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339 - Elizabeth Marino Leao de Mello PDF
339 - Elizabeth Marino Leao de Mello PDF
Orientador:
José Antonio Assunção Peixoto, D. Sc.
Rio de Janeiro
Novembro / 2012
ii
Aprovada por:
_________________________________________________________
Presidente, Prof. José Antonio Assunção Peixoto, D. Sc. (Orientador)
_________________________________________________________
Prof. Leydervan de Souza Xavier, D.C.
_________________________________________________________
Prof. Fernando Guilherme Tenório, D. Sc. (FGV)
_________________________________________________________
Prof. Nival Nunes de Almeida, D. Sc. (UERJ)
Rio de Janeiro
Novembro / 2012
iii
CDD 371.33
iv
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus por me dar forças para superar todas as
dificuldades que encontrei ao longo dessa jornada.
Agradeço especialmente ao meu filho e ao meu marido, que ficaram ao meu lado em
todos os momentos, sempre me fazendo acreditar que conseguiria chegar ao final desta difícil,
porém, gratificante etapa.
Sou grata à minha mãe (in memorian), que se empenhou, sem medir esforços, na minha
educação. Se hoje cheguei aqui, devo isso a ela, que sempre me incentivou a prosseguir nos
estudos.
Também agradeço aos demais familiares e aos meus amigos, que compreenderam o
motivo pelo qual muitas vezes estive ausente e me privei da alegria de estarmos juntos, pois
dediquei muitos finais de semana ao desenvolvimento deste trabalho.
Muito obrigado ao meu orientador e Professor José Antonio Assunção Peixoto, D. Sc.,
que acreditou em mim e me apoiou nos momentos mais difíceis. Não posso deixar de agradecer
aos Professores Leydervan de Souza Xavier, D.C., Maria Cristina Gomes de Souza, D. Sc. e
Leonardo Silva de Lima, D. Sc., que me incentivaram a ingressar neste projeto de pesquisa.
Agradeço aos meus colegas Professores do CEFET/RJ – campus Itaguaí que muito
contribuíram direta e indiretamente para a elaboração desta pesquisa, em especial Professor
Ms. Luiz Diniz Correa e Professor Ms. Humberto Nogueira Farneze, que em vários momentos
me ajudaram fornecendo material pertinente a este estudo.
Obrigado a todos os meus ex-alunos da primeira turma do curso Técnico em Portos do
CEFET/RJ – campus Itaguaí, que carinhosamente participaram das entrevistas que precisei
realizar.
Estendo meus agradecimentos a toda equipe do Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia dessa instituição de ensino e aos respectivos professores que desempenham suas
atividades visando à melhoria da educação brasileira.
Tenho o prazer de dividir com todos vocês a alegria desse momento. Muito Obrigada!
vi
RESUMO
Desde o ano 2000, o Governo Federal vem promovendo, por meio de políticas públicas
orientadas ao desenvolvimento sustentável, a expansão da Rede Federal de Educação
Profissional, Cientifica e Tecnológica, visando ao atendimento de demandas diversificadas de
formação profissional, em diferentes regiões do país. Alinhado a esse esforço, o CEFET/RJ, que
antes atuava somente na Capital, vem desenvolvendo seu sistema Multicampi, incluindo a
implantação de unidades de ensino descentralizadas, com o apoio de parcerias em regiões
estrategicamente selecionadas. Mediante essa estratégia, foi criado o CEFET/RJ – campus
Itaguaí, em 2008, atendendo às diretrizes de governança estabelecidas nos projetos
Pedagógico Institucional e de Desenvolvimento Institucional, ambos referenciados por diretrizes
do Plano Nacional de Educação e, também, atentos aos compromissos do país, formalmente
estabelecidos com o desenvolvimento sustentável, em âmbito nacional e internacional. O
objetivo principal deste estudo é analisar a atuação do campus Itaguaí sob a perspectiva de
atendimento das diretrizes gerais a que está sujeito e aos compromissos específicos
estabelecidos com atores sociais locais, tendo a sustentabilidade como elemento norteador da
análise realizada. Assim sendo, o estudo constitui-se de uma avaliação da atuação da unidade
educacional considerada, centrado na orientação à sustentabilidade, mediante reflexões
realizadas de acordo com referências teórico-metodológicas preestabelecidas. O estudo incluiu
as seguintes etapas de pesquisa: pesquisa bibliográfica, para o desenvolvimento das
referências teórico-metodológicas; pesquisa documental e pesquisa de campo. O resultado se
refere à análise dos diversos fatores organizacionais que representam fragilidades institucionais,
particularmente aqueles relacionados a expectativas de uma integração mais satisfatória de
ações orientadas à sustentabilidade. Entretanto, confirmam ações e potencialidades que
permitem afirmar que o campus está se desenvolvendo de forma satisfatória, quanto ao
cumprimento das suas finalidades institucionais, que incluem qualificar profissionalmente
moradores do município onde está inserido e contribuir para o desenvolvimento da região da
Costa Verde, em consonância com uma perspectiva de inclusão social.
