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A ORGANIZAÇÃO DO CEFET/RJ – CAMPUS ITAGUAÍ: ESTUDO DE FATORES QUE

INFLUENCIAM A ATUAÇÃO ORIENTADA À SUSTENTABILIDADE

Elizabeth Marino Leão de Mello

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-graduação em Tecnologia, do
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca, CEFET/RJ, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Tecnologia.

Orientador:
José Antonio Assunção Peixoto, D. Sc.

Rio de Janeiro
Novembro / 2012
ii

A ORGANIZAÇÃO DO CEFET/RJ – CAMPUS ITAGUAÍ: ESTUDO DE FATORES


QUE INFLUENCIAM A ATUAÇÃO ORIENTADA À SUSTENTABILIDADE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em


Tecnologia, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca,
CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Tecnologia.

Elizabeth Marino Leão de Mello

Aprovada por:

_________________________________________________________
Presidente, Prof. José Antonio Assunção Peixoto, D. Sc. (Orientador)

_________________________________________________________
Prof. Leydervan de Souza Xavier, D.C.

_________________________________________________________
Prof. Fernando Guilherme Tenório, D. Sc. (FGV)

_________________________________________________________
Prof. Nival Nunes de Almeida, D. Sc. (UERJ)

Rio de Janeiro
Novembro / 2012
iii

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do CEFET/RJ

M527 Mello, Elizabeth Marino Leão de


A organização do CEFET/RJ – Campus Itaguaí: estudo de fatores que
influenciam a atuação orientada à sustentabilidade / Elizabeth Marino Leão
de Mello.—2012.
xi, 99f. + anexo : il.col. , grafs. , tabs. ; enc.

Dissertação (Mestrado) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso


DEDICATÓRIA
Suckow da Fonseca, 2012.
Bibliografia : f.92-99
Orientador : José Antonio Assunção Peixoto

1. Tecnologia educacional. 2. Ensino profissional. 3. Comportamento


organizacional. 4. Sustentabilidade. 5. CEFET/RJ Campus Itaguaí – Estudo
de caso. I. Peixoto, José Antonio Assunção (Orient.). II. Título.

CDD 371.33
iv

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a todos que


contribuíram para o meu crescimento
pessoal e aperfeiçoamento profissional.
v

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por me dar forças para superar todas as
dificuldades que encontrei ao longo dessa jornada.
Agradeço especialmente ao meu filho e ao meu marido, que ficaram ao meu lado em
todos os momentos, sempre me fazendo acreditar que conseguiria chegar ao final desta difícil,
porém, gratificante etapa.
Sou grata à minha mãe (in memorian), que se empenhou, sem medir esforços, na minha
educação. Se hoje cheguei aqui, devo isso a ela, que sempre me incentivou a prosseguir nos
estudos.
Também agradeço aos demais familiares e aos meus amigos, que compreenderam o
motivo pelo qual muitas vezes estive ausente e me privei da alegria de estarmos juntos, pois
dediquei muitos finais de semana ao desenvolvimento deste trabalho.
Muito obrigado ao meu orientador e Professor José Antonio Assunção Peixoto, D. Sc.,
que acreditou em mim e me apoiou nos momentos mais difíceis. Não posso deixar de agradecer
aos Professores Leydervan de Souza Xavier, D.C., Maria Cristina Gomes de Souza, D. Sc. e
Leonardo Silva de Lima, D. Sc., que me incentivaram a ingressar neste projeto de pesquisa.
Agradeço aos meus colegas Professores do CEFET/RJ – campus Itaguaí que muito
contribuíram direta e indiretamente para a elaboração desta pesquisa, em especial Professor
Ms. Luiz Diniz Correa e Professor Ms. Humberto Nogueira Farneze, que em vários momentos
me ajudaram fornecendo material pertinente a este estudo.
Obrigado a todos os meus ex-alunos da primeira turma do curso Técnico em Portos do
CEFET/RJ – campus Itaguaí, que carinhosamente participaram das entrevistas que precisei
realizar.
Estendo meus agradecimentos a toda equipe do Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia dessa instituição de ensino e aos respectivos professores que desempenham suas
atividades visando à melhoria da educação brasileira.
Tenho o prazer de dividir com todos vocês a alegria desse momento. Muito Obrigada!
vi

RESUMO

A ORGANIZAÇÃO DO CEFET/RJ – CAMPUS ITAGUAÍ: ESTUDO DE FATORES QUE


INFLUENCIAM A ATUAÇÃO ORIENTADA À SUSTENTABILIDADE

Elizabeth Marino Leão de Mello


Orientador:

José Antonio Assunção Peixoto D. Sc.

Resumo da dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em


Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Tecnologia.

Desde o ano 2000, o Governo Federal vem promovendo, por meio de políticas públicas
orientadas ao desenvolvimento sustentável, a expansão da Rede Federal de Educação
Profissional, Cientifica e Tecnológica, visando ao atendimento de demandas diversificadas de
formação profissional, em diferentes regiões do país. Alinhado a esse esforço, o CEFET/RJ, que
antes atuava somente na Capital, vem desenvolvendo seu sistema Multicampi, incluindo a
implantação de unidades de ensino descentralizadas, com o apoio de parcerias em regiões
estrategicamente selecionadas. Mediante essa estratégia, foi criado o CEFET/RJ – campus
Itaguaí, em 2008, atendendo às diretrizes de governança estabelecidas nos projetos
Pedagógico Institucional e de Desenvolvimento Institucional, ambos referenciados por diretrizes
do Plano Nacional de Educação e, também, atentos aos compromissos do país, formalmente
estabelecidos com o desenvolvimento sustentável, em âmbito nacional e internacional. O
objetivo principal deste estudo é analisar a atuação do campus Itaguaí sob a perspectiva de
atendimento das diretrizes gerais a que está sujeito e aos compromissos específicos
estabelecidos com atores sociais locais, tendo a sustentabilidade como elemento norteador da
análise realizada. Assim sendo, o estudo constitui-se de uma avaliação da atuação da unidade
educacional considerada, centrado na orientação à sustentabilidade, mediante reflexões
realizadas de acordo com referências teórico-metodológicas preestabelecidas. O estudo incluiu
as seguintes etapas de pesquisa: pesquisa bibliográfica, para o desenvolvimento das
referências teórico-metodológicas; pesquisa documental e pesquisa de campo. O resultado se
refere à análise dos diversos fatores organizacionais que representam fragilidades institucionais,
particularmente aqueles relacionados a expectativas de uma integração mais satisfatória de
ações orientadas à sustentabilidade. Entretanto, confirmam ações e potencialidades que
permitem afirmar que o campus está se desenvolvendo de forma satisfatória, quanto ao
cumprimento das suas finalidades institucionais, que incluem qualificar profissionalmente
moradores do município onde está inserido e contribuir para o desenvolvimento da região da
Costa Verde, em consonância com uma perspectiva de inclusão social.

Palavras-chave:
Educação tecnológica; Fatores organizacionais; Análise organizacional; CEFET/RJ
campus Itaguaí.

Rio de Janeiro
Novembro / 2012
vii

ABSTRACT

THE ORGANIZATION OF CEFET / RJ - CAMPUS ITAGUAÍ: STUDY OF FACTORS


THAT INFLUENCE PERFORMANCE ORIENTED TO SUSTAINABILITY

Elizabeth Marino Leão de Mello

Advisor:

José Antonio Assunção Peixoto, D. Sc.

Abstract of dissertation submitted to Programa de Pós-graduação em Tecnologia do


Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ, as partial
fulfillment of the requirements for the degree of Master in Technology.

Since the year 2000, the Federal Government has promoted, through public policies for
sustainable development, the expansion of the Federal Network of Professional, Scientific and
Technological Education, aiming to meet diversified demands of professional training in different
regions of the country. Aligned to this effort, CEFET/RJ, which previously acted only in the
Capital, has developed its Multicampi system, including the implementation of decentralized
schools, with the support of partnerships in strategically selected regions. According to this
strategy, CEFET/RJ - Itaguaí campus was created in 2008, serving governance guidelines which
were set out in the Institutional Educational and Institutional Development projects. These
projects were both referenced by the guidelines of Plano Nacional de Educação and also
concerned with the commitments of the country with sustainable development, formally
established nationally and internationally. The main objective of this research is to analyze the
performance of the campus Itaguaí from a perspective of fulfillment of general guidelines and
specific commitments, established with local social actors, using sustainability as the guiding
element for analysis. Thus, the study consist of an evaluation of the performance of the
educational unit, centered on the orientation towards sustainability, through reflections carried
out according to pre-established theoretical-methodological references. The study included the
following steps of research: bibliographic research, in order to develop theoretical-
methodological references, documentary research and field research. The result refers to the
analysis of various organizational factors that represent institutional weaknesses, particularly
those related to expectations of a more satisfactory integration of actions oriented to
sustainability. However, confirm actions and potentialities that allow us to say that the campus is
developing satisfactorily, regarding the performance of its institutional finalities, which include to
qualify professionally residents of the city where it is inserted, and also to contribute to the
development of Costa Verde region according to a social inclusion perspective.

Keywords:
Technological education; Organizational factors; organizational analysis; CEFET/RJ
campus Itaguaí

Rio de Janeiro
November / 2012
viii

LISTA DE FIGURAS

Fig. Introdução Referencial teórico-metodológico utilizado na pesquisa 7


Fig. I.1 Processo de Institucionalização 11
Fig. I.2 Influência do relacionamento stakeholder – organização 18
Fig. IV.1 Principais APL’s do Estado do Rio de Janeiro 45
Fig. IV.2 Sistema Multicampi – CEFET/RJ 46
Fig. IV.3 Evolução das bolsas do PIBIC 51
Fig. IV.4 Evolução das bolsas do PIBIT 51
Fig. V.1 Estrutura física do campus Itaguaí 64
Fig. V.2 Organograma do campus Itaguaí 65
ix

LISTA DE TABELAS

Tab. I.1 O processo de governança e as interações entre os diversos atores 16


Tab. IV.1 Políticas Institucionais – CEFET/RJ 39
Tab. IV.2 Plano de Desenvolvimento Institucional – CEFET/RJ 41
Tab. IV.3 Níveis da educação tecnológica no CEFET/RJ 43
Tab. IV.4 Cursos oferecidos no CEFET/RJ 47
Tab. IV.5 Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu – CEFET/RJ 52

Tab. IV.6 Articulação da educação profissional técnica de nível médio com o ensino 54
médio – CEFET/RJ
Tab. IV.7 Avaliação do CEFET/RJ – SINAES 2011 57
Tab. V.1 Principais stakeholders do campus Itaguaí 60
Tab. V.2 Estrutura física – campus Itaguaí 63
Tab. V.3 Campus Itaguaí em números 64
Tab. VI.1 Etapas da institucionalização do campus Itaguaí 72
x

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
Contextualização 1
Problema 6
Justificativa 6
Objetivos 6
Procedimento Metodológico 7
Organização do texto 9
I – REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO
I.1 – Institucionalização 10
I.2 – Governança 12
I.3 – Stakeholders 17
I.4 – Sustentabilidade 18
II – INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 26
III – REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E 34
TECNOLÓGICA
IV – A INSTITUIÇÃO CEFET/RJ
IV.1 – Histórico do CEFET/RJ 37
IV.2 – Projeto Pedagógico Institucional e Plano de Desenvolvimento 38
Institucional
IV.3 – CEFET/RJ: situação atual
IV.3.1 – Identidade e objetivos 43
IV.3.2 – Estrutura organizacional 44
IV.3.3 – Expansão do CEFET/RJ 44
IV.3.4 – Ensino, pesquisa e extensão 46
IV.3.5 – Processo de seleção dos alunos 53
IV.3.6 – Integração entre a educação básica e a educação 54
profissional
IV.3.7 – Acompanhamento dos alunos egressos no mercado de 55
trabalho
IV.3.8 – Avaliação institucional 56
V - CEFET/RJ – CAMPUS ITAGUAÍ
V.1 – Projeto de implantação 58
V.2 – Relação com os stakeholders 59
V.3 – Início das atividades 62
V.4 – Estruturas física, acadêmica e administrativa 63
xi

V.5 – Estrutura organizacional 65


V.6 – Ensino, pesquisa e extensão 66
V.7 – Processo de seleção dos alunos 68
V.8 – Acompanhamento do corpo discente 69
V.9 – Integração entre a educação básica e a educação profissional 71
VI - FATORES ORGANIZACIONAIS QUE INFLENCIAM A ATUAÇÃO DO 72
CAMPUS ITAGUAÍ
VII – ANÁLISE DOS RESULTADOS 88
CONSIDERAÇÕES FINAIS 90
BIBLIOGRAFIA 92
ANEXO 1 – Estrutura organizacional do CEFET/RJ 100
1

INTRODUÇÃO

Contextualização

A necessidade de formação profissional qualificada compõe uma temática bastante


desafiadora interligada à globalização, principalmente dentro da realidade dos países em
desenvolvimento. A migração de capitais, o desenvolvimento científico e tecnológico, a
expansão dos meios de comunicação e, particularmente, o clamor social pela busca do
desenvolvimento sustentável, aparecem como forças incontroláveis forçando mudanças de
valores, hábitos, conceitos, procedimentos e instituições.

Dentro deste cenário, o Brasil destaca-se pelo crescente protagonismo na proposição e


desenvolvimento de ações organizacionais transformadoras e aparece como importante
negociador em diversas agências internacionais como a ONU – Organização das Nações
Unidas, OMC – Organização Mundial do Comércio, FMI – Fundo Monetário Internacional e
outras, ao mesmo tempo em que expande suas alianças com países da América do Sul, África,
China e outros, demonstrando determinação para avançar em vias que superem várias
contradições e desafios de governança em prol da melhoria da qualidade de vida local e global.

De acordo com (SILVA, 2010), é dentro deste cenário que o Brasil, a partir da década
de 1990 (final do século XX), vem tentando construir um modelo de gestão pública capaz de
torná-lo mais aberto às necessidades da população brasileira e mais eficiente na coordenação
da economia e dos serviços públicos, dentro do qual o desenvolvimento da educação
constitui-se como um fator estratégico. Analisando esse contexto histórico, o autor identificou
dois projetos políticos que possuem características distintas.

O primeiro, baseado na administração gerencial, constituído no governo de Fernando


Henrique Cardoso (1994 – 2002), que buscou meios para enfrentar a crise fiscal do Estado, e
tinha como principal objetivo tornar mais eficiente a administração dos serviços que eram
responsabilidade do Estado. O projeto fundamentava seus pressupostos no pensamento
organizacional do setor empresarial privado, onde a gestão estratégica era o determinante das
relações produtivas e com dimensão econômico-financeira (DE PAULA, 2005 apud SILVA,
2010).

O segundo, que está em desenvolvimento desde o governo de Luís Inácio Lula da Silva
(2003 – 2010), se refere à administração baseada na filosofia social, ou vertente societal, que,
segundo De Paula (2005), enfatiza a participação social e procura estruturar um projeto político
que repense o modelo de desenvolvimento brasileiro, a estrutura do aparelho de Estado e o
paradigma de gestão. Caracteriza-se pela dimensão sociopolítica e enfatiza a elaboração de
estruturas e canais que viabilizam a participação popular. Conforme Tenório (1998) apud De
Paula (2005), a vertente societal se insere na perspectiva de uma gestão social que tenta
2

substituir a gestão tecnoburocrática por um gerenciamento mais participativo, no qual o


processo decisório inclua os diferentes sujeitos sociais.

Barbosa (2011), juntamente com um grupo qualificado de especialistas, fez uma análise
do cenário brasileiro a partir da primeira década do século XXI, ou seja, momento em que o
país passou a adotar a administração societal. A análise relata que o Brasil apresentou
recuperação do crescimento econômico (ainda que os números fiquem abaixo do verificado em
outros momentos da história), fato que foi associado à geração de empregos e esteve
ancorado na expansão do mercado interno. Verificou-se, também, uma redução da
desigualdade de renda pessoal e da pobreza absoluta, que foi possível realizar por meio da
transferência de renda, da política de elevação do salário mínimo, da ampliação do crédito, que
contribuiu para expansão do consumo inclusive para os segmentos de menor renda, e do
próprio desempenho do mercado de trabalho. Entretanto, mesmo com esses sinais de
recuperação, o desenvolvimento dos aspectos socioeconômicos e ambientais segue
constrangido, pois permanecem problemas de infraestrutura que atrapalham o alcance de um
patamar satisfatório de sustentabilidade, dentre os quais, os associados à visão de que o
sistema educacional caracteriza-se pela pouca eficácia, particularmente quanto à capacidade
de atender às necessidades de formação profissional com os perfis contemporaneamente
desejados.

Verifica-se, de acordo com Barbosa (2011), que a expansão do acesso à educação tem,
de fato, ocorrido, mas, constata-se, que a qualidade de ensino segue sem melhoria
expressiva, principalmente com relação à educação básica, situando-se abaixo do mínimo
aceitável para o alcance de uma sociedade equitativa. Como consequência, a educação
voltada ao mercado de trabalho, com ênfase no ensino técnico, corre o risco de não produzir os
efeitos esperados, sem que se consigam avanços mais significativos na melhoria da qualidade
de ensino e das taxas de conclusão da educação básica. Quanto ao ensino superior, há o
reconhecimento de que houve recuperação da capacidade de investimentos das universidades
públicas federais, porém, não se devendo esquecer que a grande maioria das matrículas se
concentra nas universidades privadas, cuja qualidade oscila de maneira considerável.

Por este caminho, o Brasil, está buscando se adaptar às transformações sociais,


econômicas, políticas e ambientais que estão ocorrendo. As inovações tecnológicas, as
mudanças na estrutura do emprego, novos processos produtivos, entre outros fatores que
influenciam as organizações, estão exigindo adequação na formação dos profissionais do
século XXI e essa realidade está apontando para uma educação integral que valorize a cultura
geral, a postura profissional, a ética e a responsabilidade socioambiental na formação dos
perfis nas profissões. O profissional, para atender às demandas de atualização, necessita de
uma formação completa, isto é, com perspectivas na direção da cultura e também na direção
do trabalho.
3

Por meio da política nacional de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o MEC


– Ministério da Educação definiu, como um dos eixos norteadores do processo de
reestruturação da educação nacional, o fortalecimento do papel da educação, em todos os
níveis, no desenvolvimento nacional e nas políticas de inclusão social. O que se pretende é
que o egresso da educação básica tenha uma base composta de conhecimentos gerais que
sustente a educação profissional em todos os níveis, possibilitando, assim, a atuação como
dirigentes e cidadãos (PACHECO, 2008a).

Neste sentido, o MEC redirecionou as políticas educacionais, estabelecendo várias


diretrizes no PNE – Plano Nacional da Educação para o decênio 2011-2020 (aprovado na
Comissão de Constituição e Justiça e que será analisado no Senado). Entre elas, destacam-se:
a melhoria da qualidade do ensino, a formação para o trabalho, a superação das
desigualdades educacionais e a promoção humanística, científica e tecnológica do País. O
redirecionamento da educação brasileira também está baseado nas diretrizes da UNESCO –
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que visam a integrar
princípios, valores e as práticas do desenvolvimento sustentável a todos os aspectos da
educação e da aprendizagem, com o intuito de fomentar mudanças de comportamento que
permitam criar uma sociedade sustentável e mais justa para todos (UNESCO, 2005).

Para se adaptar às novas demandas do sistema educacional, o Governo Federal


iniciou, em 2003, o processo de expansão da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica. A partir dessa iniciativa, no ano de 2005, o CEFET/RJ adotou o
sistema Multicampi e iniciou a implantação de unidades descentralizadas de ensino (campus)
que visam a oferecer cursos regulares de ensino médio, educação profissional de nível médio e
graduação, em diversos municípios do Estado do Rio de Janeiro.

Em 2008, após um detalhado estudo, o CEFET/RJ, em parceria com a prefeitura local


e uma empresa privada, instalada na mesma região, implantou o CEFET/RJ – campus Itaguaí.
O objetivo principal dessa iniciativa é o aumento quantitativo e qualitativo da educação local por
meio da oferta de diversos cursos de educação profissional de nível médio e de educação
superior que atendam à demanda de profissionais qualificados na região e também possibilitem
a inserção de moradores no mercado de trabalho local. A escolha do município está
relacionada à grande expansão econômica que está ocorrendo na região, especialmente no
segmento portuário, com grande necessidade de mão de obra qualificada.

Itaguaí, região originalmente de vocação agrícola, tem atualmente, no seu porto, o


Porto de Itaguaí (antigo Porto de Sepetiba), sua principal atividade econômica em conjunto
com vários outros agentes ligados ao setor. Empresas como a Petrobras, Grupo Gerdau, CSN
– Companhia Siderúrgica Nacional e a LLX – Sudeste Operações Portuárias têm projetos em
andamento para a instalação de novos terminais portuários a partir de 2013.
4

O governo brasileiro pretende transformar o Porto de Itaguaí no 1º Hub Port (porto


concentrador de cargas e de linhas de navegação) do Atlântico Sul por possuir características
físicas competitivas e ter acesso marítimo para receber navios de grande porte e de última
geração (CDRJ, 2010). Está localizado na Baía de Sepetiba e esta constitui um criadouro
natural para diversas espécies, sendo a atividade pesqueira um importante suporte econômico
e social para a região. Vale ressaltar que existe uma preocupação constante, por parte dos
órgãos ambientais, no sentido de fiscalizar as águas da Baía de Sepetiba, pois essas servem à
preservação da flora e fauna, à recreação e possuem áreas propícias ao turismo, graças à
beleza da região composta por ilhas e cachoeiras (INEA, 2012).
Segundo a CDRJ (2010), o Porto de Itaguaí possui uma retroárea de 10 milhões de
metros quadrados de área plana, com cais de acostagem em águas abrigadas, infraestrutura
logística industrial e tecnologia em telecomunicações e suprimento, assim como, acessos
multimodais. O canal de acesso inicia-se na Ponta dos Castelhanos na Ilha Grande e se
extende até a Ponta do Arpoador na Restinga de Marambaia, totalizando aproximadamente 22
milhas.
A Restinga da Marambaia é uma área próxima ao litoral da Costa Verde (sul do Estado
do Rio de Janeiro), administrada pela Marinha do Brasil e faz parte do território de três
municípios fluminenses: Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba. Por ser uma área de grande
importância para a preservação do meio ambiente, encontra-se protegida por uma série de
dispositivos legais, além de receber a atenção especial por parte de diversos órgãos
(MARINHA DO BRASIL, 2012).
Os principais acessos rodoviários ao Porto de Itaguaí são: BR-101 (Rio-Santos), BR-
116 (Presidente Dutra), BR-040 (Rio-Juiz de Fora), BR-465 (antiga Rio-São Paulo) e RJ-099
(Itaguaí-Seropédica). Com excessão dessa última, as demais rodovias citadas serão
conectadas pelo Arco Metropolitano do Rio de Janeiro que já está sendo construído. Esse
empreendimento possui vários objetivos, entre eles, ampliar a acessibilidade ao Porto de
Itaguaí e do Rio de Janeiro, viabilizar a implantação de terminais logísticos e introduzir novos
vetores de expansão urbana para os municípios localizados em sua área de influência
composta por Itaboraí, Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica
e Itaguaí (FIRJAN, 2007).
O acesso ferroviário é feito a partir do pátio de Brisamar, próximo à cidade de Itaguaí,
com uma extensão de 1,5 km em linha tripla. A partir dessa estação, as linhas férreas
interligam-se com a Malha Sudeste da MRS – Logística S/A, atendendo, em particular, ao
triângulo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e a Malha Centro-Leste, que atende ao
restante dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal (CDRJ, 2010).
Além das características específicas do local das instalações portuárias e industriais,
em Itaguaí, o município está localizado em uma região vizinha ao distrito industrial de Santa
5

Cruz (bairro localizado na zona oeste do Município do Rio de Janeiro), onde estão instaladas
várias empresas, entre elas, Furnas Centrais Elétricas, Casa da Moeda do Brasil, ECOLAB do
Brasil, Fábrica Carioca de Catalisadores S.A., Linde Gás, Alumínio Nordeste LTDA (grupo
Metalis) e CSA – Companhia Siderúrgica do Atlântico. Além das unidades militares: Base
Aérea de Santa Cruz, Quartel de Engenharia do Exército – Batalhão Villagran Cabrita e duas
unidades do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Após conhecer a região onde o campus Itaguaí foi instalado, é importante compreender
o perfil da estrutura educacional do município. Segundo o IBGE (2009), Itaguaí possuía 49 pré-
escolas, 66 escolas de ensino fundamental e 17 escolas de ensino médio. Até o ano de 2008, a
formação profissional técnica de nível médio era ofertada por uma instituição estadual
localizada no bairro de Santa Cruz e por uma instituição federal localizada no município de
Seropédica. Quanto ao ensino superior, esse era oferecido em outras localidades, sendo as
mais próximas no bairro de Santa Cruz (três instituições privadas) e no município de
Seropédica (uma instituição pública).
É notória a falta de oferta de cursos de formação profissional técnica de nível médio e
de graduação, necessários para atender à demanda de qualificação profissional da região.
Esse cenário, aliado à falta de mão de obra qualificada para atender ao mercado de trabalho
local, justificou a implantação do campus Itaguaí, o qual também tem a responsabilidade de
desempenhar o papel de agente integrador entre a educação básica e a educação profissional
na região.
Considerando o contexto anteriormente apresentado, as atividades do campus Itaguaí
iniciaram-se em 2008 com o curso Técnico em Portos, que está sendo oferecido na
modalidade subsequente pós-médio, conforme define o Art. 36-B da lei 11.741/2008. Portanto,
destinado aos alunos que já concluíram o ensino médio. A definição do 1º curso do campus
está diretamente relacionada à necessidade da empresa privada participante da parceria e
também ao atendimento da demanda de mão de obra local.
Em 2010, dando prosseguimento ao plano de qualificação de mão de obra da região, o
campus Itaguaí implantou o curso Técnico em Mecânica na modalidade concomitante,
conforme define o Art. 36-C da lei 11.741/2008. Este destinado a quem ingressa no ensino
médio ou que já o esteja cursando na mesma instituição de ensino ou em instituições de ensino
distintas. Ainda, no mesmo ano, implantou o curso de graduação em Engenharia Industrial
Mecânica. Ambos os cursos foram escolhidos a partir de um trabalho de sondagem efetuado
junto às diversas empresas e atores da região, os quais demonstraram necessidade desse tipo
de formação profissional, tendo como principal justificativa a expansão dos terminais portuários
previstos para o ano de 2013.
Ao longo de sua atuação, o campus Itaguaí vem desenvolvendo suas atividades
diretamente orientadas de acordo com PPI – Projeto Pedagógico Institucional e pelo PDI –
6

Plano de Desenvolvimento Institucional CEFET-RJ. Ambos referenciados pelas diretrizes do


PNE e tendo com ponto de partida os compromissos estabelecidos com atores locais, cujo
cumprimento implica na atenção especial ao desenvolvimento de alguns fatores
organizacionais que interferem diretamente na governança da qualificação profissional
proporcionada pela instituição, devendo a sustentabilidade ser interpretada de forma direta e
indireta, em suas relações com compromissos nacionais e internacionais que impactam os
fatores organizacionais relacionados ao tema. É, dentro dessa perspectiva, de aperfeiçoamento
da ação organizacional local, por meio da oferta de cursos de educação profissional de nível
médio e de educação superior, integrados às necessidades locais e em níveis institucionais
mais amplos, que surge a motivação para realização deste estudo, tendo a sustentabilidade
como elemento norteador das reflexões.

