário. Confrontem-se,
por exemplo, no livro de José Saredo, os nos 596-598 e 601 com os nos 599-600.
770 A lfred Bozi -Die Weltanschaungder Jurisprudenz, 1911, p. 91; Kohler, vol. T, p. 131 e in ”Deutsche
Juristen-Zeitung”, 1906, p. 363; Thibaut, apud Brocher, op. cit., p. 67.
7 7 1 Parecer generalizado na jurisprudência norte-americana, segundo Sutherland, vol. TT, § 470. De
acordo Aubry & Rau, vol. T, p. 197-198; Black, op. cit., p. 312-315.
772B rocher, op. cit., p. 60; Black, op. cit., p. 314-315.
(2).
N ã o se d ev e ir tã o lo n g e. B a s ta q u e se c o lo q u e m o s D e b a te s em ú ltim o lugar, e
d eles se u tiliz e q u an d o , p o r u m c o n ju n to d e c irc u n stâ n c ia s o c a sio n a is, p e la p o siç ã o o u
au to rid a d e p ro fiss io n a l d a p esso a que fala, in flu ê n c ia que te v e nas d e cisõ e s e
co n tro v érsia s, se ja d e p re s u m ir q u e d o s d isc u rso s d e c o rra a b o a in te rp re taç ã o . E x i-ja -se
ain d a q u e e sta re su lte b e m c la ra e a p o ia d a p o r o u tro s e le m e n to s ló g ico s.
E m si, isto é, co n sid e ra d o de m o d o a b so lu to , o v a lo r d as o ra ç õ e s p a rla m e n ta re s,
re la tiv a m e n te à H e rm e n ê u tic a , é p e q u e n o ; p a ra a lg u n s a u to re s "é p o u c o m ais d o q u e
n en h u m " (3). N a o p in ião d a m a io ria d o s e scrito re s, só m e re c e m a p reç o v a lio so q u an d o
p ro fe rid a s p o r p e s s o a d e g ra n d e in flu ê n c ia n as d e lib e ra ç õ e s, o u p o r ju r is ta d e re p u ta ç ão
firm a d a (4). N o ú ltim o ca so o p re stíg io d e c o rre m a is d a a u to rid a d e c ie n tífic a do
p re o p in a n te d o q u e do fato d e se r m e m b ro d o C o n g re sso e h a v e r a li e m itid o p arecer.
7 7 3 1 5 3 - (1) Este assunto já foi longamente ventilado a propósito da Vontade do Legislador. Não se
repetem agora os argumentos já expendidos; vejam-se os nos 26, 27,30 e 32.
7 7 4 1 5 4 -(1) Bozi, op. cit., p. 91; Thoel, Prof, da Universidade de Goettingen, vol. I, § 21, nota 5;
Ferrara, vol. I, p. 218-219; Planiol, vol. I, n° 218; Laurent, vol. I, p. 275.
No Congresso Jurídico, reunido no Rio de Janeiro em 1922, oradores discorreram pró ou contra a
constitucionalidade do sufrágio feminino, apoiados uns e outros nos Anais da Constituinte: os
favoráveis invocaram palavras de Almeida Nogueira, os adversários referiam-se aos dizeres dos
discípulos de Augusto Comte que tiveram assento na mesma assembléia. (2) Vander Eycken, op.
cit., p. 141.
le i'5'
5 0 9 N ã o é líc ito c o n c lu ir, de sim p les fa rra p o s d e fra se s o u p e n sa m e n to s, e sc o lh id o s
n a d isc u ssã o , p a ra c o n firm a r o p a re c e r d o in té rp re te (2).
5 1 0 S e as d e c la ra ç õ e s d e u m o u tro ram o d o P a rla m e n to c o in cid em , a p ro v e ita m à
e x e g e se ; q u a n d o se c o n tra d iz em , e lid e m -se re c ip ro c a m e n te (3).
N a m e s m a C âm ara , v a le m a is a solu ção re su lta n te de p a re c e re s e d isc u rso s não
c o n tra d ita d o s, d o q u e a o riu n d a de co n tro v é rsia s n o p le n á rio , o u d e d iv e rg ê n c ia s en tre as
c o m issõ e s p a rla m e n ta re s (4).
g ir e m su a a tu a ç ã o p rática . A n o rm a e n fe ix a u m co n ju n to de p ro v id ê n c ia s, p ro te to ra s,
ju lg a d a s n e c e ssá ria s p a ra sa tisfa z e r a certa s e x ig ê n c ia s e c o n ô m ic a s e so ciais; será
in te rp re ta d a d e m o d o q u e m e lh o r c o rre sp o n d a à q u e la fin a lid a d e e a sse g u re p le n a m e n te a
tu te la d e in te re sse p a ra a q u a l fo i re g id a (6).
L e v a m -se e m c o n ta o s e sfo rç o s e m p re g a d o s p a ra a tin g ir d e te rm in a d o esco p o , e
in sp ira d o s p e lo s d e síg n io s, a n e lo s e re c e io s q u e a g ita v a m o p aís, o u o m u n d o , q u an d o a
n o rm a su rg iu (7). O fim in sp iro u o d isp o sitiv o ; d ev e, p o r isso m e sm o , ta m b é m se rv ir p a ra
lh e lim ita r o c o n te ú d o ; re tific a e c o m p le ta os ca ra c te re s n a h ip ó te se le g a l e a u x ilia a
p re c isa r q u a is a s e sp é c ie s q u e n a m e s m a se e n q u ad ra m . F ix a o alca n c e, a p o ssib ilid a d e
p rá tic a ; p o is im p e ra a p re su n ç ã o d e q u e o le g is la d o r h a ja p re te n d id o e d ita r u m m eio
ra zo á v e l, e, e n tre o s m e io s p o ssív e is, e sc o lh id o o m a is sim p les, a d e q u a d o e fic a z (8).0fim
não rev ela, p o r si só, o s m e io s q u e o s au to re s d a s e x p re ssõ e s d e D ire ito p u se ra m e m ação
p a ra o realiz a r; serve, e n tre ta n to , p a ra fa z e r m e lh o r c o m p re e n d ê -lo s e d e se n v o lv ê -lo s e m
su as m in ú c ia s (9). P o r c o n se g u in te , n ão b a s ta d e te rm in a r fin a lid a d e p rá tic a d a n o rm a, a
fim d e re c o n s titu ir o seu v e rd a d e iro c o n te ú d o ; c u m p re v e rific a r se o le g isla d o r, e m o u tras
d isp o siç õ e s, j á re v e lo u p re fe rê n c ia p o r u m m eio , ao in v é s d e o u tro , p a ra a tin g ir o o b je tiv o
c o lim a d o ; se isto n ã o a c o n te c e u , d e v e -se d a r a p rim a z ia ao m eio m a is a d e q u a d o p a ra
a tin g ir aq u e le fim de m o d o p le n o , co m p le to , in te g ra l (10).
id é ia s c o n te m p o râ n e a s (3).
80 4 1 6 5 - (1) Garçon - Les Mèthodes Juridiques, Leçons faites au College libre des Sciences Societies en
1910par Barthélemy, Garçon, Larnaude, etc, 1911, p. 204; Bierling, vol. IV, p. 296.
80 5 1 6 6 - (1) Cogliolo - Seriai Varii, vol. 1, p. 16-17.
806E dm ond Picard - Le Droit Pur, 1910, p. 267.
8 0 7 E . Picard - Les Constantes du Droit. 1921, p. 167.
808Enneccerus, vol. I, p. 115, nota 7.
80 9 Ju lian o , apudDigesto, liv. I, tit. 3, frag. 20.
165 169 -(1) R. Von Jhering-L'Esprit duDroit Romain, trad. Meulenaere, vol. Ill, p. 157-159.
815 A lfred Bozi - Die Weltanschaung der Jurisprudenz, 2" ed., p. 232 e 297; Maxime Leroy - La Loi,
1908, p. 181; Francesco Degni - V Interpretazione della Legge, 2" ed., p. 287-288.
8 1 6 M arcel Planiol - Traité Élémentaire de Droit Civil. T ed., 1915-1918, vol. I, n° 224.
8 1 7 F . Holbach - UInterpretation de la Loi sur les Sociétcs, 1906, p. 289.
8 18F rancois Geny - Science et Tecnique en Droit Prive Positif, 1914, vol. I, p. 30.
8 1 9 A b el Andrade - Comentário ao Código Civil Português, 1895, vol. I, Introdução, p. LXXII.
8 2 0 c . Maximiliano - Comentários à Constituição Brasileira, 5a ed., n° 533 e segs.; Léon Duguit, Prof, da
Universidade de Bordéus- Les Transformations Generates du Droit Prive, 1912, p. 158; Pietro
Cogliolo - Scritti Varii di Diritto Privato, 3a ed., vol. I, p. 14-15; Edmond Picard - Le Droit Pur, 1910,
p. 154-155; Sabino Jandoli - Sulla Teoria della Interpretazione delle Leggi con speci-ale Riguardo alie
Correnti Metodologiche, 1921, p. 7.479; Degni, op. cit., p. 305-332; Abel Andrade, vol. I, Introdução,
p. V-VI.
821L udw ig Enneccerus - Lehrbuch des Bürgerlichen Rechts, 17a ed., 1921, vol. I, p. 116-117; Francesco
Ferrara - Trattato di Diritto Civile Italiano, vol. I, 1921, p. 215; Discurso de Bal-lot-Beaupré, Ia
presidente da Corte de Cassação, de França, apud Fabreguettes - La LogiqueJu-diciaire et L 'Art de
Juger, 1914, p. 368, nota 1.
Vede os capítulos - Apreciação do Resultado c Fiat justitia, pereat mundus.
141 CARLOS MAXIMILIANO
166 170-(1) Picard, Prof, da Universidade Nova, de Bruxelas, op. cit., p. 154-155.
8 2 2 JosefK.oh.ler - Lehrbuch des Bürgerlichen Rechts, 1906-1919, vol. I, p. 126e 128.
8 2 3 Paulo de Lacerda - Manual do Código Civil Brasileiro, vol. I, 1918, n° 292.
824R aym ond Saleilles - Prefácio de Méthode d"Interpretation et Sources en Droit Prive Positif, de P.
Geny, 2a ed., 1919, vol. 1, p. XXIII-XXIV. A forte monografia de Gmelin, justamente célebre,
constitui um eloqüente pregão em favor do novo ideal, conforme o seu próprio título indica: -
Quousque? Contribuição para a pesquisa sociológica do Direito - Quousque? Beitraege zurso-
ziologisch en Rech tsfin dung.
Até o moderno Direito canònico, malgrado ser o produto máximo da Escola Teológica, orienta-se
pelas fatores sociais na aplicação das leis (Andrieu-Gultrancourt - Les Príncipes Sociaux du Droit
Canonique Contemporain. p. 9-13,23, 122-125, 143).
O b se rv a -se o fe n ô m e n o a c im a d e sc rito c o m e v id ê n c ia m a io r n o s te m p o s h o -d ie rn o s,
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 142
d e p o is q u e a S o c io lo g ia se e le v o u à a ltu ra d e v e rd a d e ira c iê n c ia e o s p ro b le m a s
e c o n ô m ic o s c o n q u is ta ra m o p rim e iro lu g a r e n tre o s fa to re s d e e v o lu ç ã o p o lític a . A q u e d a
d a in te rp re ta ç ã o su b je tiv a p ô s e m re a lc e o s fa to re s so ciais: p re fe re -se a e x e g e se q u e to rn a
o D ire ito u m a co n stru ç ã o c o n se q ü en te, ló g ica , o rg ân ica , e, p o rta n to , c o m p a tív e l c o m o
b e m g eral. P o r isso m e sm o , a n te a im o b ilid a d e d o s te x to s o p ro g re sso ju ríd ic o se re a liz a
g raç a s à in te rp re ta ç ã o ev o lu tiv a , in s p ira d a p elo p ro g re d ir d a so cie d a d e (2).
E m c o n se q ü ê n c ia d e p re v a le c e r o p ro c e sso q u e to m a e m ap reço o s d a d o s m o ra is,
e c o n ô m ic o s e p o lític o s (3), "o D ire ito p e rd e u e n fim o se u c a rá te r d e c iê n c ia v e rb a l, p a ra
se to rn a r o q u e e le é, e d ev e ser, u m a c iê n c ia p u ra m e n te so cial, tira n d o o s seu s e le m e n to s
d as le is d a S o c io lo g ia d o m in a d a s p e la a d a p ta çã o a o s p rin c íp io s d e ju s tiç a " (4).
167 171 - (1) Alocução de R. Saleilles, in ”Les Méthodes Juridiques”, Leçons faites au College Libre des
Sciences Sociales en 1910, 1911, p. XXT-XXTT.
(2) Aubry & Rau - Cours de Droit Civil Français, 5" ed., vol. T, p. 194; Henri Capitant - Introduction
à l 'Êtude du Droit Civil, 3 ” ed., p. 84-85.
MORAL
168 172 - (1) Non omne, quod licet, honestum est: nem tudo o que a lei se abstém de proibir, a Moral
tolera ou sanciona (Paulo, no Digesto, liv. 50, tít. 17, frag. 114). Não se faz o que se pode, e, sim, o
que se deve.
8 2 5 K a rl Gareis - Rechtsenzyklopaedie undMethodologie, 5a ed., 1920, p. 24-26.
8 2 6 H . Campbell Black - Handbook on the Construction andInterpretation o f the Laws, 2a ed., § 48.
169 173 - (1) Já os antigos civilistas proclamavam que a lei nunca autoriza o dolo, nem permite a ca-
vilação (Coelho da Rocha Direito Civil, vol. I, § 45, regra Ia; Trigo de Loureiro - Instituições de
Direito Civil Brasileiro, 3a ed., vol. I, Introdução, § LVII, regra 22).
(2) Degni - op. cit., n 03 138-139; Jandoli, op. cit., p. 74.
In c u m b e ao h e rm e n e u ta s e g u ir o cu rso d a c o n sc iê n c ia m o ra l, q u e se m o d ific a d ia a
dia, n o seio d e u m m e sm o p o v o l7O(l).
ÍN D O L E D O R E G IM E
172 176 - (1) Giulio Battaglini, Prof, da Universidade de Bolonha - Diritto Penale - Teorie Generali,
1937, n° 17; Degni, op. cit, p. 332-134.
829D egni, op. cit., p. 333-334.
83O jandoli, op. cit. p. 35-36; Degni, op. cit., p. 2.
8 3 1 J. G. Sutherland - Statutes andStatutory Construction, 2a ed., 1904, vol. II, § 487.
832D egni, op. cit., p. 6.
83 3 G en y - Méthode cit., vol. II, p. 272,274 e 275.
173 177-(1) Degni, op. cit, p. 8.
O poder do juiz, como intérprete e aplicador do Direito, é maior na Inglaterra, como fora o do
pretor em Roma por ser nesses países menos acentuada a divisão dos poderes constitucionais.
APRECIAÇÃO DO RESULTADO
174 178 - (1) Bozi, op. cit. p. 232; Aubry & Rau, vol. T, p. 194.
8 3 4 In ambígua voce legis ea potius accipienda est significai quoe vitio caret - ”no caso de linguagem
ambígua da lei, opte-se pela exegese de conseqüência prática, exeqüível, acorde com a realidade e o
Direito” (Digesto, liv. 1 °, tit. 1 °, 3o - De legibus, senatusque consultis et longa con-suetudine, frag. 19,
de Celso).
8 3 5 Quotiens idem sermo duas sententias exprimi, eapotissimum excipiatur, quoe rei gerendae aptior est -
”quando o mesmo preceito exprime duas proposições, acolha-se, de preferência, a que seja mais
adequada para reger a matéria respectiva” (Digesto, liv. 50, tit. 17 - De regulis juris antiqui, frag. 67,
de Juliano).
836Savigny - Traité de Droit Romain, trad. Guenoux, vol. T, p. 221. In re dúbia benigniorem in-
terpretationem sequi non minus Justius est quam, tutius: ”nos casos duvidosos seguir a interpretação
mais benigna é não só mais justo como também mais seguro” (Dig., liv. 50, tít. 17, frag. 192).
837R aym ond Salvat - Tratado de Derecho Civil Argentino, Parte General, 1917, n° 107; Windschend -
Lehrbuch des Pandektenrechts, 8a ed., vol. T, p. 84 (dá, em nota, 6, os fragmentos 19 e 67, já
transcritos) ; Sutherland, vol. TT, §§ 487-490.
Bozi (op. cit., p. 293) vislumbra no fragmento 67, reproduzido acima, e em outros do Digesto e do
Código de Justiniano, a preocupação com as conseqüências possíveis de cada exegese orientando o
intérprete em Roma; e acha que hoje se atende muito mais ao resultado provável de um modo de
entender um texto do que se admitia no tempo de Savigny.
175 179 - (1) Berriat Saint-Prix - Manuel de Logique Juridique, 2a ed., nM73-74; Fabreguettes, op. cit., p.
386; Caldara, op. cit., n° 184; Black, op. cit., p. 118-134.
(2) Paula Batista, op. cit., § 12.
Interpretatio ilia sumenda quoe absurdum evitetur (Jason; ”adote-se aquela interpretação que evite o
absurdo”.
O que se diz da lei em geral, também se aplica aos costumes, usos e atos jurídicos.
838B ernardino Carneiro - Primeiras Linhas de Hermenêutica Jurídica e Diplomática, 24a ed., §31.
8 3 9 M a x Rümelin, apud Gmelin - Quousquel, p. 19-20; Pasquale Fliore - Delle Disposizioni General!
sulla Publicazione, Applicazione ed Interpretazione delle Leggi, 1890, vol. II, p. 528. Quotiens in
actionibus, aut exceptionibus, ambiigua oratio est: commodissimum est, e o accipi, quo res, de qua
agitur, magis valeat quam, phereat: ”quer nas ações, quer nas exceções, em sendo ambígua a frase, é
muito aconselhável preferir o sentido de que resulte válido, eficiente o objeto de que se trata, em vez
do que o anule, inutilize, faça-o perecer” (Dig., liv. 34, tít. 5, frag. 12, de Juliano).
8 4 0 E . R. Bierling -Juristiche Prinzipienlehre, 1911, vol. IV, p. 200. Vede n° 32.
FIAT JUSTITIA, PEREATMUNDUS
176 180 - (1) Karl Wurzel - Das Juristiche Denken, in "Oesterreichisches Zentralblatt fur die Juris-tische
Praxis", vol. 21, p. 601; Rumpf- Gesetz und Richter, 1906, p. 12; Carl Schmitt - Gesetz und Urteil,
1912, p. 16; Max Gmür - Die Anwendung des Rechts nach Art. I des Schweizerischen
Zivilgesetzbuches, 1908, pp. 95-96; C. Maximiliano - Comentários, Apêndice - Poder de Policia.
13 8 CARLOS M AXIM ILIANO
A invocação, cada vez mais freqüente, da eqüidade, nos pretórios, constitui prova de tendência para
fazer prevalecer o summum jus, summa injuria, e-jus est ars boni et oequi, contra os aforismos opostos
- dura lex, sed lex, e - fiatjustitia, pereat mundus. Realiza-se a benéfica transformação sem se precisar
atingir ao arrojo da Freie Rechtsfmdung sintetizado na divisa - ”contra a lei, pelo Direito”.
Vede Berolzheimer, op. cit., p. 14.
843D üringer, op. cit., p. 81.
84 4 A p u d Geny - Science et Technique en Droit Prive Positif, 1914, vol. T, p. 30; e Fabreguettes, op.
cit., p. 368.
845G eorges Dereux - D e L 'Interpretation des Actes Juridiques Prive, 1905, p. 316.
EQÜIDADE
E n tre ta n to , a in d a no p re se n te , a E q ü id a d e q u e se in v o c a , d ev e s e r a c o m o d a d a ao
siste m a d o D ire ito p á trio e reg u la d a se g u n d o a n atu rez a , g ra v id a d e e im p o rtâ n c ia do
n eg ó cio d e q u e se trata, as c irc u n stâ n c ia s d a s p e sso a s e d o s lu g a re s, o esta d o d a
civ iliz a ç ã o d o p a ís, o g ên io e a ín d o le d o s seu s h a b ita n te s (4).
183 187 - (1) Coelho da Rocha, vol. I, § 45, regra 4a; Trigo de Loureiro, vol. I, § 55, regra 16; Chironi,
vol. I, p. 25.
852V ed e a dissertação sobre o brocardo, em os nos 38 e segs.
8 5 3 Vede os capítulos -Apreciação do Resultado, Fiat Justitia, Pereat Mundus, Fatores Sociais e Sistemas
de Hermenêutica.
8 5 4 T rig o de Loureiro, vol. I, § 55, regra 15; Coelho da Rocha, vol. I, § 45, regras 2a e 3a. O dizer de
Trigo de Loureiro foi reproduzido quase literalmente.
JURISPRUDÊNCIA
184 188-(1) Degni, op. cit, p. 116. Vede o capítulo-Edito do Pretor. (2)
Caldara, op. cit., n° 128; Degni, op. cit., p. 116-117.
Side interpretation legis quoeratur, in primis inspiciendum est, quo fure civitas retro in ejusmo-di
casibus usafuisset: optima enim est legum interpres consuetudo (Calístrato, no Digesto, liv. I, tít. 3,
frag. 37).
Nam imperator noster Severus rescripsit, in ambiguitatibus, quoe ex legibus profisciscuntur,
consuetudo, aut rerum perpetuo similiter judícatarum auctoritatem, vim legis obtinere debere
(Calístrato, no Digesto, liv. I. tít. 3, frag. 38).
Tradução dos dois fragmentos: 1) "Se de interpretação da lei se cogita, verifique-se, em primeiro
lugar, qual o Direito de que a cidade (o Estado romano) se serviu até então, nos casos da mesma
espécie; porquanto o costume é ótimo intérprete das leis" 2) "Porquanto o nosso Im perador Severo
obtemperou, em rescrito: nas ambigüidades que promanam das leis, o costume ou a autoridade das
coisas julgadas constante e semelhantemente, deve obter força de lei."
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 156
8 5 5189 - (1) Degni, op. cit., p. 117-118; Caldara, op. cit, n° 128. Vede n° 93.
856190-(1) Degni, op. cit., p. 118-122. Vede n° 39.
(2) Degni, op. cit., p. 123-127. Vede o capitulo - Livre Indagação.
188 192-(1) Assentos de 23 de março de 1786 e lOde junho de 1817; A. J. Ribas - Curso de Direito Civil
Brasileiro, 1880, vol. I, p. 296; Carlos de Carvalho - Direito Civil Brasileiro Recopilado, 1899, art. 61;
Trigo de Loureiro, vol. I, Introd., § LIII, regra 8a; Borges Carneiro, vol. I, § 12, n° 21.
8 6 2 V an d er Eycken - Méthode Positive de L' Interpretation Juridique, 1907, p. 176-177; Sal-mond -
Introd. cit., p. LXXXIII; Degni, op. cit., p. 15.
8 6 3 L au ren t, vol. 33, verb. Jurisprudence.
864Saleilles - Prefácio a Geny, cit., p. XV e XXIII; Cogliolo, vol. I, p. 385. Na generalidade, sucede o
contrário: o misoneísmo reina nos pretórios; os juizes acompanham o progresso, porém ti
midamente, como que a contragosto, a distância.
8 6 5 Jean Cruet-A Vida do Direito e a Inutilidade das Leis, 1908, trad. Portuguesa, p. 77.
189 193 - (1) Conta-se nesse número Kirchmann (apud Theodor Sternberg - J. H. Kirchmann und
seine Kritik der Rechtswissenschaft, 1908, p. 8).
866S ternberg, op. cit., p. 31.
8 6 7 B e rria t Saint-Prix, op. cit., n° 118; Laurent, vol. 33, verb. Jurisprudence.
190 194 - (1) Laurent, vol. I, n° 281; Caldara, op. cit., n° 127; Degni, op. cit., p. 134 e nota 1.
8 6 8 L au ren t, vol. I, n°281.
8 6 9 Cruet, op. cit., p. 85.
8 7 0 B e rria t Saint-Prix, op. cit., n° 125; Vander Eycken, op. cit., p. 176; Cruet, op. cit., p. 76; G rnur, op.
cit., p. 126.
8 7 1 Raoul de La Grasserie - De la Justice en France et à l 'Êtranger ao XXe. Siècle, 1914, vol. II, p. 415
416; Cruet, op. cit., p. 85.
191 195 - (1) Heinrich Gerland, Prof, da Universidade de Jena - Discurso acerca da Influência da Função
Judicial sobre o Direito Inglês, reproduzido em Bruncken & Register, op. cit., p. 243; Laurent, vol.
33, verb. Jurisprudence.
8 7 2 B e rria t Saint-Prix, op. cit., n° 126.
8 7 3 P e rre a u - Technique de la Jurisprudence en Droit Prive, vol. T, p. 261 -62.
8 7 4 C ald ara , op. cit., n° 127; Laurent, vol. T, n ” 281.
8 7 5 E n rico Pessina, Prof, da Universidade de Nápoles - Discurso pronunciado por ocasião do
centenário da Corte de Cassação, de Nápoles, em março de 1909, apudDegni op. cit., p. 132-134.
192 196 - (1) Geny, vol. II, p. 276; Laurent, vol. I, nos 280-281; Caldara, op. cit, n° 129; Saredo, op.
cit.,nos 648 e 651.
(2) Frase de alto magistrado, o Presidente Bouthier, apud Laurent, vol. I, n° 281. Abram-se em
primeiro lugar os livros de Direito; procure-se mostrar, depois, que a jurisprudência corrobora o
parecer dos mestres.
193 197 - (1) Sutherland, vol. II, § 486.
5 1 7 - V. O ac ó rd ã o u n â n im e so b re le v a e m p re stíg io a o s q u e p ro v o c a ra m v o to s
d iv e rg en te s. P o u c o v a le o fru to d e m a io ria o c a sio n a l196 (1).
8 7 6 1 9 8 - (1) Berriat Saint-Prix, op. cit., n° 118, epígrafe; Caldara, op. cit., n° 131; Laurent, vol. I, n°
281 e vol. 33, verb. Jurisprudence, Vander Eycken, op. cit., p. 178-189. Vede n° 335.
8 7 7 1 9 9 - (1) Gmür, op. cit., p. 124 e 126; Degni, op. cit., p. 133-134; Vander Eycken, op. cit., p. 176-179;
Laurent, vol. I, n° 281; Cruet, op. cit., p. 76; Fabreguettes, op. cit., p. 390, nota 2, regra T. O Código
Civil Suíço, no art. Io, manda observar a jurisprudência, porém, só o consagrada: be-waehrte
(confirmada, consolidada), no texto alemão, oficial; consacrée, no francês; piú autore-vole, no
italiano. Vede Gmür, op. cit., p. 124. Sabe-se que as leis helvéticas aparecem, oficialmente
publicadas, nas três línguas faladas no país e o confronto entre os três originais facilita a exegese das
mesmas (Curti-Forrer, op. cit., p. 3).
878200-(1) Por exemplo: num tribunal, de 15 membros, comparecem 8; e um feito é decidido por 4
votos contra 3 (o oitavo juiz preside): esses 4 sufrágios pouco prestígio dão à tese vencedora.
8 7 9 2 0 1 -(1) Berriat Saint-Prix, op. cit., n° 121; Laurent, vol. I,n° 281; Degni, op. cit., p. 115, nota 1;
Sutherland, vol. II, § 486.
Já se fez ver que a força compulsória da jurisprudência é indireta: quem com a mesma se não con
forma, arrisca a si, ou a terceiro, a ter contratos anulados e a perder somas consideráveis (Planiol,
vol. I, n° 14; Geny, vol. II, p. 261).
5 1 9 C u rti-F o rrer - Commentaire du Code Civil Suisse, trad Porret, 1912, p. 4, n° 10; Emmanuele
Gianturco - Sistema di Diritto Civile Italiano, 3a ed., vol. T, p. 116-117; Geny, vol. TT, p. 261, e nota 4;
Gmür, op. cit, p. 127; Henry de Page - Traité Êlémentaire de Droit Civil Beige, 1933-1938, vol. T, n°
212; Battaglini - Diritto Penale-Teorie Generali, 1937, pp. 24-25; Theo-dor Rittler, Prof, da
Universidade de Tnsbruck - Lehrbuch des Oesterreichischen Strafrechts, 1933, vol. T, p. 25.
5 2 0 J e a n Cruet -A Vida do Direito e a Inutilidade das Leis, trad. Portuguesa, p. 77; De Page, vol. T,
n°212.
8 8 0 2 0 2 - (1) Saleilles - Prefácio a Geny, p. XXTTT; Aubry & Rau, vol. T, p. 192; Berriat Bain-Prix, op.
cit, n° 122; Fabreguettes, op. cit, p. 389, nota 1; Degni, op. cit, p. 130.
8 8 1 2 0 3 - (1) Cruet, op. cit, p. 77; Laurent, vol. T, n° 281; Degni, op. cit, p. 133-135 e nota 1.
(2) Gmür, op. cit, nos 124-125; Vander Eycken, op. cit, p. 176; Fabreguettes, op. cit, p. 387-388;
Laurent, vol. T, n° 281. (3)Veden° 198.
2 0 5 - A ju ris p ru d ê n c ia é a c a u sa m a is g e ra l d a fo rm a ç ã o de c o stu m e s ju r íd i
c o s n o s te m p o s m o d e rn o s. C o n trib u i, c o m o o s p r e c e d e n te s le g isla tiv o s, p a ra o D i
re ito C o n su e tu d in á rio ; p o ré m n ão se c o n fu n d e c o m eles, n e m c o m o u so im (1).
2 0 6 - C o stu m e é u m a n o rm a ju r íd ic a so b re d e te rm in a d a re la ç ão d e fa to e re
su ltan te d e p rá tic a d iu rn a e u n ifo rm e , q u e lh e d á fo rç a d e lei. A o c o n ju n to d e ta is re
g ras n ão e sc rita s c h a m a -se D ire ito C o n su etu d in á rio201 (1).
A fo rç a c o m p u lsó ria d o c o stu m e n ão é in c o m p a tív e l c o m o d isp o sto n o art. 141, §
2 o, d a C o n stitu iç ã o atu al, q u e p re sc re v e : "N in g u é m p o d e se r o b rig a d o a fa z e r, o u d e ix a r
de fa z e r a lg u m a c o isa, sen ão e m v irtu d e de lei." A p a la v ra lei n ão fo i e m p re g a d a no
e sta tu to su p re m o , n a a c e p ç ã o re strita de ato do C o n g re sso , e, sim , no sen tid o am p lo , de
D ir e ito (2).
202 206 - (1) "Costume é uma lei estabelecida pelo uso diuturno"; custom is a law established by long
usage (Bouvier’s Law Dictionary, 8" ed., 1914, verb. Custom).
"(Para os romanos) o Direito não escrito era o resultado das máximas que o uso tinha introduzido, e
de cuja redação a autoridade pública se não tinha ainda ocupado". Ex non scripto jus venti quod
usus comprobavit: nam diuturni mores, consensu utentium comprobati, legem imitantur - "ad-vém de
fonte não escrita o Direito cuja existência o uso revelou; porquanto assemelham-se a leis os costumes
diutumos, confirmados pelo consenso dos que dos mesmos fazem uso" (Instituí de Justiniano, liv. I,
tit. II - De jure naturali, § 9o; Ferreira Borges - Dicionário Jurídico-Comercial, 1856, verb. Uso).
(2) Paulo de Lacerda, vol. I, n° 199.
165 CARLOS MAXIMILIANO
203 207 - (1) Geny, vol. I, p. 445; Jandoli, op. cit, p. 31.
8 8 2 c h a rle s Brocher - Etude sur les Príncipes Généraux de L 'Interpretation des Lois, p. 73-74; Geny, vol.
I, p. 388-390.
8 8 3 Desembargador A. Ferreira Coelho - Código Civil Comparado, Comentado e Analisado, vol. II, 1920,
p. 104, n° 845; Curti-Forrer, op. cit., p. 4, n° 8; Gmür, op. cit., p. 2 e 129; Black, op. cit., p. 296.
8 8 4 G m ü r, op. cit., p. 93-94.
204 208 - (1) Sutherland, vol. 11, § 473; Gmür, op. cit., p. 2 e 129-130.
8 8 5 G m ü r, op. cit., p. 92-94.
8 8 6 Jandoli, op. cit., p. 31; Geny, vol. I, p. 36.
8 8 7 c ló v is Beviláqua - Código Civil Comentado, vol. I, 1916, p. 99 e 107; Eduardo Espínola, -Breves
Anotações ao Código Civil Brasileiro, vol. 1,1918, p. 35-38; Paulo de Lacerda, vol. I, n ” 198-202;
Ferreira Coelho, vol. II, p. 102, n° 843; Paula Batista, op. cit., § 43; Géza Kiss, op. cit., p. 6-9; Geny,
vol. I, p. 389-390.
205 209 - (1) Calístrato, no Digesto, liv. T, tít, 3, frag. 37; Domat, vol. cit., p. 437, XTX; Sutherland,
vol. TT, § 473.
”Se houver estilo ou costume que determine o sentido de uma lei, devemo-nos tingir a esse estilo ou
costume, por ser o uso o melhor intérprete das leis” (Bernardino Carneiro, op. cit., § 59).
8 8 8 T rig o de Loureiro, vol. T, Tntrod., § XLVTTT. No mesmo sentido: Black, op. cit., p. 291-297.
8 8 9 P au lo , no Digesto, liv. T, tít. 3, frag. 23. Vede n° 199 e nota 1.
8 9 0 C u rti-F o rrer, op. cit., p. 4, n° 8; Caldara, op. cit., n° 132.
206 210-(l)Éocaso do costume mencionado nos arts. 588 (§ 2o), 1.192(n°TT), 1.210,1.215, 1.218,
1.219 e 1.242, Código Civil.
(2) Paulo de Lacerda, vol. T, n° 198; Espínola, vol. T, p. 36; Clóvis Beviláqua, Prof, da Faculdade de
Direito do Recife, vol. T, p. 99. (3)Geny,vol. T, p. 37-38.
5 2 1 Lei da Boa Razão, de 18 de agosto de 1769, § 14; Teixeira de Freitas - Vocabulário Jurídico, verb.
Costumes; Trigo de Loureiro, vol. I, Introd., § XLVIII; Paula Batista, op. cit., § 52; Clóvis
Beviláqua, vol. I, p. 69; Espínola, vol. I, p. 36; Paulo de Lacerda, vol. I, n " s 199 e 201; Bernardino
Carneiro, op. cit., § 19; Black, op. cit., 296; Sutherland, vol. II, § 473; Geny, vol. I, p. 408-411. A
nova Lei de Introdução estatui do mesmo modo, no art. 2oe parágrafos.
522C onstantino, apud Código Justiniano, liv. 8, tit. 53, frag. 2.
207 211 -(1) Savigny, vol. I, p. 189-190; Geny, vol. I, p. 399 e 407; Paulo de Lacerda, vol. I, n° 198; Aubry
& Rau, vol. I, p. 96-97; Planiol, vol. 1, 231; Demolombe, vol. I, n°35; Théophile Hue-Commentaire
Théorique e Pratique du Code Civil, vol. 1, 1892, n os 40-50.
8 9 1 P a u la Batista, op. cit., § 55; Geny, vol. I, p. 410-411.
892Baudry-Lacantinerie & Houques-Fourcade, vol. I, n.° 123.
8 9 3 2 1 2 - (1) Caldara, op. cit., n° 132; Bouvier, op. cit., verb. Custom.
8 9 4 2 1 3 - (1) Ferreira Borges, op. cit., verb. Uso.
(2) Bouvier, op. cit., verb. Custom.
O costume é o produto do consenso espontâneo; longo, enquanto o repelem ou discutem, falta-lhe o
principal fundamento, o que lhe dá aparência da vontade geral e assim o alteia até o nível do Direito
Positivo.
8 9 5 Curti-Forrer, op. cit., p. 3, n° 8; Clóvis Beviláqua, vol. I, p. 99.
896C lóvis Beviláqua, vol. I, p. 99; Espínola, vol. I, p. 37-38.
A exigência dos cem anos obedecia ao critério antigo de reduzir tudo, em Direito, à precisão ma
temática. Vede nos 126-128.
(5) Black, op. cit., p. 293-294.
Autores satisfazem-se com a prova relativa aos últimos vinte anos: prevalece o costume, se ficou
demonstrado ter existido durante esse período e com os demais requisitos (Bouvier, op. cit., verb.
Custom). É melhor não prefixar o prazo.
CTÊNCTA - CTÊNCTA DO DTRETTO
2 1 4 - A C i ê n c i a d o D i r e i t o n ã o é s ó e le m e n t o rela tiva m e n te c r ia d o r , a p t o a s u
p r i r la cu n a s d o s t e x t o s ; m a s t a m b é m u m f a t o r d e c o o r d e n a ç ã o e d e e x e g e s e ; a u x i l i a
a e l i m i n a r c o n t r a d iç õ e s a p a r e n t e s e a t in g ir , a t r a v é s d a le t r a r íg id a , a o i d e a l j u r í d i c o
d o s c o n t e m p o r â n e o s 2lü( l) .
P a r a s e r u m b o m h e r m e n e u t a , h á m is t e r c o n h e c e r b e m o s is t e m a j u r í d i c o v ig e n t e . A
c i ê n c i a a n t e c e d e a j u r is p r u d ê n c i a ; é a p r im e i r a a i n s p ir a r s o lu ç õ e s p a r a o s c a s o s
d u v id o s o s . O f e r e c e a in d a v a n t a g e m d e v e r d o a lt o o s f e n ô m e n o e p o r is s o , m a i s c o n c o r r e
p a r a o s c o m p r e e n d e r e r e s o lv e r d e a c o r d o c o m o s o b j e t iv o s s u p e r io r e s d a s o c ie d a d e ( 2 ) .
O D i r e i t o é u m t o d o o r g â n ic o ; p o r t a n t o n ã o s e r ia l í c i t o a p r e c ia r - lh e u m a p a r t e
is o la d a , c o m i n d if e r e n ç a p e lo a c o r d o c o m a s d e m a is . N ã o h á in t é r p r e t e s e g u r o s e m u m a
c u l t u r a c o m p le t a . O e x e g e t a d e n o r m a s is o la d a s s e r á u m le g u l e i o ; s ó o s is t e m a - t iz a d o r
m e r e c e o n o m e d e j u r is c o n s u lt o ; e , p a r a s is t e m a t iz a r , é in d is p e n s á v e l s e r c a p a z d e
a b r a n g e r , d e u m r e la n c e , o c o m p l e x o in t e ir o , t e r a la r g u e z a d e v is t a s d o c o n h e c e d o r
p e r f e it o d e u m a c i ê n c i a e d a s o u t r a s d is c i p li n a s , p r o p e d ê u t ic a s e c o m - p le m e n t a r e s ( 3 ) .
2 1 5 - E n t r e t a n t o n e s s e t e r r e n o d i f í c i l s e n ã o d e v e e n t r a r c o m e x c e s s iv a a u d á
c ia . B e m a v is a d o a n d a o l e g i s l a d o r s u íç o q u a n d o m o s t r a s e n ã o c o n t e n t a r c o m a
c i ê n c i a j u r í d i c a in d is t in t a m e n t e : m a n d a r e c o r r e r à d o u t r in a c o n sa g ra d a (b ew a eh rte
Lehre), i s t o é , d e f e n d id a p o r p e s s o a s d e i n d is c u t ív e l c o m p e t ê n c ia t é c n ic a , p r e e n c h i
d o a in d a o r e q u is it o d e r e s u lt a r d o s p a r e c e r e s d e n u m e r o s o s p r e o p in a n t e s r e la t i v o
a c o r d o n a s c o n c lu s õ e s e r u d it a s . N e s s e c a s o , a t e s e v e n c e d o r a in s p ir a r á o s a r e s t o s ,
p o d e r á j u lg a r - s e esta b elecid a , c o n s a g r a d a (bew aeh rte, con sacrée, p iú au torevole,
n a e x p r e s s ã o d o t e x t o , o f i c ia l m e n t e p u b li c a d o e m t r ê s lín g u a s , d o C ó d i g o C i v i l d a
R e p ú b l i c a H e lv e t i c a , a r t. I o) 2" ( 1 ) .
210 214 - (1) Korkounov - Cours de Thèorie Generate du Droit, trad. Tchernoff, 1903, p. 460.
Vede o capítulo Princípios Gerais do Direito: ali se trata, principalmente, da Aplicação do Direi
to; aqui, da Hermenêutica.
(2)Holbach, op. cit., p. 114 e 133; Vander Eycken, op. cit, p. 180-181.
(3)Caldara, op. cit, n° 122.
211 215-(l)Curti-Forrer, op. cit, p. 4, n ” 10; Gmür op. cit, p. 120.
(2) Por isso mesmo, é recomendada, até pela Constituição de 1891, art. 59, § 2o, a consulta à juris
prudência: tempera esta os arrojos da doutrina, e as duas se completam reciprocamente; juntas,
constituem elementos da certeza do Direito (Holbach, op. cit, p. 133).
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 170
216 - N ã o h á c iê n c ia is o la d a e in te g ra l; n e n h u m a p o d e se r m a n e ja d a c o m m e stria
p e lo q u e ig n o ra to d a s a s o u tras. Q u a n d o fa lh a m o s e le m e n to s filo ló g ic o s e o s ju ríd ic o s , é
fo rç a re c o rre r ao s filo só fic o s e a o s h istó ric o s, às c iê n c ia s m o ra is e p o lític a s212 (1).
V e m de lo n g e o re c o n h e c im e n to d a n e c e ssid a d e , p a ra o h e rm e n e u ta , d e c o n h e c e r
b e m as le is, em co n ju n to , e o D ire ito e m su as fo n te s, p ró x im a s e rem o ta s; e n c o n tra m -se as
ú ltim a s n a ciên c ia, e m g eral, e n a s c iê n c ias so ciais, e m p a rtic u la r (2). O s g ra n d es
ju ris c o n s u lto s tê m alg o d e e sta d ista s e m u ito d e so ció lo g o s; so fre ra m to d o s u m a
p re p a ra ç ã o p ré v ia n o s v á rio s ra m o s d e c o n h e c im e n to s h u m a n o s e c o n tin u a ra m a c u ltiv a r
co m a m o r a lg u n s, e m re g ra o s m a is re la c io n a d o s c o m o D ireito . O s h o m e n s d e ilu straç ã o
v a ria d a e só lid a, so b retu d o n o s trib u n a is su p erio res, d ão m e lh o re s ju iz e s , d e v is ta s m a is
la rg a s, d o q u e os m e ro s e stu d io so s d o D ire ito P o sitiv o , q u e in fe liz m e n te c o n stitu e m
m aio ria.
N ã o é p o ss ív e l is o la r as c iê n c ia s ju ríd ic a s d o c o m p le x o d e c o n h e c im e n to s q u e
fo rm a m a c u ltu ra h u m a n a : q u e m só o D ire ito estu d a, n ã o sab e D ire ito (3). O p re p a ro
geral, e esp e c ia lm e n te o re la c io n a d o c o m a S o cio lo g ia , c o n trib u i p a ra e sc la re c e r o esp írito
do a p lic a d o r d a lei. A s v e z e s, e m ca so iso la d o , p o ré m re le v a n te , u m ra m o p a rtic u la r d a
c iê n c ia p re sta se rv iço s e sp e c ia is; a e le re c o rre o h e rm e n e u ta e m tra b a lh o s d e g a b in e te , o u
o p ró p rio ju iz p o r m eio d a p e ríc ia (4).
212 216 - (1) Reuterskioeld, op. cit., p. 90-91; Jandoli, op. cit., p. 75.
897B ernardino Carneiro, op. cit., § 23.
898H olbach, op. cit., p. 114-136. (4)Berriat Saint-
Prix, op. cit., nos 131-132.
Exemplos: a) Em Mecânica, duas forças opostas e iguais se equilibram; em Direito, quando se
aplicam à mesma hipótese duas presunções legais inversas, resulta para o juiz a liberdade plena de
formar a sua convicção.
b) Não raro a Química, ou a Medicina Legal, oferece a base única de um veredictum brilhante (B.
Saint-Prix, op. cit., n° 132).
899Digesto, liv. 50, tít. 17, frag. 185.
9 0 0 B e rria t Sain-Prix, op. cit., nüs 131-133.
IN T E R P R E T A Ç Ã O E X T E N S IV A E E S T R IT A
d e d ifíc il m a n e jo (6).
n o r m a 214 (1 ) .
N ã o s e t r a t a d e d e f e it o s d e e x p r e s s ã o , n e m d a in c a p a c id a d e v e r b a l d o s r e d a t o r e s d e
u m t e x t o . P o r m a i s o p u le n t a q u e s e ja a l ín g u a e m a is h á b il q u e m a m a n e j a , n ã o é p o s s ív e l
c r i s t a l i z a r n u m a f ó r m u l a p e r f e it a t u d o o q u e s e d e v a e n q u a d r a r e m d e t e r m in a d a n o r m a
j u r íd i c a : o r a o v e r d a d e ir o s i g n if i c a d o é m a i s e s t r it o d o q u e s e d e v e r ia c o n c l u i r d o e x a m e
e x c l u s i v o d a s p a la v r a s o u f r a s e s in t e r p r e t á v e is ; o r a s u c e d e o in v e r s o , v a i m a is lo n g e d o
q u e p a r e c e i n d i c a r o i n v ó l u c r o v i s í v e l d a r e g r a e m a p r e ç o ( 2 ) . A r e la ç ã o l ó g i c a e n t r e a
e x p r e s s ã o e o p e n s a m e n t o f a z d i s c e r n i r s e a l e i c o n t é m a lg o d e m a i s o u d e m e n o s d o q u e a
le t r a p a r e c e e x p r i m i r ; a s c ir c u n s t â n c ia s e x t r ín s e c a s r e v e la m u m a i d é i a f u n d a m e n t a l m a is
a m p la o u m a i s e s t r e it a e p õ e m e m r e a lc e o d e v e r d e e s t e n d e r o u r e s t r i n g ir o a lc a n c e d o
p r e c e it o ( 3 ) . M a i s d o q u e r e g r a s f i x a s i n f l u e m n o m o d o d e a p l i c a r u m a n o r m a , s e a m p la ,
s e e s t r it a m e n t e , o f i m c o l i - m a d o , o s v a l o r e s j u r í d i c o - s o c i a i s q u e lh e p r e s id i r a m à
e la b o r a ç ã o e l h e c o n d i c i o n a m a a p l i c a b i li d a d e (4 ) .
2 1 9 - 0 t e x t o o f e r e c e a o o b s e r v a d o r s ó u m a d ire tiv a g e r a l; e x p l í c i t a o u i m p l i
c it a m e n t e s e r e p o r t a a f a t o s , d e f i n i ç õ e s e m e d id a s q u e o j u i z d e v e a d a p t a r à e sp é c ie t r a z id a
a e x a m e 215 ( 1 ) : é o c a s o d e in t e r p r e t a ç ã o exten siva, c o n s is t e n t e e m p ô r e m r e a lc e r e g r a s e
p r i n c í p i o s n ã o e x p r e s s o s , p o r é m c o n t id o s im p l ic i t a m e n t e n a s p a la v r a s d o C ó d i g o . A
p e s q u is a d o s e n t id o n ã o c o n s t i t u i o o b j e t iv o ú n i c o d o h e r m e n e u - t a ; é a n t e s o p r e s s u p o s t o
d e m a is a m p la a t iv id a d e . N a s p a la v r a s n ã o e s t á a l e i e , s im , o a r c a b o u ç o q u e e n v o lv e o
e s p ír it o , o p r i n c í p i o n u c le a r , t o d o o c o n t e ú d o d a n o r m a . O l e g i s l a d o r d e c la r a a p e n a s u m
c a s o e s p e c ia l; p o r é m a i d é i a b á s ic a d e v e s e r a p l i c a d a n a ín t e g r a , e m t o d a s a s h ip ó t e s e s q u e
n a m e s m a c a b e m ( 2 ) . P a r a a lc a n ç a r e s t e o b j e t iv o , d ila t a - s e o s e n t id o o r d i n á r io d o s t e r m o s
a d o t a d o s p e lo le g i s l a d o r ; t a m b é m s e i n d u z d e d is p o s iç õ e s p a r t ic u la r e s u m p r i n c í p i o a m p lo
(3 ) .
O t e x t o m e n c io n a o q u e é m a i s v u l g a r , c o n s t a n t e ; d á o â m a g o d a i d é i a q u e o
in t é r p r e t e d e s d o b r a e m a p lic a ç õ e s m ú lt ip la s . J á a f i r m a r a J u lia n o : N eq u e leges, n e-qu e
sen a tu sco n su lta ita sc rib i p o ssu n t, ut o m n es casus, qui quandoque in ciderin t,
com preh en dan tu r: se d su fjic it e t ea, q u o ep leru m q u e accidunt, co n tin ere - " N e m a s le is ,
n e m o s s e n a t u s - c o n s u lt o s p o d e m s e r e s c r it o s d e m o d o q u e c o m p r e e n d a m t o d o s o s c a s o s
s u s c e t ív e is d e o c o r r e r e m q u a lq u e r t e m p o ; S e r á b a s t a n t e a b r a n g e r e m o s q u e s o b r e v ê m
c o m f r e q ü ê n c i a m a i o r " (D ig esto , l i v . 1 , t ít . 3 , f r a g . 1 0 ) . N on p o s s u n t om n es articu li
173 CARLOS MAXIMILIANO
n ã o c o n c l u i d e m ais, n e m d e m en o s d o q u e o t e x t o e x p r im e , in t e r p r e t a d o à l u z d a s id é i a s
m o d e r n a s s o b r e H e r m e n ê u t ic a . R ig o r o s a m e n t e , p o r t a n t o , a e x e g e s e re stritiv a c o r r e s p o n d e ,
n a a t u a lid a d e , à q u e o u - t r o r a s e d e n o m in a v a d e c la ra tiv a estrita ; a p e n a s d e c la ra o s e n t id o
v e rd a d e iro e o a lc a n c e exato; e v it a a d ila t a ç ã o , p o r é m n ã o s u p r im e c o i s a a lg u m a .
A b s t é m - s e , e n t r e t a n t o , d e e x i g i r o s e n t id o litera l: a p r e c is ã o r e c la m a d a c o n s e g u e - s e c o m o
a u x í l i o d o s e le m e n t o s l ó g i c o s , t o m a d o s e m a p r e ç o t o d o s o s f a t o r e s j u r í d i c o - s o c i a i s q u e
i n f l u í r a m p a r a e la b o r a r a r e g r a p o s it i v a (3 ) .
5 2 5 - N u m c a s o d ila t a - s e o a lc a n c e d o p r e c e it o ; n o o u t r o n ã o s e r e s t r in g e : d e ix a - s e
d e d ila t a r . C o m o a s p a la v r a s s e e m p r e g a m p a r a e x p r i m i r i d é ia s , u m v o c á b u l o
im p r ó p r io c o n d u z a c o n c e p ç õ e s e rra d a s ; p o r is s o a c o m p e te n te s m e s tr e s p a r e c e
c o n v i r o a b a n d o n o d a s d e n o m in a ç õ e s t r a d ic io n a is . A l g u é m p r e f e r iu a s
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 174
5 2 6 - N ã o s e d e v e m a is f a l a r e m in t e r p r e t a ç ã o d ecla ra tiva . N o s e n t id o p r im i t iv o ,
a p o ia v a - s e e m u m f u n d a m e n t o f a ls o , n o a d á g io - in c la r is c e ssa i in terp reta d o , e
n o b r o c a r d o d e D i r e i t o C a n ô n ic o - v e rb a c la ra non a d m ittu n t in terpretation em ,
n equ e v o lu n ta s con jectu ram : " e x p r e s s õ e s c la r a s n ã o a d m it e m in t e r p r e t a ç ã o ;
n e m c o m p o r t a c o n j e t u r a s a v o n t a d e m a n if e s t a " 218 ( 1 ) . P a s s o u d e p o is a a b r a n g e r
s o m e n t e o c a s o e m q u e o a p l i c a d o r d a s d is p o s i ç õ e s e s c r it a s a p e n a s m o s t r a o
e x is t e n t e ; n ã o d e d u z c o i s a a lg u m a ( 2 ) .
S e p r o c u r a e t r a n s m it e o s e n t id o e x a t o , s e m n a d a r e d u z ir n e m a c r e s c e n t a r , o p e r a - s e
a m o d e r n a in t e r p r e t a ç ã o estrita. A d ecla ra tiva , o u c o m p r e e n s iv a , n ã o p a s s a d e e x e g e s e
v e r b a l, n ã o é p r o p r ia m e n t e in t e r p r e t a ç ã o ( 3 ) . N e n h u m c o n t in g e n t e n o v o t r a z a o t r a b a lh o
d o h e r m e n e u t a ; p a r e c e m e lh o r d e ix á - la n o o lv i d o , v is t o q u e a s e x p r e s s õ e s t é c n ic a s
in t e r p r e t a ç ã o ex ten siva e in t e r p r e t a ç ã o e strita a b r a n g e m t o d a s a s h ip ó t e s e s .
2 2 3 - A d m i t i a m - s e o u t r o r a d u a s e s p é c ie s d e e x e g e s e a m p la : a ex ten siva p o r
217 221 -(1) Reuterskioeld - Ueber Rechtsauslegung, 1889, p. 87.
(2) Campbell Black - Handbook on the Construction and Interpretation o f the Laws, 2 ” ed., p. 444 e
segs.; Sutherland, vol. TT e 582.
218 222 - (1) Paula Batista, op. cit., § 44, nota 1; Kiss, op. cit., p. 27. Vede o capítulo - In Claris Ces
sai Interpretatio.
9 1 3 Reuterskioeld, op. cit., p. 86.
91 4 K iss, op. cit., p. 27.
224 - E m b o r a s e n ã o t r a t e d e p r o c e s s o s d if e r e n t e s e , s im , d e efeitos d e s s e m e
lh a n t e s , t o d a v i a a d is t in ç ã o e n t r e ex ten siva e re s tritiv a c o n s e r v a i m p o r t â n c ia p r á t i
c a : a in d a c o n v é m m a n t ê - la , d e s d e q u e h a j a o c u id a d o d e a t r ib u i r a o s t e r m o s
t r a d i c i o n a i s s i g n if i c a d o c o m p a t ív e l c o m a s i d é i a s m o d e r n a s , s e n ã o p r e f e r ir e m
s u b s t i t u í - l o s p o r o u t r o s m a is p r e c is o s , c o m o s e r ia m e x e g e s e a m p la e restrita , p o r
e x e m p lo . R e a li z a - s e a p r im e i r a q u a n d o , e m h a v e n d o d ú v id a r a z o á v e l s o b r e a a p l i
c a b i l id a d e d e u m t e x t o , p o r e x t e n s ã o , a o c a s o e m a p r e ç o , r e s o lv e m p e la a f ir m a t iv a ;
a s e g u n d a , a o v e r if ic a r - s e h ip ó t e s e c o n t r á r ia , i s t o é, q u a n d o o p t a m p e la n ã o a p l i c a
b il i d a d e . E n t r e t a n t o , e m u m a e o u t r a e m e r g ê n c ia a e s c o lh a e n t r e a a m p lit u d e e a e s
t r u t u r a d e p e n d e d o d e v e r p r im o r d i a l d e n ã o t o r n a r i r r e a l iz á v e l. o o b j e t iv o d a r e g r a
e m a p r e ç o . T a n t o a e x e g e s e r ig o r o s a c o m o a l i b e r a l s e i n s p ir a m n a le t r a e n o e s p ír it o
e r a z ã o d a le i: t o m a m c u id a d o c o m o s m a le s q u e o t e x t o s e p r o p ô s e v it a r o u c o m b a
t e r , e c o m o b e m q u e d e v e r ia p r o p o r c i o n a r 220 (1 ) .
N ã o e x is t e , p o r t a n t o , p r e c e it o a b s o lu t o . A o c o n t r á r io m a is d o q u e a s r e g r a s p r e c is a s
i n f l u e m a s circu n stâ n cia s a m b ie n t e s e o f a to r teleo ló g ico . A t é m e s m o d e p o is d e f i r m a d a a
p r e f e r ê n c ia p o r u m d o s e f e it o s , a in d a s e r á f o r ç a a q u il a t a r o g r a u d e a m p lit u d e , o u d e
p r e c is ã o ; o s e u a p r e ç a m e n t o d e p e n d e d e s u b - r e g r a s e , s o b r e t u d o , d o c r it é r i o j u r í d i c o d o
in t é r p r e t e : p o r e x e m p lo , a s l e i s f i s c a i s s u p o r t a m s ó e x e g e s e e s t r it a , p o r é m a s e x c e ç õ e s a o s
s e u s p r e c e it o s , a s is e n ç õ e s d e im p o s t o s , r e c la m a m r i g o r m a io r .
219 223 - (1) Paula Batista, op. cit., § 41, nota 2, e § 45.
9 1 5 V ed e o capítulo -Analogia; n° 249.
9 1 6 P a u la Batista, op. cit., § 41, nota 2, e § 34.
9 1 7 Jo ã o Vieira de Araújo - Código Penal Comentado, Parte Geral, vol. I, p. 21, n° 4.
918D egni, op. cit., p. 268.
220 224 - (1) Black, op. cit., p. 444.
5 2 7 - S e m e m b a r g o d e v a l o r r e la t i v o d o s c o n c e it o s r e f e r e n t e s à a p l i c a b i li d a d e d a
e x e g e s e p r e c is a e d a lib e r a l, h á p r o v e i t o a in d a e m o s c o n s e r v a r d e m e m ó r ia ; a j u
d a m a o r ie n t a r o h e r m e n e u t a , f o r n e c e m e m n u m e r o s o s c a s o s a d ire tiv a g e r a l,
q u e s e r á o b s e r v a d a c o m a n e c e s s á r ia c ir c u n s p e ç ã o 221 ( 1 ) .
5 2 8 -1 . G u i a m o in t é r p r e t e e m p e n h a d o e m s a b e r s e d e v e c o l i m a r o r e s u lt a d o a m p lo
o u o e s t r it o : a ) o e s p ír it o d o t e x t o ; b ) a e q ü id a d e ; c ) o in t e r e s s e g e r a l; d) o p a
r a le l o e n t r e a r e g r a e m a p r e ç o e o u t r a s d a m e s m a l e i; e) o p a r a le lo c o m o u t r a s
l e is s im u lt â n e a s 22A!).
5 2 9 - II . C a d a d is p o s iç ã o e s t e n d e - s e a t o d o s o s c a s o s q u e , p o r p a r id a d e d e m o t i v o s ,
s e d e v e m c o n s i d e r a r e n q u a d r a d o s n o c o n c e it o , o u a t o j u r í d i c o ; b e m c o m o s e
a p l i c a à s c o is a s v ir t u a lm e n t e c o m p r e e n d id a s n o o b j e t o d a n o r m a 223 ( 1 ) .
5 3 0 - I I I . Q u a n d o a le i, o u a t o , e s t a t u i s o b r e u m a s s u n t o c o m o p r i n c í p i o o u o r ig e m ,
s u a s d is p o s iç õ e s a p lic a m - s e a t u d o o q u e d o m e s m o a s s u n t o d e r i v a l ó g i c a e
n e c e s s a r ia m e n t e 224 (1 ) .
5 3 1 - I V . Q u a n d o s e p r o í b e u m f a t o , i m p l ic i t a m e n t e f i c a m v e d a d o s t o d o s o s m e io s
c o n d u c e n t e s a r e a l i z a r o a t o c o n d e n a d o , o u i l u d i r a d is p o s i ç ã o im p e d it i v a . A
r e g r a p r e v a le c e a té m e s m o q u a n d o p r o v e n h a d e t e r c e ir o a a ç ã o a d e q u a d a a
f a c i l i t a r o q u e a l e i f u l m i n a 225( l) . C o n tra legem fa c it, qui idfacit, q u o d lex
p ro h ib e t: in fra u d e m vero, q u isa lv is v e rb is legis, sen ten tia m eju s circu m ven it:
" p r o c e d e c o n t r a a l e i q u e m f a z o q u e a l e i p r o íb e ; a g e e m f r a u d e d a m e s m a o
q u e r e s p e it a a s p a la v r a s d o t e x t o e c o n t o r n a , i lu d e a o b j e ç ã o le g a l " ( P a u lo , n o
D ig esto , l i v . 1 , t it . 3 , f r a g . 2 9 ) .
5 3 2 - V . I n t e r p r e t a m - s e a m p la m e n t e a s l e i s p r o v id a s , re m e d ia l sta tu te s d o s n o r t e -
a m e r ic a n o s , a s n o r m a s f e it a s p a r a c o r r i g i r d e f e it o s d e o u t r a s ; a b o l i r o u r e m e d i a r
m a le s , d if ic u l d a d e s , in j u s t iç a s , ô n u s , g r a v a m e s ; r a t if ic a r a t o s o u r e s o lu ç õ e s d e
p a r t ic u la r e s o u d e a lg u m d o s p o d e r e s c o n s t it u c io n a is , c e r c a r d e g a r a n t ia s
p e s s o a s o u b e n s 226 ( 1 ) . N a m e s m a c a t e g o r ia , e , p o r t a n t o , s u j e it a s à s m e s m a s
r e g r a s , s e i n c lu e m a s d is p o s iç õ e s q u e a m p l ia m o u c r ia m r e c u r s o s j u d i c i á r i o s
( a p e la ç ã o , a g r a v o , e t c . ) ( 2 ) ; b e m c o m o a s q u e a lt e r a m o u r e o r g a n iz a m a
a d m in is t r a ç ã o d a j u s t i ç a n o s e n t id o d e a t o r n a r m a i s s im p le s , e f i c a z e r á p id a .
Q u a n d o o p r e c e it o r e f o r m a d o r d i m i n u i o s p r a z o s , o u q u a is q u e r o u t r a s r e g a lia s
d a d e f e s a ; s u b s t it u i o p r o c e s s o o r d i n á r io p e lo s u m á r io , o u e s t e p e lo e x e c u t iv o ,
p r e f e r e - s e a e x e g e s e e s t r it a (3 ) .
5 3 3 - V I . F a z - s e lib e r a lm e n t e a c o n t a g e m d o s p r a z o s e m g e r a l, q u e r e s t a b e le c id o s
e m d is p o s i ç õ e s n o v a s , q u e r n a s a n t ig a s 227 ( 1 ) .
5 3 4 - V I I . A s le is , q u e t e n d e m a m a io r p r o v e it o d o E s t a d o , e n te n d e m - s e e x
t e n s iv a m e n t e , u m a v e z q u e n ã o f i q u e m m a i s o n e r o s a s à s p a r t e s 228 ( 1 ) .
5 3 5 - V I I I . I n t e r p r e t a m - s e e s t r it a m e n t e a s f r a s e s q u e e s t a b e le c e m f o r m a l i d a d e s e m
g e r a l, b e m c o m o a s f i x a d o r a s d e c o n d iç õ e s p a r a u m a t o j u r í d i c o o u r e c u r s o
j u d i c i á r i o 229 ( 1 ) .
232 236- (1) John Stuart Mill- Système de Logique Deductive et Inductive, trad. Peisse, 2a ed., vol. TT, p. 83.
932A lexandre Bain - Logique Deductive et Inductive, trad. Compayré, 5a ed., vol. TT, p. 212.
9 3 3 B ain , Prof, da Universidade de Aberdeen, vol. TT, p. 209 e 212.
Vede, em o n ” 93, os ensinamentos de Ulpiano e Juliano, propiciadores da analogia.
9 3 4 S tu a rt Mill, vol. TT, p. 84-85.
9 3 5 Stuart Mill, vol.11, p. 85.
9 3 6 S tu a rt Mill, vol. TT, p. 86; Alexandre Bain, vol., TT, p. 208.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 178
ele traduz alguma coisa, constitui um índice do Direito, um modo de dar a entender o
que constitui, ou não, o conteúdo da norma234 (1).
179 CARLOS MAXTMTLTANO
23 9 - C o in c id e m a o r d e m j u r í d i c a e a v id a d o h o m e m e m c o m u n id a d e ; p o r isso ,
t o d a le g is la ç ã o , g r a ç a s à u n i d a d e d o o b je tiv o , q u e é d is c ip lin a r a u ti li d a d e s o c ia l, e à
u n id a d e d a id é ia f u n d a m e n ta l , q u e é a s s e g u r a r a ju s ti ç a , c o n s titu i u m o r g a n is m o
c o m f o r ç a s la te n te s d e a d a p ta ç ã o e e x p a n s ã o , e n c e r r a o g e rm e d e u m a s é r ie d e
n o r m a s n ã o e x p re s s a s , p o r é m v iv a z e s e im p líc ita s n o s is te m a . O m e s m o p r in c íp io
c o n tid o n u m a r e g r a le g a l é lo g ic a m e n te e s te n d id o a o u t r a s h ip ó te s e s n ã o p r e v is ta s .
D e s te m o d o o D ire ito P o s itiv o r e g u la , o r a d ir e ta , o r a in d i r e t a m e n t e , to d a s a s re la ç õ e s
so c ia is p r e s e n te s e f u t u r a s , v is a d a s , o u n ã o , p e lo s e la b o r a d o r e s d o s C ó d ig o s . O
e le m e n to s u p le tó r io d e m a i o r v a l o r é a a n a lo g ia , q u e d e s e n v o lv e o e s p ír ito d a s
d is p o siç õ e s e x is te n te s e o a p lic a a re la ç õ e s s e m e lh a n te s n a e s s ê n c ia 235 (1).
T a l p ro c e s s o p r e v a le c e n o D ire ito p á tr io d e s d e é p o c a r e m o ta (2). S e m p r e se
e n te n d e u in c u m b ir a o s m a g is tr a d o s p r e e n c h e r as la c u n a s d o D ire ito ; p o r q u e a u ni
v e rsa lid a d e d e s te é tã o e s s e n c ia l c o m o a s u a u n idade; n e le d e v e n o ta r - s e u m a c o n
s e q ü ê n c ia ín t im a , h a r m o n i a o r g â n ic a ; e e m t a l p r e s s u p o s to se f u n d a a a n a lo g ia (3).
234 238 - (1) Rudolf Stammler-D/ele/íre von dem Richtigen Rechte, 1902, p. 271; Emílio Caldara
- Interpretazione delle Leggi, 1908, p. 4.
(2) Ferrara, vol. T, p. 225-226.
235 239 - (1) Coviello, vol. T, p. 82; Ferrara, vol. T, 1921, p. 226.
9 4 2 L ê -se na obra clássica de Pascoal de Melo Freire - Institutionum Juris Civilis Lusitani, vol. T, p. 8,
alusão clara à analogia, nas seguintes frases tiradas das Ordenações: ”... porque não podem todos
(os casos) ser declarados em esta Lei, mas procederão os julgadores de semelhante a semelhante”
(liv. 3o, tít. 69, in principio). E isto, que dito é ”em estes casos aqui especificados, haverá lugar em
quaisquer outros semelhantes, em que a razão pareça ser igual destes” (tít. 81, parágrafo último).
943Savigny - Traité de Droit Romain, trad. Guenoux, vol. 1, p. 279 e 281.
94 4 S tam m ler - Theorie, p. 633.
9 4 5 Ferrara, vol. T, p. 227.
9 4 6 É também muito citado o ensinamento de Ulpiano (Digesto, liv. T, tít. 3. frag. 3): "Nam ut ait
Pedius, quotiens lege aliquid, unum vel alterum introductum est, bona occaio est caetera quae tendunt
ad eamdem utilitatem, vel interpretatione, vel certejurisdictione suppleri".
Vede nos 16 e 93: encontra-se no último a tradução do fragmento 13, de Ulpiano.
9 4 7 c h a rle s Brocher - Etude sur les Príncipes Généraux de L 'Interpretation des Lois, 1870, p. 137-138.
9 4 8 F ran co is Geny - MéthodeL 'Interpretation, vol. T, p. 35.
E x i s t e u m d is p o s i t i v o le g a l; s u r g e u m a d ú v id a n ã o r e s o lv i d a d ir e t a m e n t e p e lo t e x t o
e x p l íc i t o ; d e c id e o j u i z o r ie n t a d o p e la p r e s u n ç ã o d e q u e o d e s e n v o lv im e n t o d e u m p r e c e it o
le v e a v e r d a d e ir o s c o r o l á r i o s j u r í d i c o s , a c o n s e q ü ê n c ia s q u e t e n h a m m o r a l a f in id a d e c o m
a n o r m a p o s it i v a ; a p l i c a a o c a s o n o v o a r e g r a f i x a d a p a r a o u t r o , s e m e lh a n t e à q u e le (4 ) .
O s f a t o s d e i g u a l n a t u r e z a d e v e m s e r r e g u la d o s d e m o d o i d ê n t ic o ( 5 ) . Ubi ea-dem
le g is ra tio , ib i ea d em le g is d isp o sitio ; " o n d e s e d e p a r e r a z ã o i g u a l à d a l e i, a l i p r e v a le c e a
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 180
d is p o s iç ã o c o r r e s p o n d e n t e , d a n o r m a r e f e r id a " : e r a o c o n c e it o b á s ic o d a a n a lo g ia e m
R o m a ( 6 ) . O u s o d a m e s m a j u s t i f i c a - s e , a in d a h o je , p o r q u e a t r ib u i à h ip ó t e s e n o v a o s
m e s m o s m o t i v o s e o m e s m o f i m d o c a s o c o n t e m p la d o p e la n o r m a e x is t e n t e (7 ) .
D e s c o b e r t a a r a z ã o ín t im a , f u n d a m e n t a l, d e c i s i v a d e u m d is p o s i t i v o , o p r o c e s s o
a n a ló g ic o t r a n s p o r t a - lh e o e f e it o e a s a n ç ã o a h ip ó t e s e s n ã o p r e v is t a s , s e n a s m e s m a s s e
e n c o n t r a m e lem en to s id ên tico s a o s q u e c o n d i c i o n a m a r e g r a p o s it i v a . H á , p o r t a n t o ,
s e m e lh a n ç a d e c a s o s c o n c r e t o s e id e n t id a d e d e s u b s t â n c ia j u r í d i c a ( 8 ) .