Palavras-chave:
Educação tecnológica; Fatores organizacionais; Análise organizacional; CEFET/RJ
campus Itaguaí.
Rio de Janeiro
Novembro / 2012
vii
ABSTRACT
Advisor:
Since the year 2000, the Federal Government has promoted, through public policies for
sustainable development, the expansion of the Federal Network of Professional, Scientific and
Technological Education, aiming to meet diversified demands of professional training in different
regions of the country. Aligned to this effort, CEFET/RJ, which previously acted only in the
Capital, has developed its Multicampi system, including the implementation of decentralized
schools, with the support of partnerships in strategically selected regions. According to this
strategy, CEFET/RJ - Itaguaí campus was created in 2008, serving governance guidelines which
were set out in the Institutional Educational and Institutional Development projects. These
projects were both referenced by the guidelines of Plano Nacional de Educação and also
concerned with the commitments of the country with sustainable development, formally
established nationally and internationally. The main objective of this research is to analyze the
performance of the campus Itaguaí from a perspective of fulfillment of general guidelines and
specific commitments, established with local social actors, using sustainability as the guiding
element for analysis. Thus, the study consist of an evaluation of the performance of the
educational unit, centered on the orientation towards sustainability, through reflections carried
out according to pre-established theoretical-methodological references. The study included the
following steps of research: bibliographic research, in order to develop theoretical-
methodological references, documentary research and field research. The result refers to the
analysis of various organizational factors that represent institutional weaknesses, particularly
those related to expectations of a more satisfactory integration of actions oriented to
sustainability. However, confirm actions and potentialities that allow us to say that the campus is
developing satisfactorily, regarding the performance of its institutional finalities, which include to
qualify professionally residents of the city where it is inserted, and also to contribute to the
development of Costa Verde region according to a social inclusion perspective.