Problema
O campus Itaguaí foi implantado de acordo com as diretrizes institucionais orientadas
por um modelo de educação para o desenvolvimento sustentável de forma a atender o projeto
de expansão da Educação Profissional, Científica e Tecnológica proposta pelo MEC.
Entretanto, o cenário dinâmico das organizações exige constantes adaptações às
necessidades que surgem ao longo do tempo e à própria evolução do conceito de
sustentabilidade. Sendo assim, a questão que se pretende analisar está relacionada ao
aperfeiçoamento organizacional do campus com objetivo de aprimorar o cumprimento da
respectiva missão institucional.

Justificativa
A atuação da instituição por meio do sistema Multicampi exige um acompanhamento
atento de forma a permitir a garantia da identidade, bem como do padrão de qualidade do
CEFET/RJ nas diversas realidades onde os campi estão instalados. Para isso, é fundamental a
constante análise e adequação de fatores organizacionais, envolvendo a sustentabilidade para
que a instituição possa desenvolver sua missão atingindo seus objetivos.

Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a atuação do campus Itaguaí sob a
perspectiva de atendimento das diretrizes gerais a que está sujeito e aos compromissos
específicos estabelecidos com atores sociais locais, tendo a sustentabilidade como elemento
norteador da análise realizada.
Os objetivos específicos são:
a) Analisar como o campus Itaguaí está atuando institucionalmente visando à
sustentabilidade;
7

b) Identificar potencialidades e fragilidades institucionais relevantes que deverão ser


reorganizadas para a integração satisfatória das ações do campus.

Procedimento Metodológico
As principais teorias adotadas no referencial teórico metodológico são: As teorias de
institucionalização, governança, stakeholders e sustentabilidade.
A partir da teoria da institucionalização, é possível entender como são definidas as
diretrizes do sistema educacional brasileiro, considerando a preocupação com o
desenvolvimento sustentável. A teoria da governança contribui para o entendimento de como
concretizar as diretrizes do sistema educacional em suas relações institucionais com atores
governamentais e outros atores sociais envolvidos nos processos educacionais. Em outras
palavras, como transformar as diretrizes definidas no plano da institucionalização da educação,
em níveis internacional, nacional e regional, em ações sistematizadas no CEFET/RJ – campus
Itaguaí. Com base na teoria dos stakeholders1, percebe-se quem são os atores da região que
têm relação com a proposta educacional do campus e qual o tipo de relacionamento entre eles,
relevantes para as ações organizacionais realizadas.
A Figura 1 apresenta o esquema geral do referencial teórico-metodológico adotado para
a organização e desenvolvimento da pesquisa. Ela representa as interações das principais
teorias adotadas no referencial teórico-metodológico considerado para a observação empírica
das ações organizacionais desenvolvidas na atuação do campus Itaguaí em atendimento ao
referencial estabelecido pelas diretrizes de governança.

INSTITUCIONALIZAÇÃO
(Definição de diretrizes)

GOVERNANÇA
(Concretização das diretrizes)

CEFET/RJ
Campus Itaguaí STAKEHOLDERS

Figura Introdução - Referencial teórico-metodológico utilizado na pesquisa


Fonte: Elaboração da própria autora

[1 - Stakeholder em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização
dos objetivos dessa empresa (FREEMAN, 1984 apud GOMES et al., 2009).]
8

A pesquisa constitui-se como um estudo organizacional de natureza qualitativa no qual


os procedimentos utilizados valeram-se das seguintes etapas: pesquisa bibliográfica para o
desenvolvimento teórico-metodológico do estudo, pesquisa documental e pesquisa de campo,
assim organizadas:
a) Na pesquisa bibliográfica: foram lidos e analisados livros, artigos impressos e em
meio eletrônico que deram suporte para a definição do referencial teórico mais geral
e específico. O mais geral contribuiu para o conhecimento sobre Institucionalização,
Governança, Stakeholders e Sustentabilidade. No mais específico, trataram-se das
referências internacionais, tais como: ONU (Governança Global), UNESCO
(Educação para o Desenvolvimento Sustentável), PNUD (leitura das Nações Unidas
sobre os desafios e potenciais do Brasil). Também foram lidas e analisadas várias
leis e decretos publicados pelo MEC que permitiram o conhecimento da trajetória
institucional da educação brasileira e o surgimento da Educação Profissional,
Científica e Tecnológica;
b) Na pesquisa documental: foram lidos e analisados documentos internos do
CEFET/RJ, os quais permitiram o melhor entendimento da estruturação e
funcionamento dessa instituição educacional, principalmente do papel
desempenhado pelo campus Itaguaí. Nessa etapa da pesquisa, também foi
possível conhecer as políticas e o plano de desenvolvimento dessa instituição;
c) Na pesquisa de campo: foram realizadas entrevistas semiestruturadas com vários
atores que participam direta e indiretamente do objeto principal desse estudo:
CEFET/RJ – campus Itaguaí. As entrevistas foram realizadas em contato direto com
os entrevistados e permitiram obter informações a respeito de fatores
organizacionais que influenciam a atuação dessa instituição na região. Os
entrevistados são:

 Dois membros da Diretoria Geral do CEFET/RJ (Diretor Geral e o Vice-Diretor);


 Três membros da diretoria do campus Itaguaí (Diretor, Gerente Acadêmico e
Coordenador do curso Técnico em Portos);
 Sete professores do mesmo campus (representam 35% do quadro de docentes);
 Sete alunos egressos dessa instituição (representam 14% do total de alunos
egressos);
 Duas empresas da região foco da pesquisa (as que têm mantido contato mais
direto com esse campus);
 Uma escola da rede estadual de ensino da região (aproximadamente 50% dos
atuais alunos do Curso Técnico em Mecânica do campus Itaguaí cursam o
ensino médio nessa escola).
9

Para efeitos de enquadramento, esta pesquisa se desenvolveu no Programa de Pós


Graduação em Tecnologia – PPTEC – do CEFET/RJ e se insere na área de concentração
“Tecnologia, Gestão e Inovação”, através da linha de pesquisa “Organização e Gestão da
Produção”, que contempla o projeto de pesquisa “Estudo sobre Desempenho nos Processos
de Trabalho” (CEFET/RJ, 2011).

Organização do texto

Além das seções já descritas, o que segue se divide em seis capítulos sequenciais, nos
quais:

O Capítulo I apresenta o referencial teórico-metodológico, considerando as teorias da


Institucionalização, Governança, Stakeholders e Sustentabilidade, que fundamentam as
relações apresentadas na Figura 1, utilizada como referencial teórico mais geral deste estudo.

O capítulo II apresenta a institucionalização da educação brasileira, composto pelo


histórico da escola pública no Brasil, organização do sistema educacional e a regulamentação
da Educação Profissional, Científica e Tecnológica como alternativa para o desenvolvimento
sustentável.

O capítulo III trata a Educação Profissional, Científica e Tecnológica e o respectivo


plano de expansão.

O capítulo IV descreve a instituição CEFET/RJ, considerando o início das atividades da


educação profissional, o projeto pedagógico e o Plano de Desenvolvimento Institucional e a
situação atual dessa instituição de ensino.

O capítulo V descreve o campus Itaguaí desde o projeto de implantação até a situação


atual.

O capítulo VI apresenta os fatores organizacionais que influenciam a atuação do


campus Itaguaí no cumprimento de sua missão institucional, considerando a sustentabilidade
como elemento norteador do processo, ou seja, o resultado da pesquisa.
10

I - REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO

I.1 – Institucionalização

Berger e Luckmann (1967 apud TOLBERT e ZUCKER, 2007) identificam a


institucionalização como processo central na criação e perpetuação de grupos sociais
duradouros. Definem “instituição” como resultado ou estágio final de um processo de
institucionalização, em outras palavras, uma caracterização de ações habituais por diferentes
tipos de atores.
Giddens (1989) define instituições como “tipos de estruturas sociais que envolvem
regras fortemente suportadas por recursos mais fortificados.” Estruturas sociais envolvem
padrões de atividade social e relações ao longo do tempo e do espaço.
As estruturas sociais são atividades padronizadas e reproduzidas por atores individuais
que cumprem práticas limitadas e fortalecidas por estruturas sociais existentes, as quais são
compostas por regras, procedimentos em geral utilizados na vida social e por recursos,
“objetos, humanos e não humanos usados para aumentar ou manter o poder” (SEWELL,1992
apud GUIMARÃES, 2005).
Essas regras e recursos são criados e seguidos por atores que são capazes de
entender e considerar situações diárias e monitorar os resultados de suas próprias ações e dos
outros. Nesse contexto, agência é a habilidade do ator ter algum efeito no mundo social,
alterando as regras ou a distribuição de recursos. Todos os atores individual ou coletivamente,
possuem algum tipo de agência, mas a quantidade de agência varia entre os atores, assim
como entre os tipos de estruturas sociais (GIDDENS, 1989; SCOTT, 2001 apud GUIMARÃES,
2005).
Agência refere-se à capacidade que as pessoas têm de fazer as coisas. Nesse sentido,
subentende-se poder. Ser agente é ser capaz de exibir uma gama de poderes causais,
incluindo os de influenciar os manifestados por outros (GIDDENS, 1989 apud GUIMARÃES,
2005).
Na visão de SEWELL (1992 apud GUIMARÃES, 2005), agência é a capacidade do
autor de reinterpretar e mobilizar uma série de recursos em termos de esquemas culturais
diferentes dos recursos iniciais.
Por um lado, os recursos são propriedades estruturadas de sistemas sociais e, por
outro, os recursos são definidos e reproduzidos por agentes dotados de capacidade
cognoscitiva no decorrer da interação (GIDDENS,1989 apud PEIXOTO, 2000).
A visão de Giddens (1989) ajuda a reunir e associar observações sobre o objetivo de
estudo mediante interação de informações fundamentadas tanto pelo funcionalismo, como pelo
interpretativismo, considerando o funcionalismo como a teoria que explica as instituições como
11

estruturas que exercem funções específicas na sociedade e o interpretativismo como a teoria


que faz análises focadas na interpretação dos símbolos e dos significados.
Conforme Berger e Luckmann (1967 apud TOLBERT E ZUCKER, 2007), o início e o
desenvolvimento de uma instituição segue um processo denominado de processo de
institucionalização. Tolbert e Zucker (2007) resumem o processo de institucionalização por
meio da Figura I.1:

Figura I.1 Processo de Institucionalização


Fonte: Tolbert e Zucker (2007)

As inovações surgem a partir de mudanças tecnológicas, atualização da legislação e


forças do mercado. Dentro de uma organização, a “habitualização” gera novos arranjos
estruturais que têm como objetivo resolver problemas ou conjunto de problemas específicos
inerentes à organização propriamente dita. Esses arranjos estruturais são formalizados em
políticas e procedimentos (teorização) para uma organização específica ou para demais
organizações que apresentem problemas iguais ou semelhantes.
A “objetivação” envolve o desenvolvimento de consenso social entre os decisores da
organização sobre o valor da estrutura, podendo gerar impactos positivos, resistência de
grupos e defesa de grupo de interesse.
Finalmente, encontra-se a finalização do processo de institucionalização ou
“sedimentação”, o qual representa a continuidade histórica da estrutura que é transmitida pelas
12

várias gerações da organização. A baixa resistência de grupos de oposição e a promoção e


apoio cultural continuado por grupos de defensores contribuem para a sedimentação.
Segundo Nelson e Winter (1982 apud TOLBERT e ZUCKER, 2007), quanto mais
institucionalizadas as rotinas nas organizações, mais prontamente elas eram transmitidas às
partes interessadas. A transmissão é casual e está relacionada à institucionalização.
Os mesmos autores concluem que, para que a teoria institucional se desenvolva como
paradigma coerente e contribua para a análise organizacional, questões sobre processos de
institucionalização demandam respostas conceituais e também empíricas.

I.2 – Governança

A governança está relacionada a Governo, ato de governar. Essa é a definição mais


simples encontrada no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2011).
Entretanto, o termo está sendo utilizado de forma bastante ampla.
Boyer (1990) definiu: “Governança é a ação do governo mais a interação com seus
parceiros não-governamentais no processo de governar – na sua relação coletiva com a
economia e com a política pública”.
O relatório apresentado pela Comissão sobre Governança Global da ONU (1996)
definiu:
“Governança é a totalidade das diversas maneiras pelas quais os
indivíduos e as instituições, públicas e privadas, administram seus
problemas comuns.”
“(...) No plano global, a governança foi vista primeiramente como um
conjunto de relações intergovernamentais, mas agora deve ser
entendida de forma mais ampla, envolvendo organizações não
governamentais (ONG), movimentos civis, empresas multinacionais e
mercados de capitais globais. Com estes interagem os meios de
comunicação de massa, que exercem hoje enorme influência”

Essa comissão relata ainda que a governança diz respeito não só a instituições e
regimes formais autorizados a impor obediência, mas também a acordos informais que
atendam ao interesse das pessoas e instituições.
Governança é o exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo.
Detalhando essa definição, é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos
recursos sociais e econômicos de um país visando ao desenvolvimento, implicando ainda na
capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções
(BANCO MUNDIAL, 1992 apud DINIZ, 1995 apud GONÇALVES, 2005).

Uma boa governança é um requisito fundamental para um desenvolvimento sustentado,


que incorpora ao crescimento econômico equidade social e também direitos humanos
(SANTOS, 1997 apud GONÇALVES, 2005).
13

O termo governança, definido por FOLKE et al. (2005), corresponde às estruturas e


processos pelos quais as pessoas na sociedade tomam decisões e partilham o poder.
Furtado (2009) não distingue governança de governabilidade e diz que pode ser
entendida como:

“(...) ato de conduzir, orientar e controlar a maneira como as


responsabilidades são atribuídas e cumpridas, as atividades são
executadas, os objetivos são perseguidos e as metas métricas globais
são atingidas – no âmbito das organizações públicas ou privadas.”

“Governança para sustentabilidade constitui sistema flexível e


continuamente adaptável de alocação de decisões, controle, informação
e distribuição de recursos e recompensas, envolvendo todos os tipos de
atores, no nível local e global, para uso de elementos normativos no
contexto do desenvolvimento sustentável.”

Para precisar o real significado da expressão “governança”, é necessário analisar o


contexto em que é utilizada.
Governança e Governabilidade se confundem em determinadas situações, mas há real
distinção dos respectivos significados. A governança tem maior amplitude e engloba a
sociedade como um todo. Refere-se a padrões de articulação e cooperação entre atores
sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e
através das fronteiras do sistema econômico, incluindo-se aí não apenas os mecanismos
tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os partidos políticos e grupos
de pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes),
hierarquias e associações de diversos tipos. A governabilidade está ligada à atuação do
governo de um Estado. Refere-se às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o
exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo, as
relações entre os poderes, o sistema de intermediação de interesses (SANTOS, 1997 apud
GONÇALVES, 2005).
Pode-se dizer que governabilidade está relacionada às condições necessárias para o
exercício do poder, enquanto que a governança representa a capacidade do governo
administrar, articular os diversos interesses e implantar as políticas públicas (Ibidem).
BOYLE et al. (2001) apud FOLKE et al. (2005) sugerem que a governança é o processo
de resolução de trade-offs2 e proporciona uma visão e direção para a sustentabilidade. A
gestão é a operacionalização dessa visão e o monitoramento fornece feedback e sintetiza as
observações a uma narrativa de como a situação emergiu e pode ocorrer no futuro.
Para LEACH et al. (2007) governança é um rótulo descritivo usado para realçar a
mudança da natureza do processo de elaboração de políticas públicas nas últimas décadas. A

[2 - Trade-offs: Técnica de renúncia de uma solução para adoção de alternativa que propicie resultados mais desejáveis
(BusinessDictionary).]
14

governança passa a exigir a atuação de todos os atores além do governo central. Sugerem que
a governança para a sustentabilidade pode possuir abordagem adaptativa, reflexiva e
deliberativa.
Com relação à governança adaptativa, os autores acima afirmam que é adequada para
situações de mudanças rápidas e de alta incerteza. É essencialmente de natureza
experimental, e busca construir capacidades com base em experiências passadas. Por meio da
governança adaptativa é possível se chegar ao consenso, mas para isso é necessário o
conhecimento científico do problema. É uma forma flexível de lidar com situações complexas.
Dietz et al. (2003 apud FOLKE et al., 2005) utilizam o conceito de governança
adaptativa para expandir o foco da gestão, como forma de enfrentar os contextos sociais mais
amplos e dinâmicos.
Segundo Folke et al. (2005), a governança adaptativa é operacionalizada através de
sistemas de cogestão adaptativa. Essa, por sua vez, está preocupada com o processo de
solução de problemas envolvendo partilha de poder entre diferentes níveis de gestão
organizacional. Várias instituições entre grupos de usuários ou comunidades, órgãos
governamentais e organizações não governamentais formam redes sociais e podem ser
envolvidas na partilha do poder de gestão e de responsabilidades. Essas redes sociais
representam um sistema de governança informal com interesse em influenciar a
implementação de políticas. A colaboração em redes de governança exige liderança:

“Líderes podem fornecer funções fundamentais para a governança


adaptativa, como a construção de confiança, fazendo sentido, gestão de
conflitos, unindo atores, iniciando parceria entre os grupos de ator,
compilação e geração de conhecimento, e mobilizar um amplo apoio
para a mudança.”

O autor cita ainda a confiança como função fundamental para a governança adaptativa
e acrescenta que ela pode ser a base de todas as instituições sociais.
Relações de confiança e reciprocidade, entre outras, são características de redes
sociais e estas aumentam a flexibilidade de gestão das organizações e instituições (PRETTY &
WARD, 2001 apud FOLKE et al., 2005).
A cogestão adaptativa (operacionalização da governança adaptativa) conta com a
colaboração de um conjunto de diversas partes interessadas que operam em diferentes níveis,
através de redes sociais (FOLKE et al., 2005).

Com relação à abordagem reflexiva da governança, pode-se dizer que está relacionada
à prática da reflexividade.
15

Segundo Guivant e Macnaghten (2011), os autores Giddens e Beck contribuíram para a


tese da modernidade reflexiva, caracterizada, em parte, pela crescente descrença em alguns
sistemas, que surgem principalmente quando as inovações tecnológicas geram controvérsias
devido a incertezas em relação aos seus riscos futuros. O conceito de sociedade de risco se
refere especialmente aos novos sistemas de relações entre conhecimento leigo e perito em um
contexto em que a estimativa do risco é em grande parte imprevisível. Para ambos os autores,
é impossível resolver o desafio dos riscos manufaturados somente pela ciência e pela inovação
tecnológica, dado seu papel ambivalente na construção destes mesmos riscos. Os dois autores
apelam a um modo reflexivo de tomada de decisão, baseada em uma redefinição de relações
sociais entre conhecimento científico especializado e expertise leiga.
A abordagem reflexiva da governança é aberta e procura acomodações com a
ambiguidade referente aos objetivos de sustentabilidade e os diferenciais de poder, controle ou
influência sobre as estratégias de implementação (LEACH et al., 2007).
Voss et al., (2006 apud LEACH et al., 2007) recomendam uma série de estratégias para
promover a governaça reflexiva:

“Estas incluem integrar (transdisciplinar) as formas de produção de


conhecimento, estratégias adaptativas; avaliação exploratória dos
possíveis efeitos a longo prazo das estratégias de ação, os processos
participativos na formação de meta e o desenvolvimento interativo de
estratégias para alcançar metas. Cada uma dessas estratégias amplas
em si envolve muitos desafios. As estratégias não são destinadas a
reduzir a complexidade, mas para ajudar a aprender melhor como viver
com ela.”

Outro tipo de governança é a chamada deliberativa. Está relacionada ao ato de


deliberar, ou seja, resolução após reflexão. Com relação à governança deliberativa, Hajer e
Wagenaar (2003 apud LEACH et al., 2007) afirmam que esta tenta compreender como os
profissionais realmente se comportam e lidam com os problemas, com foco nos julgamentos,
interpretações e deliberações.
A abordagem deliberativa para a governança engloba perspectivas construtivistas do
conhecimento. Dificuldades em separar fatos e valores, e análise dos aspectos normativos da
vida social, vêm à tona (FISCHER e FORESTER 1993; FLYVBJERG 2001 apud LEACH et al.
2007).
Leach et al. (2007) enfatizam que é necessário reconhecer que para certas questões e
definições, abordagens deliberativas podem ser irrealistas e inadequadas.

As literaturas sobre as abordagens adaptativa, reflexiva e deliberativa, apresentam


muitas semelhanças, convergências e sobreposições. No entanto, existem também algumas
diferenças bastante distintas, com algumas importantes implicações para a prática de
processos de governança.
16

A Tabela I.1 apresenta um resumo dos diferentes tipos de abordagens da governança


e as interações entre os diversos atores.

Tabela I.1 O processo de governança e as interações entre os diversos atores

A: C:
B:
Políticas Corporativas Governança adaptativa,
Rede de Governança
Estado / Sociedade deliberativa e reflexiva
Organizações distintas e
Deslocamento
limitadas.
Múltiplos atores, limites solidariedades e
difusos, em rede interdependências,
Grupos de interesse
interações através de instituições renegociadas
Entidade e (Estados; organizações
escalas; por meio de adaptação e
espaços internacionais,
deliberação;
movimentos da sociedade
Vários espaços.
civil);
Espaços interinstitucionais
transitórios e marginais.
Espaços e arenas formais.
Agência orientada por ator
(por exemplo:
Estruturas; regras formais burocratas,cidadãos);
e códigos; Instituições, agência e
Ênfase na Estruturação informal de relações de negociação
teoria social Relacionamentos regras e normas das através de adaptação e
(soberania, confiança instituições, por meio de deliberação.
assumida). prática;

Caminho independente.
Poder e conhecimento
constituido através de
Poder como política discurso;
econômica material;
Enquadramentos;
Soberania centralizada;
competindo com Múltiplos saberes e
interesses políticos; Poder de funcionamento formas de atuação
Poder e
disperso por meio de incluindo o cidadão e
conhecimento
Conhecimento como redes. vivencia;
verdade;
Política de conhecimento;
Expertise constituída por
meio de canais oficiais e Co-construção do
hierarquias. conhecimento com
instituições e processos
de governança.
Plantas e projetos; Incerteza radical dinâmica
Múltiplas interações e social, tecnológica e
Pressupostos de certeza e contingências em ecológica (governança
estabilidade em sistemas processo político adaptável) e interação de
Lidando
social – técnico- reconhecido como a enquadramentos
com
ecológico; criação de incerteza em (governança reflexiva);
incerteza
processos de
Abordagem de risco Governança e resultados. Aprendizagem,
técnico. argumentação,
deliberação.
Fonte: Leach et al. (2007)
17

Cada uma das colunas A, B e C da tabela acima, apresenta diferentes tipos de


interações entre os atores envolvidos no processo de governança, considerando os contextos
localizados nas respectivas linhas.
Segundo Leach et al. (2007), os desafios cruciais para as questões referentes ao
desenvolvimento ambiental e tecnológico referem-se a sistemas complexos e dinâmicos que
estão envolvidos nos caminhos da sustentabilidade. O processo de governança é fundamental
para direcionar esses caminhos.

I.3 – Stakeholders

A expressão stakeholder não tem tradução literal para a língua portuguesa. É utilizada
para identificar os diversos atores que atuam direta ou indiretamente sobre as organizações.
Stakeholder em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que
pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos dessa empresa (FREEMAN, 1984
apud GOMES et al., 2009). Stakeholder inclui aqueles indivíduos, grupos e outras
organizações que têm interesse nas ações de uma empresa e que têm habilidade para
influenciá-la (SAVAGE, NIX, WHITEHEAD, BLAIR, 1991 apud GOMES et al., 2009). Ao
negligenciarem esses grupos, algumas empresas já foram devastadas ou destruídas
(TAPSCOTT e TICOLL, 2005 apud GOMES et al., 2009).
Campbell (1997 apud MARTINS, 2001) acredita que a organização deve ter
responsabilidade social diante do ambiente em que vive. Para ele, existem stakeholders que
atuam diretamente sobre a empresa, os quais são classificados como stakeholders ativos, pois
são influenciadores imediatos do processo de gestão organizacional. Esse mesmo autor
classifica ainda outros agentes que afetam a organização de forma mediata como stakeholders
passivos.
Ernest e Young et al. (1999) classificam os stakeholders ativos como “chaves”, pois
são essenciais para o desenvolvimento do negócio, uma vez que atuam diretamente no
processo produtivo, influenciando de forma efetiva e decisiva na tomada de decisão
organizacional. Para ele, a organização deve saber identificar os seus stakeholders-chave e
obter o máximo de informações para estabelecer um diálogo produtivo que venha a gerar
novas oportunidades e evitar conflitos.
Para Althkinson e Waterhouse (1997 apud CALIXTO, 2010), os stakeholders podem ser
classificados em primários e secundários.

“Os primários seriam aqueles sem os quais a organização não


sobreviveria (acionistas, empregados, fornecedores e consumidores).
Os stakeholders secundários têm algum grau de importância, sem,
entretanto, comprometer a existência da organização (comunidade,
governo e outras organizações).”
18

Borenstein (1999, apud MARTINS, 2001) explica que “as ações dos stakeholders
provocam modificações no ambiente externo, restringindo as ações da organização”.

A Figura I.2 demonstra a influência do relacionamento stakeholder de um modelo típico


de organização empresarial:

ACIONISTAS
CLIENTES SINDICATO

SOCIEDADE ORGANIZAÇÃO FUNCIONÁRIOS

GOVERNO FORNECEDOR

CONCORRENTE

Figura I.2 Influência do relacionamento stakeholder – organização


Fonte: Adaptação baseada em Martins (2001)

A organização adapta-se internamente ao novo ambiente externo e/ou tenta influir nele,
para diminuir ou reverter a ação externa. Segundo Martins (2001), é possível a organização
obter vantagem competitiva nos relacionamentos com seus stakeholders e esta pode
representar a chave do sucesso organizacional.