5 3 8 - F u n d a - s e a a n a lo g ia , n ã o c o m o s e p e n s o u o u t r o r a , n a vo n ta d e p r e s u m id a d o
l e g i s l a d o r , e , s im , n o p r i n c i p i o d e v e r d a d e ir a j u s t i ç a , d e ig u a ld a d e j u r í d i c a , o
q u a l e x ig e q u e a s e s p é c ie s s e m e lh a n t e s s e j a m r e g u la d a s p o r n o r m a s
s e m e lh a n t e s ; n e s t e s e n t id o a q u e le p r o c e s s o t r a d i c i o n a l c o n s t i t u i g e n u ín o
e le m e n t o s o c io l ó g i c o d a A p l i c a ç ã o d o D i r e i t o 236 (1 ) .
5 3 9 - A r e s p e it o d e a n a lo g ia d u a s p o s s ib i li d a d e s m e r e c e m r e g is t r o : o u f a l t a u m a s ó
d is p o s iç ã o , u m a r t ig o d e l e i, e e n t ã o s e r e c o r r e a o q u e r e g u la u m c a s o s e m e
lh a n t e ( a n a lo g ia leg is); o u n ã o e x is t e n e n h u m d is p o s i t i v o a p l i c á v e l à e s p é c ie
n e m s e q u e r d e m o d o in d ir e t o ; e n c o n t r a - s e o j u i z e m f a c e d e in s t it u t o
in t e ir a m e n t e n o v o , s e m s i m i l a r c o n h e c id o ; é f o r ç a , n ã o s im p le s m e n t e r e c o r r e r a
u m p r e c e it o e x is t e n t e , e , s im , a u m c o m p l e x o d e p r i n c í p i o s j u r í d i c o s , à s ín t e s e
d o s m e s m o s , a o e s p ír it o d o s is t e m a i n t e i r o {a n a lo g ia ju r is). A p r im e i r a h ip ó t e s e
é m a is c o m u m e m a i s f á c i l d e r e s o lv e r ; a p e n a s s e t r a t a d e e sp é c ie n ã o p r e v is t a ,
in e s p e r a d a c o n t r o v é r s ia a c e r c a d e in s t it u t o j á d i s c i p li n a d o p e lo l e g is la d o r ;
a r g u m e n t a - s e c o m a s o lu ç ã o a p l i c á v e l a u m fa to sem elh an te. É o c a s o d a
s e g u n d a q u a n d o n ã o e x is t e r e g r a e x p l íc i t a , n e m c a s o a n á lo g o ; r e c o n s t r ó i- s e a
n o r m a p e la c o m b in a ç ã o d e m u it a s o u t r a s , q u e c o n s t it u e m v i s í v e l a p lic a ç ã o d e
u m p r i n c í p i o g e r a l, e m b o r a n ã o e x p r e s s o ; e la b o r a - s e p r e c e it o c o m p le t a m e n t e
n o v o , o u u m i n s t it u t o i n t e ir o , s e g u n d o o s p r i n c í p i o s d e t o d o o s is t e m a e m v ig o r .
A a n a lo g ia le g is a p ó ia - s e e m u m a r e g r a e x is t e n t e , a p l i c á v e l a h ip ó te se s e m e lh a n t e
n a e s s ê n c ia ; a a n a lo g ia ju r is la n ç a m ã o d o c o n j u n t o d e n o r m a s d is c i p li n a d o r a s d e u m
in stitu to q u e t e n h a p o n t o s f u n d a m e n t a is d e c o n t a t o c o m a q u e le q u e o s t e x t o s p o s it i v o s
d e ix a r a m d e c o n t e m p la r ; a p r im e i r a e n c o n t r a r e s e r v a s d e s o lu ç õ e s n o s p r ó p r i o s
r e p o s it ó r io s d e p r e c e it o s le g a is ; a s e g u n d a , n o s p rin c íp io s g e r a is d e D ire ito 2’1 (1 ) .
181 CARLOS MAXIMILIANO
5 4 0 - C a ld a r a a c h a c a r e c e d o r a d e c u n h o c i e n t í f i c o a d is t in ç ã o e n t r e a n a lo g ia d e lei,
q u e é a a n a lo g ia p r o p r ia m e n t e d it a , e a d e D ir e ito 1™ ( 1 ) . E n t r e t a n t o p e n s a d e
m o d o d iv e r s o a m a i o r ia d o s j u r is c o n s u lt o s , a n t ig o s e m o d e r n o s ( 2 ) . A p e n a s e le s
a c h a m q u e e m u m a e o u t r a a s u b s t â n c ia , a b a s e e o r e s u lt a d o d o p r o c e d im e n t o
s ã o m a is o u m e n o s o s m e s m o s , t e m - s e s e m p r e e m m ir a u m a s o lu ç ã o p a r a
d e t e r m in a d o e s t a d o d e f a t o , d e u m a s e m e lh a n ç a fu n d a m e n ta l c o m o u t r o , o u
o u t r o s , q u e o D i r e i t o r e g u lo u ; e m a m b a s a s h ip ó t e s e s e s t e n d e m n o r m a s
c o n h e c id a s a c a s o s e s t r a n h o s a o t e x t o v ig e n t e , in v o c a d a s , c o m o j u s t i f i c a t i v a s , a
s i m il i t u d e d a s s it u a ç õ e s e a id e n t id a d e d e r a z ã o j u r íd i c a . T r a t a - s e d e d u a s
v a r ia n t e s , s im p le s m a t iz e s d e u m a m e s m a id é ia : a e s s ê n c ia é u m a s ó (3 ) .
5 4 1 - O m a n e j o a c e r t a d o d a a n a lo g ia e x ig e , d a p a r t e d e q u e m a e m p r e g a , i n t e
l ig ê n c i a , d is c e r n im e n t o , r i g o r d e l ó g i c a ; n ã o c o m p o r t a u m a a ç ã o p a s s iv a ,
m e c â n ic a . O p r o c e s s o n ã o é s im p le s , d e s t it u íd o d e p e r ig o s ; f a c i lm e n t e c o n d u z a
e r r o s d e p l o r á v e is o a p l i c a d o r d e s c u id a d o 239 (1 ) .
237 241 - (1) Guilherme Alves Moreira - Instituições do Direito Civil Português, vol. I, p. 46-47;
Coviello, vol. I, p. 84; Ferrara, vol. I, p. 228; Savigny, vol. I, p. 280-281; Geny, vol. II, p. 131;
Desembargador A. Ferreira Coelho - Código Civil Comparado, Comentado e Analisado, vol.
11, 1920, p. 133, n«s 868-869.
Vede o capítulo - Princípios Gerais de Direito, n° 348.
238 242 - (1) Caldara, op. cit., n° 222.
E à analogia legis, ou analogia propriamente dita, que se refere a primeira parte do art. 4° da
Introdução do Código Civil, assim concebido: "Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. " Vede Alves Moreira, Prof, da
Universidade de Coimbra, vol. I, p. 47.
949Enneccerus, vol. I, p. 120; Arrigo Dernburg-Pandette, trad, ital., de Cicala, 1906, vol. I, p. 99;
Gianturco, vol. I, p. 122-123; Clóvis Beviláqua - Código Civil Comentado, vol. 1, 1916, p. 108; Geny,
vol. I, p. 305; Filomusi Guelfi, op. cit., p. 148-149; Sabino Jandoli-Sulla Teoria delia Inter-pretazione
delle Leggi, 1921, p. 46; Pacchioni - Delle Leggi in Generate, 1933, p. 129, nota 2.
9 5 0 G m ü r, op. cit, p. 67-68; Geny, vol. I, p. 305 e 307; Coviello, vol. I, p. 84.
Talvez pelas razões acima enunciadas haja o legislador civil brasileiro autorizado o recurso às duas
espécies de analogia em um mesmo artigo, 4o da Introdução: feita alusão a uma, na primeira parte;
à outra, na segunda.
239 243 - (1) Pietro Cogliolo - Filosofia dei Diritto Privato, 1888, p. 133; F. Holbach -
L'Iinterprétation de la Loi sur les Sociétés, 1906, p. 202; Alves Moreira, vol. I, p. 48; Alex Bain,
vol. II, p. 209-212.
9 5 1 P a u l Oertmann - Gesetzeszwang undRichtes freiheit, 1909, p. 27; Holbach, op. cit., p. 202; Coviello,
vol. I, p. 83; Pacchioni, op. cit., p. 128-129.
952S tam m ler - Theorie, p. 637.
I. P r e s s u p õ e : I o) u m a h ip ó t e s e n ã o p re v ista , s e n ã o s e t r a t a r ia a p e n a s d e in ter
p r e ta ç ã o ex ten siva; 2 o) a r e la ç ã o c o n t e m p la d a n o t e x t o , e m b o r a d iv e r s a d a q u e se
e x a m in a , d e v e s e r s e m e lh a n t e , t e r c o m e la u m e le m e n t o d e id e n t id a d e ; 3 o) e s t e e le m e n t o
n ã o p o d e s e r q u a lq u e r , e , s im , essen cia l, fu n d a m en ta l, i s t o é , o f a t o j u r í d i c o q u e d e u
o r ig e m a o d is p o s i t i v o . N ã o b a s t a m a f in id a d e s a p a r e n t e s , s e m e lh a n ç a fo r m a l; e x ig e - s e a
real, v e r d a d e ir a i g u a ld a d e s o b u m o u m a i s a s p e c t o s , c o n s is t e n t e n o f a t o d e s e e n c o n t r a r ,
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 182
n u m e n o u t r o c a s o , o m e s m o p r i n c í p i o b á s ic o e d e s e r u m a s ó a i d é i a g e r a d o r a t a n t o d a
r e g r a e x is t e n t e c o m o d a q u e s e b u s c a . A h ip ó t e s e n o v a e a q u e s e c o m p a r a c o m e la ,
p r e c i s a m a s s e m e lh a r - s e n a e s s ê n c ia e n o s e f e it o s ; é m is t e r e x i s t i r e m a m b a s a m e s m a
r a z ã o d e d e c i d ir . E v i t e m - s e a s s e m e lh a n ç a s a p a r e n t e s , s o b r e p o n t o s s e c u n d á r io s ( 2 ) . O
p r o c e s s o é p e r f e it o , e m s u a r e la t iv id a d e , q u a n d o a f r a s e j u r í d i c a e x is t e n t e e a q u e d a
m e s m a s e in f e r e d e p a r a m c o m o e n t r o s a d a s a s m e s m a s id é i a s fu n d a m e n ta is ( 3 ) .
2 4 4 - II . N ã o b a s t a m e s s a s p r e c a u ç õ e s ; c u m p r e t a m b é m f a z e r p r e v a le c e r ,
q u a n t o à a n a lo g ia , o p r e c e it o c l á s s ic o , im p r e t e r ív e l: n ã o s e a p l i c a u m a n o r m a j u r í d i
c a s e n ã o à o r d e m d e c o is a s p a r a a q u a l f o i e s t a b e le c id a . N ã o é l í c i t o p ô r d e l a d o a n a
t u r e z a d a l e i, n e m o r a m o d o D i r e i t o a q u e p e r t e n c e a r e g r a t o m a d a p o r b a s e d o
p r o c e s s o a n a ló g ic o . Q u a n t a s v e z e s s e n ã o v e r i f i c a o n e n h u m c a b im e n t o d o e m p r e
g o d e u m p r e c e it o f i x a d o p a r a o c o m é r c io , e t r a n s p la n t a d o a f o it a m e n t e p a r a o s d o
m ín io s d a l e g i s l a ç ã o c i v i l , o u d a c r im i n a l, p o s s ib i li d a d e e s t a m a is d u v id o s a a in d a !
D e c i d e - s e c o m p r e s u m ív e l a c e r t o d e s d e q u e s e p r o c u r e m e c o n f r o n t e m c a s o s
a n á lo g o s s u b o r d in a d o s a leis a n á lo g a s2"0 (1 ) .
2 4 5 - I I I . O r e c u r s o à a n a lo g ia t e m c a b im e n t o q u a n t o a p r e s c r iç õ e s d e D i r e i t o
com um ; n ã o d o excepcion al, n e m d o p en a l. N o c a m p o d e s t e s d o i s a l e i s ó t e a p l i c a
a o s c a s o s q u e e s p e c i f i c a 241 (1 ) .
O f u n d a m e n t o d a p r im e i r a r e s t r iç ã o é o s e g u in t e : o p r o c e s s o a n a ló g ic o t r a n s p o r t a a
d is p o s iç ã o f o r m u l a d a p a r a u m a e s p é c ie j u r í d i c a a o u t r a h ip ó t e s e n ã o c o n t e m p la d a n o
t e x t o ; o r a , q u a n d o e s t e s ó e n c e r r a e x c e ç õ e s , o s c a s o s n ã o i n c l u í d o s e n t r e e la s c o n s id e r a m -
s e c o m o s u j e it o s à re g r a g e r a l ( 2 ) .
N ã o s e c o n f u n d a , e n t r e t a n t o , o D i r e i t o ex cep cio n a l c o m o e sp e c ia l o u p a rtic u la r,
n e s t e c a b e m a a n a lo g ia e a e x e g e s e ex ten siva (3 ) .
9 5 3244 - (1) Dias Ferreira - Código Civil Português Anotado, vol. I, p. 38, notas ao art. 16; Alves
Moreira, vol. I, p. 47; Caldara, op. cit., n° 226.
9 5 4 2 4 5 - (1) Código Civil, Introdução, art. 2o, § 2o; Coviello, vol. I, p. 84-85; Brocher, op. cit., p. 165
166.
955Coviello, vol. I, p. 84.
956Pacchioni, op. cit., p. 130. Vede
n° 274.
5 4 2 - I V . E m m a t é r ia d e p riv ilé g io s, b e m c o m o e m s e t r a t a n d o d e d i s p o s i t i v o s q u e
l i m i t a m a lib erd a d e, o u restrin g em q u a isq u er o u tro s direito s, n ã o s e a d m it e o
u s o d a a n a lo g ia 242 ( 1 ) .
5 4 3 - V . Q u a n d o o t e x t o c o n t é m u m a en u m era çã o d e c a s o s , c u m p r e d is t in g u ir : s e
e la é taxativa, n ã o h á l u g a r p a r a o p r o c e s s o a n a ló g ic o ; s e ex em p lifica tiva a p e n a s ,
d á - s e o c o n t r á r io , n ã o s e p r e s u m e r e s t r in g id a a f a c u ld a d e d o a p l i c a d o r d o
D i r e it o . A p r ó p r i a l in g u a g e m i n d ic a , e m g e r a l, a c o n d u t a p r e f e r ív e l , n ã o r a r o a s
p a la v r a s -só, som en te, a p en a s e o u t r a s s i m il a r e s d e ix a m c la r o q u e a e n u m e r a ç ã o
é t a x a t iv a 243 ( 1 ) .
183 CARLOS MAXTMTLTANO
5 4 4 - V I . A s l e i s d e f i n a n ç a s , a s d is p o s i ç õ e s i n s t i t u i d o r a s d e im p o s t o s , t a x a s , m u lt a s
e o u t r o s ô n u s f i s c a is , s ó a b r a n g e m o s c a s o s q u e e p e c if íc a m ; n ã o c o m p o r t a m o
e m p r e g o d o p r o c e s s o a n a ló g ic o 244 ( 1 ) .
545- A a n a lo g ia e n q u a d r a - s e m e lh o r n a A p lic a ç ã o d o q u e n a H e r m e n ê u t ic a d o
D i r e it o ; s e r v e p a r a s u p r i r a s la cu n a s d o s t e x t o s ; n ã o p a r a d e s c o b r i r o s e n t id o e
a lc a n c e d a s n o r m a s p o s it i v a s 245 ( 1 ) . O in t é r p r e t e o p e r a s ó ded u tiva m en te; e a
a n a lo g ia t e m p o r b a s e u m a in du ção in co m p leta ( 2 ) .
O p r o c e s s o a n a ló g ic o , e n t r e t a n t o , n ã o c ria d ir e i t o n o v o ; d e sc o b re o j á existen te;
in teg ra a n o r m a e s t a b e le c id a , o p r i n c í p i o f u n d a m e n t a l, c o m u m a o c a s o p r e v is t o p e lo
l e g i s l a d o r e a o o u t r o , p a t e n t e a d o p e la v i d a s o c ia l. O m a g is t r a d o q u e r e c o r r e à a n a lo g ia ,
n ã o a g e livrem en te; d e s e n v o lv e p r e c e it o s laten tes, q u e s e a c h a m n o s is t e m a j u r í d i c o e m
v i g o r ( 3 ) . " O D i r e i t o n ã o é s ó o c o n t e ú d o im e d ia t o d a s d is p o s i ç õ e s e x p r e s s a s ; m a s
t a m b é m o c o n t e ú d o v ir t u a l d e n o r m a s n ã o e x p r e s s a s , p o r é m ín s it a s n o s is t e m a " (4 ) .
N ã o s e t r a t a d e r e g u la r ex p ró p rio M a rte, p e la p r im e i r a v e z , o r ig in a lm e n t e ; e , s im , d e
r e p r o d u z i r a i d é i a e s s e n c ia l d e p r e c e it o f o r m u l a d o p a r a c a s o s s e m e lh a n t e s , h a r m o n iz a d o s ,
e s t e s e o r e c e n t e , c o m o e s p ír it o d a le g is la ç ã o . P o r is s o , e s c r it o r e s d a e s c o la h i s t ó r ic o -
e v o l u t i v a v ê e m n a a n a lo g ia o c o m p l e x o d e m e io s u t i l i z á v e i s p a r a i n t e g r a r o D i r e i t o
P o s i t i v o c o m e le m e n t o s t ir a d o s d o p r ó p r i o D i r e i t o ( 5 ) .
9 5 7 2 4 6 - (1) Cód. Civil, Tntrod., art. 2o § 2o; Alves Moreira, vol. T, p. 50; Gianturco, vol. T, p. 123.
9 5 8247 - (1) Alves Moreira, vol. T, p. 49; Gianturco, vol. T, p. 123, nota 2; Brocher, op. cit., p. 165-166.
9 5 9 2 4 8 - (1) Thomas Cooley-Ai Treatise o f the Law o f Taxation, 3a ed., vol. T, p. 453-457; Campbell
Black, op. cit., p. 522; Sutherland, vol. TT, §§ 536-538; Pacifici-Mazzoni, vol. T, n° 21, p. 52.
9 6 0 2 4 9 - (1) Johannes Biermann - Biirgerliches Rechts, vol. T, 1908, p. 33; Geny, vol. T, p. 309-314;
Stammler- Theorie, p. 633; Rittler- Lehrbuch des Oesterreichischen Strafrechts, vol. T, p. 24, com
apoio de Zitelmann e Kohler.
9 6 1 Gmür, op. cit., p. 68.
962Coviello, vol. T, p. 84; Ferrara, vol. T, p. 231-232.
9 6 3 Ferrara, vol. T, p. 231-232.
9 6 4 Jan d o li, op. cit., p. 46.
250 - D o e x p o s t o j á f i c o u e v id e n t e n ã o s e r l í c i t o e q u ip a r a r a a n a lo g ia à in te r
p r e ta ç ã o extensiva. E m b o r a s e p a r e ç a m à p r im e i r a v is t a , d iv e r g e m s o b m a i s d e u m
a s p e c t o 246 ( 1 ) . A ú l t i m a s e a t e m " a o c o n h e c im e n t o d e u m a r e g r a l e g a l e m s u a p a r t i
c u la r id a d e e m f a c e d e o u t r o q u e r e r j u r í d i c o , a o p a s s o q u e a p r im e i r a s e o c u p a c o m a
s e m e lh a n ç a e n t r e d u a s q u e s t õ e s d e D i r e it o " . N a a n a lo g ia h á u m p e n s a m e n t o f u n d a m e n t a l
e m d o i s c a s o s c o n c r e t o s ; n a in t e r p r e t a ç ã o é u m a i d é i a e s t e n d id a , d ila t a d a , d e s e n v o lv id a ,
a té c o m p r e e n d e r o u t r o f a t o a b r a n g id o p e la m e s m a i m p lic it a m e n t e . U m a s u b m e t e d u a s
h ip ó t e s e s p r á t ic a s à m esm a r e g r a le g a l; a o u t r a , a a n a lo g ia , d e s d o b r a u m p r e c e it o d e m o d o
q u e s e c o n f u n d a c o m o u tro q u e l h e f i c a p r ó x im o (2 ) .
A A n a l o g i a o c u p a - s e c o m u m a l a c u n a d o D i r e i t o P o s i t i v o , c o m h ip ó t e s e n ã o
p r e v i s t a e m d is p o s i t i v o nenhum, e r e s o lv e e s t a p o r m e io d e s o lu ç õ e s e s t a b e le c id a s p a r a
c a s o s a f in s ; a in t e r p r e t a ç ã o e x t e n s iv a c o m p le t a a n o r m a e x is t e n t e , t r a t a d e e s p é c ie j á
re g u la d a p e lo C ódigo, e n q u a d r a d a n o sen tid o d e u m p r e c e it o e x p l íc i t o , e m b o r a n ã o s e
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 184
c o m p r e e n d a n a le tra d e s t e (3 ) .
O s d o i s e f e it o s d if e r e m , q u a n t o a o s p r e s s u p o s t o s , a o f i m e a o r e s u lt a d o : a a n a lo g ia
p r e s s u p õ e f a lta d e d is p o s i t i v o e x p r e s s o , a in t e r p r e t a ç ã o p r e s s u p õ e a ex istên cia d o m e s m o ;
a p r im e i r a t e m p o r e s c o p o a p e s q u is a d e u m a i d é i a s u p e r io r a p l i c á v e l t a m b é m a o c a s o n ã o
c o n t e m p la d o n o t e x t o ; a s e g u n d a b u s c a o s e n t id o a m p lo d e u m p r e c e it o e s t a b e le c id o ;
a q u e la d e f a t o r e v e la u m a n o r m a nova, e s t a a p e n a s e s c la r e c e a an tiga; n u m a o q u e s e
e n t e n d e é o p rin c íp io ; n a o u t r a , n a in t e r p r e t a ç ã o , é a p r ó p r i a re g ra qu e se d ila ta ( 4 ) .
E m r e s u m o : a in t e r p r e t a ç ã o r e v e l a o q u e a r e g r a l e g a l exprim e, o q u e d a m e s m a
d e c o r r e diretam en te, s e a e x a m in a m c o m i n t e l ig ê n c i a e e s p ír it o lib e r a l; a a n a lo g ia s e r v e - s e
d o s e lem en to s d e u m d is p o s i t i v o e c o m o s e u a u x í l i o f o r m u l a p r e c e ito novo, q u a s e n a d a
d iv e r s o d o e x is t e n t e , p a r a r e s o lv e r h ip ó t e s e n ã o p r e v i s t a d e m o d o e x p l íc i t o , n e m i m p l í c i t o ,
e m n o r m a a lg u m a .
I d e n t if ic a m - s e a a n a lo g ia e a e x e g e s e a m p la , q u a n t o a u m a p a r t ic u la r id a d e , t ê m u m
p o n t o c o m u m : u m a e o u t r a s e r v e m p a r a r e s o lv e r c a s o s n ã o e x p r e s s o s p e la s p a la v r a s d a l e i
(5 ) .
246 250 - (1) Aubry & Rau - Cours de Droit Civil Français, 5a ed., vol. I, p. 195-196; Rumpf, op. cit., p.
143-144; Regelsberger - Paz/c/eAtoi, vol. I, p. 159-160; Dernburg, vol. I, p. 99; Gmür, op. cit., p. 68;
Savigny, vol. I, p. 282; Filomusi Guelfi, op. cit., p. 149; Geny, vol. I, p. 304 e 309; Alves Moreira, vol.
I, p. 47-48; Biermann, vol. I, p. 33.
9 6 5 Stammler - Theorie, p. 639-640.
9 6 6 F e rra ra , vol. I, p. 231.
967C oviello, vol. I, p. 83 e 85.
968C oviello, vol. I, p. 85.
LEIS DE ORDEM PÚBLICA:
IMPERATIVAS OU PROIBITIVAS
247 251 - (1) Vede n° 169 e C. Maximiliano - Comentários à Constituição Brasileira, 5a ed., n° 533.
9 6 9 c h . Beudant - Cours de Droit Civil Français, vol. I, Introduction, 1896, n° 120; Chironi & Abello,
vol. I, p. 72-73.
97OFabreguettes - La Logique Judiciaire et L 'Art deuger, 1914,p. 278.
9 7 1 Alves Moreira, vol. 1, p. 67.
Vede o capítulo - Direito Excepcional, n° 286.
248 252-(1) Beudant, Prof, da Faculdade de Direito de Paris, vol. 1, n° 120; Alves Moreira, vol. 1, p.
64-65.
(2) Théophile Hue - Commentaire Théorique et Pratique du Code Civil, vol. I, 1892, n° 192; Fa-
breguettes, op. cit., p. 279; Fiore, vol. II, n° 1.000.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 186
N ã o p a r e c e o c i o s o e s p e c i f i c a r q u e t a m b é m p e r t e n c e m à c la s s e r e f e r id a a s l e i s d e
im p o s t o s ( 3 ) ; a s q u e r e g u la m o s e r v iç o , a p o l í c i a e a s e g u r a n ç a d a s e s t r a d a s d e f e r r o (4 ) ;
a t r ib u e m c o m p e t ê n c ia a o s t r i b u n a is o u e s t a b e le c e m a s d iv e r s a s o r d e n s d e j u r i s d i ç ã o (5 ) ;
s a lv a g u a r d a m o s in t e r e s s e s d a m o r a l e d a s i n s t i t u i ç õ e s s o c ia i s ( 6 ) ; o r g a n iz a m a p r o t e ç ã o
a o s in c a p a z e s ( 7 ) ; o u c e r c a m d e g a r a n t ia s o t r a b a lh o c o m p r o v i d ê n c i a s s o b r e h o r á r io s ,
h i g ie n e , a c id e n t e s , p e n s õ e s o b r ig a t ó r ia s , e tc . (8 ) .
253 - R e c r u d e s c e a d if ic u l d a d e n a f i x a ç ã o d a s e s p é c ie s q u a n d o s e t r a t a d e d i s
p o s iç õ e s d e o r d e m p ú b li c a i n c lu íd a s n o s d o m í n i o s d o D i r e i t o P r i v a d o : a q u e la s e m q u e
v is iv e l m e n t e p r e d o m in a o o b j e t iv o d e t u t e la r o in t e r e s s e g e r a l, e s u b o r d in a d o a e le s e
d e ix a o d o i n d i v í d u o 249 ( 1 ) . T a is s ã o a s n o r m a s q u e t ê m p o r o b j e t o f i x a r o e sta d o d a s
p e s s o a s , a c a p a c id a d e o u i n c a p a c id a d e , o s d ir e i t o s e d e v e r e s q u e d o m e s m o p r o c e d e m ;
r e g u la r o s b e n s n a s u a d iv i s ã o e q u a lid a d e , o u a f o r m a e a v a l i d a d e d o s a t o s , e
s a l v a g u a r d a r o in t e r e s s e d e t e r c e ir o s (2 ) .
C o n s id e r a m - s e d e o r d e m p ú b li c a a s d is p o s iç õ e s s o b r e a o r g a n iz a ç ã o d a f a m íl i a : p o r
e x e m p lo , a s q u e d iz e m r e s p e it o a o e x e r c í c i o d o p á t r io p o d e r , a o s d ir e i t o s e d e v e r e s d o s
c ô n j u g e s , a s s im c o m o a s q u e p r o í b e m a p o l i g a m ia , o u o c a s a m e n t o e n t r e p a r e n t e s a té
c e r t o g r a u ( 3 ) . I n c lu e m - s e n a m e s m a c a t e g o r ia a s n o r m a s q u e e s t a b e le c e m c o n d iç õ e s e
f o r m a l i d a d e s e sse n c ia is p a r a c e r t o s a t o s , o u p a r a s e o r g a n iz a r e m e f u n c io n a r e m
s o c ie d a d e s , c i v i s o u c o m e r c ia i s ( 4 ) ; a s q u e r e s t r in g e m a f a c u ld a d e d e i n s t i t u i r h e r d e ir o s o u
d e ix a r le g a d o s ( 5 ) ; b e m c o m o c e r t a s p r e s c r iç õ e s r e la t iv a s à o r g a n iz a ç ã o d a p r o p r ie d a d e ,
d e t e r m in a d o r a s d o s d ir e it o s r e a is s o b r e a s c o is a s e d o m o d o d e a d q u i r i - la s (6 ) .
5 4 6 f . Laurent - Príncipes de Droit Civil, 4a ed., vol. I, n° 51; Hue, vol. I, n° 188.
547Fabreguettes, op. cit., p. 280 e nota 1.
5 4 8 H u e , vol. I, n° 189; Laurent, vol. I, n° 51; Fabreguettes, op. cit., p. 279; Fiore, vol. II, n° 1.000.
5 4 9 F io re, vol. II, n° 1.000.
550Fabreguettes, op. cit., p. 282. t.
551Fabreguettes, op. cit., p. 280, nota 1, e p. 282.
d id a s p o r m e io d e a t o s o u c o n v e n ç õ e s d o s p a r t ic u la r e s 252 ( 1 ) . F u n d a v a - s e e s t e p a r e
c e r n o c o n h e c id o b r o c a r d o d e P a p in ia n o : J u s p u b licu m p riv a to ru m p a c tis m u tari
n o n p o te st (D igesto, l i v . 2 , t ít . 1 4 , f r a g . 3 8 ) : " n ã o p o d e o D i r e i t o P ú b l i c o s e r s u b s t i
t u í d o p e la s c o n v e n ç õ e s d o s p a r t ic u la r e s " , o u , e m o u t r o s t e r m o s , " c o n v e n ç õ e s p a r t i
c u la r e s n ã o a lt e r a m , n e m v ir t u a lm e n t e r e v o g a m d is p o s i ç õ e s d e D i r e i t o P ú b l i c o " .
E s t e n d e r a m o p r e c e it o : c o n s id e r a r a m a b r a n g id a s p o r e le a s n o r m a s d e D i r e i t o
P ú b l i c o , e t a m b é m a s d e D i r e i t o P r i v a d o , q u a n d o d e o rd em p ú b lica . E m s e n t id o o p o s t o a
e s t a g e n e r a liz a ç ã o s e le v a n t o u a m á x i m a d o s d o u t o r e s , b a s e d o c o n c e it o d e l e is
p e rm issiv a s: d isp o sitio h o m in is f a c i t c e ssa re d isp o sitio n em le g is ( 2 ) - " a d is p o s i ç ã o d o
h o m e m f a z c e s s a r a d is p o s i ç ã o d a l e i" , o u , p o r o u t r a s p a la v r a s - " a d is p o s i ç ã o f e i t a p o r u m
i n d i v í d u o s u b s t it u i a e s t a b e le c id a p o r le i" .
A s d e t e r m in a ç õ e s d o s p a r t ic u la r e s s o m e n t e n ã o t o r n a m in o p e r a n t e s , n a espécie, a s
d o le g i s l a d o r , q u a n d o e s t a s , a lé m d e s e i n s c r e v e r e m e n t r e a s d e o r d e m p ú b li c a , t a m b é m
s ã o im p e ra tiv a s o u p ro ib itiv a s. É l í c i t o a o i n d i v í d u o r e n u n c ia r à s a t r ib u i ç õ e s a e le
c o n f e r id a s e m n o r m a s p e rm issiv a s, e d is p o r o u c o n v e n c i o n a r d e m o d o d iv e r s o : reg u la
(est) ju r is an tiqu i o m n es licen tiam h abere, h is q u o ep ro se in tro d u cta sunt, re-n u n cia re
( C ó d ig o , l iv . 2 , t ít . 3 , f r a g . 2 9 ) - " é r e g r a d e D i r e i t o a n t ig o t e r e m t o d o s a f a c u l d a d e d e
r e n u n c i a r a o q u e f o i e s t a b e le c id o exclu siva m en te em seu fa v o r " ( 3 ) .
E m t o d o c a s o , o fim d a lei e o m o d o p e lo q u a l e s t á f o r m u l a d a a p r e s c r iç ã o
o b r ig a t ó r ia in d ic a m , m e lh o r d o q u e q u a lq u e r p r e c e it o , s e a m e s m a p o d e , o u n ã o , s e r p e lo s
p a r t ic u la r e s p o s t e r g a d a , s e é l í c i t o a o i n d i v í d u o d is p o r o u c o n v e n c i o n a r e m d e s a c o r d o
c o m a n o r m a (4 ) .
257 - A l g u n s c a s o s d e d is p o s i ç õ e s i n d e r r o g á v e is m e r e c e m e s p e c ia l r e f e r ê n
c ia : a) Q u a i s q u e r q u e s e j a m a s c o n v e n ç õ e s s o b r e p a g a m e n t o d e i m p o s t o s , p r o c e d e
o e r á r io c o n t r a o i n d i v í d u o lo t a d o , n ã o e s t á o b r ig a d o a d ir i g ir - s e a o v o lu n t a r ia m e n t e
s u b - r o g a d o . b) M e d ia n t e c o n t r a t o n ã o s e a lt e r a a o r d e m d a s j u r is d i ç õ e s , n e m a c o m
p e t ê n c ia ra tio n e m a teria e n e n h u m a c o r d o a u t o r iz a a r e c o r re r p a r a e s t e a o i n v é s d a
q u e le t r ib u n a l, n e m a c o m p a r e c e r a n t e o j u i z d o c o m é r c io q u a n d o a c a u s a é c i v i l , o u
p e r a n t e o f e d e r a l q u a n d o o f o r o c o m p e t e n t e s e r ia o e s t a d u a l, e v ic e - v e r s a , c ) U m a
c o n v e n ç ã o n ã o a lt e r a o s c a s o s d e i n c a p a c id a d e , n e m a s c o n d iç õ e s d a c a p a c id a d e ;
252 256 - (1) O Código Civil francês estatui, no art. 6o: "Não se podem derrogar, por meio de convenções
particulares, as leis que interessam à ordem pública e aos bons costumes".
9 8 2 D e Filippis, vol. I, p. 131.
983B ernardino Carneiro - Primeiras Linhas de Hermenêutica Jurídica e Diplomática, 2" ed., § 61;
Navarrini, vol. I, n° 62.
984A lves Moreira, vol. I, p. 66.
n ã o i l u d e a s l e i s s o b r e h o r á r io , h i g ie n e e a c id e n t e s d o t r a b a lh o , n e m a s r e la t iv a s a
c a s a m e n t o e n t r e p a r e n t e s , d ir e i t o s e d e v e r e s d o s c ô n j u g e s , d i v ó r c i o e e x e r c í c i o d o p á t r io
p o d e r , d) N i n g u é m s e o b r ig a v a lid a m e n t e a d e ix a r i n d i v i s o u m i m ó v e l, o u a d is p e n s a r a
e s c r it u r a p ú b li c a n o s c a s o s e m q u e a l e i a e x ig e ; n e m p o d e s u p r i m i r f o r m a l i d a d e s
e s t a b e le c id a s p a r a a m p a r a r o s in t e r e s s e s d e t e r c e ir o s , e) N ã o p r e v a le c e o a t o d e ú l t i m a
v o n t a d e , p r e j u d ic i a l à l e g í t i m a d o s h e r d e ir o s n e c e s s á r io s , o u a t e n t a t ó r io d a m o r a l o u d a
o r g a n iz a ç ã o s o c ia l 253 (1 ) .
2 5 8 - N u lidade. A n u lid a d e é a s a n ç ã o d a o r d e m e x a r a d a e m q u a lq u e r l e i?
O b s e r v a - s e d e m o d o a b s o lu t o a p a r ê m ia - q u o d co n tra legem fit, p r o infecto h a b e-
tur ( " o q u e s e f a z c o n t r a a l e i é t i d o c o m o n ã o f e i t o " ) ?
R e s p o n d e e x í m io c i v i l is t a : " A l e g i s l a ç ã o n ã o t e m a t in g id o , n e m a t in g i r á n e s t e
m u n d o p e c a m in o s o , a e s t a p e r f e iç ã o . H a j a , p o is , a i n d u l g ê n c i a d o D i r e i t o C a n ô n ic o -
m u lta f ie r i p ro h ib e n tu r qu oe f a c ta tenent" 254 ( 1 ) - " s ã o p r o i b id a s d e f a z e r - s e m u it a s c o is a s
q u e , u m a v e z f e it a s , s u b s is t e m " . A n u lid a d e c o n s t i t u i u m a p en a , e m b o r a à s v e z e s
im p l íc i t a : e o d ir e i t o o u i n t u i t o d e a p l i c a r p e n a lid a d e s n ão se p re su m e (2 ) .
2 5 9 - 0 C ó d i g o C i v i l f r a n c ê s c o n s id e r o u n ã o d e r r o g á v e is p e lo s p a r t ic u la r e s e ,
p o r t a n t o , im p r e t e r iv e lm e n t e o b s e r v á v e is , s ó a s p r e s c r iç õ e s q u e in t e r e s s a m a o r d e m
p ú b li c a e o s b o n s c o s t u m e s ( a r t. 6 o). N ã o b a s t a e s t e r e q u is it o ; é a in d a n e c e s s á r io q u e
s e j a m im p e ra tiva s o u p r o ib itiv a s: p e rm ittitu r q u o d non p ro h ib e tu r - " t u d o o q u e
n ã o é p r o i b id o , p r e s u m e - s e p e r m i t i d o " . O C ó d i g o p o r t u g u ê s f a z a d u p la e x ig ê n c ia ,
e a in d a p a r e c e a u m c o m e n t a d o r o f e r e c e r e x c e s s iv a s o p o r t u n id a d e s p a r a s e f u l m i
n a r e m a t o s e p r o c e s s o s 255 ( 1 ) . E i s o t e x t o d o a r t. I o:
À s v e z e s a l e i c o m i n a o u t r a p e n a ; n e s s e c a s o n ã o m a i s s e p r e s u m e o d ir e i t o d e
e x i g i r a d e n u lid a d e , p o r q u e s e r ia c o n t r á r io à r e g r a - ne b is in idem .
2 6 0 - O p r e c e it o d o C ó d i g o p o r t u g u ê s d e v e s e r o b s e r v a d o , p o r é m , c o m i n t e l i
g ê n c ia e c r it é r io , g u a r d a d a s a s r e s e r v a s s u g e r id a s p e lo s c o m e n t a d o r e s d o f r a n c ê s ,
a liá s , d e a p a r ê n c ia m e n o s l i b e r a l n e s t e p a r t ic u la r , p o i s a s u a letra, m a i s d o q u e a d o
l u s it a n o , f a c i l i t a a s a n u la ç õ e s .
2 6 1 - 1 . Q u a n d o a n o r m a p r e c e p t iv a , s o b a f o r m a d e c o m a n d o , e n c e r r a v e r d a d e ir a
p r o i b iç ã o , e m g e r a l o s s e u s v io l a d o r e s i n c o r r e m e m n u l i d a d e 256 (1 ) .
S u b s t a n t iv o s ó s e a d m it e a n u lid a d e , n o ú l t i m o c a s o r e f e r id o , q u a n d o c o m in a d a n o
t e x t o 257 ( 1 ) . D e v e e s t e d e ix a r b e m c la r o s e r esse n c ia l a c o n d iç ã o o u f o r m a lid a d e ;
p o r q u e is t o se n ã o p r e s u m e (2 ).
E n f i m , c o n s id e r a - s e d e r ig o r o s a o b s e r v â n c ia a n o r m a , q u a n d o p r e c e p tiv a o u
p r o ib itiv a e d e o rd em p ú b lica , e , a s s i m m e s m o , r e la t iv a m e n t e a o q u e é intrínseco,
su b sta n cia l. T a n s g r e s s õ e s s o b r e e x i g ê n c ia s s e c u n d á r ia s n ã o i n f i r m a m a t o s , n e m p r o c e s s o s
(3 ).
5 5 3 - I V . Q u a n d o a p e n a d e n u lid a d e v e m c o m i n a d a n a p r ó p r i a le i, o q u e é f r e
q ü e n t e , a p lic a - s e s e m p r e , e m b o r a v is e t r a n s g r e s s õ e s d a s p a r t e s n ã o i n t r ín s e c a s
d e u m a r e g r a , o u a in o b s e r v â n c ia d e f o r m a l i d a d e s s e c u n d á r ia s o u a c id e n t a is 259
(1 ).
554- V . A n u lid a d e i n f i r m a t a m b é m o a t o d o s in t e r e s s a d o s , o u d e t e r c e ir o ,
t e n d e n t e , n ã o a v i o l a r d e f r e n t e , p o r é m a ilu d ir o u f r a u d a r a n o r m a i m p e r a t iv a
o u p r o i b i t i v a e d e o r d e m p ú b l i c a 260 ( 1 ) .
5 5 5 - In terp reta çã o . A s p r e s c r iç õ e s d e o r d e m p ú b li c a , e m o r d e n a n d o o u v e d a n d o ,
c o l i m a m u m o b j e t iv o : e s t a b e le c e r e s a lv a g u a r d a r o e q u i l í b r i o s o c ia l. P o r is s o ,
t o m a d a s e m c o n j u n t o , e n f e i x a m a ín t e g r a d a s c o n d iç õ e s d e s s e e q u il í b r i o , o q u e
n ã o p o d e r ia a c o n t e c e r s e t o d o s o s e le m e n t o s d o m e s m o n ã o e s t iv e s s e m r e u n i
d o s . A t i n g i d o a q u e le e s c o p o , n a d a s e d e v e a d it a r n e m s u p r im ir . T o d o a c r é s c im o
s e r ia i n ú t i l ; t o d a r e s t r iç ã o , p r e j u d ic i a l. L o g o é c a s o d e e x e g e s e estrita. N ã o h á
m a r g e m p a r a in t e r p r e t a ç ã o e x t e n s iv a , e m u i t o m e n o s p a r a a n a lo g ia 261 ( 1 ) .
9 8 7 2 6 1 - (1) Beudant, vol. I, nos 122-123; Hue, vol. I, n° 199 (menos concludente).
9 8 8 2 6 2 - (1) Bernardino Carneiro, op. cit, § 57; Hue, vol. I, n° 199; Massé, vol. I, n° 68.
9 8 9 C o rre ia Teles - Digesto Português, 4a ed., vol. I, n os 32-33.
99OM assé, vol. I, n° 68.
991263-(1) Hue, vol. I, n° 199.
9 9 2 2 6 4 - (1) Massé, vol. I, n° 68; Hue, vol. I, n° 199.
9 9 3 2 6 5 - (1) Alves Moreira, vol. I, p. 68.
É s o b re tu d o t e le o ló g ic o o fu n d a m e n t o d e s s e m o d o d e p r o c e d e r . S ó a o le g is la d o r
i n c u m b e e s t a b e le c e r a s c o n d iç õ e s g e r a is d a v id a d a s o c ie d a d e ; p o r e s s e m o t iv o , s ó e le
d e t e r m in a o q u e é d e o r d e m p ú b li c a , e , c o m o t a l, p e r e m p t o r ia m e n t e im p o s t o . D e v e e x i g i r
o m ín im o p o s s ív e l , m a s t a m b é m t u d o o q u e s e ja in d is p e n s á v e l. P r e s u m e - s e q u e u s o u
l in g u a g e m c la r a e p r e c is a . T u d o q u a n t o r e c la m o u , c u m p r e - s e ; d o q u e d e ix o u d e e x i g ir ,
n a d a o b r ig a a o p a r t ic u la r : n a d ú v id a , d e c id e - s e p e la l ib e r d a d e , e m t o d a s a s s u a s a c e p ç õ e s ,
is t o é, p e lo e x e r c í c i o p le n o e g o z o i n c o n d i c i o n a l d e t o d o s o s d ir e it o s i n d iv i d u a i s .
O o b j e t iv o d o p r e c e it o é a s s e g u r a r a o r d e m s o c ia l. O q u e n ã o s e ja in d is p e n s á v e l
p a r a a t in g i r a q u e le e s c o p o c o n s t i t u i n o r m a d i s p o s i t i v a o u s u p le t iv a , e x e q ü í v e l , o u
d e r r o g á v e l, a a r b í t r i o d o i n d iv í d u o . S ó e x c e p c io n a lm e n t e s e i m p õ e m c o e r ç õ e s , d e n t r o d a
ó r b i t a m ín im a d a s n e c e s s id a d e s i n e lu t á v e i s (2 ) .
5 5 6 - A l é m d o s f a t o r e s j u r í d i c o - s o c i a i s q u e i n f l u í r a m n a o r ig e m d a r e g r a e x p o s t a e
n o r t e ia m a s u a a p lic a ç ã o , d u a s o u t r a s r a z õ e s c o n t r ib u e m p a r a s e e v it a r a e x e
g e s e a m p la : a) n ã o t e m e s t a c a b im e n t o q u a n d o a s n o r m a s l i m i t a m a lib e r d a d e ,
o u o d ir e i t o d e p r o p r ie d a d e ; b) o s p r e c e it o s im p e r a t iv o s o u p r o i b i t i v o s e d e
o r d e m p ú b l i c a a p r e s e m i m q u a s e t o d o s o s c a r a c t e r ís t ic o s d o D i r e i t o
E x c e p c i o n a l, e m c u j o s d o m í n i o s t ê m s id o i n c lu íd o s p o r e s c r it o r e s d e v a lo r ; n a d a
m a i s l ó g i c o , p o r t a n t o , d o q u e in t e r p r e t a r u n s p e lo m o d o a c o n s e lh a d o p a r a o u t r o ,
f la g r a n t e m e n t e s e m e lh a n t e .
557- A s d is p o s iç õ e s n ã o p r e c e p t iv a s , a p e n a s in d ic a t i v a s , r e g u la d o r a s , o r g a
n iz a d o r a s , e m b o r a d e o r d e m p ú b li c a , a d m it e m e x e g e s e e x t e n s iv a 262 ( 1 ) .
5 5 8 - O D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l , o A d m i n i s t r a t iv o e o P r o c e s s u a l o f e r e c e m m a r g e m
p a r a t o d o s o s m é t o d o s , r e c u r s o s e e f e it o s d e H e r m e n ê u t ic a . A s l e is e sp e c ia is
l im i t a d o r a s d a lib e r d a d e , e d o d o m í n i o s o b r e a s c o is a s , is t o é , a s d e im p o s t o s ,
h i g ie n e , p o l í c i a e s e g u r a n ç a , e a s p u n i t i v a s b e m c o m o a s d is p o s i ç õ e s d e D i r e i t o
P r i v a d o , p o r é m d e o r d e m p ú b l i c a e im p e r a t iv a s o u p r o i b it i v a s , in t e r p r e t a m - s e
estrita m e n te™ (1).
261 266 - (1) Vander Eycken - Méthode Positive de L 'Interpretation Juridique, 1907, p. 314-315;
Bernardino Carneiro, op. cit., § 53.
(2)Vander Eycken, op. cit., p. 315-316.
994268-(l) Bernardino Carneiro, op. cit., § 55; Vander Eycken, op. cit., n° 315 (de acordo, em parte).
9 9 5 2 6 9 - (1) Vede os capítulos - Interpretação Extensiva e Estrita, n° 235; Direito Excepcionalfn™ 275
277; Direito Constitucional, nos 363 e 370; Leis Penais, nM387 e 389, e Leis Fiscais, n°400.
DrRETTO EXCEPdONAL
2 7 0 - E m r e g r a , a s n o r m a s j u r í d i c a s a p lic a m - s e a o s c a s o s q u e , e m b o r a n ã o d e
s ig n a d o s p e la e x p r e s s ã o l it e r a l d o t e x t o , s e a c h a m n o m e s m o v ir t u a lm e n t e c o m p r e
e n d id o s , p o r s e e n q u a d r a r e m n o e sp írito d a s d is p o s iç õ e s : b a s e ia - s e n e s t e p o s t u la d o a
e x e g e s e exten siva. Q u a n d o s e d á o c o n t r á r io , is t o é , q u a n d o a le t r a d e u m a r t ig o d e
r e p o s i t ó r io p a r e c e a d a p t a r - s e a u m a h ip ó t e s e d e t e r m in a d a , p o r é m s e v e r i f i c a e s t a r e s t a e m
d e s a c o r d o c o m o e sp írito d o r e f e r id o p r e c e it o le g a l, n ã o s e c o a d u n a r c o m o f i m , n e m c o m
o s m o t i v o s d o m e s m o , p r e s u m e s e t r a t a r - s e d e u m f a t o d a e s f e r a d o D i r e i t o E x c e p c i o n a l,
in t e r p r e t á v e l d e m o d o e strito 264 ( 1 ) .
E s t r ib a - s e a r e g r a n u m a r a z ã o g e r a l, a e x c e ç ã o , n u m a p a r t ic u la r ; a q u e la b a s e ia - s e
m a i s n a j u s t i ç a , e s ta , n a u t i l id a d e s o c ia l, l o c a l , o u p a r t ic u la r . A s d u a s p r o p o s iç õ e s d e v e m
a b r a n g e r c o is a s d a m esm a n atu reza; a q u e m a is a b a rca , h á d e c o n s t i t u i r a reg ra ; a o u t r a ,
a e x c e ç ã o . S e o s d o i s c a m p o s t ê m a m p lit u d e r e la t iv a m e n t e ig u a l , s e u m e n v o lv e t a n t o s
c a s o s c o m o o o u t r o , c o n c lu i - s e h a v e r d u a s r e g r a s , e nenhum a ex ceçã o ( 2 ) .
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 192
E i s o s m a is p r e s t ig io s o s b r o c a r d o s r e la t i v o s a o a s s u n t o : Q u o d ve ro co n tra ration em , ju r is
receptu m est, non estp ro d u cen d u m a d co n -seq u en tia s ( P a u lo , n o D ig e sto , l i v . I o, t ít . 3 o, f r a g . 1 4 )
- " o q u e , e m v e r d a d e , é a d m i t i d o c o n t r a a s r e g r a s g e r a is d e D i r e it o , n ã o s e e s t e n d e a e s p é c ie s
co n g ê n e re s".
In h is q u o e co n tra ration em , ju r is co n stitu ía sunt, non p o ssu m u s seq u i reg u la m ju r is
( J u lia n o , e m o D ig e sto , l i v . I o, t ít . 3 o, f r a g . 1 5 ) - " n o t o c a n t e a o q u e é e s t a b e le c id o c o n t r a a s
n o r m a s c o m u n s d e D i r e it o , a p l i c a r n ã o p o d e m o s r e g r a g e r a l" .
Q uoe p r o p te r n ecessita tem re c e p ta sunt, non d e b e n t in aigum entum train ( P a u lo , n o
D ig esto , l i v . 5 0 , t ít . 1 7 , f r a g . 1 6 2 ) - " o q u e é a d m i t i d o s o b o i m p é r i o d a n e c e s s id a d e , n ã o d e v e
e s t e n d e r - s e a o s c a s o s s e m e lh a n t e s " .
O s t r ê s a p o t e g m a s f a z i a m s a b e r q u e a s r e g r a s a d o t a d a s co n tra a ra zã o d e D ireito , s o b o
im p é r i o d e n e c e s s id a d e in e lu t á v e l , n ã o s e d e v i a m g e n e r a liz a r : n ã o f i r m a v a m p r e c e d e n t e , n ã o s e
a p l i c a v a m a h ip ó t e s e s a n á lo g a s , n ã o s e e s t e n d ia m a lé m d o s c a s o s e x p r e s s o s , n ã o s e d ila t a v a m d e
m o d o q u e a b r a n g e s s e m a s c o n s e q ü ê n c ia s l ó g i c a s d o s m e s m o s .
O s s á b io s e la b o r a d o r e s d o C o d ex J u ris C an on ci (C ó d ig o d e D ire ito C an ôn i-co)
p r e s t ig ia r a m a d o u t r in a d o b r o c a r d o , c o m i n s e r i r n o L i v r o I, t í t u l o I, c â n o n 1 9 , e s t e p r e c e it o
t r a n s lú c id o :
272 - A s d is p o s iç õ e s e x c e p c io n a is s ã o e s t a b e le c id a s p o r m o t i v o s o u c o n s id e r a ç õ e s
p a r t ic u la r e s , c o n t r a o u t r a s n o r m a s j u r íd i c a s , o u c o n t r a o D i r e i t o c o m u m ; p o r is s o n ã o s e
e s t e n d e r a a lé m d o s c a s o s e t e m p o s q u e d e s ig n a m e x p r e s s a m e n t e 266( l) . O s c o n t e m p o r â n e o s
p r e f e r e m e n c o n t r a r o f u n d a m e n t o d e s s e p r e c e it o n o f a t o d e s e a c h a r e m p r e p o n d e r a n t e m e n t e d o
l a d o d o p r i n c í p i o g e r a l a s f o r ç a s s o c ia i s q u e i n f l u e m n a a p lic a ç ã o d e t o d a r e g r a p o s it i v a , c o m o
s e j a m o s f a t o r e s s o c io l ó g i c o s , a W er-tu rteil d o s t u d e s c o s , e o u t r a s (2 ) .
1
O a r t. 6 o d a a n t ig a L e i d e I n t r o d u ç ã o a b r a n g e , e m s e u c o n j u n t o , a s d is p o s iç õ e s
d e r r o g a t ó r ia s d o D i r e i t o c o m u m ; a s q u e c o n f i n a m a s u a o p e r a ç ã o a d e t e r m in a d a p e s s o a , o u a u m
g r u p o d e h o m e n s à p a r t e ; a t u a m e x c e p c io n a lm e n t e , e m p r o v e it o , o u p r e j u íz o , d o m e n o r n ú m e r o .
N ã o s e c o n f u n d a c o m a s d e a lc a n c e g e r a l, a p l i c á v e i s a t o d o s , p o r é m s u s c e t ív e is d e a f e t a r
d u r a m e n t e a lg u n s i n d i v í d u o s p o r c a u s a d a s u a c o n d i ç ã o p a r t ic u la r . R e f e r e - s e o p r e c e it o à q u e la s
q u e , e x e c u t a d a s n a ín t e g r a , s ó a t in g e m a p o u c o s , a o p a s s o q u e o r e s t o d a c o m u n id a d e f i c a is e n t a
(3 ) .
I m p õ e - s e t a m b é m a e x e g e s e e s t r it a à n o r m a q u e e s t a b e le c e u m a in c a p a c id a d e q u a lq u e r , o u
c o m i n a a d e c a d ê n c ia d e u m d ir e it o : e s t a é d e s ig n a d a p e la s e x p r e s s õ e s l e g a is - " o u r e s t r in g e
d ir e i t o s " ( 4 ) .
2 7 3 - N e m s e m p r e o f e r e c e a s p e c t o n ít id o , d e a p r e e n s ã o f á c i l , a e s p é c ie j u r í d i
c a o r a s u j e it a a e x a m e : p r o p o s iç õ e s c o m a p a r ê n c ia d e e x c e p c io n a is c o n s t it u e m d e
f a t o a r e g r a g e r a l, e v ic e - v e r s a ; t a m b é m p o d e m n ã o s e r m a is d o q u e u m a c o n s e
q ü ê n c ia d e u m p r i n c í p i o a m p lo , o q u a l, e m b o r a n ã o e x p r e s s o , d e v e s e r a d m i t i d o n a
l e i p o r v i a d e a r g u m e n t a ç ã o 267 ( 1 ) .
A s v e z e s o s p r ó p r i o s t e r m o s d a l e i e x c l u e m a e x t e n s ã o d o r e s p e c t iv o a lc a n c e ; q u a n d o , p o r
e x e m p lo , s e e n c o n t r a m n o t e x t o a s p a la v r a s - só, apen as, som en te, unicam ente, exclu siva m en te e
o u t r a s d e e f e it o s e m e lh a n t e (2 ) .
2 7 4 - A in d a h o je s e a lu d e , a c a d a p a s s o , à d is t in ç ã o c l á s s ic a e n t r e D ire ito c o
m um e D ire ito sin g u la r (Jus com m une e Ju s sin g u lares). O p r im e i r o c o n t é m n o r m a s
g e r a is , a c o r d e s c o m o s p r i n c í p i o s f u n d a m e n t a is d o s is t e m a v ig e n t e e a p l i c á v e i s u n i
v e r s a lm e n t e a t o d a s a s r e la ç õ e s j u r í d i c a s a q u e s e r e f e r e m ; o s e g u n d o a t e n d e a p a r t i
c u la r e s c o n d iç õ e s m o r a is , e c o n ô m ic a s , p o l í t ic a s , o u s o c ia is , q u e s e r e f le t e m n a
o r d e m j u r í d i c a , e p o r e s s e m o t i v o s u b t r a i d e t e r m in a d a s c la s s e s d e m a t é r ia s , o u d e
p e s s o a s à s r e g r a s d e D i r e i t o c o m u m , s u b s t it u íd a s d e p r o p ó s it o p o r d is p o s i ç õ e s d e a lc a n c e
l im i t a d o , a p l i c á v e i s a p e n a s à s r e la ç õ e s e s p e c ia is p a r a q u e f o r a m p r e s c r it a s 268 ( 1 ) .
266 272 - (1) Domat - Teoria da Interpretação das Leis, trad. Correia Teles, inserta no Código Filipi-
no, de C. Mendes, vol. Ill, p. 435, XVI.
1O O 1K arl Wurzel - Das Juristiche Denken, in "Oesterreichischen Zentralblatt fur die Jurisdische
Praxis", vol. 21, n° 931.
1OO2Campbell Black, op. cit., p. 47; Sutherland, vol. II, § 542.
1OO3Espinola, vol. I, p. 32. Repete um conceito de Osti.
267 273 - (1) Brocher, op. cit., p. 173; Bernardino Carneiro, op. cit., § 47.
(2) Alves Moreira, vol. I, p. 49.
V á r i o s e s c r it o r e s c o n f u n d e m o ju s sin g u la re d o s r o m a n o s e o m o d e r n o D i r e i t o
E x c e p c i o n a l, d o q u e r e s u lt a u m a c o r n u c o p i a d e e r r o s . T a m b é m h á q u e m a d m it a q u e o p r im e i r o
c o n s t i t u i o g ê n e ro e o s e g u n d o , u m a d e d u a s espécies, f o r m a d a a r e s t a n t e p e lo D ire ito E sp e c ia l
( 2 ) . E s t e , à s v e z e s , e m l u g a r d e t o m a r o a s p e c t o r e s t r it o d e e x c e ç ã o , d ila ta a r e g r a g e r a l e , p o r
is s o , c o m p o r t a a té a a n a lo g ia : o D i r e i t o C o m e r c ia l , p o r e x e m p lo , é esp ecia l, e n ã o excepcion al;
a d m it e e x e g e s e a m p la ; é m a i s ú t i l , e l á s t ic o e l i b e r a l e m e n o s f o r m a l i s t a q u e o C i v i l , s o b r e t u d o n o
q u e d i z r e s p e it o a o s c o n t r a t o s ( 3 ) .
1
D e f a t o , o D i r e i t o E s p e c i a l a b r a n g e r e la ç õ e s q u e , p e la s u a í n d o l e e e s c o p o , p r e c i s a m s e r
s u b t r a íd a s a o D i r e i t o c o m u m . E n t r e t a n t o , a p e s a r d e s t a r e s e r v a , c o n s t i t u i t a m b é m , p o r s u a v e z ,
u m s is t e m a o r g â n ic o e , s o b c e r t o a s p e c t o , g e r a l; e n c e r r a t a m b é m re g r a s e exceções. A s u a
m a t é r ia é , n a ín tegra, r e g u la d a d e m o d o p a r t ic u la r , s u b t r a íd a a o a lc a n c e d a s n o r m a s c i v i s ,
s u b o r d in a d a a p r e c e it o s d is t in t o s ( 4 ) . S e r ia a b s u r d o c o n sid e ra r exorbitan tes, a n ô m a la s c e n t e n a s
d e n o r m a s , c o n c a t e n a d a s , r e u n id a s e m u m s is t e m a , e m c o m p l e x o o r g â n ic o . O D i r e i t o C o m e r c ia l ,
p o r e x e m p lo , n ã o c o n s t i t u i e x c e ç ã o a o C i v i l : f o r m a , c o m o e le , u m r a m o , à p a r t e , a u t ô n o m o ,
c o m p le t o , d o D i r e i t o P r i v a d o .
A d is p o s iç ã o e x c e p c io n a l e a q u e la a q u e a m e s m a s e r e f e r e d e v e m s e r d e n a t u r e z a
idên tica ; e n q u a d r a m - s e n a m e s m a o r d e m d e r e la ç õ e s a e x c e ç ã o e a r e g r a . A o c o n t r á r io , o D i r e i t o
c o m u m c o n t e m p la , e m s u a s n o r m a s , r e la ç õ e s j u r íd i c a s , f a t o s s o c ia i s o u e c o n ô m i c o s d is t in t o s d o s
r e g u la d o s p o r l e i s o u r e p o s it ó r io s e s p e c ia is ( 5 ) . A p l i c a m - s e o s p r e c e it o s d e s t e s d e a c o r d o c o m o s
m o t i v o s q u e o s d e t e r m in a r a m ; a e x e g e s e h á d e s e r e s t r it a , o u a m p la , c o n f o r m e a s c ir c u n s t â n c ia s ,
a í n d o l e e o e s c o p o d a r e g r a e m a p r e ç o ( 6 ) . A n o r m a d e D i r e i t o E sp e c ia l e s t e n d e - s e t a n t o q u a n t o
s e j u s t i f i c a t e le o lo g ic a m e n t e a d ila t a ç ã o d o s e u im a n e n t e v a l o r j u r í d i c o - s o c i a l , d o s e u i m p e r a t iv o
in t r ín s e c o , d a s u a i d é i a b á s ic a ; a o p a s s o q u e a r e g r a e x cep cio n a l s ó d e m o d o e s t r it o s e in t e r p r e t a
(7 ).
268 274 - (1) Degni, op. cit., p. 21.0 trecho acima é reprodução, em português quase literal, dos dize-res
em italiano. (2) Degni, op. cit., p. 21.
(3)Leonhard-Der/í//gemeí/7e Theil des Bürgerlichen Gesetzbuchs, 1900, p. 53 e nota 3; Degni, op. cit.,
p. 20, nota 2.
1004D egni, op. cit., p. 22 e 24. Em nota à p. 22, resume um aresto da Suprema Corte de Turim, de
cisivo sobre o assunto.
1005D egni, op. cit., p. 38.
1006A lves Moreira, vol. T, p. 50.
1 0 0 7 L o ren z B rütt - Die Kunst der Rechtsanwendung, 1907, p. 183-184.
1008D egni, op. cit., p. 23-24.
Na verdade o Código Penal e as leis sobre impostos são aplicados com amplitude menor do que as
outras normas; porém isso acontece por encerrarem prescrições de ordem pública imperativas ou
proibitivas; nio constituem direito excepcional.
Vede os capítulos - Leis Penais, n° 389; Leis Fiscais, n° 400, e Direito Comercial, n° 383.
E n q u a d r a m - s e n o D i r e i t o E s p e c i a l o C ó d i g o C o m e r c ia l , o P e n a l, o R u r a l , o F l o r e s t a l , o d a s
Á g u a s , o A d u a n e i r o e o d e C o n t a b i l id a d e P ú b l i c a ; a s l e i s s o b r e a r e s p o n s a b ilid a d e d o C h e f e d e
E s t a d o e d e m a is f u n c io n á r io s , s o b r e m in a s , e s t r a d a s d e f e r r o , p a t e n t e s d e i n v e n ç ã o , a c id e n t e s d e
t r a b a lh o , im p o s t o s , t r a b a lh o d e m u lh e r e s e m e n o r e s , e o u t r a s (8 ) .
2 7 5 - C o n s id e r a m - s e ex cepcion ais, q u e r e s t e j a m in s e r t a s e m r e p o s i t ó r io s d e D i r e i t o
269 275 - (1) Poenalia non sunt extendenda. Interpretatione Zegum poence molliendoe sunt potius quam
asperandoe (Digesto, liv. 48, tít. 19. - De poenis, frag. 42) - ”Não se aplique extensivamente o que é
concernente a punição. Na interpretação das leis sejam as penas antes abrandadas, ao invés de
agravadas”.
1 0 0 9 Permititur quod non prohibetur - ”O que não está proibido é permitido”.
1010Tnterpreta-se estritamente a norma que determina os casos submetidos ao veredictum de tribunais
especiais, como o juízo político, o conselho de guerra, o tribunal marcial, etc. Na dúvida, opta-se pelo
foro comum e pelo processo em que a defesa dispõe de mais tempo e pode ser mais ampla.
1 0 1 1 Em geral, a competência é de Direito estrito, não se presume. Entretanto, na dúvida entre a
comum e a especial, prevalece a primeira (Sutherland, vol. TT, § 568; Caldara, op. cit., n° 205).
1 0 1 2 C ald a ra , op. cit., noS 167, 205, 206 e 208; Degni, op. cit., p. 38; Black, op. cit., p. 476 e 484-485.
Sutherland, vol. TT, §§ 543-545 e 547; Domat, in Código Filipino cit., vol. Tll, p. 485-486, XV e XVT;
De Filippis, vol. T, p. 88.
1
C o m u m , q u e r s e a c h e m n o s d e D i r e i t o E s p e c i a l, a s d is p o s iç õ e s : a) d e c a r á t e r p u n i t i v o , q u a n d o s e
n ã o r e f e r e m a d e lit o s , p o r é m c o m i n a m m u lt a ; i n d e n iz a ç ã o ; p e r d a , t e m p o r á r ia o u d e f i n i t iv a , d e
c a r g o ; i n c a p a c id a d e ; p r iv a ç ã o d e d ir e it o s o u r e g a lia s : n u lid a d e , r e s c is ã o , d e c a d ê n c ia o u
r e v o g a ç ã o 269 ( 1 ) ; b ) a s q u e r e s t r in g e m o u c o n d i c i o n a m o g o z o o u o e x e r c í c i o d o s d ir e i t o s c i v i s
o u p o l í t i c o s ( 2 ) ; c ) i m p õ e m ô n u s o u e n c a r g o s , c o m o , p o r e x e m p lo , a o b r ig a ç ã o a t r ib u í d a a u m d e
f o r n e c e r a lim e n t o s a o u t r o ; d) s u b t r a e m d e t e r m in a d o s b e n s à s n o r m a s d e D i r e i t o c o m u m , o u d e
D i r e i t o E s p e c i a l, c o m e s t a b e le c e r is e n ç õ e s d e i m p o s t o s , o u d e o u t r a m a n e ir a q u a lq u e r ; e ) f i x a m
c a s o s d e c o n s ó r c i o o b r ig a t ó r io ; / ) a s s e g u r a m i m u n id a d e s p a r la m e n t a r e s o u d ip lo m á t ic a s ; g )
d e c la r a m in c o m p a t ib i li d a d e s c i v i s , p o l í t ic a s , o u a d m in is t r a t iv a s ; h ) c r ia m i n e le g i b i l id a d e ; /)
v e d a m o q u e e m s i n ã o é i l í c i t o , n ã o c o n t r á r io à m o r a l n e m a o s b o n s c o s t u m e s ; / ) p r e s c r e v e m
c e r t a s f o r m a lid a d e s , c o m o a e s c r it u r a p ú b li c a , o u a p a r t ic u la r , a p r e s e n ç a d e c i n c o t e s t e m u n h a s , a
a s s in a t u r a d o n o m e p o r i n t e i r o , a m e n ç ã o d a l e i v io l a d a , o u d a q u e la e m q u e s e f u n d a o r e c u r s o
in t e r p o s t o , e a s s i m p o r d ia n t e ; k ) p e r m i t e m a d e s e r d a ç ã o ; 1 ) d e t e r m in a m in c a p a c id a d e ; m )
e s t a b e le c e m f o r o e s p e c ia l o u p r o c e s s o m a is r á p id o ( s u m á r io , s u m a r ís s im o , e x e c u t i v o ) ( 3 ) ; ri)
c o n c e d e m a r r e s t o s , s e q ü e s t r e s e o u t r a s m e d id a s n e c e s s á r ia s , p o r é m v io le n t a s ; o ) l i m i t a m a
f a c u ld a d e d e a c io n a r d e n o v o , d e r e c o r r e r , o f e r e c e r p r o v a s , d e f e n d e r - s e a m p la m e n t e ; p ) d ã o
c o m p e t ê n c ia e x c e p c io n a l, o u e s p e c i a lí s s i- m a ( 4 ) ; q ) e n f im , i n t r o d u z e m e x c e ç õ e s , d e q u a lq u e r
n a t u r e z a , a r e g r a s g e r a is , o u a u m p r e c e it o d a m e s m a l e i , a f a v o r , o u e m p r e j u íz o , d e i n d iv í d u o s
o u c la s s e s d a c o m u n id a d e (5 ) .
276 - M e r e c e m e s p e c ia l r e f e r ê n c ia o s c a s o s m a i s f r e q ü e n t e s e , p o r is s o m e s m o , v e n t i la d o s
e m t o d o s o s p r e t ó r io s . C u m p r e e s c la r e c e r b e m a d o u t r in a r e la t i v a a o s m e s m o s .
L ib erd a d e. I n t e r p r e t a m - s e e s t r it a m e n t e a s d is p o s i ç õ e s q u e l i m i t a m a lib erd a d e, t o m a d a e s t a
p a l a v r a e m q u a lq u e r d a s s u a s a c e p ç õ e s : lib e r d a d e d e lo c o m o ç ã o , t r a b a lh o , t r â n s it o , p r o f is s ã o ,
in d ú s t r ia , c o m é r c io , e t c . 270 ( 1 ) .
A p l i c a - s e a r e g r a d e H e r m e n ê u t ic a à n o r m a q u e e x ig e s e r v iç o g r a t u it o , e m b o r a e m
c ir c u n s t â n c ia s r a r a s ; b e m c o m o à q u e f i x a o p r e ç o d o t r a b a lh o d e q u e m n ã o é f u n c io n á r io p ú b li c o
( 2 ) . V i g o r a o p r e c e it o , a té m e s m o n a h ip ó t e s e d e s e r a r e s t r iç ã o a o d ir e i t o f u n d a m e n t a l
e s t a b e le c id a e m p r o l d a h ig ie n e , d o b e m g e r a l, o u l o c a l (3 ) .