Keywords:
Technological education; Organizational factors; organizational analysis; CEFET/RJ
campus Itaguaí
Rio de Janeiro
November / 2012
viii
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Tab. IV.6 Articulação da educação profissional técnica de nível médio com o ensino 54
médio – CEFET/RJ
Tab. IV.7 Avaliação do CEFET/RJ – SINAES 2011 57
Tab. V.1 Principais stakeholders do campus Itaguaí 60
Tab. V.2 Estrutura física – campus Itaguaí 63
Tab. V.3 Campus Itaguaí em números 64
Tab. VI.1 Etapas da institucionalização do campus Itaguaí 72
x
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Contextualização 1
Problema 6
Justificativa 6
Objetivos 6
Procedimento Metodológico 7
Organização do texto 9
I – REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO
I.1 – Institucionalização 10
I.2 – Governança 12
I.3 – Stakeholders 17
I.4 – Sustentabilidade 18
II – INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 26
III – REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E 34
TECNOLÓGICA
IV – A INSTITUIÇÃO CEFET/RJ
IV.1 – Histórico do CEFET/RJ 37
IV.2 – Projeto Pedagógico Institucional e Plano de Desenvolvimento 38
Institucional
IV.3 – CEFET/RJ: situação atual
IV.3.1 – Identidade e objetivos 43
IV.3.2 – Estrutura organizacional 44
IV.3.3 – Expansão do CEFET/RJ 44
IV.3.4 – Ensino, pesquisa e extensão 46
IV.3.5 – Processo de seleção dos alunos 53
IV.3.6 – Integração entre a educação básica e a educação 54
profissional
IV.3.7 – Acompanhamento dos alunos egressos no mercado de 55
trabalho
IV.3.8 – Avaliação institucional 56
V - CEFET/RJ – CAMPUS ITAGUAÍ
V.1 – Projeto de implantação 58
V.2 – Relação com os stakeholders 59
V.3 – Início das atividades 62
V.4 – Estruturas física, acadêmica e administrativa 63
xi
INTRODUÇÃO
Contextualização
De acordo com (SILVA, 2010), é dentro deste cenário que o Brasil, a partir da década
de 1990 (final do século XX), vem tentando construir um modelo de gestão pública capaz de
torná-lo mais aberto às necessidades da população brasileira e mais eficiente na coordenação
da economia e dos serviços públicos, dentro do qual o desenvolvimento da educação
constitui-se como um fator estratégico. Analisando esse contexto histórico, o autor identificou
dois projetos políticos que possuem características distintas.
O segundo, que está em desenvolvimento desde o governo de Luís Inácio Lula da Silva
(2003 – 2010), se refere à administração baseada na filosofia social, ou vertente societal, que,
segundo De Paula (2005), enfatiza a participação social e procura estruturar um projeto político
que repense o modelo de desenvolvimento brasileiro, a estrutura do aparelho de Estado e o
paradigma de gestão. Caracteriza-se pela dimensão sociopolítica e enfatiza a elaboração de
estruturas e canais que viabilizam a participação popular. Conforme Tenório (1998) apud De
Paula (2005), a vertente societal se insere na perspectiva de uma gestão social que tenta
2
Barbosa (2011), juntamente com um grupo qualificado de especialistas, fez uma análise
do cenário brasileiro a partir da primeira década do século XXI, ou seja, momento em que o
país passou a adotar a administração societal. A análise relata que o Brasil apresentou
recuperação do crescimento econômico (ainda que os números fiquem abaixo do verificado em
outros momentos da história), fato que foi associado à geração de empregos e esteve
ancorado na expansão do mercado interno. Verificou-se, também, uma redução da
desigualdade de renda pessoal e da pobreza absoluta, que foi possível realizar por meio da
transferência de renda, da política de elevação do salário mínimo, da ampliação do crédito, que
contribuiu para expansão do consumo inclusive para os segmentos de menor renda, e do
próprio desempenho do mercado de trabalho. Entretanto, mesmo com esses sinais de
recuperação, o desenvolvimento dos aspectos socioeconômicos e ambientais segue
constrangido, pois permanecem problemas de infraestrutura que atrapalham o alcance de um
patamar satisfatório de sustentabilidade, dentre os quais, os associados à visão de que o
sistema educacional caracteriza-se pela pouca eficácia, particularmente quanto à capacidade
de atender às necessidades de formação profissional com os perfis contemporaneamente
desejados.
Verifica-se, de acordo com Barbosa (2011), que a expansão do acesso à educação tem,
de fato, ocorrido, mas, constata-se, que a qualidade de ensino segue sem melhoria
expressiva, principalmente com relação à educação básica, situando-se abaixo do mínimo
aceitável para o alcance de uma sociedade equitativa. Como consequência, a educação
voltada ao mercado de trabalho, com ênfase no ensino técnico, corre o risco de não produzir os
efeitos esperados, sem que se consigam avanços mais significativos na melhoria da qualidade
de ensino e das taxas de conclusão da educação básica. Quanto ao ensino superior, há o
reconhecimento de que houve recuperação da capacidade de investimentos das universidades
públicas federais, porém, não se devendo esquecer que a grande maioria das matrículas se
concentra nas universidades privadas, cuja qualidade oscila de maneira considerável.