I.4 – Sustentabilidade

Segundo a Unesco (1999), o desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade foi


definido e descrito de várias formas. Representa um processo de mudança das relações entre
os sistemas e os processos sociais, econômicos e naturais. A Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável fazendo um paralelo entre
presente e futuro: “O desenvolvimento sustentável é o que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas”.
19

As definições mais utilizadas são aquelas que se concentram na relação entre


desenvolvimento social e a oportunidade econômica, por um lado, e as exigências do meio
ambiente, por outro. Não deve haver limites para o desenvolvimento e, sim, reconhecendo que
as noções e definições do desenvolvimento predominantes devem evoluir em relação às
mudanças de exigências e possibilidades. Na prática, a sustentabilidade pode ser entendida
como uma forma de adequação entre as exigências ambientais e as necessidades de
desenvolvimento. A sustentabilidade compreende as ciências naturais e a econômica, mas
está bem mais relacionada com a cultura, o saber, com os valores que as pessoas cultivam e
com a forma como percebem sua relação com os demais. Nesse contexto, está relacionada às
novas bases para as relações entre os indivíduos e com o habitat que sustenta a vida humana.
(UNESCO, 1999).
Atualmente, a definição de sustentabilidade mais difundida é a da Comissão Brundtland
(WCED, 1987 apud DELAI 2008), a qual considera que o desenvolvimento sustentável deve
satisfazer as necessidades da geração presente sem comprometer as necessidades das
gerações futuras. Segundo Delai (2008), esse conceito se tornou popular a partir da definição
da Agenda 21, durante a Rio-92. De acordo com essa agenda, um fator imprescindível para a
operacionalização desse conceito na tomada de decisão empresarial e governamental é a
integração das decisões sociais, econômicas e ambientais por meio do uso de indicadores que
mensurem o desenvolvimento sustentável em todos os níveis da sociedade. Vários estudos
afirmam que a sustentabilidade é composta por três dimensões (social, econômico e ambiental)
que mantêm relacionamento entre si, também conhecida pela expressão Triple Bottom Line.
Essa expressão se refere a um índice corporativo que mede as inter-relações entre as
dimensões do desenvolvimento sustentável.
John Elkington cunhou, em 1994, o termo Triple Bottom Line e desde então o conceito
tem se tornado referência para muitas organizações na busca pela responsabilidade social
corporativa de suas atividades ou, em uma perspectiva mais ampla, pela sustentabilidade. O
Triple Bottom Line carrega o significado de que as organizações devem levar em consideração
aspectos sociais, econômicos e ambientais, que se relacionem com suas respectivas
atividades (ELKINGTON, 2004 apud BOECHAT e LAURIANO, 2012).

Para Almeida (2002 apud CLARO, CLARO e AMANCIO, 2008),


“A dimensão econômica inclui não só a economia formal, mas também
as atividades informais que proveem serviços para os indivíduos e
grupos e aumentam, assim, a renda monetária e o padrão de vida dos
indivíduos. A dimensão ambiental ou ecológica estimula empresas a
considerarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, na
forma de utilização dos recursos naturais, e contribui para a integração
da administração ambiental na rotina de trabalho. A dimensão social
consiste no aspecto social relacionado às qualidades dos seres
humanos, como suas habilidades, dedicação e experiências,
abrangendo tanto o ambiente interno da empresa quanto o externo.”
20

Segundo Hill et al. (2003 apud UNESCO, 2005-2014), sustentabilidade refere-se às


maneiras de se pensar o mundo e as formas de prática pessoal e social que levam a:

• “Indivíduos com valores éticos, autônomos e realizados”;


• “Comunidades construídas em torno a compromissos coletivos,
tolerância e igualdade”;
• “Sistemas sociais e instituições participativas, transparentes e justas”;
• “Práticas ambientais que valorizam e sustentam a biodiversidade e os
processos ecológicos de apoio à vida”.

Na visão de Claro, Claro e Amancio (2008), não há consenso sobre o significado


atribuído à sustentabilidade. Existem inúmeras definições e estas levam à argumentação de
que sustentabilidade é um conceito sem significado algum e com muitos ao mesmo tempo.
Daly (1996 apud CLARO, CLARO e AMANCIO, 2008) afirma que sustentabilidade é um
termo de que todos gostam, mas não sabem o que significa exatamente.
O termo sustentabilidade varia, conforme a categoria social ou profissional à qual
pertence o indivíduo (ALIROL, 2001; GLIESSMAN, 2000 apud CLARO, CLARO e AMANCIO,
2008). A difusão da sustentabilidade nas esferas organizacionais acontece por meio da gestão
organizacional. O papel da alta administração é fundamental para que as iniciativas e os
esforços da organização rumo à proteção e às responsabilidades socioambientais tenham
sucesso (Ibidem).
O ideal é que a empresa, como importante ator social, seja capaz de influenciar seus
funcionários, consumidores, fornecedores e a sociedade para que juntos com o Estado possam
contribuir para a transformação do conceito de sustentabilidade em uma ferramenta prática de
gestão. Acredita-se que empresas com práticas gerenciais sustentáveis são capazes de
influenciar a interpretação dos funcionários em relação ao termo sustentabilidade, pois ele está
em contato direto na rotina de trabalho com aspectos práticos desse conceito. A interpretação
também depende do nível educacional dos funcionários, que depende da educação recebida
nos ensinos fundamental, médio e superior e também pelos cursos de capacitação oferecidos
pelas empresas (ALMEIDA, 2002; MAIMON, 1996 apud CLARO, CLARO e AMANCIO, 2008).
No contexto da educação, o Fórum Global para o Desenvolvimento Sustentável,
realizado em Johanesburgo em 2002, propôs à Assembleia Geral das Nações Unidas a
proclamação da “Década Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável para
o período 2005-2014”. Seu principal objetivo é o de integrar os princípios, os valores e as
práticas do desenvolvimento sustentável a todos os aspectos da educação e da aprendizagem
com o intuito de fomentar mudanças de comportamento que permitam criar uma sociedade
sustentável e mais justa para todos.
A Assembleia Geral das Nações Unidas enfatizou que a educação é um elemento
indispensável para que se atinja o desenvolvimento sustentável e designou a UNESCO como a
21

agência líder para promover a Década e para sua coordenação internacional. Denomina-se
Década (UNESCO, 2005):

“Conjunto de parcerias que procura reunir uma grande diversidade de


interesses e preocupações. É um instrumento de mobilização, difusão
e informação. E é uma rede de responsabilidades pela qual os
governos, organizações internacionais, sociedade civil, setor privado e
comunidades locais ao redor do mundo podem demonstrar seu
compromisso prático de aprender a viver sustentavelmente.”

Ainda segundo o mesmo autor, a EDS – Educação para o Desenvolvimento Sustentável


reflete a preocupação por uma educação de alta qualidade e apresenta as seguintes
características:

•”ser interdisciplinar e holística: ensinar desenvolvimento sustentável


de forma integrada em todo o currículo, não como disciplina à parte”;
•”visar à aquisição de valores: ensinar a compartilhar valores e
princípios fundamentados no desenvolvimento sustentável”;
•”desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de encontrar
solução para os problemas: ensinar a ter confiança ante os dilemas e
desafios em relação ao desenvolvimento sustentável”;
•”recorrer à multiplicidade de métodos: ensinar a usar a palavra, a arte,
arte dramática, debate, experiência, as diversas pedagogias para
moldar os processos”;
•”estimular o processo participativo de tomada de decisão: fazer que os
alunos participem das decisões sobre como irão aprender”;
•”ser aplicável: integrar as experiências de aprendizagem na vida
pessoal e profissional cotidiana”;
•”estar estreitamente relacionado com a vida local: abordar tanto os
problemas locais quanto os globais, usando a(s) linguagem(s) mais
comumente usada(s) pelos alunos.”
(grifo nosso)

A EDS aplica-se a todas as pessoas, não importando a idade, pois ocorre, em meio a
uma perspectiva de aprendizado ao longo da vida, envolvendo vários espaços de
aprendizagem possíveis, isto é, formal e informal, e deve ser considerada como um processo
contínuo e interativo, afastando assim a noção de que o estabelecimento escolar é o único
local onde ocorre a aprendizagem. Vários são os espaços de aprendizagem: organizações
comunitárias, sociedade civil local, local de trabalho, treinamento técnico e profissional,
capacitação de professores, educação superior, inspetores educacionais, órgãos políticos,
entre outros.
A UNESCO (2005) afirma que o capítulo 36 da Agenda 21 enfatiza a importância da
educação para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a capacidade das pessoas
em entender os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento. A Agenda 21 tem o
objetivo de preparar o mundo para os desafios do século XXI. Reflete um consenso mundial e
um compromisso político no nível mais alto, no que diz respeito a desenvolvimento e
cooperação ambiental.
22

O seu capítulo 36 determina:

O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o


treinamento devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os
seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas
potencialidades. O ensino tem fundamental importância na promoção
do desenvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade do
povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento.
Ainda que o ensino básico sirva de fundamento para o ensino em
matéria de ambiente e desenvolvimento, este último deve ser
incorporado como parte essencial do aprendizado. Tanto o ensino
formal como o informal é indispensável para modificar a atitude das
pessoas, para que estas tenham capacidade de avaliar os problemas
do desenvolvimento sustentável e abordá-los. O ensino é também
fundamental para conferir consciência ambiental e ética, valores e
atitudes, técnicas e comportamentos em consonância com o
desenvolvimento sustentável e que favoreçam a participação pública
efetiva nas tomadas de decisão. Para ser eficaz, o ensino sobre meio
ambiente e desenvolvimento deve abordar a dinâmica do
desenvolvimento do meio físico/biológico e do socioeconômico e do
desenvolvimento humano (que pode incluir o espiritual), deve integrar-
se em todas as disciplinas e empregar métodos formais e informais e
meios efetivos de comunicação.

O programa da EDS determina a revisão da política educacional com objetivo de


reorientar a educação desde o pré-escolar até os cursos de graduação, para que estejam
enfocados na aquisição de conhecimentos, competências, perspectivas e valores relacionados
com a sustentabilidade. Sendo assim, é necessário revisar os objetivos e o conteúdo dos
currículos para desenvolver uma compreensão interdisciplinar da sustentabilidade,
considerando os aspectos social, econômico, ambiental, cultural e político (UNESCO, 2005).
As metodologias recomendadas e obrigatórias em matéria de ensino, aprendizagem e
avaliação também devem ser revisadas, com objetivo de fomentar as competências
necessárias para aprender durante toda a vida. Para isso, é fundamental a inclusão de
habilidades relacionadas ao pensamento crítico e criativo, à comunicação oral e escrita, à
colaboração e cooperação, à gestão de conflitos, à tomada de decisões, às soluções de
problemas e planejamento, ao uso apropriado das TICs – Tecnologias da Informação e
Comunicação e à cidadania. Essas novas metodologias de ensino, aprendizagem e avaliação
exigem aprendizagem ativa / interativa no lugar de transferência unilateral de conhecimento.
Quanto aos currículos, esses deverão ser construídos tomando como referência o
contexto local, considerando questões de relevância e de urgência. A EDS deve ser vista como
uma abordagem holística ou um planejamento global de todo o estabelecimento de ensino em
que o desenvolvimento sustentável seja visto como um contexto para alcançar os objetivos da
educação e não uma prioridade em competição com outras disciplinas do currículo.
A reorientação do sistema educacional voltado para os princípios e valores do
desenvolvimento sustentável deve facilitar a construção do conhecimento não apenas dentro
da sala de aula, mas também espontaneamente, no conjunto da vida e de suas relações. A
23

aprendizagem ao longo da vida é fundamental para resolver questões globais e desafios


educacionais. É uma filosofia, um marco conceitual e um princípio organizador de todas as
formas de educação, baseada em valores inclusivos, emancipatórios, humanistas e
democráticos, sendo abrangente e parte integrante da visão de uma sociedade do
conhecimento (Ibidem).
Segundo o documento final do esquema internacional de implementação da Década da
Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, as organizações sociais,
econômicas e ambientais também devem incentivar os valores, relações e práticas referentes à
sustentabilidade para que estes se tornem a base para padrões de trabalho diários e
comportamentais das organizações.
A UNESCO (2005) afirma:

“Seria verdade, ainda que pouco útil dizer que todos nós somos partes
interessadas na educação para o desenvolvimento sustentável. Todos
sentiremos as consequências de seu êxito ou fracasso relativos, assim
como todos nós influenciaremos nas repercussões da EDS por
intermédio do nosso comportamento, que pode ser de apoio ou de
afronta. Esta generalização, entretanto, não contribui a determinar
estratégias de cooperação, comunicação ou ação com objetivos
claramente definidos. Papéis e responsabilidades específicas são
transferidos para organizações e grupos em diferentes níveis: local
(sub nacional), nacional, regional e internacional. Em cada nível os
interessados diretos podem fazer parte de entidades governamentais
(ou intergovernamentais de caráter regional e internacional), da
sociedade civil e organizações não governamentais ou do setor
privado.”

Todos os atores devem ser envolvidos. Tanto governos como sociedade civil deveriam
manter um diálogo permanente, no qual as questões sejam divulgadas e agendas comuns
planejadas por intermédio de amplo debate de aprendizagem mútua. O programa da EDS deve
ser instituído em todos os níveis da comunidade, ou seja, local, regional, nacional e global, pois
as causas, efeitos, problemas e soluções estão interligados em todos os níveis (Ibidem).
O desenvolvimento social, político e econômico, assim como o exercício dos direitos
humanos têm como pré-requisito a educação. A elevação das taxas de retorno social e de
empregabilidade só é possível por meio de investimentos em educação. É essencial que a
população seja educada para que possa participar efetivamente na estrutura de competição
econômica globalizada (PNUD, 2005).
A globalização trouxe mudanças significativas para a sociedade. Silva e Cunha (2002)
afirmam que o conceito de emprego mudou, está sendo substituído pelo de trabalho. O
conhecimento passa ser fundamental na atividade produtiva. A empregabilidade depende da
qualificação profissional e as competências técnicas deverão estar associadas à capacidade de
decisão e de adaptação às novas situações.
24

Para Drucker (1997 apud SILVA e CUNHA, 2002), os principais grupos sociais da
sociedade do conhecimento serão os “trabalhadores do conhecimento”, pessoas capazes de
alocar conhecimentos para incrementar a produtividade e gerar inovação. Ele ainda afirma que
a sociedade do conhecimento coloca a pessoa no centro e isso levanta desafios e questões a
respeito de como preparar a pessoa para atuar nesse novo contexto.
Delors (1998) presidiu a Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI,
que foi constituída por representantes de diversos países e elaborou um relatório para a
UNESCO (a pedido desta), contendo, dentre outras sugestões, os quatro pilares da educação
ao longo da vida, que visa a atender a demanda social contemporânea:

• “Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral,


suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em
profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a
aprender, para se beneficiar das oportunidades oferecidas pela
educação ao longo da vida”;
• “Aprender a fazer, a fim de adquirir não só uma qualificação
profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência
que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar
em equipe. Além disso, aprender a fazer no âmbito das diversas
experiências sociais ou de trabalho, oferecidas aos jovens e
adolescentes, seja espontaneamente na sequência do contexto local
ou nacional, seja formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino
alternado com o trabalho”;
• “Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a
percepção das interdependências – realizar projetos comuns e
preparar­se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do
pluralismo, da compreensão mútua e da paz”;
• “Aprender a ser, para desenvolver, o melhor possível, a
personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada
vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal.
Com essa finalidade, a educação deve levar em consideração todas as
potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido
estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar­se”.
(grifo nosso)

Com relação às universidades, o mesmo relatório sugere que estas devem ocupar o
centro do sistema educacional e desempenhar funções essenciais, tais como, preparação para
a pesquisa e para o ensino, oferta de uma formação em diferentes áreas adaptada às
necessidades da vida econômica e social e cooperação internacional.
Seguindo as diretrizes do programa EDS, o Governo Federal brasileiro, por meio do
MEC, publicou em 15 de junho de 2012 a Resolução CNE nº 2, que estabelece Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental a serem observadas pelos sistemas de
ensino e suas instituições de Educação Básica e de Educação Superior, orientando a
implantação da EA - Educação Ambiental, tendo como referência as Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica e as Diretrizes Curriculares Nacionais para as
Graduações, em especial as de Formação de Professores.
25

Esse instrumento foi publicado para disciplinar a política nacional de educação


ambiental no Brasil instituída pela Lei 9.795 de 27/04/1999.

Segundo a Resolução CNE nº 2 de 15 de junho de 2012:

“Além da legislação, do incentivo de políticas públicas na área


ambiental e educacional, a própria força da realidade, com a
emergência das questões relativas ao meio ambiente, nas esferas
local, nacional e internacional, vem encarregando-se de tornar a
Educação Ambiental presente nos currículos escolares, mesmo que
não formalmente incluída neles, em razão da necessidade de
compreensão e de respostas aos desafios ambientais
contemporâneos.”

A EA deve ter uma abordagem complexa e interdisciplinar. Sendo assim, é necessária a


estruturação institucional da escola e a organização curricular que, mediante a
transversalidade, supere a visão fragmentada do conhecimento e amplie os horizontes de cada
área do saber. Como resultado, espera-se que os estudantes constituam uma visão da
globalidade e compreendam o meio ambiente em todas as suas dimensões.
Portanto, os sistemas de ensino e as instituições educacionais devem desenvolver
reflexões, debates e programas de formação para os docentes e demais atores no sentido de
se efetivar a inserção da EA na formação acadêmica e na organização dos espaços físicos em
geral.
26

II – INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

O processo de institucionalização da educação está correlacionado ao surgimento da


sociedade de classes que, por sua vez, está relacionado ao aprofundamento da divisão do
trabalho, é o que afirma Saviani (2005). Segundo ele, uma das características das sociedades
primitivas era o modo coletivo de produção da existência humana e a educação consistia numa
ação espontânea, não diferenciada das outras formas de ação desenvolvidas pelo homem,
coincidindo inteiramente com o processo de trabalho que era comum a todos os membros da
comunidade. A partir da divisão da humanidade em classes, a educação também se dividiu,
diferenciando a educação destinada à classe dominante daquela a que tem acesso à classe
dominada, dando origem à escola.
Saviani (2005) definiu escola:

“A palavra escola, como se sabe, deriva do grego e significa,


etimologicamente, o lugar do ócio. A educação dos membros da classe
que dispõe de ócio, de lazer, de tempo livre passa a se organizar na
forma escolar, contrapondo-se à educação da maioria que continua a
coincidir com o processo de trabalho.”

Desde a sua origem, a instituição educativa recebeu o nome de escola. Ela foi se
desenvolvendo ao longo do tempo, se tornando mais complexa e atualmente assumiu a
condição de principal forma de educação (Idem, ibidem).
No Brasil, a expressão “escola pública” pode ser entendida por pelo menos três formas
diferentes, segundo Saviani (2003):
 Aquela que ministra o ensino coletivo por meio do método simultâneo, por oposição
ao ensino ministrado por preceptores privados. Esse entendimento de escola pública pode ser
encontrado até o final do século XVIII;
 Como escola de massa, destinada à educação de toda a população. É com esse
significado que no século XIX se difundiu a noção de instrução pública vinculada à iniciativa de
se organizar os sistemas nacionais de ensino, tendo como objetivo permitir o acesso de toda a
população de cada país à escola elementar;
 Organizada e mantida pelo Estado e abrangendo todos os graus e ramos de ensino –
escola estatal. É esse o atual entendimento de escola pública no Brasil.

Estado e educação possuem relações que remontam às origens da colonização


brasileira, sendo a primeira política educacional formulada por D. João III, Rei de Portugal. A
partir da definição dessa política, surge o plano de ensino de Nóbrega, dirigido aos filhos dos
indígenas e também aos filhos dos colonos portugueses. Esse plano foi logo substituído pelo
plano geral dos jesuítas que privilegiou a formação das elites, implantado nos colégios e
27

seminários criados nos principais povoados. A educação brasileira foi dominada pelos jesuítas
até a metade do século XVIII, quando foram expulsos pelo marquês de Pombal, primeiro
ministro do Reino de Portugal.
As “reformas pombalinas” (assim foram chamadas em função do seu criador – o
marquês de Pombal) da instrução pública iniciaram um processo de reformas modernizadoras,
eram contrárias às ideias religiosas e deram origem à “educação pública estatal”. Entretanto,
essa iniciativa não passou de uma tentativa de inovação que não se concretizou por diversas
razões, principalmente:
 Pela escassez de mestres preparados, visto que, a formação desses estava marcada
pela influência dos jesuítas;
 Insuficiência de recursos, pois a Colônia não possuía estrutura para arrecadar fundos
para subsidiar a educação;
 Isolamento cultural da Colônia, visto que havia o temor de que ideias
emancipacionistas fossem difundidas através do ensino.

Segundo Paiva (1973 apud SAVIANI, 2003), a partir de 1823 (Brasil já independente
politicamente de Portugal), a instrução popular não era mais privilégio do Estado, abrindo
caminho para a iniciativa privada. Em 1826, surge novo projeto para regular a instrução
pública, o qual definiu a estrutura de ensino em quatro graus:
 O primeiro, chamado de Pedagogias, considerava os conhecimentos elementares a
todos os cidadãos, não importando sua situação social ou profissão;
 O segundo, denominado de Liceus, estava voltado para a formação profissional e
compreendia os conhecimentos referentes à agricultura, à arte e ao comércio;
 O terceiro, chamado de Ginásios, considerava os conhecimentos científicos gerais,
como introdução ao estudo aprofundado das ciências;
 O quarto grau, Academias, destinado ao ensino das ciências abstratas e ao estudo
das ciências morais e políticas.
Apesar de aparentemente bem estruturado, esse projeto não chegou a ser discutido e a
Câmara dos Deputados adotou, em 1827, outro projeto que se limitava à escola elementar e
que foi denominado de Escolas de Primeiras Letras. Este poderia ter dado origem ao sistema
nacional de instrução pública se tivesse viabilizado a instalação de escolas elementares em
todas as cidades e lugares populosos, mas isso não aconteceu. Em 1834, um Ato Adicional à
Constituição do Império desobrigou o governo central de cuidar das escolas primárias e
secundárias, transferindo essa responsabilidade para os governos provinciais.
O sistema público de ensino com abrangência nacional é determinado em 1854, através
de um regulamento decorrente da reforma de Couto Ferraz (Ministro dos Negócios do Império).
Ele estabelecia a obrigatoriedade de ensino, determinando multa de 20.000 a 100.000 réis aos
28

pais ou responsáveis por crianças de mais de sete anos que a elas não garantissem o ensino
elementar, dobrando-se o valor em caso de reincidência.
Em 1869, visando à ampla reorganização do ensino, surgem várias propostas,
abrangendo todos os aspectos da educação, desde o jardim de infância ao ensino superior.
Mesmo após a proclamação da República, em 1889, a organização da instrução popular foi
adiada e o ensino primário se manteve sob a responsabilidade das antigas províncias agora
Estados Federados (MACHADO,1999 apud SAVIANI, 2003).
No ano de 1909, o então presidente do Rio de Janeiro (como eram chamados os
governadores na época), Nilo Peçanha, criou quatro escolas profissionais no Estado do Rio de
Janeiro: Campos, Petrópolis, Niterói e Paraíba do Sul, sendo as três primeiras voltadas para o
ensino de ofícios e a última para a aprendizagem agrícola. Essa iniciativa está relacionada à
consolidação do ensino técnico-industrial no Brasil ocorrida no ano de 1906, quando o então
Presidente da República Afonso Pena declarou em seu discurso de posse (PORTAL MEC,
2011):
“A criação e multiplicação de institutos de ensino técnico e profissional
muito podem contribuir também para o progresso das indústrias,
proporcionando-lhes mestres e operários instruídos e hábeis”.

Em 1917 é criada a Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás com o objetivo
de formar professores, mestres e contramestres para o ensino profissional (Ibidem).
Somente após a Revolução de 1930, com o desenvolvimento da sociedade e o
aceleramento do processo de industrialização e urbanização, o sistema de ensino passou a ser
tratado em âmbito nacional. O analfabetismo passou a ser visto como uma vergonha nacional
que deveria ser erradicado (MACHADO,1999 apud SAVIANI, 2003).
A Constituição brasileira de 1937 foi a primeira a tratar especificamente do ensino
técnico, profissional e industrial. Sendo assim, em 13 de janeiro de 1937, foi assinada a Lei 378
que transformava as Escolas de Aprendizes e Artífices em Liceus Profissionais com objetivo de
ofertar cursos em todos os ramos e graus (PORTAL MEC, 2011).
Em 1942, as Escolas de Aprendizes e Artífices são transformadas em Escolas
Industriais e Técnicas, as quais passam a oferecer a formação profissional em nível
equivalente ao secundário e iniciam o processo de vinculação do ensino industrial à estrutura
do ensino do país como um todo. Os alunos formados nos cursos técnicos ficavam autorizados
a ingressar no ensino superior em área equivalente à da sua formação (Ibidem).
Anos depois, segundo Saviani (2003):

“A Constituição Federal de 1946, ao definir a educação como direito de


todos e o ensino primário como obrigatório para todos e gratuito nas
escolas públicas e ao determinar à União a tarefa de fixar as diretrizes
e bases da educação nacional, abria a possibilidade da organização e
instalação de um sistema nacional de educação como instrumento de
29

democratização da educação pela via da universalização da escola


básica. A elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
iniciada em 1947, era o caminho para realizar a possibilidade aberta
pela Constituição de 1946.”

De acordo com esse autor, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação iniciada em 1947
somente foi aprovada em 1961 e não correspondeu às expectativas, pois, entre vários motivos,
vale ressaltar a isenção da responsabilidade quanto ao cumprimento da obrigatoriedade
escolar se comprovado o estado de pobreza do pai ou responsável e a insuficiência das
escolas. Também não dispõe de mecanismos para superar limitações e é considerada
limitadora da democratização do acesso ao ensino fundamental.
No ano de 1959, as instituições de ensino profissional ganharam autonomia didática e
de gestão. Intensificaram a formação de técnicos, os quais são considerados indispensáveis
diante das metas de desenvolvimento do país, determinadas pelos grandes investimentos em
infraestrutura. As Escolas Industriais e Técnicas foram transformadas em autarquias e
passaram a ser chamadas de Escolas Técnicas Federais (PORTAL MEC, 2011).
Posteriormente, a Lei 5.692 de 1971, fixou as diretrizes e bases para o ensino de
primeiro e segundo graus e estabeleceu a necessidade urgente de formar técnicos. Sendo
assim, aumentou-se expressivamente o número de matrículas e implantaram-se novos cursos
técnicos (Ibidem).
O grupo de trabalho que redigiu o texto da Lei 5.692/71 criticou a dualidade do ensino
médio, pois o mesmo fez alusão ao slogan “ensino secundário para nossos filhos e o ensino
profissional para os filhos dos outros” (SAVIANI 2003). O autor explica:

“Com esse slogan o relatório estava sugerindo que as elites


reservavam para si o ensino preparatório para ingresso no nível
superior, relegando a população ao ensino profissional destinado ao
exercício das funções subalternas.”