A l e i m o d e r a , m a s t a m b é m t u t e la a p r e r r o g a t iv a s u p r e m a d o h o m e m ; s e a l im i t a ç ã o n ã o é
c e r t a , s e o f e r e c e m a r g e m a d ú v id a s p o r f a l t a d e c la r e z a o u p o r im p r o - p r ie d a d e d a lin g u a g e m ,
in t e r p r e t a - s e c o n t r a a r e s t r iç ã o , a f a v o r d a lib e r d a d e ( 4 ) . Q u o tien s d ú b ia in íe rp re ta tio lib e rta tis
est, secundum lib erta tem respon den du m e r il ( 5 ) - " t o d a v e z q u e s e ja d u v id o s a a in t e r p r e t a ç ã o d e
t e x t o c o n c e r n e n t e à lib e r d a d e , n o s e n t id o d a lib e r d a d e s e r e s o lv a " . L ib e rta s e s t n a tu ra lis fa c u lta s
ejus, q u o d cu i-qu e fa c e r e libet, n isi si q u id vi, a u t ju r e , p ro h ib e tu r - " a lib e r d a d e é a f a c u ld a d e
n a t u r a l d e f a z e r a q u il o q u e a p r a z a c a d a u m , s a lv o o q u e s e ja im p e d id o p e la f o r ç a o u p e lo
D i r e i t o " (D igesto, l i v . r, t ít . 5 o - D e sta tu hom inum , f r a g . 4 , d e F l o r e n t in e L ib e rta s om n ibu s reb u s
fa v o r a b ilio r est-"em t o d a s a s c o is a s m a i o r f a v o r s e a t r ib u a à lib e r d a d e " (D igesto, l i v . 5 0 , t ít . 1 7 -
R e R e g u lis ju r is antiqui, f r a g . 1 2 2 , d e G a io ) .
1
2 7 7 '- P ro p rie d a d e . S o f r e m e x e g e s e e s t r it a a s d is p o s i ç õ e s q u e i m p õ e m l im i t e s a o e x e r c í c i o
n o r m a l d o s d ir e i t o s s o b r e a s c o is a s , q u a n t o a o uso, c o m o r e la t iv a m e n t e à alien ação. I n c lu e m - s e ,
p o r t a n t o , n o p r e c e it o a c im a a s n o r m a s q u e a u t o r iz a m a d e s a p r o p r ia r b e n s p o r n e c e s s id a d e o u
u t i l id a d e p ú b li c a . A s d ú v id a s r e s o lv e m - s e c o m f a z e r p r e v a le c e r , q u a n t o p o s s ív e l , a p le n it u d e d o
d o m í n i o 271 ( 1 ) .
270 276 - (1) Alves Moreira, vol. I, p. 49-50; Sutherland, vol. II, §§ 543 e 546; Domat, em Código
Filipino cit., vol. Ill, p. 435, XV.
1O 13 Sutherland, vol. II, § 542.
1O 14Sutherland, vol. II, §§ 543 e 546.
1O 15G . P. Chironi - Istituzioni di Diritto Civile Italiano, 2a ed., 1912, vol. I, p. 31.
1 0 1 6 o brocardo é transcrito e justificado por Wurzel, na monografia - Das Jurístische Denken (Rev.
Vit., vol. 21, p. 674, nota 4).
271 277 - (1) Black, op. cit., p. 478 e 480; Sutherland, vol. II, § 543; Degni, op. cit., p. 38.
No próprio estatuto básico do Brasil de 1891, art. 72, § 17, o direito de desapropriar figurava como
exceção ao de propriedade. Eis o texto: "O direito de propriedade mantém-se em toda a sua
plenitude, salva a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização
prévia". De igual modo, resolve a Constituição de 1946, art. 141, § 16.
5 5 9 - S e m p r e s e e n t e n d e u q u e a s c o n c e s s õ e s d e p r i v i l é g i o s s e n ã o e s t e n d e r ia m a lé m d a s u a
le t r a , "salvo c o m s u f ic ie n t e r a z ã o j u r íd i c a " . E n t r e t a n t o , s e a c a u s a , o u m a t é r ia , é
i n d i v i s í v e l e c o m u m , o d ir e i t o d e u m a p r o v e it a a o s ó c io , o u c o n s o r t e 273 (1 ) .
5 6 0 - O s p r iv ilé g io s f in a n c e ir o s d o f is c o se n ã o e s te n d e m a p e s s o a s , n e m a c a s o s n ã o
c o n t e m p la d o s n o t e x t o ; p o r é m n ã o s e i n t e r p r e t a m d e m o d o q u e r e s u lt e m d im i n u í d a s a s
272 278 -(1) Recaredo Velasco -Los Contratos Administrativos, p. 196; Acórdão do Supremo T ri
bunal, de 26 de agosto de 1908; In Revista de Direito, vol. X, p. 70-88; Black, op. cit., p. 976.
1O17Alves Moreira, vol. I, p. 49-50; Black, op. cit., p. 478 e 507-508; Sutherland, vol. II, § 452.
1O 18Sutherland, vol. II, § 542; Black, op. cit., p. 504-506.
1O 19Black, op. cit., p. 499-500 e 507-508; Sutherland, vol. II, §§ 542 e 548.
1O2O279 - (1) Borges Carneiro - Direito Civil, vol. I, p. 25, § 8, n os 13 e 14.
1O 2 1280 - (1) Caldara, op. cit., n° 208.
1O22281-(1) Frederico Judson-A Treatise on the Power o f Taxation, 1917, §§ 76, 88 e 93; Black, op. cit.,
p. 509-513; Sutherland, vol. II, § 539.
(2) Black, op. cit., p. 513.
Vede o capítulo - Leis Fiscais, nus 402-403.
1
g a r a n t ia s d o e r á r io . C o n s t i t u í r a m e s t a s o f i m , a r a z ã o d o d is p o s i t i v o e x c e p c io n a l 274 (1 ) .
5 6 1 - A s is e n ç õ e s e a s s im p le s a t e n u a ç õ e s d e im p o s t o s e t a x a s , d e c r e t a d a s e m p r o v e i t o d e
d e t e r m in a d o s i n d i v í d u o s o u c o r p o r a ç õ e s , s o f r e m e x e g e s e e s t r it a ; e n ão se presu m em ,
p r e c i s a m s e r p le n a m e n t e p r o v a d a s 275 ( 1 ). N ã o s e confundem , e n t r e t a n t o , c o m a s
c o m u t a ç õ e s d e a t r ib u t o s e m u lt a s , q u e s e a p l i c a m s e m r e s e r v a s , c o m a m a i o r a m p lit u d e
c o m p o r t a d a p e la l in g u a g e m d a s d is p o s i ç õ e s e s c r it a s . A is e n ç ã o é c o n c e d i d a a p rio ri; a
c o m u t a ç ã o , a p o s te r io r i ( 2 ) .
5 6 2 - O p o d e r d e t r i b u t a r é s o b e r a n o , e m b o r a s e ja o r e s p e c t iv o e x e r c í c i o c o n d i c i o n a d o p e la
C o n s t i t u i ç ã o . A s d e le g a ç õ e s o u t r a n s f e r ê n c ia s d e s s e d ir e it o , f e it a s p e la U n i ã o a o s
E s t a d o s e p o r e s t e s a M u n i c í p i o s , q u e r e m c a r á t e r p e r m a n e n t e , q u e r e n v o lt a s e m l e is
o r d in á r ia s , c o n c e s s õ e s e c o n v ê n io s , in t e r p r e t a m - s e e s t r it a m e n t e . O m e s m o s e e n t e n d e r á
a r e s p e it o d o p o d e r d e t a x a r o u t o r g a d o a p a r t ic u la r e s , e m b o r a m e d ia n t e c o n t r a t o 276 (1 ) .
5 6 3 - E n u m eração. Q u a n d o s e d e p a r a u m a e n u m e r a ç ã o d e h ip ó t e s e s , c u m p r e d is t in g u ir : s e
o s m o t i v o s e o s f i n s d o d is p o s i t i v o s e r e s t r in g e m a o s c a s o s e x p r e s s o s , o u s e o p r ó p r io
t e x t o d e ix a p e r c e b e r c la r a m e n t e q u e a l in g u a g e m é taxativa, d á - s e e x e g e s e e s t r it a ; o
c o n t r á r io s e p r a t i c a e m v e r if ic a n d o f o r t e s p r e s u n ç õ e s d e s e r a e s p e c i f i c a ç ã o f e i t a c o m o
in t u it o d e e s c la r e c e r , is t o é , ex em p lifica tiva a p e n a s 277 (1 ) .
O p r ó p r i o c o n t e x t o a u x i l i a o in t é r p r e t e ; i n d i c a s e o i n t u i t o é esp ecifica r, o u explicar,
c o m p l e t a r o e n s in a m e n t o c o m o a u x í l i o d e exem plos. N ã o s e p r e s u m e o c a r á t e r e x c e p c io n a l d e
u m a r e g r a ; p o r is t o o s t e r m o s d a m e s m a i n d ic a m p r e c is a m e n t e s e a e n u m e r a ç ã o d e c a s o s é
taxativa.
Q u a n d o a l in g u a g e m d e ix a m a r g e m a d ú v id a s , o r ie n t a - s e o h e r m e n e u t a p e lo s m o t i v o s e o s
f i n s d o p r e c e it o ; s e a in d a a s s i m a in c e r t e z a p e r s is t e , c o n c l u i p e la r e g r a g e r a l, p r e f e r e c o n s i d e r a r
m e r o s e x em p lo s a s h ip ó t e s e s f ig u r a d a s n o d is p o s i t i v o .
E s m e r a - s e q u a s e s e m p r e o l e g i s l a d o r e m t o r n a r e v id e n t e o p r o p ó s it o d e r e s t r i n g ir o a lc a n c e
d a n o r m a ; a té u s a , n ã o r a r o , d a s p a la v r a s só, apen as, u n icam en te e o u t r a s d e s i g n if i c a d o
s e m e lh a n t e , o u d o v o c á b u l o segu in te, p r e c e d e n d o a e n u m e r a ç ã o d e c a s o s (2 ) .
2 8 5 -D isp en sa . Q u a n d o u m a t o d is p e n s a d e p r a t i c a r o e s t a b e le c id o e m l e i , r e g u la m e n t o , o u
o r d e m g e r a l, a s s u m e o c a r á t e r d e e x c e ç ã o , in t e r p r e t a - s e e m t o m l i m i - t a t i v o , a p lic a - s e à s p e s s o a s
e a o s c a s o s e t e m p o s e x p r e s s o s , e x c l u s i v a m e n t e 279 ( 1 ) .
5 6 4 - P a r e c e o p o r t u n a a g e n e r a liz a ç ã o d a r e g r a e x p o s t a a c e r c a d e d e t e r m in a d a s e s p é c ie s d e
p r e c e it o s , e s c la r e c e r c o m o s e e n t e n d e e a p l i c a u m a n o r m a e x c e p c io n a l. É d e D i r e i t o
e s t r it o ; r e d u z - s e à h ip ó t e s e e x p r e s s a : na dúvida, se g u e-se a re g r a g era l. E i s p o r q u e s e
d i z q u e a ex ceçã o con firm a a r e g r a n o s c a s o s n ã o e x c e t u a d o s 280 (1 ) .
5 6 5 - O p r o c e s s o d e e x e g e s e d a s l e i s d e t a l n a t u r e z a é s in t e t iz a d o n a p a r ê m ia c é le b r e , q u e
s e r ia i m p r u d ê n c ia e l i m i n a r s e m m a i o r e x a m e - in terp re ta m -se restrita m en te a s
d isp o siç õ e s d e rr o g a tó ria s d o D ire ito com um . N ã o h á e f e it o s e m c a u s a : a p r e d ile ç ã o
t r a d i c i o n a l p e lo s b r o c a r d o s p r o v é m d a m a n if e s t a u t i l id a d e d o s m e s m o s . C o n s t it u e m
s ín t e s e s e s c la r e c e d o r a s , a d m ir á v e is s ú m u la s d e d o u t r in a s c o n s o lid a d a s . O s m a le s q u e
l h e s a t r ib u e m s ã o o s d e t o d a s a s r e g r a s c o n c is a s : d e c o r r e m n ã o d o u s o , e s im d o a bu so
d o s d iz e r e s l a c ô n i c o s . O e x a g e r o e n c o n t r a - s e a n t e s n a d e f i c i ê n c i a d e c u lt u r a o u n o
t e m p e r a m e n t o d o a p l i c a d o r d o q u e n o â m a g o d o a p o t e g m a . B e m c o m p r e e n d id o e s te ,
c o n c il i a d o s o s s e u s t e r m o s e a e v o lu ç ã o d o D i r e it o , a l e t r a a n t ig a e a s i d é i a s m o d e r n a s ,
r e s s a lt a r á a in d a a v a n t a g e m a t u a l d e s s e s c o m p r im i d o s d e i d é i a s j u r íd i c a s , a u x i l ia r e s d a
m e m ó r ia , a m p a r o s d o h e r m e n e u t a , f a n a is d o j u l g a d o r v a c i l a n t e e m u m l a b i r in t o d e
r e g r a s p o s it iv a s .
Q u a n t a d ú v id a r e s o lv e , n u m r e lâ m p a g o , a q u e la s ín t e s e e x p r e s s iv a - in t e r p r e t a m - s e
restritiva m en te a s d isp o siç õ e s d e rr o g a tó ria s d o D ire ito com um !2* ’ ( 1 ) .
R e s p o n d e , e m s e n t id o n e g a t iv o , à p r im e i r a in t e r r o g a ç ã o : o D i r e i t o E x c e p c i o n a l c o m p o r t a o
r e c u r s o à a n a lo g ia ? ( 2 ) . A i n d a e n f r e n t a , e c o m v a n t a g e m , a s e g u n d a : é e le c o m p a t ív e l c o m a
e x e g e s e ex ten siva ? N e s t e ú l t i m o c a s o , p e r s is t e o a d á g io e m a m p a r a r a r e c u s a ; a c o m p a n h a m - n o
r e p u t a d o s m e s t r e s ( 3 ) ; o u t r o s d iv e r g e m ( 4 ) , p o r é m m a is n a a p a r ê n c ia d o q u e n a r e a lid a d e :
e s b o ç a m u m sim a c o m p a n h a d o d e r e s e r v a s q u e o a p r o x i m a m d o não. Q u a n d o s e p r o n u n c ia m
p e lo e f e it o e x t e n s iv o , f a z e m - n o c o m o i n t u i t o d e e x c l u i r o restritivo , t o m a d o e s t e n a a c e p ç ã o
1 0 2 5 2 8 5 - (1) Coelho da Rocha, vol. I, § 45, nota à regra 12.
1 0 2 6 2 8 6 - (1) Laurent, vol. I, n° 277.
1 0 2 7 2 8 7 - (1) Vede o capítulo - Brocardos, n oS292-295.
1 0 2 8 c h iro n i, vol. I, p. 31; Gianturco, vol. I, p. 123. Vede o
capítulo - Analogia, n 05245-247.
1029R euterskioeld, op. cit., p. 87; Pacifici-Mazzoni, vol. I, n° 21; Alves Moreira, vol. I, p. 48; Brütt, op.
cit., p. 183-184.
1030V irgílio Sá Pereira - Dous Brocardos, separata da Revista Geral de Direito, Legislação e Ju
risprudência, 1920, p. 27-32; Degni, op. cit., p. 38-39; Gianturco, vol. 1, p. 123; Pacchioni, vol. II, p.
7. Paula Batista julga admissível, no caso, a interpretação extensiva por força de compreensão e
indução (Hermenêutica Jurídica, n° 223).
Vede o capítulo - Interpretação extensiva e estrita, n° 223.
(5) Fica, uma vez mais, evidenciado que o excesso de classificações e subclassificações tradicio
nais serve menos para orientar o jurista do que para aumentar a confusão. Desde que a analogia
foi excluída do campo da Hermenêutica e perdeu todo o prestígio o in claris cessat interpretatio,
por que manter a divisão da exegese em extensiva, declarativa e restritiva? (Degni, op. cit., n°
128).
Vede o capítulo - Interpretação extensiva e estrita, n os 217 e 220-222.
(6) Não é verdade, como a alguém aprouve escrever, que só ao misoneismo seja lícito atribuir a
sobrevivência do brocardo - Interpretam-se restritivamente as disposições derrogatórias do Direito Comum,
preceito correspondente a - exceptiones sunt strictissimoe interpretationis. Aquele adágio não envolve apenas
uma idéia abandonada, como sucede com - in Claris cessai interpretado. Ao contrário, ainda hoje presta
serviços relevantes e contínuos na prática judiciária, tanto que mereceu o respeito e o amparo de espíritos
emancipados e inovadores corajosos, como Lou-renço Brütt. O que se aconselha para assegurar a vitalidade
da parêmia é o que a escola histórico-evolutiva pratica dia a dia, com todas as normas jurídicas: adaptar o
preceito às exigências culturais do momento, amoldar o texto antigo às idéias vitoriosas no presente.
282 28%-(\)Rumpf-GesetzundRichter, 1906, p. 162; Caldara, op. cit., n° 211; ChironiA Abello, vol. I, p. 67.
O novo Código Italiano, ao invés de - in esse espressi, usa as palavras - in esse considerate
p resu m em : é is t o q u e o p r e c e it o e s t a b e le c e . D e v e m r e s s a lt a r d o s t e r m o s d a l e i, a t o j u r í d i c o , o u
f r a s e d e e x p o s it o r .
C u m p r e o p i n a r p e la i n e x i s t ê n c i a d a e x c e ç ã o r e f e r id a , q u a n d o e s t a s e n ã o im p õ e à
e v id ê n c ia , o u d ú v id a r a z o á v e l p a i r a s o b r e a s u a a p l i c a b i li d a d e a d e t e r m in a d a h ip ó t e s e .
2 8 9 - A - O n o v o C ó d i g o i t a l i a n o ( d e 1 9 4 2 ) d e p a r a - n o s m e lh o r i a d e r e d a ç ã o , a p r o v e it á v e l
p e lo s e x e g e t a s d o D i r e i t o B r a s i l e ir o . D e b a i x o d a e p íg r a f e - D i s p o s iç õ e s so b re a L ei em G eral,
e s t a t u i: " A r t . 1 4 - A s l e i s p e n a is e a s q u e i n t r o d u z e m e x c e ç ã o a r e g r a s g e r a is o u a o u t r a s le is , n ã o
s e a p l i c a m a lé m d o s c a s o s e t e m p o s n a s m esm a s co n sid era d o s."
S u b s t it u ír a m - in esse e sp re ssi - p o r - in esse co n sid era ti.
2 8 9 - B - A r e g r a e x a r a d a n o a r t. 6 o d a In tro d u çã o a o C ó d i g o C i v i l B r a s i l e i r o d e 1 9 1 6 n ã o
f o i r e p r o d u z id a e m a n o v a L ei d e In tro d u çã o ( D e c r e t o - l e i n ° 4 . 6 5 7 , d e 4 d e s e t e m b r o d e 1 9 4 2 ) .
T a l p r o c e d e r , p o r é m , n ã o i m p o r t a e m e l im i n a r e m v ir t u a l m e n t e o b r o c a r d o v e t u s t o ; a p e n a s
a s s in a la p r e f e r ê n c ia p e la c o r r e n t e q u e e x c l u i d a l e g i s l a ç ã o o s d it a m e s d a H e r m e n ê u t ic a ; d e ix a - o s
s o b r e v i v e r n o c a m p o v a s t o e i lu m i n a d o d a d o u trin a 1™ ( 1 ) . A i d é i a c o n c r e t iz a d a p e lo a r t. 6 o, d e
1 9 1 6 , c o n t in u a d e p é , u n iv e r s a l, f i r m e e m s u a e s s ê n c ia .
290 - M e l h o r e c o m f r e q ü ê n c i a m a i o r d o q u e a le t r a c r u a i n d ic a m s e a e x e g e s e d e v e s e r
m a is , o u m e n o s , e s t r it a o s m o t iv o s , o f i m c o l i m a d o , a r a z ã o l ó g i c a , o s v a l o r e s j u r í d i c o - s o c i a i s
q u e d e r a m v i d a à r e g r a e a j u s t i f i c a m n o s is t e m a g e r a l d a l e g i s l a ç ã o 285 ( 1 ) . C o m o s e m p r e s u c e d e ,
a p r o p ó s it o d e q u a is q u e r q u e s t õ e s d e D i r e it o , t a m b é m n a ó r b i t a d a s n o r m a s e x c e p c io n a is o r ie n t a -
s e o h e r m e n e u t a p e la p e r s p e c t iv a d o re su lta d o p r o v á v e l d e s t e o u d a q u e le m o d o d o a g ir , a t e n d e à s
co n seq ü ên cia s d e c o r r e n t e s d a in t e r p r e t a ç ã o l it e r a l , o u r i g o r o s a d o t e x t o ( 2 ) .
2 9 1 - C o m p o r t a e x c e ç õ e s v á r i a s a r e g r a d o a r t. 6 o d a In tro d u çã o a o C ó d i g o C i v i l d e 1 9 1 6 e
1 0 3 1289 - (1) Paulo de Lacerda - Manual do Código Civil Brasileiro, vol. T, 1918, p. 588-591;
Sutherland, vol. TT, §§ 518-519; Sá Pereira, op. cit, p. 29-32; Caldara, op. cit., noS 212-213; Chi-roni,
vol. T, p. 31; Pacifici-Mazzoni, vol. T, n° 21.
1032289-B-(1) Vede n ”5 100-103.
1 0 3 3290 - (1) Leonard, Prof, da Universidade de Breslau, op. cit., p. 52; Aresto da Corte de Cassação
Francesa, in Laurent, vol. T, n° 277; Chironi & Abello, vol. T, p. 67 e nota 2; Pacifici-Mazzoni, vol.
T,n°21.
(2) Sutherland, vol. Tll, §518.
Vede capítulo - Apreciação do resultado.
d o s b r o c a r d o s q u e o , m e s m o c o n s o lid a . C u m p r e a d u z ir p e lo m e n o s a s t r ê s m a is f r e q ü e n t e s .
5 6 8 D e c r e t o s d e a n is t ia , o s d e in d u lt o , o p e r d ã o d o o f e n d id o e o u t r o s a to s benéficos,
e m b o r a e n v o lv a m c o n c e s s õ e s o u f a v o r e s e , p o r t a n t o , s e e n q u a d r a m n a f i g u r a j u r í d i c a
d o s p riv ilé g io s, n ã o s u p o r t a m e x e g e s e e s t r it a . S o b r e t u d o s e n ã o in t e r p r e t a m d e m o d o
q u e v e n h a m c a u s a r p r e j u íz o . A s s i m s e e n t e n d e , p o r i n c u m b i r a o h e r - m e n e u t a a t r ib u i r à
r e g r a p o s i t i v a o s e n t id o q u e d á e f i c á c i a m a i o r à m e s m a , r e la t iv a m e n t e a o m o t i v o q u e a
d it o u , e a o f i m c o l i m a d o , b e m c o m o a o s p r i n c í p i o s s e u s e d a l e g i s l a ç ã o e m g e r a l 286 ( 1 ) .
286 291 - (1) Bernardino Carneiro, op. cit, § 52; Caldara, op. cit., nos 209-210.
1 03 4 D o m at, in vol. Tll do Código Filipino cit., p. 435, XV.
1 0 3 5 L a u ren t, vol. T, n° 277.
1
569T odas as d isp o siç õ e s d e rro g a tó ria s do D ire ito C om um são su sc e tív e is de
a b ra n d a m e n to d itad o p e la e q ü id a d e o u em a ten ç ão a m o tiv o s ju ríd ic o -so c ia is, v e r
d ad e ira m e n te h u m a n o s (2).
(*) Vede n oS 116 e 287. Encontram-se regras especiais de Hermenêutica no fim de quase todos os capítulos.
1 0 3 6 2 9 2 - (1) Giovanni Lomonaco - Jstiíuzioni di Diritto Civile, 2a ed., vol. I, p. 75-76; apoiado em
Nicolini - Delia Procedura Penale, parte Ia, n° 196.
1O37292-A - (1) Fabreguettes - La Logique Judiciaire et VArt deJuger, 1914, p. 385.
As oscilações no apreço ocorrem com freqüência até nas cumeadas do saber jurídico. João Mon
teiro, por exemplo, no seu livro notável sobre Processo Civil, ora se inclina em um sentido, ora em
outro, a respeito, não só dos aforismos em geral, como também de um deles, em particular. Depois
de, nos dois primeiros volumes da obra referida, apoiar, a cada passo, o seu parecer em apotegmas
romanos, no terceiro assim se expressa, em a nota 4 ao § 236, p. 246: "Nem obsta o pretendido
brocardo - res inter alios acta veljudicata nem nocet necprodest Em primeiro lugar, porque nada há
de mais verificado na jurisprudência do que a falácia dos intitulados brocardos de Direito. Em
segundo lugar, porque, precisamente a respeito do res inter alios acta, as melhores autoridades
chegam ao ponto de afirm ar que tão falso é esse pretendido brocardo quão falaz a pretensa regra da
já referida tríplice identidade". Logo adiante, o catedrático da Faculdade de São Paulo declara
imprescindível a tríplice identidade - de coisa, causa e pessoa, para caber exceção de coisa julgada (§
240), e, no § 243, exara, de início, este louvor: "Um dos mais sábios princípios da política judiciária é
sem dúvida o que se concretiza na regra - res inter alios acta vel Judicata aliis non nocet necprodest".
1 O 38B erriat Saint-Prix - Manuel de Logique Juridisque, 2a ed., n° 45, nota 1, e n° 166; Cattaneo &
Borda - // Códice Civile Italiano Annotato, vol. I, p. 31.
1O 39Fabreguettes, op. cit., p. 194.
1O4OCattaneo & Borda, vol. I, p. 31, reproduzem o pensamento de Troplong.
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 204
A q u e la s r e g r a s d e D i r e it o , m u it o b r e v e s e f o r m u la d a s q u a s e s e m p r e e m la t i m , o s
a n t ig o s c h a m a v a m a x io m a s ( 2 ) , v o c á b u l o d e s t in a d o , e m M a t e m á t i c a , a d e s ig n a r a s
p r o p o s iç õ e s e v id e n t e s p o r s i m e s m a s , q u e d is p e n s a m e s c la r e c im e n t o s e d e m o n s t r a ç õ e s .
P a r a o C h a n c e le r D 'A g u e s s e a u , e r a m o rá c u lo s d a ju risp ru d ê n c ia , c o m - p e n d i a v a m t o d a s
a s r e f le x õ e s d o s j u r is c o n s u lt o s ( 3 ) . O u t r o s m e s t r e s j u l g a m e t e r n o s o s b r o c a r d o s , p o r s e r e m
a p r ó p r i a r a z ã o n a t u r a l e s c r it a ; a o in v é s d e h o m e n a g e m a o p r o g r e s s o , a c h a m i n s â n i a
m u d á - lo s o u r e p e li- lo s ; p o i s e s c la r e c e m , ilu m i n a m , g u ia m : s ã o r a io s d i v i n o s ( 4 ) .
5 7 1 - F o r te s o b je ç õ e s s u rg e m e n tre o s m o d e rn o s , s o b re tu d o n a e x tre -m a -e s q u e rd a ,
n o m e io d e a u d a c io s o s d o u t r in á r io s : a ) A f o r m a g e r a l, a m p la , e n g a n a ; p o r q u e ,
e m r e g r a , o s a d á g io s a p a r e c e m is o la d o s , f o r a d o c o m p l e x o e m q u e s e a c h a v a m e
n o q u a l s ó r e g ia m c a s o s p a r t ic u la r e s ; à s v e z e s a té s ã o c o n d e n s a d o s e m l i n
g u a g e m i m p r e c is a , d e s o r t e q u e o s e n t id o r e s p e c t iv o o f e r e c e m a r g e m a d is p u t a .
N o s d e e s t ilo d e c i s i v o e l ú c id o , a in d a t r a n s p a r e c e u m a f a lt a : o s e r e m e x p o s t o s
s e m u m a b a s e c o m u m , s e m a p o io d e u m p r i n c í p i o f u n d a m e n t a l; p o r q u a n t o n ã o
p a s s a m d e g e n e r a liz a ç ã o s e m u n id a d e ín t im a , e s e m l ig a ç ã o s is t e m á t ic a e
e f e t i v a c o m a i d é i a d o D i r e i t o 289 ( 1 ) . b ) N ã o r a r o o s b r o c a r d o s j á s e a c h a m
d e s t it u íd o s d e v a l o r c i e n t í f i c o ( e x e m p lo - in c la r is c e ssa i in terp reta d o ), o u , p e lo
m e n o s , s ã o f a l s o s e in e x a t o s n a s u a g e n e r a lid a d e f o r ç a d a , e m d e s a c o r d o c o m a
o r ig e m ( 2 ) . c ) A p l i c a m - s e m a i s e x t e n s a m e n t e d o q u e s e d e v e , t o r n a m - s e f o n t e s
d e e r r o s e c o n f u s õ e s , p e lo m o t i v o a p o n t a d o , d e s e r a f o r m a m u i t o m a i s g e r a l d o
q u e o c o n t e ú d o ; s o b u m a s p e c t o s im p le s , c u r t o , m n e m ô n ic o i n c lu i- s e u m a
v a s t id ã o c o n c e it u a i: e é s e m p r e p e r ig o s o f a z e r u m a v e r d a d e d o m i n a r t e r r it ó r io
m a i s v a s t o d o q u e o d o s f a t o s j u r í d i c o - s o c i a i s d e q u e f o i t i r a d a p o r i n d u ç ã o (3 ) .
d) N ã o p a r e c e d i f í c i l d e s c o b r i r u m a d á g io p a r a a m p a r a r u m p e n s a m e n t o , e o u t r o
p a r a p r e s t ig i a r i d é i a d ia m e t r a lm e n t e o p o s t a : p o r e x e m p lo - qui d e uno dicit, de
a lte ro n eg a i e - ubi ea d em ra tio idem ju s ( 4 ) . e) E m b o r a f o r m u l a d o e m l a t im , o
b r o c a r d o n e m s e m p r e v e m d e R o m a ; t e m à s v e z e s o r ig e m s u s p e it a e n ã o
e s p e lh a a v e r d a d e ( 5 ) .
5 7 2 - P ro c e d e m a s o b j e ç õ e s , p o r é m s ó e m p a r t e ; n ã o j u s t i f i c a m o r e p ú d io d o s
a d á g io s , e , s im , o c u id a d o d e o s a p l i c a r s e m p r e c o m d is c e r n im e n t o , a t e n ç ã o e
s e n s o j u r í d i c o . A f a c i li d a d e e m g e n e r a l i z a r é u m d e f e it o i n d iv i d u a l , v e r i f i c á v e l
e m t o d a s a s p r o v í n c ia s d a c iê n c ia ; o a p e g o a id é i a s o b s o le t a s e a p r e c ip it a d a
289 293 - (1) Rudolf Stammler - Die Lehre von dem Richtigeh Rechte, 1902, p. 499-500; Nicola Co-viello -
Manuale di Diritto Civile Italiano, 2a ed., vol. T, p. 87, nota 2.
1 0 4 1 Coviello, vol. T, p. 87, nota 2.
1 0 4 2 P ie tro Cogliolo - Scritti Varii di Diritto Privato, 1913, vol. TT, p. 17enota 1.0 conceito do ca-
tedrático de Gênova é reproduzido quase literalmente.
10 4 3G iorgio Giorgi - Teoria delle Obbíigazioni, 7a ed., vol. TV, n° 180; Dualde - Una Revolution en la
Lógica del Derecho, 1933, p. 9-10.
Vede nos 296 e 298.
(5) Berriat Saint-Prix. op. cit., n° 166 e notas 1 e 2.
a d e s ã o a s im p le s a p a r ê n c ia s d e v e r d a d e o b s e r v a m - s e d i a a d ia , a t é n a s c á t e d r a s
e s c o la r e s ; e n f im , t o m a r a n u v e m p o r J u n o , a t r a p a lh a r - s e c o m d u a s n o r m a s
a p a r e n t e m e n t e c o n t r a d it ó r ia s , s u c e d e a o s in e x p e r t o s , t a n t o n o D i r e i t o a n t ig o
205 CARLOS MAXIMILIANO
290 294 - (1) Nicola Stolfi -Diritto Civile, vol. I, n° 327; Giorgi, vol. IV, n° 180. Dualde, catedrático
de Direito Civil na Universidade de Barcelona, op. cit, p. 10.
1044G iovanni Pacchioni - Corso di Diritto Romano, 2a ed., 1920, vol. II, p. 13.
1 0 4 5 F. Laurent - Príncipes de Droit Civil, 4a ed., vol. I, n° 276; Emílio Caldara - Interpretazione
delleLeggi, 1908, n° 174; Fabreguettes, op. cit, p. 193-194.
291 295 — (I) Yander Eycktn-Méthode Positive de L 'InterpretationJuridique, 1907,p. 19;Coglio-
lo, vol. I, p. 43.
1 0 4 6 C a ld a ra , op. cit, n° 174; Fabreguettes, op. cit, p. 195; Laurent, vol. I, p. 276.
1 0 4 7 B e rria t Saint-Prix, op. cit., n° 166, notas 1 e 2. Em a nota 1 se diz que até Faustin Héle apresenta
como de Ulpiano máximas tiradas de livros de criminalistas modernos!
1048C oviello - vol. I, p. 87, nota 2.
10 49B rocardos sobre Direito Objetivo aparecem com freqüência decrescente nos trabalhos jurídicos,
o que é de atribuir à queda gradual do prestígio, outrora exagerado, do Direito romano, declínio
este verificado até mesmo na Alemanha, onde os sistematizadores da doutrina do Código Civil, de
1896, relegaram para o segundo plano os comentários do Digesto (Vede n ” 49 e Laurent, vol. 15,
n°419).
e m p r e g a m , n ã o s ó p a r a in t e r p r e t a r a l e i, m a s a té m e s m o p a r a a s u b s t it u ir , i l u d i r o u
s o f is m a r (4 ).
C o m o a d v e n t o d a s c o d i f i c a ç õ e s d e c r e s c e u o v a l o r d a s p a r ê m ia s d e D i r e i t o
O b j e t iv o ; c o n t in u o u , p o r é m , r e la t iv a m e n t e s ó l id o o p r e s t íg i o d a s q u e s in t e t iz a m n o r m a s
o u p r o c e s s o s d e H e r m e n ê u t ic a (5 ) .
In clu sio n e uniu sfit exclu sio alteriu s: " A in c lu s ã o d e u m s ó i m p l i c a a e x c lu s ã o d e
q u a is q u e r o u t r o s . " É m a is f r e q ü e n t e o u s o d a f ó r m u l a b e m c o n c is a - in clu sio unius,
exclu sio alteriu s.
Q ui d e uno d icit, d e a lte ro negai, Q ui d e uno n egat, de a lte ro dicit: " A a f i r m a t i v a
n u m c a s o i m p o r t a e m n e g a t iv a n o s d e m a is ; e v ic e - v e r s a : a n e g a t iv a e m u m i m p l i c a a
a f ir m a t iv a n o s o u tr o s ."
Ubi lex v o lu it dixit, ubi n o lu it tacuit: " Q u a n d o a l e i q u is d e t e r m in o u ; s o b r e o q u e
n ã o q u is , g u a r d o u s i l ê n c i o . "
292 296 - (1) Emmanuele Gianturco - Sistema di Diritto Civile Italiano, 3a ed., vol. I, p. 121, nota 2. O
Código Civil, no art. 1.295, especificou alguns casos em que o exercício do mandato pressupõe
outorga de poderes especiais. Surgiu logo a dúvida: por não estarem incluídos no texto explícito o
substabelecimento, a novação, a renúncia de direitos e a remissão de dívidas, considera-se
autorizado a praticar qualquer destes atos o indivíduo investido de mandato em termos gerais?
-Quanto aos três últimos, a resposta será, e tem sido negativa; não prevalece, nas referidas hipóteses,
a regra - incluso unius alterius est exclusio: a enumeração do Código é meramente exempli-ficativa;
os atos mencionados não se enquadram entre os de administração ordinária; portanto só os pratica o
procurador munido de poderes especiais. Divergem os escritores, e também os tribunais, quanto à
necessidade de especificar o direito de substabelecer; entretanto, parecem acordes em admitir que
em alguns casos ele decorre implicitamente da própria natureza do mandato: p. ex., o poder para
vender títulos em determinada praça envolve o de incumbir do negócio um corretor ali habilitado a
trabalhar; a investldura da tutela abrange a faculdade de constituir defensor judicial dos interesses
do impúbere (Vede Clóvis Beviláqua - Código Civil Comentado, vol. X, 1919, p. 39-40; F. Laurent -
Príncipes de Droit Civil, 4a ed., vol. 27, nM482-486; Aubry et Rau -Cours de Droit Civil Français, 5a
ed., vol. VI, p. 173-174; Théophile Hue - Comentaire du Code Civil, vol. XII, 1899, n° 59).
N ã o p o d e m o s C ó d i g o s a b r a n g e r e x p l ic i t a m e n t e t o d a s a s r e la ç õ e s e c ir c u n s t â n c ia s
d a v id a , e m c o n s t a n t e , e t e r n o e v o lv e r . D i l a t a m - s e a s r e g r a s d e m o d o q u e a b r a n g e m
h ip ó t e s e s i m p r e v is t a s . D o s i l ê n c i o d o t e x t o n ã o s e d e d u z a s u a i n a p l i c a b i - li d a d e , n e m
t a m p o u c o a s u p r e m a c ia f o r ç a d a d o p r i n c í p i o o p o s t o . A g e n e r a liz a ç ã o d o a r g u m e n t o a
co n tra rio e x t i n g u i r i a a a n a lo g ia e a e x e g e s e e x t e n s iv a , e a té r e s t r i n g ir i a o c a m p o d a
in t e r p r e t a ç ã o e s t r it a , c o n s id e r a d a e s t a n o s t e r m o s e m q u e o s m o d e r n o s a c o m p r e e n d e m .
207 CARLOS MAXIMILIANO
C o n s t i t u i u m m e io d e d e d u ç ã o e d e d e s e n v o lv im e n t o l e g i s l a t iv o , s ó a d o t á v e l
cautam ente. N ã o e s t e n d e a i d é i a p r ó p r i a d o t e x t o : d o p r e c e it o c la r o t ir a , p o r a n t ít e s e , o u t r o
n ã o e x p l íc i t o ; l o g o n ã o p e r t e n c e à H e r m e n ê u t ic a , e s i m à A p l i c a ç ã o d o D i r e i t o , c o m o a
an alogia, d e q u e é o v e r d a d e ir o c o n t r a s t e (2 ) .
A m p l o é , p o r t a n t o , o a lc a n c e d a p a r ê m ia , q u a n t o a o s ó e f e it o d e e x c l u i r a antítese.
P o r e x e m p lo : c r ia d o u m r e c u r s o p a r a c a u s a s cív e is s e m o u t r a r e s t r iç ã o e m e v id ê n c ia ,
c u m p r e a d m i t i - lo n a s c o m e r c ia is , p o r é m n ã o e m c r im i n a is ; f i x a d a u m a r e g r a p a r a o s
le g a d o s , n ã o s e e s t e n d e à h e r a n ç a ; m e n c io n a d o s o s d e s c e n d e n t e s , e x c lu e m - s e o s
a s c e n d e n t e s ; a o p a s s o q u e n ã o é r a r o f a v o r e c e r o s n e t o s a d is p o s i ç ã o r e f e r e n t e a o s filh o s.
(2) Francois Genny - Méthode d'Interpretation et Sources en Droit Prive Positif, 2a ed., 1919, vol. I, p.
34; Aubry et, Rau, vol. I, p. 196; Marcel Planiol - Traité Élementaire de Droit Civil, T ed., vol. I, n°
222; Pacifici-Mazzoni - Instituzioni di Diritto Civile Italiano, 3a ed., vol. I, n° 22 Laurent, vol. I, n°
279; Berriat Baint-Prix, op. cit., n1* 62-68; Francesco F errara - Trattato di Diritto Civile Italiano,
vol. 1, 1921, p. 223-224.
2 9 8 - O ú l t i m o b r o c a r d o j u s t i f i c a o a r g u m e n t o a m a jo ri a d m inus, q u e a p l i c a à s
p a r t e s a r e g r a f e i t a p a r a o t o d o , e j u l g a l í c i t o , o u e x i g ív e l , o m e n o s q u a n d o o t e x t o
a u t o r iz a , o u o b r ig a , a o m a is .
E x i s t e a in d a o a r g u m e n t o a p a ri, q u e e s t e n d e o p r e c e it o f o r m u l a d o p a r a u m c a s o à s
h ip ó t e s e s ig u a is , o u f u n d a m e n t a lm e n t e s e m e lh a n t e s 294 ( 1 ) : ubi ea d em ratio.
O s d o i s a r g u m e n t o s , a m a jo ri a d m inus e a p a ri, s e g u e m p r o c e s s o in v e r s o d o a
con tra rio : s ã o m a is f e c u n d o s e d e e m p r e g o m a is f r e q ü e n t e , D e s c o b e r t a a r a z ã o í n t i m a e
d e c i s i v a d e u m d is p o s i t i v o , t r a n s p o r t a m - lh e o e f e it o e a s a n ç ã o a o s c a s o s n ã o p r e v is t o s ,
n o s q u a is s e e n c o n t r e m e le m e n t o s b á s ic o s i d ê n t ic o s a o s d o t e x t o (2 ) .
E x i g e m a i o r c a u t e la o a r g u m e n t o a m in o ri a d m aju s: s e é v e d a d o o m e n o s , c o n c l u i
q u e o s e r á t a m b é m o m a is ; a c o n d iç ã o i m p o s t a a o c a s o d e m e n o r i m p o r t â n c ia p r e v a le c e
p a r a o d e m a i o r v a l o r e d a m e s m a n a t u r e z a ; p o r e x e m p lo , s e a lg u é m é p r iv a d o d e
a d m in is t r a r o s b e n s , n ã o o s p o d e r á v e n d e r (3 ).
A c o n c lu s ã o d o a m in o ri a d m a ju s n e m s e m p r e s e r á l ó g i c a e v e r d a d e ir a , B a s t a
l e m b r a r q u e o s t e x t o s p r o ib itiv o s e o s q u e i m p õ e m con dições, q u a s e s e m p r e s e i n c lu e m n o
D i r e i t o E x c e p c i o n a l, s u j e it o a e x e g e s e e strita e i n c o m p a t ív e l c o m o p r o c e s s o a n alógico,
a o q u a l p e r t e n c e m o s t r ê s a r g u m e n t o s - a p a ri, a m a jo ri a d minus, a m in o ri a d m ajus, P o r
is s o m e s m o , s ó s e a p l i c a m e s t e s a o D i r e i t o c o m u m , n ã o a o P e n a l, a o F i s c a l, n e m a o
O s a r g u m e n t o s a m a jo ri a d m in u s e a m in o ri a d m a ju s l e v a m a a p l i c a r u m a n o r m a
a o s c a s o s n ã o p r e v is t o s , n o s q u a is s e e n c o n t r a o m o t iv o , a r a z ã o f u n d a m e n t a l d a h ip ó t e s e
e x p r e s s a , p o r é m m a i s f o r t e , e m m a is a lt o g r a u d e e f i c á c i a ( 5 ) . C o m p r e e n d e m - s e o s d o is
e m u m a d e n o m in a ç ã o c o m u m a r g u m e n t o a f o r tio r i (6 ) .
S p e c ia lia g en e ra lib u s insunt: " O q u e é e s p e c ia l, a c h a - s e i n c l u í d o n o g e r a l" ; o u , e m
o u t r o s t e r m o s - " o g e r a l a b r a n g e a e s p e c ia l" ( G a i o , n o D ig e sto , l i v . 5 0 , t ít , 1 7 , f r a g . 1 4 7 ) .
2 9 9 - Q u a n d o o t e x t o m e n c io n a o g ê n e r o , p r e s u m e m - s e i n c lu íd a s a s e s p é c ie s
r e s p e c t iv a s ; s e f a z r e f e r ê n c ia a o m a s c u lin o , a b r a n g e o f e m i n i n o ; q u a n d o r e g u la o
209 CARLOS MAXIMILIANO
todo, c o m p r e e n d e m - s e t a m b é m a s p a r te s 295 ( 1 ) . A p l i c a - s e a r e g r a g e r a l a o s c a s o s
e s p e c ia is , s e a l e i n ã o d e t e r m in a e v id e n t e m e n t e o c o n t r á r io ( 2 ) .
U bi lex non d istin g u it n ec n o s d istin g u ere debem u s: " O n d e a l e i n ã o d is t in g u e , n ã o
p o d e o in t é r p r e t e d is t in g u ir . "
3O O - Q u a n d o o t e x t o d is p õ e d e m o d o a m p lo , s e m l im i t a ç õ e s e v id e n t e s , é d e
v e r d o in t é r p r e t e a p l i c á - lo a t o d o s o s c a s o s p a r t ic u la r e s q u e s e p o s s a m e n q u a d r a r n a
h ip ó t e s e g e r a l p r e v is t a e x p lic it a m e n t e ; n ã o t e n t e d i s t i n g u i r e n t r e a s c ir c u n s t â n c ia s
d a q u e s t ã o e a s o u t r a s ; c u m p r a a n o r m a t a l q u a l é, s e m a c r e s c e n t a r c o n d iç õ e s n o v a s ,
n e m d is p e n s a r n e n h u m a d a s e x p r e s s a s 296 ( 1 ) .
S e r ia e r r o g e n e r a liz a r ; a r e g r a n ã o é t ã o a b s o lu t a c o m o p a r e c e à p r im e i r a v is t a . O
s e u o b j e t iv o é e x c l u i r a in t e r p r e t a ç ã o e s t r it a ; p o r é m e s t a s e r á c a b í v e l e c o n c lu d e n t e
q u a n d o h o u v e r m o t i v o s é r io p a r a r e d u z ir o a lc a n c e d o s t e r m o s e m p r e g a d o s , q u a n d o a
r a z ã o f u n d a m e n t a l d a n o r m a s e n ã o e s t e n d e r a u m c a s o e s p e c ia l; e n f im , q u a n d o , i m
p li c i t a m e n t e o u e m o u t r a s d is p o s i ç õ e s s o b r e o m e s m o a s s u n t o , in s e r t a s n a m e s m a l e i o u
e m l e i d iv e r s a , p r e s c r e v e m l im i t e s , o u e x c e ç õ e s , a o p r e c e it o a m p lo (2 ) .
A v u l t a r i a a p r o b a b i l id a d e d e e r r a r s e o b r o c a r d o f o r a a p lic a d o , s e m a m a i o r c a u t e la ,
a u m a r t ig o i s o la d o d e l e i e x c e p c io n a l (3 ) .
O d io sa ra strin g en d a , fa v o r a b ilia am p lia n d a : " R e s t r in j a - s e o o d io s o ; a m p lie - s e o
f a v o r á v e l. "
295 299-(1) In tolo etpars continetur (Gaio, no Dig., liv. 50 tít. 17frag. 113).
(2) Berriat Saint-Prix, op. cit., n° 44 e nota 1; Black, op. cit., p. 198-198 e 201-203.
296 300 - (1) Giuseppe Falcone - Regulce Juris, 2a ed., p. 50; Berriat Saint-Prix, op. cit., n°s 45-48.
1O57Falcone, Subprocurador-Geral em Nápoles, op. cit., p. 50-51; Coviello, vol. I, p. 77; Ex.: os pais
respondem pelo dano causado pelos filhos menores; entretanto, ainda que o preceito não dis-tinga,
exclui-se o caso de ser o menor emancipado.
1O58Falcone, op. cit., p. 50-51; Coviello, vol. I, p. 77 (indiretamente).
301 - A H e r m e n ê u t ic a m o d e r n a o lh a c o m d e s c o n f ia n ç a e d e s d é m p a r a a d i s
t in ç ã o , u m t a n t o a r t if ic i a l, e n t r e d is p o s iç õ e s q u e a s s e g u r a m v a n t a g e n s o u p r o t e ç ã o ,
e a s c o m in a d o r a s d e in c a p a c id a d e o u d e c a d ê n c ia d e d ir e it o s . O b j e t iv a m e n t e c o n s i
d e r a d a , n e n h u m a n o r m a é f a v o r á v e l, n e n h u m a é o d io s a ; p o r q u e t o d a s c o n s t it u e m
a f ir m a ç õ e s d e d ir e it o s , o u c o l e t i v o s , o u i n d iv i d u a i s . N ã o é f á c i l a t e n d e r a o c o n t r a s
te : a l e i in t e r v é m q u a n d o h á c o n f l it o e n t r e d o i s in t e r e s s e s a n t a g ô n ic o s ; l o g o o q u e
f o r o d i o s o p a r a u m a d a s p a r t e s , s e r á f a v o r á v e l à o u t r a . P o d e a té a r e s t r iç ã o t e r o e s
c o p o d e p r o t e g e r , a m p a r a r , d e f e n d e r , c o m o a q u e r e d u z a c a p a c id a d e d o s m e n o r e s e
in t e r d it o s : e m b o r a e n v o lv a c o e r ç ã o d e s a g r a d á v e l, c e r c e a m e n t o d e a r b ít r io p e s s o a l,
t e m o b j e t iv o ú t i l a o c o n s t r a n g id o , f a v o r e c e - o , d e f a t o .
T u d o é r e la t iv o , d e p e n d e n t e d a m a n e ir a d e v e r , d o c r it é r i o d o in t é r p r e t e e d a p o s iç ã o
e m q u e e le m o r a lm e n t e s e c o lo q u e p a r a e x a m in a r a s h ip ó t e s e s v á r ia s , u m a p o r u m a .
O f i m d a l e i, o s v a lo r e s j u r í d i c o - s o c i a i s e o u t r o s e le m e n t o s d e H e r m e n ê u t ic a
o r ie n t a m m e lh o r o a p l i c a d o r d o D i r e i t o q u e o p e r ig o s o b r o c a r d o 297 ( 1 ) .
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 210
3 0 2 - N ã o c a u s a e s p a n t o a g u e r r a q u e o a d á g io s o f r e d e s d e é p o c a r e m o t a ;
c o m b a t id o p o r T o m á s i o , T i t i o , B a r b e ir a c , H e in e c i o , M e l o F r e i r e e A l m e i d a e S o u
s a , d e L o b ã o , q u a s e n e n h u m a m p a r o l h e m in is t r a m o s c o n t e m p o r â n e o s . O s p o u c o s
q u e h á m e io s é c u lo a in d a t e n t a v a m f a z ê - l o f lu t u a r , o u c o n f u n d i a m a s d is p o s iç õ e s
o d io s a s c o m a s d o D i r e i t o E x c e p c i o n a l 298 ( 1 ) , e x p e d ie n t e c o r r o b o r a d o r d a i n u t i l i d a
d e d a d is t in ç ã o ; o u s e c o n t e n t a v a m c o m d e d u z i r d a p a r ê m ia o s e g u in t e : q u a n d o o
t e x t o é s u s c e t ív e l d e d o i s s e n t id o s , a d o t e - s e a q u e le d o q u a l p o s s a v i r o m a i o r b e m ,
o u o m e n o r i n c o n v e n ie n t e - b en ig n a am plian da, o d io sa re strin g e n d a ( 2 ) ; d e s d e
q u e n ã o r e s u lt e p r e j u í z o p a r a t e r c e ir o , p r e f ir a - s e a e x e g e s e c o n d u c e n t e a e f e it o m a is
b e n ig n o e s u a v e , a o in v é s d a q u e le v e a o m a is p e r ig o s o e d u r o ( 3 ) . C o m a r e s t r iç ã o
e n u n c ia d a , is t o é , d e r e s p e it a r a s o b r ig a ç õ e s c o n t r a t u a is , o s d ir e i t o s a d q u ir id o s , o
p r e c e it o m e r e c e a c a t a m e n t o ; p o r é m a s u a o b s e r v â n c ia j á s e a c h a a s s e g u r a d a s o b d i
v e r s o f u n d a m e n t o . N a v e r d a d e , o s c a s o s e m q u e s e m p r e j u í z o d e t e r c e ir o s e d e v e i n
t e r p r e t a r d o m o d o m a i s benigno, s u a v e , h u m a n o , o t e x t o p o s it i v o , e n q u a d r a m - s e n o
D i r e i t o P e n a l, n o F i s c a l , o u n o E x c e p c i o n a l, e é p o r e s s e m o t i v o q u e s o f r e m e x e g e s e
e s t r it a , n a d ú v id a s e a p l i c a m m a is f a v o r a v e lm e n t e à p a r t e a lv e j a d a p e lo ô n u s d a r e g r a .
E n t e n d id o b e m , é , p o is , v e r d a d e ir o o b r o c a r d o -sem p er in d u b iis ben ign io-ra, p ro e fe re n d a
sunt: " n o s c a s o s d u v id o s o s s e m p r e s e p r e f e r ir á a s o lu ç ã o m a i s b e n ig n a " ( 4 ) .
1 0 5 9301 - (1) Giuseppe Saredo - Trattato delle Leggi, 1886, n° 14, art, X; Francesco Degni -L
'Interpretazione delia Legge, 2a ed., p. 41; Borges Carneiro-Direito Civil de Portugal, vol. I, § 12, n°
32; Caldara, op. cit., n° 166; Almeida e Sousa - Coleção de Dissertações Juridi-co-Práticas, em
Suplemento às Notas a Melo, Dissertação, II, § 1°.
1 0 6 0 3 0 2 -(1) Coelho da Rocha - Instituições de Direito Civil Português, 4a ed., vol. I, § 45, nota à regra
12.
1 0 6 1 Paula Batista - Compêndio de Hermenêutica Jurídica, § 48, nota 1.
1 0 6 2 F e rra ra , vol. I, p. 219.
1 0 6 3 Gaio, no Digesto, liv. 50, tít. 17, frag. 56.
3 0 3 - E s t a p r e c io s a m á x i m a 299 ( 1 ) im p õ e o r e s p e it o à e x e g e s e p a c í f i c a , f a z o b s e r v a r
a s n o r m a s d e a c o r d o c o m o s e n t id o e o a lc a n c e u n if o r m e m e n t e d e f i n i d o s d u r a n t e d ila t a d o s
a n o s p e la d o u t r in a e p e la j u r is p r u d ê n c i a . Q u a n t o m a i s a n t ig a é u m a in t e r p r e t a ç ã o , m a i o r o
s e u v a lo r . S e f o i c o n t e m p o r â n e a d a n o r m a , a v u lt a a in d a m a i s a p r e s u n ç ã o d e c e r t e z a : é d e
s u p o r q u e o s p r im e i r o s a p lic a d o r e s c o n h e c ia m m e lh o r o e s p ír i t o e o fim d a r e g r a p o s it iv a .
P o r o u t r o la d o , q u a n t o m a is t e m p o s e m a n t é m in a lt e r a d a , p a c í f i c a u m a e x e g e s e , t a n t o
m e n o r s e r á a p r o b a b i l id a d e d e a s u b s t i t u i r c o m a c e r t o (2 ) .
E n t r e t a n t o o p r e c e it o d o a d á g io , e m b o r a v e n e r á v e l e s e g u r o , n ã o é a b s o lu t o . T e n h a -
s e c a u t e la e m p o s t e r g a r o q u e a d q u i r i u f o r o s d e v e r d a d e c o n s o lid a d a ; p o r é m , q u a n d o a e la
s e c o n t r a p u s e r a c i ê n c i a n o v a , r a z õ e s f o r t e s e a u t o r id a d e s p r e s t ig io s a s a m p a r a r e m
c o n c lu s ã o d if e r e n t e , a b a n d o n e - s e , p o r a m o r a o p r o g r e s s o , a e x e g e s e t r a d ic io n a l.
211 CARLOS MAXTMTLTANO
304 - E x e m p lo s d e a p lic a ç ã o d a r e g r a a c im a e n u n c ia d a : n a d ú v id a , a tr ib u i- s e ,
d e p r e f e r ê n c ia , à le i u m s e n tid o d e q u e r e s u lte a v a lid a d e , ao in v é s d e n u lid a d e , d e
a to ju r íd i c o o u d e a u to r id a d e , e le iç õ e s, o r g a n iz a ç õ e s d e s o c ie d a d e , o u d e q u a lq u e r
a to p r o c e s s u a l300 (1).
Q ui se n tit onus, sen tire d e b e t com m odum , e t contra.
5 7 3 - Q u e m s u p o r t a ô n u s , d e v e g o z a r a s v a n ta g e n s re s p e c tiv a s - "pertence o
cô m o d o a quem so fre o incôm odo". O a d á g io c o n c lu i - e t con tra: ”e
in v e r s a m e n te ” , is to é o s qu e têm d ireito ao côm odo, d evem so fre r o s
in cô m o d o s q u e lh e e s tã o a n e x o s , o u d o m e s m o d e c o r r e m 301 (1).
achar o verdadeiro sentido de um texto (3); porque este deve ser entendido de modo
que tenham efeito todas as suas provisões, nenhuma parte resulte inoperativa ou su
pérflua, nula ou sem significação alguma (4).
B e m a v is a d o s , o s n o r t e - a m e r ic a n o s f o r m u l a m a r e g r a d e H e r m e n ê u t ic a n e s t e s
t e r m o s : " d e v e - s e a t r ib u ir , qu an do f o r p o ssív e l, a lg u m e f e it o a t o d a p a la v r a , c lá u s u la , o u
s e n t e n ç a " ( 2 ) . N ã o se p re su m e a e x is t ê n c i a d e e x p r e s s õ e s s u p é r f lu a s ; e m r e g r a , s u p õ e - s e
q u e le is e c o n tr a t o s fo r a m r e d ig id o s c o m a te n ç ã o e e s m e ro ; d e s o rte q u e t r a d u z a m o
o b j e t iv o d o s s e u s a u t o r e s . T o d a v i a é p o s s ív e l , e n ã o m u it o r a r o , s u c e d e r o c o n t r á r io ; e n a
d ú v id a e n t r e a le t r a e o e s p ír it o , p r e v a le c e o ú lt im o . Q u a n d o , p o r é m , o t e x t o é p r e c is o ,
c la r o o s e n t id o e o in v e r s o s e n ã o d e d u z , in d is c u t iv e l m e n t e , d e o u t r o s e le m e n t o s d e
H e r m e n ê u t ic a , s e r ia u m e r r o p o s t e r g a r e x p r e s s õ e s , a n u l a r p a la v r a s o u f r a s e s , a f i m d e
t o r n a r u m d is p o s i t i v o a p l i c á v e l a d e t e r m in a d a e s p é c ie j u r í d i c a ( 3 ) : in terp re ta d o in
quacu m qu e d isp o sitio n e ne s ic fa c ien d a , u t v e rb a non s in t su pérflu a, e t sin e virtu te
opera n di: " in t e r p r e t e m - s e a s d is p o s iç õ e s d e m o d o q u e n ã o p a r e ç a h a v e r p a la v r a s
s u p é r f lu a s e s e m f o r ç a o p e r a t iv a . "
T estis unus, te stis n u llu s : " U m a t e s t e m u n h a n ã o f a z p r o v a . T e s t e m u n h a ú n ic a ,
te s te m u n h a n e n h u m a ."
3 0 9 - P e r t e n c e o b r o c a r d o à A p l i c a ç ã o d o D i r e it o , e x c lu s iv a m e n t e . P a r e c e ,
e n t r e t a n t o , o p o r t u n o r e a l i z a r a q u i o e s t u d o e a r e f u t a ç ã o d a q u e la p a r ê m ia c é le b r e , n ã o s ó
p e la i m p o r t â n c ia q u e i s s o t e r ia p a r a a p r á t ic a j u d i c i á r i a , c o m o t a m b é m p e la s u a a f in id a d e
d e o r ig e m c o m a H e r m e n ê u t ic a t r a d ic io n a l.
213 CARLOS MAXTMTLTANO
O b e d ie n te a o c r i té r io v e tu s to , a d o g m á tic a e s ta b e le c ia , a p r in c íp io : ” U m a t e s
te m u n h a n ã o f a z p r o v a - te stis unus, te s tis nullus; d u a s c o n s titu e m p r o v a p le n a ” .
306 310 - (1) ”Realmente, a exigência de contar as testemunhas de modo que mil possam fazer crer
aquilo que uma só não pode, implica uma estimação demasiado material da certeza, além de ser
esse critério uma sobrevivência ou vestígio daquele preconceito dos antigos doutores, em virtude do
qual somavam metades, quartos ou oitavos de prova, e recordar também o costume germânico
acerca dos conjurados, costume que exigia um número determinado deles, para provar a
inocência” (Ellero - De la Certitumbre en los Juicios Criminates, trad, espanhola de Adolfo Posada,
3a ed., 1913, p. 194, correspondente à p. 187 do original italiano, publicado sob o título de Crítica
Criminal
1 0 7 3 Vede o capítulo - Processo Lógico, n° 126.
10 7 4 P o th ier- Tratado das Obrigações Pessoais e Recíprocas, trad, e adições de Correia Teles, vol. II, n°
779.
João Monteiro, catedrático da Faculdade de Direito de São Paulo - Processo Civil, vol. II, § 172,
nota 2, p. 294, externa este conceito: ”uma só testemunha faz meia prova.” Em nota a, exara a
corrigenda seguinte: ”Isto foi escrito em 1883. Hoje hão diríamos assim, mas que, dadas as outras
circunstâncias da causa, esta única testemunha faria prova bastante.” (3a) O novo Código Civil
Português, de 1966, não mantém a regra do art. 2.512 do antigo. O art. 396 estabelece: ”A força
probatória dos depoimentos das testemunhas é apreciada livremente pelo tribunal.”
(4) Bonnier, vol. I, n° 292, p. 371.
C o m p r e e n d e u d e p o is o e x a g e ro d a r e c u s a d o d e p o im e n to s in g u la r , e e m e n d o u d e s te
m o d o a r e g r a : ” u m a te s te m u n h a f a z m e ia p r o v a ; d u a s c o n s titu e m p r o v a in t e g r a l , d e
c is iv a .” R e q u in to u e m p r e c is ã o m a te m á t ic a ; p r e t e n d e u r e d u z i r a a lg a r is m o s o q u e é,
p o r s u a p r ó p r i a n a t u r e z a , c o n tin g e n te , c o m p le x o , d e p e n d e n te d o c r i té r io , in t e g r i
d a d e e c o m p e tê n c ia té c n ic a d o a p li c a d o r d o D ire ito .
E m P o r t u g a l e n o B r a s il p r e v a le c e u a q u e le c o n c e ito , in s e r to n a s O r d e n a ç õ e s d o
R e in o , liv ro I I I , títu lo 5 2 , e a c o lh id o e m o b r a q u e se t o r n o u c lá s s ic a e n t r e o s p o v o s
la tin o s , o T ratado d e P o th ie r (3 ), o q u a l s e r v iu d e f o n te d o liv ro d o C ó d ig o C iv il
f r a n c ê s r e f e r e n te à s O b rig a ç õ e s . In f e liz m e n te o C ó d ig o C iv il p o r t u g u ê s (a n tig o )
a in d a c o n s o lid o u o p r e c e ito ríg id o , n o s s e g u in te s te r m o s : " A r t . 2 .5 1 2 .0 d e p o im e n to
d e u m a ú n ic a t e s te m u n h a , d e s titu íd o d e q u a l q u e r o u t r a p r o v a , n ã o f a r á fé e m ju íz o ,
e x c e to n o s c a so s e m q u e a le i e x p r e s s a m e n te o r d e n a r o c o n t r á r i o ” . (3 a)
T a m b é m e m F r a n ç a a ju r i s p r u d ê n c i a p a lm ilh o u o u t r o r a a t r i l h a e s c o n s a (4).
"Facilitar a prova, na mais larga medida possível, é um dos pontos mais im
portantes que, na formação dos direitos, merece fixar a atenção do legislador e atrair
os olhares da ciência"307 (1).
M á r i o P a g a n o , a li á s f a v o r á v e l à o b s e r v â n c ia d o b r o c a r d o n o j u í z o c r im i n a l, p o n d e r a
q u e d o c o n f r o n t o e n t r e d iz e r e s s a lt a a v e r d a d e : " e s t a é c o r n o a l u z , q u e b r o t a e c i n t i l a
q u a n d o d o i s c o r p o s s e c h o c a m e s e p e r c u t e m r e c ip r o c a m e n t e . A c o n f r o n t a ç ã o é a p e d r a d e
t o q u e d a v e r d a d e " ( 4 ) . O b j e t a E u g ê n io P i n c h e r l i q u e a v e r d a d e ir a r a z ã o d o s e r r o s
j u d i c i á r i o s n ã o e s t á e m o u v i r u m a t e s t e m u n h a ; d e v e m o s a n t e s b u s c á - l a " n a e s t r e it e z a d a
m e n t e h u m a n a q u e n ã o p ô d e , o u n ã o q u is p e r s c r u t a r n o â n im o d a q u e la t e s t e m u n h a , n e m
m e d i r p e la s q u a lid a d e s p e s s o a is d a m e s m a a f é q u e m e r e c ia m a s s u a s p a la v r a s ; q u e n ã o
p ô d e , o u n ã o q u i s r e a l i z a r c o m j u s t o c r it é r i o a q u e le t r a b a lh o s u t il d e c o n f r o n t o q u e M á r i o
P a g a n o d e c la r o u s e r a p e d r a d e t o q u e d a v e r d a d e (p ie tra d ip a ra g o n e d e lia verità ). O r a
e s s e c o n f r o n t o n ã o s e e f e t iv a a p e n a s e n t r e o s d it o s d e u m a t e s t e m u n h a e o s d e o u t r a ; p o d e
t a m b é m v e r if ic a r - s e e n t r e o s d it o s d a t e s t e m u n h a u n s c o m o s o u t r o s ; é p o s s ív e l d a r - s e ,
a in d a , e n t r e o s d i- z e r e s d e u m a t e s t e m u n h a e q u a lq u e r o u t r a p r o v a , a d m i n í c u lo , i n d íc i o ,
q u e t e n h a r e la ç ã o c o m o f a t o a j u iz a d o " ( 5 ) .
E m t o d o c a s o , e m q u a lq u e r h ip ó t e s e , o e s s e n c ia l, a c im a d e t u d o , é p e sa r o s d e
p o im e n t o s e m v e z d e o s c o n ta r s im p le s e m e c a n ic a m e n t e ; n ã o é s e n s a t o a t r ib u i r m a i s f é e
d a r m a i s a p r e ç o a o q u e d iz e m d o i s i n d i v í d u o s d e d u v id o s a o u m u i t o r e la t i v a
in d e p e n d ê n c ia d e c a r á t e r e v u l g a r s e n s o m o r a l, d o q u e à s a f ir m a ç õ e s c r it e r io s a s d e u m s ó
h o m e m , d is t in t o , c o r r e t o e d e r e s p o n s a b ilid a d e .
S e g u n d o P a p i n i a n o , in c u m b e a o j u i z , p e la p r ó p r i a n a t u r e z a d o s e u o f í c i o , a p r e c ia r
d e m o d o p a r t ic u la r m e n t e a t e n t o a c r e d i b il i d a d e d o t e s t e m u n h o d a d o p o r u m v a r ã o d e
e s p ír it o in t e g r o : Q u o d le g ib u s om issu m est, non o m ittetu r relig io n eju -d ica n tiu m : a d
quorum officium p ertin e t, eju s q u o q u e testim o n ii jid e m , q u o d in te -g ro e fr o n tis hom o
dixerit, p e rp e n d e r e ( 6 ) - "aquilo q u e n a s l e i s é o m i t i d o , n ã o o s e j a n a c o n s c iê n c i a
p r o f is s io n a l d o s j u lg a d o r e s , a c u j o m in is t é r i o in c u m b e , o u t r o s - s im , p e s a r bem a f é in teira
do d ep o im en to que h a ja p r e s ta d o um hom em d e c a b e ç a ín teg ra ( d e ir r e p r e e n s ív e l
in t e g r id a d e ) " .
T a n t o a d o u t r in a c o m o a j u r is p r u d ê n c i a m o d e r n a s , e m n e n h u m a h ip ó t e s e , a b
s o lu t a m e n t e e m n e n h u m a , p r e s c in d e m d o d is c e r n im e n t o p e s s o a l, d o c r it é r i o t é c n ic o , d a
c o n s c iê n c ia , f o r m a d a p e la e d u c a ç ã o e p e lo e s t u d o , d e u m v e r d a d e ir o m a g is t r a d o . E l e é o
s o b e r a n o a p r e c ia d o r d a P r o v a ; n e s t e p a r t i c u l a r s e l h e a t r ib u i a u t o r id a d e d iscricio n á ria ,
t o m a d o e s t e v o c á b u l o n o s e n t id o a d o t a d o n o D i r e i t o P ú b l i c o . D e i x a - s e a o p r u d e n t e
a r b ít r io d o j u i z a q u il a t a r o v a l o r in t r ín s e c o d o s d e p o im e n t o s , p e sá -lo s, e d e c i d i r a f i n a l d e
a c o r d o c o m o s e u c o n v e n c im e n t o c o n s c i- e n c io s o , f o r m a d o p e lo e x a m e d o p r o c e s s o , e m
c o n j u n t o (7 ) .
É a s s im q u e s e p e n s a c p r a t ic a e m t o d a p a r t e , v a r r i d a d o s p r e t ó r io s a v e lh a d o u t r in a ,
t a n t o e m F r a n ç a e n a I t á lia , c o m o n a S u íç a , A le m a n h a e Á u s t r i a ( 8 ) . Q u e r n o f o r o c i v i l ,
q u e r n o c r im i n a l, o j u i z p o d e a c e it a r c o m o p r o v a d o o q u e é d it o p o r u m a s ó t e s t e m u n h a , e
r e j e it a r c o m o in c e r t o , o u f a ls o , o q u e d e p õ e m d u a s o u m a is . O p r e c e it o — T estis unus,
te stis nullus é i n c o m p a t ív e l c o m o D i r e i t o c o n t e m p o r â n e o ( 9 ) .
312 - A p e s a r d e a c e it o o a p o t e g m a p e lo s d is c í p u l o s d e M a o m é , n ã o o a p l i c a m
o s t r i b u n a is f r a n c e s e s d a A r g é l i a , n e m s e q u e r r i o s p le i t o s e m q u e o a u t o r e o r é u s ã o
m u ç u l m a n o s 308 ( 1 ) .
A t é e m P o r t u g a l, N e v e s e C a s t r o , o b r ig a d o à o b s e r v â n c ia d o C ó d i g o C i v i l , r e n o v a a
217 CARLOS MAXIMILIANO
c e n a d e G a li l e u , c o m o q u e r e p e t e o e p u r si m uove, c o m e s t a s in f o r m a ç õ e s s in c e r a s :
" N e m s e p o d e e s t a b e le c e r a p r o i b iç ã o a b s o lu t a d a a d m is s ã o d e u m a s ó
t e s t e m u n h a , n e m a d m i t i r c o m o p r o v a p le n a o d e p o im e n t o d e duas
te s te m u n h a s .