Cruz (bairro localizado na zona oeste do Município do Rio de Janeiro), onde estão instaladas
várias empresas, entre elas, Furnas Centrais Elétricas, Casa da Moeda do Brasil, ECOLAB do
Brasil, Fábrica Carioca de Catalisadores S.A., Linde Gás, Alumínio Nordeste LTDA (grupo
Metalis) e CSA – Companhia Siderúrgica do Atlântico. Além das unidades militares: Base
Aérea de Santa Cruz, Quartel de Engenharia do Exército – Batalhão Villagran Cabrita e duas
unidades do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Após conhecer a região onde o campus Itaguaí foi instalado, é importante compreender
o perfil da estrutura educacional do município. Segundo o IBGE (2009), Itaguaí possuía 49 pré-
escolas, 66 escolas de ensino fundamental e 17 escolas de ensino médio. Até o ano de 2008, a
formação profissional técnica de nível médio era ofertada por uma instituição estadual
localizada no bairro de Santa Cruz e por uma instituição federal localizada no município de
Seropédica. Quanto ao ensino superior, esse era oferecido em outras localidades, sendo as
mais próximas no bairro de Santa Cruz (três instituições privadas) e no município de
Seropédica (uma instituição pública).
É notória a falta de oferta de cursos de formação profissional técnica de nível médio e
de graduação, necessários para atender à demanda de qualificação profissional da região.
Esse cenário, aliado à falta de mão de obra qualificada para atender ao mercado de trabalho
local, justificou a implantação do campus Itaguaí, o qual também tem a responsabilidade de
desempenhar o papel de agente integrador entre a educação básica e a educação profissional
na região.
Considerando o contexto anteriormente apresentado, as atividades do campus Itaguaí
iniciaram-se em 2008 com o curso Técnico em Portos, que está sendo oferecido na
modalidade subsequente pós-médio, conforme define o Art. 36-B da lei 11.741/2008. Portanto,
destinado aos alunos que já concluíram o ensino médio. A definição do 1º curso do campus
está diretamente relacionada à necessidade da empresa privada participante da parceria e
também ao atendimento da demanda de mão de obra local.
Em 2010, dando prosseguimento ao plano de qualificação de mão de obra da região, o
campus Itaguaí implantou o curso Técnico em Mecânica na modalidade concomitante,
conforme define o Art. 36-C da lei 11.741/2008. Este destinado a quem ingressa no ensino
médio ou que já o esteja cursando na mesma instituição de ensino ou em instituições de ensino
distintas. Ainda, no mesmo ano, implantou o curso de graduação em Engenharia Industrial
Mecânica. Ambos os cursos foram escolhidos a partir de um trabalho de sondagem efetuado
junto às diversas empresas e atores da região, os quais demonstraram necessidade desse tipo
de formação profissional, tendo como principal justificativa a expansão dos terminais portuários
previstos para o ano de 2013.
Ao longo de sua atuação, o campus Itaguaí vem desenvolvendo suas atividades
diretamente orientadas de acordo com PPI – Projeto Pedagógico Institucional e pelo PDI –
6
Problema
O campus Itaguaí foi implantado de acordo com as diretrizes institucionais orientadas
por um modelo de educação para o desenvolvimento sustentável de forma a atender o projeto
de expansão da Educação Profissional, Científica e Tecnológica proposta pelo MEC.
Entretanto, o cenário dinâmico das organizações exige constantes adaptações às
necessidades que surgem ao longo do tempo e à própria evolução do conceito de
sustentabilidade. Sendo assim, a questão que se pretende analisar está relacionada ao
aperfeiçoamento organizacional do campus com objetivo de aprimorar o cumprimento da
respectiva missão institucional.