Com o objetivo de corrigir a distorção registrada acima, converteu-se a formação


profissional em regra geral do ensino de segundo grau, devendo ser seguido por todos
indistintamente.
Em 1978, com a publicação da Lei 6.545, três Escolas Técnicas Federais (Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Paraná) foram transformadas em Centros Federais de Educação
Tecnológica – CEFETs. Esses Centros passaram a ter mais uma atribuição, formar
engenheiros de operação e tecnólogos. Essa transformação se estendeu às demais Escolas
Técnicas Federais ao longo dos anos posteriores e foi concluída somente em 1999 (PORTAL
MEC, 2011).
Em 1996, a Lei Federal 9.394 estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
considerando que a educação escolar deveria se vincular ao mundo do trabalho e à prática
30

social. Quanto aos princípios e fins da educação nacional, esse instrumental legal determinava
que “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Lei 9.394/96).
Essa mesma legislação cita a Educação Profissional, Científica e Tecnológica e define
que essa deve se integrar “aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões
do trabalho, da ciência e da tecnologia”. Essa legislação tenta se adaptar às transformações do
contexto contemporâneo.
Nesse sentido, em 2003, o MEC organizou dois seminários para a discussão sobre a
educação integrada. O primeiro, “Seminário Nacional Ensino Médio: Construção Política”, que
teve como objetivo discutir a realidade do ensino médio brasileiro e as novas perspectivas na
construção de uma política para esse nível de ensino. O segundo foi o “Seminário Nacional de
Educação Profissional”, que visou à discussão sobre as políticas públicas para a Educação
Profissional e Tecnológica (MOURA et al., 2007).
O autor afirma que, nesses seminários, ficaram evidenciadas duas concepções de
educação profissional, a primeira ancorada nos princípios do Decreto nº. 2.208/97, que na sua
essência separava a educação profissional da educação básica, e outra que trazia para o
debate os princípios da educação tecnológica / politécnica. Naquele momento ficou clara a
perspectiva de integração das políticas para o ensino médio e para a educação profissional,
tendo como objetivo o aumento da escolarização e a melhoria da qualidade da formação do
jovem e adulto trabalhador.
A partir daí, a política de ensino médio foi orientada pela construção de um projeto que
integre a formação específica com a formação geral e que desloque o foco dos seus objetivos
do mercado de trabalho para a pessoa humana, tendo como dimensões indissociáveis o
trabalho, a ciência, a cultura e a tecnologia.
Partindo dessa premissa, um dos eixos norteadores do trabalho do MEC é a relação da
educação profissional tecnológica com a universalização da educação básica (Pacheco,
2008a):
“A relação entre escolarização e profissionalização é um imperativo
no contexto atual da sociedade brasileira pelos elevados índices de
não concluintes da educação básica. Assumir o dever do estado em
garantir um capital cultural básico que permita ao conjunto de cidadãos
e cidadãs, adolescentes, jovens e adultos, construir sua vida com
dignidade, situa a Ciência, a Tecnologia, o Trabalho e a Cultura
como dimensões formativas indissociáveis. Por conseguinte, esse
quadrinômio deve estar presente não só na educação que qualifica
para o exercício de uma atividade profissional como naquela
comprometida com a formação para o exercício da cidadania. Tal
princípio demanda um novo paradigma epistemológico e pedagógico
que supere a mera sobreposição entre campos do conhecimento dos
saberes e campos da profissionalização e invista na sua efetiva
articulação como modo próprio de concepção do projeto educativo.”
(grifo nosso)
31

O MEC, através da SETEC/MEC, vem trabalhando na definição de políticas públicas de


qualificação e expansão da Educação Profissional Tecnológica em todo o território nacional,
seguindo as seguintes diretrizes (PACHECO, 2008a apud PEIXOTO, 2010):

“a) Indissociabilidade entre formação geral e profissional na perspectiva


de educação integral”;
“b) Vinculação orgânica entre as políticas educativas para a Educação
Profissional e Tecnológica e os arranjos produtivos, sociais e culturais
das diferentes regiões brasileiras.”

Com o objetivo de regulamentar a educação tecnológica como vertente da formação


profissional, em 01 de outubro de 2004, foi promulgado o Decreto 5.224, que demonstra uma
tendência de universalização do ensino de profissões nos CEFETs – Centros Federais de
Educação Tecnológica e define a organização desses Centros (PORTAL MEC, 2011).
Os CEFETs passam a atuar em todos os níveis da educação tecnológica, desde o
básico até a pós-graduação, conforme define o Artigo 2º:

“Art. 2o Os CEFETs têm por finalidade formar e qualificar


profissionais no âmbito da educação tecnológica, nos diferentes níveis
e modalidades de ensino, para os diversos setores da economia, bem
como realizar pesquisa aplicada e promover o desenvolvimento
tecnológico de novos processos, produtos e serviços, em estreita
articulação com os setores produtivos e a sociedade, especialmente de
abrangência local e regional, oferecendo mecanismos para a educação
continuada.”

Silva (2010) afirma que o Decreto 5.224/04 cria mudanças significativas na organização
dos CEFETs, transferindo a supervisão dos CEFETs à Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica e submetendo sua autonomia nos aspectos relativos à criação e à manutenção de
cursos superiores, à avaliação do seu desempenho institucional, pelo SINAES – Sistema
Nacional de Avaliação do Ensino Superior.
Nesse mesmo ano, é publicado o Decreto 5.225/04 que, através do Artigo 2º, transforma
os CEFETs em instituições de ensino superior. Além disso, ratifica a autonomia dos CEFETs
(Artigo 2º; §2º), entretanto, limita esta autonomia ao PDI – Plano de Desenvolvimento
Institucional de cada CEFET. Esse decreto (Artigo 2º; §4º) também diz que os CEFETs
poderão abrir cursos superiores em municípios diferentes de sua sede, indicada nos atos do
seu credenciamento, desde que situados no mesmo estado. Fica assim evidenciada a intenção
do Governo Federal em iniciar a expansão da Rede de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica.
Em 2006, é publicado o Decreto 5.773 que, através do Artigo 77, ratifica a condição legal
dos CEFETs como instituição de nível superior, entretanto, devem respeitar os limites definidos
no seu PDI.
32

No ano seguinte, em 2007, o Decreto 6.301 cria o E-Tec Brasil – Sistema Escola Técnica
Aberta do Brasil no âmbito do Ministério da Educação. Este visa ao desenvolvimento da
educação profissional técnica à distância, a qual tem como objetivo principal ampliar a oferta e
democratizar o acesso a cursos técnicos de nível médio, públicos e gratuitos no país.
Em 2008, é publicada a Lei 11.741, que altera dispositivos da Lei 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, e tem como objetivo possibilitar a combinação do ensino de ciências
naturais, humanidades e educação profissional e tecnológica e assim superar a oposição entre
o ensino propedêutico e o ensino profissionalizante. É oportuno ressaltar as mudanças
significativas introduzidas na educação brasileira por meio dessa legislação:

 A habilitação profissional poderá ser desenvolvida nos estabelecimentos que


oferecem ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em
educação profissional;

 A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida de forma


articulada com o ensino médio e subsequente (destinada a quem já tenha
concluído o ensino médio);

 A articulação com o ensino médio será desenvolvida da seguinte forma:


o Integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino
fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à
habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de
ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno;
o Concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja
cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo
ocorrer:
 Na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
oportunidades educacionais disponíveis;
 Em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
oportunidades educacionais disponíveis;
 Em instituições de ensino distintas, mediante convênios de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.

Ainda em 2008, o Governo Federal promulga a Lei 11.892 com objetivo de implementar e
caracterizar a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. O Artigo 1º
define quais são as instituições que compõem a Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica:
33

o
“Art. 1 Fica instituída, no âmbito do sistema federal de ensino, a Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada
ao Ministério da Educação e constituída pelas seguintes instituições:

I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos


Federais;
II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR;
III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca - CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG;
IV - Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais.

Parágrafo único: As instituições mencionadas nos incisos I, II e III do


caput deste artigo possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras
de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-
pedagógica e disciplinar.”

O Artigo 18º da referida lei reforça o papel do CEFET/RJ e do CEFET/MG na Rede


Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica:

“Art. 18. Os Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow


da Fonseca CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG, não inseridos
no reordenamento de que trata o art. 5o desta Lei, permanecem como
entidades autárquicas vinculadas ao Ministério da Educação,
configurando-se como instituições de ensino superior pluricurriculares,
especializadas na oferta de educação tecnológica nos diferentes níveis
e modalidades de ensino, caracterizando-se pela atuação prioritária na
área tecnológica, na forma da legislação.”

Para Peixoto (2010), o novo arranjo educacional definido a partir da Lei 11.892/08 abrirá
novas perspectivas para o ensino médio por meio de uma combinação do ensino de ciências
naturais, humanidades e Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
34

III – REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E


TECNOLÓGICA

De acordo com o PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação (Brasil, 2007), talvez


seja na Educação Profissional, Científica e Tecnológica que os vínculos entre educação,
território e desenvolvimento se tornem mais evidentes e os efeitos de sua articulação, mais
notáveis.
Pacheco (2012) afirma que a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica tem condições de desenvolver de forma inovadora projetos políticos pedagógicos
que sejam capazes de construir novos sujeitos preparados para inserção no mundo do
trabalho, compreendendo e transformando-o na direção do novo cenário mundial que se
apresenta no início desse século. Ele explica:

“Nossos projetos pedagógicos têm de estar articulados, especialmente,


com o conjunto de organismos governamentais ou da sociedade civil
organizada, estabelecendo uma relação dialética em que todos somos
educadores e educandos. Devem afirmar práticas de transformação
escolar com o objetivo de construir diferentes propostas que apontem
os elementos do novo mundo possível.”

A educação precisa estar vinculada aos objetivos estratégicos de um projeto que


objetiva à construção de uma sociedade fundada na igualdade política, econômica e social, ou
seja, uma escola vinculada ao mundo do trabalho com base democrática e de justiça social
(Ibidem).
Nesse contexto, o MEC está ampliando o acesso à educação por meio de diversas
medidas, entre elas a expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica (PACHECO, 2008b).
Do ano de 1909 a 2002, aproximadamente um século, foram implantadas 140
unidades federais de Educação Profissional e Tecnológica no país, pouco mais de uma por
ano. A partir de 2003, o Governo Federal iniciou o projeto de expansão da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, chegando em 2010 com 214 unidades
federais de Educação Profissional e Tecnológica funcionando (PORTAL MEC, 2011).
Em 29 de dezembro de 2008, 31 CEFETs, 75 UnEDs – unidades descentralizadas de
ensino, 39 Escolas Agro técnicas, 7 Escolas Técnicas Federias e 8 escolas vinculadas a
universidades foram extintas e transformadas em Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia. Esses Institutos fundamentam-se na verticalização do ensino, onde os docentes
atuam nos diferentes níveis, compartilham os espaços pedagógicos e laboratórios, além de
procurar estabelecer itinerários formativos do curso técnico ao doutorado (Ibidem).
35

Também representam modelos de reorganização das Instituições Federais de Educação


Profissional e Tecnológica para uma atuação integrada. Devem se orientar pelos seguintes
objetivos (HADDAD, 2008):

“[...] Quanto à educação e trabalho – ofertar educação profissional e


tecnológica, como processo educativo e investigativo, em todos os
seus níveis e modalidades, sobretudo de nível médio; orientar a oferta
de cursos em sintonia com a consolidação e o fortalecimento dos
arranjos produtivos locais; estimular a pesquisa aplicada, a produção
cultural, o empreendedorismo e o cooperativismo, apoiando processos
educativos que levem à geração de trabalho e renda, especialmente a
partir de processos de autogestão. Quanto à educação e ciência – o
IFET deve se constituir em centro de excelência na oferta do ensino de
ciências, voltado à investigação empírica; qualificar-se como centro de
referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas escolas
públicas; oferecer programas especiais de formação pedagógica inicial
e continuada, com vistas à formação de professores para a educação
básica, sobretudo nas áreas de física, química, biologia e matemática,
de acordo com as demandas de âmbito local e regional, e oferecer
programas de extensão, dando prioridade à divulgação científica.”
(grifo nosso)

Segundo o Portal MEC (2011), atualmente a Rede Federal de Educação Profissional,


Científica e Tecnológica possui 354 unidades escolares e quase 400 mil vagas em todo o país.
Estão previstas mais 208 escolas para serem entregues até o final de 2014, totalizando 562
unidades que gerarão 600 mil vagas. Essa rede instalada por todas as mesorregiões do país
requer um novo modelo de atuação que possibilite o desenvolvimento de um arrojado projeto
político pedagógico, oferta de Educação Profissional e Tecnológica articulada com ensino
regular, aumento da escolaridade do trabalhador e interação com o ambiente corporativo e as
ciências. Também integram a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
dois CEFETs que não aderiram aos IFETs e ainda 25 escolas vinculadas a universidades e
uma universidade tecnológica.

Os dois CEFETs citados acima são o CEFET/RJ – Centro Federal de Educação


Tecnológica Celso Suckow da Fonseca e o CEFET/MG – Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerias. Esses não aderiram aos IFETs, pois possuem projetos para
transformação em Universidades Tecnológicas (Ibidem).

No caso do CEFET/RJ, o projeto de transformação em Universidade Tecnológica surgiu


a partir da sua condição legal que se assemelha às universidades e se propõe a ofertar e
manter cursos de diferentes níveis, sempre buscando integrar à formação profissional a
formação humana. Em função do seu histórico, pretende continuar atendendo os objetivos de
ensino, pesquisa e extensão, sem exclusão de níveis de ensino ou segmentos acadêmicos.
(PDI, 2010).
36

De acordo com o Portal CEFET/RJ (2011), no ano de 2007, este centro apresentou sua
proposta de transformação de Centro Federal de Educação Tecnológica em Universidade
Tecnológica Federal, ao Ministro da Educação por meio do documento Projeto de
Transformação – CEFET/RJ rumo à UTFRJ, que assinalava:

“Inscrita no âmbito da reorganização da atual Rede Federal de Educação


Tecnológica empreendida pela SETEC/MEC, tal transformação vai ao
encontro das ações do PDE que se voltam à expansão do ensino técnico
e da educação superior em instituições federais públicas, ampliando, em
todo território nacional, as condições de acesso, o quantitativo de vagas,
as modalidades de atendimento, mas, sobretudo, as chances de
construção de uma sociedade em que a produção e distribuição do
conhecimento científico-tecnológico permitam aos sujeitos dessa
formação tornarem-se desenvolvedores e beneficiários das atividades de
crescimento econômico e redução das desigualdades sociais.”

A referida proposta ainda se encontra em tramitação nas diversas esferas do Governo


Federal. Houve expressão de apoio à criação das Universidades Tecnológicas a partir dos
CEFETS de MG e RJ no Plano de Trabalho da Associação Nacional dos Dirigentes das
Instituições Federais do Ensino Superior – ANDIFES no biênio 2009/2010 (Ibidem).
37

IV – A INSTITUIÇÃO CEFET/RJ

Atendendo à determinação da Lei 11.741/2008, o CEFET/RJ é uma instituição de


ensino superior pluricurricular, especializada na oferta de educação tecnológica nos diferentes
níveis e modalidades de ensino, com atuação prioritária na área tecnológica. Tem como missão
institucional:
“Promover a educação mediante atividades de ensino, pesquisa e
extensão que propiciem, de modo reflexivo e crítico, na interação com a
sociedade, a formação integral (humanística, científica e tecnológica,
ética, política e social) de profissionais capazes de contribuir para o
desenvolvimento cultural, tecnológico e econômico dessa mesma
sociedade (PDI, 2010).”

Participa da política pública nacional e atua de forma comprometida com o


desenvolvimento cultural, tecnológico e econômico da sociedade. Tem presente em seu plano
de desenvolvimento os desafios de demandas formativas associadas a políticas de
industrialização e comércio, infraestrutura econômica e social, e capacitação tecnológica (PDI,
2010).
O CEFET/RJ reflete a evolução de um tipo de instituição educacional que, no século
XX, acompanhou e ajudou a desenvolver o processo de industrialização do país e a sua
história está ligada à origem do ensino profissionalizante no Brasil (PORTAL CEFET/RJ, 2011).

IV.1 – Histórico do CEFET/RJ

Conforme informações contidas no PDI (2010), o CEFET/RJ inicia as suas atividades em


1917, por meio da Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás, administrada pela
Prefeitura Municipal do Distrito Federal, e entregue ao Governo Federal em 1919. Tem como
foco formar professores, mestres e contramestres para o ensino profissional, entretanto, suas
atividades foram suspensas em 1937 para dar lugar ao liceu profissional, que passa a ser
responsável pelo ensino profissional em todos os ramos e graus.
Antes da inauguração do liceu profissional, a sua denominação é alterada para ETN –
Escola Técnica Nacional, indo ao encontro das determinações da Lei Orgânica do Ensino
Industrial de 30/01/1942. Instituída pelo Decreto-Lei 4.127 de 25/02/1942, a ETN estabelece as
bases de organização da Rede Federal do Ensino Industrial e seu objetivo principal é ministrar
cursos de primeiro ciclo (industrial e de mestria) e de segundo ciclo (técnico e pedagógico).
O Decreto 47.038 de 16/10/1959 dá autonomia administrativa à ETN, que passa a excluir
gradativamente os cursos de primeiro ciclo, mantendo apenas os cursos de formação técnica.
38

Em 1965, essa instituição passa a chamar-se ETFG - Escola Técnica Federal da Guanabara e
no ano seguinte implanta os cursos de nível superior, de curta duração, chamados de cursos
de engenharia operacional, os quais preparam os profissionais para a indústria. Por ser uma
instituição de ensino técnico, a implantação dos cursos de engenharia operacional acontece a
partir do convênio realizado entre a ETFG e a UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro,
que fica responsável pelo corpo docente e pela expedição dos diplomas.

Em 1967, em homenagem ao seu primeiro diretor escolhido por voto dos docentes, a
ETFG passa a chamar-se ETF – Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca. Essa
identidade permanece até 1978, pois, através da Lei nº 6.545, essa instituição de ensino tem
novamente sua identificação alterada, denominando-se Centro Federal de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, ou seja, a ETF é transformada em CEFET e os cursos
de engenharia operacional são transformados em cursos de engenharia industrial, com a
duração de cinco anos e características plenas.

A partir desse momento, adota o modelo de gestão de instituição de ensino superior,


atuando como autarquia de regime especial, vinculada ao MEC, possui autonomia
administrativa, patrimonial, financeira, didática e disciplinar. Também passa a ter novos
objetivos gerenciais e acadêmicos, tais como, ensino de graduação e pós-graduação, ensino
de licenciaturas, ensino de 2º grau, cursos de extensão e a realização de pesquisas na área
técnico-educacional, conforme define o artigo 2º da Lei nº 6.545/78.

Finalmente em 1985, através da Lei 7.350, recebe a atual denominação CEFET/RJ –


Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.

Ao longo da sua trajetória histórica o CEFET/RJ percebeu a necessidade de


instrumentos de gestão que orientassem as ações institucionais no exercício da formação de
pessoas e profissionais. Sendo assim, em 2008, iniciou a elaboração do seu PPI – Projeto
Pedagógico Institucional, o qual foi concluído e implantado em 2010.

IV.2 – Projeto Pedagógico Institucional e Plano de Desenvolvimento Institucional

A trajetória da educação brasileira aponta para a necessidade de planejar ações


educativas com objetivo de promover mudanças sociais, que só é possível por meio do
aumento da escolarização progressiva da sociedade. Para isso, é imprescindível o
desenvolvimento de um referencial que possibilite a convergência de ações que devem ser
praticadas pelos diversos estabelecimentos de ensino do país. De maneira mais ampla, a
educação nacional é orientada pela LDB de 1996 e, de modo mais específico, o PPI é o
documento que direciona cada uma das instituições de ensino em todos os níveis
educacionais. Esse instrumento faz a apresentação da instituição, descreve a análise de
39

cenários futuros e define as políticas institucionais que vão orientar as respectivas atividades
no decorrer do tempo (PPI, 2010).
A Tabela IV. 1 apresenta de forma resumida as políticas institucionais do CEFET/RJ.

Tabela IV. 1 – Políticas Institucionais – CEFET/RJ


Política de Objetivo
Definir objetivos e metas a serem alcançados
pelo CEFET/RJ a cada período de cinco anos
Desenvolvimento Institucional e compor outro importante instrumento
institucional que é o PDI – Plano de
Desenvolvimento Institucional.
Primar pelas condições de funcionamento das
salas de aula, dos laboratórios, das
Desenvolvimento e Manutenção da bibliotecas, dos auditórios e demais espaços
institucionais, bem como garantir a oferta e o
Infraestrutura e do Patrimônio
bom uso dos equipamentos, materiais
didático-pedagógicos e mobiliários do Centro
e de todos os campi.
Buscar novas formas de financiamento, tais
Captação de Recursos como a participação em editais de agências
de fomento, convênios e parcerias para além
de seu orçamento.
Ampliar a relação do CEFET/RJ com a
comunidade externa, considerando o efetivo
conhecimento das necessidades, recursos,
Cooperação e Participação Comunitária estrutura social e valores da comunidade, de
modo a construir parcerias de colaboração e
facilitar uma ampla participação comunitária,
entendendo que a cultura local tem que ser
reconhecida antes de qualquer intervenção.
Formar uma equipe multidisciplinar que
Inclusão permita pensar o trabalho educativo de forma
a acolher a diversidade contida no ambiente
escolar.
Permitir a inclusão de alunos oriundos da
escola pública nos cursos técnicos, através
da adoção de convênios junto ao sistema de
ensino, facilitando, assim, a formação
profissional qualificada de jovens das
camadas populares. Quanto aos cursos de
graduação, reforçar a democratização da
entrada de jovens e adultos de todas as
esferas sociais, tanto socioeconômicas
Acesso e Permanência Estudantil quanto regionais, utilizando o SISU – Sistema
de Seleção Unificada.
Com relação à permanência estudantil, ofertar
bolsa alimentação aos alunos que atendam
aos critérios estabelecidos por edital público e
realizar atividades de suporte pedagógico em
espaço próprio destinado ao atendimento dos
estudantes.
40

Política de Objetivo
Estimular a inserção dos professores em
programas de mestrado e doutorado,
proporcionando afastamento total ou parcial,
de acordo com a decisão do colegiado ao
qual o docente pertence.
Incentivar a constante capacitação dos
Manutenção e Capacitação de Recursos servidores e promover diversos cursos sobre
Humanos os mais variados assuntos pertinentes à
rotina institucional.
Firmar convênios de capacitação junto a
reconhecidas instituições de ensino, como a
Universidade Federal Fluminense e a
Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, entre outras.
Permitir a integração e o debate acerca da
realidade institucional, estimulando a atuação
Incentivo à Participação Institucional dos servidores e alunos nos processos
decisórios em atividades de rotina e na
própria formação da identidade do Centro.
Estimular atividades que têm por finalidade
promover a participação estudantil em
Responsabilidade Social iniciativas em prol da cidadania e da
responsabilidade social, além das atividades
próprias da formação acadêmica.
Praticar a avaliação interna e externa com
objetivo de repensar e subsidiar o ato
educativo. A avaliação interna visa a
identificar potencialidades e fragilidades
Avaliação institucionais que poderão ser reestruturadas
gradativamente. A avaliação externa tem
como finalidade aferir condições oferecidas
pela instituição à comunidade em geral no
exercício da sua missão.

Fonte: Elaboração da própria autora baseado no PPI (2010)

Considerando a política de desenvolvimento institucional, o CEFET/RJ elaborou o seu


Plano de Desenvolvimento Institucional para o período de 2010-2014, baseado na organização
acadêmica relativa aos Decretos 5.224/04 e 5.225/04. O mesmo reflete o posicionamento
acadêmico da comunidade interna no sentido de assumir a continuidade de uma trajetória de
formação que congrega o desenvolvimento da educação tecnológica nas dimensões de ensino,
pesquisa e extensão (PDI, 2010).
Esse instrumento de gestão apresenta o perfil do CEFET/RJ, o plano de
desenvolvimento baseado nas políticas institucionais contidas no PPI, a respectiva
implantação, acompanhamento e avaliação do plano para o período de 2010 a 2014 (Ibidem).
O plano de desenvolvimento contém diretrizes e objetivos que devem ser alcançados
por meio de estratégias, ações e metas.
41

A Tabela IV. 2 apresenta as diretrizes do Plano de Desenvolvimento Institucional e os


respectivos objetivos.

Tabela IV. 2 Plano de Desenvolvimento Institucional – CEFET/RJ


Diretrizes Objetivos
Sustentação do projeto institucional de Alcançar a transformação do CEFET/RJ em
transformação do Centro em Universidade Universidade Tecnológica Federal do Rio de
Tecnológica. Janeiro.
Consolidação da atuação institucional no Conferir identidade institucional a todos os
sistema Multicampi. campi do CEFET/RJ.
Dar continuidade ao processo de
interiorização do atendimento do Centro
mediante participação na 2ª fase do Plano de
Expansão da Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica.
Contribuir, pela formação de profissionais
bem preparados, para o desenvolvimento
econômico e social de mesorregiões do
Estado do Rio de Janeiro.
Ampliação, aperfeiçoamento e
sustentabilidade das atividades acadêmicas Ampliar a oferta de educação profissional
de ensino, pesquisa e extensão. técnica e de educação superior.