A tu a lm en te tem p r e v a le c id o a m áxim a d e qu e o s d e p o im e n t o s d a s
t e s t e m u n h a s d e v e m s e r p e s a d o s e n ão - c o n t a d o s . M u i t a s v e z e s p o d e m v a l e r
m a i s d o i s d e p o im e n t o s , e m esm o um só, d o q u e q u a t r o o u m a is . E f e t iv a m e n t e ,
o d ep o im en to d e um a testem u n h a p o d e m a n ifesta r um c a rá te r in d u b itá v el de
verd a d e, q u e p o d e f a l t a r a o s d e p o im e n t o s d e d u a s o u m a is , c u j a q u a lid a d e
s e ja s u s p e it a " ( 2 ) .
C o m e f e it o , o " d e p o im e n t o d e u m a ú n i c a t e s t e m u n h a p o d e s e r t ã o p r e c is o , t ã o
c o m p le t o , t ã o im p a r c ia l , t ã o is e n t o d e q u a lq u e r h e s it a ç ã o , q u e v e n h a a p r o d u z i r n o e s p ír it o
m a is e s c r u p u lo s o a m a i s f o r t e e a m a i s p r o f u n d a c o n v i c ç ã o " ( 3 ) .
3 1 3 - N o s E s t a d o s U n i d o s , r e p e le m o b r o c a r d o , p o r s e r " c o n t r á r io a o g ê n io
d a s in s t i t u i ç õ e s a m e r ic a n a s " 309 ( 1 ) . N ã o s e r ia l í c i t o p e n s a r d e o u t r o m o d o n o B r a s i l .
308 312 - (1) Garsonnet, vol. Ill, § 855, nota 6; Bonnier, vol. I, n° 292, p. 372.
1083 Neves e Castro, op. cit, p. 307 e 308. Bonnier exprime-se em termos idênticos (vol. I, p. 369, n ”
292).
1084P h ilip p s - On the Law o f Evidence, liv. I, part. I, cap. VII, sec. I.
309 313 - (1) Greenleat, apud Bonnier, vol. I, n° 292, p. 371.
1 0 8 5 V e d e a dissertação sobre - Argumento de Autoridade, n° 341.
108 6 B o n n ier, vol. I, n° 292, p. 371.
1 0 8 7 V e d e os capítulos - Leis de Ordem Pública e - Direito Excepcional, nos 266-267 e 270 e segs.
1 0 8 8 c . Maximiliano - Comentários à Constituição Brasileira, 3a ed., n° 305.
A essência e a qualidade da Prova constituem objeto de Direito Substantivo; o Adjetivo indica
apenas o modo e a oportunidade de a oferecer em juízo o processo da sua apresentação e a fase da
lide em que tem cabimento.
(6) Aqueles mesmos que ainda rezam pela velha cartilha admitem exceções dignas de registro
pela circunstância dupla de terem valor prático e porem em relevo a fragilidade da regra; para
eles, faz prova plena uma testemunha quando depõe sobre fato próprio, em causa cível e módica;
ou - sobre assunto que diz respeito ao seu cargo ou função pública (in iis credendum quoe adojfi-
cium eiuum spectant, na frase de Melo Freire) (Valasco - Cons. 73, n° 5; Pascoal José de Melo
Freire - Institutionum Juris Civilis Lusitani, Liber IV, tít. 17, § 11; Barão de Ramalho - Pnxe
Brasileira, 2 ed., § 199, p. 284).
do livro m , título 52; existe ainda a ab-rogação explícita, constante do art. 1,807 do
Código Civil, assim concebido: ''Ficam revogadas a s O rd en a çõ es, Alvarás, Leis,
Decretos, Resoluções, Usos e Costumes concernentes às matérias de Direito Civil
reguladas neste Código.”
Em boa hora o legislador brasileiro, como o francês, ao tratar da prova, que é,
na essência, matéria de Direito Substantivo (5), absteve-se, nos arts. 129 a 144, de
prestigiar a máxima incompatível com a ciência moderna e repelida pela jurispru
dência dos povos cultos. Foi além: ex p ressa m en te anulou o repositório filipino que
impusera respeito à parêmia. Logo, no Brasil, como em todas as nações policiadas,
não se ampara em sólidas razões aquele que ainda invoca o brocardo - T estis unus,
te stis nullus (6).
310 (1) Juliano, emoDigesto, liv. 1°, tít. 3° - de legibus, fragmento 15.
E s t e b r o c a r d o , c o m o t o d a s a s r e g r a s , c o m p o r t a e x c e ç õ e s : p o r e x e m p lo , e m s e
t r a t a n d o d e a t o s o u s e n t e n ç a s q u e p r o d u z e m e f e it o e rg a om nes, e n ã o s ó e n t r e o s i n
t e r e s s a d o s im e d ia t o s ; a s s i m o c o r r e c o m a s d e c is õ e s s o b r e e s t a d o d e p e s s o a e c o m a
e s c r it u r a d e d o t e o u d o a ç ã o c o m a c l á u s u l a d e r e v e r s ã o o u d e in a li e n a b i l id a d e .
311 313-L - (1) O segundo apotegma advém da lição do jurisconsulto Gaio, exarada no Digesto, liv. 50,
tít. 17 - De regulis juris, frag. 122. Vede n° 435.
5 8 0 - P a r a e n t e n d e r b e m u m t e x t o , é f o r ç o s o c o n h e c e r a n a t u r e z a d a r e la ç ã o q u e o
m e s m o r e g u la .
P o r e x e m p lo : s ó in t e r p r e t a , c o m s e g u r a n ç a , p r e c e it o s s o b r e n e g ó c io s d e b o l s a q u e m
e s t u d o u a s o p e r a ç õ e s d e b o ls a ; a e x e g e s e d e c e r t a s n o r m a s p e n a is p r e s s u p õ e
c o n h e c im e n t o s d e M e d i c i n a L e g a l; e a s s im p o r d ia n t e 3l4( l) .
g isla d o r.
P o r is s o , n ã o s e p r e s u m e m i n c lu íd a s n o s t e x t o s . C o m u m c a r á t e r o b r ig a t ó r io , e m
g e r a l s ó s e f o r m u l a m r e g r a s p o s it i v a s 315( l) .
N ã o se in te rp re ta um texto d e m o d o qu e re su lte a m á-fé, o dolo, a fra u d e, a ca -
vilação.
3 1 8 - 0 d o l o n ã o s e p r e s u m e : n a d ú v id a , p r e f e r e - s e a e x e g e s e q u e o e x c lu i.
T o d a s a s p r e s u n ç õ e s m ilit a m a f a v o r d e u m a c o n d u t a h o n e s ta e ju s ta ; s ó e m fa c e d e
i n d í c i o s d e c i s i v o s , b e m f u n d a d a s c o n j e t u r a s , s e a d m it e h a v e r a lg u é m a g id o c o m
p r o p ó s it o s c a v i l o s o s , i n t u i t o s c o n t r á r io s a o D i r e it o , o u à M o r a l .
P o r s u a v e z a l e i n ã o a u t o r iz a o d o lo , n e m f a v o r e c e a f r a u d e , o e m b u s t e , a d e s le
a ld a d e , a c a v ila ç ã o . I n t e r p r e t a m - s e , q u a n t o p o s s ív e l , a s d is p o s i ç õ e s e s c r it a s d e m o d o q u e
n ã o d e ix e m m a r g e m à q u e le s e x p e d ie n t e s e t r a ç o s o r iu n d o s d a m á - f é 316 ( 1 ) .
312 314 — (1) Paula Batista, op. cit, § 40; Gianturco, vol. I, p. 121; Dias Ferreira - Código Civil Por
tuguês Anotado, vol. I, p. 31 -35; Trigo de Loureiro - Direito Civil, vol. I, § LV, regra 7a.
1 08 9S utherland, vol. II, §§ 504, 508 e 510.
1 09 0 B lack , op. cit., p. 93-94.
1 0 9 1 3 1 5 - (1) Ferrara, vol. I, p. 223; Gianturco, vol. I, p. 121.
1092316-(l)Coviello, vol. I, p. 70.
1093317-(l)Geny, vol. I, p. 280.
1 0 9 4 3 1 8 - (1) Coelho da Rocha, vol. I, § 45, regra 6a; Trigo de Loureiro, vol. I, Introdução, § LVII, re
gra 22; M. I. Carvalho de Mendonça - Doutrina e Prática das Obrigações, 2a ed., vol. II, n° 563;
Giorgio Giorgi - Teoria delle Obbligazioni, 7a ed., vol. II, n° 40.
317 319 - (1) Trigo de Loureiro, vol. I, § LIV, regra 12; Carlos de Carvalho, op. cit., art. 63; Ribas,
vol. I, 297; Borges Carneiro, vol. I, § 12, n° 24.
1O 95W alter Jellinek - Gesetz, Gesetzesanwendung undZweckmaessigkeitserwagung, 1913, p. 171.
1O 96Dom at, trad. Correia Teles, in Código Filipino, vol. Ill, p. 436, XVIII.
1O 97C arlos de Carvalho, op. cit., art. 62, § 2°.
1O 98Sutherland, vol. II, § 405.
318 320 -(1) Assento 237, de 14 de junho de 1740; Carlos de Carvalho, op. cit, art. 62, § 7°; Ribas,
vol. I, p. 297; Borges Carneiro, vol. I, § 12, n° 25.
1O 99B ernardino Carneiro, op. cit, § 38.
11O O charles Brocher - Étude sur les Príncipes Généraux de L 'Interpretation des Lois, 1870, p. 93-94.
11O 1 Bernardino Carneiro op. cit, § 39.
Outros brocardos ainda valiosos para a Hermenêutica e a Aplicação do Direito foram lembrados e
comentados, especial ou incidentemente, em várias seções desta obra; por isso, dos mesmos se não
faz menção neste capítulo.
Q u a n d o d u a s d is p o s iç õ e s d im a n a m d e u m p r i n c í p i o c o m u m , in t e r p r e t a m - s e n o
m e s m o s e n t id o . A s c o n s e q ü ê n c ia s e x p lic it a m e n t e p r e v is t a s s e r v e m p a r a m e lh o r e n t e n d e r
o s a n t e c e d e n t e s , a r e g r a g e r a l, o p r i n c í p i o e n u n c ia d o , d e q u e d e r i v a m ( 3 ) .
N a v e r d a d e , a p r o p o s iç ã o p r i n c i p a l v a le m a i s d o q u e a s in c id e n t e s , q u e l h e f i c a m
s u b o r d in a d a s ; n a d ú v id a , é e la q u e p r e v a le c e , a r e g r a g e r a l; n u n c a a r e s t r iç ã o . S e r á ,
t o d a v ia , d e b o m a v i s o p r o c u r a r s e m p r e c o n c il i á - l a s e c o m b i n a r t o d a s , d e m o d o q u e , a o
i n v é s d e u m a s e s o b r e p o r a o u t r a s , r e c ip r o c a m e n t e s e c o m p l e t e m (4 ) .
C O M P E T Ê N C IA
Título, epígrafe.
P reâ m b u lo , em enta.
P e la s r a z õ e s e x p o s t a s , o t í t u l o a j u d a a d e d u z i r o s m o tiv o s e o o b j e t o d a n o r m a ;
p r e s t a , e m a lg u n s c a s o s , r e le v a n t e s e r v iç o à e x e g e s e ; a u x i l i a m u it o a m e m ó r ia , é f á c i l d e
r e t e r , e p o r e le s e c h e g a à le m b r a n ç a d a s r e g r a s a q u e s e r e f e r e ; p o r é m o f e r e c e u m c r it é r i o
in s e g u r o ; o a r g u m e n t o a ru b rica é d e o r d e m su b sid iá ria ; v a l e m e n o s d o q u e o s o u t r o s
e le m e n t o s d e H e r m e n ê u t ic a , o s q u a is s e a p l i c a m d ir e t a m e n t e a o t e x t o e m s u a ín t e g r a (2 ) .
3 2 5 - O p re â m b u lo d á i d é i a d o " e s t a d o d e c o is a s q u e s e r e s o lv e u m u d a r , d o s
m a le s d e s t in a d o s a s e r e m r e m e d ia d o s , d a s v a n t a g e n s a m p a r a d a s o u p r o m o v i d a s
p e la l e i n o v a , o u d a s d ú v id a s r e f e r e n t e s a d is p o s i t i v o s a n t e r io r m e n t e e m v i g o r e r e
m o v i d a s p e lo t e x t o r e c e n t e " 323 (1 ) .
322 324 - (1) Brocher, op. cit, p. 67-71; Fabreguettes, op. cit. p. 391-392; Caldara, op. cit., n° 138; Black,
op. cit., p. 244-252; Sutherland, vol. II, §§ 399-340; B arriat Saint-Prix, op. cit., nos 78-79; Paula
Batista, op. cit., § 33.
Distanciaram-se da verdade os dois mestres que se colocaram em extremos opostos: Merlin negava
qualquer valor às epígrafes relativamente à interpretação; Cujácio chamava-lhes claves le-gum
”chaves das leis” (Caldara, op. cit., n° 138; Berriat Saint-Prix, op cit., n° 80). (2) Paula Batista,
Berriat Saint-Prix, Fabreguettes, Brocher, Sutherland, Black e Caldara, loc. cit.
P õ e e m e v id ê n c i a a s ca u sa s d a i n i c i a t i v a p a r la m e n t a r e o fim d a norm a; p o r is s o ,
c o n q u a n t o n ã o s e ja p a r t e in t e g r a n t e d e s t a , m e r e c e a p r e ç o c o m o e le m e n t o d e e x e g e s e .
Q u a s e s e m p r e t r a d u z o m o t iv o , a o r ie n t a ç ã o , o o b j e t iv o d a l e i, e m t e r m o s c o n c is o s , m a s
e x p l íc i t o s . T o d a v i a n ã o r e s t r in g e n e m a m p l ia o s e n t id o d e c o r r e n t e d a s p r ó p r ia s r e g r a s
p o s it iv a s ; p o r i s s o o s e u v a l o r , e m b o r a m a i o r d o q u e o d o s s i m p l e s títu lo s ou ru bricas, é
i n f e r i o r a o d o s p r o c e s s o s a p lic a d o s d ir e t a m e n t e à s d is p o s iç õ e s e s c r it a s (2 ) .
Influi, p a r a a in t e r p r e t a ç ã o e a p l i c a b i li d a d e , o lu g a r em qu e um trech o e stá c o
locado.
3 2 6 - Q u a l q u e r u m p o d e r ia s e r c o n d e n a d o à f o r c a , d e s d e q u e o j u lg a s s e m p o r
u m t r e c h o i s o la d o d e d is c u r s o , o u e s c r it o , d a s u a a u t o r ia : v e t u s t o e c e r t o é e s t e c o n
c e it o , O v a l o r d e c a d a r e g r a , o u f r a s e , v a r i a c o n f o r m e o l u g a r e m q u e s e a c h a , " U m a
l e i d e v e a p lic a r - s e à o r d e m d e c o is a s p a r a a q u a l f o i e s t a b e le c id a . O s o b j e t o s q u e s ã o
d e o r d e m d iv e r s a , n ã o p o d e m s e r d e c i d id o s p e la s m e s m a s l e i s " 324 (1 ) .
D e n o m in a - s e a r g u m e n t o p r o su b je c ta m a te ria o q u e s e d e d u z d o l u g a r e m q u e s e
a c h a u m t e x t o . T e m v á r i o s p o n t o s d e c o n t a t o c o m o a r g u m e n t o a ru b ric a ( 2 ) . " M u it a s
d is p o s iç õ e s , o b s e r v a D u p i n , s e a s g e n e r a liz a s s e m , c o n d u z ir i a m a o e r r o o s q u e s e
d e ix a s s e m s u r p r e e n d e r , v is t o d e v e r e m s e r r e s t r in g id a s à r u b r ic a s o b a q u a l e s t ã o
c o lo c a d a s ; le g is m ens, e t v e rb a a d titulum sub quo sita sunt, accom m odan da, e t p r o
su b je c ta m a teria v e l a m p lia n d a v e l restrin g e n d a " ( 3 ) - " o s e n t id o e a s p a la v r a s d a l e i
d e v e m a f e iç o a r - s e a o t í t u l o s o b o q u a l s e a c h a m c o lo c a d o s ; a m p lie m - s e o u r e s t r in j a m - s e
c o n f o r m e o a s s u n t o a q u e e s t ã o S u b o r d in a d o s " .
225 CARLOS MAXIMILIANO
3 2 7 - É c o m u m n o f o r o t o m a r e m e x p r e s s õ e s g e n é r ic a s , e s c r it a s c o m u m o b j e
t iv o , e a d a p t á - la s a o u t r o , v io le n t a m e n t e , a p e s a r d e h a v e r , n o m e s m o l i v r o o u r e p o
s i t ó r io d e n o r m a s , p r e c e it o e s p e c ia l p a r a a h ip ó t e s e v e r t e n t e 325 ( 1 ) . " E m r e g r a , é
p r e c is o e m c a d a g ê n e r o d e n e g ó c io s c o n s u l t a r a s l e i s q u e l h e s ã o p r ó p r ia s " ( 2 ) . D e v e - s e
b u s c a r e m c a p í t u l o e s p e c ia l s o b r e u m a s s u n t o a d o u t r in a r e la t i v a a e s t e (3 ) .
C a i e m e r r o q u e m s e s e r v e , p a r a r e s o lv e r u m c a s o j u r í d i c o , o u d o c u m e n t a r u m
p a r e c e r , d e d is p o s i ç õ e s r e la t iv a s a o b j e t o d if e r e n t e e f i m d is t in t o . A is t o s e d e n o m in a , e m
F r a n ç a , u s a r d'argu m en ts de ra ccro c, " a r g u m e n t o s d e b a m b ú r rio " (4 ) .
" N ã o s e a p l i c a u m a p r o p o s iç ã o a lh u r e s v e r d a d e ir a a u m a d e c is ã o q u e l h e é e s t r a n h a "
( 5 ) . I n d a g u e - s e b e m s e s e t r a t a d e u m c a s o g e r a l o u d e e s p e c ia l, d e r e g r a o u d a e x c e ç ã o ; e ,
a s s im e s c la r e c id o , p r o c u r e - s e , n o lu g a r p ró p rio , o d is p o s i t i v o l o g ic a m e n t e in d ic a d o . " A
n e c e s s id a d e e e v id ê n c i a d e s t e p o s t u la d o s ã o in t u i t i v a s . " T o d o o b j e t o p a r t i c u l a r o u e s p e c ia l
d e u m a r e g r a a p r e s e n t a a s p e c t o s p r ó p r i o s c a r a c t e r ís t ic o s ; d o q u e r e s u lt a o r d e n a r a q u e la
e m u m s e n t id o a o i n v é s d e o u t r o . R e f e r e - s e , p o is , a r e la ç ã o d e t e r m in a d a ; é p r o v á v e l q u e o
m e s m o p r e c e it o s e n ã o a d a p t e a o u t r a s r e la ç õ e s , d e o r d e m d if e r e n t e . P o d e a té e n c o n t r a r -
s e , p a r a a h ip ó t e s e p a r t ic u la r , d is p o s i ç ã o e s p e c ia l, c la r a , i n i l u d í v e l ; p o r é m n ou tro lu g a r
(6 ).
3 2 8 - C u m p r e v e r i f i c a r s e s e t r a t a d e u m p r i n c í p i o a m p lo o u p r e c e it o e x c e p c io n a l;
d o g ê n e r o o u d a e s p é c ie ; d e u m o u d e o u t r o r a m o d o D i r e it o ; p o is , c o n f o r m e a h ip ó t e s e ,
v a r i a a n o r m a , e a m a n e ir a d e in t e r p r e t a r 326 ( 1 ) . E n t r e d u a s d is p o s i ç õ e s à p r im e i r a v is t a
a p l i c á v e i s a o c a s o e m a p r e ç o , p r e f e r e - s e a q u e m a is d ir e t a e e s p e c if ic a m e n t e s e r e f e r e a o
a s s u n t o d e q u e s e t r a ta : illu d p o tissim u m h a b etu r q u o d a d sp e-ciem d irectu m est: " p r e f ir a -
s e a q u il o q u e c o n c e r n e d ir e t a m e n t e à e s p é c ie e m a p r e ç o " ( 2 ) .
N e m m e s m o q u a n d o s e a p l i c a u m t e x t o p o r s e m e lh a n ç a , e x t e n s ã o , a n a lo g ia , o u s e
r e c o r r e a o s p r i n c í p i o s g e r a is d e D i r e it o , é l í c i t o d e ix a r d e a t e n d e r à n a tu reza d a s coisas,
a o s e le m e n t o s o b j e t iv o s , a t o d o s o s f a t o r e s q u e d e t e r m in a m a e s p é c ie j u r í d i c a à q u a l
p e r t e n c e u m c a s o c o n c r e t o (3 ) .
326 328 - (1) Max Gmür - Die Anwendung des Rechts nach Art. I des Schweizerischen Zivilgesetz-buches,
1908, p. 52; Caldara, op. cit, n° 230.
11O 9Papiniano, apudDigesto, liv. 50, tít. 17, frag. 80; Black, op. cit, p. 328; Brocher, op. cit., p. 91-92.
1 1 1 O J. X. Carvalho de Mendonça - Tratado de Direito Comercial Brasileiro, vol. I, 1910, n° 148; Alves
Moreira - Instituições do Direito Civil Português, vol. 1,1907, p. 47; Enneccerus, vol. I, p. 115.
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 226
3 2 9 - T o m a d a a in t e r p r e t a ç ã o s o b o a s p e c t o f o r m a l o u t é c n ic o - s is t e m á t ic o ,
d e v e - s e t e r e m v is t a , a cim a d e tudo, o l u g a r e m q u e u m d is p o s i t i v o s e e n c o n t r a 327
( 1 ) . E s p e c i a lm e n t e d a s r e la ç õ e s c o m o s p a r á g r a f o s v iz i n h o s , o in s t it u t o a q u e p e r
t e n c e e o c o n j u n t o d a l e g i s l a ç ã o s e d e d u z e m c o n c lu s õ e s d e a lc a n c e p r á t ic o , e le m e n
t o s p a r a f i x a r a s r a ia s d e d o m í n i o d a r e g r a p o s it i v a ( 2 ) .
A t é m e s m o e m s e a p l i c a n d o o p r o c e s s o s is t e m á t ic o d e e x e g e s e , d e v e - s e t e r o
c u id a d o d e c o n f r o n t a r e p r o c u r a r c o n c i l i a r d is p o s i ç õ e s q u e s e r e f i r a m a o m esm o a s s u n t o
o u à m a t é r ia sem elh an te, e m b o r a in s e r t a s e m l e i s d iv e r s a s ( 3 ) .
O q u e c a r a c t e r iz a o v e r d a d e ir o j u r is c o n s u lt o , é e x a t a m e n t e a s e g u r a n ç a c o m q u e
d e s c o b r e a n o r m a a p r o p r ia d a p a r a c a d a h ip ó t e s e r a r a , e n q u a n t o o s in d o u t o s a p l i c a m a
r e g r a g e r a l a s im p le s e x c e ç õ e s , o u f a z e m p io r : g e n e r a l i z a m p r e c e it o s d e s t in a d o s s ó a
e s t a s , f o r ç a m a n a lo g ia s , t r a n s p la n t a m d is p o s iç õ e s p a r a t e r r e n o q u e a s r e p e le , e n q u a d r a m
o s c a s o s d e c e r t a c a t e g o r ia e m a r t ig o s d e l e i f e i t o s p a r a r e la ç õ e s d e s s e m e lh a n t e s n a
essência.
D IS P O S IÇ Õ E S T R A N S IT Ó R IA S
P o d e e D eve.
3 3 1 - P r o p e n d e o D i r e i t o m o d e r n o p a r a a t e n d e r m a is a o c o n j u n t o d o q u e à s
m in ú c ia s , in t e r p r e t a r a s n o r m a s c o m c o m p l e x o a o i n v é s d e a s e x a m in a r is o la d a s ,
p r e f e r ir o siste m a à p a rtic u la rid a d e . S e is t o s e d i z d a r e g r a e s c r it a e m r e la ç ã o a o
t o d o , p o r m a is f o r t e r a z ã o s e r e p e t ir á a c e r c a d a p a la v r a e m r e la ç ã o à reg ra . A t e r - s e
a o s v o c á b u l o s é p r o c e s s o c a s u ís t ic o , r e t r ó g r a d o . P o r is s o m e s m o s e n ã o o p õ e , s e m
m a i o r e x a m e,p o d e a deve, n ã o p o d e a n ã o d e ve (so li e m uss, kann n ich t e d a r f nicht, d o s
a le m ã e s ; m a y e shall, d o s i n g le s e s e n o r t e - a m e r ic a n o s ) 329 (1 ) .
327 329 - (1) Gmür, op. cit, p. 52; Caldara, op. cit, n° 220.
1111 Gmür, op. cit., p. 52.
11 1 2 C o u rten ay Tlbert - The Mechanics o f Law Making, 1914’ p. 120, n° 2.
328 330 -(1) Caldara, op. cit., n° 137.
(2) Exemplo: De três em três anos se elegia, em cada Estado, um senador, que terminaria o mandato
daí a nove. Quando, por motivo ocasional, havia duas vagas, como saber qual o que terminaria o
tempo do antecessor e qual o que exerceria um mandato, completou? - Resolvia-se o caso pelo art. To
§§ 5o a 7odas Disposições Transitórias da Constituição de 1891; não havia outrc meio.
227 CARLOS MAXIMILIANO
1 1 1 3 3 3 1 - (1) Carl Crome - System des Deutschen Bürgerlichen Rechts, vol. I, 1900, p. 99.
1114332-(l)LudwigEnneccerus-Le/irè«c/i desBügerlichen Rechts, 15"ed., 1921, vol. I,p. 113, § 51 (a
obra toda é de Enneccerus, Kipp e Wolff; mas o vol. I é feito por Enneccerus); Black, op. cit.,p. 129
130.
1 1 1 5 Crome, vol. I, p. 69, notas 8 e 9; Enneccerus, vol. I, § 51, notas 1 e 2; Black, op. cit., p. 529-532;
Sutherland, vol. II, § 840; Bouvier-Law Dictionary, 8a ed., 1914, verbo ”May”; James Ballentine - A
Law Dictionary, 1916, verbo ”May”.
11 1 6S utherland, vol. II, § 640; Black, op. cit., p. 528-532; Bouvier, loc. cit.; Ballentine, op. cit., verbo
”May”; C. Maximiliano - Comentários à Constituição, 5a ed., n° 133.
”E lícito interpretar como um dever imposto a determinada autoridade pública o poder à mesma
conferido: may = shall (em português: pode = deve, é obrigado) " llbert - The Mechanics of Law
Making, 1914, p. 121, n° 9).
1117E pitácio Pessoa - Mensagem Presidencial, de 1920, trecho relativo à Intervenção Federal no
Estado da Bahia; C. Maximiliano - Comentários, n° 131; Constituição de 1891, arts. 6° e 72, §§1°, 8°,
11, 13 e 30.
1118E nneccerus, vol. I, § 51, notas 1 e 2; Crome, vol. 1, p. 99, notas 8 e 9; Sutherland, vol. II, § 640.
1 1 1 9 R . Von Jhering - L 'Esprit du Droit Romain, trad. Meulenaere, ed., vol. Ill, p. 50, § 46.
c o r r e s p o n d e m e m t o d a a l in h a , é h is t o r ic a m e n t e a p r im e ir a , e q u a n d o a c o m p a r o à q u e l h e
s u c e d e , e u a d e n o m in o f o r m a in fe rio r" (6 ) .
3 3 3 - E m re g r a ,p a ra a au to rid a d e, q u e t e m a p r e r r o g a t iv a d e a j u iz a r , p o r a l-
v e d r i o p r ó p r i o , d a o p o r t u n id a d e e d o s m e io s a p r o p r ia d o s p a r a e x e r c e r a s s u a s a t r i
b u iç õ e s , o p o d e r s e r e s o lv e e m dever.
G e n e r a liz a - s e a a c e p ç ã o p e r e m p t ó r ia , n a e s f e r a d o D i r e i t o P ú b l i c o : o n d e a l i n
g u a g e m d a C o n s t i t u i ç ã o o u t o r g a p o d e r, e s t e é c o m p r e e n d id o c o m o dever; n ã o s e i n
t e r p r e t a a l e i s u p r e m a c o m o d e s c e n d o a f i x a r p r e c e it o s n ã o n e c e s s á r io s , r e g u la r m a t é r ia s
n ã o e s s e n c ia is , f o r m u l a r n o r m a s q u e s e o b s e r v a r ia m à v o n t a d e . P r e s u m e m - s e im pera tiva s,
o u p e r e m p t ó r ia s , a s s u a s d is p o s iç õ e s ; e s ó e m c a s o s d e e v id ê n c i a p le n a , q u a n d o d o s e n t id o
l ó g i c o , d a e x e g e s e a m p l a n ã o r e s u lt e d ú v id a s o b r e s e r e m p e r m i s s i v a s o u d ir e t o r ia s , s e r á
l í c i t o e n t e n d ê - la s n e s t e c a r á t e r 331 ( 1 ) . H á , p o is , e x c e ç õ e s , c o m o o d a C o n s t i t u i ç ã o d e 1 8 9 1 ,
a r t. 3 o, c o m b in a d o c o m o 3 4 , § 1 3 ; p o r é m s ó p r e v a le c e m q u a n d o , n ã o s ó a le t r a , m a s
t a m b é m o e s p ír it o , c o n c o r d a n t e s o e le m e n t o f i l o l ó g i c o e o s is t e m á t ic o , l e v e m a c o n c l u i r
p o r s im p le s a u t o r iz a ç ã o , p o s s ib i li d a d e , c o m p e t ê n c ia f a c u lt a t iv a .
3 3 4 - O b s e r v a - s e , à s v e z e s , o in v e r s o , p r in c i p a l m e n t e n o s d o m í n i o s d o D i r e i
t o P r iv a d o : a l in g u a g e m é im p era tiva , p o r é m d o e x a m e d o c o n t e x t o r e s u lt a u m a
n o r m a f a c u l t a t iv a o u p e rm issiv a ; d e v e r e s o lv e e m p o d e . D a s s im p le s p a la v r a s n ã o
s e d e d u z a f o r ç a o b r i g a t ó r i a absolu ta, a p e n a i m p l í c i t a d e n u lid a d e p a r a a i n o b s e r
v â n c ia d a r e g r a 332 (1 ) .
T a m b é m s e a u to riza e m t e r m o s q u e e n v o lv e m p r o ib iç ã o (2 ) .
A R G U M E N T O D E A U T O R ID A D E
3 3 5 - S e m p r e s e u s o u n a s l id e s j u d i c i á r i a s , c o m e x c e s s i v a f r e q ü ê n c ia , b o m
b a r d e a r o a d v e r s á r io c o m a s le t r a s d e a r e s t o s e n o m e s d e a u t o r e s , c o m o s e f o r a m a r
g u m e n t o s 333 ( 1 ) .
O D i r e i t o é c i ê n c i a d e r a c i o c ín i o ; c u r v a n d o - n o s a n t e a r a z ã o , n ã o p e r a n t e o p r e s t íg io
p r o f is s io n a l d e q u e m q u e r q u e s e ja . O d e v e r d o j u r is c o n s u lt o é s u b m e t e r a e x a m e o s
c o n c e it o s d e q u a lq u e r a u t o r id a d e , t a n t o a d o s g r a n d e s n o m e s q u e i lu s t r a m a c iê n c ia , c o m o
a d a s a lt a s c o r p o r a ç õ e s j u d i c i á r i a s . E s t a s e a q u e le s m u d a m f r e q ü e n t e m e n t e d e p a r e c e r , e
a lg u n s t ê m a n o b r e c o r a g e m d e o c o n f e s s a r ; l o g o s e r ia i n s â n i a a c o m p a n h á - lo s s e m i n q u i r i r
d o s f u n d a m e n t o s d o s s e u s a s s e r t o s , c o m o s e e le s f o r a m i n f a l í v e i s ( 2 ) . N u lliu s a d d ic tu s
ju r a r e in v e rb a m a g istri: " n in g u é m e s t á o b r ig a d o a j u r a r n a s p a la v r a s d e m e s t r e a lg u m . "
229 CARLOS MAXIMILIANO
3 3 6 - O a r g u m e n t o ab a u cto rita te g o z o u a té d e p r e s t íg i o o f i c ia l ; n o c a s o d e
c o n t r a s t e d e o p in iõ e s , e r a d e r ig o r ; o u t r o r a , a p r e f e r ê n c ia , n ã o p e lo s f u n d a m e n t o s l ó g i c o s ,
e , s im , p e lo s a u t o r e s .
J u s t in ia n o e x p l ic i t a m e n t e o r d e n a r a q u e s e g u is s e m P a p i n i a n o , U l p i a n o e P a u l o ,
d e s p r e z a s s e m M a r c ia n o , e a c im a d e t o d o s c o l o c a s s e m o p r im e i r o , o p t a s s e m p e lo s e u
p a r e c e r -p r o p te r h on orem sp le n d id issim i P a p in ia n is " e m v ir t u d e d a c o n s id e r a ç ã o d e v id a
a o b r il h a n t í s s i m o P a p i n i a n o " 334 ( 1 ) . A l is t a e x a r a d a n a c o n s t it u iç ã o d e T e o d ó s i o I I e r a
m a io r , c o m p r e e n d ia t a m b é m M o d e s t in o e G a io ; m a s a s s e g u r a v a a p r e e m i n ê n c ia a
P a p i n i a n o (2 ) .
N a I d a d e M é d i a a u r e o la r a m d e p r e s t íg i o a v a s s a la d o r o s g lo s a d o r e s ( 3 ) ; o m a i o r d e
t o d o s f o i A c u r s i o ( 1 1 8 2 - 1 2 6 0 ) , o íd o lo d o s ju risc o n su lto s, a u t o r d a G ra n d e G losa,
o b s e r v a d a c o m o s e f o r a u m c ó d ig o . B a r t o l o d e s t r o n o u - o e m o s é c u lo im e d ia t o , e f o i a
f i g u r a c e n t r a l e n t r e o s j u r is t a s d e m a i s d e d u z e n t o s a n o s , q u e p r e f e r ia m o D i r e i t o r o m a n o
à s G lo sa s d o s dou tores.
A t é h o je , e m c a d a p a ís , p r e v a le c e , n u m o u n o u t r o r a m o d o D i r e it o , u m a a u t o r id a d e
s e m p a r . N a A le m a n h a f o r a m o s f a v o r i t o s W i n d s c h e i d , p a r a o D i r e i t o C i v i l , e S t a u b s p a r a
o C o m e r c ia l ( 4 ) ; s u b s t it u ír a m - n o s P l a n c k e E n d e m a n n . P r e d o m in a r a m , n a S u íç a ,
W in d s c h e id e J a e g e rs (5 ); e m F r a n ç a , A u b r y & R a u , p a r a o C iv il; G a r s o n -
Aristóteles assim justificava o proceder em desacordo com o seu grande mestre: Amicus Plato, sed
magis amica veritas: "Platão é meu amigo; porém maior amiga minha é a verdade." n e t, e m
P r o c e s s o ; L y o n C a e n & R e n a u lt , e m D i r e i t o C o m e r c ia l ( 6 ) ; n o B r a - s il - I m p é r io
T e i x e i r a d e F r e i t a s f o i o p rim u s in ter p a re s ; n a R e p ú b l i c a p r e v a le c e r a m R u i
334 336 - (1) Código Justinianeu, liv. I, tít. 17, frag. 1, § 6o.
1122C ogliolo - Scritti Varii, vol I, p. 16-17.
1123Fulgosio verberava o fanatismo pelos postglosadores, nestes termos: "assim como os antigos
adoravam ídolos em vez dos deuses, assim também os advogados adoram glosadores como se foram
evangelistas" - sicut antiqui adorabant idola pro diis ita advocati adorant glossatores pro evangelistis
(Cogliolo - Filosofia, p. 133).
1 1 2 4 G m ü r, op. cit., p. 121 e nota 3.
1 1 2 5 G m ü r, loc. cit.
1126Fabreguettes, op. cit., p. 250, nota 3, e p. 387, nota 1.
1127Séculos depois do reinado de Justiniano ainda o grande Cujácio opinava que, a não ser por ir-
risão, ninguém poderia ser comparado a Papiniano: nemo unquam Papiniano oequaripotest, nisi per
deridiculum (Fabreguettes, op. cit., p. 196, nota 1).
B a r b o s a , n o D ir e it o C o n s t it u c io n a l; C ló v is B e v ilá q u a , n o C iv il, e J. X . C a r v a lh o d e
M e n d o n ç a , n o C o m e r c ia l , e m b o r a n e n h u m d o s t r ê s h a ja d e s f r u t a d o p r e d o m ín i o i g u a l
a o d e T e i x e i r a d e F r e it a s , e n t r e n ó s ; W i n d s c h e i d , e n t r e o s p o v o s d e r a ç a g e r m â n ic a , e
P a p i n i a n o , e m R o m a ( 7 ) . E m t o d o o c a s o o s s e u s p a r e c e r e s f o r a m o u v id o s c o m
p a r t i c u l a r a c a t a m e n t o ; in c li n a r a m - s e p e r a n t e e le s , d e p r e f e r ê n c ia , o s j u i z e s e o s
e s t u d io s o s .
3 3 7 - V á r i o s s e n t im e n t o s l e v a m o m a g is t r a d o a a p o ia r - s e n o a r g u m e n t o de
au to rid a d e: o m e d o d e e r r a r s e a c a s o s e f i a e m s u a s p r ó p r ia s lu z e s ; o r e c e io d e c o n s
t i t u i r o p i n i ã o is o la d a ; a a v e r s ã o à s n o v id a d e s , c o m u m n o s v e lh o s e n o s q u e p u b l i c a
r a m o s e u m o d o d e p e n s a r ; o d e s e jo d e o b t e r a s s e n t im e n t o d e o u t r o s , v it ó r ia s ,
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 230
a p la u s o s 335 ( 1 ) . D a p a r t e d o s a d v o g a d o s a q u e le p r o c e s s o é a p r o v e it a d o c o m o o b j e t i-
v o d e e s p e c u la r c o m o in s t in t o d e im it a ç ã o , a p r e g u i ç a in t e le c t u a l, a t i m id e z , a i g n o
r â n c ia d o j u i z e o h o rro r d a re sp o n sa b ilid a d e: in s i n u a m u m a s o lu ç ã o j á f e it a , p a r a
n ã o c o r r e r , o j u lg a d o r , o s a z a r e s d e u m a n o v a , e m q u e s e a r r is c a r i a a e r r a r e v e r o s e u
vered ictu m r e p e l i d o p e lo s c o le g a s , d is s e c a d o p e lo s c a u s í d i c o s o u r e f o r m a d o p e lo
t r i b u n a l s u p e r io r (2 ) .
A f a c i li d a d e e m a c h a r a u t o r id a d e s p r ó e contra, s o b r e t o d a s a s q u e s t õ e s s é r ia s ,
d e m o n s t r a a f r a q u e z a d e s e m e lh a n t e m o d o d e p e r s u a d ir e v e n c e r . R e p it a m - s e a s r a z õ e s ,
n ã o o s n o m e s a p e n a s ; a f ir m a ç õ e s , s e m j u s t i f i c a ç ã o expressa, p o d e m s e r o f r u t o d e
in a d v e r t ê n c ia . Q u a n d o o s a r g u m e n t o s s ã o f r a c o s , in s u f ic i e n t e s , o u n e m e x is t e m s e q u e r ,
d im i n u í d a h á d e s e r a c o n f i a n ç a n a d o u t r in a , e m b o r a d e a lt o t r i b u n a l, o u g r a n d e
j u r is c o n s u lt o ( 3 ) . E x c e t u a m - s e o s a s s e r t o s r e la t i v o s a q u e s t õ e s p a c í f i c a s , o s q u a is o s
e s c r it o r e s r e p e t e m s e m j u s t i f i c a r .
H á u m c a s o e m q u e o a r g u m e n t o d e a u to rid a d e s e t o r n a m u i t o f o r t e ; é s e e le s e
r e v e s t e d o s c a r a c t e r ís t ic o s d a b o a j u r is p r u d ê n c i a , is t o é , s e t r a d u z u m p a r e c e r uniform e e
con stan te. " Q u a n d o a d o u t r in a d o s e s c r it o r e s a p a r e c e c o m o u m f e i x e c o m p a c t o , u m b lo c o ,
m e lh o r a in d a q u a n d o é u n â n im e , c o n s t i t u i u m a a u t o r id a d e m u i t o p o s it i v a , q u e , s e m
e x c l u i r a b s o lu t a m e n t e o c r it é r i o p r o f is s io n a l d o in t é r p r e t e , l h e i m p õ e g r a n d e p r u d ê n c ia
p a r a r o m p e r , d e f r e n t e , c o n t r a o q u e a m e s m a l h e s u g e r e " (4 ) .
338 - A p e s a r d a f r a q u e z a d o a r g u m e n t o d e au to rid a d e, n ã o d e v e a b a n d o n á - lo ,
e m a b s o lu t o , o p r o f is s io n a l . F a z e f e it o n a m u lt id ã o ; e o a d v o g a d o , o u p o le m is t a ,
n ã o p o d e d e s p r e z a r e s s e f a t o r d e p r e s t íg i o e ê x it o . C o n v é m in v o c á - l o , p a r a c o n t r a b a la n ç a r
o t r i u n f o r e s u lt a n t e d e c it a ç õ e s d e a u t o r e s e a r e s t o s p e lo c o n t r a d it o r 336 ( 1 ) .
S e r v e p r in c i p a l m e n t e p a r a e v it a r p r o l i x i d a d e e c o m o r e m a t e a u m a a r g u m e n t a ç ã o
m a is s ó lid a : d e p o is d e a c u m u la r e le m e n t o s l ó g i c o s , a s m e lh o r e s r a z õ e s ; c o m p le t a r ia o
e f e it o d e t r a b a lh o o d e c la r a r a f in a l, p o r e x e m p lo , o s e g u in t e : s u f r a g a m a m e s m a d o u t r in a
o s e s c r it o r e s F , G , e H e o s t r i b u n a is A , B e C . B a s t a r ia , n e s s e c a s o , c i t a r o s l i v r o s e
p á g in a s o u p a r á g r a f o s r e s p e c t iv o s , e a s d a t a s d o s j u lg a d o s .
N o f o r o , s o b r e t u d o , n a d a s e d e v e d e s d e n h a r q u e p o s s a c o n c o r r e r p a r a o ê x it o d a
c a u s a ; n a s l i d e s j u d i c i á r i a s , p r o v a s , a r g u m e n t o s , e n f i m e le m e n t o s d e c o n v i c ç ã o e f a t o r e s
d e v i t ó r i a n u n c a s ã o d e m a is (2 ) .
5 8 6 - N ã o é d e li c a d o e p r o d u z m a u e f e it o o i n v o c a r a a u t o r id a d e d a q u e le p e r a n t e o
q u a l o u c o n t r a q u e m s e p le i t e i a o u d is c u t e ; e s p e c u la - s e , d e s t e m o d o , c o m a
v a id a d e , q u e i n t e r d i z o a b a n d o n o e a r e t r a t a ç ã o d o e r r o . C h a m a - s e a r g u m e n t o
a d hom inem , a d ju d ic e m o u a d curiam , c o n f o r m e s e r e f e r e o a n t e r io r p a r e c e r do
co n tra d ito r, d e um ju iz, o u de trib u n a l co letivo . T a l p r o c e s s o f e r e a o m e s m o
t e m p o a s c o n v e n iê n c ia s e a l ó g i c a 337 (1 ) .
1 1 3 1 338-(l)BerriatSaint-Prix, op. cit.,n'“ 116 e 119. (2)
Berriat Saint-Prix, op. cit., n° 119.
1 1 3 2 3 3 9 - (1) Berriat Saint-Prix, op. cit., n°s 113 e 120.
1 1 3 3 3 4 0 - (1) Berriat Saint-Prix, op. cit., n° 167.
1 1 3 4 3 4 1 -(1) MienBonnecase- L'Ecote de lExegese en Droit Civil, 1919, n°s 25-28; Berriat Saint-Prix,
op. cit., nos 95-112. Vede o capítulo - Elemento Histórico.
231 CARLOS MAXTMTLTANO
5 8 8 - N ã o se c o n fu n d a o a rg u m e n to de a u to rid a d e c o m o d e fo n te . M e re c e este
m u ito m a io r a p re ço , e v e rific a -se q u a n d o se in v o c a u m liv ro , o u te x to le g is la ti
v o , q u e in d isc u tiv e lm e n te se rv iu de b a s e p a ra o tra b a lh o d e le g isla d o r. A ssim
a c o n te c e u e m F ra n ç a a re sp e ito d a o b ra de P o th ie r, e le v a d a ao p re stíg io de
D ire ito S u b sid iário , p o rq u e in sp iro u , n a ín teg ra , a p a rte d o C ó d ig o C iv il re la tiv a
à s O b rig a ç õ e s339 (1); o m e sm o se d e u n o B ra sil, c o m o liv ro d o D e se m b a rg a d o r
S araiv a, d e q u e p ro v e io o D ire ito C a m b ia l e m v ig o r no p a ís (2).
Nem o próprio argumento de fonte é decisivo: vede a dissertação sobre - Testis unus... , n° 313.
5 8 9 José A. Saraiva - A Cambial, 2a ed., 1918. Vede J. X. Carvalho de Mendonça - Tratado de Direito
Comercial Brasileiro, vol. V, Parte II, 1922, n° 534, nota*; Paulo de Lacerda - A Cambial no Direito
Brasileiro, 3a ed., Prefácio.
59ORacine, em sua comédia Les Plaideurs, ato III, cenas III e IV, satiriza o abuso do argumento de
autoridade: descreve um juiz (Dandin) impaciente, enquanto o advogado se alonga a invocar "a
autoridade do Peripatético", e a citar "Pausânias, Rebuffe, o grande Cujácio, Hermenopolus", até
que o magistrado adormece profundamente, para despertar ainda atordoado, esboçar, a princípio,
condenação desarrazoada e iníquia, e propender, enfinr, para o sentimentalismo e a absolvição.
R E FO R M A D A L E I SEM A LT E R A R O TEX TO
340 342 - (1) Berriat Saint-Prix. op. cit., n° 164.
(2) "A ironia, que eu aconselho, não é cruel. É doce e benévola. O seu riso desarma a cólera, e é ela
que nos ensina a zombar dos maus e dos tolos, que, se não fora esse derivativo, poderíamos ter a
fraqueza de odiar" (Anatole France - LeJardin d'Epicure, 1923, p. 94-95).
343 - N ã o p o d e o in té rp re te a lim e n ta r a p re te n sã o d e m e lh o ra r a le i c o m d e so
b e d e c e r às su as p re s c riç õ e s e x p lícitas. D e v e te r o in tu ito d e c u m p rir a re g ra p o s iti
va, e, tan to q u a n to a le tra o p e rm ita , fa z ê -la c o n se n tâ n e a c o m a s e x ig ê n c ia s d a
atu alid a d e. A ssim , p o n d o e m fu n ç ã o to d o s o s v a lo re s ju ríd ic o -so c ia is, e m b o ra le v a
do p e lo c u id a d o e m to rn a r e x e q ü ív e l e e fic ie n te o te x to , su tilm e n te o fa z m elh o r,
p o r lh e a trib u ir e sp írito , o u alca n c e , m a is ló g ic o , a d ian tad o , h u m a n o , d o q u e à p ri
m e ira v ista a le tra c ru a p a re c e ria in d ic a r341 (1).
O h e rm e n e u ta d e h o je não p ro c u ra , n e m d e d u z, o q u e o le g is la d o r d e a n o s a n te rio re s
q u is esta b elecer, e, sim , o q u e é d e p re s u m ir q u e o rd e n aria , se v iv e sse no a m b ie n te so cia l
h o d iem o . S e m e sb a rra r d e fre n te c o m o s te x to s, an te a m e n o r d ú v id a p o ss ív e l o in té rp re te
c o n c ilia o s d iz e re s d a n o rm a c o m a s e x ig ê n c ia s so c ia is; m o stra n d o sem p re o p u ro
in te re sse d e c u m p rir as d isp o siç õ e s e sc rita s, m u d a -lh e s in s e n siv e lm e n te a e ssê n c ia , às
v e z es a té m a lg ra d o seu, isto é, se m o d esejar; e a ss im e x erce, e m c e rta m e d id a , fu n ç ão
cria d o ra : c o m u n ic a e sp írito n o vo à le i v elh a (2).
233 CARLOS MAXIMILIANO
341 343 - (1) E. R. Bierling - Juristische Prinzipienlehre, 1911, vol., IV, p. 262, nota 54; Cogliolo -
Scrítti Varii, vol. I, p. 39 e 42.
Doutrina Jeremias Bentham: ”Nunca é a própria lei que está em desacordo com a razão; é sempre
algum malvado intérprete da lei que a corrompeu e dela abusou - // is never the law itself that is in
the wrong; it is always some wicked interpreter of the law that has corrupted and abused it (apud
Brunken & Register - Science o f Legal Method, 1917, p. 223). (2) Bierling, vol. IV, p. 228-230.
342 344 - (1) Gmiir, op. cit., p. 134. Vede o capítulo - Livre Indagação, n° 77.
1 1 3 5 C arm elo Caristia - // Diritto Costituzionale Italiano nella Dottrina Recentissima, 1915, p. 153.
1 1 3 6 J e a n Cruet - A Vida do Direito e a Inutilidade das Leis, trad, portuguesa, 1908, p. 93.
1 1 3 7 C ru e t, op. cit., p. 88-89.
1 1 3 8 W a lte r Jellinek, op. cit., p. 186-187 e nota 35; Frisch - Widerspriiche In der Literatur und Praxis
des Schweizerischen Staaisrecht, 1912, p. 30 e segs.
1 1 3 9 C ru e t, op. cit., p. 94-102.
1140 H o u v e uma exceção em 1925: o Senado desaprovou a nomeação de W arren para Attorney
General, que nos Estados Unidos acumula funções exercidas no Brasil pelo Procurador-Geral da
República e pelo Ministro da Justiça.
T o d o o r e g im e p a r la m e n t a r é m a is o f r u t o d e co stu m es p o l í t i c o - j u r í d i c o s d o q u e d e
d is p o s iç õ e s e s c r it a s .
N o s E s t a d o s U n i d o s a o P r e s id e n t e n ã o i n c u m b i a a l i v r e e s c o lh a d o s M i n i s t r o s :
d e p e n d ia d e a p r o v a ç ã o d o S e n a d o a in v e s t id u r a . P a s s o u e s t a c â m a r a a h o m o l o g a r
s is t e m a t ic a m e n t e a s n o m e a ç õ e s ; e a s s i m p r e v a le c e u , d e f a t o , a c o m p e t ê n c ia e x c l u s i v a d o
C h e f e d e E s t a d o , a t r ib u t o i n t r í n s e c o d o r e g im e p r e s id e n c i a l (7 ) .
345 - C a s o t í p i c o d e m e lh o r i a n a l e i p o r m e io d e in t e r p r e t a ç ã o e d o costu m e
v e r if ic a - s e a r e s p e it o d a r e e le iç ã o d o p r im e i r o m a g is t r a d o d a R e p ú b l i c a . E x i s t e a
t e n d ê n c ia d e m o c r á t ic a u n iv e r s a l, c o n t r á r ia à l o n g a c o n t in u id a d e n o g o v e r n o 343 ( 1 ) . D a í
r e s u lt a in s in u a r - s e , a d e s p e it o d a l e i e s c r it a , o p r i n c í p i o v e d a d o r d a s r e e le iç õ e s .
343 345-(1) A. Esmein-Elements de Droit Constitutionnel Français et Compare, T ed., 1921,vol. TT, p. 38.
(2) James Bryce- The American Commonwealth, 3”ed., vol. T, p. 45-46; Esmein, vol. TT, p. 40.
O princípio costumeiro norte-americano forma o art. 58 da Constituição da Tcheco-Eslováquia, de
1920 (Esmein, vol. TT, p. 40).
Em 1940, Roosevelt quebrou a tradição, obteve terceiro mandato.
(3) Léon Duguit - Traité de Droit Constitutionnel, 1911, vol. TT, p. 418-419.
Sob o pretexto de manter a continuidade governamental às portas da guerra, em 1939 o Parlamento
abriu exceção à excelente norma consuetudinária, em favor de um Presidente que foi, meses depois,
forçado a renunciar.
(4) Paulo, no Digesto, liv. 50, tít. 17, frag. 144.
5 9 1 - O b s e r v a m - s e t a m b é m n o B r a s i l in t e r p r e t a ç õ e s e p r á t ic a s m o d i f i c a d o r a s d o
e s p ír it o d e d is p o s i t i v o s d o c ó d i g o s u p r e m o : a) R e d u z ir a m - s e a le t r a m o r t a a s
p a la v r a s " d i v e r s i f ic a n d o a s l e i s d e s t e s " , d o a r t. 6 0 , le t r a d, d o e s t a t u t o d e 1 8 9 1 .
235 CARLOS MAXIMILIANO
1 1 4 1346 - (1) No primeiro quadriênio da República o Senado recusou aprovar três nomeações, aliás
escandalosas: de um médico e dois generais, amigos do vice-presidente em exercício, Floriano
Peixoto, para magistrado da mais alta corte judiciária do País! Prevaleceu a regra de só escolher
para a suprema judicature os bacharéis em Direito, e passou a ser sistemática a homologação.
1 1 4 2 3 4 7 - (1) Pietro Cogliolo - Scritti Varii, vol. I, p. 39-40.
IM P R E S C R IT IB IL ID A D E D A D E F E S A
N e n h u m f u n d a m e n t o d e d e f e s a p e r d e a e f i c á c i a e n q u a n t o p e r s is t e , p a r a o a d
v e r s á r io , a f a c u ld a d e d e a c io n a r . S e u m t e r m o é p r e e s t a b e le c id o e m l e i p a r a s e f a z e r v a l e r
d e t e r m in a d o d ir e i t o p o r m e io d e a ç ã o , o d e c u r s o d o p r a z o r e f e r id o n ã o im p e d e o t it u la r ,
d o m e s m o d ir e it o , d e o a le g a r c o m o b a s e d e c o n t e s t a ç ã o , e m s e n d o d e m a n d a d o 346 (1 ) .
E x e m p l o : P a r a s e l i v r a r d e c r e d o r e s , C a i o v e n d e i m ó v e l s im u la d a m e n t e a T í c i o . E s t e f a z
c i t a r o h e r d e ir o u n i v e r s a l d a q u e le , p a r a c u m p r i r o c o n t r a t o c o m a e n t r e g a d o b e m d e r a iz .
O d e m a n d a d o a le g a o v í c i o d a v e n d a ; o s u p o s t o a d q u ir e n t e o b j e t a q u e d e c o r r e r a m m a is d e
q u a t r o a n o s e , p o r is t o , a e i v a d a s im u la ç ã o p r e s c r e v e u . O s u c e s s o r d e C a i o t r iu n f a r á , p e lo
m e n o s n e s t e p o n t o ; p o i s e le e o d e cu ju s c o n s e r v a r a m o s e u d ir e it o , v is t o q u e m a n t iv e r a m
a p o s s e e n ã o t r a t a r a m d a e x e c u ç ã o d o c o n t r a t o , a ex ceçã o n ã o p r e s c r e v e u ; e m q u a t r o a n o s
p r e s c r e v e u a a ç ã o (2 ) .
346 347-A - (1) Ricci, Batista, Caire & Piola - Corso di Diritto. Vede n° 347-E, letras a e b.
114 3 G io rg io Giorgi - Teoria deite Obbligazioni, T ed., vol. VIII, n° 236.
1144D igesto, liv. 44, tít. 4° - De doli mali et metus exceptione, fragmento 59, § 6°: Non sicut de dolo actio
certo temporefinitur, ita etiam exceptio eodem tempore danda est; nam haec perpetuo competit: cum
actor quidem in sua potestate habeat, quando utatur suo jure; is autem cum quo agitur, non habeat
potestatem, quando conveniatur: ”Embora a ação motivada por dolo termine dentro de certo tempo,
não precisa ser oferecida no mesmo prazo a exceção de igual natureza; porquanto esta é cabível
perpetuamente: ao passo que o autor tem em seu poder fixar o momento de usar o próprio direito; à
pessoa, porém, contra a qual ele age, não assiste o arbítrio de fazer prevalecer o seu quando lhe
pareça conveniente.”
1145T héophile Hue - Commentaire du Code Civil, vol. VIII, n° 189.
1146Petroncelli, monografia in Nuovo Digesto Italiano, 1937-1940, vol.V, verbo ”Eccezione”, n° 6; João
Monteiro - Processo Civil, vol. II, §§ 102, 108 e 110; A. J. Ribas - Consolidação das Leis do Processo
Civil, arts. 558 e 581.
O brocardo não se refere às exceções dilatórias: à de incompetência rationepersonae, por exemplo.
(6) Código Civil italiano, de 1885, arts. 1.300 e 1.302; Staudinger - Kommentar zum Bürgerli-
chen Gesetzbuch, 9a ed., vol. I, coment. 8° ao art. 194; Enneccerus, Kipp & Wolff-Lehrbuch des
Bürgelischen Rechts, 8a ed., vol. I, parte Ia, § 218, V; Ehrenzweig - System des Oesterreichischen
Allgemeinen Privatrechts, vol. 1, § 134; Biermann - Biirgerliches Recht, vol. I, § 37; Pacifi-
ci-Mazzoni - Istituzioni di Diritto Civile, vol. II, n° 198; Fadda & Bensa, notas ao vol. I, § 112,
das Pandette, de Windscheid.
A m á x i m a l a t i n a s e n ã o r e f e r e s ó a o s c a s o s d e n u l i d a d e e r e s c is ã o , c o m o , i n
t e r p r e t a d o l it e r a lm e n t e , p a r e c e i n d i c a r o c o n h e c id o p r e c e it o d o j u r is c o n s u lt o P a u l o ( 3 ) ,
o r ig e m c l á s s ic a d o b r o c a r d o g e n é r ic o ; t e m u m a lc a n c e a m p lo ( 4 ) . C o m p r e e n d e t o d o s o s
m e io s d ire to s d e i l i d i r a a ç ã o , a s e x c eç õ e s p e re m p tó ria s, d o s d o u t o r e s ( 5 ) , c o m o s e ja m : a
d e nan a d im p leti co n tra c tu s ( n ã o c u m p r im e n t o d a s c l á u s u l a s a q u e s e o b r ig a r a o a u t o r ) ;
d e c o i s a j u lg a d a ; n o v a ç ã o o u t r a n s a ç ã o ; p a g a m e n t o ; p r e s c r iç ã o ; e r r o ; d o lo , m e d o ,
s im u la ç ã o , d ir e i t o d e r e t e n ç ã o , f a lt a d e p r e s t a ç ã o d e g a r a n t ia , o u d e c a p a c id a d e d o
o b r ig a d o , e s e m e lh a n t e s a r g ü iç õ e s d e d e f e s a ( 6 ) .
3 4 7 - B - C o m a s r a z õ e s s e g u in t e s é j u s t i f i c a d a t r a d ic io n a lm e n t e a p r e v a l ê n c ia d o
p r e c e it o r o m a n o : a) A a ç ã o e x e r c it a - s e à v o n t a d e d o t i t u l a r d o d ir e it o ; o m e s m o n ã o s e d á
237 CARLOS MAXIMILIANO
349 347-D - (1) Lomonaco, vol. V, p. 360; Pacifici-Mazzoni, vol. TT, n° 198; Acórdãos das Cortes de
Apelação de Florença, Nápoles e Messina, apud Ricci & Battista, vol. V, n° 147.
1147L arom bière - Théorie et Pratique des Obligations, vol. V, coment. 34, ao art. 1.304; Toullier &
Duvergier - Le Droit Civil Français, 7a ed., vol. TV, n° 602.
1148Savigny, vol. V, § 255, notap; Ehrenzeig, vol. T, § 134; Planiol & Ripert e Esmein - Traité Pratique
de Droit Civil Français, vol. VT, n° 460; Giorgi, vol. VTTT, n° 237.
1149M ostram -se acordes com a parêmia clássica: Charles Maynz -Cours de Droit Romain, 5a ed., vol.
T, § 64; Endemann -Lehrbuch des Bürgerlichen Rechts, vol. T, parte Ta, § 88, nota 32, e § 92, nota 10;
Carl Crome - System des Deutschen Bürgerlichen Rechts, vol. T, § 114, n° 1; Leonhard -Der
Allgemeine Theil des Bürgerlichen Gesetzbuchs, § 63, V; Windscheid & Kipp, vol. T, § 112 e nota 3,
apoiados em Dernburg e Regelsberg; Puchta, op. cit., § 95 e nota b;
Staudinger, vol. T, coment. 8o ao art. 194; Ehrenzeig, vol. T, § 134; Biermann, vol. T, § 99; Savigny,
vol. V, §§ 253-255; Accarias - Précis de Droit Romain, vol. TT, n° 891; Henri Capitant Introduction à
L 'Étude du Droit Civil, 3a ed., p. 308-309; Zachariae Von Lingenthal & Crome -Manuale del Diritto
Civile Francese, trad, italiana de Ludovico Barassi, anotada, vol. T, § 149; Hue, vol. VTTT, n° 190;
Aubry & Rau e Bartini, vol. XTT, § 771; Mario Petroncelli, in Nuovo Di-gesto Italiano, 1937-1940,
vol. V, verbo ”Eccezione”, n° 6; Emmanuele Gianturco - Sistema di Diritto Civile, vol. T, 3a ed., § 75,
p. 390-391; Nicola Stolfí - Diritto Civile, 1919-1934, vol. Tll, n° 1.165; Chironi, vol. T, § 109;
Lomonaco, vol. V, p. 359; De Filippis, vol. VT, n° 133; Chironi & Abello, vol. T, p. 688; Pacifici-
Mazzoni, vol. TT, n° 198; Borsari, vol. Tll, parte 2a, § 3.262 (não integralmente); Giorgi, vol. VTTT, n°
235; J. O. Machado-Exposicióny Comentário del Código Civil Argentino, vol. XT, p. 32; - Dias
Ferreira - Código Civil Português Anotado, vol. TT, coment. ao art. 693; Cunha Gonçalves - Tratado
de Direito Civil, em curso de publicação, vol. Tll, n° 415; Alves Moreira - Instituições de Direito Civil
Português, vol. T, n° 285; M. T. Carvalho de Mendonça - Doutrina e Prática das Obrigações, 2a ed.,
vol. T, n° 43 8; João Mendes Júnior - Direito Judiciário Brasileiro, 2” ed., tít. 3°, cap. 6o, n° V, p. 193
194; Barão de Ramalho - Praxe Brasileira, 2a ed., § 234: Carpenter - Da Prescrição, n° 61; Almeida
Oliveira - A Prescrição, p. 234-239.
d o s o s s e u s d ir e it o s , c o m o s e o a t o m e r e c e d o r d a s u a r e p u ls a j u d i c i á r i a n ã o e x is t is s e ; p o is ,
n e s t e c a s o , a e le n ã o i n c u m b i a p r o v o c a r a a ç ã o ; e s t a v a , e d e v i a c o n t in u a r , n a e x p e c t a t iv a
(2 ) .
E n t r e t a n t o , a j u r is p r u d ê n c i a d o T r i b u n a l S u p r e m o d a A le m a n h a , d a Á u s t r i a e d o
B r a s i l ; b e m c o m o d a s C o r t e s d e C a s s a ç ã o d e F r a n ç a e d a I t á l ia p r e s t ig i a o b r o c a r - d o n a
p le n it u d e d o r e s p e c t iv o a lc a n c e ( 3 ) ; b a s t a n t e n u m e r o s a a in d a , e n t r e o s e x p o s it o r e s d a
c i ê n c i a j u r í d i c a , s e n o s a n t o lh a a f a la n g e p r o p u g n a d o r a d a p e r p e t u id a d e d a s e x c e ç õ e s
p e r e m p t ó r ia s (4 ) .
O C ó d i g o C i v i l i t a l i a n o d e 1 8 6 5 , a r t. 1 . 3 0 2 , e o p o r t u g u ê s , a r t. 6 9 3 , e x p lic it a m e n t e
a s s e g u r a m a i m p r e s c r it ib i li d a d e d a d e f e s a q u e p le i t e i e n u lid a d e o u r e s c is ã o .
239 CARLOS MAXTMTLTANO
3 4 7 - E - O b r o c a r d o m e r e c e a c o lh id a , c o m a s r e s t r iç õ e s s e g u in t e s , n ã o r e c u s a d a s
n e m p e lo s s e u s m a i s e x t r e m o s a p o lo g is t a s :
a ) S ó n ã o p r e s c r e v e m a s e x c e ç õ e s p r o p r ia m e n t e d it a s , m e io s j u r í d i c o s d e r e p e l i r
a ç õ e s . N ã o p r e v a le c e a p a r ê m ia q u a n d o , s o b a a p a r ê n c ia d e e x c e ç ã o , c o l i m a m f a z e r
v in g a r o o b j e t o p r ó p r i o d e u m a v e r d a d e ir a a ç ã o , is t o é , q u a n d o , d e f a t o , a p e n a s s e
c o n t r a p õ e u m p e d id o a o u t r o , d e s o r t e q u e a m a t é r ia d a d e f e s a e a d a d e m a n d a t ê m
e x i s t ê n c i a a u t ô n o m a , n e n h u m a r e la ç ã o d e d e p e n d ê n c ia h á e n t r e u m a e o u t r a , n ã o s e
b a s e ia m a m b a s s o b r e o m e s m o t í t u l o j u r í d i c o . É p r e c is o , p o r t a n t o , q u e a c o n t r a d it a n ã o
e n v o lv a u m a e x i g ê n c ia n o v a , n ã o s e f u n d e s o b r e u m a p r e t e n s ã o , p o r é m s o b r e
d e t e r m in a d o s f a t o s a d e q u a d o s a i l i d i r o l i t í g i o ( s o b r e o d o lo , p o r e x e m p lo ) 350 ( 1 ) . N ã o s e
p e r p e t u a , p o r c o n s e g u in t e , o d ir e i t o d e a le g a r co m p en sa çã o ( 2 ) , n e m o d e reco n ven çã o
( 3 ) : E l i o é a c io n a d o p o r N ó v i o e t e v e c o n t r a e s t e u m c r é d it o , q u e d e ix o u p r e s c r e v e r ; n ã o o
p o d e t r a z e r a c o m p en sa r o d é b it o p o s t e r i o r a o la p s o p r e s - c r ic i o n a l r e f e r id o ; n e m ,
t a m p o u c o , o a d u z ir e m s im p le s reco n ven çã o .
350 347-E-(l)ZachariaeVonLingenthal&Crome, trad, cit, vol. T,§ 149enota 1; Kipp, nota 3 ao § 112 do
vol. T de Windscheid; Staudinger, vol. T, coment. 8 ao art. 194; Stolfi, vol. Tll, n° 1.165; Cunha
Gonçalves, vol. Tll, n°415; Mirabelli - Delia Prescrizione, n° 114-118.
1150w in d sch eid , vol. T, 112, nota 8, além da nota 3, de Kipp; Keller, apud Puchita, op. cit., 95, notai;
Staudinger, vol. T, coment 8 ao art. 194; Stolfi, vol. Tll, n° 1.165; Bartolo, apudRkci & Battista, loc.
cit.
1 1 5 1 Coviello, vol. T, p. 463; Baudry-Lacantinerie & Tissier, op. cit., n° 611; Crome, vol. T, § 114, nota
11; Giorgi, vol. VTTT, n° 235; João Mendes, op. cit., tít. 3°, cap. 6o, n° V.
1 1 5 2 A u b ry & Rau e Bartini, vol. XTT, § 711, p. 530; Baudry-Lacantinerie & Tissier, op. cit., n° 611;
João Mendes, op. cit., tit. 3o, cap. 6°, n° V, p. 193-194.
1 1 5 3 Josserand - Cours de Droit Civil, vol. TT, n° 1.005; vol. Tll, n° 1.636; Enrico Gropallo, in Nuo-vo
Digesto Italiano, 1937-1940, vol. X, in verbis ”Prescrizione Civile”, n° 18; Coviello, vol. T, p. 485;
Planiol & Ripert, Esmein, Radouant e Gabolde - Traité Pratique de Droit Civil, vol. VTT, n° 1.402,
com o apoio de 3 arestos; Hue, vol. XTV, n° 318; Aubry & Rau e Bartin, vol. XTT, § 771; Cunha
Gonçalves, vol. HT, n° 420; Keller, apudPuchte, op. cit., § 95, nota b, Venzi, nota a; Pacifi-ci-
Mazzoni, vol. TT, p. 595 e segs.; Crome, vol. T, § 114, n° 1; Gianturco, vol. T, p. 393, com o apoio de
Arndts, Unterholzner e Windscheid; Seve Navarro, apud Clóvis Beviláqua, op. cit., § 86. Vede:
Carlos Maximiliano - Decadência, na revista ”Direito”, vol. T, janeiro e fevereiro de 1940, p. 41-50.
5 9 3 O c a m p o d e a ç ã o d o b r o c a r d o n ã o se e s te n d e à r é p lic a o p o s ta à c o n te s ta ç ã o
a p r e s e n t a d a p e lo r é u ; n ã o p o d e o a u t o r , e m r e v id e a o s a r g u m e n t o s d a d e f e s a ,
a le g a r d ir e it o s e u c u j a a ç ã o e s t e j a p r e s c r it a ; p o i s q u e m r e p l i c a a u m a e x c e ç ã o ,
n ã o e s t á d e p o s s e d o d ir e i t o r e c la m a d o ( 4 ) .
5 9 4 O a p o t e g m a n ã o a b r o q u e la d e f e s a f u n d a d a e m d ir e i t o e x t in t o p e la d eca d ên cia ;
e s t a n ã o s e c o n f u n d e c o m a p r e s c r iç ã o ; a t in g e a a ç ã o e a execu ção ( 5 ) . E x e m
p lo : s e u m a j o v e m o r iu n d a d e j u s t a s n ú p c ia s p r o p õ e c o n t r a o p r e s u m id o p a i
a ç ã o d e a lim e n t o s e e s t e l h e a r g ú i a i le g i t im i d a d e , d e p o is d e t r a n s c o r r id o o
t e r m o f i x a d o p e lo C ó d i g o C i v i l , a r t. 1 7 8 , § 3 o, e § 4 o, n ° I; s u c u m b e o
c o n t e s t a n t e ; p o r q u e o p r a z o d e d o i s m e s e s p a r a o p r o g e n i t o r im p u g n a r a f i l i a ç ã o
é d e d eca d ên cia ; c o n s t i t u i l a p s o p re c lu siv o , n ã o p re sc ric io n a l; o s e u d e c u r s o
f e r e d e m o r t e o d ir e i t o d o c h e f e d e f a m íl i a , q u e o n ã o p o d e m a i s a le g a r n e m
s e q u e r c o m o fu n d a m e n to d e d e fe s a .
