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SEQUÊNCIA 3
zirá a uma transferência do exemplo histórico para o que ele tem de semelhante com o presente. Logo,
o que se pretende não é distrair mas fazer pensar, como se pode ver pelo exemplo do Ato l que cons-
titui um dos muitos possíveis:
2 Expressões • Português • 12.° ano Textos Informativos Complementares
“Ao dizer isto a personagem está quase de costas para os espectadores. Esta posição é deliberada. Pretende-se
Ao longo da peça, a didascália em itálico, encadeada no texto principal, informa-nos, entre outras
coisas, dos sons que se fazem sentir em cena, dando particular destaque a um deles que surge larga-
mente explicado pelo autor no texto lateral. Estamo-nos a referir ao som dos tambores que deverá ser,
em termos de teatralização, um claro indício de crescendo dramático, simbolizando de uma maneira
muito evidente a opressão, o medo da perseguição levada a cabo pelo regime.
Os tambores são o símbolo evidente do poder, da repressão que este exerce sobre o povo, do medo
que o povo sente […].
O som dos tambores, em crescendo, marca, no final do Ato I, o triunfo do regime e do poder totali-
tário, simboliza também a irreversibilidade da decisão tomada – fazer de Gomes Freire o responsável
pela conjura, por forma a retirá-lo do quadro de ação política […].
As indicações de luz ganham um significado muito particular, contribuindo para criar em cena um
jogo entre as personagens e as relações que estas estabelecem entre si, ou reforçando a importância que,
naquele instante, aquela ou aquelas personagens têm:
“A luz que incide sobre D. Miguel e o principal Sousa começa a diminuir de intensidade até desaparecer,
ficando apenas Beresford iluminado”
Ato I, p. 63
“Ao abrir o pano a cena está às escuras. Uma única personagem, intensamente iluminada, encontra-se à
frente e ao centro do palco. É o popular que deu início ao primeiro ato.”
Ato II, p. 77
“D. Miguel Forjaz, Beresford e o principal Sousa estão sentados em três cadeiras pesadas e ricas, com aparên-
cia de tronos.”
Ato I, p. 47
Esta mesma didascália é de grande utilidade na caracterização da figura que simboliza o poder da
Igreja, ou seja, o principal Sousa, que aparece tanto no Ato I como no Ato II apresentado como alguém
que preza a riqueza e o luxo o que é bem contrário aos princípios mais puros da Igreja […].