Aperfeiçoar e garantir a qualidade acadêmica


dos cursos oferecidos pela Instituição.
Fortalecer a institucionalização da atividade
de pesquisa como produção do conhecimento
e componente acadêmico dinamizador da
formação na área tecnológica.
Aperfeiçoar e garantir a qualidade acadêmica
das atividades de pesquisa na instituição.
Fortalecer os programas de pós-graduação
como ação verticalizada e integrada de
ensino e pesquisa nas áreas de formação em
que a instituição atua.
Aperfeiçoar e garantir a qualidade acadêmica
dos cursos de pós-graduação na instituição.
Fortalecer a institucionalização da extensão
como atividade de produção e disseminação
do conhecimento e potencializadora da
dimensão social da formação na área
tecnológica.
Aperfeiçoar e garantir a qualidade das
atividades de extensão na instituição.
42

Diretrizes Objetivos

Implantação de políticas de organização e Estruturar e implantar política de organização


gestão de pessoal. e gestão de pessoal que gere impactos
positivos na qualidade das atividades
acadêmicas e administrativas.
Dotar todas as unidades de ensino do sistema
Multicampi de infraestrutura adequada à
realização de suas atividades acadêmicas e
administrativas.
Disponibilizar, com crescente abrangência e
qualidade, os serviços de tecnologia da
informação e comunicação para a
Investimento em melhoria de infraestrutura comunidade acadêmica do sistema
física.
Multicampi.
Expandir a utilização de recursos multimídia
em benefício das atividades acadêmicas,
inclusive como suporte à Educação a
Distância.
Aprimorar a gestão de serviços de apoio e
logística, de modo a atender às novas
demandas trazidas pela multiplicação dos
campi.
Firmar junto aos diferentes segmentos da
sociedade a imagem do CEFET/RJ como
instituição pública de ensino, pesquisa e
Desenvolvimento de atividades de TIC e
comunicação social. extensão na área tecnológica.
Fomentar mecanismos de comunicação
interna em apoio ao desenvolvimento e
valorização das ações institucionais.
Desenvolver a capacidade institucional de
planejar e acompanhar a execução das
ações.
Desenvolver a capacidade institucional de
Democratização do planejamento, gestão e
avaliação institucional captar e aplicar os recursos orçamentários.
Ampliar as atividades de cooperação
internacional.
Fortalecer e aperfeiçoar o processo de
avaliação na instituição.
Fonte: Elaboração da própria autora baseado no PDI (2010)

Considerando o histórico, as respectivas políticas institucionais e o seu plano de


desenvolvimento, é oportuno conhecer como o CEFET/RJ está desenvolvendo suas atividades,
no atual cenário de desenvolvimento social, econômico e ambiental.
43

IV.3 – CEFET/RJ: situação atual

IV.3.1 – Identidade e objetivos


Conforme citado no capítulo II deste estudo, em 2008 o Governo Federal promulgou a
Lei 11.892, que caracteriza a atual Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica e ratifica a identidade do CEFET/RJ como uma instituição de ensino superior
pluricurricular, especializada na oferta de educação tecnológica, a qual possui os seguintes
objetivos:
 Ministrar educação profissional técnica de nível médio de forma articulada com o
ensino médio;
 Ministrar ensino superior de graduação e de pós-graduação Lato Sensu e Stricto
Sensu;
 Ministrar cursos de licenciatura e programas especiais de formação pedagógica;
 Ofertar educação continuada, visando ao aperfeiçoamento e à especialização de
profissionais na área tecnológica;
 Realizar pesquisa, estimulando o desenvolvimento de soluções tecnológicas e
estendendo seus benefícios à comunidade;
 Promover a integração com a comunidade;
 Estimular a produção cultural, o empreendedorismo, o desenvolvimento científico
e tecnológico, o pensamento reflexivo, com responsabilidade social.

Atualmente a educação tecnológica no CEFET/RJ se desenvolve nos seguintes níveis


de ensino, pesquisa e extensão, conforme mostra a Tabela IV.3 (PDI, 2010):

Tabela IV.3 Níveis da educação tecnológica no CEFET/RJ

EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA NO CEFET/RJ

E Educação Básica
N Educação Profissional Técnica
Cursos de Graduação (Cursos Superiores de Tecnologia,
S
Bacharelado e Licenciatura)
I Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado)

N Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu

O Cursos de Extensão

P E S Q U I S A E E X T E N S Ã O

Fonte: PDI (2010)


44

O CEFET/RJ reconhece-se como instituição dedicada à formação de profissionais


capazes de aplicar conhecimentos técnicos e científicos às atividades de produção e serviços,
sem perder de vista a dinâmica social do desenvolvimento (Ibidem).

IV.3.2 – Estrutura organizacional

Segundo o PDI (2010), para desenvolver suas atividades e definir as instâncias de


decisão, o CEFET/RJ mantém uma estrutura organizacional composta por órgãos colegiados,
órgão de controle, diretorias, assessorias e unidades descentralizadas de ensino, conforme
detalhamento contido no Anexo 1. É oportuno citar a observação de BASTOS (1997):

“A experiência do CEFET-PR aparentemente indica que a


departamentalização, integrando todos os níveis de docentes no mesmo
departamento, constitui uma estrutura adequada à melhor consecução
dos objetivos definidos pelo modelo CEFET. Essa questão da
departamentalização, por sua vez, tem a ver com o estabelecimento da
carreira docente única, que se faz necessária para os CEFETs em face
de sua própria concepção, particularmente tendo em vista a integração
vertical das atividades de ensino, pesquisa e prestação de serviços
preconizada nos documentos que deram origem à estrutura jurídica dos
CEFETs.”

A atual estrutura organizacional da Diretoria de Ensino do CEFET/RJ contraria a


observação acima, pois está composta por departamentos distintos para a educação superior e
para o ensino médio e técnico.

IV.3.3 – Expansão do CEFET/RJ

Conforme o PDI (2010), a partir do projeto de expansão da Rede Federal de Educação


Profissional Científica e Tecnológica, o CEFET/RJ cresce na perspectiva de interiorização das
suas atividades e no ano de 2005 implanta o sistema Multicampi. A implantação desse sistema
demanda ações de organização administrativa e também o constante diálogo do CEFET/RJ
com o MEC, representantes do Governo Estadual e Municipal, empresas públicas e privadas.
Essa integração do CEFET/RJ com seus stakeholders visa à concretização dos campi
localizados próximos aos arranjos produtivos locais e o aumento da possibilidade de
implantação de parcerias.
A Figura IV.1 mostra os principais APL’s – Arranjos Produtivos Locais do Estado do Rio
de Janeiro, os quais serviram de referencial para a expansão do CEFET/RJ.
45

Figura IV.1 Principais APL’s do Estado do Rio de Janeiro


Fonte: SEBRAE / RJ

A partir da implantação do sistema Multicampi, o CEFET/RJ mantém a sua sede na


Cidade do Rio de Janeiro (bairro Maracanã) e estende as suas atividades acadêmicas para
outras localidades por meio dos diversos campi:

 Campus Nova Iguaçu  Bairro Santa Rita – Município de Nova Iguaçu;


 Campus Maria da Graça  Bairro Maria da Graça – Município do Rio de
Janeiro;
 Campus Petrópolis  Centro – Município de Petrópolis;
 Campus Nova Friburgo Bairro Prado – Município de Nova Friburgo;
 Campus Itaguaí  Distrito Industrial de Itaguaí – Município de Itaguaí;
 Núcleo Avançado de Valença Bairro Belo Horizonte – Município de Valença;
 Campus Angra dos Reis Bairro Parque Mambucaba – Município de Angra dos
Reis.
46

A Figura IV. 2 mostra a localização dos diversos campi do CEFET/RJ no Estado do Rio
de Janeiro:

Campus Nova Friburgo

Campus Petrópolis

Núcleo avançado de Valença

Campus Nova Iguaçu

SEDE – Maracanã
Campus Angra dos Reis

Campus Maria da Graça


Campus Itaguaí

Figura IV. 2 Sistema Multicampi - CEFET/RJ


Fonte: PDI (2010)

A instituição cresceu potencialmente na perspectiva de interiorização das atividades


acadêmicas e vai ao encontro da sua missão institucional. Visa a continuar ministrando o
ensino verticalizado da educação profissional em todos os níveis, desenvolvendo pesquisas e
promovendo atividades de extensão nas mesorregiões do Estado do Rio de Janeiro (PDI,
2010).

IV.3.4 – Ensino, pesquisa e extensão

Com a expansão das unidades de ensino, aumenta a oferta de cursos e a implantação


de novas habilitações técnicas e oportunidades de graduação.
A Tabela IV.4 mostra quais são os cursos (nos diversos níveis de ensino) que são
oferecidos no CEFET/RJ (PDI, 2010):
47

Tabela IV. 4 Cursos oferecidos no CEFET/RJ


SEDE - MARACANÃ
Ensino Médio
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Infraestrutura Edificações
Estradas
Ambiente, Saúde e Segurança Meteorologia
Segurança do Trabalho
Controle e Processos Industriais Segurança do Trabalho (EaD)
Eletrônica
Eletrotécnica
Mecânica
Informação e Comunicação Informática
Telecomunicações
Gestão e Negócios Administração
Turismo e Hospitalidade Turismo e Entretenimento
Superiores de Tecnologia
Eixo Tecnológico Técnico em
Meio Ambiente e Tecnologia da Saúde Gestão Ambiental
Informática e Telecomunicação Sistemas para Internet
Bacharelado
Administração Industrial
Engenharia de Produção
Engenharia Industrial Elétrica (Eletrotécnica)
Engenharia Industrial Elétrica (Eletrônica)
Engenharia Industrial Elétrica (Telecomunicações)
Engenharia Industrial Mecânica
Engenharia Industrial de Controle e Automação
Engenharia Civil

Campus NOVA IGUAÇU


Ensino Médio
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Ambiente, Saúde e Segurança Enfermagem
Controle e Processos Industriais Eletromecânica
Informação e Comunicação Informática
Telecomunicações
48

Bacharelado

Engenharia de Produção
Engenharia Industrial de Controle e Automação
Campus MARIA DA GRAÇA
Ensino Médio
(Convênio com Secretaria Estadual de Educação: Colégio Estadual Prof. Horácio Macedo)
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Ambiente, Saúde e Segurança Segurança do Trabalho
Controle e Processos Industriais Automação Industrial
Manutenção Automotiva
Campus PETRÓPOLIS
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Informação e Comunicação Telecomunicações – TV Digital
Superior em Tecnologia
Eixo Tecnológico Técnico em
Hospitalidade e Lazer Gestão de Turismo
Licenciatura
Física
Campus NOVA FRIBURGO
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Informação e Comunicação Informática
Superior em Tecnologia
Eixo Tecnológico Técnico em
Hospitalidade e Lazer Gestão de Turismo
Licenciatura
Física
Campus ITAGUAÍ
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Infraestrutura Portos
Controle e Processos Industriais Mecânica
Bacharelado
Engenharia Mecânica
49

Campus ANGRA DOS REIS


Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Controle e Processos Industriais Mecânica
Bacharelado
Engenharia Mecânica
Núcleo Avançado de VALENÇA
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Produção Alimentícia Agroindústria
Informação e Comunicação Informática
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil)
Técnico em Segurança do Trabalho
Universidade Aberta do Brasil (UAB)
Especialização em Educação Tecnológica

Fonte: Elaboração da própria autora baseada no PDI (2010)

A educação profissional técnica de nível médio possui organização curricular própria e


independente do ensino médio e segue as diretrizes dos parâmetros curriculares. Valoriza a
integração dos conteúdos de formação geral com os de caráter específicos da habilitação
profissional e mantém o embasamento técnico-científico, histórico, cultural e social para a
atuação no mundo corporativo (PDI, 2010).
O CEFET/RJ reorganizou seus cursos técnicos, em cumprimento ao Decreto 2.208/97,
de modo a oferecê-los tanto de forma concomitante ao ensino médio, quanto sequencial a esse
nível de ensino (PORTAL CEFET/RJ, 2011)
Os cursos de graduação (bacharelado, licenciatura e superior de tecnologia) também
seguem as diretrizes dos parâmetros curriculares, conforme respectiva legislação. Seguindo o
princípio da verticalização do ensino, o CEFET procura ofertar cursos de graduação nas
diversos campi de acordo com as necessidades das respectivas regiões (ibidem).
Com objetivo de levar educação para regiões distantes das instituições de ensino e para
a periferia das grandes cidades, o CEFET/RJ dá um importante passo na democratização do
acesso ao ensino técnico e também ao ensino superior público e gratuito. Oferece ensino à
distância em duas modalidades:

 Formação profissional técnica de nível médio – curso Técnico de Segurança do


Trabalho, no âmbito da e-Tec Brasil – Escola Técnica Aberta do Brasil. Tem como
50

objetivos formar Técnicos em Segurança do Trabalho que se articulem com as


necessidades do meio ambiente e da saúde do trabalhador e atenda à demanda
do mercado de trabalho. (Ibidem);

 Pós-Graduação Lato Sensu – especialização em Educação Tecnológica, no


âmbito da UAB – Universidade Aberta do Brasil. Em parceria com a CECIERJ –
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do Rio
de Janeiro, tem como foco principal questões diretamente relacionadas ao
processo de ensino-aprendizagem, à prática reflexiva do fazer pedagógico, no
âmbito da complexa discussão acerca do conceito de tecnologia (Ibidem).

As atividades de pesquisa e ensino de pós-graduação do CEFET/RJ, formalizada em


1986 com a criação do Núcleo de Pesquisa Tecnológica, está sendo construída de forma
gradativa e consistente a partir das competências institucionais, considerando as políticas de
pesquisa e desenvolvimento do país. Tem como elemento norteador a sustentabilidade global,
e abrange as dimensões sociais, culturais, econômicas e ambientais. Sua atuação está focada
no desenvolvimento local e regional, considerando ainda as demandas do país como um todo.

O primeiro contato formal dos alunos dos cursos de graduação e de educação


profissional de nível técnico com as atividades de pesquisa ocorre por meio da participação no
PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e no PIBIT – Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Tecnológica, respectivamente, com bolsas financiadas pelo
CNPq e pelo próprio CEFET/RJ (ambos regulamentados pela Resolução Normativa
RN-017/2006). O ingresso nesses programas se dá mediante edital de seleção e o
acompanhamento e a avaliação dos programas são realizados por um comitê interno e
externo, de acordo com as regras definidas pelo órgão de fomento. A política de
institucionalização das atividades de pesquisa no Centro estende-se a todos os campi, pois
responde ao objetivo de contribuir para o avanço do conhecimento e para a solução de
problemas do setor produtivo e de desenvolvimento regional nas áreas onde atua (Ibidem).

As Figuras IV. 2 e IV. 3 apresentam a evolução da quantidade de bolsas do PIBIC e


PIBIT e a fonte de recursos:
51

Figura IV. 3 – Evolução das bolsas do PIBIC


Fonte: Portal CEFET/RJ (2011)

Figura IV. 4 – Evolução das bolsas do PIBIT


Fonte: Portal CEFET/RJ (2011)
52

O CEFET/RJ oferece cursos de Pós-Graduação Lato Sensu, os quais se destinam à


qualificação de profissionais nas diversas áreas de conhecimento dentro de uma perspectiva
de educação continuada. Os cursos oferecidos são (Ibidem):
 Educação e Contemporaneidade;
 Trabalho, Tecnologia e Educação;
 Educação Tecnológica (Universidade Aberta do Brasil – UAB);
 Relações Etnicorraciais e Educação: Uma Proposta de (RE) Construção do
Imaginário Social;
 Letramento(s) e Práticas Educacionais;
 Ensino de Línguas Estrangeiras (ênfase em Língua Inglesa e Espanhola);
 Cultura(s) na América Latina: por uma Educação do Olhar;
 Gestão Patrimonial e ambiental em Turismo;
 Novas Tecnologias aplicadas ao estudo de Biossistemas.

Em 1992, o CEFET/RJ inicia o primeiro programa de pós-graduação Stricto Sensu, com


o curso de Mestrado em Tecnologia, que começa a ser ministrado experimentalmente, de
acordo com a legislação vigente à época, pleiteando em seguida a avaliação da CAPES –
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior. A pós-graduação Stricto
Sensu do CEFET/RJ tem como principal finalidade a ampliação da base do conhecimento
científico e a qualificação de pessoal, visando à atividade docente e às atividades de pesquisa
e desenvolvimento. Atualmente o CEFET/RJ possui seis programas de pós-graduação Stricto
Sensu reconhecidos pela CAPES, conforme descrito na Tabela IV.5. Todos oferecidos
somente na sede (Ibidem):

Tabela IV. 5 - Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu – CEFET/RJ

PROGRAMA CURSO DE MESTRADO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO


PPTEC Tecnologia  Tecnologia, Gestão e
Inovação
PPECM Ensino de Ciências e Matemática  Matemática
 Física
PPEMM Engenharia Mecânica e Tecnologia dos  Mecânica dos Sólidos e
Materiais Materiais
PPEEL Engenharia Elétrica  Sistemas de Comunicação
 Sistemas Eletrônicos
Industriais
PPCTE Ciência, Tecnologia e Educação  Ciência, Tecnologia e
Educação
PPRER Relações Etnicorraciais  Relações Etnicorraciais

Fonte: Elaboração da própria autora


53

As atividades de extensão do CEFET/RJ ocorrem em consonância com as diretrizes de


desenvolvimento das atividades de ensino e de pesquisa e pós-graduação. Também
acompanham as definições contidas no Plano de Extensão das Universidades Públicas
Brasileiras, elaborado e aprovado pelo FORPROEX – Fórum de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Públicas Brasileiras, do qual esse Centro participa com direito a vez e voto. De
forma geral, as atividades de extensão do CEFET/RJ englobam programas, projetos, cursos,
eventos (realização de congressos, seminários, exposições, feiras, apresentações artísticas,
entre outros), prestação de serviços, produção e publicação e outros produtos acadêmicos
relacionados a diversas áreas. São atividades de extensão do CEFET/RJ (PDI, 2010):

 Programa Turma Cidadã;


 Empresa CEFET JR;
 Time Sife;
 Núcleo de Empreendedorismo e Tecnologias Sociais (NETS);
 Atividades da Semana de Extensão (EXPOTEC e EXPOSUP);
 Feira de Estágio e Emprego (FE&E);
 Incubadora de Empresas Tecnológicas (IETEC);
 Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP).

IV.3.5 – Processo de seleção dos alunos

Para ingressar no CEFET/RJ, os alunos participam do processo seletivo que é feito por
meio de concursos que são divulgados periodicamente em editais públicos, os quais
descrevem todas as normas do referido processo. É importante atentar para o segmento de
ensino que se quer ingressar, pois o processo de seleção possui regras diferenciadas:

 Ensino médio e educação profissional técnica de nível médio – O processo de


seleção é aberto a qualquer pessoa que apresente como escolaridade mínima o
ensino fundamental completo ou esteja cursando o 9º ano (antiga 8ª série) desse
nível de ensino. Abrange as áreas de conhecimento da base nacional comum dos
currículos do ensino fundamental (PORTAL CEFET/RJ, 2011);
 Educação profissional técnica de nível médio sequencial ao ensino médio – O
processo seletivo está aberto a qualquer pessoa que esteja cursando, no mínimo,
a 2ª série do ensino médio no ano do concurso, ou já tenha concluído esse nível
de ensino. Abrange conteúdos relativos à base comum dos currículos do ensino
médio (Ibidem);
54

 Graduação – O processo de seleção está aberto aos portadores do certificado de


conclusão do ensino médio ou de curso equivalente, aos portadores de diploma
de curso superior e, ainda, aos que estejam completando o ensino médio até o
mês de dezembro do ano do concurso. O CEFET/RJ aprovou a adesão integral
ao SISU – Sistema de Seleção Unificada, utilizando o ENEM – Exame Nacional
de Ensino Médio, como fase única de seleção, substituindo o vestibular
tradicional, anteriormente realizado pelo próprio Centro (Ibidem);
 Pós-Graduação – Para ingressar nos cursos de pós-graduação, é necessário
observar o critério de seleção de cada programa. Os mesmos são publicados no
home page dos referidos programas, no Portal CEFET/RJ (Ibidem).

IV.3.6 – Integração entre a educação básica e a educação profissional

Conforme determinação da Lei 11.741/08 já descrita no capítulo II desta pesquisa, a


educação profissional técnica de nível médio tem que ser desenvolvida de forma articulada
com o ensino médio, com objetivo de proporcionar a integração da educação básica à
educação profissional. No CEFET/RJ, essa articulação ocorre de forma diferenciada conforme
mostra a Tabela IV.6:

Tabela IV.6 Articulação da educação profissional técnica de nível médio com o ensino
médio - CEFET/RJ
CEFET/RJ FORMA DE ARTICULAÇÃO
Sede (Maracanã) Concomitância interna / Concomitância Externa
Campus Nova Iguaçu Integrada / Concomitância interna
Campus Maria da Graça Concomitância externa 3
Campus Petrópolis Concomitância externa
Campus Nova Friburgo Concomitância externa
Campus Itaguaí Concomitância externa
Núcleo avançado de Valença Concomitância externa
Campus Angra dos Reis Concomitância externa

Fonte: Elaboração da própria autora baseada em informações obtidas junto à Coordenação


Geral da educação profissional técnica de nível médio.

[3 - A educação profissional técnica de nível médio é oferecida pelo CEFET/RJ e o ensino médio é oferecido pelo Colégio Estadual
Prof. Horácio Macedo, entretanto, as duas instituições de ensino funcionam no mesmo espaço físico].
55

Por meio de entrevistas efetuadas com a Coordenação do ensino médio e com a


Coordenação Geral da educação profissional técnica de nível médio, ambos da sede do
CEFET/RJ, foi possível colher informações que contribuíram para melhor entendimento sobre a
situação atual da integração desses segmentos de ensino nessa instituição. Alguns cursos da
educação profissional técnica de nível médio trabalham em conjunto ao ensino médio com o
objetivo de planejar os diversos tipos de conhecimento necessários para a efetiva integração,
porém, isso não acontece com todos os cursos.
Ainda segundo os entrevistados, entretanto, quase 100% dos alunos que completam o
ensino médio conseguem um ótimo aproveitamento no ENEM e ingressam nos cursos de
graduação de diversas instituições públicas de ensino superior, inclusive no próprio CEFET/RJ.
Isso acontece em função do alto comprometimento dos alunos que buscam incessantemente
obter êxito ao final da educação básica. Para a grande maioria dos estudantes dessa
instituição, o acesso ao ensino superior representa uma das possibilidades de ingresso no
mercado de trabalho em patamares corporativos mais elevados e consequentemente a
respectiva inclusão no ambiente socioeconômico do país.
Com o objetivo de promover a formação integral de profissionais e melhorar o processo
de articulação entre o ensino médio e a educação profissional de ensino médio, o CEFET/RJ
(sede) está elaborando uma proposta para integrar os currículos desses segmentos de ensino,
a partir de 2013, e oferecer a educação integrada (currículo integrado) prevista pela Lei
11.741/08.
Vale ressaltar que a análise dessa proposta não faz parte do escopo desta pesquisa.

IV.3.7 – Acompanhamento dos alunos egressos no mercado de trabalho

O acompanhamento dos alunos egressos representa uma constante atenção às


demandas do mercado de trabalho, visando à convergência entre excelência de formação e
responsabilidade social. Segundo o PPI (2010):

“[...] o acompanhamento de egressos associa-se a estratégias que


fortalecem os laços entre mercado e instituição de ensino, cuja
interação possibilita a constante revisão de métodos e conceitos, e a
atualização de conteúdos e práticas em face das exigências do mundo
produtivo.”

Esse acompanhamento é de suma importância, pois é possível identificar na sociedade,


por meio deste, a repercussão da educação profissional e também a formação integral, crítica,
reflexiva e cidadã oferecida pela instituição. Entretanto, O CEFET/RJ reconhece que essa
atividade precisa ser intensificada (Ibidem).
56

IV.3.8 – Avaliação institucional

No âmbito da autoavaliação, a CPA – Comissão Própria de Avaliação atua na


elaboração de diagnóstico institucional, cujo objetivo é a elaboração de relatórios que
descrevem a realidade da instituição em seus diversos aspectos. Esse instrumento além de
reorientar o desenvolvimento das atividades institucionais, também subsidia as atividades de
avaliação externa (PPI, 2010).
O CEFET/RJ também é submetido a processos distintos de avaliação institucional
efetuado pelo MEC de acordo com os níveis de ensino.
O segmento referente ao ensino médio é avaliado por meio do desempenho dos alunos
no ENEM (exame realizado anualmente). Conforme informações obtidas junto ao INEP –
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2010), a principal
finalidade desse exame é a avaliação do desempenho escolar e acadêmico ao fim da
educação básica. As informações obtidas a partir dos resultados do ENEM são utilizadas para
acompanhamento da qualidade do ensino médio no país, para implantação de políticas
públicas, criação de referência nacional para o aperfeiçoamento dos currículos do ensino
médio, desenvolvimento de estudos e indicadores sobre a educação brasileira e
estabelecimento de critérios de acesso do participante a programas governamentais. O ENEM
tem sido usado com sucesso também como mecanismo de acesso à educação superior nos
programas do Ministério da Educação: SISU – Sistema de Seleção Unificada e PROUNI –
Programa Universidade para Todos.
De acordo com a mesma fonte de informação, 100% dos alunos matriculados na 3ª série
do ensino médio do CEFET/RJ foram avaliados pelo ENEM e 97% foram aprovados nesse
exame. A nota média dessa instituição de ensino foi de 684,99, enquanto que a nota média
nacional foi de 511,21. Para o INEP, a divulgação das médias das instituições de ensino tem se
tornado um importante elemento de mobilização em favor da melhoria da qualidade do ensino,
auxiliando a comunidade acadêmica na reflexão crítica sobre o processo educacional no
âmbito da escola, bem como subsidiando políticas educacionais.
O CEFET/RJ como instituição de ensino superior, também é avaliado pelo SINAES –
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Segundo o Portal INEP (2011), os
principais indicadores e conceitos de qualidade da educação superior são:
ENADE – Avalia a aprendizagem dos alunos dos cursos de graduação em relação ao
conteúdo previsto nas diretrizes curriculares do respectivo curso, suas habilidades e
competências. Desde a edição de 2011, somente os alunos concluintes dos cursos avaliados
participam do ENADE. Os resultados são considerados na composição de índices de qualidade
de cursos e instituições, como o CPC – Conceito Preliminar de Curso e o IGC – Índice Geral de
Curso. O exame é realizado anualmente, sendo que, a cada três anos, o INEP define os cursos
57

de uma área do conhecimento: (1) saúde, ciências agrárias e áreas afins; (2) ciências exatas,
licenciaturas e áreas afins, e (3) ciências sociais aplicadas, ciências humanas e áreas afins.
O CPC é um índice que avalia os cursos de graduação. Os instrumentos que subsidiam
a produção de indicadores de qualidade dos cursos são o ENADE, conforme citado
anteriormente, e as avaliações feitas por especialistas diretamente na instituição de ensino
superior. Quando visitam uma instituição, os especialistas verificam: as condições de ensino,
em especial aquelas relativas ao corpo docente, às instalações físicas e à organização
didático-pedagógica.
O IGC é calculado anualmente com base no CPC e na nota CAPES – Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que avalia os programas de pós-graduação.
Após o cálculo desses índices, é gerado um único indicador que expressa a qualidade de todos
os cursos de graduação e pós-graduação Stricto Sensu (mestrado e doutorado) de cada
instituição. O resultado final é expresso em conceitos, com pontuação variável de um a cinco
pontos. Uma instituição que obtenha de três a cinco pontos atende de forma satisfatória; abaixo
dessa pontuação é considerada insatisfatória.

A Tabela IV. 7 mostra a avaliação obtida pelo CEFET/RJ junto ao SINAES no ano de
2011 (PORTAL INEP, 2012):

Tabela IV. 7 Avaliação do CEFET/RJ – SINAES 2011

Qdte. cursos
Sigla da Categoria
Ano avaliados nos IGC
IES Administrativa
últimos 3 anos
2011 CEFET/RJ Pública 12 3

Fonte: Elaboração da própria autora baseado no relatório – Resultado SINAES 2011 (PORTAL
INEP, 2012).

A prática avaliativa atualmente se constitui como elemento de fundamental importância


para a manutenção e desenvolvimento da qualidade da educação oferecida, tanto por
estabelecimentos públicos quanto privados. É nesse contexto que a avaliação é considerada
um relevante instrumento institucional no CEFET/RJ (PPI, 2010).