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 240
D E C A D Ê N C IA
p r e c is a m e n t e p o r c a u s a d e s t a d iv e r s id a d e q u e a t é c n i c a p r e f e r iu c r ia r m a i s u m in s t it u t o
j u r í d i c o (3 ) .
C o m o e le m e n t o s e s c la r e c e d o r e s d e u m a t e s e d i f í c i l , t r a n s la d a m - s e c o n c e it o s d e
e x p o s it o r e s p r e s t ig io s o s , n o t o c a n t e a o a s s u n t o o r a v e r s a d o .
M ó d ic a , a u t o r d e l i v r o n o t á v e l s o b r e a m a t é r ia , p r o c la m o u : "D ecadência é o f i m d a
a ç ã o p o r n ã o h a v e r o in t e r e s s a d o e x e r c id o o d ir e i t o d e n t r o d o t e r m o p e r e m p t ó r io f i x o ,
e s t a b e le c id o p o r l e i, s e n t e n ç a , c o n v e n ç ã o o u t e s t a m e n t o " (4 ) .
É a p e r d a d e u m a f a c u ld a d e , d e u m d ir e i t o o u d e a ç ã o , r e s u lt a n t e d a s ó e x p i r a ç ã o d e
u m t e r m o e x t i n t i v o p r e d e t e r m in a d o . O q u e a c a r a c t e r iz a é , p o is , o n ã o r e p o u s a r s o b r e u m a
p r e s u n ç ã o d e a q u is iç ã o , n e m d e l ib e r a ç ã o q u a lq u e r ; m u i t o s e a s s e m e lh a a o s p r a z o s
p r o c e s s u a is (5 ) .
Q u a n d o a l e i c o n c e d e a ç ã o s o b a c o n d iç ã o d o s e u e x e r c í c i o e m u m t e m p o d e
241 CARLOS MAXIMILIANO
t e r m in a d o e d e u m m o d o p r e f i x o , a e x p ir a ç ã o d e s t e t e r m o t r a z a d e c a d ê n cia ( 6 ) . E s t a
r e s u lt a , q u a n d o n o r m a p o s it i v a i m p õ e u m p r a z o p r e f i x a d o p a r a a r e a liz a ç ã o d e ü m a t o , e m
g e r a l p a r a a u t i l iz a ç ã o d e u m a fa c u ld a d e ( 7 ) .
" I n c o r r e - s e e m d eca d ên cia , q u a n d o a l e i o u a v o n t a d e d o h o m e m e s t a b e le c e u m
t e r m o p e r e m p t ó r io p a r a o e x e r c í c i o d e u m d ir e i t o o u a p r o p o s it u r a d e u m a a ç ã o j u d i c i á r i a "
(8 ) .
" P a r a h a v e r d e c a d ê n c ia é n e c e s s á r io q u e a e x i s t ê n c i a d o d ir e it o , q u e d á l u g a r a a ç ã o ,
e , p o r is t o , t a m b é m a e x is t ê n c ia d e s t a , s e ja l im i t a d a p o r l e i a u m c e r t o t e m p o " ( 9 ) . O c o r r e ,
p o r t a n t o , q u a n d o u m t e x t o e x p l í c i t o c o n c e d e a ç ã o , p o r é m c o n d i c i o n a d a a o r e q u is it o d e s e
e f e t u a r a p r o p o s it u r a d e n t r o d e u m la p s o e x a t o .
" O s p r a z o s , is t o é , o t e m p o d u r a n t e o q u a l é d e t e r m in a d o , p e r m i t i d o o u v e d a d o
r e a l i z a r c e r t o s a t o s , c o n s t it u e m a p r i n c i p a l f o n t e d a s d eca d ên cia s" (1 O ).
3 4 7 - G - S o b v á r i o s a s p e c t o s d iv e r g e m d eca d ê n c ia e p r e s c r iç ã o exíiníiva.
a) A s d u a s p e s s o a s q u e f i g u r a m e m c a s o d e d e c a d ê n c ia s ã o , a m b a s , t it u la r e s d e
d ir e it o : o d e u m a , p e r m a n e n t e ; o d a o u t r a , c o n t in g e n t e , e f ê m e r o , s u j e it o a d e s a p a r e c e r
q u a n d o n ã o e x e r c id o d e n t r o d e c u r t o p r a z o . N a s h ip ó t e s e s d e p r e s c r iç ã o , a o c o n t r á r io , s ó
s e n o s d e p a r a u m p o r t a d o r d e d ir e it o ; a o u t r a p a r t e n e n h u m d ir e i t o t e m , n a e s p é c ie ; s o b r e
e la p e s a , a n t e s , u m d e v e r , u m a o b rig a çã o , a q u a l s e e x t in g u e e m c o n s e q ü ê n c ia d a
n e g li g ê n c ia o u b o n d o s a i n é r c ia d o c r e d o r . E x e m p l o d o p r im e i r o c a s o : o f i l h o o r iu n d o d e
j u s t a s n ú p c ia s t e m o s d ir e it o s d e c o r r e n t e s d a l e g it im id a d e ; a o p a i a s s is t e o d ir e i t o d e
c a s s a r s e m e lh a n t e r e g a lia ; o d ir e i t o d o d e s c e n d e n t e é l i m i t a d o n o t e m p o ; d u r a d o i s m e s e s
o d o a s c e n d e n t e , is t o é , e x t in g u e - s e , d e s d e q u e n ã o s e ja e x e r c i d o d e n t r o d e s e s s e n t a d ia s
c o n t a d o s d o n a s c im e n t o d o f i l h o ( C ó d ig o C i v i l , a r ts . 3 4 4 e 1 7 8 , § 3 ° ) . E x e m p l o d o
s e g u n d o c a s o : o to m a d o r d e n o t a p r o m i s s ó r ia t e m o d ir e i t o d e h a v e r a i m p o r t â n c ia d a
m e s m a , e m q u a lq u e r t e m p o ; a o em iten te n e n h u m d ir e it o a s s is t e ; a o c o n t r á r io , e le s u p o r t a
a o b rig a ç ã o d e p a g a r ; d e c o r r id o s c i n c o a n o s d o v e n c im e n t o d o t ít u lo , / 7 o a e l iv r a r - s e d a
c o b r a n ç a a le g a n d o p re sc riç ã o , b) A p r e s c r iç ã o é a d e f i n i t i v a c o n s o li d a ç ã o d e u m e s t a d o
d e f a to d e q u e u m a p e s s o a e s t á g o z a n d o , o p o s t a a o d ire ito d e o u t r a ; a d eca d ê n c ia
c o n s e r v a e c o r r o b o r a u m e s t a d o ju r íd ic o p r e e x is t e n t e , c) A p r im e i r a e x t in g u e u m d ir e it o ; a
s e g u n d a r e s p e it a u m d ir e i t o em v ia d e fo rm a ç ã o , d) A p r e s c r iç ã o f a v o r e c e a q u e m t in h a
u m e s t a d o d e fa to , c o n v e r t id o , d e p o is , p e la in a ç ã o d e o u t r e m , e m e s t a d o d e d ireito ; c o m a
d ec a d ên cia a p r o v e it a q u e m e s t a v a j á f r u in d o um d ire ito e t i n h a c o m o o a d v e r s á r io o
ig u a lm e n t e t i t u l a r d e d ireito, d e u m a a ç ã o q u e s e e x t i n g u i u e e r a d e s t in a d a a a n i q u i l a r o
o u t r o e sta d o d e d ir e ito ( 1 ) , e) A p r im e i r a s ó v e m d a lei; a s e g u n d a p o d e t a m b é m a d v i r d e
d e t e r m in a ç ã o d e j u i z o u d e a t o j u r í d i c o ( u n ila t e r a l o u b ila t e r a l, g r a t u it o o u o n e r o s o ) ( 2 ) , j )
O e s c o p o d a p r e s c r iç ã o é p ô r f i m a u m d ir e i t o q u e , p o r n ã o t e r s id o u t i l iz a d o , d e v e s u p o r -
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 242
s e a b a n d o n a d o ; o d a d eca d ê n c ia é p r e e s t a b e le c e r o t e m p o e m q u e u m d ir e i t o p o s s a s e r
u t ilm e n t e e x e r c id o ( 3 ) . g ) A p r e s c r iç ã o v i s a a p e n a s a çõ es; a d e c a d ên cia n e m s e m p r e :
c o m p r e e n d e a ç õ e s e d ir e it o s : r e f e r e - s e t a m b é m a p r a z o s q u e s e n ã o r e la c i o n a m c o m
a ç õ e s , c o m o , p o r e x e m p lo , o r e la t i v o à c e le b r a ç ã o d e c a s a m e n t o ( C ó d ig o C i v i l , a r t. 1 8 1 , §
I o) ( 4 ) .
h ) A p r e s c r iç ã o s ó é a le g a d a e m exceção, i s t o é , c o m o m a t é r ia de defesa; a d e
ca d ê n c ia p o d e d a r l u g a r a a ç ã o ( 5 ) .
i ) A q u e la , e m r e g r a , a b r a n g e o b r ig a ç ã o o u d ir e u u r e a l, s o m e n t e ; c o m p r e e n d e ,
p o is , o s e le m e n t o s d o p a trim ô n io , a p e n a s ; c a m p o m a is v a s t o , c o m o , p o r e x e m p lo , o
d a s r e la ç õ e s d e fa m ília , a d e c a d ên cia a t in g e (6 ) .
j ) O d ir e it o s u j e it o a d e c a d ê n c ia j á s u r g e c o m o u m a f a c u ld a d e l im i t a d a n o t e m p o ; o
s u b o r d in a d o a p r e s c r iç ã o a b r o lh a e m c a r á t e r i li m it a d o , q u a n t o a o t e m p o ( 7 ) .
I ) E m r e g r a , o s p r a z o s e s t ip u la d o s e m a r t ig o s d e c ó d i g o n ã o c o l o c a d o s n o c a p í t u l o
r e f e r e n t e à p re s c r iç ã o e n o s q u a is s e n ã o d e c la r a e x p lic it a m e n t e v e r s a r e m s o b r e t a l
in s t it u t o , d iz e m r e s p e it o a d eca d ê n c ia ( 8 ) . A r e c íp r o c a , e n t r e t a n t o , n ã o é v e r d a d e ir a : n o
a r t. 1 7 8 d o r e p o s it ó r io b r a s il e ir o d e n o r m a s c i v i s , h á n u m e r o s o s c a s o s d e d eca d ê n c ia
m is t u r a d o s c o m o s d e p r e s c r iç ã o e p o s t u la d o s c o m o s e p e r t e n c e s s e m a e s t a e s p é c ie
j u r íd i c a .
3 4 7 - H - M a i s e s c la r e c e d o r a d o q u e q u a is q u e r r e g r a s s e r á u m a l is t a , e m b o r a
in c o m p le t a s e m p r e , m e r a m e n t e exem plificativa, j a m a is taxativa, d e h ip ó t e s e s c o n s a g r a d a s
d e d e c a d ê n c ia 153 ( 1 ) . E i s a q u e s e n o s d e p a r a n o C ó d i g o C i v i l :
5 9 5 A n u l a ç ã o d e c a s a m e n t o p r o m o v i d a p e lo c ô n j u g e ( a r t. 1 7 8 , § I o, § 5 o, I, § 7 o, I) ;
5 9 6 A n u l a ç ã o d e c a s a m e n t o p r o m o v i d a p e lo m e n o r o u p e lo p a i ( a r t. 1 7 8 , § 4 o, I I , §
5 o, I I ) ;
5 9 7 A n u l a ç ã o d e c a s a m e n t o d e m e n o r d e d e z e s s e is o u d e z o it o a n o s ( a r ts . 1 7 8 , § 5 o,
III; 1 8 3 e 2 1 3 -2 1 6 ) ;
d) A n u l a ç ã o d e c a s a m e n t o e f e t u a d o p e r a n t e a u t o r id a d e in c o m p e t e n t e ( a rt.
208);
e) P r a z o p a r a o c a s a m e n t o , d e p o is d e p u b li c a d o s o s e d it a is r e s p e c t iv o s ( a r t.
1 8 1 );
5 9 8 P r a z o p a r a a s t e s t e m u n h a s d e c a s a m e n t o in ex trem is c o n f i r m a r e m e m j u í z o o
q u e o u v ir a m d o e n f e r m o ( a r t. 2 O O );
5 9 9 I m p u g n a ç ã o d e l e g i t i m i d a d e d e f i l h o n a s c id o n a c o n s t â n c ia d o m a t r i m ô n io ( a r ts .
1 7 8 , § § 3 o e 4 o, I, e 3 4 4 ) ;
h) P e r d a d e t e r r e n o p e la a vu lsã o ( a r ts . 1 7 8 , § 6 o, X I , e 5 4 1 - 5 4 2 ) ;
i ) A c e i t a ç ã o f o r m a l d a h e r a n ç a ( a r t. 1 . 5 8 4 ) ;
j ) S e p a r a ç ã o d o s p a t r im ô n io s , d o d e f u n t o e d o s h e r d e ir o s ( a r t. 1 . 7 6 9 , § 2 o); l) E x c l u s ã o
d e h e r d e ir o in dign o ( a r t. 1 7 8 , § 9 o, I V ) ; m ) R e v o g a ç ã o d e d o a ç ã o p o r i n g r a t id ã o ( a r ts . 1 7 8 ,
§ 6 o, I, e 1 . 1 8 4 ) ; ri) P r a z o p a r a d e s o b r ig a r o u r e i v i n d i c a r b e n s o n e r a d o s o u v e n d id o s
ile g a lm e n t e p e lo p a i e p e r t e n c e n t e s a f i l h o m e n o r ( a r t. 1 7 8 , § 6 o, I I I e I V ) ;
353 347-H - (1) Os casos, enunciados em seguida, encontram-se mencionados nas obras citadas de Clóvis
Beviláqua - Código Civil Comentado, vol. I, comentário ao art. 178; Carpenter, Módica -Teoria delia
Decadenza, Giorgi, Gropallo, Stolfi, Mirabelli, Staudinger, Crome, Josserand, Hue, Aubry & Rau,
Planiol & Ripert e Cunha Gonçalves.
1 1 6 2 E n rico Gropallo, in Nuovo Digesto Italiano, 1937-940, vol. X, in verbis "Prescrizione Civile", n°
18.
1 1 6 3 Giorgi, vol. VIII, n° 225.
243 CARLOS MAXIMILIANO
0) P a c t o d e m e lh o r c o m p r a d o r , n o c o n t r a t o d e c o m p r a e v e n d a ( a r t. 1 . 1 5 8 ,
pa
r á g r a f o ú n ic o ) ;
p ) P r e f e r ê n c i a a t r ib u í d a a o c o n d ô m in o , e m c a s o d e a lie n a ç ã o d e p a r t e d a c o i s a
c o m u m ( a r t. 1 . 1 3 9 ) ;
q ) V í c i o r e d i b i t ó r i o e m m ó v e l, s u p r im e n t o d e p r e ç o , e tc . ( a r t. 1 7 8 , § 5 o, I V ) ;
r) V í c i o r e d i b i t ó r i o e m c o i s a m ó v e l ( a r t. 1 7 8 , § 2 ° ) ;
s ) C l á u s u l a d e resg a te, e m c o m p r a e v e n d a ( a r ts . 1 7 8 , § 8 o, e 1 . 1 4 1 ) ;
1) R e m is s ã o d e i m ó v e l h ip o t e c a d o ( a r t. 8 1 5 ) ;
u ) R e s p o n s a b i l id a d e d o e m p r e it e ir o p e la s o l id e z e s e g u r a n ç a d a c o n s t r u ç ã o ( a r t.
1 .2 4 5 ) ;
v ) I n t e r d it o p o s s e s s ó r io ( a r t. 5 2 3 ) ;
x ) P r a z o p a r a o i n v e n t á r i o ( a r t. 1 . 7 7 0 ) ;
y ) P r a z o p a r a a c e it a r p r o p o s t a d e c o n t r a t o ( a r t. 1 . 0 8 1 , I I I ) ;
z ) D i r e i t o d e p re e m p ç ã o ( a r t. 1 . 1 5 3 ) ;
aa) E s c u s a d e t u t e la ( a rt. 4 1 6 ) ;
bb) P r a z o p a r a p r o p o r a ç ã o r e s c is ó r i a ( a r t. 1 7 8 , § 1 0 ° , V I I I ) ;
cc) P r a z o p a r a e x i g i r q u e s e d e s f a ç a j a n e la , s a c a d a , t e r r a ç o o u g o t e ir a s o b r e o s e u
p r é d io ( a r t. 5 7 6 ) .
E n c o n t r a m - s e n o D i r e i t o C o m e r c ia l o s s e g u in t e s c a s o s d e d eca d ên cia :
a ) R e s p o n s a b ilid a d e d o t r a n s p o r t a d o r p o r d im i n u i ç ã o o u a v a r ia e m g ê n e r o s a e le
c o n f i a d o s ( C ó d ig o , a r t, 1 0 9 ) ;
b )V ício r e d i b i t ó r i o ( C ó d ig o , a r t, 2 1 1 ) ;
6 0 0 P r a z o s c o n c e r n e n t e s a o p a g a m e n t o d e c a m b i a l o u n o t a p r o m is s ó r ia , e a o
p r o t e s t o d o s r e f e r i d o s t í t u l o s d e c r é d it o ( L e i C a m b i a l , D e c r e t o n ° 2 . 0 4 4 , d e 3 d e
d e z e m b r o d e 1 9 0 8 , a r ts . 2 0 , 2 1 , 2 2 , 2 6 , 2 8 , 3 0 e 3 2 ) ;
6 0 1 P r a z o s d e p a g a m e n to , e tc , c o n c e r n e n te s a o c h e q u e ( L e i s o b re C h e q u e s , D e c r e t o
n ° 2 . 5 9 1 , d e 7 d e a g o s t o d e 1 9 1 2 , a r t. 1 5 , c o m b in a d o c o m o s a r t ig o s c it a d o s d o
D e c r e to n ° 2 .0 4 4 );
6 0 2 P r a z o p a r a a n u la r , p o r m e io d e a ç ã o , o r e g is t o d e m a r c a d e in d ú s t r i a o u c o
m é r c io ( L e i n ° 1 . 2 3 6 , d e 1 9 0 4 , a r t. 1 0 , n ° 2 ; D e c r e t o n ° 5 . 4 2 4 , d e 1 9 0 5 , a r t. 3 3 ;
D e c r e t o - le i n ° 7 . 9 0 3 , d e 1 9 4 5 , a r t. 1 5 6 , § I o).
N ã o r a r o s u c e d e , s o b r e t u d o n a e s f e r a c o m e r c ia l , q u e s e e x i j a a p r á t i c a d e d e
t e r m in a d o s a t o s e s e d e c la r e q u e , s e e le s s e n ã o r e a l i z a r e m d e n t r o d e c e r t o p r a z o , a a ç ã o
r e s p e c t iv a n ã o t e r á i n g r e s s o e m j u í z o , f i c a r á e x t in t a : s e m e lh a n t e s h ip ó t e s e s d e v e m f i g u r a r
e n t r e a s d e d eca d ê n c ia ( n ã o s e o lv i d e q u e e s t a , a o c o n t r á r io d a p re s c riç ã o , t a n t o p o d e s e r
e s t a b e le c id a e m l e i , c o m o e m c o n t r a t o o u a t o b e n é f i c o ) (2 ) .
E m r e g r a , o s p r a z o s e s t ip u la d o s e m a r t ig o s d e C ó d i g o C i v i l o u C o m e r c ia l , n ã o
c o l o c a d o s n o c a p í t u l o r e f e r e n t e à p r e s c r iç ã o e n o s q u a is s e n ã o d e c la r a e x p lic it a m e n t e
v e r s a r e m s o b r e t a l in s t it u t o , d iz e m r e s p e it o a d e c a d ê n c ia s ( 3 ) . A r e c íp r o c a , e n t r e t a n t o , n ã o
é v e r d a d e ir a : n o a r t. 1 7 8 d o r e p o s i t ó r io b r a s il e ir o d e n o r m a s c i v i s h á n u m e r o s o s c a s o s d e
d ec a d ên cia m is t u r a d o s c o m o s d e p r e s c r iç ã o extintiva.
E m g e r a l, o s p r a z o s p r o c e s s u a is ( p a r a a p e la r , a g r a v a r , e m b a r g a r , r e c o r r e r e x
t r a o r d in a r ia m e n t e , p o r e x e m p lo , s ã o d e deca d ên cia . C a s o t í p i c o é o d o p r a z o f a t a l p a r a a
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 244
354 347-1 - (1) Chironi & Abello, vol. T, p. 692; Josserand, vol. Tll, n° 1.636; vol. TT, n° 1.005; Chironi, vol.
1,§ 105; Stolfi, vol. Tll, n° 1.198; Coviello, vol. T, p. 484; Giorgi, vol. VTTT, p. 467, nota 1; Pa-cifici-
Mazzoni - Istituzioni, vol. TT, n° 196; Codice Civile Italiano Commentado, vol. XTT, n° 206; Gropallo,
loc. cit.; Laurent, vol. 32, n° 10; Hue, vol. XTV, n ” 318; Aubry & Rau e Bartin, vol. XTT, n° 771;
Planiol & Ripert, Esmein, Radouant e Gabolde, vol. VTT, n° 1.402; Almeida Oliveira, op. cit., n° 49;
Clóvis Beviláqua, vol. T, coment. 1 ao art. 178; Cunha Gonçalves, vol. Tll, n° 420; De Ruggiero -
Istituzione, T ed., vol. T, 34, p. 232.
1164A lves Moreira, vol. T, n° 283; Almeida Oliveira, op. cit., p. 49; Cunha Gonçalves, vol. Tll, n° 420;
Gropallo - Nuovo Digesto, loc. cit.; Coviello, vol. T, p. 484; Chironi, vol. T, § 105; Giorgi,’ vol. VTTT, p.
367, nota 1, e p. 370; Stolfi, vol. Tll, n° 1.198; Josserand, vol. TT, n° 1.005; vol. Tll, n° 1.636; Robert de
Ruggiero, Prof, da Universidade de Roma - Istituzioni di Diritto Civile, T ed., vol. T, § 34, p. 323.
11 6 5G ianturco, vol. T, nota 2 à p. 387; Gropallo -Nuovo Digesto, loc. cit.; Coviello, vol. T, p. 484;
Chironi & Abello, vol. T, p. 692.
1 1 6 6 J . X. Carvalho de Mendonça - Tratado de Direito Comercial, vol. VT, n° 17; Almeida Oliveira -A
Prescrição, p. 50; Alves Moreira, vol. T, n° 283; Cunha Gonçalves, vol. HT, n°420; Carl Cro-me, vol.
T, § 112; Enneccerus, Kipp & Wolff, vol. T, § 211; TTT; Staudinger, vol. T, p. 763; Bier-mann, vol. T, §
98, n°4; Chironi, vol. T, § 105; Giorgi, vol. VTTT, n°225; Pacifici-Mazzoni & Venzi - Istituzioni, vol. TT,
n° 196; Codice Commentato, vol. XTT, n° 206; Josserand, vol. TT, n° 1.005.
l e i; e s t a i m p õ e q u e o t i t u l a r d o d ir e i t o a ja e m d e t e r m in a d o p r a z o ; c o m a c io n a r ,
e le a g e , f a z o q u e a n o r m a p o s it i v a lh e im p u n h a so b p e n a de d eca d ên cia . T a n t o
s e n ã o t r a t a d e in terru pção, q u e o e f e it o d a p r o p o s it u r a , n a s d u a s e s p é c ie s
j u r íd i c a s , n ã o é o m e s m o : s e o a u t o r t o r n a à in é r c ia , n o d e c u r s o d a c a u s a ,
d u r a n t e o la p s o p re sc ric io n a l, o s e u d ir e i t o f e n e c e ; a o c o n t r á r io , u m a v e z
p r o p o s t a a d e m a n d a , e s t r e m e d e n u lid a d e s , e m j u í z o c o m p e t e n t e , n ã o m a i s s e
r e n o v a o c u r s o d a deca d ên cia, p o r m a is l o n g a q u e s e ja a i n a t iv i d a d e d o p l e i -
t e a n t e : h á p r e s c r iç ã o in tercorren te, p o r é m , j a m a is c a d u c id a d e p o s t e r io r à
c o n t e s t a ç ã o d a l i d e (3 ) .
6 0 4 P o r s e r a d ec a d ên c ia e s t a b e le c id a p o r m o t i v o s p a r t i c u l a r í s s im o s d e in t e r e s s e
p ú b li c o , é d e c r e t a d a ex officio, in d e p e n d e n t e m e n t e d e q u a lq u e r p r o v o c a ç ã o d e
in t e r e s s a d o ; a o p a s s o q u e a p r e s c r iç ã o d e p e n d e , s e m p r e , d e a r g ü iç ã o ex p ressa
d e u m a d a s p a r t e s lit ig a n t e s , s ó e m s e n d o a le g a d a é q u e p e r im e a d e m a n d a (4 ) .
6 0 5 F a c u lt a - s e ren u n cia r a p r e s c r iç ã o c u j o la p s o h a j a t r a n s c o r r id o ; o q u e , e m r e g r a ,
n ã o s e a d m it e n o t o c a n t e à d eca d ê n cia (5 ) .
6 0 6 P r e s c r ito u m d ir e it o , n ã o p o d e o s e u t i t u l a r acio n a r; a le g a - o , e n t r e t a n t o , em
defesa, c o n t e s t a n d o a d e m a n d a c o n t r a e le i n i c i a d a ; e m c a s o d e d eca d ên cia ,
p o r é m , s u c e d e o o p o s t o ; a f a c u ld a d e o u p r e r r o g a t iv a e x t in g u iu - s e in t e g r a lm e n t e ,
e m c o n s e q ü ê n c ia d o d e c u r s o d o p r a z o p r e c l u s i v o ; n a d a a d ia n t a i n v o c á - l a , n e m
a o acion ar, n e m a o e x c e p cio n a r (6 ) : o b r o c a r d o r o m a n o - q u o e te m p o ra lia su n t
a d agen du m p e rp e tu a su n t a d excipien du m - é d e a p lic a r - s e , a p e n a s , à
p r e s c r iç ã o p r o p r ia m e n t e d it a ; j a m a is à c a d u c id a d e .
60 7 C ro m e, vol. I, § 112; Gianturco, vol. I, p. 387, nota 2; Chironi & Abello, vol. I, p. 692; Cunha
Gonçalves, vol. Ill, n°420; Alves Moreira, vol. I, n° 283; Josserand, vol. II, n° 1.005.
608Gropallo-JVwovo Digesto Italiano, 1937-1940, vol. X, in verbis ”Prescrizione Civile”, n° 18;
Coviello, vol. I, p. 485; Josserand, vol. II, p. 1.005; vol. Ill, n° 1.636; Hue, vol. XIV, n° 318; Aubry &
Rau e Bartin, vol. XII, § 771; Planiol & Ripert, Esmein, Radouant e Gabolde, vol. VII, n° 1.402;
Cunha Gonçalves - Tratado de Direito Civil em Comentário ao Código Civil Português, vol. Ill, n° 420.
348 - T o d o c o n j u n t o h a r m ô n i c o d e r e g r a s p o s it i v a s é a p e n a s o r e s u m o , a s ín t e s e , o
su b stra tu m d e u m c o m p l e x o d e a lt o s d it a m e s , o í n d ic e m a t e r i a li z a d o d e u m s is t e m a
o r g â n ic o , a c o n c r e t iz a ç ã o d e u m a d o u t r in a , s é r ie d e p o s t u la d o s q u e e n f e i - x a m p r in c í p io s
s u p e r io r e s . C o n s t it u e m e s t e s a s d ire tiv a s id é i a s d o h e r m e n e u t a , o s p r e s s u p o s t o s c i e n t íf ic o s
d a o r d e m j u r íd i c a . S e é d e f i c i e n t e o r e p o s i t ó r io d e n o r m a s , s e n ã o o f e r e c e , e x p l í c i t a o u
i m p l ic i t a m e n t e , e n e m s e q u e r p o r a n a lo g ia , o m e io d e r e g u la r o u r e s o lv e r u m c a s o
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 246
1 348 -(1) Coviello, vol. I, p. 8; Ferrara, vol. I, p. 228-229. Na Itália a jurisprudência não admite o sexto
recurso, acima lembrado: vede adiante, n° 350. (2) Chironi & Abello - Trattato diDiritto Civile Italiano,
vol. I.
247 CARLOS MAXIMILIANO
2 349- (1) ”Art.4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito” (Lei de Introdução de 1942).
(2) Ferreira Coelho - Código Civil Comparado, Comentado e Analisado, vol. II, 1920, p. 134-136, n° 869;
Clóvis Beviláqua - Teoria Geraldo Direito Civil, 1908, p. 46; e Código Civil Comentado, vol. I,p. 108;
Espíno\a-Breves Anotações ao Código Civil Brasileiro, vol. 1,1918, p. 37-38; Paulo de Lacerda -Manual do
Código Civil Brasileiro, vol. I, 1918, p. 500-502; Mu-cius Scaevola - Código Civil Espanhol, vol. I,Coment.
ao art. 6o, p. 251-253.
(3) C. Beviláqua, Professor da Faculdade de Direito do Recife - Teoria, p. 46, e vol. I, cit., p. 108;
Espínola, vol. I, p. 33-34. •
(4) Paula Batista, op. cit., § 16; Trigo de Loureiro, vol. I, § 48 da Introdução.
(5) Vede Dias Ferreira, vol. I, p. 36-38; Alves Moreira, vol. I, p. 41.
(6) Art. 7o do Código Civil austríaco: ”Quando o caso não puder ser decidido de acordo com a letra do
texto, nem com a espírito da lei, atender-se-á às prescrições análogas contidas claramente nas leis, bem
como aos princípios aplicáveis a disposições relativas a assuntos semelhantes. Se o caso permanecer ainda
duvidoso, decidir-se-á depois de coligir e apreciar cuidadosamente todas as circunstâncias envolventes, de
acordo com os princípios da justiça natural"
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 248
3 350 - (1) Cesare Vivante - Trattato di Diritto Commerckde. 3a ed., vol. I, n° 24; G. P. Chironi -Istituzioni di
Diritto Civile Italiano, 2a edição, 1912, vol. I, p. 24; Luigi Miraglia - Filosofia dei Diritto, 2aed., I, p. 250;
Filomusi Guelf-Enciclopédia Giuridica, 6a ed., nota 1 à p. 154; Coviel-lo, vol. I, p. 87; Giantureo, vol. I, p.
122-123; Ferrara, vol. I, p. 228 e 230; Caldara, op. cit., noS48, 230 e 234; Nicola Stolfi - Diritto Civile, 1919
1934, vol. I, parte Ia, n° 844.
(2) Cogliolo - Scritti Varii di Diritto Privato, 1913, vol. II, p. 6.
(3) Pasquale-Fiori - Delle Disposizioni Generali sulla Pubblicazione, Applicazione ed Interpre-tazione delle
Leggi, 1890, vol. II, n° 990.
O Código de 1938, no art. 3o, especificou: "princípios gerais da ordem jurídica do Estado".
4 351 - (1) C. Demolombe - Cours de CodeNapoléon, vol. I, n° 113; Berriat Saint-Prix, op. cit., noS127-128
(de acordo, em parte); Charles Maynx - Cours de Droit Romain, 5a ed., vol. I, p. 22; Raymundo Salvat -
Tratado de Derecho Civil Argentino, vol. I, 1917, n" 108, b; Geny, vol. I, p. 33.
(2) Caldara, op. cit., n°232.
5 352 - (1) J. Xavier Carvalho de Mendonça - Tratado de Direito Comercial Brasileiro, vol. I, 1910, n° 146;
Geny, vol. I, p. 291.
249 CARLOS MAXTMTLTANO
m a t e r ia is f o r n e c i d o s p e la t e o r ia d e f i n i t iv a m e n t e v it o r i o s a , co n sa g ra d a ( a
b ew a eh rte L ehre, d o s s u íç o s ) , v u l g a r i z a d a p e lo s e x p o s it o r e s d o D i r e it o , d e
e v id e n t e a p l i c a b i li d a d e p r á t ic a e co n sen tâ n ea com o e sp írito d o sistem a
ju r íd ic o v ig o ra n te e a ín d o le d o regim e.
S a r e d o e S a lv a t p a r e c e m , p o is , e s c u d a d o s e m b o a d o u t r in a q u a n d o a d ia n t a m q u e o s
p r i n c í p i o s g e r a is i n v o c á v e i s n a s c á t e d r a s e p r e t ó r io s , e m q u a lq u e r c o n t r o v é r s ia ,
e n c o n t r a m - s e e m ú l t i m a a n á lis e , p e lo m e n o s e m g e r m e , e m p o t ê n c ia , la t e n t e s , e n t r e o s
p r e c e it o s f u n d a m e n t a is d o D i r e i t o P ú b l i c o , e m o e s p ír it o d a C o n s t i t u i ç ã o ( 2 ) . P o r o u t r o
la d o , o p e r ig o d e s e p e r d e r o in d o u t o e m u m t e r r e n o d e m a s ia d o a m p lo e u m t a n t o v a g o ,
a c h a - s e m a is o u m e n o s c o n j u r a d o h o je ; p o r q u e o l e ig o n ã o b u s c a e m p e s s o a o s p r in c í p io s
a p l i c á v e i s à e s p é c ie e m a p r e ç o , e n c o n t r a - o s e x p o s t o s n a s o b r a s d o s e s c r it o r e s , n a s
p r e le ç õ e s d o s m e s t r e s , e m p a r e c e r e s e a le g a ç õ e s d e j u r is - c o n s u lt o s e c a u s íd ic o s , e n a s
s e n t e n ç a s l u m in o s a s d e j u i z e s i lu s t r a d o s (3 ) .
A s s i m e n t e n d id a a d o u t r in a it a lia n a , r e s u lt a s e r m a is a p a r e n t e d o q u e r e a l a s u a
d iv e r g ê n c ia c o m a b r a s il e ir a , n e s t e p a r t i c u l a r m u i t o a d ia n t a d a , à a lt u r a d a s u a é p o c a .
E m v e r d a d e , n a p r ó p r i a t e r r a d e B a r t o lo , p r o c l a m a m o s m e s t r e s , e m v it o r i o s a
m a io r ia , q u e " o s p r i n c í p i o s g e r a is la t e n t e s n o s is t e m a d a s n o r m a s p o s it i v a s d e v e m s e r
r e c o n s t r u íd o s m e d ia n t e u m p r o c e s s o d e g e n e r a liz a ç õ e s s u c e s s iv a s e c a d a v e z m a is
a m p la s " ( 4 ) .
353 - P a r a e s c la r e c im e n t o c o m p le m e n t a r c o m p u ls e m o s o C ó d i g o C i v i l s u íç o , d e
1 9 0 7 , e a s o b r a s d o s r e s p e c t iv o s e x e g e t a s .
P r e s c r e v e o a r t. I o q u e , s e n e m a le t r a , n e m o e s p ír it o d e a lg u m d o s d i s p o s i t i v o s d a
l e i, n e m o D i r e i t o C o n s u e t u d i n á r io o f e r e c e r e m a s o lu ç ã o p a r a u m c a s o c o n c r e t o , d e c id a o
j u i z " d e a c o r d o c o m a r e g r a q u e e le p r ó p r i o e s t a b e le c e r ia s e f o r a le g is la d o r . I n s p ir e - s e n a
do u trin a e n a j u r is p r u d ê n c i a c o n sa g r a d a s"6 (1 ) .
À p r im e i r a v is t a p a r e c e r ia s u s p e it a a f o n t e d e in f o r m a ç ã o p o r a t r ib u i r a o m a g is t r a d o
u m p o d e r q u e é d o C o n g r e s s o . E n t r e t a n t o , a p l i c a d o c o m d is c r e t a r e s e r v a e s u p e r io r
c r it é r io , o C ó d i g o s u íç o t a lv e z s e n ã o d is t a n c ie d a p r á t i c a j u d i c i á r i a u n i v e r s a l e s e d is t in g a
d e o u t r o s r e p o s it ó r io s d e n o r m a s c i v i s - m e n o s n a e s s ê n c ia d o q u e p e la a u d á c ia d a
e x p r e s s ã o . D e f a t o , q u a n d o c o m e ç o u o d e s c r é d it o d a c o o r t e d e h e r - m e n e u t a s q u e v i a n a
(2) Giuseppe Saredo, op. cit, n° 631; Salvat, vol. T, n° 108, b.
(3) J. X. Carvalho de Mendonça, vol. T, n° 147; Fiore, vol. TT, n° 900.
(4) Giovanni Pacchioni, Prof, de Direito Civil na Real Universidade de Milão - Delle Leggi /« Generate,
vol. T, do Corso diDiritto Civile, 1933, p. 132, nota 1.
6353 - (1) Vede o capítulo sobre - Livre Indagação, n os 72-73.
(2) R. Saleilles -Prefácio deMéthoded'Interpretation, de Geny, p. XV-XVT; Geny, vol. T, p. 35. Vede os
capítulos - Vontade do Legislador, e - Livre Indagação, n os 32, 34 e 72-74.
(3) Acerca da hipótese de não haver a lei estatuído sobre um caso concreto, ensina o mestre: ”Deve então
(o intérprete) adivinhar qual seria a decisão do legislador se fora chamado a resolver diretamente a
questão que lhe é submetida” (Marcel Planiol - Traitè Élémentaire de Droit Civil 7aed.,vol. T, n°221).
Tnforma o juiz do pretório supremo da França: ”O Código Civil suíço, recentemente promulgado, está de
absoluto acordo com a jurisprudência da Corte de Cassação e com a minha opinião.” Passa, em seguida, o
magistrado a expor a doutrina do art. To (M. P. Fabreguettes - La Logique Judi-ciaire et I 'Art de Juger,
1914, p. 372).
Leciona um catedrático Ttaliano, de fama universal: ”Quando o intérprete, por deficiência ou
obscuridade da palavra, deve recorrer à vontade da lei ou aos princípios gerais do Direito, então é possível
tom ar em apreço as exigências sociais da atualidade, e decidir de acordo com o que o legislador quereria
hoje, se devesse hoje legiferar sobre a espécie acerca da qual se controverte” (Cogliolo - Scritti Varii, vol. T,
p. 38).
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 250
e x e g e s e a s im p le s p e s q u is a d a v o n ta d e do leg isla d o r, p r e v a le c e u l o g o , e n t r e o s p r ó p r i o s
tra d icio n a lista s, a c o r r e n t e e m p e n h a d a e m s a l v a r a i d é i a p e r ic lit a n t e , m e d ia n t e o
a c r é s c im o d e u m p e n s a m e n t o c o m p le m e n t a r : b u s q u e o in t é r p r e t e d e s c o b r ir , e a p liq u e e m
s e g u id a , n ã o s ó o q u e o l e g i s l a d o r q u is , m a s t a m b é m o q u e e s t e q u e re ria se v iv e sse na
a tu a lid a d e e se lhe d e p a ra sse o c a so em a p re ç o (2 ) . O r a , d e c i d i r d e a c o r d o c o m a r e g r a
q u e o l e g i s l a d o r h o j e e s t i p u la r i a e j u l g a r s e g u n d o a n o r m a q u e e le j u i z t r a ç a r ia , s e f o r a
l e g i s l a d o r n a a t u a lid a d e , p a r e c e m u m a e a m e s m a id é ia , p e lo m e n o s n a e s s ê n c ia , c o m
l i g e i r a v a r ia n t e d e f o r m a ; u m s ó n ú c le o , m u d a d a a p e n a s a r o u p a g e m , o u t r o r a m a is
d is c r e t a , h o j e t a lh a d a d e m o d o q u e d e ix a e x p o s t a , e m m a io r e s p r o p o r ç õ e s , a n u d e z d a
v e r d a d e . A s s i m e n t e n d e r a m d u a s a u t o r id a d e s a b s o lu t a m e n t e in s u s p e it a s , P l a n i o l e
F a b r e g u e t t e s , o p r im e i r o , p r o f e s s o r d e D i r e i t o e m P a r i s , o s e g u n d o , c o n s e lh e ir o , i s t o é ,
m e m b r o d a C o r t e d e C a s s a ç ã o ; a m b o s a c o r d e s e m r e c o n h e c e r q u e , n o f u n d o , o r e p o s i t ó r io
h e l - v é t ic o a p e n a s c o n s o li d a u m p r e c e it o e m u s o d iá r i o n o s p r e t ó r io s d a s n a ç õ e s p o l i c ia d a s
(3 ) .
354 - O C ó d i g o s u íç o a in d a r e s t r in g e a a u t o n o m ia d o m a g is t r a d o , m e d ia n t e u m a
e x i g ê n c ia q u e p r e v a le c e e n t r e t o d o s o s p o v o s c u lt o s : m a n d a a t e n d e r à j u r is p r u d ê n c i a , e
t a m b é m à d o u t r in a e s t a b e le c id a , g e n e r a liz a d a , d e f in it iv a m e n t e c o n sa g ra d a (B ew aeh rte
L ehre), E s t e p r e c e it o f i n a l c o m p l e t a a n o ç ã o d e p r in c íp io s g e r a is d o D ireito . N ã o s e
e n c o n t r a m e m p le n o id e a l, n a s a lt u r a s v e r t ig i n o s a s d a a b s t r a ç ã o p u r a ; e , s im , n a p a r t e d a
t e o r ia j u r í d i c a h o d ie r n a q u e s e a c h a e m c o n t a t o c o m a c i ê n c i a d o e x t e r i o r e a s c o r r e n t e s
s o c ia i s d o p a í s 7 (1 ) . N ã o b a s t a m o p i n i õ e s is o la d a s , i n d iv i d u a i s , n e m t a m p o u c o o s
e n s in a m e n t o s d e j u r is c o n s u lt o s , s e m d is t in ç ã o n e n h u m a ; e x ig e - s e a té a lg o m a is d o q u e a
com m u n is opin io d o cloru m : a d o u t r in a c o n sa g ra d a , i n d is c u t iv e l m e n t e v it o r i o s a
(bew aeh rte), a c e it a p o r m e s t r e s d e c o n s o li d a d o p r e s t íg i o e r e c o n h e c id a c o m p e t ê n c ia (2 ) .
A d o u t r in a h e l v e t ic a a f e iç o a - s e i n t e g r a lm e n t e à l e g i s l a ç ã o b r a s ile ir a . P o r c o n
s e g u in t e , n a h ip ó t e s e d e l a c u n a l e g i s l a t i v a n ã o p r e e n c h ív e l p o r m e io d a an alogia, n e m p o r
i s t o o j u i z a d q u ir e lib e r d a d e a b s o lu t a ; h á u m l i m i t e a o s e u a r b ít r io ; d e v e e le o r ie n t a r - s e
p e la j u r is p r u d ê n c i a , t o m a d o e s t e v o c á b u l o e m s e n t id o la t o , i s t o é , c o m p r e e n d e n d o o s
t r a t a d o s d e D i r e it o , n a c io n a l e e s t r a n g e ir o , e a r e s t o s d e t r i b u n a is d o m u n d o c i v i l i z a d o (3 ) .
6 1 1 - D e v e o a p l i c a d o r d a s n o r m a s j u r í d i c a s a t e n d e r à n a tu reza d o o b j e t o p a r a o
q u a l a d o u t r in a i n s t i t u i d e t e r m in a d o p r in c í p io : p o d e e s t e s e r v ir p a r a q u e s t õ e s d e
D i r e i t o C o m e r c ia l , p o r e x e m p lo , e n ã o d e C i v i l , o u P e n a l 8 (1 ) .
6 1 2 - R e l a t i v a m e n t e a o D i r e i t o e s c r it o , c o m o t a m b é m a o s u s o s , c o s t u m e s e a t o s
j u r í d i c o s , s e g u ir - s e - á a g r a d a ç ã o c lá s s ic a , f o r m u la d a , e m p a r t e , p e lo C ó d i g o
C i v i l : d e p o is d e a p u r a r a i n u t i l id a d e , p a r a o c a s o v e r t e n t e , d o s m é t o d o s
a d o t a d o s p a r a d e s c o b r i r o s e n t id o e a lc a n c e d o s t e x t o s , e d e v e r i f i c a r t a m b é m
q u e o s c a r a c t e r e s d a h ip ó t e s e e m a p r e ç o n ã o c o m p o r t a m o e m p r e g o d o p r o c e s s o
a n a ló g ic o ; t e r á p le n o c a b im e n t o , e m ú l t i m o g r a u , o r e c u r s o a o s p r i n c í p i o s g e r a is
7 354- (1) Eugen Curti-Forrer - Schweizerisches Zivilgesetzbuch mit Erlaeuetrungen, 1911, p. 4; Gmür, op.
cit., p. 123.
(2) Gmür, op. cit., p. 120-121; Curti-Forrer, op. cit., p. 4, n° 10; Chironi & Abello, vol. I, p. 52.
(3) Pacchioni, op. cit., p. 47-49 e 145-147. .
8 355 - (1) J. X. Carvalho de Mendonça, vol. I, n° 148; Coviello, vol. I, p. 87; Vivante, vol. I, n° 24.
251 CARLOS MAXIMILIANO
DIREITO CONSTITUCIONAL
9 356 - (1) Desembargador Ferreira Coelho - Código Civil Comparado, Comentado e Analisado, vol. II. p.
132; Clóvis Beviláqua, vol. I, p. 107-108; Espinola, vol. I, p. 37; Vivante, vol. I, nos 16 e 24; Gmür, op. cit.,
p. 20-21, 103 e 128-131; Chironi & Abello, vol. I, p. 51.
O art. 7o da antiga Introdução do Código Civil, já transcrito, é explícito: e, não as havendo, os princípios
gerais do Direito.
(2) Caldara, op. cit., n° 223; Espinola, vol. I, pp. 36-37.
1 0 357 - (1) Emílio Caldara - Interpretazione delle Leggi, 1908, n° 166; Francesco Degni -L'interpretazione
delia Legge, 2a ed., 1909, p. 8, n° 6.
(2) Degni op. cit., p. 44.
(3) Sabino Jandoli - Sulla Teoria delia Interpretazione delle Leggi con Speciale Riguardo alie Correnti
Metodologische, 1921, p. 36-38; Paula Batista - Compêndio de Hermenêutica Jurídica, 5a ed., § 29; Degni,
op. cit., p. 9-20.
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 252
p r e c is o s . B a s t a le m b r a r c o m o v a r i a m n o D i r e i t o P ú b l i c o a té m e s m o a s c o n c e p ç õ e s
b á s ic a s : r e la t iv a s à i d é i a d e E s t a d o , S o b e r a n ia , D i v i s ã o d e P o d e r e s , e t c . 11 ( 1 ) .
A t é c n i c a d a in t e r p r e t a ç ã o m u d a , d e s d e q u e s e p a s s a d a s d is p o s i ç õ e s o r d i n á r ia s p a r a
a s c o n s t it u c io n a is , d e a lc a n c e m a is a m p lo , p o r s u a p r ó p r i a n a t u r e z a e e m v ir t u d e d o
o b j e t iv o c o l i m a d o r e d ig id a s , d e m o d o s in t é t ic o , e m t e r m o s g e r a is (2 ) .
D e v e o e s ta tu to s u p r e m o c o n d e n s a r p r in c íp io s e n o r m a s a s s e g u r a d o r a s d o
p r o g r e s s o , d a l ib e r d a d e e d a o r d e m , e p r e c i s a e v it a r c a s u í s t i c a m in u c io s i d a d e , a f i m d e s e
n ã o t o r n a r d e m a s ia d o r í g i d o , d e p e r m a n e c e r d ú c t i l, f l e x í v e l , a d a p t á v e l a é p o c a s e
c ir c u n s t â n c ia s d iv e r s a s , d e s t in a d o , c o m o é , a lo n g e v id a d e e x c e p c io n a l. Q u a n t o m a is
r e s u m id a é u m a l e i, m a is g e r a l d e v e s e r a s u a lin g u a g e m e m a io r , p o r t a n t o , a n e c e s s id a d e ,
e t a m b é m a d if ic u l d a d e , d e in t e r p r e t a ç ã o d o r e s p e c t iv o t e x t o ( 3 ) .
6 1 3 - A f o r ç a d o C ostu m e a v u lt a n o D i r e i t o P ú b l i c o ; a l i e le s e f o r m a c o m f r e
q ü ê n c ia m a i o r e e x e r c e e m la r g a e s c a la o s e u p a p e l d e t o r n a r m a is h u m a n a ,
m e lh o r a r s u t ilm e n t e e c o m p l e t a r a s d is p o s i ç õ e s e s c r it a s . M e r e c e , p o r e s s e
m o t i v o , a t e n ç ã o p a r t ic u la r ; p o i s c h e g a a r e d u z ir a s im p le s f o r m a lid a d e s , s e m
a lc a n c e p r á t ic o , a té a lg u n s t r e c h o s p e r e m t ó r io s 12 (1 ) .
614- P o r o u t r o la d o , a s l e is f u n d a m e n t a is d e v e m s e r m a i s r ig o r o s a m e n t e
o b r ig a t ó r ia s d o q u e a s o r d in á r ia s , v is t o p e r t e n c e r e m , e m g e r a l, à c la s s e d a s
im p e ra tiv a s e d e o rd em p ú b lic a ; a o p a s s o q u e a s c o m e r c ia i s e a s c i v i s s e
a lin h a m , e m r e g r a , e n t r e a s p e rm iss iv a s e d e o rdem p riv a d a ; a q u e la
c ir c u n s t â n c ia o b r i g a o h e r m e - n e u t a a p r e c a u ç õ e s e s p e c ia is e à o b s e r v â n c ia d e
r e s e r v a s p e c u lia r e s à e s p é c ie j u r íd i c a . A p r ó p r i a F re ie R ech tsfin d u n g m o d e r a d a ,
a e s c o la d a L i v r e I n d a g a ç ã o p r o e te r legem , e s c r u p u l iz a e m t r a n s p o r a s r a ia s d o
D i r e i t o P r i v a d o 13 ( 1 ) .
615- O D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l a p ó ia - s e n o e le m e n t o p o l í t ic o , e s s e n c ia lm e n t e
i n s t á v e l, a e s t a p a r t ic u la r id a d e a t e n d e , c o m e s p e c ia l e c o n s t a n t e c u id a d o , o
e x e g e t a . N a q u e le d e p a r t a m e n t o d a c i ê n c i a d e P a p i n i a n o p r e p o n d e r a m o s v a lo r e s
j u r íd i - c o - s o c i a is . D e v e m a s i n s t i t u i ç õ e s s e r e n t e n d id a s e p o s t a s e m f u n ç ã o d e
m o d o q u e c o r r e s p o n d a m à s n e c e s s id a d e s p o l í t ic a s , à s t e n d ê n c ia s g e r a is d a
n a c io n a lid a d e , à c o o r d e n a ç ã o d o s a n e lo s e le v a d o s e j u s t a s a s p ir a ç õ e s d o p o v o 14
(1 ).
6 1 6 - A d if e r e n ç a e n t r e o s d o i s g r a n d e s r a m o s d o D i r e i t o e s t e n d e - s e a té o s d a d o s
f i l o l ó g i c o s . E m g e r a l, n o D i r e i t o P ú b l i c o s e e m p r e g a , d e p r e f e r ê n c ia , a l in g u a
g e m t é c n ic a o d iz e r j u r í d i c o , d e s o r t e q u e , s e h o u v e r d iv e r s id a d e d e s i g n if i c a d o
d o m e s m o v o c á b u l o , e n t r e a e x p r e s s ã o c i e n t í f i c a e a v u l g a r , i n c li n a r - s e - á o
h e r m e n e u t a n o s e n t id o d a p r im e ir a . A o c o n t r á r io , o D i r e i t o P r i v a d o o r ig in a - s e
d e co stu m es f o r m a d o s p o r in d o u t o s , v i s a d i s c i p l i n a r a s r e la ç õ e s e n t r e o s
c id a d ã o s , f a t o s o c o r r i d o s n o s e io d o p o v o ; é d e p r e s u m ir h a j a s id o e la b o r a d o d e
m o d o s e a d a p t e in t e g r a lm e n t e a o m eio p a r a o q u a l f o i e s t a b e le c id o , p o s t o a o
a lc a n c e d o v u l g o , v a z a d o e m l in g u a g e m c o m u m 15 (1 ) .
6 1 7 - P o r s e r a C o n s t i t u i ç ã o t a m b é m u m a l e i, q u e t e m a p e n a s m a i s f o r ç a d o q u e a s
o u t r a s à s q u a is s o b r e le v a e m c a s o d e c o n f l it o , c o n t r ib u e m p a r a a i n t e l ig ê n c i a d a
m e s m a o s p r o c e s s o s e r e g r a s d e H e r m e n ê u t ic a e x p o s t o s c o m u m e n t e p a r a o D i
r e it o P r i v a d o : o e le m e n t o f i l o l ó g i c o , o h i s t ó r ic o , o t e l e o l ó g i c o , o s f a t o r e s
s o c ia is , e t c . 16 ( 1 ) . E n t r e t a n t o , p o r c a u s a d o o b j e t iv o c o l i m a d o e d o f a t o d e
a b r a n g e r m a t é r ia v a s t ís s i m a e m u m c o m p l e x o r e s t r it o , n e m s e m p r e s e r e s o lv e m
a s d ú v id a s o u s e a t in g e o a lc a n c e p r e c is o d a s d is p o s i ç õ e s e s c r it a s c o m a p l i c a r o s
p r e c e it o s d a v u l g a r e x e g e s e j u r íd i c a , a d e q u a d o s a l e i s m in u c io s a s , r e la t iv a m e n t e
m a i s p e r f e it a s e d e s t in a d a s a f i n s p a r t ic u la r e s m a i s o u m e n o s e f ê m e r o s . D e n t r e
a s p r ó p r ia s r e g r a s c lá s s ic a s , a lg u m a s s e e m p r e g a m e s p e c ia lm e n t e e d e m o d o
p e c u lia r , à in t e r p r e t a ç ã o c o n s t it u c io n a l.
E x i s t e m p r e c e it o s q u e s ó s e r v e m p a r a o D i r e i t o P ú b l i c o . H á m is t e r f i x á - l o s e
c o m p r e e n d ê - lo s b e m ( 2 ) . S ã o e le s , e m s e g u id a , e x p o s t o s e e x p lic a d o s ; a c la r a - s e , t a m b é m ,
o u s o p a r t i c u l a r q u e a lg u m a s r e g r a s in t e r p r e t a t iv a s d a s l e is o r d in á r ia s t ê m n a e x e g e s e d o
e s t a t u t o b á s ic o .
3 6 4 -1 .0 C ó d ig o fu n d a m e n ta l ta n to p r e v ê n o p re s e n te c o m o p r e p a r a o fu tu ro .
P o r is s o a o in v é s d e s e a t e r a u m a t é c n ic a in t e r p r e t a t iv a e x ig e n t e e e s t r e it a , p r o c u
r a - s e a t in g i r u m s e n t id o q u e t o r n a e f e t iv o s e e f ic ie n t e s o s g r a n d e s p r i n c í p i o s d e g o
v e r n o , e n ã o o q u e o s c o n t r a r ie o u r e d u z a a in o c u id a d e 17 ( 1 ) .
B e m o b s e r v a S t o r y : " O g o v e r n o é u m a c o i s a p r á t ic a , f e i t a p a r a a f e l i c i d a d e d o
g o v e r n o h u m a n o , e n ã o d e s t in a d a a p r o p i c i a r u m e s p e t á c u lo d e u n i f o r m id a d e q u e
s a t is f a ç a o s p la n o s d e p o l í t i c o s v is io n á r io s . A t a r e f a d o s q u e s ã o c h a m a d o s a e x e r c ê - lo é
d is p o r , p r o v i d e n c i a r , d e c i d ir ; e n ã o d e b a t e r ; s e r ia p o b r e c o m p e n s a ç ã o h a v e r a lg u é m
t r iu n f a d o n u m a d is p u t a , e n q u a n t o p e r d ía m o s u m im p é r i o ; t e r m o s r e d u z id o a m ig a lh a s u m
p o d e r e a o m e s m o t e m p o d e s t r u íd o a R e p ú b l i c a " (2 ) .
3 6 5 - I I . F o r t e é a p r e s u n ç ã o d a c o n s t i t u c i o n a l id a d e d e u m a t o o u d e u m a i n
te rp re ta ç ã o , q u a n d o d a ta m d e g ra n d e n ú m e ro d e a n o s, s o b re tu d o se fo ra m c o n te m
p o r â n e o s d a é p o c a e m q u e a l e i f u n d a m e n t a l f o i v o t a d a . M in im e su n t m utanda, qu oe
in terp reta tio n em certa m se m p e r h abu eru n tm (1 ) .
T o d a v i a o p r i n c í p i o n ã o é a b s o lu t o . O e s t a t u t o o r d in á r io , e m b o r a c o n t e m p o r â n e o d o
C ó d i g o s u p r e m o , n ã o l h e p o d e r e v o g a r o t e x t o , d e s t r u i r o s e n t id o ó b v i o , e s t r e it a r o s
l im i t e s v e r d a d e ir o s , n e m a la r g a r a s f r o n t e ir a s n a t u r a is ( 2 ) . R e c o r d a S t o r y v á r i a s
in t e r p r e t a ç õ e s e p la u s í v e is c o n j e t u r a s t r iu n f a n t e s n o s p r im e i r o s a n o s d e p r á t ic a
c o n s t i t u c i o n a l e t o t a lm e n t e a b a n d o n a d a s d e p o is ( 3 ) . O b s e r v o u - s e n o B r a s i l o m e s m o f a t o :
exem pli g r a tia - p o r q u a n t o s e s t á d io s p a s s o u , e n t r e n ó s , a té a v it ó r i a d a d o u t r in a s ã e
d e f i n i t iv a , a i n t e l ig ê n c i a d o d is p o s i t i v o q u e a s s e g u r a a s i m u n id a d e s p a r la m e n t a r e s !
372 365 - (1) Paulo, no Digesto, liv. I, tit. Ill, frag. 23; J. G. Sutherland - Statutes andStatutory Cons-
truction, 2a ed., vol. II, 476.
Vede n° 303.
1 16 7 w illo u g h b y - On the Constitution, 1910, §§ 11 e 12; Cooley - Constitutional Limitations, 1903, p.
103.
1 1 6 8 S to ry , vol. I, § 407, nota 1.
O s t r i b u n a is s ó d e c la r a m a i n c o n s t i t u c io n a l id a d e d e l e i s q u a n d o e s t a é e v id e n t e , n ã o
d e ix a m a r g e m a s é r ia o b j e ç ã o e m c o n t r á r io . P o r t a n t o , s e , e n t r e d u a s in t e r p r e t a ç õ e s m a is
o u m e n o s d e f e n s á v e is , e n t r e d u a s c o r r e n t e s d e i d é i a s a p o ia d a s p o r j u r is c o n s u lt o s d e v a lo r ,
o C o n g r e s s o a d o t o u u m a , o s e u a t o p r e v a le c e . A b e m d a h a r m o n ia e d o m ú t u o r e s p e it o
q u e d e v e m r e in a r e n t r e o s p o d e r e s f e d e r a is ( o u e s t a d u a is ) , o J u d i c i á r io s ó f a z u s o d a s u a
p r e r r o g a t iv a q u a n d o o C o n g r e s s o v i o l a c la r a m e n t e o u d e ix a d e a p l i c a r o e s t a t u t o b á s ic o , e
n ã o q u a n d o o p t a a p e n a s p o r d e t e r m in a d a in te rp re ta ç ã o n ã o d e t o d o d e s a r r a z o a d a (2 ) .
6 1 8 - I V . S e m p r e q u e f o r p o s s ív e l s e m f a z e r d e m a s ia d a v i o l ê n c i a à s p a la v r a s ,
in t e r p r e t e - s e a l in g u a g e m d a l e i c o m r e s e r v a s t a is q u e s e t o r n e c o n s t i t u c i o n a l a
m e d id a q u e e la in s t i t u i , o u d i s c i p l i n a 18 ( 1 ) .
6 1 9 - V . A c o n s t i t u c i o n a l id a d e n ã o p o d e d e c o r r e r s ó d o s m o tiv o s d a le i. S e o
p a r la m e n t o a g i u p o r m o t i v o s r e p r o v a d o s o u i n c o m p a t ív e i s c o m o e s p ír i t o d o
C ó d i g o s u p r e m o , p o r é m a l e i n ã o é, n o t e x t o , c o n t r á r ia a o e s t a t u t o b á s ic o , o
t r i b u n a l a b s - t é m - s e d e a c o n d e n a r 19 ( 1 ) .
6 2 0 - V I . E x i s t e a in c o n s t i t u c io n a l id a d e fo r m a l a le g á v e l e m t o d o s o s p a ís e s e
d e c o r r e n t e d o f a t o d e n ã o t e r o p r o j e t o d e l e i p e r c o r r id o o s t r â m it e s r e g u la r e s
a té a p u b lic a ç ã o r e s p e c t iv a ; e a in trín seca o u su b sta n cia l, r e la t i v a à
i n c o m p a t ib i li d a d e e n t r e o e s t a t u t o o r d i n á r io e o s u p r e m o , d a q u a l o s t r i b u n a is
b r a s il e ir o s , a r g e n t in o s , m e x i c a n o s e n o r t e - a m e r ic a n o s t o m a m c o n h e c im e n t o ,
p o r é m n ã o p o d e s e r v e n t i la d a n o s p r e t ó r io s e u r o p e u s , e m g e r a l 20 (1 ) .
Constitutionnel Français et Compare, T ed., 1921, vol. T, p. 538, 586-660 e nota 94; Racioppi & Brunelli -
Commento alio Statuto dei Regno, 1909, vol. Tll, §§ 754-757.
Também adotaram, neste particular, o modelo dos Estados Unidos: o Canadá, Austrália, República da
África do Sul, Nova Zelândia, Bolivia, Colômbia, Venezuela, Cuba e Rumania (Meigs, op. cit., p. 12).
Houve quem sustentasse no Congresso este despautério: pode-se, no Brasil, argüir de inconstitucional
uma lei, por haver antinomia entre os seus dizeres e os do Código supremo; mas a ninguém é licito deixar
de cumprir e aplicar a norma promulgada, unicamente porque a mesma não é o fruto de um processo
parlamentar acorde com o texto fundamental. Quem pode o mais, pode o menos; àquele a quem compete
pronunciar a inconstitucionalidade substancial, logicamente incumbe decretar a formal, que, aliás,
decorre da inobservância dos arts. 67 a 72 do estatuto básico de 1946.
Vede o capítulo - Exegese e crítica, n° 46-47.
21 370 - (1) Willoughby, vol. T, § 17, Cooley, op. cit., p. 89.
(2) Willoughby, vol. 1, § 25 e nota 47.
(3) Vede o capítulo - Elemento filológico.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 256
p a r a a a n t e r io r . O t e x t o d o C ó d i g o f u n d a m e n t a l d o I m p é r i o e o s r e s p e c t iv o s c o m e n
t á r io s f a c i l i t a m a e x e g e s e d o e s t a t u t o r e p u b lic a n o , a s s im c o m o o D i r e i t o i n g lê s é i n
v o c a d o p e lo s p u b li c is t a s d o s E s t a d o s U n i d o s . A i n d a m a is : o s d ir e it o s a s s e g u r a d o s
p e la C o n s t i t u i ç ã o a n t ig a p r e v a le c e m , n a v i g ê n c i a d a n o v a , n o s p o n t o s e m q u e e s t a
n ã o r e v o g o u a q u e la 22 ( 1 ) .
373 - X . A C o n s t i t u i ç ã o a p lic a - s e a o s c a s o s m o d e r n o s , n ã o p r e v is t o s p e lo s
q u e a e la b o r a r a m . F a z - s e m is t e r s u p o r q u e o s h o m e n s i n c u m b i d o s d a n o b r e t a r e f a
" d e d i s t r i b u i r o s p o d e r e s e m a n a d o s d a s o b e r a n ia p o p u l a r e d e e s t a b e le c e r p r e c e it o s
p a r a a p e r p é t u a s e g u r a n ç a d o s d ir e i t o s d a p e s s o a e d a p r o p r ie d a d e t i v e r a m a s a b e d o
r i a d e a d a p t a r a s u a l in g u a g e m à s e m e r g ê n c ia s f u t u r a s , t a n t o c o m o à s p r e s e n t e s ; d e
s o r t e q u e a s p a la v r a s a p r o p r ia d a s a o e s t a d o e n t ã o e x is t e n t e d a c o m u n id a d e e a o
m e s m o t e m p o c a p a z e s d e s e r a m p lia d a s d e m o d o q u e a b r a n j a m o u t r a s r e la ç õ e s m a is
e x t e n s a s n ã o d e v e m s e r a f i n a l r e s t r in g id a s a o s e u m a is ó b v i o e im e d i a t o s e n t id o , s e , d e
a c o r d o c o m o o b j e t iv o g e r a l d o s a u t o r e s e o s v e r d a d e ir o s p r i n c í p i o s d o c o n t e x t o , p o d e m
e la s s e r e s t e n d id a s a d if e r e n t e s r e la ç õ e s e c ir c u n s t â n c ia s c r ia d a s p o r u m e s t a d o
a p e r f e iç o a d o d a s o c ie d a d e " (1 ) .
C u m p r e a o l e g i s l a d o r e a o j u i z , a o in v é s d a â n s ia d e r e v e l a r in c o n s t i t u c io n a l í- d a d e s ,
m o s t r a r s o l ic i t u d e n o s e n t id o d e e n q u a d r a r n a le t r a d o t e x t o a n t ig o o in s t it u t o m o d e r n o .
S ó a s s im é p o s s ív e l p e r d u r a r c e n t o e q u a r e n t a a n o s u m a C o n s t i t u i ç ã o , c o m o a n o r t e -
a m e r ic a n a , e u m t e r ç o d e s é c u lo o u t r a , q u e f o i a b r a s il e ir a d e 1 8 9 1 . D e p e n d e m a
f e l i c i d a d e , a p a z e o p r o g r e s s o d o p a ís d e q u e t a is l e i s s e n ã o a lt e r e m , n e m s u b s t it u a m
c o m f r e q ü ê n c ia . E n q u a n t o a F r a n ç a f o i d o m in a d a p e lo p r u r id o d e r e f o r m a s
c o n s t it u c io n a is , n ã o h o u v e a l i g o v e r n o e s t á v e l, p o d e r p a c if ic a m e n t e t r a n s m it id o ,
t r a n q ü ilid a d e , r i q u e z a (2 ) .
A C o n s t i t u i ç ã o é a é g id e d a p a z , a g a r a n t ia d a o r d e m , s e m a q u a l n ã o h á p r o g r e s s o
n e m lib e r d a d e . F o r ç o s o s e l h e t o r n a a c o m p a n h a r a e v o lu ç ã o , a d a p t a r - s e à s c ir c u n s t â n c ia s
im p r e v is t a s , v it o r i o s a e m t o d a s a s v ic i s s i t u d e s , p o r é m , q u a n t o p o s s ív e l , in a lt e r a d a n a
fo rm a .
374 - X I . Q u a n d o a C o n s t i t u i ç ã o c o n f e r e p o d e r g e r a l o u p r e s c r e v e d e v e r f r a n q u e ia
t a m b é m , im p l ic i t a m e n t e , t o d o s o s p o d e r e s p a r t ic u la r e s , n e c e s s á r io s p a r a o e x e r c í c i o d e
u m , o u c u m p r im e n t o d o o u t r o 23 (1 ) .
liberalidade na interpretação da maneira de o exercer; o fim é de direito estrito, porém a autoridade que
o deve conseguir goza, na escolha dos meios, de faculdade discricionária, isto é, fica ao seu critério a
escolha dos meios. Para os que abusam, há o pretório da opinião e o processo de responsabilidade
(Woodburn, Professor da Universidade de Tndiana - The American Republic and its Government, 1910, p.
40). (2) Cooley, op. cit., p. 98.
2 4 375 - (1) Cooley, op. cit., p. 99.
2 5 376-(1) Story, vol. T, § 408.
(2) Willoughby, vol. T, § 12. O Poder Judiciário é o intérprete supremo da Constituição.
2 6 377 - (1) Black, op. cit., p. 464 e 476. Vede o capítulo - Direito Excepcionai.
(2) Black, op. cit., p. 449.
(3) Story, vol. T, § 425.
(4) Story, vol. T, §419.
HERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO D IREITO 258
" R a r o s o s c a s o s n o s q u a is é l í c i t o s u p o r q u e u m p o d e r , e m b o r a o u t o r g a d o e m
t e r m o s g e r a is , s e ja e x e r c id o p a r a o p r e s s ã o p e r m a n e n t e d o p o v o . E n t r e t a n t o , s e r á f á c i l
r e f e r i r e x e m p lo s d e s e h a v e r v e r if ic a d o q u e a l im i t a ç ã o d e u m t a l p o d e r t e n h a d a d o m a u
r e s u lt a d o n a p r á t ic a , i n c it a d o a a g r e s s ã o e s t r a n g e ir a , o u f a v o r e c i d o a d e s o r d e m in t e s t in a "
(3 ).
Q u a n d o a s p a la v r a s f o r e m s u s c e t ív e is d e d u a s in t e r p r e t a ç õ e s , u m a e s t r it a , o u t r a
a m p la , a d o t a r - s e - á a q u e la q u e f o r m a is c o n s e n t â n e a c o m o f i m t r a n s p a r e n t e d a n o r m a
p o s i t i v a (4 ) .
624- X V . A p l i c a - s e à e x e g e s e c o n s t i t u c i o n a l o p r o c e s s o s is t e m á t ic o d e H e r
m e n ê u t ic a , e t a m b é m o teleo ló g ico , a s s e g u r a d a a o ú l t i m o a p r e p o n d e r â n c ia .