Após conhecer as principais atividades da instituição CEFET/RJ no atual cenário de


desenvolvimento de profissionais que atendam às demandas socioeconômicas e ambientais, é
oportuno entender como o campus Itaguaí está desenvolvendo suas atividades para atingir seu
objetivo como instituição de ensino profissional, científica e tecnológica.
58

V – CEFET/RJ – CAMPUS ITAGUAÍ

V.1 – Projeto de implantação

De acordo com informações obtidas com a Diretoria Geral do CEFET/RJ e com o Diretor
dessa unidade de ensino, o campus Itaguaí surgiu a partir do diálogo estabelecido por essa
instituição educacional com representantes do Governo Municipal (Prefeitura de Itaguaí) e uma
empresa privada do ramo da mineração. O diálogo iniciou a partir da empresa mineradora que
necessitava de profissionais qualificados para atuar na área portuária, especialmente na região
da Costa Verde (litoral sul do Estado do Rio de Janeiro).
A região da Costa Verde, mais especificamente, o Município de Itaguaí, atualmente tem
como principal atividade econômica o porto – Porto de Itaguaí. Empresas do ramo da siderurgia
e do segmento portuário têm novos projetos em andamento e pretendem iniciar novas
atividades nessa região a partir de 2013. Esse município também se localiza próximo ao
Distrito Industrial de Santa Cruz (bairro localizado na zona oeste do Município do Rio de
Janeiro), onde estão instaladas várias empresas de grande porte.
Em função da grande expansão econômica que vem acontecendo nos últimos anos,
especialmente no segmento portuário, responsável por gerar grande demanda de mão de obra
qualificada, no ano de 2008, o CEFET/RJ concretizou a parceria com a Prefeitura Municipal de
Itaguaí (RJ) e com a empresa privada do ramo de mineração instalada na mesma região para
implantar o campus Itaguaí. Tal parceria contou ainda com a participação da FRET - Fundação
Rotária de Educação para o Trabalho que foi a responsável pela gestão financeira do projeto,
intermediando todo o repasse de verba necessário entre os envolvidos na parceria. A
participação da FRET foi aprovada pelo Conselho Diretor do CEFET/RJ por meio da Resolução
nº 08/08. A Prefeitura Municipal de Itaguaí doou um terreno de 8.174,19 m2, localizado à
Rodovia Mário Covas, lote J2, quadra J – Distrito Industrial de Itaguaí. A empresa mineradora
contribuiu com a quantia de aproximadamente R$ 12.000.000,00 para a construção das
instalações físicas e o CEFET/RJ se responsabilizou pela estrutura educacional do campus
(CEFET/RJ, 2008).

O projeto previa a construção de uma estrutura física composta por auditório, biblioteca,
laboratórios com equipamentos de alta tecnologia, salas de aula, ambientes administrativos e
ainda uma ampla área para estacionamento e jardinagem. A ideia inicial era começar as
atividades do campus Itaguaí com o curso Técnico em Portos (educação profissional técnica de
nível médio – modalidade subsequente – eixo tecnológico: infraestrutura do Catálogo Nacional
de Cursos Técnicos) e mais tarde expandir as atividades desse campus implantando também
o curso Técnico em Mecânica (educação profissional técnica de nível médio – modalidade
59

concomitância externa – eixo tecnológico: controle e processos industriais do Catálogo


Nacional de Cursos Técnicos) e o curso de Engenharia Industrial Mecânica (educação
profissional de nível superior), pois esses foram considerados prioritários pelos diversos
stakeholders da região, em função da escassez desses profissionais no mercado de trabalho
local.

A princípio, o campus Itaguaí foi mantido com recursos financeiros da sede (CEFET/RJ –
Maracanã) e atualmente possui recursos próprios, provenientes da SETEC/MEC, e quadro de
pessoal próprio com previsão de 60 docentes até 2015. O corpo docente para atuar nesse
campus inicialmente foi composto por três professores transferidos do CEFET/RJ (sede). A
expansão do quantitativo de professores ocorreu concomitantemente ao inicio e
desenvolvimento das atividades, por meio de concurso público (Ibidem).

O objetivo desse campus é qualificar profissionalmente moradores da região e assim


contribuir para a respectiva integração ao ambiente socioeconômico do município (inclusão
social), possibilitando também o desenvolvimento sustentável da Costa Verde.

V.2 – Relação com os stakeholders

As organizações precisam estar atentas ao ambiente onde estão inseridas e manter um


processo de adaptação constante para ter êxito nas suas atividades, conforme afirma
Donaldson (2007):

(...) “as características organizacionais refletem a influência do


ambiente em que a organização está inserida. E para ser efetiva, a
organização precisa adequar sua estrutura a seus fatores
contingenciais e assim ao ambiente. Portanto, a organização é vista
como se adaptando a seu ambiente.”

O autor desta pesquisa elaborou a Tabela V.1, contendo os principais stakeholders do


campus Itaguaí, considerando a classificação de Althkinson e Waterhouse (1997 apud
CALIXTO, 2010) e Campbell (1997 apud MARTINS, 2001) e também a experiência vivida e
compartilhada no ambiente da pesquisa.
60

Tabela V.1 Principais stakeholders do campus Itaguaí

Classificação
Classificação O que o
dos
Stakeholders do Papel dos dos stakeholder
stakeholders
CEFET/RJ stakeholders na stakeholders espera do
(Altkinson e
campus Itaguaí região (Campbell, CEFET/RJ
Waterhouse,
1997) campus Itaguaí
1997)
Desenvolve suas
atividades com
objetivo de atingir a
Empresas
sustentabilidade
(Indústrias,
corporativa e Mão de obra
comércio e Secundário Passivo
consequentemente qualificada
terminais
possibilitar o
portuários)
desenvolvimento
social, econômico e
ambiental.

Promoção de
educação
profissional,
Elabora políticas
científica e
educacionais do
tecnológica de
Secretaria de município, coordena
qualidade, como
Educação do a implantação e
Secundário Passivo opção de educação
Município de avalia os resultados a
continuada e
Itaguaí fim de garantir a
consequentemente
qualidade da
integração da
educação local.
população local no
ambiente
corporativo.

Promoção de
educação
profissional,
Promove a produção científica e
e desenvolvimento de tecnológica de
conhecimento teórico qualidade, como
Escolas
e/ou prático, além de Secundário Passivo opção de educação
possibilitar a relação continuada e
social entre seus consequentemente
membros. integração da
população local no
ambiente
corporativo.

Procura o
autodesenvolvimento Qualificação
através da sua profissional,
participação nas possibilitando
População Primário Ativo
relações sociais integração ao
(empresas e ambiente
instituições corporativo.
educacionais)
61

Conquista do
autodesenvolvi-
mento por meio da
qualificação
Busca educação
profissional visando
Alunos do continuada com
Primário Ativo à inserção no
CEFET objetivo do
mercado de
autodesenvolvimento.
trabalho formal da
região e
consequentemente
a inclusão social.

Possibilidade de
aperfeiçoamento
Sistematiza e
constante com
transmite conteúdos,
objetivo de
além de
aprimorar as
desempenhar o papel
Corpo Docente atividades
de mediador do Primário Ativo
CEFET docentes, bem
conhecimento, de
como obter retorno
forma a possibilitar o
financeiro
desenvolvimento dos
compatível com a
alunos.
atividade
desenvolvida.

Possibilidade de
aperfeiçoamento
constante com
objetivo de
Apoia a comunidade aprimorar as
CEFET de forma a atividades diárias,
Administrativos possibilitar o alcance bem como,
Primário Ativo
CEFET dos objetivos crescimento
propostos pela profissional, além
Direção Geral. de retorno
financeiro
compatível com a
atividade
desenvolvida.

Implanta cursos que


Integração da
atendam às
comunidade local
necessidades da
ao ambiente
população e também
socioeconômico de
do mercado de
Direção CEFET Primário Ativo Itaguaí,
trabalho, permitindo
contribuindo para o
assim melhoria nas
desenvolvimento
relações sociais e
sustentável da
desenvolvimento
região.
sustentável.

Integração da
Define políticas comunidade local
públicas ao ambiente
educacionais socioeconômico de
MEC objetivando a Primário Ativo Itaguaí,
sustentabilidade contribuindo para o
social, econômica e desenvolvimento
ambiental sustentável da
região.
Fonte: Elaboração da própria autora
62

Acredita-se que a partir do conhecimento dos principais stakeholders do campus Itaguaí,


do grau de envolvimento e das respectivas expectativas, é possível obter informações que
ajudarão a identificar os principais fatores organizacionais que precisam se adaptar às novas
exigências do mercado onde essa instituição de ensino está sendo inserida, e assim garantir o
sucesso das suas atividades, observando a sustentabilidade como norteador do processo.

V.3 – Início das atividades

Como a demanda de profissionais qualificados para atuar principalmente na área


portuária da região era e continua sendo muito grande, A Diretoria Geral do CEFET/RJ e o
Diretor do campus Itaguaí decidem juntamente com os demais membros da parceria formada,
iniciar imediatamente suas atividades, mesmo sem estrutura física própria. Sendo assim, em
junho de 2008, o campus Itaguaí foi instalado provisoriamente no Centro Educacional de
Itaguaí (espaço cedido pela prefeitura local) e providenciou junto ao MEC a contratação
imediata (por meio de concurso público) de quatro novos docentes para atuar no curso Técnico
em Portos. Após consolidado o corpo docente para iniciar as atividades (agosto/2008), foi
providenciada a seleção dos alunos (também por meio de concurso público) para o curso
Técnico em Portos, onde 841 candidatos (apenas da região da Costa Verde) foram inscritos
para concorrer as 40 vagas oferecidas para o turno da noite. Em 15 de setembro de 2008,
aconteceu a aula inaugural da 1ª turma do curso Técnico em Portos do Estado do Rio de
Janeiro.

De acordo com informações da Diretoria Geral do CEFET/RJ, a definição do 1º curso do


campus está diretamente relacionada à necessidade da empresa mineradora participante da
parceria e também ao atendimento da demanda de mão de obra local. Essa empresa
mineradora necessitava de profissionais para atuar na área portuária e a mesma já tinha uma
parceria com o CEFET/ES e CEFET/MA (atualmente Institutos Federais), ou seja, nessas
outras unidades já existia o curso Técnico em Portos com a proposta pedagógica estruturada e
que foi adotada também pelo CEFET/RJ – campus Itaguaí. É importante ressaltar que o
campus Itaguaí não tem como objetivo qualificar profissionais da empresa mineradora, e sim
qualificar profissionais que podem ser contratados também por essa empresa, bem como, por
outras existentes na região.

Segundo informações recebidas pela Diretoria do campus, após consolidado o Curso de


Técnico em Portos, em 2009, essa Diretoria, juntamente com a Diretoria Geral do CEFET/RJ e
com a autorização do MEC, decidiram expandir as atividades desse campus, implantando os
cursos considerados prioritários para o mercado de trabalho da região. De acordo com a
mesma fonte de informação, esse procedimento visou a aproveitar o potencial de
63

desenvolvimento, a proximidade com APL - Arranjos Produtivos Locais e a possibilidade de


parcerias e infraestrutura existentes.
Também nessa época, foi realizado outro concurso público para aumentar o quantitativo
de professores efetivos do campus.
É importante citar que a implantação, e a expansão das atividades do campus Itaguaí,
fazem parte das políticas públicas de qualificação profissional e tecnológica definidas pelo MEC
e inserem-se nas ações do PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação do Governo
Federal (PORTAL CEFET/RJ, 2011).
O campus Itaguaí foi inaugurado simbolicamente em 01 de fevereiro de 2010, em
Brasília, pelo então Presidente da República juntamente com o Diretor Geral do CEFET/RJ e o
Diretor do respectivo campus. Foi considerada como uma das escolas orientadas pelo conceito
de cidade-polo, que tem como referência o conjunto de municípios de mesorregiões. (Ibidem).

V.4 – Estruturas física, acadêmica e administrativa

Em 17 de dezembro de 2010, as instalações físicas definitivas do campus Itaguaí foram


inauguradas. A cerimônia, realizada no auditório, contou com a presença da Direção-Geral e
de dirigentes do CEFET/RJ, com o representante do MEC, com o prefeito do Município de
Itaguaí, o prefeito do Município de Mangaratiba, a secretária municipal de Educação e Cultura
de Itaguaí, com executivos da empresa mineradora participante da parceria, entre outros
convidados. Coincidentemente, nessa mesma época, a primeira turma do curso Técnico em
Portos concluiu o curso (dois anos de duração). Sendo assim, a data de 17 de dezembro de
2010 foi marcada por dois grandes eventos, a inauguração das instalações físicas do campus e
a formatura da primeira turma do curso Técnico em Portos do Estado do Rio de Janeiro
(PORTAL CEFET/RJ, 2011).
Composto por três blocos de dois andares, com rampas de acesso e uma ampla área
para estacionamento e jardinagem, o campus Itaguaí está organizado fisicamente conforme a
Tabela V.2.

Tabela V.2 Estrutura física – campus Itaguaí


QUANTIDADE DESCRIÇÃO
12 Salas de aula
20 Laboratórios
01 Biblioteca
01 Auditório
12 Ambientes administrativos
01 Refeitório
12 Banheiros
64

QUANTIDADE DESCRIÇÃO
01 Vestiário
Espaços de convivência (cantina e área para
-
reprodução de cópias)

Fonte: Elaboração da própria autora com base nas informações obtidas no


respectivo campus.

Quase todos os ambientes estão prontos para efetiva utilização, pois os espaços de
convivência e alguns laboratórios ainda estão em fase de conclusão. A Figura V.1 mostra a
atual estrutura física do campus Itaguaí:

Figura V.1 Estrutura física do campus Itaguaí


Fonte: Acervo fotográfico do campus Itaguaí

As atividades acadêmicas e administrativas estão sendo desenvolvidas com a estrutura


descrita na Tabela V.3.
Tabela V.3 Campus Itaguaí em números
DESCRIÇÃO QDTE
Com doutorado 2
Professores Efetivos = 19
Com mestrado 12
Com especialização 3
Com graduação 2
Professores Temporários = 3 Com mestrado 2
Com graduação 1
Cursos = 3 Técnico em Mecânica (diurno) 1
Técnico em Portos (noturno) 1
Bacharelado em Engenharia Industrial
1
Mecânica (noturno)
65

DESCRIÇÃO QDTE
Alunos = 471 Curso Técnico em Mecânica (Nível Médio) 175
Curso Técnico em Portos (Pós-Médio) 139
Curso de Engenharia Industrial Mecânica 157
(Graduação)
Administrativos 15

Fonte: Elaboração da própria autora com base nas informações obtidas com a Gerência
Acadêmica do campus

Cabe aqui ressaltar que quatro professores, além de ministrarem as aulas nos
respectivos cursos, exercem funções administrativas. São eles: O Diretor do campus, o
Gerente Acadêmico, o Coordenador do curso Técnico em Portos e o Coordenador da área de
Mecânica (nível técnico e graduação). Também é oportuno citar que um professor efetivo
trabalha em regime de 20 horas semanais e os demais no regime de dedicação exclusiva.

V.5 – Estrutura organizacional

De acordo com informações obtidas, por meio de entrevista com a Gerência Acadêmica,
o campus Itaguaí ainda se encontra em processo de estruturação. Desde o início das suas
atividades (setembro/2008), novos funcionários estão sendo contratados por meio de concurso
público, contratos temporários e transferências do CEFET/RJ (sede) para compor a estrutura
organizacional.
Atualmente o campus Itaguaí está organizado conforme a Figura V.2:

DIRETORIA

CONSELHO DE
DESENVOLVIMENTO DO
CAMPUS

GERÊNCIA GERÊNCIA
ACADÊMICA ADMINISTRATIVA

COORDENAÇÃO COORDENAÇÃO
DE PORTOS DE MECÂNICA

DIVISÃO DE
DIVISÃO DE APOIO DIVISÃO DE ALMOXARIFADO E DIVISÃO DE
BIBLIOTECA
PEDAGÓGICO COMPRAS PATRIMÔNIO INFRAESTRUTURA

Figura V.2 Organograma – campus Itaguaí


Fonte: Gerência Acadêmica – campus Itaguaí
66

V.6 – Ensino, pesquisa e extensão

Para cumprir sua missão institucional, o campus Itaguaí oferece os seguintes cursos:

 Técnico em Portos:
Oferecido na modalidade subsequente, a educação profissional técnica de nível médio
proporciona a habilitação profissional aos alunos egressos do ensino médio, conforme
determinação da Lei 11.741/08, artigo 36-B. Implantado em 2008 e estruturado conforme
definições do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos do MEC. O mesmo pertence ao eixo
tecnológico – infraestrutura e possui as seguintes características (CEFET, 2008):
 Carga Horária: 1.280 horas (4 períodos semestrais);
 Estágio Supervisionado: 360 horas;
 Organização Curricular: Elaborada em consonância com a Lei de Diretrizes e
Bases – LDB nº 9.394/96; Decreto nº 90.922 de 06/02/1985, que regulamenta a
Lei nº 5.524, de 05/11/1968, que dispõe sobre o exercício da profissão, segundo o
CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e o CREA - Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia. A matriz curricular foi confeccionada de
acordo com as habilidades e bases tecnológicas necessárias à formação do
Técnico em Portos.

 Técnico em Mecânica:
Oferecido na modalidade concomitante ao ensino médio (concomitância externa), a
educação profissional técnica de nível médio proporciona a habilitação profissional aos alunos
matriculados ou egressos do ensino médio, conforme determinação da Lei 11.741/08, artigo
36-C. Implantado em 2010 e estruturado conforme definições do Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos do MEC. O mesmo pertence ao eixo tecnológico – controle e processos industriais e
possui as seguintes características (PORTAL CEFET, 2011):

 Carga Horária: 1.620 horas (6 períodos semestrais);


 Estágio Supervisionado: 400 horas;
 Organização Curricular: Elaborada em consonância com a Lei de Diretrizes e
Bases – LDB nº 9.394/96; Decreto nº 2.208/97, Parecer CNE/CEB nº 16/99;
Resolução CNE/CEB nº 04/99 e o Decreto nº 90.922 de 06/02/1985, que
regulamenta a Lei nº 5524, de 05/11/1968, que dispõe sobre o exercício da
profissão, segundo o CONFEA e o CREA. A matriz curricular foi confeccionada de
acordo com a caracterização da área de Indústria.
67

 Graduação em Engenharia Industrial Mecânica:


Conforme determinação da Lei 11.741/08, artigo 39, implantado em 2010 e estruturado
com as seguintes características (Ibidem):
 Carga Horária: 3.978 horas (10 períodos semestrais);
 Estágio Supervisionado: 378 horas;
 Organização Curricular: Elaborada em consonância com a Lei de Diretrizes e
Bases – LDB nº 9.394/96; Resolução Nº 1.010, de 22/08/05 do CONFEA, que
estabelece as competências para o desempenho das atividades profissionais
pertinentes às diversas modalidades da Engenharia e pelo que determina as
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Engenharia,
resolução CNE/CES 11 de 11/03/2002.

É oportuno citar que o campus Itaguaí é a única instituição de ensino superior pública
que oferece curso de Engenharia Industrial Mecânica integralmente no turno da noite, no
Estado do Rio de Janeiro. Esse fato está indo ao encontro da necessidade da comunidade
local e também de outros municípios vizinhos, que precisam conciliar o trabalho com a
educação continuada.
O campus Itaguaí é uma instituição que visa também a desenvolver atividades de
pesquisa e extensão.
Quanto às atividades de pesquisa, existem dois projetos que estão sendo conduzidos
por professores distintos desse campus:

1) Levantamento das Características da Formação Técnica dos Operadores de


Equipamentos Portuários no Brasil;
2) Análise Hierárquica das Características dos Equipamentos Portuários e da
Formação Técnica dos Operadores no Brasil.

As atividades de extensão do campus estão se iniciando e a primeira a ser


desenvolvida foi a semana de extensão de 2011. O campus Itaguaí realizou a sua primeira
semana de extensão, que teve como tema principal “As mudanças climáticas, desastres
naturais e prevenção de riscos: estamos preparados?”. Contou com a participação do “I Fórum
Regional de Meio Ambiente e Sustentabilidade”, com a EXPOTEC – Exposição Científica,
Tecnológica e Cultural do Ensino Técnico e com a EXPOSUP – Exposição Científica,
Tecnológica e Cultural do Ensino Superior PORTAL CEFET/RJ (2011). Durante o evento,
aconteceram várias palestras com representantes de órgãos públicos e empresas privadas,
tais como: ANTAQ, Bombas Dancor, Braskem, CREA-RJ, CSA, CSN, Ciclus Ambiental, CPRM,
CTS Ambiental, Dinâmica da Terra, ESPM, FIRJAN, MRS Logística, Recicloteca Marapendi,
68

Sansuy, Secretaria de Meio Ambiente de Itaguaí, Secretaria Municipal de Educação de Itaguaí,


UERJ, UEZO, entre outras. Ocorreram mini-cursos, oficinas, mesa-redonda, com a presença
dos secretários de Meio Ambiente de Itaguaí, Seropédica e Mangaratiba, e mostra de projetos
dos alunos dos cursos Técnico em Portos, Técnico em Mecânica e Engenharia Industrial
Mecânica (PORTAL CEFET, 2011):
Continuando as atividades de extensão, em março de 2012, o campus Itaguaí
submeteu três projetos à aprovação da Diretoria de Extensão do CEFET/RJ e todos foram
aprovados e estão sendo executados. São eles:

1. Avaliação de desempenho por competências: Um estudo de caso dos egressos do


Curso Técnico em Portos do CEFET/RJ – campus Itaguaí no programa de trainee da
empresa VALE S.A.
Objetivo: Avaliar o desempenho funcional dos alunos egressos do curso Técnico em
Portos do CEFET/RJ – campus Itaguaí, nos programas de trainee da empresa Vale
S.A.;

2. Análise de Documentos Portuários em Inglês de acordo com a Linguística Sistêmico-


Funcional.
Objetivo: Analisar os documentos portuários de acordo com a Linguística Sistêmica
Funcional e verificar se tal documentação pode ser classificada como gênero,
definindo padrões fixos e flexíveis;

3. A matemática nos cursos de graduação em Engenharia: um estudo de caso do


CEFET/RJ
Objetivo: Fornecer aplicação de objeto matemático na mecânica, colaborando para o
meio acadêmico.

V.7 – Processo de seleção dos alunos

Esse campus utiliza o mesmo processo de seleção da instituição CEFET/RJ, ou seja, a


seleção é feita por meio de concursos que são divulgados periodicamente em editais públicos,
os quais descrevem todas as normas dos referidos processos.
A seleção apresenta especificidades que variam de acordo com o curso escolhido.

 Curso Técnico em Portos


Segundo o Portal CEFET/RJ (2011), o preenchimento das vagas de educação
profissional técnica de nível médio – modalidade subsequente pode ser feito por qualquer
69

pessoa que esteja cursando, no mínimo, a 2ª série do ensino médio, ou tenha concluído esse
nível de ensino. Anualmente são oferecidas 80 vagas, sendo 40 para o primeiro semestre e 40
para o segundo semestre.
Em ambos os semestres, as vagas oferecidas ficam assim distribuídas:
– 50% das vagas para candidatos que tenham concluído ou estejam em condições de
concluir no ano do concurso o ensino médio e o tenham cursado integralmente em
escola pública;
– 50% das vagas para os demais candidatos, sejam oriundos de escola pública ou
privada.
O concurso é classificatório, pois não existe nota mínima para ser aprovado. Sendo
assim, os 80 candidatos com melhores notas ingressam no campus Itaguaí.

 Curso Técnico em Mecânica


O preenchimento das vagas de educação profissional técnica de nível médio, na forma
de concomitância externa, pode ser feito por qualquer pessoa que apresente como
escolaridade mínima o ensino fundamental completo ou esteja cursando o 9º ano (antiga 8ª
série) desse nível de ensino. Anualmente são oferecidas 40 vagas para o primeiro semestre e
40 para o segundo semestre (PORTAL CEFET/RJ, 2011). Conforme informações da Diretoria
Acadêmica, cinquenta por cento das vagas são preenchidas por alunos que participam do
concurso que tem caráter apenas classificatório e o restante das vagas é oferecida aos
melhores alunos da rede pública de ensino através de convênio firmado entre o campus e a
Secretaria Municipal de Educação de Itaguaí. No ano letivo de 2012, os melhores alunos da
rede pública desse município passaram por um instrumento de avaliação de conhecimentos
nas disciplinas de Português, Matemática e Ciências (envolvendo física e química), elaborado
pelo próprio campus.

 Curso de Engenharia Industrial Mecânica


O preenchimento das vagas de educação profissional, científica e tecnológica de
graduação pode ser feito pelos portadores do certificado de conclusão do ensino médio ou de
curso equivalente e pelos portadores de diploma de curso superior. O campus Itaguaí utiliza o
SISU e considera a prova do ENEM como instrumento de seleção. (PORTAL CEFET/RJ,
2011).

V.8 – Acompanhamento do corpo discente


Segundo informações obtidas com a Gerência Acadêmica, o campus Itaguaí
desenvolve acompanhamento constante dos alunos de acordo com as especificidades dos
diferentes cursos.
70

 Curso Técnico em Portos:


Nesse curso, o acompanhamento dos alunos é feito por meio do conselho de classe.
Esse consiste em uma reunião que envolve todos os professores, coordenadores, gerência
acadêmica e o técnico de assuntos educacionais responsável pelo respectivo curso, e
acontece logo após a primeira avaliação formal. O objetivo dessa reunião é avaliar o
desempenho de cada aluno em cada disciplina e analisar todos os problemas percebidos ao
longo dos primeiros meses do período. O conselho de classe também acontece ao final do
semestre com objetivo de definir a situação (aprovado ou reprovado) de cada aluno.
Ao longo do semestre, os professores trocam informações entre si sobre o desempenho
das turmas de forma geral. Também se colocam disponíveis para tirar dúvidas de acordo com
as necessidades dos alunos.

 Curso Técnico em Mecânica:


No início de cada semestre, é realizada uma reunião com todos os responsáveis dos
novos alunos para explicar qual o objetivo do campus Itaguaí e como é o sistema de avaliação.
Logo após a primeira avaliação formal, acontece o primeiro conselho de classe, onde o
desempenho dos alunos é analisado. Acontece outra reunião de responsáveis, para a entrega
do boletim dos alunos com o rendimento alcançado até a primeira avaliação e também são
transmitidas todas as informações consideradas relevantes.
O conselho de classe acontece também ao final do semestre com objetivo de definir a
situação (aprovado ou reprovado) de cada aluno.
Ao longo do período letivo, vários professores oferecem aulas de apoio para sanar as
dificuldades dos alunos. A iniciativa dos professores oferecerem aulas de apoio visa a
minimizar a quantidade de reprovações e de evasões do curso técnico.

 Curso de Engenharia Industrial Mecânica:


Ao longo do período os professores trocam informações entre si sobre o desempenho
das turmas de forma geral. Também se colocam disponíveis para tirar dúvidas de acordo com
as necessidades dos alunos.
As atividades relacionadas à orientação pedagógica estão apenas iniciando, pois o
número de funcionários é reduzido. Entretanto, com objetivo de analisar a situação de cada
turma nos diversos cursos do campus Itaguaí, os técnicos de assuntos educacionais realizam
levantamento estatístico que demonstram a quantidade de alunos aprovados, reprovados,
aprovados pelo Conselho, desistentes (evasão) e jubilados (quando apresentam duas
reprovações na mesma disciplina). Esse levantamento é um instrumento de análise utilizado
pela Coordenação de cada curso e também pela Gerência Acadêmica.
71

Vale ressaltar que a análise desse levantamento não faz parte do escopo desta
pesquisa.
A partir de 2012, o campus Itaguaí conta com o Programa de Bolsas de Monitoria do
CEFET/RJ. Essa iniciativa tem como objetivos despertar no aluno do ensino médio, técnico ou
superior, com aproveitamento satisfatório, o interesse pela carreira docente e assegurar a
cooperação do corpo discente com o corpo docente nas atividades de ensino. Também visa a
melhorar os indicadores de desempenho das disciplinas, através do apoio dado aos alunos que
apresentam dificuldades no acompanhamento dos conteúdos (PORTAL CEFET/RJ, 2011).

V.9 – Integração entre a educação básica e a educação profissional

A instituição CEFET, conforme definido no PDI (2010), valoriza a integração dos


conteúdos de formação geral com os de caráter específicos da habilitação profissional e
mantém o embasamento técnico-científico, histórico, cultural e social para a atuação no mundo
corporativo. Entretanto, a prática tem mostrado que, para que a integração entre a educação
básica e a educação profissional seja uma realidade com resultados positivos, alguns fatores
organizacionais devem ser considerados. O resultado desta pesquisa (próximo capítulo) vai
também apresentar algumas reflexões a respeito dessa questão.
72

VI – FATORES ORGANIZACIONAIS QUE INFLENCIAM A ATUAÇÃO DO CAMPUS


ITAGUAÍ

Após a leitura da bibliografia, bem como análise das entrevistas efetuadas, o autor
apresenta o resultado desta pesquisa que se refere à análise dos diversos fatores
organizacionais que representam fragilidades institucionais, particularmente aqueles
relacionados a expectativas de uma integração mais satisfatória de ações orientadas à
sustentabilidade. Entretanto, potencialidades também foram identificadas.

 O primeiro fator organizacional que chama atenção nesta pesquisa é o processo de


institucionalização do campus. Para melhor entendimento, o autor deste estudo elaborou a
Tabela VI. 1 que contém as principais etapas da institucionalização do campus Itaguaí.

Tabela VI.1 Etapas da institucionalização do campus Itaguaí

ETAPAS DO PROCESSO DE CARACTERÍSTICAS


INSTITUCIONALIZAÇÃO
 Definições entre os dirigentes do CEFET/RJ e as entidades
governamentais (MEC e Prefeitura Municipal de Itaguaí) e
Habitualização
stakeholders locais quanto ao perfil de instituição a ser
implantada.
 Contratação de funcionários (docentes e técnicos);
Objetivação  Coordenação de processo seletivo dos alunos;
 Construção das instalações físicas.
 Definição da estrutura organizacional;
 Aprimoramento rotinas operacionais;
 Aperfeiçoamento das atividades por meio da capacitação de
docentes e demais funcionários;
 Aprimoramento constante dos cursos oferecidos;
Sedimentação  Implantação de novos cursos a fim de acompanhar a
necessidade da comunidade local e dos diversos stakeholders;
 Integração do campus com a sede e demais campi;
 Integração dos alunos egressos ao mercado de trabalho;
 Integração dos alunos egressos nos níveis posteriores de
educação (cursos de graduação).

Fonte: Elaboração da própria autora

Como participante do objeto em estudo e professora do Ensino Básico, Técnico e


Tecnológico, é possível perceber que o campus Itaguaí apresenta sinais que caracterizam as
73

diversas etapas do processo de institucionalização, dependendo do tipo de ação que está


sendo desenvolvida.
Para ilustrar, é importante citar a integração entre o CEFET/RJ (sede) e o campus
Itaguaí e este com os demais campi, que caracteriza a etapa de sedimentação da
institucionalização. Os representantes (direção, gerências, coordenações e técnicos
administrativos) do campus Itaguaí procuram manter diálogo com os representantes do
CEFET/RJ (sede) por meio dos diversos canais de comunicação, participação em reuniões e
em diversos eventos. A interlocução com os demais campi também acontece, porém, a
frequência é bem menor. Os representantes do CEFET/RJ (sede) fazem visitas ao campus
Itaguaí para participação de eventos e também para realização de reuniões com os respectivos
dirigentes, corpo docente e técnicos administrativos, entretanto, a frequência dessas visitas
ainda é baixa. Os docentes do campus Itaguaí têm pouco contato com os docentes do
CEFET/RJ (sede) e demais campi. O mesmo acontece entre esses últimos e os docentes do
campus Itaguaí.

É oportuno citar a proposta para integrar os currículos da educação básica e educação


profissional que está sendo desenvolvida por um grupo composto por profissionais de
educação apenas do CEFET/RJ (sede). Esta proposta está relacionada a toda instituição
CEFET/RJ, pois os currículos dos diversos cursos que serão integrados devem possuir a
mesma estrutura em todos os campi. Sendo assim, é fundamental a participação de todos os
envolvidos (diversos campi) para a obtenção de resultados positivos e também garantir a
identidade institucional a todas as unidades de ensino do CEFET/RJ.

Apesar dos diversos esforços no sentido de manter toda a instituição integrada,


percebe-se que ainda existem falhas na interlocução entre os campi e entre esses e a sede, e
vice e versa. A melhoria na relação dos atores internos do CEFET/RJ certamente contribuirá
para a integração e o debate acerca da realidade institucional e consequentemente
aperfeiçoamento do processo de institucionalização do sistema multicampi, pois proporcionará
oportunidades de troca de informações e experiências entre os docentes e demais profissionais
da instituição, as quais possibilitarão aprimoramento das respectivas práticas pedagógicas,
racionalização de rotinas operacionais, entre outros. Estima-se que o resultado final da efetiva
integração refletirá na qualidade da formação profissional proporcionada por essa instituição de
ensino.

É interessante citar que pesquisas, encontros e reuniões que contemplem a


participação dos diversos atores internos do CEFET/RJ são exemplos de atividades que
possibilitam a integração e o debate sobre a realidade da instituição e estão previstos no PPI
(2010) como política de incentivo à participação institucional. Essas atividades se constituem
ainda em ações para o aperfeiçoamento da gestão acadêmica e administrativa da instituição
como sistema Multicampi previsto no PDI (2010).
74

 Cabe aqui comentar sobre a governança exercida nesse campus, visto que o
processo de institucionalização está diretamente relacionado com a gestão acadêmica e
administrativa praticada na instituição. Baseado na referencia teórica citada por Leach et al.
(2007), foi possível verificar que o campus Itaguaí desenvolve governança adaptativa na
medida que procura aproximar o desenvolvimento das suas atividades ao modelo exercido pelo
CEFET/RJ (sede) e dos diversos campi. Assim como, quando segue as legislações que contêm
as diretrizes do MEC relacionadas às políticas públicas educacionais e também quando se
aproxima das necessidades dos seus stakeholders. A governança reflexiva também é exercida
nos momentos em que analisa e até mesmo questiona a aplicabilidade de algumas definições
já institucionalizadas na instituição CEFET/RJ e que devem (a princípio) ser seguidas por esse
campus. Quando há questionamentos, esses estão relacionados às peculiaridades da região
onde o campus está implantado. Nas situações onde ocorrem os trade-offs, é exercida a
governança deliberativa, que permite a escolha da melhor solução.

 Outro fator importante que influencia a atuação do campus Itaguaí é a relação dessa
unidade de ensino com seus stakeholders. Conforme a política de cooperação e participação
comunitária definida no PPI (2010) dessa instituição é essencial o efetivo conhecimento das
necessidades, recursos, estrutura social e valores da comunidade para a construção de
parcerias entre esse campus e seus stakeholders.
O campus Itaguaí mantém frequente relação com os atores da região. Dentre eles,
destacam-se as escolas e as empresas que atuam respectivamente como “fornecedores” e
“possíveis clientes” dessa unidade de ensino.
As diversas escolas (rede pública e particular) são responsáveis pela educação básica,
enquanto que o campus Itaguaí é um dos responsáveis pela educação profissional da região.
Sendo assim, é importante conhecer como esses atores estão se relacionando, para entender
como a integração entre a educação básica e educação profissional está acontecendo.
O curso Técnico em Mecânica oferecido por esse campus, por ser de nível médio e
articulado com a educação básica na forma de concomitância externa, é o curso que possui
uma relação mais direta com o ensino médio oferecido pelas demais instituições da região,
pois os alunos estão atuando paralelamente nos dois segmentos da educação. Os demais
cursos (Técnico em Portos e Engenharia Industrial Mecânica) possuem alunos que já
terminaram a educação básica em diversas escolas e atualmente se dedicam exclusivamente à
educação profissional.
Aproximadamente 50% dos alunos (incluindo alunos do convênio firmado entre o
campus Itaguaí e a Secretaria Municipal de Educação de Itaguaí) que fazem o Curso Técnico
em Mecânica (educação profissional) nesse campus, também fazem o ensino médio (educação
básica) em uma única escola da Rede Estadual de Educação da região. Em função do volume
75

expressivo de alunos em comum entre as duas instituições, uma representante dessa escola
foi entrevistada e contribuiu com algumas observações a respeito da integração da educação,
bem como a respeito da presença do campus Itaguaí na comunidade local.

Diretora Adjunta da escola citada acima:

“Os alunos do CEFET foram agrupados em turmas específicas e a


Direção da escola procura organizar as disciplinas com a equipe
docente que possui um perfil mais voltado para a formação profissional.
Entretanto, não existe nenhum tipo de planejamento em conjunto com
os professores do CEFET. Não existe nenhum tipo de contato entre as
duas instituições de ensino. Os alunos são o único veículo de
informação. Quando da implantação do curso Técnico em Mecânica no
CEFET, recebemos a visita do Diretor e do Gerente Acadêmico que
explicou para todos nós, inclusive para os professores, qual seria a
proposta de formação profissional da instituição.”

“O CEFET/RJ – campus Itaguaí veio para o município como uma


oportunidade para os nossos alunos conquistarem futuramente o
mercado de trabalho, pois muitas vagas de emprego nas grandes
empresas da região são ocupadas por pessoas de fora e a população
local fica excluída das melhores oportunidades. O CEFET é uma
esperança de algo melhor para o Município. Os nossos alunos
começaram a visualizar possibilidades de crescimento a partir do
momento que se tornaram alunos do CEFET, pois até então a
perspectiva de se tornarem profissionais qualificados era muito
pequena.”

É possível perceber que hoje o campus Itaguaí não interage com a escola acima
mencionada e vice-versa. Não existe nenhum tipo de contato entre os professores dessas duas
instituições. Tal fato impossibilita qualquer tipo de integração e contraria as políticas públicas
do sistema educacional voltadas para um modelo de educação sustentável.
A relação do campus Itaguaí com as diversas escolas da rede pública local atualmente
acontece somente por intermédio da Secretaria Municipal de Educação de Itaguaí. Essa faz o
intercâmbio entre esses atores e sempre se mostra receptiva às atividades proposta pelo
campus Itaguaí. Quando da implantação do campus (em 2008), houve contato direto com as
escolas da Rede Estadual de Educação (responsável pelo ensino médio), visto que a Direção
dessa unidade de ensino visitou várias instituições para apresentar o CEFET/RJ e divulgar o
primeiro concurso para o curso Técnico em Portos. Em 2011, também houve outro momento de
aproximação direta entre esses atores, quando duas escolas responsáveis pelo ensino
fundamental do Município de Itaguaí fizeram uma visita ao campus, levando seus alunos para
conhecer toda a estrutura física, bem como a proposta do curso Técnico em Mecânica.
O campus Itaguaí desde o início das suas atividades está se aproximando aos poucos
das diversas organizações empresarias da região. Seus contatos mais frequentes são com
76

empresas mineradoras e siderúrgicas, tais como VALE S.A., CSA e CSN. Essas empresas
ministram palestras e oferecem oportunidade para alunos e professores realizarem visitas
técnicas nas respectivas instalações físicas. Essa prática é muito bem-vinda e contribui para a
formação integral de profissionais, pois a aproximação entre as instituições educacionais e as
empresas de um modo geral permite que tanto os alunos quanto os professores se apropriem
de conhecimentos inerentes ao mundo corporativo, tais como processos de produção,
comportamentos organizacionais, ética, entre outros.
A intensificação das visitas técnicas representa uma ação para o aperfeiçoamento da
qualidade acadêmica dos cursos oferecidos pelo CEFET/RJ e está previsto no PDI (2010).
É importante ressaltar a observação feita (durante entrevista) pelo Vice-Diretor Geral do
CEFET/RJ a respeito das visitas técnicas:

“As visitas técnicas são muito importantes para aprimorar os


conhecimentos não só dos alunos como também do corpo docente. É
um mecanismo de atualização. O convite de profissionais para
ministrar palestras no CEFET é outra possibilidade de apropriação de
conhecimento da rotina das empresas.”

Representantes de duas empresas foram entrevistados e fizeram observações


importantes a respeito da necessidade de integrar a educação e aproximar as instituições de
ensino ao mundo do trabalho:

Empresa A:
“Entre a educação básica e a educação profissional existe um grande
vácuo que precisa ser eliminado para que as pessoas possam atuar e
se desenvolver profissionalmente. Nesse sentido, o que precisa ser
feito é melhorar a qualidade da educação básica, pois como o nome já
diz, ela é a base da educação e sem ela todo o desenvolvimento
profissional fica comprometido. Para ilustrar essa situação, nós temos
vários funcionários que possuem grande bagagem de competências
técnicas adquiridas por meio de programas de capacitação, mas não
dominam as disciplinas básicas, como matemática e a língua
portuguesa. Esse fato impede o crescimento profissional.”

“Outra situação que chama a atenção é a grande dificuldade em


encontrar pessoas qualificadas para ocupar as vagas disponíveis.
Existem candidatos formados (nível técnico e também graduados) que
não possuem o nível de conhecimento necessário. Penso que o acesso
às universidades está mais fácil e os estudantes não dão a devida
importância para o real aprendizado. Por outro lado, a qualidade dos
cursos oferecidos também deixa a desejar. Dessa forma, o mercado
possui pessoas teoricamente capacitadas, mas que na realidade não
estão devidamente qualificadas para as exigências do mundo
corporativo.”
77

Empresa B:

“Frequentemente entrevisto candidatos de diversos níveis, inclusive


técnicos e percebo que apesar da formação muitos deixam a desejar
quando são aplicados testes para avaliar as diversas habilidades como,
por exemplo, atenção e concentração. Essas são habilidades
cognitivas que deveriam ter sido trabalhadas ao longo da educação
básica e não foram. Não é apenas o conhecimento técnico que
influencia na qualificação de um profissional. O bom profissional
qualificado deve possuir conhecimentos, habilidades e atitudes.”

“Quando tenho oportunidade de desenvolver alguma atividade com


profissionais recém-formados sem experiência, percebo que muitos
pensam que aqui podem agir da mesma forma como agem na escola,
ou seja, não possuem postura adequada, não sabem cumprir prazos e
respeitar determinados limites. Em minha opinião, as instituições
educacionais deveriam se aproximar mais do mundo do trabalho de
forma que os alunos pudessem perceber algumas peculiaridades. Uma
forma de fazer isso é intensificar as visitas técnicas. Por outro lado,
também acho interessante poder participar do mundo acadêmico de
forma a contribuir com o aprendizado dos alunos, por meio de palestras
e seminários.”

O parecer dessas empresas é muito importante para o campus Itaguaí, visto que elas
representam oportunidade de inserção dos futuros profissionais qualificados por essa
instituição de ensino no ambiente corporativo.
Vários atores internos (professores, alunos e técnicos administrativos) concordam com
a opinião de que esse campus precisa intensificar os contatos com os demais atores da região,
pois esses representam a possibilidade de integração entre o mundo acadêmico e o mundo do
trabalho. É oportuno lembrar que ampliar a relação do campus Itaguaí com a comunidade
externa faz parte da política de cooperação e participação comunitária da instituição (PPI,
2010).

 De acordo com a Lei 11.741/08, a combinação do ensino de ciências naturais,


humanidades e a educação profissional e tecnológica pode ser feita por meio de vários
modelos de articulação (concomitância interna, concomitância externa e currículo integrado). O
curso Técnico em Mecânica oferecido na modalidade concomitância externa é o único curso do
campus que possibilita planejamento integrado das disciplinas da educação básica e da
educação profissional, pois os alunos cursam o ensino médio (grande parte em uma única
escola da Rede Estadual de Educação local) e o curso técnico paralelamente. Entretanto o
planejamento integrado, que poderia ter como produto final a compreensão interdisciplinar dos
diferentes tipos de conhecimentos, não acontece, pois a aproximação pedagógica do corpo
docente das instituições de ensino de esferas educacionais distintas (municipal, estadual e
federal) é ainda uma atitude que precisa ser amadurecida. Sendo assim, a concomitância
78

externa com planejamento integrado, nessa instituição, é apenas uma intenção que ainda não
se concretizou e a expectativa disso acontecer demanda tempo, ou seja, é uma ação de longo
prazo. Enquanto a interlocução entre as escolas de diferentes esferas não acontece, a
indissociabilidade entre formação geral e profissional na perspectiva de educação integral
proposta pelo MEC fica prejudicada.
Estima-se que a integração de conhecimentos por meio da concomitância interna e até
mesmo por meio da organização curricular integrada (ensino médio e educação profissional
organizados em um único currículo) tem mais chances de atingir o objetivo do modelo de
educação sustentável definido pelo MEC, mas para isso são necessárias várias mudanças
organizacionais nesse campus, que podem ser encaradas como desafios. A principal delas é a
implantação das disciplinas referentes à educação básica, pois será necessária a contratação
de docentes para ministrar as respectivas aulas e atualmente as contratações estão suspensas
pelo Governo Federal.
Quanto à opção de integração de conhecimentos por meio do currículo integrado, é
importante salientar que esse modelo merece uma atenção especial, pois as disciplinas
referentes à educação básica devem ser ministradas com enfoque na educação profissional,
mas não exclusivamente com esse objetivo, para não prejudicar a formação holística do aluno.
O currículo integrado deve permitir conhecimentos necessários para a formação profissional e
também conhecimentos inerentes à educação básica, de forma a permitir que o aluno ingresse
na educação superior, se assim desejar. O egresso da educação profissional de nível técnico
deve estar preparado para ingressar no mercado de trabalho e/ou optar pelo ingresso na
educação superior, se assim decidir. É importante lembrar que a formação continuada faz parte
das atuais políticas públicas da educação.

 A organização curricular dos três cursos oferecidos pelo campus Itaguaí precisa ser
reorientada para um modelo de sustentabilidade e para isso é necessário ampliar as disciplinas
de ciências humanas e ciências sociais com objetivo de proporcionar uma formação holística,
bem como intensificar a educação ambiental, pois essa deve estar presente de forma
articulada nos diversos níveis da educação básica e educação superior, de acordo com a
determinação da Lei 9.795/99 e da resolução CNE nº 2/2012.
A revisão curricular faz parte dos objetivos previstos no PDI (2010), o qual visa ao
aperfeiçoamento e à garantia da qualidade acadêmica dos cursos oferecidos pela instituição.
Ainda, nesse contexto, os cursos oferecidos pelo campus precisam intensificar as
informações relacionadas ao impacto ambiental promovido pela execução de projetos
portuários na região de Itaguaí. Atualmente, o grande desafio da atividade portuária é promover
o seu desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente em que se insere. É importante
fazer com que os alunos entendam que a atividade portuária é impactante em função das
79

cargas que manuseia, mas não necessariamente poluente. Ela só é poluente quando
executada de forma inadequada. Segundo Porto (2007), a utilização dos espaços costeiros
deve ser analisada cuidadosamente, principalmente pelo viés institucional. Nesse sentido, cabe
ao Município ordenar o espaço litorâneo.

 Caminhando na mesma direção, o campus Itaguaí iniciou em 2012 a elaboração do


seu PPI e pretende iniciar em 2013 o PPP - Projeto Político Pedagógico dos respectivos
cursos. Esses instrumentos precisam determinar ações que visem ao desenvolvimento da
consciência dos atores internos e externos à instituição sobre questões relacionadas à gestão
e educação ambiental, pois ao longo desse estudo foi notada reduzida preocupação com essas
questões, tanto na ação do campus, quanto no desenvolvimento dos instrumentos de gestão.
É importante lembrar que o desenvolvimento e cooperação ambiental fazem parte de
um consenso e compromisso político assumido mundialmente por meio da Agenda 21 e
reafirmados no evento Rio+20.

 A partir das entrevistas efetuadas com vários professores do campus, foi possível
obter informações a respeito da formação básica proporcionada pelo ensino fundamental e
médio das diversas escolas da região. Essa está muito aquém das necessidades da educação
profissional oferecida pelo campus Itaguaí no curso Técnico em Mecânica. A falta de
conteúdos mínimos prejudica o desenvolvimento dos alunos nas disciplinas técnicas da
educação profissional, gera desinteresse e baixa estima. Como consequência, verifica-se alto
índice de reprovação e/ou evasão dos cursos técnicos, principalmente o curso Técnico em
Mecânica (aproximadamente 40%). É oportuno lembrar que a redução progressiva das taxas
de evasão se constitui em uma das metas do PDI (2010) do CEFET/RJ e para isso é
necessário um efetivo acompanhamento e implantação de ações que atendam à meta
estabelecida. Nesse sentido, o campus Itaguaí desenvolve um levantamento estatístico que se
constitui em um instrumento de gestão, porém, ainda não foi possível implantar rotinas de
acompanhamento que visem à redução das taxas de evasão e / ou reprovação, pois o campus
não possui equipe pedagógica que possa desenvolver esse trabalho. A atual equipe (três
funcionários) de técnicos administrativos educacionais, que deveria estar atuando nesse
contexto, está desenvolvendo atividades da secretaria acadêmica, pois essa ainda não foi
estruturada por falta de funcionários.

 O Diretor Geral do CEFET/RJ afirma que a baixa qualidade da formação básica


oferecida pelas escolas estaduais dificulta a atuação do campus Itaguaí e também dos demais
campi. Para minimizar esse problema, ele pretende apresentar um projeto ao Governo
Estadual no próximo ano (2013).
80

O Diretor Geral do CEFET/RJ relatou o projeto:

“O CEFET/RJ pretende oferecer o espaço físico dos diversos campi


para as escolas estaduais desenvolverem suas atividades relacionadas
ao ensino médio e promover discussão sobre educação integrada,
considerando as atividades pedagógicas do ensino médio e do ensino
técnico. Sendo assim, é possível tentar integrar as atividades desses
segmentos de ensino. Entretanto, é necessário que haja sinergia no
desenvolvimento das atividades de ambas as partes (estadual e
federal) para obtenção de um bom resultado, que é a formação integral
do aluno. Esse projeto já está sendo desenvolvido no campus de Maria
da Graça e está apresentando resultados satisfatórios. Em resumo, o
projeto visa implantar a educação integrada em todos os campi a partir
de uma parceria com o Governo Estadual”.

Ele ainda complementou:

“A concomitância externa (atual modalidade de integração da educação


adotada nos campi) está prejudicando a formação dos alunos e está
gerando alto índice de reprovação e evasão dos cursos técnicos. Não
podemos continuar utilizando essa estratégia. Se o projeto acima
citado não for aceito pela Secretaria Estadual de Educação, vou
pleitear junto ao MEC a contratação de mais professores para poder
oferecer o ensino médio integrado (ensino médio e técnico com
currículos integrados) nos diversos campi. Tanto o projeto relatado,
quanto a implantação do ensino médio integrado nas diversos campi
são alternativas que visam manter a qualidade dos profissionais
formados por essa instituição”.

 Fortalecer a institucionalização da pesquisa e extensão como atividade de produção e


disseminação do conhecimento é um dos objetivos que estão definidos no Plano de
Desenvolvimento Institucional do CEFET/RJ (PDI, 2010). Caminhando nessa direção, o
campus Itaguaí está iniciando dois projetos de pesquisa na área de operação portuária, os
quais estão sendo conduzidos por dois professores que atuam no curso Técnico em Portos e
alunos do mesmo curso. Esses projetos fazem parte do PIBIT – Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Tecnológica com bolsas financiadas pelo próprio CEFET/RJ.
Com relação às atividades de extensão, em 2011, o campus Itaguaí sediou o I Fórum
Regional de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Município de Itaguaí, que foi realizado em
parceria com a Secretaria de Meio Ambiente desse município. Na ocasião, foi possível
trabalhar conceitos de sustentabilidade ambiental com toda a comunidade presente, composta
por alunos, professores, representantes das empresas que estavam presentes e a população
da região. Também foram feitos vários questionamentos ambientais em relação à implantação
de empresas que inspiram riscos de impacto negativos na região, principalmente na área
portuária e no segmento da siderurgia. Ficou registrado que o Município de Itaguaí está
buscando parcerias com as empresas com objetivo de diminuir os impactos ambientais na
região.
81

O campus também está desenvolvendo três projetos de extensão, sendo dois na área
portuária e um na área de engenharia. Esses projetos estão sob a orientação de dois
professores do Curso Técnico em Portos e um professor do curso de Engenharia Industrial
Mecânica. Os resultados desses projetos serão apresentados na semana de extensão que
será realizada no próprio campus.

Todos esses projetos (pesquisa e extensão) visam a contribuir para a ampliação e


disseminação de conhecimento e para a solução de eventuais problemas nos processos de
produção e desenvolvimento da respectiva região.

 Uma das políticas institucionais do CEFET/RJ está relacionada ao acesso e à


permanência estudantil, que envolve respectivamente o processo de seleção dos alunos e a
bolsa alimentação oferecida por essa instituição. No campus Itaguaí, o acesso dos alunos aos
cursos de educação profissional de nível médio é feito por meio de concurso público e o este é
apenas classificatório, isto é, os candidatos com melhores notas, mesmo com pouca bagagem
de conhecimento, conseguem ingressar nos cursos oferecidos, pois o concurso não exige nota
mínima. O nível de conhecimento básico dos alunos oriundos principalmente do ensino
fundamental das escolas públicas da região deixa muito a desejar (como já foi citado), gerando
muitas dificuldades para os próprios estudantes. Para minimizar essa situação, os professores
do campus fazem um trabalho de recuperação de conteúdos que não foram trabalhados de
forma apropriada no ensino fundamental e que também não estão sendo trabalhados
devidamente no ensino médio. A recuperação de conteúdos é feita por meio de aulas extras ou
resumindo os conteúdos das disciplinas técnicas, visando ao aumento de tempo para trabalhar
os conceitos da educação básica. Esse procedimento acarreta a sobrecarga do professor ou
ainda o comprometimento do ensino técnico. Esse último pode refletir na qualidade dos alunos
formados por essa instituição, que ficará evidente quando da sua atuação no mercado de
trabalho. O campus Itaguaí precisa continuar mantendo a qualidade da educação profissional
oferecida pela instituição CEFET/RJ para verdadeiramente qualificar a mão de obra local.