N e s s e t e r r e n o c o n s id e r a m - s e a in d a d e a lt a v a l i a a ju risp ru d ê n c ia , s o b r e t u d o a
d a C o r t e S u p r e m a ; o s p r e c e d e n t e s p a r la m e n t a r e s ; o s f a t o r e s s o c ia i s e a
a p re c ia ç ã o do resu lta do , a W erturteil, d o s t u d e s c o s 27 ( 1 ) .
382 - N ã o p r e s id e à e x e g e s e d a s l e i s c o m e r c ia i s c r it é r i o in t e ir a m e n t e i g u a l a o
a d o t a d o p a r a a s l e i s c i v i s . A p r ó p r i a ín d o l e d a s r e la ç õ e s m e r c a n t is , a p r e v a l ê n c ia d o s
o b j e t iv o s e c o n ô m ic o s , a m a i o r v a r i a b i l i d a d e d e o p e r a ç õ e s e a m p la d e s p r e o c u p a ç ã o d e
f ó r m u la s ; e n f i m a l ib e r d a d e d e c o n t r a t a r e a r a p id e z d e a s s u m i r c o m p r o m is s o s e r e a l i z a r
t r a n s a ç õ e s i m p r i m e m p e c u li a r d u c t i li d a d e a o r a m o d o D i r e i t o P r i v a d o m a is i n t im a m e n t e
27 378 -(1) Tucker - The Constitution o f the United States, 1899, vol. I, § 179; Story, vol. I, § 419; Cooley, op.
cit., p. 91.
2 8 379 - (1) Story, vol. I, § 448. Vede o capítulo - Brocardos, nÜS296-299.
2 9 380- (1) Tucker, Professor da Universidade de Washington e Lee, vol. I, p. 375-376.
3 0 381 - (1) Marnoco e Sousa, Professor da Universidade de Coimbra - Constituição Política da República
Portuguesa. Comentário, 1913, p. 407-409; Cooley, op. cit., p. 77, nota 1; Beard, Professor da Universidade
de Columbia - 77ie Supreme Court and the Constitution, 1912, p. 32. (2) C. Maximiliano - Comentários à
Constituição Brasileira, 5Ued., nos 88-89.
259 CARLOS MAXIMILIANO
t r a t a d o s m in u c io s o s d e D i r e i t o M e r c a n t i l e x i s t e m q u e n ã o c o n t ê m c a p í t u l o n e n h u m
r e f e r e n t e à in t e r p r e t a ç ã o ; a lu d e m à a n a lo g ia e à e q ü id a d e a o m e n c io n a r e m a s fo n te s
d a q u e le D i r e i t o ( 5 ) .
383 - N a e s f e r a c i e n t í f i c a t e m g r a n d e im p o r t â n c ia a t e c n o lo g ia e m p r e g a d a ; d e u m
v o c á b u l o i m p r ó p r i o o u f r a s e i m p r e c is a r e s u lt a m e n g a n o s , d ú v id a s , c o n t r o v é r s ia s . N o
c a m p o d o D i r e it o , s o b r e t u d o , o i d e a l é a c e r t e z a ; a s e g u r a n ç a , a e s t a b ilid a d e j u r í d i c a
d e p e n d e m m u it o d a s e x p r e s s õ e s c o r r e t a s e c la r a s d o s t e x t o s e d a l in g u a g e m f e l i z ,
g u ia d o r a , e s c o r r e it a d o s e x p o s it o r e s .
C o m o o D i r e i t o C o m e r c i a l p r o v e i o d o C i v i l e e s t e é o D i r e i t o P r i v a d o comum ,
a c h a r a m s e r ia a q u e le o não com um , e , p o r t a n t o , d e exceção. P a r e c e m e lh o r c h a m a r - lh e
D i r e i t o E sp ecia l, o u p r e f e r ir o u t r a d e n o m in a ç ã o q u e n ã o d e ix e m a r g e m a e q u ív o c o s . O
p r e c e it o ex ce p c io n a l in t e r p r e t a - s e e s t r it a m e n t e ; n ã o a d m it e o s s u p le m e n t o s d a a n a lo g ia ,
n e m a e x e g e s e e x t e n s iv a . N o s c a s o s n ã o e x p r e s s o s a p lic a - s e o D i r e i t o c o m u m . A s s i m ,
e n t r e t a n t o , n ã o s u c e d e c o m o D i r e i t o C o m e r c ia l . O h e r m e - n e u t a c o n s id e r a - o c o m o re g r a
g era l, d e n t r o d a e s f e r a d a s u a c o m p e t ê n c ia ; e m s e g u n d o lu g a r , a p e la p a r a o s u s o s ,
c o s t u m e s e p r a x e s m erca n tis; s ó e m ú l t i m o t u r n o r e c o r r e a o C i v i l , c o m o s im p le s
su b sid iá rio ; n ã o c o m o p r in c ip a l32 ( 1 ) .
N e m é l ó g i c o c h a m a r ex c ep c io n a l a u m r a m o in t e ir o d a c i ê n c i a j u r í d i c a , d e n t r o d o
q u a l s e e n c o n t r a e s p a ç o b a s t a n t e p a r a n u m e r o s a s r e g r a s e r e s p e c t iv a s e x c e ç õ e s . S e r ia m
e s t a s ex c eç õ es d e exceções, s e p r e v a le c e s s e o p a r e c e r in s u s t e n t á v e l, h o j e c o m b a t id o
g e r a lm e n t e .
C o r r e m p a r a le la s a s n o r m a s d e D i r e i t o C o m e r c ia l e a s d o C i v i l ; c a d a g r u p o d o m in a ,
c o m a m a i o r in d e p e n d ê n c ia , o r e s p e c t iv o c a m p o d e a p lic a ç ã o ( 2 ) .
6 2 7 - S e e x is t e a u t o n o m ia , e n ã o a s r e la ç õ e s d e d e p e n d ê n c ia d a e x c e ç ã o p a r a c o m a
r e g r a , c o n c lu i - s e q u e s e a p l i c a m a o s d is p o s i t i v o s r e la t i v o s à m e r c a n c ia o s v á r i o s
p r e c e it o s e m é t o d o s d e H e r m e n ê u t ic a , s e m e x c l u i r a in t e r p r e t a ç ã o e x t e n s iv a ,
n e m d is p e n s a r o s s u p le m e n t o s d a a n a lo g ia e d a e q ü id a d e 33 ( 1 ) .
6 2 8 - N o f o r o c o m e r c ia l, m a is f r e q ü e n t e m e n t e q u e n o c i v i l , o j u i z s e v ê f o r ç a d o a
in t e r p r e t a r , a lé m d a s p a la v r a s , t a m b é m o silên cio. A s s i m a c o n t e c e q u a n d o o
n eg o c ia n te e m g r o s s o e n v i a a u m v e n d e d o r a r e t a lh o o q u e p e n s a c o n v i r a e s te ,
e m b o r a n ã o t e n h a s id o p e d id o , e o r e c e b e d o r s e a b s t é m d e r e c la m a r ; o u q u a n d o
s e t o m a con h ecim en to d a f a t u r a e s e n ã o i m p u g n a c o i s a a lg u m a d e n t r o d e d e z
d ia s ; e e m in ú m e r a s o u t r a s h ip ó t e s e s r e la t iv a s a p r e ç o , m o e d a , é p o c a d o
p a g a m e n t o , e t c . 34 (1 ) .
3 2 383 - (1) Decreto n° 737, de 25 de novembro de 1850, art. 2o; Vivante, Professor da Universidade de
Roma, vol. T, p. 60, § 5o, n° 4.
3 3 384 - (1) Lisandro Segovia - Explicación y Critica dei Nuevo Código de Comercio de la República
Argentina, 1892, vol. T, p. 6-7; Carvalho de Mendonça, vol. T, n os 145-149; Descartes Magalhães, vol. T, p.
263-264; Vilari, Professor da Universidade de Pavia, vol. T, n os 148-149; Vivante, vol. 1, p. 61, § 5o, n° 4 e
nota 5; Navarrini, vol. T, nos 36 e 58.
3 4 385-(l)CódigoComercial,arts. 12,133,193,195,219,alínea,eoutros;Cosak,op.cit.,p. 112,111.
261 CARLOS MAXIMILIANO
(2) José Xavier Carvalho de Mendonça - Tratado de Direito Comercial Brasileiro, 1910-1922, vol. I,
n oS 8 e 150; Descartes de Magalhães - Curso de Direito Comercial, vol. I, 1919, p. 262; Alberto
Marghieri, Professor da Universidade de Nápoles - // Diritto Commerciale Italiano, 2" ed., vol. I, p.
39-40; Ercole Vilari - Corso di Diritto Commerciale, 5a ed., vol. I, n° 83; Vivante, vol. I, p. 60-61, § 5o,
n° 4. Vede o capítulo Direito excepcional, n° 274.
P o r m o tiv o s d e in tere sse g e r a l se p re s c re v e m fo rm a lid a d e s con stitu tivas, esse n c ia is
p a ra c e rto s ato s; a in o b s e rv â n c ia d a s m e sm a s in d u z n u lid a d e e d á m a rg e m a o u tra s p e n a s,
se ja q u a l f o r a v o n ta d e d as p artes. A e sta s se não a trib u i o p o d e r d e c o n v e n c io n a r o
co n trá rio d o q u e u m a n o rm a im p e ra tiv a o u p r o ib itiv a d isp ô s c o m o su b sta n cia l, in trín se c o
o u d e o rd e m p ú b lic a. A ssim a co n te c e c o m o s p re c e ito s q u e re g u la m a c irc u la ç ã o das
m e rc a d o ria s e d o s títu lo s de c ré d ito , o s re q u isito s d as le tra s d e c â m b io e no tas
p ro m issó ria s, a o rg a n iz aç ã o e x te rio r d a s so c ie d a d e s, o s te rm o s d e o u to rg a d e m a n d a to 35
(1).
35 386 - (1) W. Endemann, Professor da Universidade de Bonn - Handbuch des Deutschen Han-dels, See und
Wechslrechts, vol. I, p. 35-36, § 8°, n° 3; G. Massé - De Droit Commercial dansses Rapports avec le Droit
des Gens et le Droit Civil, vol. I, n os 67-69; Cosak, Professor da Universidade de Bonn, op. cit., p. 229; V.
Vivante, vol. I, p. 63-64, § 5°; Navarrini, vol. I, n° 62.
LEIS PENAIS
3 6 387 - (1) João Vieira de Araújo - Código Penal Comentado, 1896, Parte Geral, vol. I, p. 19; Paula Batista -
Compêndio de Hermenêutica Jurídica, § 46, nota 1; Adolphe Prins - Science Pénale et Droit Posit if, 1899,
p. 41,n°68; R. Garraud - Traité Théorique et Pratique du Droit Penal Francois, 2*ed., vol. I, p. 228, n°
125;GiulioCrivellari-//Coi//,cePe/!a/e, 1890, vol. I, p. 24-25; Ferdinando Puglia-Manuale di Dir. Penale, 2a
ed., vol. I, p. 19-20, Paul Vander Eycken - Méthode Positive de I 'Interpretation Juridique, 1907, p. 317;
Theodor Rittler - Lehrbuch des Oesterreichischen Stra-frechts, vol. I, § 6, p. 23; N. Hungria, p. 68, vol. I,
Comentário ao Código Penal
(2) Código Penal de 1890, art. 1 °, alínea; Carlos Perdigão - Manual do Código Penal Brasileiro, 1882, vol.
I, p. 6; Paula Pessoa - Código Criminal do Império do Brasil, 2aed.,p. 12-13; Giuseppe Saredo - Trattato
delle Leggi, n° 671; G. B. Impallomeni - // Códice Penale Italiano, 2a ed., vol. I, p. 22; João Vieira,
Professor da Faculdade de Direito do Recife, vol. I, p. 17-19; Carl Sto-ods - Die Grundzüge des
Schweizerischen Strafrechts, 1892, vol. I, p. 129.
O Código Penal russo, de 1926, e a Lei alemã sobre Analogia, de 28 de junho de 1935, mandam suprir por
analogia as lacunas das leis penais.
Eis o texto soviético; ”Art. 6o - Toda vez que uma ação socialmente perigosa não esteja expressamente
prevista pelo presente Código, o fundamento e os limites da relativa responsabilidade inferem-se dos
e sten d ê -la , p o r a n a lo g ia o u p a rid a d e , p a ra q u a lific a r fa lta s re p rim ív e is, o u lh e s a p lic a r
p en a s; não se co n c lu i, p o r in d u ç ã o , d e u m a esp é cie c rim in a l e sta b e le c id a p a ra o u tra não
e x p re ssa , e m b o ra ao ju iz p a re ç a o c o rre r n a se g u n d a h ip ó te se a m e s m a razão de p u n ir
v e rific a d a n a p rim e ira (2).
A in d a q u e h a ja m sid o p o ste rg a d o s o s d ita m es d a ju s tiç a , se não se v e rific a u m só
d o s c a ra c te rístic o s d o d elito p re v isto p e lo C ó d ig o , o u fa lta q u a lq u e r d o s ele m e n to s
c o n stitu tiv o s d o ato p a ra o q u a l fo i c o m in a d o c a stig o le g a l, a b so lv e m o réu , não
p e rs e g u e m ju d ic ia lm e n te o im p u ta d o (3). N ã o co n tin u a o p ro c esso , n e m c o n d e n a m o
in d icia d o , se não c o n c o rre m o s d o is re q u isito s se g u in tes: Io) c o n stitu íre m o s fa to s d a c a u sa
ta l d e lito p re v isto p e lo artig o ta l d a le i; 2 o) c o m in a r e sta a p e n a ta l p a ra a v io la ç ã o d as
in ju n ç õ e s o u p ro ib iç õ e s q u e e la e n c e rra (4).
Só o le g isla d o r, não o ju iz , p o d e a m p lia r o c a tá lo g o d e c rim e s in se rid o no C ó d ig o e
e m le is p o ste rio re s. O D ire ito C rim in a l é, c o m o p ro c la m a m p ro fe sso re s ale m ã e s,
esse n c ia lm e n te típ ico : o C ó d ig o c o n c a te n a tip o s de tra n sg re ssõ e s p u n ív e is; q u a lq u e r fa lta
qu e se não e n q u ad re e m a lg u m d a q u e le s m o ld e s o u tip o s, e m b o ra d o m e sm o a p ro x im a d a ,
e sc a p a ao a lca n c e d a ju s tiç a re p re ssiv a (5).
A te n d ê n c ia m o d e rn a e lo u v á v e l no sen tid o do a sso itp lisse m e n t du droit, ca-
artigos do Código que contemplam os delitos de índole mais análoga." A norma tudesca estatui: § 2° - É
punido quem comete um fato que a lei declara punível, ou que mereça pena segundo o conceito
fundamental de uma lei penal e segundo o sentimento são do povo. Toda vez que uma determinada lei
penal não encontre imediata aplicação ao fato, este será punido com base na lei cujo conceito fundamental
ao mesmo se adapte melhor " (apud Battaglini - Diritto Penale - Teorie Generali, n° 18, p. 34). Oxalá se não
generalizem enormidades tais!
O Código Penal italiano de 1931 declara: "Art. 10 - Ninguém pode ser punido por um fato que não esteja
expressamente previsto como crime pela lei, nem com penas que não sejam pela mesma estabelecidas." O
Código Penal suíço de 1937 estatui: "Art. 10 - Ninguém pode ser punido se não cometeu um ato
expressamente reprimido pela lei."
(3) Silva Ferrão, Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça de Lisboa, Teoria do Direito Penal, 1856,
vol. I, p. 24.
(4) G arraud, Professor da Universidade de Lyon, vol. I, p. 229, n° 125.
(5) Beling - Grundzuege des Strafrechts, 11a ed., p. 21, 27 e 29; Theodor Rittler, Professor da Universidade
de Innsbruck - Lehrbuch des Oesterreichischen Strafrechts, vol. I, 1933, § 10, p. 43.
(6) Giulio Battaglini, Prof, da Universidade de Bolonha - Diritto Penale - Teorie Generali, 1937, n° 7, p. 13.
(7) Crivellari, vol. I, p. 24. Vede o capítulo - Direito excepcional, n os 75-77.
(8) Battaglini, op. cit, n° 18, p. 35. No campo doutrinário desponta, com algum vigor, na Alemanha,
Áustria e Itália, uma corrente que, em matéria penal, admite interpretação extensiva, embora se avançar
até ao recurso à analogia Bruett- Kunst der Rechtsauwendung, p. 157; Ritter, op. cit., p. 24-25; Battaglini,
op. cit., n os 17, 18 e 39 (com a restrição de só apelar para a exegese extensiva em caso de "absoluta
exigência lógica"; por outras palavras - "nos limites da estrita necessidade"); Del Giudice - Istituzioni di
Diritto Canonico, 3a ed., 1936, p. 77).
A parte preliminar no novo Código Civil italiano, promulgada juntamente com o Livro I, em 24 de abril
de 1939, depara o seguinte:
"Art. 4o - As leis penais e as que fazem exceção a regras gerais ou a outras leis, não se aplicam além dos
casos e tempos nas mesmas considerados."
(9) Pasquale Tuozzi - Corso di Diritto Penale, 2a ed., vol. I, p. 74; Haus - Príncipes Généraux du Droit
Penale Beige, vol. I, p. 102 e nota 7; Prins, Prof, da Universidade de Bruxelas, op. cit., n° 70.
(10) Rittler, op. cit., vol. I, p. 25.
r a c t e r iz a d a p o r d is p o s iç õ e s a m p la s , e lá s t ic a s , f l e x í v e i s , d e e x t e n s a a p l i c a b i li d a d e ,
p o r t a n t o ; s ó m e s m o c o m a m a is d is c r e t a r e s e r v a s e o b s e r v a r á n o c a m p o d o D i r e i t o d e
p u n i r (6 ) .
E strita m en te s e in t e r p r e t a m a s d is p o s i ç õ e s q u e r e s t r in g e m a lib e r d a d e h u m a n a , o u
a f e t a m a p r o p r ie d a d e ( 7 ) ; c o n s e q ü e n t e m e n t e , c o m i g u a l r e s e r v a s e a p l i c a m o s p r e c e it o s
t e n d e n t e s a a g r a v a r q u a lq u e r p e n a lid a d e ( 8 ) . O c o n t r á r io s e o b s e r v a r e la t iv a m e n t e à s
n o r m a s e s c r it a s c o n c e r n e n t e s à s c a u s a s q u e j u s t i f i c a m o s f a t o s d e li t u o s o s e d ir i m e m o u
a t e n u a m a c r im i n a li d a d e : d e v e m t e r a p lic a ç ã o ex ten siva d e s d e q u e o s m o t i v o s d a l e i v ã o
a lé m d o s t e r m o s d a m e s m a ( 9 ) ; e m t a is c ir c u n s t â n c ia s , a té a a n a lo g ia é i n v o c á v e l ( 1 0 ) .
6 3 0 - P a r e c e m i n t u i t i v a s a s r a z õ e s p e la s q u a is s e r e c la m a e x e g e s e r ig o r o s a , e s t r it a ,
d e d is p o s i ç õ e s c o m in a d o r a s d e p e n a s . A s d e f i c i ê n c i a s d a l e i c i v i l s ã o s u p r id a s
p e lo in t é r p r e t e ; n ã o e x is t e m , o u , p e lo m e n o s , n ã o p e r s is t e m , l a c u n a s n o D i r e i t o
P r i v a d o ; e n c o n t r a m - s e , e n t r e t a n t o , e n t r e a s n o r m a s im p e ra tiva s o u p ro ib itiv a s,
d e D i r e i t o P ú b l i c o . N o p r im e i r o c a s o , e s t á o j u i z s e m p r e o b r ig a d o a r e s o lv e r a
c o n t r o v é r s ia , a p e s a r d o s i l ê n c i o o u d a l in g u a g e m e q u ív o c a d o s t e x t o s ; n o
s e g u n d o , n ã o ; p o r s e r m a is p e r ig o s o o a r b ít r io d e c a s t i g a r s e m l e i d o q u e o m a l
r e s u lt a n t e d e a b s o l v e r o ím p r o b o n ã o v is a d o p o r u m t e x t o e x p r e s s o . N o c a m p o
d o D i r e i t o P r i v a d o a r e c u s a d e d e c i d i r p e r p e t u a r ia o c o n f l it o d e in t e r e s s e s , a
d e s o r d e m s o c ia l, a e x p lo r a ç ã o d o s f r a c o s p e lo s f o r t e s , a s ir r e g u la r id a d e s d e
p r o c e d e r p a r a c o m t e r c e ir o s , e m b a r a - ç a d o r a s d a c o o p e r a ç ã o , ó b ic e s à
c o e x is t ê n c ia h u m a n a a c o r d e , p a c í f i c a .
6 3 1 - E s c r it o r e s d e p r e s t íg i o e x c l u e m a e x e g e s e e x t e n s iv a d a s l e is p e n a is , p o r s e r e m
e s t a s excep cio n a is, is t o é , d e r r o g a t ó r ia s d o D i r e i t o c o m u m ; a o u t r o s s e n ã o
a f i g u r a lo g ic a m e n t e p o s s ív e l e n q u a d r a r e m t a l c a t e g o r ia u m r a m o in t e i r o d a
c i ê n c i a j u r íd i c a . P a r a e s t e s a r a z ã o d a o r ig i n a li d a d e é o u t r a ; a s d is p o s iç õ e s
r e p r e s s iv a s in t e r p r e t a m - s e e s t r it a m e n t e p o r q u e , a lé m d e s e r e m p r e c e it o s de
o rd em p ú b lica , m an dam f a z e r o u p ro íb e m qu e se fa ç a . E m g e r a l a s n o r m a s
c o n c e r n e n t e s a d e t e r m in a d a f u n ç ã o d e in t e r e s s e p ú b l i c o o rd en a m o u vedam , a
e s t a s i n j u n ç õ e s o u p r o i b iç õ e s , d e s t in a d a s a a s s e g u r a r o e q u i l í b r i o s o c ia l,
a p lic a m - s e n o s e n t id o exato; n ã o s e dilatam , n e m restrin g em o s s e u s t e r m o s .
P e rm ittitu r q u o d non p ro h ib etu r: " o q u e n ã o e s t á p r o i b id o , é p e r m it id o . "
A d m i t e - s e a e x t e n s ã o q u a n d o a s l e i s n ã o s ã o im p era tiva s, n e m p r o ib itiv a s; m a s
in d ica tiva s, reg u la d o ra s, o rg a n iza d o ra s; p o r q u e , n e s s e c a s o , n ã o in t e r e s s a m o s
f u n d a m e n t o s d a o r d e m d e c o is a s e s t a b e le c id a 37 ( 1 ) .
O T í t u l o P r e l i m i n a r d o C ó d i g o C i v i l i t a l i a n o d e 1 8 6 5 e v it o u h a b ilm e n t e a c o n -
37 389 - (1) Pacifici-Mazzoni - htituzioni di Diritto Civile Italiano, 3a ed., vol. T, p. 52; Vander Eycken, op. cit.,
p. 314-315 e 318-321.
(2) Francesco de Filippis - Corso Completo di Diritto Civile Italiano Comparato, 1908-1910, vol. T, p. 88 e
nota 10 texto de 1939 encontra-se em a nota 387 - (8).
t r o v é r s i a e s a t is f e z a s s im o r e q u is it o d e p r e c is ã o n o d is p o s i t i v o : e m b o r a o a r t. 4 o t iv e s s e
c o m o f o n t e a s a n t ig a s l e i s n a p o lit a n a s , a b s t e v e - s e d e e n q u a d r a r , c o m o e s t a s f i z e r a m ( 2 ) ,
a s d is p o s iç õ e s p e n a is e n t r e a s d e r r o g a t ó r ia s d o D i r e i t o c o m u m ; e p r e f e r iu e q u ip a r a r a s
p r im e i r a s à s s e g u n d a s , c o l o c a r a s d u a s n u m s ó p r e c e it o , l a d o a la d o , n e s t e s t e r m o s : " A s
l e i s p e n a is e a s q u e r e s t r in g e m o l i v r e e x e r c í c i o d o s d ir e it o s o u c r ia m e x c e ç õ e s à s r e g r a s
g e r a is o u a o u t r a s le is , q u e n ã o s e e s t e n d e m a lé m d o s c a s o s e t e m p o s q u e e s p e c if ic a m . "
3 9 0 - D o e x p o s t o j á s e c o n c l u i q u e s e n ã o d e v e c o r r e r o r i s c o d e a v a n ç a r d e m a is ,
p e lo m e n o s in c o n s c ie n t e m e n t e , g r a ç a s a o u s o , e t a m b é m a o a b u s o , d e e x p r e s s õ e s
im p r ó p r ia s . P o r q u e s e p r o i b ir a m a s ila ç õ e s , a in t e r p r e t a ç ã o ex ten siva; l o g o e x i g ir a m a
restritiva . C o m e v it a r u m e r r o , i n c id e - s e e m o u t r o , e m b o r a o p o s t o . S e u m e x t r e m o
p r e j u d ic a , o c o n t r á r io a r r a s t a a d e s li z e s t a lv e z m a is d a n o s o s p a r a a c o l e t i v id a d e . A
e x e g e s e d e v e s e r c r it e r io s a , d is c r e t a , p r u d e n t e : estrita, p o r é m n ã o re stritiva . D e v e d a r
p re c isa m e n te o q u e o t e x t o e x p r im e , p o r é m tu do o q u e n o m e s m o s e c o m p r e e n d e ; n a d a d e
m a is , nem d e m enos. E m u m a p a la v r a , s e r á d ecla ra tiva , n a a c e p ç ã o m o d e r n a d o
v o c á b u l o 38 (1 ) .
A r e g r a d a e x e g e s e e s t r it a n ã o d e c o r r e s o m e n t e d a a lí n e a d o a r t., I o d o C ó d i g o P e n a l
d e 1 8 9 0 ; o b s e r v a r a m - n a s o b o I m p é r io e e m P o r t u g a l, b a s e a d o s o s j u r is c o n - s u lt o s
n a c io n a is e r e in íc o l a s a p e n a s n o p r e c e it o q u e m a n d a n ã o r e c o n h e c e r c r im e " s e m u m a l e i
a n t e r io r q u e o q u a li f i q u e " (2 ) .
3 9 1 - A l g u n s a u t o r e s a d m it e m a in t e r p r e t a ç ã o ex ten siva p o r f o r ç a d e c o m p reen sã o e
in d u çã o 391 ( 1 ) ; o u t r o s d is t in g u e m e n t r e a n a lo g ia ju ríd ic a , is t o é , a q u e a r g u m e n t a c o m o s
p r i n c í p i o s g e r a is d o D ire ito a f i m d e p r e e n c h e r a s la c u n a s d o t e x t o ; e a n a lo g ia legal,
q u a n d o a p l i c a à s h ip ó t e s e s n ã o p r e v is t a s e x p r e s s a m e n t e a s d is p o s i ç õ e s s o b r e c a s o s
s e m e lh a n t e s o u m a t é r ia s a n á lo g a s . T o le r a m a ú l t i m a , e m b o r a o b r ig a d o o j u i z a p r o c e d e r
c o m a m á x i m a c a u t e la a f i m d e e v it a r o p e r i g o q u e e la p r ó p r ia , e m p r e g a d a s e m g r a n d e
d is c r iç ã o , p o d e r ia a c a r r e t a r p a r a a s e g u r a n ç a p ú b l i c a e a lib e r d a d e d o s c id a d ã o s ( 2 ) .
E s s a s d is t in ç õ e s d e v e m s e r a f a s t a d a s d o c a m p o a c id e n t a d o d o D i r e i t o C r i m i n a l ,
s o b r e t u d o a s p r im e ir a s : t ê m s id o , a liá s , u m a s e o u t r a s , p o r v á r i o s a u t o r e s c o n s id e r a d a s
s u p é r f lu a s e u m t a n t o a r t if ic i a is ; a v e r d a d e é q u e , n a e s f e r a p e n a l, a o i n v é s d e g u ia r e m o
h e r m e n e u t a a c la r a n d o - lh e o c a m in h o , a u m e n t a m a c o n f u s ã o ( 3 ) . E x c l u a - s e t a m b é m a
lin g u a g e m a b s o lu t a d o s q u e o p i n a m p e la e x e g e s e restritiva . F i q u e - s e n o m e io t e r m o , f á c i l
d e a t in g ir : p r o c u r e - s e , c o m o s r e c u r s o s d a H e r m e n ê u t ic a , a p r e e n d e r b e m o e s p ír it o d o
d is p o s i t i v o ; n ã o s e v á a lé m d a s e x p r e s s õ e s d a l e i; p o r é m , a p liq u e - s e n a í n t e g r a t u d o o q u e
38 390 - (1) E. Garçon, in Les Méthodes Juridiques, Leçons faltes aií College Libre des Sciences So-ciales en
1910, p. 203-204; João Vieira, vol. T, p. 17-21; Paula Batista, op. cit., §§ 47-48; Pacifici-Mazzoni, vol. T, p.
52-53, n° 21; G arraud, vol. T, p. 228, nota 1; Crivellari, vol. T, p. 24-25; Tmpallomeni, vol. T, p. 22; Tuozzi,
Prof, da Universidade de Pádua, vol. T, p. 74; Rittler, vol. T, p. 24, com apoio de Hafter e Kohler.
(2) Código Criminal do Tmpério, art. To; Perdigão, vol. T, p. 6; Código Português, art. 5o; Ferrão, vol. T, p.
23-24; Constituição do Tmpério, art. 179, n° XT; Constituição da República, de 1946, art. 141, §27.
n a s m e s m a s s e c o n t é m ; n a d a d e m a is , n e m d e m e n o s . T a l v e z s e ja is t o o q u e
r ig o r o s a m e n t e c a ib a n a e x e g e s e ex ten siva p o r f o r ç a d e co m p reen sã o ; p a r e c e , e n t r e t a n t o ,
m a is p r e c is o d e n o m in a r - s e in t e r p r e t a ç ã o estrita ; p e lo m e n o s o f e r e c e e s t a m e n o s m a r g e m
a e q u ív o c o s e d iv e r g ê n c ia s .
3 9 1 - A - N ã o s e c o n f u n d a e x e g e s e e strita c o m i m o b il i d a d e d a H e r m e n ê u t ic a : a té
m e s m o n o c a m p o d o D i r e i t o P e n a l a in t e r p r e t a ç ã o a d a p t a - s e à é p o c a , a t e n d e a o s fa to r e s
so cia is, a f e i ç o a a n o r m a i m u t á v e l à s n o v a s t e o r ia s , à v it o r i o s a o r ie n t a ç ã o d a c i ê n c i a
j u r íd i c a . T o d o D i r e i t o é v i v o , d in â m i c o ( 1 ) .
397 391 - (1) Lima Drummond, nas suas Preleções de Direito Criminal; João Vieira, vol. I, p. 21, n"
4. Vede n° 223.
1 1 7 1 Ju s tu s Olshausen - Kommentarzum Strafgesetzbuch, 6a ed., vol. I, p. 43, n" 4, em parte; Karl
Janka - Das Oesterreichische Strafrecht, 4a ed., p. 40-41, em parte; Crivellari, vol. I, p. 24-25; Puglia,
Prof, da Universidade de Messina, vol. I, p. 19-20: limita-se a referir as opiniões, sem se pronunciar
a favor ou contra.
1172V incenzo Manzini - Trattato diProcedura Penale e di Ordinamento Giudiziario, 1920, vol. I, p. 40,
n° III; Emílio Caldara - Interpretazione delle Leggi, 1908, p. 187-188, n° 191.
392 - A e q ü id a d e n ã o a u x i l i a a e x e g e s e d o s t e x t o s e m q u e s e c o m i n a m p e n a s
d e q u a lq u e r n a t u r e z a 39 ( 1 ) ; n e m t a m p o u c o s e a d m it e o costum e, n o p a p e l d e s u p r i r
a s la c u n a s o u e s c la r e c e r a s o b s c u r id a d e s d a s l e i s r e s t r it iv a s d a l ib e r d a d e o u d e d i r e i
t o d e p r o p r ie d a d e (2 ) .
O c o s t u m e i n f l u i c o m o f o r ç a c r ia d o r a d e n o v a s r e g r a s p o s it iv a s , o u a p e r f e iç o - a d o r a
d a o b r a l e g i s l a t iv a . T a m b é m s e r v e p a r a p ô r d e a c o r d o o p r e c e it o e x p r e s s o , c o m a v id a e a
r e a lid a d e s o c ia l ( 3 ) . V a r i a n d o , p o r e x e m p lo , o c o n c e it o d e h o n r a . M e d i c i n a , r e li g i ã o , e tc ,
p e lo n o v o s e o r ie n t a o j u i z a o a p r e c i a r d e li t o s c o n t r a a h o n r a a lh e ia , o e x e r c í c i o d a a r t e d e
39 392 - (1) G arraud, vol. I, p. 229, n° 126; Prins, op. cit., p. 43; Saredo, op. cit., n° 670.
(2) Stoss, vol. I, p. 129; Olshausen, vol. I, p. 443, n° 4; João Vieira, vol. I, p. 21, n° 5; Grmir, op. cit., p.
134; Rittler, vol. I, p. 20; Battaglini, op. cit., n° 11, p. 18-19.
Quanto a esclarecer as obscuridades e derrogar pelo desuso, vem se impondo, no campo da doutrina, uma
prestigiosa corrente favorável (Hafter - Lehrbuch des Schueizerischen Strafrechts, vol. I, p. 15; Hippel, vol.
II, p. 40-41; Mezger, op. cit., p. 84; Rittler, vol. I, p. 20-22). Vede n° 451.
(3) Battaglini, op. cit., p. 18-20; Rittler, vol. I, p. 20-21.
cu rar, etc.
N ã o b a s ta se r d u v id o so o se n tid o d o te x to , p a ra se re s o lv e r a fa v o r d o in d iciad o .
In c u m b e ao ju i z la n ç a r m ã o d o s re c u rso s d a H e rm e n ê u tic a , a fim d e e sc la re c e r o
d isp o sitiv o , a tin g ir a v e rd a d e , re v e la r o e sc o p o a lv e ja d o p e la p re sc riç ã o leg al. Só m esm o
q u a n d o to d o e sse tra b a lh o re su lte in ú til e a d ú v id a p e rsista , se rá a c o n se lh á v e l p ro n u n c ia r-
se n o se n tid o m a is b en ig n o , e m p ro l d o acu sa d o . A í, sim , te rá c a b im e n to o — In dú bio
m itiu s in terp reta n d u m est; o u - In te rp re ta tio n e s legu m p o e n o e m o llien d o e su n t p o tiu s
quam a sp era n d o e; o u , a in d a - In p o e n a lib u s ca u sis b en ig -n u s in terp reta n d u m e s f w (1):
"O p te-se, n a d ú v id a, p e lo sen tid o m ais b ra n d o , su av e, h u m a n o "; "P re fira -se , ao in te rp re ta r
as le is, a in te lig ê n c ia fa v o rá v e l ao a b ra n d a m e n to d a s p e n a s ao in v é s d a q u e lh e s a u m e n te
a d u re z a o u ex a g e re a sev e rid a d e"; "A d o te -se n as ca u sa s p e n a is a ex e g e se m a is b e n ig n a".
400 393 - (1) Digesto, liv. 48, tit. 19, frag. 42; De Regulis Juris, liv. 50, tit. 17, frag. 155, § 2°; Crivel-
lari, vol. I, p. 24; Prins, op. cit., 42.
(2) Olshausen, vol. I, p. 42, n° I; G arraud, vol. I, p. 231, n° 126; Tolomei, apud Crivellari, vol. I, p-
26, nota 1; Impallomeni, vol. I, p. 22; Manzini, vol. I, p. 39, n° 24; Paula Batista, op. cit., § 48, nota I.
Ortolan só admite o in dubio pro reo, quando se trata de casos insolúveis (João Vieira, vol. I, p-19).
Manzini, (Ioc. cit.) é mais radical; chega a considerar falso o princípio contido naquele brocardo, na
parte relativa à Hermenêutica; tolera-o, em termos, quanto à Prova somente.
402 395-(1) Caldara, op. cit., n° 195; Francesco Degni - L'Interpretazione delia Legge, 1909, p. 23,
nota 2, e p. 38, nos 13 e 20; Mário Rotondi, monografia in Nuovo Digesto Italiano, 1937-1940,
verbo ”Legge” (Interpretazione delia), n° 4.
Vede o capítulo - Direito Excepcional, n° 275.
40 394 - (1) Charles Brocher - Êtude sur des Príncipes Généraux de L Interpretation des Lois, 1.870, p. 27-28.
PROCESSO CRIMINAL
LEIS FISCAIS
41 396 - (1) C. Civoli, Professor da Universidade de Turim - Manuals di Procedura Penale Italiana, 1921, n"
11, p. 14-15; Caldara, op. cit., nos 197-198, p. 194-196; Battaglini, op. cit., n° 18, p. 36.
(2) Battaglini, op. cit., n° 18, p. 36; Vicenzo Manzini, vol. I, p. 3-40,1 e II.
4 2 397 - (1) Campbell Black - Handbook o f American Constitutional Law, 3a ed., p. 245-253; C. Maximiliano
- Comentários à Constituição Brasileira, 5a ed., nos 168 e segs.
43 398 - (1) Frederick Judson - A Treatise on the Power o f Taxation, 1917, § § 5-6; C. Maximiliano
-Comentários, n os 98-101.
(2) Everett Kimball - The National Government o f the United States, 1920, p. 39 e 357; Judson, op. cit., §§
1-5.
ta m e n te c o n tid a n as c lá u su la s e x p ressas do C ó d ig o su p re m o do p aís. G ra ça s ao a s
c en d e n te d o g ra n d e Ju iz M a rsh a ll, e n tro u e m v o g a d o u trin a o p o sta, a p o ia d a no
p rin c íp io de D ire ito q u e fa z d a C o n stitu iç ã o F e d e ra l e d as d isp o siç õ e s o rd in ária s
d e c o rre n te s d a m e s m a a le i su p re m a d a terra.
P re fe rira m à le tra d o e sta tu to o e sp írito d o siste m a v ig e n te , a ín d o le d o re g im e . O
te x to fo i e la b o ra d o sob a p re o c u p a ç ã o de p re stig ia r, so b retu d o , o s E sta d o s e, n a d ú v id a ,
re s o lv e r p e la a u to rid a d e d e ste s c o n tra a d a U n ião , sim p les d e te n to ra d e p o d e re s d e le g a d o s
p o r eles. E n tre tan to , a a u d a c io sa e p re v id e n te ex e g e se ju d ic iá r ia c o m p le to u a p a ss a g e m
do siste m a c o n fe d e ra tiv o , p rim o rd ia l e u m ta n to a m o rfo ,p a ra a fed e ra ç ã o v e rd a d e ira , e
e sta m e sm a c a d a v e z m a is a te n u a d a g ra ç as à c re sc e n te su p re m a c ia d a au to rid a d e n a cio n a l
(2).
44 399 - (1) Charles Beard -American Government and Politics, 3a ed., 1920, p. 358; Thomas Coo-ley - A
Treatise on the Law o f Taxation, 3a ed., p. 178 e 180.
(2) Willoughby - The Constitutional Law of the United States, 1910, vol. I, §§ 23 e 33; Judson, op. cit., § 5°;
Kimball, op. cit., p. 39 e 357.
(3) J. G. Sutherland - Statutes and Statutory Construction, 2" ed., vol. II, § 541; Campbell Black
-Handbook on the Construction and Interpretation o f the Laws, 2aed., p. 501-503; Cooley, vol. I p. 455, 466
468, e notas respectivas.
Prevalece a regra de exegese estrita, quer as transferências do poder de tributar se dêem em caráter
permanente, quer decorram de leis ordinárias, concessões, ou convênios: nunca se presume o intento de
abrir mão de direitos inerentes à autoridade suprema. Vede C. Maximiliano - Comentários, etc, n os 168 e
segs.
(4) Black - Constitutional Law, n os 452-453; Willoughby, vol. I, 23 e 33; Cooley, vol. I, P-177-178.
Todas as presunções se inclinam a favor do exercício ilimitado da faculdade de tributar.
4 0 0 - E x p l i c a d o o m o d o d e e n t e n d e r a f a c u ld a d e d e d i s t r i b u i r p e lo p o v o o s e n
c a r g o s p e c u n i á r i o s d o e r á r io , c u m p r e f a z e r s a b e r a g o r a c o m o s e in t e r p r e t a m o s t e x
t o s e m q u e o l e g i s l a d o r u s a d a q u e la p r e r r o g a t iv a s o b e r a n a .
I. P r e s s u p õ e - s e t e r h a v id o o m a i o r c u id a d o a o r e d i g i r a s d is p o s i ç õ e s e m q u e s e
e s t a b e le c e m i m p o s t o s o u t a x a s , d e s ig n a d a s , e m l in g u a g e m c l a r a e p r e c is a , a s p e s s o a s e
c o is a s a lv e j a d a s p e lo t r ib u t o , b e m d e t e r m in a d o s o m o d o , l u g a r e t e m p o d o la n ç a m e n t o e
d a a r r e c a d a ç ã o , a s s im c o m o q u a is q u e r o u t r a s c ir c u n s t â n c ia s r e f e r e n t e s à i n c id ê n c i a e à
c o b r a n ç a . T r a t a m - s e a s n o r m a s d e t a l e s p é c ie c o m o s e f o r a m r ig o r o s a m e n t e ta xativas;
d e v e , p o r is s o , a b s t e r - s e o a p l i c a d o r d e lh e s r e s t r i n g ir o u d il a t a r o s e n t id o . M u i t o s e
a p r o x i m a m d a s p e n a is , q u a n t o à e x e g e s e ; p o r q u e e n c e r r a m p r e s c r iç õ e s d e o rdem p ú b lica ,
im p e ra tiv a s o u p ro ib itiv a s, e a f e t a m o l i v r e e x e r c í c i o d o s d ir e i t o s p a t r im o n ia is . N ã o
s u p o r t a m o r e c u r s o à a n a lo g ia , n e m a in t e r p r e t a ç ã o e x t e n s iv a ; a s s u a s d is p o s iç õ e s
a p lic a m - s e n o s e n t id o r ig o r o s o , estrito.
T a m b é m n o c a m p o d o D i r e i t o F i s c a l s e o b s e r v a , com a s r e s e rv a s j á en u n ciadas, o
b r o c a r d o c é le b r e - In dú b io p r o reo, o u o s e u s e m e lh a n t e - In dú b io c o n tra fiscu m : " n a
d ú v id a , c o n t r a o f i s c o " 45 ( 1 ) .
O c o n t r a s t e m e r e c e e s p e c ia l r e g is t r o : q u a n d o s e t r a t a d e c o m p e t ê n c ia p a r a d e c r e t a r
ô n u s f i s c a is , d e c id e - s e , n a d ú v id a , p e lo p o d e r d e t r ib u t a r ; q u a n d o s e i n t e r p r e t a l e i d e
im p o s t o s , o b s e r v a - s e o in v e r s o - o p in a - s e , d e p r e f e r ê n c ia , a f a v o r d o c o n t r ib u in t e e c o n t r a
o e r á r io . P r e s u m e - s e o d ire ito d e la n ç a r t a x a s ; n ã o s e p r e s u m e o lançam ento.
4 0 1 - I I . E n t r e t a n t o n ã o s e in t e r p r e t a a l e i t e n d o e m v is t a s ó a d e f e s a d o c o n t r i
b u in t e , n e m t a m p o u c o a d o T e s o u r o a p e n a s . O c u id a d o d o e x e g e t a n ã o p o d e s e r u n i
la t e r a l: d e v e m o s t r a r - s e e q u â n im e o h e r m e n e u t a e c o n c i l i a r o s in t e r e s s e s e m
45 400 - (1) Karl Wurzel - Das Juristische Denken, in ”Oesterreichisch.es Zentralblatt für die Juris-tische
Praxis”, vol. 21, p. 674, nota 4; Bernardino Carneiro - Primeiras Linhas de Hermenêutica Jurídica e
Diplomática, 2a ed., § 53; Sutherland, vol. TT, §§ 536-537; Cooley, vol. T, p. 453-456; Degni, op. cit., p. 23,
nota 2; Pacifici-Mazzoni, vol. T, n°21; Caldara, op. cit., nos 199-201; Vander Eycken, op. cit., p. 321; Paula
Batista, op. cit., §§ 46-47. Vede o capítulo Leis Penais. n° 393. Aplica-se o brocardo - In dúbio contra
fiscum - somente às disposições taxativas que decretam impostos, e assim mesmo quanto a regras gerais,
não quanto às exceções, que se resolvem, na dúvida, a favor do fisco. Exemplo do último caso: as isenções
de impostos previstas na própria lei que os institui (n° 402).
Opostas ao in dúbio contra fiscum, até hoje universalmente vitorioso na jurisprudência, despontam
objeções no campo da doutrina, fundadas em não ser, hoje, o tributo uma imposição arbitrária e talvez
caprichosa de potentado, como outrora; porém a conseqüência do reconhecimento espontâneo de um
dever para com a pátria e a sociedade feito pelos próprios contribuintes: estes, representados pelos seus
eleitos, decretam o ônus para si próprios, consentem no lançamento, apóiam-no de antemão. Tal parecer
não granjeou maioria entre os teóricos do Direito; o brocardo prevalece ainda, atenuado, embora, como o
in dúbio pro reo (Mantellini - Lo Stato e il Códice Civile, vol. T, p. 233 e segs.; Benvenuto Griziotti -
Principii di Política, Diritto e Scienza delle Finanze, 1929, p. 200-206; Ezio Vanoni - Natura ed
Interpretazione delle Leggi Tributarie, 1932, p. 3-35).
m o m e n tâ n e o , o c a sio n al, c o n tra ste 46 (1).
N ã o a te n d e so m e n te à letra, n e m se d e ix a d o m in a r p e la p re o c u p a ç ã o de restrin g ir;
re so lv e d e m o d o q u e o se n tid o p re v a le ç a e o fim ó b v io , o tra n sp a re n te o b je tiv o seja
atin g id o . O e sc o p o , a razão d a le i, a c au sa, o s v a lo re s ju ríd ic o -so c ia is
(ratio legis, d o s ro m a n o s; W ertuteil, d o s tu d e s c o s) in flu e m m a is d o q u e a lin g u a g e m ,
in fie l tra n sm isso ra d e id éias.
E x p e rim e n ta , e m su m a, o in té rp re te o s v á rio s p ro c e sso s d e H e rm e n ê u tic a ; a b sté m -
se de e x ig ir m a is d o q u e a n o rm a rec la m a ; p o ré m ex trai, p a ra s e r c u m p rid o , tudo,
a b so lu ta m e n te tu d o o q u e na m e sm a se co n tém . Se d e p o is d esse esfo rç o a in d a p e rsiste a
d ú v id a , a p lic a afin a l a p a rê m ia , re so lv e c o n tra o fisc o e a fa v o r d o c o n trib u in te (2).
6 3 6 - V . P re v a le c e m o s m e sm o s p re c e ito s a in d a q u e as ise n ç õ e s se ja m c o n c e d id a s
c o m re fe rê n c ia a c o isa s, e n ão a p e sso as: p. ex., q u a n d o lib e rta m de im p o sto
p re d ia l im ó v e is d e in stitu to s p ro fissio n a is, ig re ja s, e d ifíc io s p a ra esc o la s, etc;
b e m co m o a im p o rta ç ã o d e m á q u in a s a g ríc o las, o u o fu n c io n a m e n to de
in d ú s tria s d ig n a s de p ro te ç ã o a n im a d o ra (l).49"
CONTRATOS E TESTAMENTOS
407 - A in t e r p r e t a ç ã o é u m a s ó ; e n t r e t a n t o s o f r e m , n a p r á t ic a , o s s e u s p r e c e it o s
l ig e i r a s v a r ia n t e s c o n f o r m e o r a m o d o D i r e i t o a q u e s e a p lic a m , e , n ã o r a r o , s ã o
s u b s t it u íd o s o u c o m p le t a d o s p o r o u t r o s , e s p e c ia is .
A t e o r ia d a von ta d e, b a t id a n o t e r r e n o d a H e r m e n ê u t ic a g e r a l, r e s is t iu , c o m
e s p a n t o s a g a lh a r d ia , n o c a m p o e s t r e it o d a e x e g e s e d e O b rig a ç õ e s e , c o m p e r s is t ê n c ia
m a is g e n e r a liz a d a e r e la t iv a m e n t e d e f e n s á v e l, n a d o s T estam entos. E n t r e t a n t o , s e à
m a i o r ia d o s b o n s e x p o s it o r e s p a r e c e u d i f i c í l i m o , e à s v e z e s i m p o s s í v e l , d e s c o b r i r a
vo n ta d e d o le g isla d o r lls ( 1 ) , t a m b é m s e n ã o a n t o lh a c o m o p r o m i s s o r a d e r e s u lt a d o
im e d i a t o a t a r e f a d e r e v e l a r a in t e n ç ã o d o e s t ip u la n t e , p e lo m e n o s e m c o n t r a t o b ila t e r a l.
R e s u l t a e s t e d a c o n v e r g ê n c ia d e in t u it o s , p o r é m n ã o d a i d e n t id a d e e n t r e o s m e s m o s : u m
p r o p õ e p o r u m m o t iv o , o o u t r o a c e it a p o r d iv e r s a r a z ã o , e , n ã o r a r o , o q u e A l f e u d e s e ja e
c a la , a o c o o b r ig a d o T í c i o n ã o c o n v é m d e m o d o n e n h u m ; p o r t a n t o , q u a n d o s e r e a l i z a a
v o n t a d e d o p r im e i r o , c o n t r a r ia - s e a d o s e g u n d o . S e a t a r e f a d o m a g is t r a d o c o n s is t is s e
a p e n a s , c o m o p r e t e n d e a E s c o l a C l á s s ic a , e m i n v e s t i g a r e c o n v e r t e r e m r e a lid a d e a
in t e n ç ã o d e u m o u d e v á r i o s e s t ip u la n t e s , e m m a i s d e u m c a s o a c h a r - s e - ia o j u l g a d o r e m
c o n j u n t u r a i n s o lú v e l .
C o m o n a H e r m e n ê u t ic a tra d icio n a l, r e c o r r e m a fic ç õ e s, p a r a r e s o lv e r , o u i l u d i r
d if ic u l d a d e s , o s o b s t in a d o s p a r t id á r io s d a v e lh a d o u t r in a : a d m it e m a v o n t a d e im p líc ita e a
p resu m id a , l e v a d a s a o e x a g e r o . N a v e r d a d e n o m a t r i m ô n io e n t r e p a r t e s q u e n ã o c o g it a r a m
d o r e g im e d o s b e n s , p r e v a le c e a c o m u n h ã o p o r q u e s e p re su m e q u e p r e f e r ir a m o
e s t a b e le c id o e m le i. P o i s b e m ; s e g u n d o a E s c o l a C l á s s ic a , e m s e t r a t a n d o d o s d elitos, e
qu a se-d elito s, g e r a d o r e s d e o b r ig a ç õ e s co n tra o d e s e jo d o i n d iv í d u o , o a r t i f í c i o u s a d o
p a r a e x p l i c a r o f e n ô m e n o j u r í d i c o é o s e g u in t e : n o c o n t r a t o e q u a s e - c o n t r a t o a o b r ig a ç ã o
d e c o r r e d a v o n t a d e e m c o n c o r d â n c ia c o m a l e i; n o s d e li t o s e q u a s e - d e lit o s , d a v o n t a d e
t a m b é m , p o r é m c o n t r á r ia à l e i (2 ) . P a r a o s tra d i
cion a lista s, o a t o e x t e r io r , a m a n if e s t a ç ã o d o in t u it o , c o n s t i t u i a p e n a s o m e io d e p ro v a ;
n ã o é d a e s s ê n c ia d o c o n t r a t o , n e m d o le g a d o .
4 0 8 - A vo n ta d e d o leg isla d o p o d e r o s a m e n t e c o n c o r r e u p a r a s e t r a n s f o r m a r
e m n o r m a e s c r it a o p r e c e it o r e s u lt a n t e d a e v o l u ç ã o j u r í d i c a d a c o le t iv id a d e ; p e r
d e u -s e , e n tre ta n to , n o p a s s a d o ; n ã o p o d e s e r o p iv ô d a e x e g e s e . T a m b é m a v o n ta d e
d o e s t ip u la n t e c o n t r ib u iu , d ir e t a o u in d ir e t a m e n t e , p a r a s e p r a t i c a r o a t o u n i l a t e r a l
o u c e le b r a r o c o n t r a t o s in a la g m á t ic o ; p o r é m u m e o u t r o d e c o r r e r a m m e n o s d o p r o
c e s s o m e n t a l, í n t im o , s u b j e t iv o , d o q u e d a e x t e r io r iz a ç ã o r e g u la r d o p e n s a m e n t o .
A von ta d e, q u e s e in t e r p r e t a e c o n v e r t e e m r e a lid a d e , n ã o é o q u e u m a p e s s o a q u is e
p o s s iv e lm e n t e d e ix o u f o r a d o a lc a n c e d a p e r c e p ç ã o d o c o o b r ig a d o , o u le g a - t á r io ; p o r é m o
q u e a p a re c e c o m o a c e it o p o r u m a d a s p a r t e s e p e n s a d o e p r o p o s t o p e la o u t r a 53 ( 1 ) . P o d e - s e
a lim e n t a r , e m s i l ê n c i o , u m d e s e jo ; d a í n ã o a b r o lh a m d e v e - r e s p a r a o i n d iv í d u o , n e m
d ir e i t o s p a r a t e r c e ir o s . N ã o s e c a s t ig a m in t e n ç õ e s ; a n in g u é m a p r o v e it a o i n t u i t o b e n é f ic o ,
p o r é m r e f lu o , n ã o e x t e r io r iz a d o e m a ç õ e s . L o g o a d ec la ra ç ã o d e v o n ta d e é d a essê n c ia d o
a t o o u c o n t r a t o ; n ã o c o n s t i t u i s im p le s m eio d e p ro v a .
4 0 9 - N e n h u m a i d é i a p r e v a le c e e d o m i n a p o r m u i t o t e m p o , s e m u m f u n d o d e v e r
d a d e . T e m a lg u m a b a s e a t e o r ia d a vo n ta d e; p o r q u e s e m e s t a , s e m o i n t u i t o d e lib e r a d o
d e a g i r n e s t e o u n a q u e le s e n t id o , n ã o h a v e r ia q u a s e n e n h u m a t o j u r í d i c o ; p r o c e d e , e m
p a r t e , t a m b é m a d a d e c la ra ç ã o ; p o r q u e o d e s e j o í n t i m o n ã o g e r a o b r ig a ç õ e s .
E n t r e t a n t o , n ã o v in g a r á o e x c l u s i v is m o d a E s c o l a C l á s s ic a , n e m t a m p o u c o d a o u t r a ,
d e o r ig e m g e r m â n ic a . C o n f u n d e m - s e e c o m p le t a m - s e a s d u a s . A s im p le s d ecla ra çã o , p o r
e n g a n o o u g r a c e j o , n ã o p r e v a le c e ; a d m it e p r o v a e m c o n t r á r io a f a v o r d a vo n ta d e efetiva,
r e a l. P o r o u t r o la d o , p o d e r á e s t a s e r m a l e x p r e s s a ; im p e r f e it a , o b s c u r a m e n t e e n u n c ia d a :
n e s t e c a s o , a c la r a - s e , c o r r ig e - s e , in t e r p r e t a - s e a d e c la ra ç ã o ; p o r é m n ã o é l í c i t o p r e s c i n d i r
d a m e s m a , s u b s t i t u í - l a 54 ( 1 ) . T a l é a r e g r a g e r a l, q u e a d m it e a s e x c e ç õ e s p a r a o s c a s o s d e
d e c la r a ç ã o i m p l í c i t a , v o n t a d e p r e s u m id a : m a t r i m ô n io s e m c o n t r a t o a n t e n u p c ia l, s u c e s s ã o
ab in testato, c o n d iç õ e s u s u a is e m c e r t o s c o n t r a t o s , e tc .
4 1 0 - P a r e c e q u e o D i r e i t o d a s O b r i g a ç õ e s é a d e r r a d e ir a c i d a d e l a d o m iso -
neism o n o c a m p o j u r í d i c o ; a l i s e a c a s t e la m , o s ú l t i m o s a d v e r s á r io s d a o r g a n iz a ç ã o
d e m o c r á t ic a , n o s e n t id o m a i s a m p lo e l i b e r a l d a e x p r e s s ã o 55 ( 1 ) . E n t r e t a n t o , a té a l i
a v o n t a d e i n d i v i d u a l v a i c e d e n d o t e r r e n o , e m b o r a a c u s t o , à s o lid a r ie d a d e , à u t i l id a d e
s o c ia l. C o n t u d o o p r o g r e s s o é le n t o ; a q u e le s m e s m o s q u e a b a n d o n a r a m a te o ria d a
von tade, r e la t iv a m e n t e à in t e r p r e t a ç ã o d a s l e is , l h e a t r ib u e m v a l o r e x a g e r a d o n a e x e g e s e
d o s c o n t r a t o s ( 2 ) . E s t e s n ã o d e c o r r e m a p e n a s d o a c o r d o livre e esp o n tâ n eo d a s p a r t e s ;
p o r q u a n t o o p r ó p r i o a c o r d o é s u b o r d in a d o à c o n s id e r a ç ã o d e u t i l id a d e s o c ia l e d o c r é d it o
p ú b li c o . Q u a n d o s e p r o c u r a , a t r a v é s d a d e c la r a ç ã o , a v o n t a d e r e a l, v e r d a d e ir a , n ã o v í t i m a
d o e r r o o u d e s f ig u r a d a p o r e x p r e s s õ e s im p e r f e it a s , a w irk lich e Wille, d o s t u d e s c o s ; a t e n d e -
s e , c o m o b e m o b s e r v o u S a l e i l le s , à s n e c e s s id a d e s d o c r é d it o , à s e x i g ê n c ia s d a le a ld a d e e
à s t e n d ê n c ia s d a v i d a m o d e r n a ; a m p a r a - s e a o m e s m o t e m p o o in t e r e s s e d o i n d i v í d u o e o
d a s o c ie d a d e ( 3 ) .
419 411 - (1) Duguit - Les Transformations Generates du Droit Prive. p. 86-93; Dereux, op. cit., p. 343
349,372-375 e 540. Vede Carlos Maximiliano - Comentários à Constituição Brasileira. Poder de
Policia, em os n os 523-533 e 535.
1173C onsentini - Filosofia dei Diritto, 1914, p. 303-304; La Reforme, cit. p. 297.
11 74D ereux, op. cit., p. 25; Consentini - Filosofia, p. 304.
c o l e t i v id a d e ( 1 ) . D a i m p r u d ê n c ia , n e g lig ê n c ia , o u i m p e r í c i a , b e m c o m o d e u m a t o c i v i l
c u lp o s o , r e s u lt a u m m a l in volu n tário, g e r a d o r d e o b r ig a ç õ e s p a r a u m , e d e d ir e i t o s p a r a
o u t r o . P o r q u e a fic ç ã o d e a d m i t i r vo n ta d e c o n trá ria à lei, q u a n d o n ã o h o u v e in t e n ç ã o
a lg u m a ? S e e x is t is s e , n ã o m a is s e f a l a r i a e m q u a se-d elito ; s e r ia o c a s o d e c r im e ,
p r o p r ia m e n t e , o u d o lo p e lo m e n o s , e , p o r t a n t o , a g r a v a ç ã o d a r e s p o n s a b ilid a d e , p e n a l o u
c i v i l . A a u s ê n c ia d e v o n t a d e é s u p r id a p e la s d is p o s iç õ e s l e g a is , p e lo s p r i n c í p i o s d e j u s t i ç a
- nem inem loedere.
277 CARLOS MAXIMILIANO
56 413 - (1) Theophilus Parsons - The Law o f Contracts, 9a ed., 1904, vol. II, n° 494; Savigny -Traité de Droit
Romain, tradução Guenoux, vol. Ill, p. 256; Lacerda de Almeida - Obrigações, 2aed., 1916, p. 271-272, nota
ao § 68.
Crome afirma que as duas espécies de interpretação (das leis e de atos jurídicos) marcham paralelas
(System des Deutschen Bürgerlichen Rechts, 1900-1912, vol. I, p. 407). Bierling não encontra, entre as duas,
diferença fundamental (Juristische Prinzipienlehre, 1911, vol. IV, p. 233). Vede nota * à epígrafe do
capítulo - Processos de Interpretação.
(2) Josef Kohler - Lehrbuch des Bürgerlichen Rechts, 1906-1919, vol. I, § 238, p. 534-535. Os escritores em
geral englobam as regras sobre contratos e as relativas aos testamentos, expostas na ocasião as pequenas
diferenças quanto à aplicabilidade a uns ou a outros atos. Também os Estatutos da Universidade de
Coimbra, de 1772, prescreviam, nos termos seguintes, a exposição em conjunto: ”Da mesma sorte (o
professor) não adotará sem exame o grande número das (regras) que dão os doutores; formando
diferentes regras em cada matéria: estabelecendo umas para os contratos; outras para os testamentos;
outras para os benefícios; e outras para os privilégios. Porque grande parte das que eles estabelecem são
escuras, duvidosas e falsas. E todas se podem reduzir comodamente às que são mais comuns, e servem
geralmente para a interpretação de todos os atos.”
CARLOS MAXIMILIANO
1
T a m b é m n o s in s t r u m e n t o s r e v e la d o r e s d e ú l t i m a v o n t a d e a le t r a a d q u ir e i m
p o r t â n c i a c o n s id e r á v e l; p o r q u e s e d e v e n o s m e s m o s d e s ig n a r , e m f o r m a s u f ic ie n t e m e n t e
n ít id a , n ã o s ó a in t e n ç ã o d a d i v o s a d o t e s t a d o r , m a s t a m b é m o o b j e t o d a l ib e r a li d a d e e o
r e s p e c t iv o b e n e f i c iá r io ( 4 ) . O a t o e s c r it o c o n c r e t i z a o i n t u i t o g e n e r o s o , e s p e c i f i c a e m q u e
c o n s is t e o le g a d o , c o m t o d a s a s i n d iv i d u a ç õ e s n e c e s s á r ia s , e c o m a p o s s ív e l c l a r e z a i n d ic a
a in d a a p e s s o a a q u e m o m e s m o s e d e s t in a . O s i l ê n c i o g u a r d a d o s o b r e q u a lq u e r d o s t r ê s
r e q u is it o s n ã o é s u p r id o p o r n e n h u m g ê n e r o d e p r o v a ; i n u t i l i z a o t e s t a m e n t o .
E n t r e t a n t o , q u e r e m a t o s u n ila t e r a is , q u e r n o s s i n a la g m á t ic o s , s e a d e c la r a ç ã o n ã o
fa lta , s e é a p e n a s o b s c u r a , d e d o i s s e n t id o s , i m p r e c is a , d u v id o s a ; p r e v a le c e a f in a l. O
in t é r p r e t e e s c la r e c e r á o t e x t o m e d ia n t e o s e le m e n t o s v á r i o s d a H e r m e n ê u t ic a (5 ) .
E m r e s u m o : o p r o c e s s o g r a m a t ic a l o u filo ló g ic o t e m m a i o r v a l o r n a e x e g e s e d o s
a t o s j u r í d i c o s d o q u e n a d a s le is . C o n t u d o a in d a a l i s e n ã o a t é m o a p l i c a d o r à in t e r p r e t a ç ã o
l i t e r a l d o t e x t o , n e m s e q u e r n a q u e le t e r r e n o l im i t a d o v ig o r a a p a r ê m ia -In c la ris c e ss a t
in te rp re ta tio ( 6 ) . S e a s d is p o s iç õ e s c o n t r a t u a is , o u d e ú l t i m a v o n t a d e , n ã o p a r e c e m
o b s c u r a s n e m a m b íg u a s , n e m e q u ív o c a s , p r e v a le c e o s i g n if i c a d o n a t u r a l d a s p a la v r a s
s e g u n d o o m o d o c o m u m d e a s e n t e n d e r ; p o r é m n e s t a h ip ó t e s e a in d a s e a d m it e a d ú v id a
s o b r e s e o s v o c á b u l o s e x p l íc i t o s c o r r e s p o n d e m r a z o a v e lm e n t e à in t e n ç ã o d o e s t ip u la n t e .
A c e i t a - s e a e x e g e s e c o n t r á r ia , d e s d e q u e e v id e n c i a e n g a n o , la p s o , im p r o p r ie d a d e d a
e x p r e s s ã o p a r a o e f e it o c o lu n a d o , s e n t id o a m p lo e m d e m a s ia (plu s dictu m quam
cog ita tu m : " e x p r e s s o m a is d o q u e s e p e n s o u " ) o u r e s t r it o e m e x c e s s o (m inus dictu m quam
cog ita tu m : " e x p r e s s o m e n o s d o q u e s e p e n s o u " ) (7 ) .
4 1 7 - 1 1 . É s e m p r e a p l i c á v e l o p r o c e s s o ló g ic o d e H e r m e n ê u t ic a ; b u s c a - s e a t r a v é s
d a s p a la v r a s o s e n t id o e o a lc a n c e d a s d is p o s iç õ e s ; a le t r a n ã o p r e v a le c e c o n t r a a
v e r d a d e ir a i n t e n ç ã o 60 ( 1 ). S e o d e s a c o r d o é r a d ic a l, a b s o lu t o , e v id e n t e , i n - f ir m a o a to ,
i n u t i l iz a - o . Q u a n d o a p e n a s h á d e f e it o s d e f o r m a , l i g e i r o s e n g a n o s , in t e r v é m a
I n t e r p r e t a ç ã o e s a n a a s d e f i c i ê n c i a s o u d e s v io s r e p a r á v e is ( 2 ) .
S e o s c o n t r a t a n t e s d e s ig n a m u m o b j e t o , p e s s o a o u d a t a , e é e v id e n t e q u e p r e t e n d ia m
r e f e r ir - s e a o q u e s e c o n h e c e p o r d e n o m in a ç ã o d iv e r s a , o u s e h o u v e l a p s o a o i n d i c a r o a n o ,
m ê s o u d ia , o j u i z c o r r ig e o e n g a n o o u d e s c u id o e f a z o b s e r v a r a d is p o s i ç ã o d e f e it u o s a .
P o r e x e m p lo : u m i n d i v í d u o h a b it u a d o a c h a m a r , p o r g r a c e j o , d e s u a b ib lio te c a a a d e g a , a o
v e n d e r o u l e g a r e s ta , e m p r e g a p o r i n a d v e r t ê n c ia a s u a e x p r e s s ã o f a m il i a r ; o u t r o c o n t e m p la
e m t e s t a m e n t o o u c o n t r a t o o s e u c r ia d o A n tôn io, e e s c r e v e u P ed ro . T a m b é m s e n ão
p re su m e h a v e r s id o o c o n t r a t o o u t e s t a m e n t o r e d i g i d o e m l in g u a g e m t é c n i c o - j u r í d i c a ; s e o
t e x t o d e n o m in a h e rd eiro o i n d i v í d u o a q u e m s e d e ix o u u m legado, o u c h a m a usufruto a o
fid e ic o m isso , e s t e s d e f e it o s d e f o r m a n ã o a b a la m a s o l id e z d o in s t r u m e n t o e s c r it o .
C o n c il i a - s e , e m t o d a s a s h ip ó t e s e s s e m e lh a n t e s à s c it a d a s c o m o e x e m p lo s , a l e t r a c o m o
e s p ír it o , e o a t o é e x e c u t a d o c o m o p la n e j a r a o e s t ip u la n t e . F a lsa d e m o n stra d o non nocet.
In testa m en tis p le n iu s vo lu n ta tes testan tiu m in terpretan tu r: " A n in g u é m p r e j u d ic a m
d e c la r a ç õ e s in c o r r e t a s . I n t e r p r e t a m - s e n o s t e s t a m e n t o s , d e p r e f e r ê n c ia e e m t o d a a s u a
p le n it u d e , a s v o n t a d e s d o s t e s t a d o r e s " (3 ) .
P r o c u r a - s e , p o r to d o s o s m e io s d e D i r e i t o e c o m o e m p r e g o d o s v á r i o s r e c u r s o s d a
H e r m e n ê u t ic a , a v o n t a d e r e a l, e f e t iv a , e n ã o s ó o q u e a s p a la v r a s p a r e c e m e x p r i m i r ( 4 ) .
T a m b é m s e n ã o c o n f u n d a o i n t u i t o d e r e a l i z a r o a t o , c o m a s im p le s i n c li n a ç ã o p a r a o
c o n c lu ir (5 ).
P o r o u t r o la d o , n ã o s e a d m it e m r e s e r v a s m e n t a is , n e m a m u d a n ç a d e q u e r e r i n f l u i r
s o b r e a v a l i d a d e d o t e s t a m e n t o o u c o n t r a t o , d e s d e q u e s e n ã o a lt e r o u o c o n t e x t o . A
v o n t a d e q u e s e p e r q u ir e e t e m v a l o r é a q u e o e s t ip u la n t e o u o s c o n t r a e n t e s t i v e r a m n o
m o m e n t o d e c e le b r a r o a t o j u r í d i c o e efetiva m en te qu isera m d e c la ra r (6 ) .
P r e s u m e - s e , e n t r e t a n t o , q u e o s in t e r e s s a d o s p r e t e n d e r a m , d e f a t o , a q u il o q u e o s
v o c á b u l o s t r a d u z e m ; in c u m b e o ô n u s d a p r o v a à q u e le q u e n e g a a c o r r e s p o n d ê n c ia e n t r e a
in t e n ç ã o d o e s t ip u la n t e e a r e s p e c t iv a lin g u a g e m .
E n f i m , c o n f o r m e j á s e a d ia n t o u a lg u r e s , n ã o p r e v a le c e a v o n ta d e s e m a decla ra çã o ,
n e m e s t a s e m a q u e la . A s d u a s s e c o m p le t a m ; e s ã o in d is p e n s á v e is . N a f a lt a d e u m a , o a to
p e r d e a e f ic iê n c i a ; r e s p e it a m - s e , e n t r e t a n t o , a s d is p o s iç õ e s e s c r it a s , s e o d e s a c o r d o e n t r e
e la s e o i n t u i t o d o e s t ip u la n t e n ã o f o i d e m o n s t r a d o p o r m e io d e p r o v a p le n a , c o n v in c e n t e
a té a e v id ê n c i a ( 7 ) .
E m r e g r a n ã o s e t e m e m m e n t e c o n t r a i r d e t e r m in a d a o b r ig a ç ã o , r e a l i z a r o f a t o
m a t e r ia l q u e é d e p o is a j u iz a d o ; p r e t e n d e - s e a p e n a s u m efeito d e D ir e ito e , p a r a o
c o n s e g u ir , c e le b r a - s e o a t o b ila t e r a l. P o r e x e m p lo , n e n h u m a d a s p a r t e s p e n s o u p r o
p r ia m e n t e e m h ip o t e c a : u m a d e s e j o u o b t e r d in h e ir o , p a r a u m f i m e c o n ô m ic o ; a o u t r a
p r e t e n d e u p ô r a j u r o s , e s e m r i s c o , o f r u t o d a s u a p a r c im ô n ia ; e o m e io d e c h e g a r a o
a c o r d o d a s v o n t a d e s , is t o é , d e c o n c i l i a r o s in t e r e s s e s o p o s t o s , f o i o c o n t r a t o d e
e m p r é s t im o g a r a n t id o p e lo ô n u s r e a l s o b r e o i m ó v e l d o d e v e d o r . A c e i t a r a m a co n stru çã o
ju r íd ic a ; p o r é m t i n h a m e m m ir a a p e n a s o s e u efeito (8 ) .
61 418-(l)Código Comercial,art. 133; Manuel Inácio Carvalho de Mendonça- Doutrina e Prática das
Obrigações, 2a ed., vol. II, p. 179-182; Correia Teles - Digesto Português, 4a ed., vol. I, n° 386; Lacerda de
Almeida, Prof, da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, op. cit, p. 275; Trigo de Loureiro, vol. II, p.
242; Dereux, op. cit., p. 315-316 e 320-322.
6 2 419 - (1) Carlos de Carvalho - Direito Civil Brasileiro Recopilado, art. 284; Ribas - Curso de Direito Civil
Brasileiro, 1880, vol. II, p. 442; Coelho da Rocha - Instituições de Direito Civil Português, 4a ed., vol. I. §
110; Mackeldey - Manuel du Droit Romain, trad. Beving, 3a ed., § 188; Charles Maynz- Cours de Droit
Romain, 5a ed., vol. I, p. 476; Espínola, vol. II, p. 675; Lacerda de Almeida, op. cit., p. 274; Carvalho de
Mendonça - Obrigações, n° 604; Correia Telles, vol. I, n° 383; Código Comercial, art. 131,1; Giorgi, vol.
IV, p. 198; Chironi - Istituzioni di Dirit-to Civile Italiano, 2a ed., 1912, vol. I, p. 174.
6 3 420-(l) Ribas, vol. II, p. 422-423; Lacerda de Almeida, op. cit., p. 274; Coelho da Rocha, vol. I, § 110;
Trigo de Loureiro, vol. II, § 413; CódigoComercial, art. 130; Puchta, op. cit., § 66; Clarck, op. cit., p. 502
503; Biermann, vol. I, p. 166-167; Bierling, vol. IV, p. 247-248; Gmiir, op. cit., p. 39 e nota 2; Endemann,
vol. Ill, parte I, p. 252; Enneccerus, vol. I, p. 530 e 533; Krasnopolski, vol. V, p. 120; Heinrich Dernburg -
Das Bürgerliche Recht des Deutschen Reichs undPreussens, 3a ed., vol. V, § 42, VI, e nota 6; Koehne &
Feist, vol. I, § 78, p. 150; Crome, vol. V, p. 90, § 652 e nota 18, Leonhard - Erbrecht, p. 236, II, B.
6 4 421 -(1) Espínola, vol. II, p. 675; Ribas, vol. II, p. 422; Coelho da Rocha, vol. I, § 110; Mackeldey, op. cit.,
§ 188; Correia Teles, vol. I, n° 384; Código Comercial, arts. 130 e 131, IV; Miraglia, vol. I, p. 460; Dias
Ferreira, vol. II, nota ao art. 684; Giorgi, vol. IV, p. 199-200; Chironi, vol. I, p. 174; Schneider & Fick, vol.
I, p. 26-27; Parsons, vol. II, p. 655; Bierling, vol. IV, p. 248; Biermann, vol. I, p. 167; Rumpf - Gezetz und
Richter, 1906, p. 177; Kipp, Prof, da Universidade de Berlim, vol. V, § 42, nota 6; Koehne & Feist, vol. I,
p. 150, § 78; Alves Moreira - Instituições do Direito Civil Português, vol. II, Das Obrigações, 1911, p. 598
599.
H ERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 282
65 422 - (1) Lacerda de Almeida, op. cit., p. 273; Carlos de Carvalho, op. cit., art. 285; Código Comercial,
art. 131, II; Espínola, vol. II, p. 676; Correia Teles, vol. I, n° 387; Trigo de Loureiro, vol. II, § 647;
Miraglia, vol. I, p. 460; Giorgi, vol. IV, p. 199; Clark, op. cit., p. 504; Parsons, vol. II, p. 657; Koehne &
Feist, vol. I, p. 150, § 78.
6 6 423 - (1) M. I. Carvalho de Mendonça, Prof, da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro - Obrigações, vol.
II, p. 179 e 281-282; Endemann, vol. Ill, parte I, p. 250; Schneider & Fick, vol. I, p. 27, n 0i 51-54, e p. 55,
n os 7-8; Giorgi, vol. IV, p. 211; Dereux, op. cit., p. 304-307.
6 7 424 - (1) Espínola, vol. II, p. 677; Ribas, vol., II, p. 424; Dias Ferreira, vol. II, nota ao art. 684; Giorgi, vol.
IV, p. 210; Endemann, vol. Ill, parte I, p. 250; Parsons, vol. II, p. 656.
283 CARLOS MAXTMTLTANO
eat (1 ).
O s j u i z e s f a z e m d a in t e r p r e t a ç ã o u m m e io f e c u n d o p a r a t o r n a r e f ic ie n t e , c u m p r i d a a
v o n t a d e d a s p a r t e s ; s ó e m d e s e s p e r o d e c a u s a , a n u e m e m r e d u z ir u m a o b r ig a ç ã o o u
d e t e r m in a ç ã o l í c i t a a u m s im p le s d e v e r d e c o n s c iê n c i a (2 ) .
A r e s p e it o d e a t o s d e ú l t i m a v o n t a d e a in d a s e v e r i f i c a o q u e o s e s c r it o r e s t u - d e s c o s
d e n o m in a m tra ta m en to f a v o r á v e l d o s testa m en to s: fa v o r a b e le B eh a n d iu n g d e r
T estam ente. P r e f e r e - s e , e m q u a lq u e r h ip ó t e s e , a e x e g e s e d e q u e r e s u lt e u m a t o v á l i d o ;
a t e n d e - s e , c o m e s s e in t u it o , à p a r t e s u b s t a n c ia l d o in s t r u m e n t o , p o u c o i m p o r t a n d o q u e
d e ix e m d e t e r e f i c iê n c i a , p o r a b s u r d a s , n u la s o u i n e x e q ü í v e i s , a p a r t e s e c u n d á r ia ,
m e r a m e n t e a c e s s ó r ia d a s d is p o s iç õ e s , o u a s s im p le s c o n d iç õ e s . J á p r o c l a m a v a m o s
r o m a n o s a n t ig o s - P o situ s in co n d itio n e non, estp o situ s in d isp o sitio -n e: " o d e c la r a d o
a c e r c a d e s im p le s c ir c u n s t â n c ia s n ã o t e m o v i g o r d o p r e c e it u a d o n a s d is p o s iç õ e s ; " o u , p o r
o u t r a s p a la v r a s - " o m e n c io n a d o n a p a r t e e n u n c i a t i v a n ã o s e e q u ip a r a a o e s t a b e le c id o n a
p a r t e d is p o s i t i v a " (3 ) .
V a i a lé m o D i r e i t o m o d e r n o : a o p a s s o q u e n o c a m p o d a s O b rig a ç õ e s a n u li- d a d e o u
in e x e q ü i b i l id a d e a b s o lu t a d e u m a c l á u s u l a i n u t i l i z a to d o o a t o j u r í d i c o ; e m s e t r a t a n d o d e
m a t é r ia a t in e n t e à s S u cessões, o m e s m o s ó s e v e r i f i c a n o c a s o d e s e r e v id e n t e o p r o p ó s it o
d o e s t ip u la n t e d e n ã o p e r m i t i r a s d e m a is l ib e r a li d a d e s s e m a o b s e r v â n c ia i n t e g r a l d a
d is p o s i ç ã o d e f e it u o s a . S e e s s a vo n ta d e n ã o r e s u lt a c l a r í s s i m a , a c im a d e t o d a d ú v id a ,
a n u la - s e a p e n a s a c l á u s u l a i m p e r f e i t a e p r e v a l e c e m a s d e m a is (4 ) .
426 - X I . S o m e n t e p o r q u e s e f e z r e f e r ê n c ia d ir e t a a u m c a s o p a r a m o s t r a r q u e a s
e s t ip u la ç õ e s a té a e le s e e s t e n d e r ia m , n ã o s e d e v e j u l g a r t e r h a v id o o i n t u i t o d e a s
r e s t r i n g ir à q u e le c a s o is o la d o , q u a n d o e la s p o r d ir e i t o s ã o e x t e n s iv a s a o u t r o s , n ã o
e x p r e s s o s . I n a p l ic á v e l à h ip ó t e s e o b r o c a r d o - In clu sio unius exclu sio alteriu s.
433 425 - (1) H. Dernburg, vol. V, Erbrecht, p. 120-121, § 42, TV; Windscheid - Lehrbuch des Pan-
dektenrechts, 8a ed., vol. Tll, p. 228; Savigny- Das Obligationenrecht, vol. TT, p. 190; Crome, vol. V, p.
93, § 652, 5; Krasnopolski, vol. Tll, p. 91 e vol. V, p. 120; Pereira Alves, vol. XTX, do Manual do
Código Civil Brasileiro, de Paulo de Lacerda, 1917, p. 171; Coelho da Rocha, vol. T, § 110; Lacerda
de Almeida, op. cit., p. 273; Maynz, vol. T, p. 476; Chironi, vol. T, p. 174. Commodissimum est, id
accipi, quo res de qua agitur, magis valeat quam pereat (Juliano, apud Digesto, liv. 34, tit. 5, frag. 12).
Vede o capítulo - Brocardos, n° 304.
1 1 7 5 P e rre au , Prof, da Faculdade de Direito de Tolosa - Technique de la Jurisprudence en Droit Prive,
1923, vol. TT, p. 12-16.
117 6 D ern b u rg , vol. V, p. 120-121; Crome, vol. V, p. 93, § 652, 5, Leonhard - Erbrecht, p. 236; Kipp -
Erbrecht, p. 61, TT; Herzielder - Erbrecht, p. 55, 5.
1177Leonhard-Erbrecht, p. 239; Koehne & Feist, vol. T, p. 150, § 78; Kipp - Erbrecht, p. 62, § 18, TTT.
T o d a v i a o s p a c t o s , o u c lá u s u la s , e x o r b it a n t e s d a s r e g r a s d o D i r e i t o com um
I n t e r p r e t a m - s e e s t r it a m e n t e 68 (1 ) .
68 426 - (1) Trigo de Loureiro, vol. TT, § 647; Correia Teles, vol. T, nos 390-391; Espínola, vol. TT, p. 677;
Lacerda de Almeida, op. cit, p. 274; Paciftci-Mazzoni - Istituzioni di Divino Civile Italiano, 3a ed., vol. TV,
n° 64.
Vede n° 296.
H ERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 284
6 4 7 - X I I . O r ie n t e - s e o in t é r p r e t e p e lo fim e c o n ô m ic o , p r á t ic o o u a f e t i v o q u e o
e s t ip u la n t e , o u a s p a r t e s , p r e t e n d e r a m a t in g i r p o r m e io d o a t o j u r í d i c o o u d a
s im p le s c lá u s u la ; r e s s a lv e o m o d o p a r t i c u l a r d e u t i l id a d e q u e d e t e r m in o u o s
in t e r e s s a d o s a c o n v i r e m n a o b r ig a ç ã o ; p r o c u r e r e a liz a r , e m c o n j u n t o e
p le n a m e n t e , o s o b j e t iv o s c o l i m a d o s p e lo t e s t a d o r , o u p o r t o d o s o s c o n t r a e n t e s .
N ã o é s ó n a H e r m e n ê u t ic a l e g a l q u e o p r o c e s s o te le o ló g ic o m e r e c e f i c a r n o
p r im e i r o p la n o e s e l h e n ã o c o n h e c e s u p e r i o r e m e f i c á c i a 69 ( 1 ).
6 4 8 - X I I I . A c o n d u t a p o s t e r i o r e c o n c o r d e d o s e s t ip u la n t e s , q u e t i v e r r e la ç ã o c o m o
o b j e t o p r in c i p a l , s e r á ó t im o e le m e n t o p a r a e x p l i c a r o i n t u i t o d o s in t e r e s s a d o s a o
c e le b r a r e m o a t o j u r í d i c o . T o d a v i a a e x p l ic a ç ã o r e s u lt a n t e d e p a la v r a s , a ç õ e s o u
o m is s õ e s d e um a d a s p a rte s, n o c o n t r a t o , n ã o p o d e s e r i n v o c a d a c o n t r a a
o u tra ™ (1 ) .
A l g u n s e s c r it o r e s c h a m a m in te rp re ta ç ã o a u tên tica a e s s e p r o c e s s o ( 2 ) ; o u t r o s
o p õ e m r e s t r iç õ e s a s e m e lh a n t e id é ia , s o b r e t u d o p o r c a u s a d a f o r ç a o b r ig a t ó r ia , q u e lh e s
n ã o p a r e c e e x i s t i r c o m o n a e x e g e s e a u t ê n t ic a d a s l e i s (3 ) .
O q u e é v e d a d o r e la t iv a m e n t e a o s c o n t r a t o s , a d m it e - s e c o m o e le m e n t o v a l i o s o a
r e s p e it o d e t e s t a m e n t o s : a t o s o u e x p a n s õ e s p o s t e r io r e s d e um a d a s p a r t e s m e r e c e m
r e g is t r o , p a r a e s c la r e c e r a s d is p o s iç õ e s p e la m e s m a e s t a b e le c id a s e m b e n e f í c io d e
h e r d e ir o o u le g a t á r io s e u (4 ) .
4 2 9 - X I V . S e d e s ig n a r a m a m o e d a , p e s o o u m e d id a e m t e r m o s i m p r e c is o s
q u e s e a p l i c a m a q u a n t id a d e s o u v a l o r e s d iv e r s o s , p r e f ir a - s e o q u e s e ja d e u s o e m
a t o s d e n a t u r e z a i g u a l o u s e m e lh a n t e (1 ) .
436 428 - (1) Carlos de Carvalho, op. cit., art. 286; Espínola, vol. II, p. 672, nota 352; Código Comer
cial, art. 131, II; Clark, op. cit., p. 510; Puchta, op. cit., § 66; Pacifici-Mazzoni, vol. IV, n°64; M.
I. Carvalho de Mendonça - Contratos, vol. I, n° 31.
117 8 C o elh o da Rocha, vol. I, § 110; Ribas, vol. II, p. 420-421; Lacerda de Almeida, op. cit., p. 272-273;
Giorgi, vol. IV, p. 196-197.
1179E spínola, vol, II, p. 672; Windscheid, vol. I, p. 381 e nota 12; Clark, op. cit., 510; M. I. C. Men
donça - Contratos, vol. I, p. 31.
1 1 8 0 K ip p -Erbrechl, p. 60-61; Dernburg, vol. V, § 42, IX e nota 6; Koehne & Feist, vol. I, p. 150, §78.
6 4 9 - X V . P a r a p r e v a le c e r e m d e v e m s e r e x p re ssa s a s d is p o s i ç õ e s d e q u e r e s u lt e
f i a n ç a o u g a r a n t ia , r e n ú n c ia , c e s s ã o , t r a n s a ç ã o , e in t e r p r e t a m - s e e s t r it a m e n t e
69 427 - (1) Parsons, vol. II, p. 655; Maynz, vol. I, p. 475; Giorgi, vol. IV, p. 198; Miraglia, vol. I, p. 460;
Biermann, vol. I, p. 167.
285 CARLOS MAXIMILIANO
6 5 3 - X X . Q u a n d o as reg ra s e n u n c ia d a s n ão b a s te m p a ra s o lv e r as d ú v id a s,
in te rp re te -se a c lá u s u la o b sc u ra o u a m b íg u a :
a) c o n tra a q u e le e m b e n e fíc io d o q u a l fo i fe ita a e stip u laç ã o ;
6 5 4 a fa v o r d e q u e m a m e s m a o b rig a, e, p o rta n to , e m p ro l do d e v e d o r e do p ro -
m iten te;
6 5 5 c o n tr a o q u e re d ig iu o ato , o u clá u su la , ou, m e lh o r, c o n tra o c a u sa d o r d a
o b sc u rid a d e o u o m issão .
E s ta s trê s re g ras c o m p o rta m ex p la n a ç õ es:
6 5 6 o s ato s u n ila te ra is in te rp re ta m -se a fa v o r do re sp e c tiv o auto r. N ão se p re s u m e m
as lib e ra lid a d e s. E n tre ta n to , n o s te sta m e n to s, se o d e b ate su rg e a c e rc a d a
e x istê n c ia m e sm a d e u m a d eix a , d e v e m d e c id ir a fa v o r d o b e n e fic ia d o ; p o is o
ato d e ú ltim a v o n ta d e é feito e x a ta m e n te p a ra su b s titu ir a su cessão le g itim a p e la
d a tiv a75 (1);
70 430- (1) M. I. Carvalho de Mendonça - Obrigações, vol. I, p. 668, e vol. II, p. 281; Lacerda de Almeida, op.
cit., p. 276; Coelho da Rocha, vol. I, § 110; Mainz, vol. I, p. 476; Código Civil, art. 1.090; Clark, op. cit., p.
509.
71 431 - (1) Chironi, vol. II, p. 468; Parsons, vol. II, p. 700 e 702.
72 432 - (1) Preston Shealey - The Law o f Government Contracts, 1919, p. 81;Bouvier - Law Dictionary, 8a
ed., verbo Interpretation; Clark, op. cit., p. 510.
73 433 - (1) Bierling, vol. IV, p. 237-238.
74 434 - (1) Almeida e Sousa, de Lobão - Coleção de Dissertações Juridico-Práticas, Suplemento e vol. IV das
Notas a Melo, p. 535.
(2) Almeida e Sousa, vol. cit., p. 353.
(3) Endemann, vol. II, parte I, p. 251; Parsons, vol. II, p. 669-670.
75 435 - (1) Beudant, Conselheiro da Corte de Cassação de França - Les Donations entre Vifs et les
Testaments, vol. II, 2a ed., 1934, n° 362; Lodovico Barassi, Prof, da Universidade Católica de Milão - La
Successione Testamentaria, 1936, p. 502; Perreau - Technique de la Jurisprudence en Droit Prive, vol. II, p.
HERMENÊUTTCA E APLTCAÇÃO DO DTRETTO 286
6 5 7 t o d a o b r ig a ç ã o r e s t r in g e a lib e r d a d e ; p o r e s s e m o t iv o , s ó p r e v a le c e q u a n d o
p r o v a d a c u m p r id a m e n t e . In dú b io p r o lib erta te. L ib e rta s om n ibu s re b u s
fa v o r a b ili-o r e s t ( G a i o , n o D ig e sto , l i v . 5 0 , t ít . 1 7 , f r a g . 1 2 2 ) . S e n ã o
e s t ip u la r a m c o m a n e c e s s á r ia c l a r e z a o p r e ç o , o p in a - s e p e la m e n o r q u a n t ia ; n o s
c o n t r a t o s d e e m p r é s t im o r e s o lv e - s e c o n t r a o m u t u a n t e o u p r e s t a m is t a , e m c a s o
d e d ú v id a r a z o á v e l; n o s d e v e n d a , e m p r o l d o c o m p r a d o r ( 2 ) ;
6 5 8 t o d a s a s p r e s u n ç õ e s m i l i t a m a f a v o r d o q u e r e c e b e u , p a r a a s s in a r , u m d o c u
m e n t o j á f e it o . À s v e z e s p o u c o e n t e n d e d o a s s u n t o e c o m u m e n t e a g e c o m a
m á x i m a b o a - f é : lê à s p r e s s a s , d e s a t e n t o , c o n f ia n t e . E j u s t o , p o r t a n t o , q u e o
e la b o r a d o r d o in s t r u m e n t o o u t í t u l o s o f r a a s c o n s e q ü ê n c ia s d a s p r ó p r ia s
a m b ig ü id a d e s e im p r e c is õ e s d e lin g u a g e m , t a lv e z p r o p o s it a d a s , q u e l e v a r a m o
o u t r o a a c e it a r o p a c t o p o r o t e r e n t e n d id o e m s e n t id o in v e r s o d o q u e c o n v i n h a
a o c o o b r ig a d o . C a s o s f r e q ü e n t e s d e s t a e s p é c ie d e l i t í g i o v e r if ic a m - s e a
p r o p ó s it o d e a p ó l ic e s d e s e g u r o s , e n o t a s p r o m is s ó r ia s . P a l a v r a s d e u m a
p r o p o s t a in t e r p r e t a m - s e c o n t r a o p r o p o n e n t e ; d e u m a a c e it a ç ã o , c o n t r a o
a c e it a n t e ( 3 ) .
A s s i m , p o is , a s d ú v id a s r e s u lt a n t e s d e o b s c u r id a d e e im p r e c is õ e s e m a p ó lic e s d e
s e g u r o in t e r p r e t a m - s e c o n t r a o s e g u r a d o r . P r e s u m e - s e q u e e le c o n h e ç a m e lh o r o a s s u n t o e
h a j a t i d o in ú m e r a s o p o r t u n id a d e s p r á t ic a s d e v e r i f i c a r o m a l r e s u lt a n t e d e u m a r e d a ç ã o ,
t a lv e z p r o p o s it a d a m e n t e f e i t a e m t e r m o s e q u ív o c o s , a f i m d e a t r a i r a c lie n t e la , a p r in c í p io ,
e d im i n u i r , d e p o is , a s r e s p o n s a b ilid a d e s d a e m p r e s a n a o c a s iã o d e p a g a r o s in is t r o (4 ) .
659- X X I. A l é m d a s r e g r a s t r a d i c i o n a i s , d e s t in a d a s a e s c la r e c e r a in t e n ç ã o ,
e x p r e s s a o u p r e s u m id a , d o e s t ip u la n t e , o u o s e n t id o e m q u e s e e f e t u o u o a c o r d o
d a s v o n t a d e s , g u i a m o h e r m e n e u t a o in t e r e s s e g e r a l, a le i, o s p r in c í p io s
f u n d a m e n t a is d a j u s t i ç a , o s d it a m e s d a eqü idade. N ã o p o d e h a v e r c o n f l it o e n t r e
a s a s p ir a ç õ e s e c o n ô m ic a s d o c id a d ã o e a o r d e m j u r í d i c a e s t a b e le c id a . O
e g o ís m o é c o n d i c i o n a d o p e la f i n a l id a d e h u m a n a ; o b e m d o i n d iv í d u o p r e v a le c e
e m f u n ç ã o d o c o n q u is t a d o e v o lu t iv a m e n t e p e la e s p é c ie . R e s p e it a - s e a v o n t a d e
d ecla ra d a ; p o r é m h á d e p a i r a r b e m a lt o a i d é i a d e j u s t iç a . A s s i m s e r e s o lv e m
t o d a s a s d ú v id a s . O n d e a in t e n ç ã o s e n ã o d e s c o b r e , n ít id a , p r e c is a , e m u m a to
16-11; Laurent, Prof, da Universidade de Gand - Príncipes de Droit Civil, 4a ed., vol. XTV, n° 163; William
Borland- The Law o f Wills, p. 326-327, apoiado em 56 decisões judiciárias.
O enunciado afinal, acima, desfaz a contradição aparente entre a regra exposta sob a letra a, do n° 435, e
a exarada em o n° 424: na dúvida sobre se houve ou não liberalidade, é de opinar pela prevalência desta.
Entretanto há disposições dúbias, como, por exemplo, a seguinte: ’Deixo aos descendentes de B e aos
colaterais de C." Observa-se em semelhante caso a gradação estabelecida para a herança legitima.
424) Vede n °31 3-L.
^ ^ L a serd M I Adím annojp.CiIll p . 2^5-278. Trigo de Loureiro, vol. TT, § 647: Clóvis Beviláqua -Direito
da1Ob!EmÍilio C896,r§L76«ESpreMá0í e delleL 6e«i> p.ot2íí, p. 423; M. 1. Carvalho de Mendonça -
ü b tâ g V a n vor. EyckenoeMéhodePs«S,vvole I tfnte®ret#roas J u rC quafl8,08p pcfl.17«-t. 288; Código
( .LlSriial.ui-g*; Thomp soacifjjhMawonWitis, [19.16 Í14. t6f»ir(21l^lv2l)Jl,(|il.;i|-^j>pIaiikcplc^U5!iltli.irfans, vol.
Univel■[si])a(}e0)c^!lfin)lanll, viíl, §. l>8H;>May»Ull^•y-LlR1^Inteni;l'íel&ynyO,>VOatl0nnfs/l'Ií841 vol.M4l5|b/A93;
Q ^ M S tra íra Ç PUS;, l a ^ v v o i ! . ! ayvré^gíps3 R ^ z ig .v ov»l., p,. f 2in3, 5?2S,chneid-6m&, Fõ k ,V,,op. §
27, n 654 ;eK&aanoposki, vo1. t t , p. 82.
y c s s r Ê ^
61, § 18. Lede nota 1 ao número seguinte.
Vede o capítulo - Brocardos, no qual se encontram vários preceitos aplicáveis à interpretação de
Atos Jurídicos.
287 CARLOS MAXIMILIANO
438 - X X III. O s c o n tra to s b en éfico s in terp re ta m -se estritam en te. A c h a -se e sta reg ra
e x a ra d a n o C ó d ig o C iv il, art. 1.090, q u e a p e n a s c o n so lid o u p re c e ito v e tu s to e a in d a h o je
H ERM ENÊUTICA E APLICAÇÃO DO DIREITO 288
c o r r e n t e n o c a m p o d a d o u t r in a . D e c id e - s e , n a d ú v id a , a f a v o r d o q u e s e o b r i g o u 76 ( 1 ) .
76 438 - (1) Clóvis Beviláqua - Código Civil Comentado, vol. IV, p. 254; Demolombe - Coins de Code
Napoléon, vol. XXV, n° 25; M. I. Carvalho de Mendonça - Obrigações, vol. II, p. 281, n° 604. O art. 1.090
faz compreender que nos contratos onerosos se admite interpretação extensiva, em virtude do brocardo -
lnclusio unius alterius est exclusio.
(2) Alves Moreira - Instituições do Direito Civil Português, vol. II, Das Obrigações, 1911, p. 612-614, n°
196; Lacerda de Almeida, op. cit., p. 262; Espínola, vol. II, Obrigações, p. 574; Carvalho de Mendonça -
Obrigações, vol. II, n° 609; Pacifici-Mazzoni, vol. IV, n° 43; Demolombe, vol. XXIV, n° 24; F. Laurent -
Príncipes de Droit Civil, 4a ed., vol. XV, nos 440-442. O dote conferido por terceiro a um dos cônjuges pode
ser classificado como oneroso; o mesmo se não verifica a respeito de doações entre esposos, feitas mediante
convenção antenupcial, as quais se consideram contratos a titulo gratuito (Aubry & Rau, vol. IV, § 13,2 a).
2?C CARLOS M AXIM ILIANO
439 - 0 p r e s e n t e c a p í t u l o é c o m p le m e n t o n a t u r a l d a q u e le e m q u e s e t r a t o u d o
P r o c e s s o S is t e m á t ic o d e in t e r p r e t a ç ã o : a m b o s e s t u d a m a s a n t in o m ia s , r e a is o u a p a -
r e n t e s , n a s e x p r e s s õ e s d o D i r e i t o 77 (1 ) .
C o n t r a d iç õ e s a b s o lu t a s n ão se presu m em . E d e v e r d o a p l i c a d o r c o m p a r a r e p r o c u r a r
c o n c i l i a r a s d is p o s i ç õ e s v á r i a s s o b r e o m e s m o o b j e t o , e d o c o n j u n t o , a s s im h a r m o n iz a d o ,
d e d u z i r o s e n t id o e a lc a n c e d e c a d a u m a . S ó e m c a s o d e r e s is t ir e m a s in c o m p a t ib i li d a d e s ,
v it o r io s a m e n t e , a t o d o e s f o r ç o d e a p r o x im a ç ã o , é q u e s e o p i n a e m s e n t id o e l im i n a t ó r i o d a
r e g r a m a is a n t ig a , o u d e p a r te da m esm a, p o i s q u e a in d a s e r á p o s s ív e l c o n c l u i r p e la
e x i s t ê n c i a d e a n t in o m ia i r r e d u t í v e l, p o r é m p a rc ia l, d e m o d o q u e a f e t e a p e n a s a
p e r p e t u id a d e d e u m a f r a ç ã o d o d is p o s i t i v o a n t e r io r , c o n t r a r ia d a , d e f r e n t e , p e lo p o s t e r io r .
E m r e s u m o : s e m p r e s e c o m e ç a r á p e lo P r o c e s s o S is t e m á t ic o ; e s ó d e p o is d e v e r i f i c a r
a i n a p l i c a b i li d a d e o c a s io n a l d e s t e , s e p r o c l a m a r á a b - r o g a d a , o u d e r r o g a d a , a n o r m a , o a t o ,
o u a c lá u s u la .
440 - Q u a n d o c e s s a em p a r te a a u t o r id a d e d a le i, o u d o costum e, d á - s e a d e r
ro g a ç ã o ; q u a n d o s e e x t in g u e totalm en te, é o c a s o d e a b -ro g a çã o . U m t e r m o g e n é r i
c o - re v o g a ç ã o a b r a n g e u m a e o u t r a h i p ó t e s e 78 ( 1 ) . D e ro g a tu r legi, a u t abrogatu r.
D e ro g a tu r legi, cum p a r s d etrah itu r; a b ro g a tu r legi, cum p r o r s u s tollitu r: " D e r r o -
77 439 - (1) Sobre o assunto ainda existe outro capítulo, com a epígrafe - Disposições contraditórias.
78 440 - (1) Eduardo Espínola - Breves Anotações ao Código Civil Brasileiro, vol. I, 1918, p. 19; Borges
Carneiro - Direito Civil de Portugal, 1826, vol. I, p. 51; Carlos de Carvalho - Direito Civil Brasileiro
Recopilado, art. 22; Clóvis Beviláqua - Teoria Geral do Direito Civil, 1908, p. 59; Teixeira de Freitas -
Vocabulário Jurídico, verbo Ab-rogação e Derrogação; Ferreira Borges -Dicionário Jurídico-Comercial, 2"
ed., verbo Ab-rogação e Derrogação; James Ballentinc, Prof, da San Francisco Law School —A Law
Dictionary, 1916, verbo Abrogate e Derogatur, etc.; Bou-vier - Law Dictionary, 8a ed., verbo Abrogation e
Derogation; Alves Moreira, vol. I, p. 20-21, n° 15.
(2) Modestino, em o Digesto, liv. 50, tit. 16, frag. 102.
(3) Espínola, vol. I, p. 20.
Eis o texto do art. 4” : ”A lei só se revoga, ou derroga, por outra lei; mas a disposição especir.l não revoga
a geral, nem a geral revoga a especial, senão quando a ela, ou ao seu assunto, se referir al-tcrando-a
explícita ou implicitamente.”
Seria desejável que assim começasse: ”A lei só se ab-roga, ou derroga... ”; ou, simplesmente: ”A lei só se
revoga por outra lei, etc.”
292 CARLOS MAXIMILIANO
g a - s e o u a b - r o g a - s e a le i: d e r r o g a - s e q u a n d o u m a p a r t e d a m e s m a d e ix a d e s u b s is t ir ; a b -
r o g a - s e q u a n d o a n o r m a i n t e i r a p e r d e o v i g o r " (2 ) .
O C ó d i g o C i v i l B r a s i l e ir o , e m u m m e s m o a r t ig o ( 4 o d a a n t ig a I n t r o d u ç ã o ) , d e
c o m e ç o e m p r e g a im p r o p r ia m e n t e o v e r b o re v o g a r c o m o o p o s t o a d e rro g a r; d o p r im e i r o
s e u t i l i z a d e p o is c o m a c e r t o , a f i m d e i n d ic a r , t a n t o o s c a s o s e m q u e p a r te d o d is p o s t o e m
l e i c e s s a d e o b r i g a r e m g e r a l, c o m o a q u e le s e m q u e a r e g r a j u r í d i c a em su a to ta lid a d e
p e rd e a e f ic á c ia (3 ).
4 4 1 - A r e v o g a ç ã o é expressa, q u a n d o d e c la r a d a n a l e i n o v a ; tácita, q u a n d o
r e s u lt a , im p l ic i t a m e n t e , d a i n c o m p a t ib i li d a d e e n t r e o t e x t o a n t e r io r e o p o s t e r io r . O
p r im e i r o c a s o é r a r o e d e p o u c a i m p o r t â n c i a 79 ( 1 ) ; d e le s e e n c o n t r a e x e m p lo n o C ó
d ig o C i v i l , c u j o a r t ig o ú l t i m o , 1 .8 O 7 , r e z a : " F i c a m r e v o g a d a s a s O r d e n a ç õ e s , A l v a
r á s , L e i s , D e c r e t o s , R e s o lu ç õ e s , U s o s e C o s t u m e s c o n c e r n e n t e s à s m a t é r ia s d e
D i r e i t o C i v i l r e g u la d a s n e s t e C ó d i g o . "
D á - s e r e v o g a ç ã o ex p re ssa e m d e c la r a n d o a n o r m a e s p e c if ic a d a m e n t e q u a is a s
p r e s c r iç õ e s q u e i n u t i l iz a ; e n ã o p e lo s im p le s f a t o d e s e a c h a r n o ú l t i m o a r t ig o a f r a s e
t r a d i c i o n a l - re v o g a m -se a s d isp o siç õ e s em co n trá rio : u s o i n ú t i l ; s u p e r f e t a ç ã o , d e s
p e r d í c io d e p a la v r a s , d e s n e c e s s á r io a c r é s c im o ! D o s im p le s f a t o d e s e p r o m u l g a r l e i n o v a
em con trário, r e s u lt a f i c a r a a n t ig a r e v o g a d a ( 2 ) . P a r a q u e p e r d e r e m t e m p o a s C â m a r a s
e m v o t a r m a is u m a r t ig o , s e o o b j e t iv o d o m e s m o s e a c h a a s s e g u r a d o p e lo s a n t e r io r e s ?
N o s t e x t o s o f i c i a i s s e n ã o in s e r e m p a la v r a s s u p é r f lu a s .
4 4 2 - P o d e s e r p r o m u lg a d a n o v a l e i, s o b r e o m e s m o a s s u n t o , s e m f i c a r t a c it a -
m e n t e a b - r o g a d a a a n t e r io r : o u a ú l t i m a r e s t r in g e a p e n a s o c a m p o d e a p lic a ç ã o d a
a n t ig a ; o u , a o c o n t r á r io , d ila t a - o , e s t e n d e - o a c a s o s n o v o s ; é p o s s ív e l a té t r a n s f o r
m a r a d e t e r m in a ç ã o e s p e c ia l e m r e g r a g e r a l 80 ( 1 ) . E m s u m a : a i n c o m p a t ib i li d a d e
i m p l í c i t a e n t r e d u a s e x p r e s s õ e s d e d ir e i t o não se p resu m e; n a d ú v id a , s e c o n s id e r a
r á u m a n o r m a c o n c i l i á v e l c o m a o u t r a . O j u r is c o n s u lt o P a u l o e n s in a r a q u e - a s l e is
p o s t e r io r e s s e l i g a m à s a n t e r io r e s , s e lh e s n ã o s ã o c o n t r á r ia s ; e e s t a ú l t i m a c i r c u n s
t â n c i a p r e c i s a s e r p r o v a d a c o m a r g u m e n t o s s ó lid o s : S e d e t p o s te r io r e s le g e s a d
p r io r e s p e r tin e n t, n isi co n tra rio e sin t id q u e m u ltis a rg u m e n tisp ro b a tu r ( 2 ) .
P a r a a a b - r o g a ç ã o a in c o m p a t ib i li d a d e d e v e s e r a b s o lu t a e f o r m a l , d e m o d o q u e s e ja
i m p o s s í v e l e x e c u t a r a n o r m a r e c e n t e s e m p o s t e r g a r , d e s t r u i r p r a t ic a m e n t e a a n t ig a (3 ) ;
p a r a a d e r r o g a ç ã o b a s t a a i n c o n c i l i a b i l i d a d e p a r c i a l, e m b o r a t a m b é m a b s o lu t a q u a n t o a o
p o n t o e m c o n t r a s t e . P o r t a n t o a a b o l iç ã o d a s d is p o s iç õ e s a n t e r io r e s s e d a r á n o s l i m i t e s d a
i n c o m p a t ib i li d a d e ; o p r o l ó q u i o a l e i p o s t e r i o r d e r r o g a a a n t e r io r (lex p o s te r io r d e ro g a t
p rio ri) d e v e s e r a p l i c a d o e m c o n c o r d â n c ia c o m o o u t r o , j á t r a n s c r it o le g e s p o s te r io r e s
7 9 441 - (1) Coviello - Mamiale di Diritto Civile Italiano, 2a ed., vol. I, p. 94.
(2) Alves Moreira, vol. I, p. 21: Espínola, vol. I, p. 22; Planiol - Trai té Elémentaire de Droit Civil, 7a ed.,
vol. I, n° 228; Saredo - Trattato delle Leggi, n° 810; Dalloz - Repertoire, verbo Lois n° 555; Raymundo
Salvat - Tratado de Derecho Civil Argentino, Parte general, n° 89.
8 0 442 - (1) Puchta - Pandekten, 12a ed., § 18.
(2) Digesto, liv. I, tít. 3, frag. 28.
(3) Espínola vol. I, p. 22; Saredo, op. cit., nos 815-816. Vede o capítulo - Disposições contraditórias, n os 140
141.
(4) Demolombe, vol. I, n° 126; Coviello, vol. I, p. 94; Planiol, vol. I, n° 228; Black - Handbook on the
Construction and Interpretation of the Laws, 2" ed., p. 355.
293 CARLOS MAXIMILIANO
a d p rio re s p ertin en t. S e e m u m m e s m o t r e c h o e x is t e u m a p a r t e c o n c i l i á v e l e o u t r a n ã o ,
c o n t in u a e m v i g o r a p r im e i r a (4 ) .
6 6 1 - I. S e a l e i n o v a c r ia , s o b r e o m e s m o a s s u n t o d a a n t e r io r , u m s is t e m a in t e ir o ,
c o m p le t o , d if e r e n t e , é c la r o q u e t o d o o o u t r o s is t e m a f o i e l im in a d o . P o r o u t r a s
p a la v r a s : d á - s e a b - r o g a ç ã o , q u a n d o a n o r m a p o s t e r i o r s e c o b r e c o m o c o n t e ú d o
t o d o d a a n t ig a 81 ( 1 ) . F e z p a r t e d o p r o j e t o r e v is t o p e la C o m i s s ã o d o G o v e r n o a
s e g u in t e a lín e a : " T a m b é m s e c o n s id e r a r á r e v o g a d a a l e i a n t e r io r q u a n d o a
p o s t e r i o r r e g u la r p o r c o m p le t o a m a t é r ia . " T a l d is p o s i t i v o f o i e l im i n a d o , c o m o
redu n dan te; lo g o s e a c h a im p l ic i t a m e n t e i n c l u í d o n o a n t ig o a r t. 4 o, e v ig o r a ,
p a r a d e s t r u i r t a n t o a r e g r a g e r a l p r e c e d e n t e , c o m o a e s p e c ia l (2 ) .
6 6 2 - II . Q u a n d o o p r i n c í p i o f u n d a m e n t a l d a v e lh a e o d a n o v a r e g r a l e g a l s e
c o n t r a d iz e m a b s o lu t a m e n t e , c o n s id e r a - s e a b - r o g a d a a p r im e i r a 82 (1 ) .
6 6 3 - I I I . E x t i n t a u m a d is p o s iç ã o , o u u m in s t it u t o j u r í d i c o , c e s s a m t o d a s a s
d e t e r m in a ç õ e s q u e a p a r e c e m c o m o s im p le s c o n s e q ü ê n c ia s , e x p lic a ç õ e s , l i m i t a
ç õ e s , o u s e d e s t in a m a l h e f a c i l i t a r a e x e c u ç ã o o u f u n c io n a m e n t o , a f o r t a le c e r o u
a b r a n d a r o s s e u s e f e it o s . O p r e c e it o p r in c i p a l a r r a s t a e m s u a q u e d a o s e u
d e p e n d e n t e o u a c e s s ó r io 83 ( 1 ) .
E n t r e t a n t o , d o s im p le s f a t o d e s e r e m a b o l id o s o p r i n c í p i o d ir e t o r d a n o r m a a n t ig a e
t o d o s o s s e u s c o r o l á r i o s , n ã o s e i n f e r e q u e f i c a m e x t in t a s t a m b é m a s exceçõ es; p o r q u e s e
b a s e ia m e m r a z õ e s d iv e r s a s d a q u e la s s o b r e q u e s e f u n d a v a o p r i n c í p i o r e f e r id o ( 2 ) . É
in d is p e n s á v e l q u e a d is p o s iç ã o e s p e c ia l s e ja e x p l í c i t a o u im p l ic i t a m e n t e a b r a n g id a p e la l e i
p o s t e r io r ; p o r q u e a r e g r a d iv e r g e n t e j á e x is t ia , is t o é , j á h a v ia a i n c o m p a t ib i li d a d e c o m a
d is p o s i ç ã o g e r a l; p o r e s s e m o t i v o é n e c e s s á r io f i c a r b e m c la r o q u e s e h a j a p r e t e n d id o
e l i m i n a r t a m b é m o p r e c e it o p a r t ic u la r , c o m o c o n t r a r i a r d e f r e n t e o u r e g u la r o a s s u n t o
i n t e i r o a b r a n g id o p o r e le ( 3 ) .
P a r e c e d e li c a d o o c a s o : e x ig e c r it é r i o j u r í d i c o o e x a m e a t e n t o d a s m e n o r e s c i r
c u n s t â n c ia s . Q u a n d o a l e i g e r a l e s t a b e le c e n o v o s p r i n c í p i o s a b s o lu t a m e n t e i n c o m p a t ív e i s
c o m a q u e le s s o b re qu e se b a se a v a a e sp e c ia l an terior, f i c a a ú l t i m a e x t in t a ( 4 ) ; d o o b j e t o ,
e s p ír it o e f i m d a n o r m a g e r a l é b e m p o s s ív e l i n f e r i r q u e s e t e v e e m m ir a e l i m i n a r a té a s
e x c e ç õ e s a n t e s a d m it id a s (5 ) .
81 443 - (1) Chironi & Abello - Trattato di Diritto Civile Italiano, 1904, vol. I, p. 32; Demolombe, vol. I, n°
128; Enneccerus, vol I, § 41, nota 5.
(2) Paulo Lacerda - Manual do Código Civil Brasileiro, vol. I, p. 320-321 e 285, n° 188, nota 1. Vede a nova
Lei de Introdução, art. 2°, § 1 °.
8 2 444- (1) Enneccerus, vol. I, § 41, nota 5.
8 3 445 - (1) Planiol, vol. I, n° 228; Enneccerus, vol. I, § 41, n° 2.
Prescrevia o Projeto de Código Civil, de Felício dos Santos, no Título Preliminar: ”Art. 6o -Quando uma
lei é revogada em suas principais disposições, abrange essa revogação as disposições secundárias que
emanam daquelas.”
(2) Gianturco - Sistema di Diritto Civile Italiano, 3a ed., vol. I, p. 125.
(3) Clóvis Beviláqua - Código Civil Comentado, vol. I, 1916, p. 100.
Estabelecia o projeto de Código de Coelho Rodrigues, em sua Lei Preliminar, art. 10, alínea: ”Todavia a
disposição excepcional posterior não revoga a geral anterior; nem a geral posterior revoga a excepcional
anterior, se não se refere a esta explícita ou implicitamente, para alterá-la, ou regular de novo toda a
respectiva matéria.”
(4) Alves Moreira, vol. I, p. 21.
(5) Pasquale Fiorc - Delle Disposizioni Generali sulla Pubblicazione, Applicazione edInterpre-tazione delle
Leggi. 1890, vol. II, n° 1.013.
294 CARLOS MAXIMILIANO
66 4- IV . D o e x p o s t o j á s e d e d u z q u e , e m b o r a v e r d a d e ir o , p r e c i s a s e r i n t e l i
g e n t e m e n t e c o m p r e e n d id o e a p l i c a d o c o m a lg u m a c a u t e la o p r e c e it o c lá s s ic o :
" A d is p o s i ç ã o g e r a l n ã o r e v o g a a e s p e c ia l. " P o d e a r e g r a g e r a l s e r c o n c e b i d a d e
m o d o q u e e x c l u a q u a lq u e r e x c e ç ã o ; o u e n u m e r a r t a x a t iv a m e n t e a s ú n ic a s
e x c e ç õ e s q u e a d m it e ; o u , f in a lm e n t e , c r i a r u m s is t e m a c o m p le t o e d if e r e n t e d o
q u e d e c o r r e d a s n o r m a s p o s it i v a s a n t e r io r e s : n e s s e s c a s o s o p o d e r e l im i n a t ó r i o
d o p r e c e it o g e r a l r e c e n t e a b r a n g e t a m b é m a s d is p o s i ç õ e s e s p e c ia is a n t ig a s 84 (1 ) .
M a i s a in d a : q u a n d o a s d u a s l e i s r e g u la m o m e s m o a s s u n t o e a n o v a n ã o
r e p r o d u z u m d is p o s i t i v o p a r t i c u l a r d a a n t e r io r , c o n s id e r a - s e e s t e c o m o a b -
r o g a d o t a c it a m e n t e ( 2 ) . L ex p o s te r io r g e n e ra lis non d e ro g a t le g ip rio ri sp e c ia li
( " a l e i g e r a l p o s t e r i o r n ã o d e r r o g a a e s p e c i a l a n t e r io r " ) é m á x i m a q u e p r e v a le c e
a p e n a s n o s e n t id o d e n ã o p o d e r o a p a r e c im e n t o d a n o r m a a m p la c a u s a r , s ó p o r
s i, s e m m a is n a d a , a q u e d a d a a u t o r id a d e d a p r e s c r iç ã o e s p e c ia l v ig e n t e ( 3 ) . N a
v e r d a d e , e m p r i n c í p i o s e n ã o p r e s u m e q u e a l e i g e r a l r e v o g u e a e s p e c ia l; é
m is t e r q u e e s s e i n t u i t o d e c o r r a c la r a m e n t e d o c o n t e x t o ( 4 ) . I n c u m b e , e n t r e t a n t o ,
a o in t é r p r e t e v e r i f i c a r s e a n o r m a r e c e n t e e l i m i n o u s ó a a n t ig a r e g r a g e r a l, o u
t a m b é m a s e x c e ç õ e s r e s p e c t iv a s ( 5 ) .
6 6 5 - V . A d is p o s iç ã o e s p e c ia l a f e t a a g e r a l, a p e n a s c o m r e s t r i n g ir o c a m p o d a s u a
a p l i c a b i li d a d e ; p o r q u e i n t r o d u z u m a e x c e ç ã o a o a lc a n c e d o p r e c e it o a m p lo , e x
c l u i d a i n g e r ê n c ia d e s t e a lg u m a s h ip ó t e s e s . P o r t a n t o o d e r r o g a s ó n o s p o n t o s e m
q u e l h e é c o n t r á r i a 85 ( 1 ) . N a v e r d a d e , a r e g r a e s p e c ia l p o s t e r i o r s ó i n u t i l i z a em
p a r te a g e r a l an terior, e i s t o m e s m o q u a n d o se re fe re a o s e u a s s u n to ,im p líc it a
o u e x p lic i í a m e n t e , p a r a a lt e r á - la . D e r r o g a a o u t r a n a q u e le c a s o p a r t i c u l a r e
n a q u e la m a t é r ia e s p e c ia l a q u e p r o v e e la p r ó p r i a (2 ) .
6 6 6 - V I . A s e x p r e s s õ e s d e D ir e it o p o d e m s e r a b - r o g a d a s o u d e rr o g a d a s s o m e n te
p o r o u t r a s d a m e s m a n a t u r e z a , o u d e a u t o r id a d e s u p e r io r . U m d is p o s i t i v o
c o n s t i t u c i o n a l é e l im i n a d o p o r o u t r o , e s t a b e le c id o d e a c o r d o c o m o a r t. 2 1 7 d o
C ó d i g o s u p r e m o d e 1 9 4 6 ( a r ts . 4 6 - 5 9 d a C o n s t i t u i ç ã o d e 1 9 6 9 ) . A l e i r e v o g a à
l e i, o a v i s o a o a v is o , o r e g u la m e n t o a o r e g u la m e n t o , o co stu m e a o costum e. A
n o v a r e g r a c o n s t i t u c i o n a l e x t in g u e a l e i, e s t a o d e c r e t o d o E x e c u t i v o ,
r e g u la m e n t o , a v is o , costum e. U m t r a t a d o , o u a ju s t e , in t e r n a c io n a l o u
in t e r e s t a d u a l, a p r o v a d o p e lo P o d e r L e g i s l a t i v o , r e v o g a t a c it a m e n t e a s
d is p o s i ç õ e s l e g a is c o n t r á r ia s 86 (1 ) .
6 6 7 - N ã o é a b s o lu t o o p r e c e it o : a s e x p r e s s õ e s d e D i r e i t o s ó s e r e v o g a m p o r outras,
d a m e s m a n a t u r e z a o u d e a u t o r id a d e s u p e r io r . A d m i t e e x c e ç õ e s .
87 449 - (1) C. Maximiliano - Comentários à Constituição Brasileira, 5a cd., n" 338; Espínola, vol. I, p. 23; O.
Kelly - Manual de Jurisprudência Federal, n° 1.347, 1° suplemento, n" 1.000.
(2) Karl Gareis - Rechtsenzykiopaedie undMethodologie, 5a ed., 1920, p. 63; Coviello, vol. I, p. 95.
(3) Enneccerus, vol. I, p. 95.
(4) De Filippis - Corso Completo di Diritto Civile Italiano Comparato, 1908-1912, vol. I, p. 90; Pacifici-
Mazzoni, vol. I, n° 128; Cattaneo & Borda - // Códice Civile Italiano Annotato, Ia ed., vol. I, p. 32.
8 8 450- (1) Borges Carneiro, vol. I, p. 51.
A Constituição de 1946, no art. 87, n° 1, autoriza o Presidente a expedir decretos e regulamentos - para a
fiel execução (jamais para - revogação) das leis.
8 9 451 -(1) Clóvis Beviláqua, vol. I, p. 99; Enneceerus, vol. I, p. 95; Des. A. Ferreira Coelho - Código Civil
Comparado, Comentado e Analisado, vol. II, p. 103, n° 844.
A lei da Boa Razão, de 18 de agosto de 1769, § 14, deu autoridade só ao costume revestido de três
requisitos: a) ser conforme à boa razão; b) não ser contrário às leis em coisa alguma; c) ser antigo a ponto
de exceder o tempo de cem anos.
(2) Carlos de Carvalho, op. cit., art. 23; Ferreira Coelho, vol. II, p. 103, nD844; Demolombe, vol.
296 CARLOS MAXIMILIANO
Preceituam três Códigos Civis estrangeiros, no respectivo Titulo Preliminar. Da Espanha - "Art. 5°-
Las leyes sólo se derogan por otras leyes posteriores, y no prevalecerá contra su observância el desuso,
I, nos 35 e 130; Cattaneo & Borda - // Códice Civile Italiano Annotato, Ia ed., vol. I, p. 32.
Alfredo Barros Errazuriz, Prof, de Direito Civil na Universidade Católica de Santiago do Chile -
Curso de Derecho Civil, 4a ed., 130, vol. I, n° 58, p. 78; Ferrara, vol. I, p. 255; Geny, vol. I, n ” 129.
Lê-se no Titulo Preliminar do Projeto de Código Civil de Nabuco de Araújo:
”Art. 5o - A Lei só pode ser derrogada por outra lei, não sendo, por conseqüência, admissível,
contra ela: ,
§ Io Nem a alegação de desuso;
§ 2° Nem a suposição de ter cessado a sua razão.”
Determinava o Projeto Felício dos Santos, no Título Preliminar:
”Art. 5o - Não se considera revogada a lei com o seu desuso, com o uso em contrário, ou por ter cessado a
sua razão.”
9 0 452 - (1) Pacifici-Mazzoni, vol. I, n° 126; Coviello, vol. I, p. 93.
9 1 453-(1) Coviello, vol. I, p. 95.
(2) Enneccerus, vol. I, § 41 e nota 8; Coviello, vol. I, p. 95; Alves Moreira, vol. I, p. 22; Espinola, vol. I, p.
22-23; e o art. 59 do Título Preliminar dos Projetos de Código Civil de Nabuco e Felício dos Santos.
(3) Saredo, op. cit., n° 803; Demolombe, vol. I, n° 129.
(4) De Filippis, vol. I, p. 91; Pacifici-Mazzoni, vol. I, n° 128; Enneccerus, vol. I, § 41, nota 8.
(5) Vede o capítulo - Direito excepcional, nos 271 -272, 288 e 290.
297 CARLOS MAXIMILIANO
4 5 4 - X I I . O P o d e r J u d i c i á r io , c o m d e c la r a r i n c o n s t i t u c io n a l u m a le i, n ã o a r e
v o g a n e m s e q u e r im p l ic i t a m e n t e : a p e n a s p r o v o c a a s u a r e v o g a ç ã o e x p r e s s a ; d e s c o
b r e e r e v e la a an tin o m ia en tre a q u e le e s t a t u t o e o f u n d a m e n t a l; in d ic a , e n t r e l e is
e x is t e n t e s e in c o m p a t ív e i s , a q u a l d a s d u a s s e d e v e o b e d i ê n c i a e m v irtu d e d a C o n s
tituição. N ã o e x p u n g e , a n u la o u s u p r im e u m a r e g r a : d e c la r a - a i n a p l i c á v e l à espécie,
p o r e x is t ir , s o b r e o a s s u n t o , p r e c e it o d if e r e n t e e s u p e r i o r e m a u t o r id a d e .
A n o r m a a t in g id a p e lo a r e s t o j á e s t a v a r e v o g a d a p e la C o n s t i t u i ç ã o , o r e g u la m e n t o ,
p o r u m a l e i, e a s s im p o r d ia n t e ; e é is t o q u e a s e n t e n ç a r e c o n h e c e e p r o c l a m a 92 ( 1 ) .
4 5 5 - S e é r e v o g a d a , p u r a e s im p le s m e n t e , u m a l e i r e v o g a t ó r ia d e o u t r a , v o l t a
e s t a , ip so fa c to , a o s e u a n t ig o v ig o r ?
O c a s o d e a b - r o g a ç ã o e x p r e s s a é r a r o 93 ( 1 ) ; m a i s a in d a o t e m s id o o d e u m a n o r m a
e x c lu s iv a m e n t e r e v o c a t ó r ia d e o u t r a p o r s u a v e z e l im i n a d o r a d e u m a t e r c e ir a .
92 454 - (1) C. Maximiliano - Comentários à Constituição, 5a ed., capítulo Inconstitucionalidade e n os90, 426
428,441-444; Ferreira Coelho, vol. II, n° 105, n° 847.
9 3 455 - (1) Alves Moreira, vol. I, p. 22; Pacifici-Mazzoni, vol. I, n° 124.
(2) Gianturco, vol. I. p. 126.
(3) Ch. Beudant - Cours de Droit Civil Français, Introduction, 1896, n° 109 e nota 2.
(4) Saredo, op. cit., n° 806; Coviello, vol. I, p. 96; Francesco Ferrara - Trattato di Diritto Civile Italiano,
vol. 1, 1921, p. 254; Di Ruggiero - Istituzioni di Diritto Civile, 2a ed., vol. I, p. 201. Dalloz espanta-se de
haver a jurisprudência admitido até o restabelecimento de dispositivo penal pelo simples fato de ser ab-
rogada a lei que o aboliu. Exclama: "não se pode deixar de gemer sobre semelhante esquecimento dos
princípios. " Anteriormente, um aresto que a tanto se aventurara, fora cassado, graças ao requisitório de
Merlin; entendera a Corte Suprema de França não ser admissível o restabelecimento tácito de uma pena;
'dever a restauração de cominações de tal espécie constar dos termos explícitos da norma posterior
revogatória de outra (Dalloz - Repertoire de Legislation, de Doctrine et de Jurisprudence, verbo Lois, n°
561-562).
(5) Se o Parlamento suprimiu a exceção apenas, é claro que teve em m ira deixar em vigor, sem restrições,
a regra geral.
O conceito acima decorre do que; entre outros, expõem: Carlos de Carvalho, op. cit., art. 22, parágrafo
único; Coviello, vol. 1, p. 96; Dalloz, op. cit., verbo Lois, n° 561).
298 CARLOS MAXIMILIANO
N a I t á l ia G i a n t u r c o p a r e c e t e r f i c a d o i s o la d o n o a p o io a a n t ig o s a r e s t o s d a C o r t e d e
C a s s a ç ã o d e F r a n ç a , q u e r e s p o n d e r a a f ir m a t iv a m e n t e à p e r g u n t a a c im a r e p e t id a ; a li á s e le
a in d a o p ô s u m a c o n d iç ã o : n ã o h a v e r c e s s a d o a r a z ã o h i s t ó r ic a e p o l í t i c a d a l e i r e v o g a d a
p e la q u e é p o r s u a v e z t o r n a d a s e m e f e it o , a g o r a ( 2 ) .
E m g e r a l a s C â m a r a s a o m e s m o t e m p o q u e e x t in g u e m a a u t o r id a d e d e u m a n o r m a ,
p r o v ê e m s o b r e o a s s u n t o q u e a m e s m a r e g u la v a . B e u d a n t in s is t e p a r a q u e s e i n d iq u e m
f o r m a lm e n t e a s d is p o s iç õ e s a b - r o g a d a s e s e i n s i r a m e n t r e a s r e g r a s n o v a s a a n t ig a q u e s e
q u e r c o n s e r v a r . C o n c l u i a s s im : " a p r e c a u ç ã o é s o b r e t u d o n e c e s s á r ia n a h ip ó t e s e d e a b -
r o g a ç ã o d e u m a l e i q u e e n c e r r a p o r s u a v e z o u t r a a b - r o g a ç ã o , p o r q u a n t o a s c o m p l ic a ç õ e s
r e s u lt a n t e s t ê m n e s s e c a s o m a i o r g r a v id a d e " ( 3 ) .
E m i n e n t e s j u r is c o n s u lt o s a c h a m q u e a d o u t r in a d o s a r e s t o s f r a n c e s e s a n t e r io r e s a
1 8 5 1 p r o d u z i r ia o c a o s l e g i s l a t iv o , c o m f a z e r r e s s u r g ir e m , d e p la n o , o r a n o t o d o , o r a e m
p a r t e , i n ú m e r a s r e g r a s p o s it i v a s e x t in t a s . D o c o n t e x t o d a ú l t i m a n o r m a d e v e o in t é r p r e t e
i n f e r i r s e h o u v e o i n t u i t o d e r e s t a u r a r a s d is p o s i ç õ e s a b o lid a s p e la l e i a g o r a r e v o g a d a . S e a
n o v a r e g r a s i l e n c i a a e s s e r e s p e it o , p r e s u m e - s e h a v e r e m p r e f e r id o o s p o d e r e s p ú b li c o s
d e ix a r a s c o is a s n o e s t a d o e m q u e a d e r r a d e ir a n o r m a a s e n c o n t r o u . N a d ú v id a , n ã o s e
a d m it e a r e s s u r r e iç ã o d a l e i a b o l id a p e la u lt im a m e n t e r e v o g a d a . E x i g e - s e a p r o v a d o
p r o p ó s it o r e s t a u r a d o r , a d e c la r a ç ã o e x p r e s s a , a le g g e rep ristin a to ria , d o s i t a l i a n o s (4 ) .
P a r e c e q u e e s t a é a m e lh o r d o u t r in a , a p l i c á v e l , t o d a v ia , c o m u m a r e s s a lv a : s e a l e i
e l im i n a d a d e m o d o e x p r e s s o , o u t á c it o , n ã o a b -ro g a va , a p e n a s d erro g a va , o u t r a , c o m
i n t r o d u z i r u m a e x c e ç ã o a o s e u p r e c e it o a m p lo ; h á d e s e r c o n s e q ü ê n c ia d a ú l t i m a n o r m a
r e v o c a t ó r i a f a z e r p r e v a le c e r , n a ín t e g r a , a p r im i t iv a m e n t e a b o l id a e m p a r t e (5 ) . A s s i m
a c o n t e c e , p o r s e d e v e r s e m p r e , n a d ú v id a , o p t a r p e la r e g r a g e r a l. R e s s u r g e e s t a l o g o q u e
s e e x t in g u e a e x c e ç ã o .
4 5 6 - O ú l t i m o a r t ig o d o C ó d i g o C i v i l d e t e r m in a : " F ic a m r e v o g a d a s a s O r d e n a ç õ e s ,
A lv a r á s , L e i s , D e c r e t o s , R e s o lu ç õ e s , U s o s e C o s t u m e s c o n c e r n e n t e s à s m a t é r ia s d e
D i r e i t o C i v i l r e g u la d a s n e s t e C ó d i g o . "
D o t e x t o p e r e m p t ó r io s e n ã o in f e r e a p r o i b iç ã o g e n é r ic a d e in v o c a r , e m d ig r e s s õ e s
e s c la r e c e d o r a s , o D i r e i t o a n t e r io r b r a s il e ir o , b e m c o m o o r o m a n o , o c a n ô - n ic o e o d e
P o r t u g a l. C u m p r e d is t in g u ir e n t r e le g e s e ju ra , is t o é , e n t r e a s d is p o s i ç õ e s p o s it i v a s e o
c o m p l e x o d e e le m e n t o s e f a t o r e s c o n s t i t u t i v o s d a c i ê n c i a j u r í d i c a n a c io n a l. R e v o g a r a m - s e
a s le is a n t e r io r e s ; c o n t in u o u d e p é o s is t e m a d e p r i n c í p i o s e r e g r a s f o r m a d o s e m t o r n o d a s
m e s m a s . O D i r e i t o e v o l v e u a p e n a s ; t e m o p r e s e n t e a s s u a s r a íz e s n o p a s s a d o ; e s t u d a - s e
e s t e , p a r a c o m p r e e n d e r a q u e le . P r o m u l g a r a m n o v a lex; m a s o j u s f i c o u f i r m e , in in t e r r u p t o ,
e m b o r a r e j u v e n e s c id o , a r e - ja d o , l o u ç ã o 94 ( 1 ) .
4 5 7 - A r e v o g a ç ã o d is t in g u e - s e d a an u lação, n o s s e u s e f e it o s : e s t a a g e s o b r e o
p a s s a d o ; a q u e la , s o b r e o f u t u r o , o b e d ie n t e a o p r i n c í p i o d a irre tro a tivid a d e . O s f a t o s n o v o s
n ã o s ã o r e g id o s p e la n o r m a r e v o g a d a ; m a s o s a n t e r io r e s c o n t in u a m a s ê - lo . O s e f e it o s d a
a b - r o g a ç ã o s ã o in stan tân eos, is t o é , a l e i f i c a e lim in a d a / ? a r a o fu tu ro 95( 1 ). I s t o p r e v a le c e
94 456 - (1) Giovanni Pacchioni, Prof, de Direito Civil na Real Universidade de Milão - Deite Leg-gi in
Generate, 1933, p. 150-152; Giuseppe Saredo, Conselheiro de Estado - Trattato delle Leggi, n os 829-834 -
(indiretamente).
9 5 457 - (1) Henri de Page - Trai té Élémentaire de Droit Civil.
O conceito emitido pelo escritor belga foi, por vezes, reproduzido acima, quase literalmente. (2) Gabba,
299 CARLOS MAXIMILIANO
q u e r a p r o p ó s it o d e s im p le s r e g r a r e v o c a t ó r ia d e o u t r a , q u e r n o t o c a n t e à h ip ó t e s e d e
p r e c e it o q u e a b - r o g u e o u t r o p o r s u a v e z a b - r o g a d o r d e u m a n t e r io r : o s f a t o s o c o r r i d o s n o
i n t e r v a l o e n t r e o s d o i s ú l t i m o s a t o s , l e g i s l a t i v o s o u e x e c u t iv o s , f i c a m d e p é e r e g id o s p e la
l e i o u r e g u la m e n t o e m v i g o r n a é p o c a r e s p e c t iv a (2 ) . P o r e x e m p lo : e l im i n a - s e im p o s t o o u
t a x a ; a c o b r a n ç a c e s s a e m r e la ç ã o a o e x e r c í c i o f i n a n c e i r o a t u a l; p o r é m é e x i g í v e l o t r ib u t o
r e f e r e n t e a o e x e r c í c i o a n t e r io r . A o c o n t r á r io : s e o ô n u s é d e c la r a d o in c o n s t i t u c io n a l ,
e x p u n g e m - s e t o d o s o s la n ç a m e n t o s q u e a o m e s m o s e r e p o r t e m .
Prof, da Universidade de Pisa - Teoria delia Retroattività delle Leggi. 3a ed., vol. I, parte I, cap. Ill, p. 33.
APÊNDICE
SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL 17a sessão -
Tribunal Pleno
LEIS DE INTRODUÇÃO AO
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
T r i b u n a l P le n o 1 7 “ S E S S Ã O , E M 1 8 D E
J U N H O D E 1941
O R A Ç Ã O D E D E S P E D ID A D O M IN IS T R O
C A R LO S M A X IM IL IA N O
N o c a r r ilh ã o i n e x o r á v e l d o t e m p o s o o u a h o r a c o s t u m e ir a m e n t e m e r e n c ó r ia d a
d e s p e d id a .
P a r t o , le v a n d o d e s t e s a n t u á r io d o D i r e i t o a m a i s g r a t a le m b r a n ç a . O s j u iz e s , ín t e g r o s
e c u lt o s , e v it a r a m a s c o n s e q ü ê n c ia s d o s m e u s e r r o s e e x a lt a r a m a l u c i d e z d o s m e u s
a c e r t o s . C o m e le s c o n v i v i s e t e a n o s , s e m n u n c a s e m e d e p a r a r t o ld a d o o a m b ie n t e p e la
s o m b r a d e u m a t r it o , n a m a i s j u c u n d a e a m p la c a m a r a d a g e m , e m f r a t e r n a l s o lid a r ie d a d e e
m ú t u a c o m p r e e n s ã o , n a s h o r a s d e a le g r ia e n o s m o m e n t o s g r a v e s , d e l a n c in a n t e s
a p re e n sõ e s.
T i m b r o e m m o s t r a r - m e e m p ú b li c o e m e x t r e m o g r a t o a S . E x a, o S r . P r e s id e n t e d a
R e p ú b l i c a , o q u a l m e n o m e o u e s p o n t a n e a m e n t e p a r a q u a t r o c a r g o s d e r e le v o e a g o r a , n o
m o m e n t o d e m e a f a s t a r d a a t iv id a d e j u d ic a n t e , e n v i o u o s e g u in t e h o n r o - s ís s im o
t e le g r a m a :
" A o a s s in a r d e c r e t o d a s u a a p o s e n t a d o r ia , e m v ir t u d e d o s d is p o s i t i v o s
c o n s t it u c io n a is , q u e r o t e s t e m u n h a r - lh e o m e u p a r t i c u l a r a p r e ç o p e la f o r m a
e le v a d a e d ig n a c o m q u e e x e r c e u , n o m e u G o v e r n o e s s e c o u t r o s a lt o s c a r g o s ,
d e m o n s t r a n d o s e m p r e p e r f e it a c o m p r e e n s ã o p a t r ió t ic a , s e r e n o c ín t e g r o
e s p ír it o d e j u l g a d o r e a c o m p e t ê n c ia r e c o n h e c id a d e m e s t r e n a s le t r a s
j u r í d i c a s b r a s ile ir a s . R e i t e r o - l h e a s e g u r a n ç a d a m in h a a m iz a d e e
c o n s id e r a ç ã o p e s s o a l. "
M u ito se n sib iliz a d o ta m b é m m e d e ix a ra o e sc la re c id o G o v ern o d e m in h a te rra n atal,
q u e , ao le r a n o v a d e e s ta r eu fo rç ad o p e la C o n stitu iç ã o a a rre d a r-m e d o p re tó rio su p rem o
e n v io u e ste d o c u m e n to elo q ü e n te e so le n e d e ap re ç o p e la m in h a a tu a ç ã o e m a lta s fu n ç õ e s
d a v id a p ú b lica:
A m in h a d e fe sa im p re ss io n o u p ro fu n d a m e n te a p o p u la ç ã o , q u e e n c h ia lite ra lm e n te a
sala d o trib u n a l e se e sp a lh a v a p e la c a lç a d a e p ra ç a fro n te ira s, V in te e q u a tro h o ra s d ep o is,
trê s d o s cin c o ju ra d o s d e c la ra v a m -se a rre p e n d id o s d o veredicíu m , cru el. É a ss im o rio -
g ran d en se: a rre b ata d o , im p re ssio n á v e l; p o ré m , p a ssa n d o , su b ita m e n te , d a o je riz a à
g en e ro sid ad e . C o m o e u d e m o n stra ra se re m m a is v e e m e n te s o s in d íc io s c o n c e rn e n te s a o s
d o is irm ã o s re fe rid o s, m u ltip lic a ra m -se c o n tra m im as a m ea ça s e as esp era s; p o ré m ,
n aq u e le te m p o m e e n c a n ta v a e c o n d u z ia a flâ m u la d o g a ú c h o a u tên tic o : e m b rig a e le p a g a
p a ra n ão en tra r; p o ré m , se o fa z e m en tra r, p a g a p a ra não sair. T a l d iv isa fu lg e c o m o u m a
p a rá fra se d o sa rc á stic o d iz e r fra n c ê s c o m o re v id e a o s irrita d o s c o n tra a to s m e d ita d o s e
co n sc ie n te s: si c ette ch an son v o u s em bê-te, n o u s a llo n s la recom m en cer. A v o lu m a ra m -se
as p ro v a s c irc u n sta n c ia is c o n tra o s q u e e u a p o n ta ra c o m o m a ta d o res; a p ro n ú n c ia,
d e c re ta d a co n tra a m b o s, c a u so u fo rte em o ç ã o n a cid ad e . E v a d iu -s e o m a is su sp eita d o ; o
o u tro o s ju r a d o s a b so lv e ra m , e n te rn e c id o s p e la s sú p lica s d o p ai. O fo ra g id o , a c u tila d o
n u m a rix a e m o u tro m u n ic íp io , c o n fe sso u , às p o rta s d a m o rte , h a v e r sido e le o a ssa ssin o
do c o m e rc ia n te italian o . R a io u ta rd e a a lv o ra d a d a Ju stiça: o in o c en te, h ab itu a d o à v id a
e rran te e a v e n tu ro sa , n ão re sistira à c o n d iç ã o sed e n tá ria d e p re sid iá rio ; m o rre ra card íaco .