Se o processo de seleção dos alunos for transformado de classificatório para


eliminatório (com nota mínima), o número de candidatos aprovados terá uma queda
significativa e isso prejudicará o campus no que se refere ao cumprimento da sua missão, que
é qualificar a população local e consequentemente integrá-la ao ambiente socioeconômico do
município, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável da região. Também não
estará de acordo com um dos objetivos da instituição previsto no PDI (2010), que é ampliação
da oferta de educação profissional técnica, que tem como uma de suas estratégias a adoção
de procedimentos de processo seletivo que tornem mais inclusivas as formas de acesso aos
cursos oferecidos pela instituição. Nesse sentido, o campus possui um convênio com a
Secretaria de Educação do Município de Itaguaí, que visa a selecionar os melhores alunos da
82

rede pública para ingressar no curso de Educação Profissional, Científica e Tecnológica de


nível médio oferecido por essa instituição (Técnico em Mecânica). Esses alunos passam por
uma avaliação elaborada pelo próprio campus e preenchem um quantitativo de vagas
específico para esse público alvo.
Outra questão que deve ser considerada nesse contexto é a relação candidato/vaga,
que atualmente é pequena, devido à pouca divulgação dos processos de seleção e também
porque o campus Itaguaí ainda não é muito conhecido na região (principalmente nos bairros e
municípios vizinhos a Itaguaí). Esse fato, de certa forma, favorece o ingresso dos candidatos
com baixo desempenho que participam dos concursos.
O acesso dos alunos no curso de graduação está sendo feito por meio do sistema
SISU. O mesmo está sendo muito procurado pela população local e de outras localidades da
região. Para ilustrar esse fato, a última seleção (2011 para ingresso em 2012) efetuada
apresentou uma relação candidato/vaga igual a 24,5 alunos para cada vaga. Essa relação
bastante expressiva pode estar relacionada ao fato desse campus ser o único no Estado do
Rio de Janeiro a oferecer o curso de Engenharia Industrial Mecânica no turno da noite em uma
instituição pública. Outra questão que pode ser considerada é que esse campus possui apenas
um curso de graduação.
Com relação à permanência estudantil, a instituição oferece bolsa alimentação para os
alunos mais carentes e que comprovam a real necessidade por meio de documentos exigidos
na respectiva legislação. Os alunos do campus Itaguaí estão utilizando essa bolsa para
transporte, alimentação e também para pagamento de pequenas despesas relacionadas ao
curso (cópia de material didático, material para seminários, entre outros). Segundo depoimento
dos próprios alunos, essa ajuda financeira é muito importante, pois em determinados casos,
sem ela, a permanência na instituição seria inviável.

 Considerando a incorporação da ciência e da tecnologia nos processos produtivos e


sociais, várias mudanças aconteceram sinalizando a necessidade de mudança no tipo de
conhecimento que os alunos devem adquirir ao longo da sua formação. O novo tipo de
conhecimento exige um trabalho interdisciplinar e aponta para uma nova atuação docente que
precisa considerar o trabalho e a pesquisa como princípio educativo. Com base nesse tipo de
conhecimento, surge um novo modelo de educação que considera os fundamentos das
diferentes ciências (naturais e sociais) e que também possibilita a capacidade analítica tanto da
técnica envolvida nos processos quanto das relações sociais. Nesse cenário, é imprescindível
a mudança de atitude dos professores, que devem abandonar a concepção de ensino
fragmentado e centralizado nele próprio, em que ele (professor) simboliza o detentor de
conhecimento. É fundamental a adoção de novas metodologias em que o professor
desempenhe o papel de mediador do conhecimento, motivador e incentivador do
83

desenvolvimento de seus alunos. A educação contemporânea está baseada em competências


e habilidades e isso significa que não basta ter o conhecimento (competência), o aluno tem que
saber aplicá-lo.
Esta pesquisa contribuiu para perceber que atualmente ainda é possível encontrar
professores que ministram suas aulas considerando cada disciplina isoladamente, isto é,
ensino fragmentado. Muitos reproduzem a prática vivenciada como alunos nos respectivos
cursos de graduação. Simplesmente reproduzem a metodologia utilizada por seus mestres. Por
que isso ainda acontece? Em que momento os docentes são capacitados e atualizados no
sentido de conhecer as políticas públicas e as respectivas diretrizes da educação brasileira no
cenário de desenvolvimento sustentável? Essa situação se agrava quando profissionais que
não possuem capacitação pedagógica (cursos de licenciatura) se propõem a praticar o
exercício da docência. Outro fato importante é a falta de conhecimento prático dos conteúdos
que são ministrados (experiência vivenciada). Como os professores podem ministrar aulas
contextualizadas (conhecimento significativo, considerando competência e habilidade), se
muitos não conhecem como os processos funcionam no cotidiano profissional?
A capacitação contínua do corpo docente é necessária. A partir dessa dinâmica de
atualização, é possível criar a identidade do professor da Educação Profissional, Científica e
Tecnológica e com isso conquistar a valorização do respectivo perfil profissional.
O campus Itaguaí se preocupa com a capacitação contínua dos seus funcionários e
incentiva a participação em diversos cursos (inclusive especialização, mestrado e doutorado),
congressos, palestras, projetos de pesquisa e extensão, entre outros. Muitos professores e
técnicos administrativos desse campus estão envolvidos em cursos de mestrado ou doutorado
e essa atitude vai ao encontro da política de manutenção e capacitação de recursos humanos
do CEFET/RJ definida no PPI (2010) e também atende a uma das metas para alcançar a
transformação do CEFET/RJ em Universidade Tecnológica (PDI, 2010). Entretanto, a
participação dos docentes em capacitação pedagógica, visitas técnicas e outras atividades
acontecem com menos frequência, pois os professores precisam conciliar a extensa carga
horária em sala de aula com os cursos de mestrado e doutorado. É importante citar que o
quantitativo de professores desse campus é reduzido se comparado às necessidades dos
cursos oferecidos.
Um fato positivo que deve ser ressaltado é que nesse campus os professores atuam
na carreira EBTT – Ensino Básico, Técnico e Tecnológico e ministram aulas tanto para os
cursos técnicos de nível médio como também para o curso de graduação. Essa forma de
atuação propicia a integração vertical das atividades de ensino, pesquisa e extensão e vai ao
encontro da filosofia da carreira única de docentes.
Paralelamente percebe-se que estão faltando espaços para professores e demais
profissionais da educação que querem investir na busca de conhecimento para melhor exercer
84

suas funções. Espaço para estudos e reflexões troca de experiências, planejamento integrado,
entre outros, que certamente contribuirá para uma educação que possibilite o atendimento da
sociedade contemporânea. A construção desse espaço acadêmico está definida como meta
para o aperfeiçoamento e garantia da qualidade acadêmica dos cursos oferecidos pela
instituição (PDI, 2010).

 A estrutura física do campus, bem como equipamentos e materiais didáticos


influenciam o desenvolvimento das atividades docentes e consequentemente a qualidade dos
cursos oferecidos. Considerando a relevância desse fato, a instituição CEFET/RJ considera o
desenvolvimento e manutenção da infraestrutura e do patrimônio também como política
institucional (PPI, 2010). Nesse sentido, investimentos na consolidação do projeto inicial do
campus estão sendo feitos de acordo com uma escala de prioridades. Para as salas de aula,
estão sendo compradas caixas de som para serem interligadas aos notebooks e projetores já
existentes. Do total de laboratórios existentes, 25% estão prontos e sendo utilizados pelos
professores para ministrar aulas práticas. Os demais laboratórios estão em fase de conclusão.
O acervo do material bibliográfico está sendo atualizado conforme as necessidades dos cursos
e mediante atualização das ementas das disciplinas.
Alguns espaços de convivência (cantina e área para reprodução de cópias) que
estavam no projeto de implantação ainda não foram concluídos. Esses espaços são muito
importantes para facilitar a permanência dos alunos no campus durante o período de aula, pois
essa unidade de ensino se localiza na rodovia Mario Covas próximo à BR 101 (Rio – Santos) e
distante do comércio local.

 O campus Itaguaí conta com uma equipe composta por gestores, docentes e técnicos
administrativos que desempenham suas funções por meio da cooperação mútua presente no
espírito de equipe que envolve todos os membros dessa instituição, entretanto, em vários
momentos algumas necessidades ficam bastante evidentes e demandam soluções no curto
prazo. Essas necessidades se referem prioritariamente à contratação de professores para os
cursos de Engenharia Industrial Mecânico e Técnico em Mecânica, profissionais da área de
pedagogia e funcionários para estruturação da secretaria acadêmica. Com o ingresso
principalmente de novos professores, os gestores do campus poderão se dedicar com mais
afinco às atribuições gerenciais, pois atualmente essa equipe se divide entre atividades
gerenciais e o exercício da docência, sendo que essa última demanda uma carga horária
extensa. O Diretor do campus possui 22 h/aulas semanais e o Gerente Acadêmico possui 18
h/aulas semanais.
A área pedagógica precisa ser estruturada, pois no momento não existem funcionários
para atuar nesse contexto, ficando os respectivos assuntos a cargo dos professores, técnicos
85

administrativos educacionais e coordenação dos cursos. Quanto às atividades da secretaria


acadêmica, essas também são desenvolvidas pelos técnicos administrativos educacionais.
Todas as atividades administrativas citadas estão sendo desenvolvidas da melhor maneira
possível, porém, sem os respectivos conhecimentos específicos.

Segundo o PDI do CEFET/RJ, a implantação de políticas de organização e gestão de


pessoal se constitui em uma das diretrizes para o desenvolvimento do sistema Multicampi.
(PDI, 2010)

 A busca de novas formas de financiamento também se constitui em política


institucional definida no PPI (2010). Assim, o campus Itaguaí vem tentando também captar
recursos junto a outras organizações mediante a parceria com empresas privadas para
aprimorar e expandir as suas atividades. Informalmente uma empresa do ramo da siderurgia se
mostrou interessada em fazer parceria com o campus Itaguaí no sentido de ofertar estágio para
os alunos qualificados por essa instituição, porém, com relação a recursos financeiros ainda
não há projetos formalizados.

 Praticar avaliação interna e externa visando ao aperfeiçoamento do ato educativo é o


objetivo da política de avaliação do CEFET/RJ (PPI, 2010). O campus Itaguaí está
acompanhando informalmente o desempenho das suas atividades por meio dos alunos
egressos. O aproveitamento desses alunos no mercado de trabalho da região representa um
indicador de desempenho da educação profissional oferecida por esse campus. Esse
acompanhamento também indica se há necessidade de revisão de métodos e conceitos,
atualização de conteúdos e práticas diante das exigências do ambiente corporativo.

Por ser uma unidade de ensino relativamente nova, somente duas turmas do curso
Técnico em Portos concluíram a educação profissional de nível médio, totalizando cinquenta
alunos. Esse número representa 63% do total de alunos que iniciou o curso. Todos estão
inseridos no mercado de trabalho da região e mais de 90% deles atuam na área portuária.
Sabe-se que vinte e nove alunos, oriundos da primeira turma do referido curso, foram
admitidos no programa de trainee da empresa mineradora que faz parte do convênio com o
campus Itaguaí. Terminado o prazo desse programa, vinte e dois alunos foram efetivados e
estão trabalhando nas diversas unidades da mesma empresa, todas localizadas na região da
Costa Verde e também no bairro de Santa Cruz. Com relação aos vinte e um alunos da
segunda turma do mesmo curso, doze alunos também foram admitidos no programa de trainee
da mesma empresa. Os demais alunos foram admitidos em programa de estágio de outras
empresas também da região.
86

É oportuno citar que a maioria dos alunos egressos já está cursando ensino superior em
diversas instituições da região, dentre os quais, cinco estão cursando Engenharia Industrial
Mecânica no campus Itaguaí.
Em entrevista efetuada com 14% dos alunos egressos, ficou evidente que a educação
profissional oferecida pelo campus Itaguaí está contribuindo para o desenvolvimento
socioeconômico da comunidade e também está atendendo à demanda de mão de obra
qualificada, possibilitando assim a sustentabilidade das empresas local. Eles acrescentaram
que essa instituição de ensino representa um marco para a região e em particular para suas
respectivas vidas, pois a possibilidade de inserção no mercado de trabalho, principalmente em
empresas de grande porte, só se tornou realidade a partir da educação profissional adquirida
no curso Técnico em Portos.
Outro fato citado foi a mobilidade social ocorrida a partir da melhoria da condição
financeira, que acarretou melhor qualidade de vida para eles e respectivas famílias. Alguns
depoimentos merecem destaque:

Aluno A:
“Eu trabalhava em uma loja de roupas em Itaguaí. Depois que eu concluí
o curso e entrei para a empresa que trabalho no momento, tudo mudou.
Hoje eu trabalho muito, mas a empresa oferece um bom salário e vários
benefícios. A minha vida deu uma guinada em relação ao padrão de vida
e consequentemente na minha qualidade de vida. Atualmente me sinto
mais maduro e esse amadurecimento está acontecendo em função do
tipo de responsabilidade que assumi. Estou percebendo também a
evolução nas relações interpessoais, pois tive que aprender a
reconhecer e trabalhar meus pontos fracos.”

Aluno B:
“Eu era professora da Rede de Educação Municipal de Itaguaí. O curso
Técnico em Portos foi um salto muito grande na minha vida, pois através
dele pude chegar à empresa onde estou e ela é muito boa. Já conquistei
muita coisa, financeiramente falando. Na próxima semana estarei de
férias e vou para o exterior. Estou também ajudando a minha família.
Incentivei a minha sobrinha e agora ela foi aprovada no curso Técnico
em Mecânica. A cada dia percebo a melhora na qualidade não só da
minha vida, como também da minha família.”

Aluno C:

“Eu fiz curso Técnico em Enfermagem. Conclui o curso, fiz estágio, mas
não dei prosseguimento, pois já estava fazendo o curso Técnico em
Portos e percebi que nessa área eu teria mais opções para atuar no
mercado de trabalho. Estou gostando da empresa que atuo no momento,
mas pretendo crescer lá dentro. Minha vida mudou depois do CEFET,
pois ganhei independência financeira e isso me faz sentir grande,
poderosa. É muito gratificante saber que todo o meu esforço está
valendo a pena.”
87

Aluno D:
“Antes do curso Técnico em Portos eu fazia parte do programa Jovem
Aprendiz do SENAI e estagiava na CSN. Através do curso Técnico em
Portos pude adquirir mais conhecimento que me possibilitou ingressar no
programa de trainee da empresa VALE S.A. Financeiramente falando,
hoje estou ganhando mais e a empresa também paga a minha
faculdade. Estou gostando, mas quero crescer. Penso que com a minha
bagagem de conhecimento posso dar melhor retorno para empresa.”

As empresas que estão absorvendo a mão de obra qualificada pelo campus Itaguaí
fornecem feedback com relação ao desempenho dos alunos nos diversos setores de atuação e
as informações são sempre as mais positivas possíveis.
88

VII - ANÁLISE DOS RESULTADOS

Considerando-se o enfoque de orientação á sustentabilidade, é necessária a constante


preocupação com relação aos cenários de desenvolvimento econômico, social e ambiental. A
complexidade desses cenários exige diversos tipos de governança (adaptativa, reflexiva e
deliberativa) e para colocá-las em prática é necessário o investimento em um modo de reflexão
que possibilite, às pessoas atuando nos diversos tipos de organização social, avançarem na
busca do sentido desejado para o desenvolvimento sustentável. É assim que se vê a
participação do campus Itaguaí, que foi institucionalizado no município de Itaguaí para
desenvolver entre seus docentes, discentes e pessoal administrativo, a capacidade de reflexão
sobre as diversas questões e impactos econômicos, sociais e ambientais envolvendo as ações
dos atores locais e o meio ambiente.
As ações do campus são colocadas em prática por meio dos processos de governança
que variam conforme a situação. Para atender a necessidade de seus stakeholders com
relação à demanda de profissionais qualificados principalmente na área portuária, o campus
Itaguaí oferece cursos em diferentes segmentos da educação (ensino médio, pós-médio e
superior). Para isso, segue as determinações do MEC, no que se refere ao cumprimento da
legislação em vigor e também aos diversos procedimentos operacionais. Nesse sentido, o
campus está desenvolvendo a governança adaptativa. O campus adota também a governança
deliberativa para tomada de decisões após debates, envolvendo os atores internos. A escolha
de representantes nos colegiados, bem como, a definição das turmas que vão participar de
uma eventual visita técnica são exemplos de situações que envolvem a governança
deliberativa. Entretanto é importante lembrar que o processo de governança deliberativa deve
ser praticado com base no real conhecimento dos fatos / alternativas / consequências, para
alcançar bons resultados. Caso contrário, a governança deliberativa estará sendo exercida
apenas para cumprir protocolos e certamente os resultados não serão compatíveis com as
expectativas. A governança reflexiva também é praticada, à medida que se adota o exercício
da reflexão sobre determinações e/ou políticas institucionais, como também para o
desenvolvimento do pensamento relacionado às questões voltadas à sustentabilidade.
A exploração de recursos naturais que acontece principalmente em função do
transporte de diversos tipos mercadorias por meio dos terminais portuários precisa de atenção,
pois é necessária a manutenção da integridade dos ecossistemas presentes na região. O
desenvolvimento da consciência voltada para a preservação do meio ambiente deve ser
desenvolvido por meio da educação oferecida pelas instituições de ensino, conforme está
previsto em legislação pertinente e também conforme determinação da UNESCO. No caso da
região de Itaguaí, o CEFET é um dos responsáveis por esta tarefa, porém ainda é baixa a
atuação dessa instituição de ensino nesse contexto.
89

É importante ressaltar que a partir do surgimento do conceito de sustentabilidade, é


imprescindível o desenvolvimento da educação considerando os aspectos econômico, social e
ambiental do país. Considerando esse contexto, o campus Itaguaí está desenvolvendo suas
atividades de forma a contribuir para o crescimento econômico da região, pois está preparando
profissionais qualificados para que as empresas (principalmente as locais) possam continuar
desempenhando suas atividades e até mesmo apostar no processo de expansão. Também
está tentando exercer o papel de integrador social, à medida que consegue formar profissionais
que são absorvidos pelo mercado de trabalho local, fato que até a chegada do CEFET no
município de Itaguaí não acontecia. Com relação às questões ambientais, é necessário o
desenvolvimento de um plano de ação para intensificar a conscientização da necessidade da
proteção do meio ambiente sem prejudicar o desenvolvimento socioeconômico da região. Esse
plano de ação deve envolver essa instituição educacional como um todo e também fazer parte
do Projeto Político Pedagógico de todos os cursos.

Alguns fatores organizacionais que influenciam a atuação do campus Itaguaí


identificados nessa pesquisa que representam fragilidades institucionais, representam
situações que devem ser analisadas à luz da governança reflexiva, pois exigem soluções que
envolvem várias relações sociais internas e externas ao campus Itaguaí e ao CEFET/RJ.
Também fazem parte de um cenário de complexidade que demanda ações provenientes do
processo de reflexividade, ou seja, há necessidade de analise das relações entre os diversos
fatores apresentados e os vários atores sociais envolvidos.
90

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral dessa pesquisa é a análise da atuação do campus Itaguaí sob a


perspectiva de atendimento das diretrizes gerais a que está sujeito e aos compromissos
específicos estabelecidos com atores sociais locais, tendo a sustentabilidade como elemento
norteador da análise realisada.

Para atingir esse objetivo foi necessário analisar como o campus Itaguaí está atuando
institucionalmente e identificar potencialidades e fragilidades institucionais relevantes que
deverão ser reorganizadas para a integração satisfatória das ações do campus.

O início da pesquisa aconteceu a partir do referencial teórico que teve como base as
teorias da institucionalização, governança, stakeholders e sustentabilidade.

Por meio da teoria da institucionalização foi possível entender como são definidas as
diretrizes do sistema educacional brasileiro, considerando a preocupação com o
desenvolvimento sustentável. A teoria da governança contribuiu para o entendimento de como
transformar as diretrizes definidas no plano de institucionalização da educação, em ações
sistematizadas no campus Itaguaí. Com base na teoria dos stakeholders foram identificados os
atores da região que têm relação com a proposta educacional do campus.

A partir do referencial teórico citado, surgiu a necessidade de aprofundar o


conhecimento relacionado ao sistema educacional nacional. Sendo assim, uma pesquisa
bibliográfica foi elaborada e por meio dessa foi possível entender a origem da escola pública, a
criação das escolas profissionais, o surgimento da LDB, o surgimento das Escolas Técnicas
Federais, a atual LDB, a atuação do CEFET em todos os níveis da educação, o reforço do
papel do CEFET na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o plano
de expansão da respectiva rede e o surgimento dos Institutos Federais de Educação.

Após analisar o contexto das diretrizes educacionais, foi necessário conhecer melhor a
instituição CEFET/RJ. Para isso foi feita uma pesquisa documental que permitiu resgatar o
histórico da instituição, desde o inicio das suas atividades (1917) até os dias atuais. Essa
pesquisa também permitiu acesso ao Projeto Pedagógico Institucional e o Plano de
Desenvolvimento Institucional que foram analisados e serviram de referencial para a análise da
atuação do campus Itaguaí. Ainda por meio de documentos internos, foi possível entender
exatamente a identidade e os objetivos dessa instituição, a estrutura organizacional, bem
como, o sistema Multicampi implantado, as modalidades de atuação (ensino, pesquisa e
extensão), o processo de seleção dos alunos, como ocorre a integração entre a educação
básica e a educação profissional, como é feito o acompanhamento dos alunos egressos no
mercado de trabalho e quais os tipos de avaliação institucional (interna e externa) que é
submetido.
91

Para dar prosseguimento ao trabalho, foi necessário entender como surgiu a ideia de
implantar uma unidade descentralizada de ensino do CEFET/RJ no município de Itaguaí. Para
isso foram efetuadas entrevistas com a Direção Geral do CEFET/RJ e com a Direção do
campus Itaguaí que relataram sobre o surgimento e implantação do referida instituição. Todos
os dados referentes à parceria criada entre o CEFET/RJ, Governo Municipal de Itaguaí e uma
empresa privada do ramo da mineração foram obtidos por meio do projeto de implantação do
campus.

Vários membros da diretoria do campus, assim como a pesquisa empírica forneceram


informações que permitiram aperfeiçoar o conhecimento a respeito das estruturas
organizacional, física, acadêmica e administrativa dessa unidade de ensino.

A atuação do campus Itaguaí acontece por meio de atividades de ensino, pesquisa e


extensão, entretanto, o processo de seleção dos alunos para os diversos cursos,
acompanhamento do corpo discente, a integração entre a educação básica e a educação
profissional, a relação com os diversos atores locais, acompanhamento de alunos egressos,
entre outros processos, exercem influência na atuação do campus. Considerando esse
contexto, professores, alunos egressos, membros da diretoria do campus, empresas locais e
uma escola da região contribuíram com informações relevantes que permitiram, juntamente
com todo o conhecimento adquirido ao longo da pesquisa, concluir que a situação atual dessa
unidade de ensino faz parte do processo de consolidação do sistema Multicampi iniciado pelo
CEFET/RJ em 2005, porém, é importante lembrar que esse processo demanda um modelo de
gestão que garanta a identidade desta instituição considerando as diferentes realidades dos
diversos campi, sem perder de vista o padrão de excelência da Educação Profissional,
Científica e Tecnológica por esta alcançada ao longo do tempo.

Esta pesquisa apresentou como resultado vários fatores organizacionais do campus


Itaguaí que precisam ser aprimorados e para os quais se sugere a elaboração de um plano de
ação para implantar medidas de reorganização que atenda às necessidades no curto, médio e
longo prazo. Entretanto, também mostrou as potencialidades dessa unidade de ensino, as
quais permitem afirmar que o campus está se desenvolvendo de forma satisfatória quanto ao
cumprimento das suas finalidades institucionais, que incluem qualificar profissionalmente a
população do município onde está inserido e contribuir para o desenvolvimento sustentável da
região da Costa Verde, em consonância com uma perspectiva de inclusão social.
92

BIBLIOGRAFIA

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Federais de Educação Tecnológica e dá outras providências.

______. Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39


a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, e dá outras providências.
93

______. Decreto nº 5.224 de 1º de outubro de 2004. Dispõe sobre a organização dos Centros
Federais de Educação Tecnológica e dá outras providências.

______. Decreto nº 5.225 de 1º de outubro de 2004. Altera dispositivos do Decreto no 3.860,


de 9 de julho de 2001, que dispõe sobre a organização do ensino superior e a avaliação
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Industrial.

______. Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937. Dá nova, organização ao Ministério da Educação


e Saúde Publica.

______. Lei nº 6.545, de 30 de junho de 1978. Dispõe sobre a transformação das Escolas
Técnicas Federais de Minas Gerais, do Paraná e Celso Suckow da Fonseca em
Centros Federais de Educação Tecnológica e dá outras providências.

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de 30 de junho de 1978, que “dispõe sobre a transformação das Escolas Técnicas
Federais de Minas Gerais, do Paraná e Celso Suckow da Fonseca em Centrais
Federais de Educação Tecnológica, e dá outras providências”.

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100

ANEXO 1 – Estrutura organizacional do CEFET/RJ


 Órgãos Colegiados
 Conselho Diretor
 Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
 Órgão de Controle (Auditoria Interna)
 Diretoria Geral
 Vice-Diretoria
 Assessoria
 Coordenação de Concursos
 Divisão de Cooperação Internacional
 Assessoria Especial (Procuradoria Jurídica)
 Diretoria de Ensino
 Biblioteca Central
 Departamento de Desenvolvimento Educacional
 Departamento de Educação Superior
 Departamento de Ensino Médio e Técnico
 Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
 Departamento de Pesquisa
 Departamento de Pós-Graduação
 Diretoria de Extensão
 Departamento de Extensão e Assuntos Comunitários
 Diretoria de Administração e Planejamento
 Departamento de Recursos Humanos
 Departamento de Planejamento e Finanças
 Departamento de Administração
 Departamento de Infraestrutura
 Diretoria de Gestão Estratégica
 Departamento de Estudos de Desenvolvimento Institucional
 Departamento de Tecnologias da Informação e da Comunicação
 Unidades de Ensino
 Campus Nova Iguaçu
 Campus Maria da Graça
 Campus Petrópolis
 Campus Nova Friburgo
 Campus Itaguaí
 Campus Angra dos Reis
 Núcleo avançado de Valença

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