E u m a n tin h a , n a c id a d e d e S an ta M a ria e e m v á rio s m u n ic íp io s, p ró sp e ra ad v o c a c ia : não
p re c isa v a d o p re stíg io d a q u e la v itó ria m o ra l e ju ríd ic a , p ro v a, ap e n as, de q u e n a sc i ju s to .
C o m o d e p u ta d o d a m a io ria e m e m b ro a tiv o d a C o m issã o d e C o n stitu iç ã o e Ju stiça,
d u ran te o G o v e rn o d o M a re c h a l H e rm e s , ta l re sp e ito re v e le i p e la s o p in iõ e alh eia s, nas
re fre g a s trib u n íc ia s, q u e fic a ra m m eu s a m ig o s o s v u lto s d o m in a n te s d a o p o siç ão
p a rla m e n ta r o rg a n iz a d a e p u g n a z : C arlo s P e ix o to , Irin e u M a c h ad o . C in c i-n ato B rag a,
E d u a rd o S ó crates; in c lu siv e A lfre d o R u i, q u e, a fe tu o so e to leran te , so rria q u a n d o lh e
c h a m á v a m o s A ig lo n . A lu ta e ra tre m e n d a e q u a se d iá ria ; p o ré m ja m a is se e s b o ç o u a
asp e re z a d e u m atrito e n tre m im e q u a lq u e r d o s c o le g a s, p o r m a is c o m b a tiv o s q u e fo ssem .
P o r este e o u tro s m o tiv o s, e u fu i in d ic a d o p e lo p re s id e n te d a C âm ara , S ab in o B a rro so ,
p a ra m in istro d a Ju stiç a, n a a d m in istra ç ã o W e n -c e s la u B rás. E sfo rç a m o -n o s, c o m êx ito , o
ch efe d e E sta d o e eu , p a ra re s ta b e le c e r a c o n c ó rd ia e a m ú tu a co m p re e n sã o e n tre a C o rte
E x c e lsa e o P o d e r E x e c u tiv o ; a c a ta m o s, se m reserv as, o s a re sto s d e fin itiv o s, e tim b ra m o s
e m c o lo c a r nas c u ru is p re s tig io so s h o m e n s cu jo sa b e r e rep u ta ç ã o im p o lu ta e stiv e ss e m
a c im a d e to d a c o n tro v é rsia . O p re s id e n te su g e riu o s d o is p rim e iro s n o m es, q u e a c e ite i se m
v a c ila r - V iv e iro s d e C astro e E d m u n d o L in s; o ú ltim o fo i u m d o s m a is c o n sp íc u o s d ir i
g e n te s d e sta c a sa p rec la ra . D e p o is, o D r. W e n c e sla u se re se rv o u a ta re fa de jo e ir a r os
p re fe rív e is, e m u m a lista tríp lic e p o r m im o rg a n iz a d a p o r o rd e m sua: n e sta in c lu í trê s
ju ris c o n s u lto s de e sc o l e c a ra c te re s se m ja ç a - Jo ão M e n d e s, P ire s e A lb u q u e rq u e e P e d ro
do s S antos. In v e stim o s d as a lta s fu n ç õ e s o s d o is p rim e iro s; a n o m e a ç ã o d o te rc e iro fo i u m
ato q u e h o n ra o g o v e rn o d o m e u e m in e n te a m ig o e b ra s ile iro ilu stre E p itá c io P esso a .
ir r e f r a g a v e lm e n t e p a r a o s e u la d o ; in c li n e i - m e , e n t ã o , a n t e a u r g ê n c ia d e lh e s f a z e r j u s t i ç a ;
p o is , a o m a g is t r a d o , o i m p e r a t iv o d o d e v e r e o c u l t o d o D i r e i t o s o b r e le v a m à s t e n d ê n c ia s
p e s s o a is , ín t i m a s o u i d e o l ó g i c a s , a o s n o b r e s p e n d o r e s d a i n t e l ig ê n c i a e d o c o r a ç ã o .
B a s t a s v e z e s , d e p o is d e t e r o v o t o q u a s e p r o n t o , d a t ilo g r a f a d o o r ig in a lm e n t e , c o m o é
o m e u h á b it o , c a m i n h a v a u m p o u c o , a f i m d e f a z e r a d ig e s t ã o i n t e le c t u a l p r e c o n i z a d a p o r
H e r b e r t S p e n c e r n o s P rin c íp io s d e P sic o lo g ia : s e u m a o b j e ç ã o a f l o r a v a à m e n t e , e u
v o l t a v a a o e x a m e d o s a u t o s , r a s g a v a o t r a b a lh o e m v ia s d e c o n c lu s ã o , r e f a z i a t u d o ,
c o n t e n t e c o m i g o m e s m o , e m b o r a f a t ig a d o p e lo r e d o b r a r d a t a r e f a .
P o r m a i s a m o r e e s t u d o q u e h o u v e s s e e m p r e g a d o a o p r e p a r a r - m e p a r a v e n t i la r u m a
te s e , f i c a v a c o n f o r m a d o , q u a n d o a m a i o r ia m e n ã o a c o m p a n h a v a . A s s i m j u s t i f i c o a
i m p a s s i b il i d a d e a n t e o a p a r e n t e r e v é s : s e a c e r t e i, f u i o a u t o r d it o s o d e m a is u m d o s v o t o s
v e n c id o s d e h o je , o r a c u la r e s d e a m a n h ã ; s e e r r e i, g r a n j e e i a v e n t u r a d e n ã o c o n c o r r e r p a r a
u m a in j u s t iç a ; o p r o n u n c ia m e n t o d o s c o le g a s p r e c la r o s e x p u n - g i u a s c o n s e q ü ê n c ia s
p o s s ív e i s d o m e u d e s v io i n v o l u n t á r i o d a v e r e d a l u m in o s a d o D i r e it o .
A t e n t o a o s e x e m p lo s d o s g r a n d e s j u i z e s d o B r a s i l e d o s p a ís e s c u lt o s , f u i s e m p r e m e
r e t r a in d o m a is e m a is , d o m in a n d o - m e c o m r e d o b r a d a e c o n s t a n t e e n e r g ia . A q u i a p e n a s h á
l u g a r p a r a a s e r e n id a d e , a c o m p o s t u r a , a r e s ig n a ç ã o c o n s c ie n t e . N e s t e m e io s é c u lo ,
p a i x õ e s i n c e n d id a s e ir a s o n ip o t e n t e s u lu la r a m , t r ê s o u q u a t r o v e z e s , à s p o r t a s d e s t e
c e n á c u lo . I g n a r o s a d m ir a r a m - s e d e q u e o s s u m o s s a c e r d o t e s d o D i r e i t o n ã o b r a d a s s e m
c o m e s t e n t ó r ic a v e e m ê n c ia . C o r r e t a a t it u d e a d o s j u i z e s e x c e ls o s : c o m a c ir c u n s p e ç ã o e o
s i l ê n c i o im p r e s s io n a n t e , m a i s a t r a ír a m s im p a t ia s e r e q u in t a r a m d e e le g â n c ia m o r a l. Q u e m
p o s s u i a p e n a s o p r e s t íg i o d a f u n ç ã o , d o s a b e r e d a v ir t u d e , a d o t e , c o m o p r o t ó t ip o , o
S e n a d o R o m a n o a n t e a f ú r i a t r i u n f a l d o s g a u le s e s b á r b a r o s d e B r e n o : s e n t a d o s
m a j e s t o s a m e n t e n a c u r u l, o s p a d r e s c o n s c r i- t o s d a v a m a im p r e s s ã o d e d e u s e s o lí m p i c o s ;
s o ld a d o i n v a s o r t a t e o u a b a r b a d e u m , p a r a v e r i f i c a r s e e r a h u m a n o ; v ib r o u - l h e o a n c iã o
t r e m e n d o g o lp e c o m o s í m b o l o e b ú r n e o d a s u a a u t o r id a d e p a t r íc ia . N a v e r d a d e , s a lv a n t e o
c a s o d e d e s a c a t o o u c a lú n ia , e m q u e é l ó g i c a a d e s a f r o n t a im e d ia t a , s i r v a d e p a d r ã o s á b ia
a d v e r t ê n c ia d a n - t e s c a - non ra g io n ia m di lor, m a g u a rd a e p a ssa .
C o n s c ie n t e d e m in h a r e s p o n s a b ilid a d e p e r a n t e a o p i n i ã o p ú b li c a , e x p l ic o p o r q u e n ã o
m e d is t a n c i e i d a c u r u l a 2 4 d e a b r i l e d e ix e i d e a o c u p a r d e p o is d e 2 4 d e m a io . A
a p o s e n t a d o r ia c o m p u l s ó r ia s e m e a f i g u r a a u t o m á t ic a ; p o i s d e c o r r e d o e s t a t u t o s u p r e m o ; h á
u m a p r e s u n ç ã o d e i n c a p a c id a d e p a r a o e x e r c í c i o d a f u n ç ã o j u d i- c a n t e , p r e s u n ç ã o ju r is e t
de ju re , e s t a b e le c id a p e lo C ó d i g o f u n d a m e n t a l; p o r é m e s t m o d u s in reb u s; n ã o s e in f e r e
d o p o s t u la d o r e c e n t e e s t a r o E x e c u t i v o o b r ig a d o a a g i r s e m t a r d a n ç a , d e n t r o d e a lg u m a s
h o r a s a p e n a s . N ã o h á l e i o r d i n á r ia r e g u la n d o o c u m p r im e n t o d o t e x t o b á s ic o ; a p liq u e - s e ,
e n t ã o , p o r a n a lo g ia , o D e c r e t o n ° 9 3 8 , d e 2 9 d e d e z e m b r o d e 1 9 0 2 , q u e a in d a v ig e , p o r
n ã o s e r i n c o m p a t ív e l c o m a lg u m a n o r m a p o s t e r io r , e p r e c e it u a : " A r t . 2 o - D e n t r o d e t r in t a
d ia s d e p o is d e v e r i f i c a d a a v a g a e n t r e o s j u i z e s d o S u p r e m o T r i b u n a l F e d e r a l, o P r e s id e n t e
d a R e p ú b l i c a d e v e r á p r o v e r o s e u p r e e n c h im e n t o . "
S . E x a o C h e f e d e E s t a d o c e r t a m e n t e p r o t r a iu , p o r a lg u n s d ia s m a is , a a s s in a t u r a d o
d e c r e t o d e a p o s e n t a d o r ia , p o r m o t i v o s p o n d e r o s o s , q u e n ó s , j u iz e s , t e m o s o b r ig a ç ã o d e
r e s p e it a r ; a m im , p o r é m , i n c u m b i a a g u a r d a r a s u a d e lib e r a ç ã o s o b e r a n a a r r e d io d o
p r e t ó r io , e m o b e d i ê n c i a à l e i d a s l e is , o e s t a t u t o f u n d a m e n t a l.
D i p l o m a in d is c r e t o e p e r e m p t ó r io p r o c l a m o u a o s q u a t r o v e n t o s , n o D iá rio O ficial,
h a v e r e u a t in g i d o id a d e p r o v e c t a . J a m a is i n c o r r i n a f r a q u e z a d e s o n e g a r a n o s d e
e x is t ê n c ia ; a g o r a , p o r é m , t e m e r á r io m e p a r e c e í m p a r d e v i g o r e j u v e n t u d e ; e m b o r a m a is
m o ç o d o q u e H in d e n b u r g o , n a é p o c a e m q u e s a l v o u a R e p ú b l i c a A le m ã ; o a lm ir a n t e
H o r t h y , q u a n d o e x p u l s o u d e B u d a p e s t e o c o m u n is m o s a n g u in á r io d e B e l a k u m , e
309 CARLOS MAXIMILIANO
E m s e g u id a o E x m o . S r . M i n i s t r o P r e s id e n t e p r o f e r i u o s e g u in t e d is c u r s o : " É C a r l o s
M a x i m i l i a n o q u e m h o j e n e s t e r e c in t o s e e n c o n t r a n u m a v is it a d e d e s p e d i a a o s s e u s
c o le g a s .
A s im p le s e n u n c ia ç ã o d e s s e n o m e e v o c a a s m a i s p r e c io s a s r e p r e s e n t a ç õ e s .
É d e s d e l o g o o n o t á v e l e s c r it o r d e D i r e it o , o m e s t r e i n s i g n e d a s le t r a s j u r í d i c a s , o
s á b io e t a le n t o s o d o u t r in a d o r , q u e n o s o c o r r e à im a g in a ç ã o ; h a b it u a m o - n o s t o d o s a
c o n s u lt á - lo n e c e s s a r ia m e n t e s e m p r e q u e n o s a b s o r v e o e s p ír i t o a lg u m p r o b le m a i n t r i n c a d o
d a v id a p r o f is s io n a l ,
C o m en tá rio s à C on stitu ição, H erm en êu tica e A p lic a ç ã o d o D ireito , D ire ito d a s
Su cessões, D eca d ên cia , t a is o s m a i s n o t ó r io s t í t u l o s d e c a p i t a l im p o r t â n c ia , c o m q u e s e
n o s i m p õ e à a d m ir a ç ã o o g r a n d e j u r is c o n s u lt o .
M a s , l o g o d e p o is , a f i g u r a d o M i n i s t r o d e E s t a d o , q u e d e ix o u t r a ç o s in d e l é v e is n a
a d m in is t r a ç ã o p ú b li c a , l e v a - n o s a l a n ç a r u m a v is t a r e t r o s p e c t iv a s o b r e o e d if ic a n t e
curricu lu m v ita e d o a d v o g a d o , d o p r o f e s s o r , d o c o n s u lt o r .
O j u i z , p o r é m , d e v e a m a i o r f i d e li d a d e à le i: s e a v e r d a d e ir a in t e r p r e t a ç ã o d a n o r m a
j u r í d i c a , c o n d u z id a p e lo m é t o d o a d e q u a d o , c o m a c o m p r e e n s ã o in t e l ig e n t e d a s
c ir c u n s t â n c ia s , o i n d u z i r a u m a s o lu ç ã o q u e l h e n ã o m e r e ç a a p la u s o , a in d a a s s im , c u m p r e -
lh e a c a t á - la .
P o r is s o , o u v im o s a lg u m a v e z o n o s s o e m in e n t e c o le g a , c o m a v iv a c id a d e e
f r a n q u e z a d e s e u t e m p e r a m e n t o , e x c l a m a r s e m r e b u ç o s : la m e n t o p r o f u n d a m e n t e t e r d e
d e c i d i r a s s im , m a s é o q u e a l e i d e t e r m in a i n i lu d i v e l m e n t e .
R a r a s , f e l i z m e n t e , b e m r a r a s , s ã o a s o c a s iõ e s e m q u e o p r o c e s s o h e r m e n ê u t ic o ,
e m p r e g a d o p o r u m j u lg a d o r , e s c la r e c id o , n ã o c o n s ig a d e s f a z e r e q u ív o c o s e c o n t r a d iç õ e s ,
p r e e n c h e r la c u n a s , h a b il i t a n d o - o a p r o f e r i r a d e c is ã o q u e c o r r e s p o n d a à f i n a l id a d e d a l e i,
c o n s u lt a n d o o in t e r e s s e s o c ia l.
E c e r t o q u e u m a l e i p o d e s e r o m i s s a o u im p r e v id e n t e , p o d e a lg u m d e s e u s d i s
p o s it i v o s p r o d u z i r a p a r e n t e p e r p le x id a d e p o r c o l i d i r c o m o d e o u t r a l e i, M a s , n u m s is t e m a
le g i s l a t iv o , n o c o m p l e x o d a s n o r m a s q u e c o n s t it u e m o d ir e i t o p o s it i v o d e u m E s t a d o , n ã o
h á la c u n a s , o m is s õ e s o u c o n t r a d iç õ e s .
É t a l a r a z ã o d o p r i n c í p i o g e r a l - c o m o s i l ê n c i o , a o b s c u r id a d e o u i n d e c is ã o d a le i,
n ã o s e e x im e o j u i z d e s e n t e n c ia r o u d e s p a c h a r ( C ó d ig o C i v i l , a r t. 5 o, 2 a p a r t e , d a
In tro d u ç ã o ).
D e s s e m o d o a in d a m a is a v u lt a a im p o r t â n c ia d a f u n ç ã o j u d i c i a l .
Q u a n t a s v e z e s n e s s e e s c a b r o s o t e r r e n o s e e m p e n h a m a s o p i n i õ e s d iv e r g e n t e s s o b r e a
s o lu ç ã o p r á t ic a ? !
C o m o ilu s t r a ç ã o , r e f e r i r - m e - ia a d o i s c a s o s c o n s id e r a d o s p o r e s t e T r ib u n a l.
D e t e r m in a a l e i q u e o s r e n d im e n t o s d a F a z e n d a P ú b l i c a n ã o p o d e m s e r p e n h o - r a d o s .
R e s u l t a d e o u t r a l e i q u e o r e m é d io p r o n t o d o m a n d a d o d e s e g u r a n ç a n ã o s e a d m it e
c o n tr a a to s ju d ic ia is .
C o n c e d e u u m j u i z a p e n h o r a s o b r e r e n d a s d e u m E s t a d o , o q u a l, p o r s u a v e z ,
im p e t r o u u m m a n d a d o d e s e g u r a n ç a c o n t r a o a to d o ju iz .
C o m o d e c i d ir ? R e c u s a r o m a n d a d o d e s e g u r a n ç a p o r q u e o E s t a d o t e m n a l e i m e io s
r e g u la r e s d e r e s t a u r a r o s e u d ir e it o ?
D i v i d i u - s e o T r i b u n a l . A m a i o r ia c o n c e d e u a m e d id a p r o n t a , t e n d o e m v is t a a
n e c e s s id a d e in g e n t e d e a s s e g u r a r a o E s t a d o a u t i l iz a ç ã o e e m p r e g o d e s u a r e c e it a . C o n t r a o
in t e r e s s e s o c ia l , m a n if e s t a d o e p r e m e n t e , n ã o p o d e r ia p r e v a l e c e r u m a p r o i b iç ã o p r o c e s s u a l
311 CARLOS MAXTMTLTANO
s e u a u t o r u m a p o s iç ã o d e d e s t a q u e e n t r e o s m a i s c o n c e it u a d o s e s p e c ia lis t a s .
A s b e la s p a la v r a s f i n a i s d o p r e f á c i o d a 3 a e d iç ã o ( 1 9 2 9 ) e q ü iv a l e m a u m a p r o f is s ã o
d e f é d o h e r m e n e u t a e s c la r e c id o : " D e s d e o t e m p o d o s r o m a n o s , a n t e a e s f in g e d a f o r m a
n u n c a s e p r o s t e r n a r a m a p r im o r a d o s h e r m e n e u t a s . S e h á e x c e p c io n a is c o n j u n t u r a s , e m q u e
o D i r e i t o im p e n d e e s o b r e s s a lt a c o m o o g lá d io d e D â m o c l e s , e m n e n h u m a c o n s t r in g e
c o m o u m c i l í c i o . T e m a p la s t i c i d a d e d a s a r t e s : g e n it o r d o b e m h u m a n o e s u a v e c o m o a
e q ü id a d e q u e o in s p ir a , f o r t a le c e e c o m p le t a - ju s e s t a rs bon i e t oequi. I m p u ls io n a d o p e lo
a p o t e g m a l a p i d a r d e C e ls o e a n im a d o p e lo s p r e c e d e n t e s l u m in o s o s d a j u d i c a t u r e
b r a s ile ir a , t i m b r o u o a u t o r e m d e v a s s a r o c a m in h o p a r a a s c o n s t r u ç õ e s a c o r d e s c o m o
t e x t o e o r ie n t a d a s p a r a o f u t u r o . V i n g a r á a s e u t e m p o a j u r is p r u d ê n c i a c r ia d o r a , q u a s e
im p e r c e p t iv e lm e n t e b u r i la d o r a d a s n o r m a s s e v e r a s , s o l íc i t a e m l i m a r a s a r e s t a s d a s r e g r a s
p r e c is a s . N ã o f a ç a m o s d a C o n s t i t u i ç ã o g a r g a lh e ir a d e p o t e n t a d o , n e m c h u ç o d e
e n e r g ú m e n o s . M e l h o r s e r v e à P á t r i a q u e m n ã o t o r n a a s s u a s l e i s é g id e d o a r b ít r io , n e m
c a p a d e a n a r q u ia : a o p r e s s ã o e a d e s o r d e m s ã o d u a s p a r a le la s q u e s e e n c o n t r a m n o
i n f i n i t o . " E , p o r é m , n o l i v r o p r e c i o s ís s i m o s o b r e - H erm en êu tica e A p lic a ç ã o d o D ire ito -
q u e o g r a n d e d o u t r in a d o r f i r m a e m p á g in a s l a p i d a r e s o s p r i n c í p i o s e m q u e s e d e v e i n s p ir a r
o in t é r p r e t e d a s l e is , s e ja t e ó r ic o o u p r á t ic o , p a r a q u e a n o r m a d e c o n d u t a , d it a d a e m
a b s t r a t o p e lo l e g i s l a d o r , p o s s a c o r r e s p o n d e r n a s a p lic a ç õ e s c o n c r e t a s a o f i m s o c ia l a q u e
s e d e s t in a .
E c o m t ã o c l a r i v id e n t e c r it é r i o s o c io l ó g i c o o f e z , d e s d e o p r in c i p io , q u e p ô d e
d e c la r a r n o p r e f á c i o d a ú l t i m a e d iç ã o p u b li c a d a e s t e a n o : " N a e x c e le n t e m o n o g r a f i a - Una
revo lu ció n en la ló g ic a d ei derecho, o p r o f e s s o r J o a q u i m D u a l d e , c a t e d r á t ic o d e D i r e i t o
C i v i l n a U n i v e r s i d a d e d e B a r c e l o n a , a p r e s e n t o u e m 1 9 3 3 , c o m o e s p le n - d e n t e s n o v id a d e s ,
a s d o u t r in a s j o e i r a d a s p o r m i m n o v e a n o s a n t e s , n a p r im e i r a e d iç ã o d a H erm en êu tica - n os
5 1 -5 4 , 7 0 -8 9 e 1 5 7 -1 7 1 ".
T i v e m o s e n s e j o d e o b s e r v a r e m v o l u m e e s p e c ia l s o b r e a in t e r p r e t a ç ã o d o d ir e it o
o b j e t iv o (T ra ta d o d e D ire ito C ivil, d e E d u a r d o E s p í n o l a e E d u a r d o E s p í n o l a F i l h o , v o l .
4 o): " E s t á - s e a v e r q u e o m é t o d o d e in t e r p r e t a ç ã o s ó p r e e n c h e r á a s u a f u n ç ã o , s ó c o n d u z ir á
o a p l i c a d o r à r e a lid a d e d e u m a s u b s u n ç ã o a o d ir e i t o d o c a s o c o n c r e t o , e m o r d e m a
s a t is f a z e r , c o n c il i a n d o - o s t a n t o q u a n t o p o s s ív e l , a s v a n t a g e n s d o s p a r t ic u la r e s e o s
in t e r e s s e s d o g r u p o s o c ia l e m q u e a g e , s e f o r a s s e n t a d o e m f o r m a t a l a p o d e r , p r a t ic a n d o -
s e , d a r o s r e s u lt a d o s p o s it i v o s q u e d e le s e e s p e r a m . Q u e r d iz e r q u e e s s e m é t o d o d e
in t e r p r e t a ç ã o d e v e s e r a p t o a , r e a liz a n d o - s e , f o r n e c e r s o lu ç õ e s c o n c r e t a s , c o r r e s p o n d e n t e s
à f i n a l id a d e q u e s e r e c la m a d a a t u a ç ã o d o d ir e i t o , i s t o é , a s a t is f a z e r à s e x ig ê n c ia s d a
j u s t i ç a e d a u t i l id a d e g e r a l.
F i z e m o s t a m b é m v e r q u e o v e r d a d e ir o m é t o d o d e in t e r p r e t a ç ã o n ã o p o d e d e ix a r d e
s e r u m p r o c e s s o d e g r a n d e f i d e li d a d e à l e i, q u e s e a p l i c a in v a r i a v e l m e n t e à s o lu ç ã o d a s
q u e s t õ e s i n e q u iv o c a m e n t e r e g u la d a s p o r p r e c e it o s s e u s , da n d o a e ste s o sen tid o e o
con teú do rig o ro sa m e n te a d e q u a d o s a sa tisfa ze r a su a fin a lid a d e p rá tic a , com o a p o n ta d a
p e la n a tu reza d a s re la ç õ e s ju r íd ic a s e p e la s ex ig ên cia s so cia is, q u a is se a p resen ta m no
m om en to em qu e a d isp o siç ã o le g a l tem d e se a d a p ta r a o s fa to s co n creto s, e o rien ta d a
to d a e ssa a tivid a d e, que o in térp re te d e sen vo lve rá livrem en te p a r a a ssen h o re a r-se d a
verd a d e, no sen tid o d e s e r sem p re a lc a n ça d a a a lta fin a lid a d e de ju s tiç a e d e u tilid a d e
so c ia l re p re se n ta tiv a d o bem comum .
B e m s e p e r c e b e q u e , n a m o v im e n t a ç ã o e f e t iv a d e t a l s is t e m a , a s v á r i a s n o r m a s d ã o ,
p o r s u a ín d o l e p r ó p r ia , u m a la t it u d e , m a i o r o u m e n o r , d e lib e r d a d e a o a p l i c a d o r " ( p . 4 1 7 e
4 3 9 ).
R e f e r i m o - n o s à v a r ie d a d e d o p o d e r c o e r c i t i v o d a s r e g r a s j u r íd i c a s , s e g u n d o s ã o
a b s o lu t a o u r e la t iv a m e n t e c o a t iv a s , d iv e r s id a d e t ã o m a g is t r a lm e n t e c o n s id e r a d a p e lo
313 CARLOS MAXIM IL IANO
caro M a x im ilia n o :
Q u a n d o p a ra a q u i v ie ste , a q u i j á m e e n co n traste.
É o te u caso.
A v id a só é b o a q u a n d o b e m viv id a .
E o b o m v iv e r e s tá n o b e m fazer.
O D r. R ib a s C a rn eiro (lê):
E x ím io c o n h e c e d o r d o s h o m e n s, d o ta d o d e a g u d o sen so crítico , p o n te a d o m e sm o de
m alícia , V. E x a, p o r certo , p e rd o a n d o o ca n h e stro d a fo rm a d e m in h a o ra ç ã o , re c e b e rá esta
c o m o p a rtid a liv re m e n te d e m e u co ração .
O v ín c u lo q u e m e p re n d e a V. E x a v e m d e m u ito lo n g e , b a sta n d o d iz e r q u e d a ta de
m in h a ju v e n tu d e .
altan eiro .
D e se m p e n h a v a , e n tão , V. E x a o c a rg o d e P ro c u ra d o r-G e ra l d a R e p ú b lic a e, su
ced e n d o a u m a p lê ia d e d e ilu stríssim o s; ju ris ta s , in ic ia v a V. E x a fu n ç õ e s so b u m novo
reg im e, o d e P ro c u ra d o r-G e ra l se m a c o n d iç ã o d e M in istro d e ste E g ré g io T rib u n al. E V.
E x a re so lu ta m e n te se la n ç o u a u m tra b a lh o fo rm id á v e l e q u a l u m d ín a m o p a te n te o u u m a
cap a c id a d e p ro d u tiv a e sp lê n d id a , a c in tila r ta le n to , cu ltu ra, p atrio tism o .
A c e rq u e i-m e do M e s tre tim id a m e n te , na p o n ta d o s p é s, m as, ao s p o u c o s, fu i
p e rd e n d o o e n le io e m e en co ra ja n d o .
A so m b ra p ro te to ra q u e m e v a le ra n a ju v e n tu d e , n ã o m e d e ix a n d o p riv a d o d e a p o io
no in ic ia r a v id a d e a d v o g a d o , se rv iu -m e d a d iv o sa m e n te no in íc io de m in h a v id a d e ju iz
fed eral.
V. E x a d e p o is to m o u d e fin itiv o asse n to n este E g ré g io T rib u n a l, c o m o M in istro , e
p ro s se g u iu m a g n ífic o e m su a atu ação .
O m a g n e tism o d e su a fo rte p e rs o n a lid a d e m e a tra iu p o r co m p leto .
S en ti a q u a n to v a i su a in te lig ê n c ia d e esco l, su a c u ltu ra d e d o u to r, se u c a rá te r
in q u e b ra n tá v e l, v ib ra n d o e u n a m a is la rg a p a u ta d e m in h a se n sib ilid ad e , ao a d m ira r a
le a ld a d e se m re b u ç o s; d e V. E x a, a in tre p id e z d e su a s atitu d e s, a firm e z a d e se u s co n c e ito s,
a e n e rg ia d e se u p ro c ed e r, o d o n a ire d e su a g a lh a rd a in d e p e n d ê n c ia , o se u av isa d o
e m p e n h o de s e rv ir ao b e m p ú b lic o , e, p e rm ita , a fin u ra d e se u e sp írito c rític o q u e ta n ta s
v eze s te m in q u ie ta d o a o s sim u la d o re s d a in te lig ê n c ia .
H o m e m se m re c ô n d ito s d e p e n sa m e n to , se m re tic ê n cia s, se m a m b ig ü id a d e s, ex ato
no d izer, ex ato no sen tir, e x a to no p ro c ed e r, V. E x a é u m fo rte e fo rte se a fa sta d este
T rib u n a l d a n d o a im p re ssã o q u e h o u v e u m erro no re g is tra r o an o de se u n a scim e n to na
g lo rio sa te rra g aú ch a.
N ã o é d o fe itio d e V. E x a o d e sc an so e p o r isso , ce rta m e n te , V. E x .a v o lta rá a re d ig ir
o b ra s m a g istra is p a ra a ed u c a ç ã o ju r íd ic a d o s b ra sile iro s, n o ta n d o -se n e ssa ép o c a de
tu rb ilh ã o m u n d ia l n o se rv ir à J u s tiç a e n o se rv ir à P átria.
F a la n d o d e im p ro v iso c o m o p re s id e n te d o In stitu to d a O rd e m d o s A d v o g a d o s
B ra sile iro s, v e n h o p re s ta r u m a h o m e n a g e m a V. E x a não so m en te e m n o m e d o s ad v o g a d o s
d a C a p ita l d a R e p ú b lic a , m a s d e to d o s o s ad v o g a d o s d este n o sso im e n so te rritó rio p á trio ,
d esd e os d o s p a m p a s rio -g ra n d e n se s d o S ul, te rra d o n a sc im en to d e V. E x .a, até o s d as
ín v ia s te rra s d o A c re e d e M a to G ro sso , d e to d o s o s a d v o g a d o s d e sse n o sso g ran d e país.
O s a d v o g a d o s b ra s ile iro s a c o stu m a ra m -se a v er, n a e g ré g ia fig u ra d e V. E x a, a fig u ra
c o n su m a d a d e u m g ra n d e ju iz , d e u m g ra n d e ju ris ta , d e u m g ra n d e m e stre d o D ire ito , de
u m g ra n d e ad v o g a d o , d e u m g ra n d e a d m in istra d o r.
V. E x a se re v e lo u u m alto P ro c u ra d o r d a R e p ú b lic a e, c o m o m a g istra d o , d e m o n s tro u
se r o q u e se m p re fo i d e sd e o seu in g re sso n a v id a ju r íd ic a d o p aís: u m g ra n d e ju iz .
C o m a se re n id ad e d e ju lg a m e n to c o m q u e se m p re p a u to u o s seu s ato s, c o m o
ad v o g ad o , c o m o ad m in istra d o r, c o m o C o n su lto r, co m o P ro c u ra d o r-G e ra l d a R e p ú b lic a ,
co m o d e p u ta d o à A sse m b lé ia N a c io n a l, V. E x .a se re v e lo u sem p re a fig u ra se re n a e n o b re
317 CARLOS MAXTMTLTANO
d e u m p e r f e it o m a g is t r a d o .
C u l t o , d e s a p a ix o n a d o , f i r m e n o s s e u s c o n c e it o s , d e u m a c o r a g e m c í v i c a e x
t r a o r d in á r ia , a f i g u r a d e V . E x a h a v ia d e a p a r e c e r s e m p r e e g r é g ia e s u p e r i o r p e r a n t e t o d a a
c la s s e d e a d v o g a d o s d a n o s s a p á t r ia .
E u s a ú d o e m V . E x a e s s a f i g u r a e g r é g ia e , c o m a r e s p o n s a b ilid a d e d e p r e s id e n t e d o
I n s t it u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B r a s i l e ir o s , e u d e c la r o q u e f o i u m e r r o d o a u t o r d a
C o n s t i t u i ç ã o d e 3 7 , q u e s e r e v e l o u u m m a u f i s i o lo g is t a , a o d e c la r a r a id a d e d e 6 8 a n o s
p a r a a a p o s e n t a d o r ia c o m p u l s ó r ia d o s e m in e n t e s j u i z e s d e s t e E g r é g io S u p r e m o T r ib u n a l.
E s t o u c e r t o d e q u e s e p r o p u s e s s e o j u lg a m e n t o im e d ia t o e c o m p le n o c o n h e c im e n t o
d e c a u s a d e t o d o s o s M i n i s t r o s d o S u p r e m o T r i b u n a l F e d e r a l, s e m d is c o r d â n c i a d e u m s ó
v o t o , t o d o s h a v ia m d e p r o c l a m a r V . E x a u m j u i z c o m a b s o lu t a in t e g r id a d e d e s u a s f u n ç õ e s
m e n t a is .
E n e s t e j u lg a m e n t o , c o m o c a s o ú n i c o n a v i d a j u d i c i á r i a d o p a ís , V . E x . u p o d e r ia s e r ,
m e lh o r a té q u e s e u s c o le g a s , j u i z e m p r ó p r i a c a u s a , p o r q u e V . E x a s a b e e V . E x a s e n t e q u e
p o s s u i a b s o lu t a i n t e g r id a d e f í s i c a e m e n t a l.
É a s s i m u m e r r o m a n if e s t o d e s t e t e x t o c o n s t i t u c i o n a l , e c o n t r a a s u a r i g i d e z s e
r e b e la m t o d o s o s j u r is t a s d o B r a s i l : a í e s t ã o a s p a la v r a s n o b il í s s i m a s d o e m in e n t e
p r e s id e n t e d e s t e S u p r e m o T r i b u n a l , f a la n d o e m n o m e d e t o d a a m a g is t r a t u r a n a c io n a l, a s
p a la v r a s e lo q ü e n t e s e c o n c is a s d e g r a n d e s a b e r d o j u i z e g r é g io d e s t e T r i b u n a l , M i n i s t r o
L a u d o d e C a m a r g o , q u e a f ir m a r a m e s t e p r in c í p io , t a m b é m a s p a la v r a s a r d o r o s a s d o
P r o c u r a d o r - G e r a l d a R e p ú b lic a , q u e f a lo u e m n o m e d o M in is t é r io P ú b lic o e c o m o
r e p r e s e n t a n t e d a F a z e n d a N a c io n a l , e a in d a c o m o r e p r e s e n t a n t e d o G o v e r n o d a R e p ú b l i c a ,
p e ra n te e s te T r ib u n a l, a p a la v r a d e u m n o b re j u iz d e s ta C a p it a l e , p o r ú lt im o , a p a la v r a d o s
a d v o g a d o s . T o d o s a t e s t a m o s e p r o c la m a m o s a m e n t a lid a d e p e r f e it a d e V . E x a e o d e s e jo
q u e t o d o s f a z e m o s q u e c o n t in u e a e s c la r e c e r a s le t r a s p á t r ia s c o m o s e u p r o f u n d o s a b e r
j u r íd i c o .
S r . M i n i s t r o C a r l o s M a x i m i l i a n o : o s a d v o g a d o s d o B r a s i l p o d e m - s e r e j u b ila r , h o je ,
p e la v o l t a d e V . E x a à s u a b a n c a d a d e j u r is c o n s u lt o s , m a s t o d o s la m e n t a m o s , s in c e r a m e n t e ,
q u e o E g r é g io S u p r e m o T r i b u n a l F e d e r a l e q u e a m a g is t r a t u r a n a c io n a l p e r c a m , c o m a
s a íd a d e V . E x . a, u m d o s s e u s m a io r e s j u iz e s .
L E I N ° 6 .4 3 7 , D E 2 7 D E O U T U B R O D E 1 9 6 1
F a ç o s a b e r q u e a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a d e c r e t a e e u p r o m u l g o a s e g u in t e le i: A r t i g o I o -
O F ó r u m d e C a n a n é ia p a s s a a d e n o m in a r - s e F ó r u m "C arlos M a x im ilia n o P e re ir a d o s
S a n to s ".
A r t i g o 2 o - E s t a l e i e n t r a r á e m v i g o r n a d a t a d e s u a p u b lic a ç ã o .
P a lá c io d o G o v e r n o d o E s t a d o d e S ã o P a u lo , a o s 2 7 d e o u tu b r o d e 1 9 6 1 .
( D iá r i o O f i c i a l — E s t a d o d e S ã o P a u l o , n ° 2 4 5 , d e 2 8 d e o u t u b r o d e 1 9 6 1 ) .
LEIS DE INTRODUÇÃO
AO
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
L E I N ° 3 .0 7 1 , D E I o D E J A N E I R O D E 1 9 1 6
IN T R O D U C Ç Ã O
§ 3 ° C h a m a -se c o u sa ju lg a d a , ou ca so ju lg a d o , a d e c isã o ju d ic ia l de qu e j á n ão
c a ib a recu rso.
A ri. 4 o A lei só se revo g a , ou d e ro g a p o r o u tra lei; m a s a d isp o siç ã o e sp e c ia l n ão
r e v o g a a g era l, nem a g e r a l r e v o g a a esp ecia l, sin ã o qu an do a ella, ou a o seu assu m pto,
se referir, a lte ra n d o -a e x p licita ou im plicitam en te.
A rt. 5 oN in gu ém se excusa, a lleg a n d o ig n o ra r a lei; nem com o silen cio, a o b s
cu ridade, ou a in d ec isã o d e lia se exim e o j u i z a sen ten ciar, ou despach ar.
A rt. 6 o A lei qu e a b re e x c ep çã o a re g r a s g e ra e s, ou re strin g e direito s, só a b ra n g e
o s casos, que especifica.
A rt. 7 o A p p lic a m -se n o s c a so s o m isso s a s d isp o siç õ e s ccn cern en tes a o s c a so s
an álogos, e, n ão a s haven do, o s p rin c íp io s g e r a e s de direito.
A rt. 8 o A lei n a cio n a l d a p e s s o a d eterm in a a c a p a c id a d e civil, o s d ire ito s de
fa m ília , a s re la ç õ e s d o s cô n ju g es e reg im en d o s b en s no casam en to, sen d o lic ito qu an to a
este a o p çã o p e la lei b ra sileira .
A rt. 9 o A p p lic a r-se -á su b sid ia ria m en te a lei d o d o m icilio e, em f a lta desta, a d a
resid ên cia :
I. Q u an do a p e s s o a n ão tiv er n acio n a lid a d e.
II. Q u an do se lhe a ttrib u irem d u a s n a cio n a lid a d es, p o r conflicto, n ão re s o lv i
do, en tre a s le is d o p a iz do n ascim en to, e a s d o p a iz d e origem ; ca so em que p r e v a
lecerá, si um d e lle s f o r o B rasil, a lei b ra sileira .
A rt. 10. O s bens, m o v e is, ou im m oveis, estã o so b a lei d o lo g a r on de situ a d o s;
fic a n d o , p o rém , so b a lei p e s s o a l d o p ro p r ie tá r io o s m o v e is d e seu uso p e ss o a l, ou o s que
elle c o m sig o tiv e r sem pre, bem com o o s d e stin a d o s a tra n sp o rte p a r a o u tro s logares.
P a ra g ra p h o único. O s m oveis, cu ja situ a ç ã o se m u d a r na p e n d ê n c ia d e a cç ã o r e a l a
seu resp eito , con tin u am su je ito s à lei d a situ ação, qu e tinham no co m eço d a lide.
A rt. 11. A fô r m a ex trin seca d o s actos, p ú b lic o s ou p a rtic u la re s re g e r -se -á seg u n d o a
lei d o lo g a r em qu e se p ra tic a re m .
A rt. 12. O s m e io s de p r o v a re g u la r-se -ã o con form e a lei d o lo g a r on de se p a s s o u o
acto, ou fa c to , que se tem d e p ro v a r.
A rt. 13. R eg u la rá , sa lv o estip u la çã o em co n trario , qu an to à su b sta n cia e a o s effeitos
d a s o b rig a çõ es, a lei d o lo g a r o n d e fo r e m con trah idas.
P a ra g ra p h o único. M a s se m p re se re g e rã o p e la lei b ra sileira .
I. O s co n tra ctu s a ju sta d o s em p a iz e s ex tra n g eiro s, qu a n d o e x e q ü íve is no
B rasil.
II. A s o b rig a ç õ e s co n tra h id a s en tre b ra s ile iro s em p a iz extran geiro.
6 7 2 O s a c to s re la tiv o s a im m o veis situ a d o s no B rasil.
673 O s a c to s re la tiv o s a o reg im en h yp o th e c a rio b ra sileiro .
A rt. -14. A su c c essã o leg itim a ou testa m en ta ria , a o rd em d a vo c a ç ã o h ered ita ria , o s
d ire ito s d o s h e rd e iro s e a v a lid a d e in trín seca d a s d isp o siç õ e s do testam en
321 CARLOS MAXIMILIANO
O p r e s id e n t e d a R e p ú b l i c a , u s a n d o d a a t r ib u iç ã o q u e l h e c o n f e r e o a r t. 1 8 0 d a
C o n s t it u iç ã o , d e c re ta :
A r t . I o S a l v o d is p o s i ç ã o c o n t r á r ia , a l e i c o m e ç a a v i g o r a r e m t o d o o P a í s q u a r e n t a e
c i n c o d ia s d e p o is d e o f i c ia l m e n t e p u b lic a d a .
§ I o N o s E s t a d o s e s t r a n g e ir o s , a o b r ig a t o r ie d a d e d a l e i b r a s il e ir a , q u a n d o a d m it id a ,
s e i n i c i a t r ê s m e s e s d e p o is d e o f i c ia l m e n t e p u b lic a d a .
§ 2 o A v ig ê n c i a d a s le is , q u e o s g o v e r n o s e s t a d u a is e la b o r e m p o r a u t o r iz a ç ã o d o
g o v e r n o f e d e r a l, d e p e n d e a p r o v a ç ã o d e s t e e c o m e ç a r á n o p r a z o q u e a l e g i s l a ç ã o e s t a d u a l
fix a r .
§ 3 o S e , a n t e s d e e n t r a r a l e i e m v ig o r , o c o r r e r n o v a p u b li c a ç ã o d e s e u t e x t o
d e s t in a d o a c o r r e ç ã o , o p r a z o d e s t e a r t ig o e d o s p a r á g r a f o s a n t e r io r e s c o m e ç a r á a c o r r e r d a
n o v a p u b lic a ç ã o .
§ 4 o A s c o r r e ç õ e s a t e x t o d e l e i j á e m v i g o r c o n s id e r a m - s e l e i n o v a .
A r t . 2 o N ã o s e d e s t in a n d o à v i g ê n c i a t e m p o r á r ia , a l e i t e r á v i g o r a té q u e o u t r a a
m o d if iq u e o u r e v o g u e .
§ I o A l e i p o s t e r i o r r e v o g a a a n t e r io r q u a n d o e x p r e s s a m e n t e o d e c la r e , q u a n d o s e ja
c o m e la i n c o m p a t ív e l o u q u a n d o r e g u le in t e ir a m e n t e a m a t é r ia d e q u e t r a t a v a a l e i
a n t e r io r .
§ 2 o A l e i n o v a , q u e e s t a b e le ç a d is p o s iç õ e s g e r a is o u e s p e c ia is a p a r d a s j á
e x is t e n t e s , n ã o r e v o g a n e m m o d i f i c a a l e i a n t e r io r .
§ 3 o S a l v o d is p o s iç ã o e m c o n t r á r io , a l e i r e v o g a d a n ã o s e r e s t a u r a p o r t e r a l e i
r e v o g a d o r a p e r d id o a v ig ê n c ia .
A r t . 3 o N i n g u é m s e e s c u s a d e c u m p r i r a l e i a le g a n d o q u e n ã o a c o n h e c e .
A r t . 4 o Q u a n d o a l e i f o r o m is s a , o j u i z d e c i d ir á o c a s o d e a c o r d o c o m a a n a lo g ia , o s
c o s t u m e s e o s p r i n c í p i o s g e r a is d e d ir e it o .
A r t . 5 o N a a p lic a ç ã o d a l e i, o j u i z a t e n d e r á a o s f i n s s o c ia i s a q u e e la s e d ir i g e e à s
e x ig ê n c ia s d o b e m c o m u m .
1 (1) O Dec.-lei n.° 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução ao Cód. Civil Brasileiro), entrou
em vigor em 24 de outubro de 1942, ex vi do Dec.-lei n° 4.707, de 17-9-42.
A r t . 6 o A l e i e m v i g o r t e r á e f e it o im e d ia t o e g e r a l, r e s p e it a d o s o a t o j u r í d i c o p e r f e it o ,
323 CARLOS MAXIMILIANO
o d ir e i t o a d q u i r i d o e a c o i s a j u l g a d a 96 (2 ) .
§ I o R e p u t a - s e a t o j u r í d i c o p e r f e it o o j á c o n s u m a d o s e g u n d o a l e i v ig e n t e a o t e m p o
e m q u e se e fe tu o u .
§ 2 o C o n s id e r a m - s e a d q u i r i d o s a s s im o s d ir e it o s q u e o s e u t it u la r , o u a lg u é m p o r e le ,
p o s s a e x e r c e r , c o m o a q u e le s c u j o c o m e ç o d o e x e r c í c i o t e n h a t e r m o p r e f i x o , o u c o n d iç ã o
p r e e s t a b e le c id a in a lt e r á v e l, a a r b í t r i o d e o u t r e m .
§ 3 o C h a m a - s e c o i s a j u lg a d a o u c a s o j u lg a d o a d e c is ã o j u d i c i a l d e q u e j á n ã o c a ib a
re c u rso .
A r t . 7 o A l e i d o p a ís e m q u e f o r d o m i c il i a d a a p e s s o a d e t e r m in a a s r e g r a s s o b r e o
c o m e ç o e o f i m d a p e r s o n a lid a d e , o n o m e , a c a p a c id a d e e o s d ir e it o s d e f a m íl i a .
§ I o R e a li z a n d o - s e o c a s a m e n t o n o B r a s i l , s e r á a p l i c a d a a l e i b r a s il e ir a q u a n t o a o s
i m p e d im e n t o s d ir im e n t e s e à s f o r m a l i d a d e s d a c e le b r a ç ã o .
§ 2 o O c a s a m e n t o d e e s t r a n g e ir o s p o d e r á c e le b r a r - s e p e r a n t e a u t o r id a d e s d i
p lo m á t ic a s o u c o n s u la r e s d o p a í s d e a m b o s o s n u b e n t e s ( 3 ) .
§ 3 o T e n d o o s n u b e n t e s d o m i c í l i o d iv e r s o , r e g e r á o s c a s o s d e i n v a l i d a d e d o
m a t r i m ô n io a l e i d o p r im e i r o d o m i c í l i o c o n j u g a i.
§ 4 o O r e g im e d e b e n s , l e g a l o u c o n v e n c io n a l, o b e d e c e à l e i d o p a í s e m q u e t i v e r e m
o s n u b e n t e s d o m i c í l i o , e , s e e s t e f o r d iv e r s o à d o p r im e i r o d o m i c í l i o c o n j u g a i.
§ 5 o O e s t r a n g e ir o c a s a d o , q u e s e n a t u r a l iz a r b r a s il e ir o , p o d e m e d ia n t e e x p r e s s a
a n u ê n c ia d e s e u c ô n j u g e , r e q u e r e r a o j u i z , n o a t o d e e n t r e g a d o d e c r e t o d e n a t u r a liz a ç ã o ,
s e a p o s t ile a o m e s m o a a d o ç ã o d o r e g im e d e c o m u n h ã o p a r c i a l d e b e n s , r e s p e it a d o s o s
d ir e i t o s d e t e r c e ir o s e d a d a e s t a a d o ç ã o a o c o m p e t e n t e r e g is t r o 97 ( 4 ) .
§ 6 o O d i v ó r c i o r e a liz a d o n o e s t r a n g e ir o , s e u m o u a m b o s o s c ô n j u g e s f o r e m
b r a s il e ir o s , s ó s e r á r e c o n h e c id o n o B r a s i l d e p o is d e t r ê s a n o s d a d a t a d a s e n t e n ç a , s a lv o s e
h o u v e r s id o a n t e c e d id a d e s e p a r a ç ã o j u d i c i a l p o r i g u a l p r a z o , c a s o e m q u e a h o m o lo g a ç ã o
p r o d u z i r á e f e it o im e d ia t o , o b e d e c id a s a s c o n d iç õ e s e s t a b e le c id a s p a r a a e f i c á c i a d a s
s e n t e n ç a s e s t r a n g e ir a s n o P a ís . O S u p r e m o T r i b u n a l F e d e r a l, n a f o r m a d e s e u r e g im e n t o
in t e r n o , p o d e r á r e e x a m in a r , a r e q u e r im e n t o d o in t e r e s s a d o , d e c is õ e s j á p r o f e r id a s e m
p e d i d o s d e h o m o lo g a ç ã o d e s e n t e n ç a s e s t r a n g e ir a s d e d iv ó r c io , d e b r a s il e ir o s , a f i m d e
q u e p a s s e m a p r o d u z i r t o d o s o s e f e it o s l e g a i s 98 ( 4 ) .
§ 7 o S a lv o o c a s o d e a b a n d o n o , o d o m ic ílio d o c h e fe d e f a m ília e s te n d e -s e a o o u tr o
c ô n j u g e e a o s f i l h o s n ã o e m a n c ip a d o s , e o d o t u t o r o u c u r a d o r a o s in c a p a z e s s o b s u a
g u a rd a .
§ 8 o Q u a n d o a p e s s o a n ã o t i v e r d o m i c í l i o , c o n s id e r á r - s e - á d o m i c i l i a d a n o l u g a r d e
s u a r e s id ê n c ia o u n a q u e le e m q u e s e e n c o n t r a .
9 6 (2) Redação de acordo com a Lei n° 3.238, de 1-8-1957, que acrescentou os três parágrafos.
9 7 (3) Redação de acordo com a Lei n° 3.238, de 1-8-1957.
9 8 (4) Redação de acordo com a Lei n° 6.515/77.
A rt. 8 o P a ra q u a lific a r os b e n s e re g u la r as re laç õ e s a eles c o n c e rn e n te s, a p li-c a r-se -á
a le i d o p a ís e m q u e e stiv e re m situ ad o s.
§ I o A p lic a r-se -á a le i do p a ís e m q u e fo r d o m ic ilia d o o p ro p rie tá rio q u a n to a o s b e n s
m ó v e is q u e ele tro u x e r, o u se d e stin a re m a tra n sp o rte p a ra o u tro s lu g ares.
§ 2 o O p e n h o r re g u la -se p e la le i d o d o m ic ílio q u e tiv e r a p e s s o a e m c u ja p o ss e se
e n c o n tre a c o isa ap en h ad a.
A rt. 9 o P a ra q u a lific a r e re g e r as o b rig a ç õ e s, a p lic a r-se -á a le i d o p aís, e m q u e se
co n stitu íre m .
§ I o D e stin a n d o -se a o b rig a ç ã o a s e r e x e c u ta d a n o B ra sil e d e p e n d e n d o d e fo rm a
e sse n c ia l se rá e sta o b serv a d a, a d m itid a s a s p e c u lia rid a d e s d a le i e stra n g e ira q u a n to ao s
re q u isito s e x trín se c o s d o ato.
§ 2 o A o b rig a ç ão re su lta n te d o c o n tra to rep u ta -se c o n stitu íd a n o lu g a r e m q u e re s id ir
o p ro p o n e n te .
A rt. 10. A su c essão p o r m o rte o u p o r au sê n c ia o b e d e c e à le i d o p a ís e m q u e era
d o m ic ilia d o o d e fu n to o u o d e sa p a re c id o , q u a lq u e r q u e se ja a n a tu re z a e a situ a ç ã o d o s
b en s.
§ Io A v o c a ç ã o p a ra su c e d e r e m b e n s de e stra n g e iro s situ ad o s n o B ra sil será
re g u la d a p e la le i b ra s ile ira e m b e n e fic io do c ô n ju g e b ra s ile iro e d o s filh o s d o casal,
se m p re q u e n ã o lh e s seja m a is fa v o rá v e l a le i d o d o m icílio .
§ 2 o A le i d o d o m ic ílio d o h e rd e iro o u le g a tá rio re g u la a c a p a c id a d e p a ra suceder.
A rt. 11. A s o rg a n iz a ç õ e s d e stin a d a s a fin s d e in te re sse c o le tiv o , c o m o as so c ie d a d e s
e as fu n d aç õ e s, o b e d e c e m à le i d o E sta d o e m q u e se c o n stitu írem .
§ I o N ã o p o d e rã o , e n tre ta n to , te r n o B ra sil filia is, a g ê n c ias o u e sta b e le c im e n to s an tes
d e sere m os a to s c o n stitu tiv o s a p ro v a d o s p e lo g o v e rn o b ra sile iro , fic a n d o su jeitas à le i
b rasileira .
§ 2 o O s g o v e rn o s e stra n g e iro s, b e m c o m o as o rg a n iz a ç õ e s d e q u a lq u e r n a tu re z a , q u e
e le s te n h a m c o n stitu íd o , d irija m o u h a ja m in v e stid o d e fu n ç õ e s p ú b lic a s, n ão p o d e rã o
a d q u irir n o B ra sil, b e n s im ó v e is o u su sc e tív e is de d e sap ro p ria ç ão .
§ 3o O s g o v e rn o s e stra n g e iro s p o d e m a d q u irir a p ro p rie d a d e d o s p ré d io s n e c e ssá rio s
à sed e d o s re p re se n ta n te s d ip lo m á tic o s o u d o s a g e n te s c o n su lares.
A rt. 12. É c o m p e te n te a a u to rid a d e ju d ic iá r ia b ra s ile ira , q u a n d o f o r o ré u d o
m ic ilia d o n o B ra sil o u a q u i tiv e r d e se r c u m p rid a a o b rig ação .
§ Io Só à a u to rid a d e ju d ic iá r ia b ra s ile ira c o m p e te c o n h e c e r d as a ç õ es re la tiv a s a
im ó v e is situ a d o s n o B rasil.
§ 2 o A a u to rid a d e ju d ic iá r ia b ra s ile ira c u m p rirá , c o n c e d id o o ex eq u a tu r e seg u n d o a
fo rm a e sta b e le c id a p e la b ra s ile ira , a s d ilig ê n c ia s d e p re c a d a s p o r a u to rid a d e e stra n g eira
c o m p e te n te , o b se rv a n d o a le i d e sta , q u a n to ao o b je to d as d ilig ên cias.
A rt. 13. A p ro v a d o s fa to s o c o rrid o s e m p a ís e stra n g e iro re g e -se p e la le i q u e n ele
325 CARLOS MAXTMTLTANO
para a analogia, 437. Os contratos benéficos que à letra - Exceções à regra da exegese estrita
interpretam-se estritamente, 438. Costume, do art. 6o da Introdução ao Código Civil: anistia
definição - Prevalece apesar do art. 141, § 2o, da - indulto - atos benéficos - eqüidade, 290-291.
Const, de 1946 (art. 72, § Io, da Const, de 1891) e Direito Constitucional - Como e porque a sua
do art. 1.807 do Código Civil. Função dupla do exegese difere da exposta para o Código Civil,
costume - Código Civil suíço, art. 1°: costume 358-363. Regras peculiares à interpretação do
Direito Subsidiário, 206-208. Elemento de Direito Constitucional; aplicação especial que
interpretação. Quem o invoca deve provar sua têm nesse Direito os elementos e preceitos
existência - Optima est legum interpres usados na exegese de leis civis. Interpretação
consuetudo, 209. Há três espécies de costumes: autêntica, 364-381.
secundum, praeter e contra legem, 210. Tem o Direito Comercial-Leis comerciais e leis civis
desuso força ab-rogatória ou pelo menos -diferença verificável relativamente à Herme
derrogatória? 211. Nem para efeito nêutica. Importância da tecnologia empregada -
interpretative se admitem usos inveterados, ou Direito Especial - Aplicam-se os vários preceitos
práticas consuetudinári-as, em antagonismo com e métodos de Hermenêutica. Interpretação do
a lei, 212. Requisitos do Costume e do Uso - deve silêncio. Leis comerciais têm caráter dispositivo
ser certo e diutur-no,213. ou enunciativo - só prevalecem no silêncio das
partes, 382-388.
D Direito Fiscal - Leis fiscais - Direito de tributar-
Impostos e taxas - É um direito soberano o de
Debates parlamentares -porque valem pouco em
lançar impostos e taxas, 397. No terreno tribu
relação à Hermenêutica. Regras para seu apro
tário existe só uma soberania plena, 398. Poder
veitamento - Declarações fora da Câmara ou
federal a regra, estadual a exceção
depois de promulgada a lei, 152-156.
relativamente àquele - idem quanto aos muni
Decadência - quando ocorre - assemelham-se
cípios, 399. Regras de interpretação das leis
decadência e prescrição extintiva - Hipóteses de
fiscais, 400-406-B.
decadência segundo o Código Civil Brasileiro,
Direito Penal - Leis penais. Exegese estrita; em que
347-F e 347-G - Decadência - prescrição -
sentido e por quê? Direito Especial - o Criminal,
caducidade ou prazo preclusivo -diferença entre
387-391. - Eqüidade, In dúbio pro reo, 392-393.
os dois institutos em relação aos respectivos
Impropriedade, obscuridade de linguagem -
efeitos, 347-H.
erros de redação, 394. A rubrica Leis Penais
Direito excepcional - em que consiste; como se
compreende todas as normas que impõem
interpreta; brocardos referentes ao assunto
penalidades: regulamentos policiais, posturas
-Não se confunde com o exorbitante, 270-273;
municipais, leis sobre impostos e taxas, 394-395.
Direito singular, Direito Especial, 274; Espe
Disposições contraditórias - Não se presumem
cificação das normas de Direito Excepcional,
antinomias ou incompatibilidades nos reposi
275. Liberdade, 276. Propriedade, 277. Privi
tórios jurídicos, 140 - Regras para aplicar os
légios, inclusive isenções e atenuações de im
textos real ou aparentemente antinômicos, 141.
postos, 278-282. Enumeração de hipóteses
Dura lex sed lex - Fiat justitia, pereat mundus,
-linguagem taxativa, exemplificativa, 283.
antigualhas substituídas por summum jus sum-
Prescrição, 284. Dispensa, 285. Interpretam-se
ma injuria e jus est ars boni et aequi, Fim social
restritivamente as disposições derrogatórias do
e humano do Direito - orienta a Hermenêutica -
Direito Comum, 286-288. Significação das pa
Oertmann - Gmelin, Ballot, Beaupré, 180-182.
lavras ”que especifica” do Código Civil Brasi
leiro, 289. Deve-se atender mais ao resultado do
E
Elemento histórico indispensável para se compre
ender a fundo qualquer ciência social. História
H
Geral e do Brasil - História do Direito, 142-143.
História de um instituto jurídico, dispositivos ou
Hermeneuta - qualidades de hermeneuta. Causas de
norma, 144-146. Nem repúdio, nem entusiasmo
interpretação viciosa e incorreta aplicação do
pelo elemento histórico, 147. Materiais
Direito - a justiça depende daqueles que a
legislativos ou Trabalhos Preparatórios - abusos
- não devem ser colocados na primeira linha; distribuem: magistrado inteligente, estudioso,
ajudam a descobrir o elemento causai - Regras a livre de preconceitos, etc. Critério de seleção dos
observar - Decadência, 148-151. Debates magistrados, 104-106. Causas de interpretação
parlamentares - regras para seu aproveitamento viciosa: apegar-se à letra; forçar a exegese;
- declarações individuais de parlamentares, 152 simpatia, ou antipatia; tendências pessoais,
156. preferência pelas idéias absolutas, facilidades
Elemento teleológico ou Ratio legis, razão do seu em generalizar; posição do intérprete, na socie
emprego - o hermeneuta sempre terá em vista o dade, ou em relação ao fato ou à tese em debate;
fim da lei - Não deve ficar aquém nem além do sessões públicas dos tribunais, 107-110,
escopo colimado - O fim da norma jurídica não Desconfiar de si: é dever do intérprete, 111.
é constante, absoluto, eterno - Fim social. - A Hermenêutica - não se confunde com interpretação,
ratio legis é uma força viva e móvel. Objetivo 1-7. Sistemas de Hermenêutica e Aplicação do
atual das disposições - O Direito progride sem se Direito - Escolástica - Dogmática -Escola
alterarem os textos, 161-164. O hermeneuta Tradicionalista - Pandectologia, 48, 49. Método
adapta os textos aos fins não previstos. Exegético ou analítico e Método Sistemático ou
Constituição de Teodósio. Regras acerca do sintético, 50. Sistema evolutivo - Sistema
emprego do elemento teleológico, 165-168.
Histórico-Evolutivo, 51.
Ementa, 324-325.
Epígrafe, 324-325. T
Eqüidade - definições de Aristóteles, Wolfío, Grócio
e Paula Batista - Conceito; utilidade -Fator de Imprescritibilidade da defesa, 347-A, 347-E.
progresso, 183-185. Supre lacunas e auxilia a In dúbio pro libertate, 313-L.
interpretação - Quando e como se recorre a ela, In dúbio pro reo - eqüidade, 392.
186,187. Exceção à regra do art. 6o da
In eo quod plus est semper inest et minus, 298.
Introdução do Código Civil de 1916, 291. Não
In his quae contra rationem juris constituía sunt
auxilia a exegese de textos em que se co-minam
non possumus sequi regula juris, 313-D. In Claris
penas. In dúbio pro reo, 392-393. Intenção -
cessat interpretatio, origem do brocardo.
vontade declarada - quando se orienta o
Tudo se interpreta. Surgiu o brocardo como
magistrado pela eqüidade, 436.
remédio contra abusos; e resultou o abuso
oposto, 38-47. Inclusione unius fit exclusio
F
alterius -Argumento
Fatores sociais - Propulsores do progresso - seu a contrario - A exceção confirma a regra,
valor no passado - maior no presente - pre 296, 297.
cauções necessárias, 169-171. Influi o lugar em que um trecho está colocado
Fiatjustitia pereat mundus - antigualha substituída -argumento pro subjecta materia - Prefira-se
por summum jus summa injuria ejus est ars boni aquilo que concerne diretamente à espécie em
et aequi - Fim social e humano do Direito, 180 apreço, 326-329.
182. Intenção, vontade do legislador- doutrina filosófica
Falsa demonstratio non nocet, 313-A,. adversa - Quando influi na elaboração da lei a
329 CARLOS MAXIMILIANO
Sumário............................................................................................................................................. V
Prefácio da Terceira Edição ........................................................................................................... VII
Prefácio da Primeira Edição ........................................................................................................... IX
Obras do Mesmo Autor.................................................................................................................... XIII
para conhecer quando da preterição da norma resultar, ou não, a nulidade do ato, ou processo . . 180
266 a 269 - Interpretação das disposições de ordem pública.................................................................. 181
270 a 273 - DIREITO EXCEPCIONAL. Em que consiste; como se interpreta. Não se confunde
com o exorbitante ....................................................................................................................................... 183
6 9 7 - Direito Singular; Direito Especial.................................................................................................. 185
6 9 8 a 285 - Especificação das normas de Direito Excepcional. Liberdade. Propriedade. Privilégios,
inclusive isenções e atenuações de impostos. Enumeração. Prescrição. Dispensa . . . 187 286 a 288 -
Interpretam-se estritamente as disposições derrogatórias do Direito comum . . . 191
6 9 9 a 289-B - Significação das palavras ”que especifica”, do Código Civil....................................... 192
7 0 0 e 291 - Mais do que à letra se atenda ao fim e aos motivos da lei, ao resultado provável da exegese,
para determinar a amplitude da Interpretação. Exceções à regra da exegese estri-
to.anistia, indulto, atos benéficos, eqüidade............................................................................................ 193
292 a 295 - BROCARDOS E OUTRAS REGRAS DE HERMENÊUTICA E APLICAÇÃO
DO DIREITO. Vantagens e desvantagens do uso dos brocardos......................................................... 195
296 e 297 - Inclusione unius fit exclusio alterius. Qui de uno dicit, de altero negat,Qui de uno
negat, de altero dicit. Argumento a contrario. A exceção confirma a re g ra .......................................... 198
298 - Ubi eadem ratio, ibi eadem, legis dispositio. Non debet cuiplus licet, quod minus est non
licere. In eo quod plus est semper inest et minus. Os casos idênticos regem-se por disposições
idênticas. Quem pode o mais, pode o menos. Argumento a pari, a majori ad minus e a minori
ad majus ...................................................................................................................................................... 200
7 0 1 - Specialia generalibus insunt: ”o geral abrange o especial; o masculino, o feminino; o gênero, a
espécie”................................................................................................................................................ 201
7 0 2 - Ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus: ”onde a lei não distingue, não pode o intérprete
fazer distinções” ................................................................................................................................. 201
7 0 3 e 302- Odiosa restringenda.favorabilia ampliando: ”restrinja-se o odioso; amplie-se o favorável”
202
7 0 4 - Minime sunt mutanda quce interpretationem certam semper habuerunt: ”altere-se o menos possível o
que sempre foi interpretado do mesmo modo”............................................................................... 203
7 0 5 - Commodissimum est, id accipi, quo res de qua agitur, magis valeat quam pereat:”prefira-se a
inteligência dos textos que torne viável o seu objetivo, em vez da que os reduza à inutilidade”
204
7 0 6 - Qui sentit onus, sentire debet commodum, et contra: "pertence o cômodo a quem sofre o incômodo
que lhe está anexo ou do mesmo decorre; e vice-versa”................................................................. 204
7 0 7 - Accessorium sequiturprincipale: ”o texto referente ao principal rege também oacessório” ... 204
7 0 8 e 308 - Verba cum effectu sunt accipienda ”as leis não contêm palavras inúteis” ...................... 204
309 a 313 - Testis unus, testis nullus: ”uma testemunha não faz prova; duas constituem prova plena”.
Regra de Direito Canônico e do Muçulmano inaceitável hoje, sobretudo no foro civil:
pesam-se os depoimentos; não se contam.................................................................................................. 205
313-A — Falsa demonstrado non nocel.................................................................................................... 211
313-B - Ad impossibilia nemo tenetur........................................................................................................ 211
313-C - Prior in tempore, potior in jure..................................................................................................... 211
313-D - In his quae contra rationem juris constituía sunt, non possumus sequi regulam ju ris. 212
313-E - Quod plerumque fit, ou accidit...................................................................................................... 212
313-F - Posteriores leges ad priores pertinent........................................................................................... 212
313-G - Nemo locupletari debet cum aliena injuria vel jactura .............................................................. 212
313 H - Utileper inutile non vitiatur....................................................................................................... 212
313-1 - Pronuntiatio sermonis in sexu masculino, ad utrunque sexumplerunqueporrigitur. 213
313-J - Res inter alios acta vel judicata aliis non, nocet nec prodest ..................................................... 213
313-L - In dubio pro libertate..................................................................................................................... 213
313-M - Nemo creditur turpitudinem suam allegans................................................................................ 213
313-N - Unumquodque dimolvitur eo modo quodfuerit colligatum........................................................ 213
339 CARLOS MAXIMILIANO
7 1 4 a 399 - LEIS FISCAIS. Direito de tributar. Impostos e taxas. Exegese das leis de impostos
relativamente à competência do poder que as decretou. União; Estado, Município........................... 269
400 a 406-B - Alcance e incidência das leis sobre impostos: como se deduzem e interpretam 270
407 a 412 - INTERPRETAÇÃO DE ATOS JURÍDICOS. Contratos e Testamentos. Teoria da
vontade. Teoria da declaração. Conciliação entre as duas, e entre o interesse individual e o so
cial, que tende a prevalecer....................................................................................................................... 274
413 a 415 - Pontos de semelhança e de divergência entre as duas espécies de interpretação das
leis e de atos jurídicos. Poder amplo do juiz........................................................................................... 277
416 a 438 - Processos e regras - gerais e especiais................................................................................... 278
439 a 441- REVOGAÇÃO DO DIREITO. Antinomias nas leis e incompatibilidades entre es
tas não se presumem. Ab-rogação, derrogação, revogação. Revogação expressa ou tácita. Re
vogam-se as disposições em contrário: inutilidade ................................................................................... 291
7 1 5 - Decide-se, na dúvida, contra a ab-rogação tácita, e prefere-se admitir a derrogação . . . 292
7 1 6 a 454 - Preceitos aplicáveis à revogação tácita. Esta não resulta de desaparecerem o fim e os motivos
da lei, Efeito da sentença referente à inconstitucionalidade. Data em que se considera revogada a lei
..............................................................................................................................................................293
7 1 7 - Revogada a lei revogatória de outra, volta esta ao antigo vigor?............................................... 298
7 1 8 - Sentido e alcance do último artigo do Código Civil Brasileiro.................................................. 299
7 1 9 - Diferença entre revogação e anulação........................................................................................... 300
340 CARLOS MAXTMTLTANO
A P Ê N D IC E