Justificativa
A atuação da instituição por meio do sistema Multicampi exige um acompanhamento
atento de forma a permitir a garantia da identidade, bem como do padrão de qualidade do
CEFET/RJ nas diversas realidades onde os campi estão instalados. Para isso, é fundamental a
constante análise e adequação de fatores organizacionais, envolvendo a sustentabilidade para
que a instituição possa desenvolver sua missão atingindo seus objetivos.
Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a atuação do campus Itaguaí sob a
perspectiva de atendimento das diretrizes gerais a que está sujeito e aos compromissos
específicos estabelecidos com atores sociais locais, tendo a sustentabilidade como elemento
norteador da análise realizada.
Os objetivos específicos são:
a) Analisar como o campus Itaguaí está atuando institucionalmente visando à
sustentabilidade;
7
Procedimento Metodológico
As principais teorias adotadas no referencial teórico metodológico são: As teorias de
institucionalização, governança, stakeholders e sustentabilidade.
A partir da teoria da institucionalização, é possível entender como são definidas as
diretrizes do sistema educacional brasileiro, considerando a preocupação com o
desenvolvimento sustentável. A teoria da governança contribui para o entendimento de como
concretizar as diretrizes do sistema educacional em suas relações institucionais com atores
governamentais e outros atores sociais envolvidos nos processos educacionais. Em outras
palavras, como transformar as diretrizes definidas no plano da institucionalização da educação,
em níveis internacional, nacional e regional, em ações sistematizadas no CEFET/RJ – campus
Itaguaí. Com base na teoria dos stakeholders1, percebe-se quem são os atores da região que
têm relação com a proposta educacional do campus e qual o tipo de relacionamento entre eles,
relevantes para as ações organizacionais realizadas.
A Figura 1 apresenta o esquema geral do referencial teórico-metodológico adotado para
a organização e desenvolvimento da pesquisa. Ela representa as interações das principais
teorias adotadas no referencial teórico-metodológico considerado para a observação empírica
das ações organizacionais desenvolvidas na atuação do campus Itaguaí em atendimento ao
referencial estabelecido pelas diretrizes de governança.
INSTITUCIONALIZAÇÃO
(Definição de diretrizes)
GOVERNANÇA
(Concretização das diretrizes)
CEFET/RJ
Campus Itaguaí STAKEHOLDERS
[1 - Stakeholder em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização
dos objetivos dessa empresa (FREEMAN, 1984 apud GOMES et al., 2009).]
8
Organização do texto
Além das seções já descritas, o que segue se divide em seis capítulos sequenciais, nos
quais:
I.1 – Institucionalização
I.2 – Governança
Essa comissão relata ainda que a governança diz respeito não só a instituições e
regimes formais autorizados a impor obediência, mas também a acordos informais que
atendam ao interesse das pessoas e instituições.
Governança é o exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo.
Detalhando essa definição, é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos
recursos sociais e econômicos de um país visando ao desenvolvimento, implicando ainda na
capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções
(BANCO MUNDIAL, 1992 apud DINIZ, 1995 apud GONÇALVES, 2005).
[2 - Trade-offs: Técnica de renúncia de uma solução para adoção de alternativa que propicie resultados mais desejáveis
(BusinessDictionary).]
14
governança passa a exigir a atuação de todos os atores além do governo central. Sugerem que
a governança para a sustentabilidade pode possuir abordagem adaptativa, reflexiva e
deliberativa.
Com relação à governança adaptativa, os autores acima afirmam que é adequada para
situações de mudanças rápidas e de alta incerteza. É essencialmente de natureza
experimental, e busca construir capacidades com base em experiências passadas. Por meio da
governança adaptativa é possível se chegar ao consenso, mas para isso é necessário o
conhecimento científico do problema. É uma forma flexível de lidar com situações complexas.
Dietz et al. (2003 apud FOLKE et al., 2005) utilizam o conceito de governança
adaptativa para expandir o foco da gestão, como forma de enfrentar os contextos sociais mais
amplos e dinâmicos.
Segundo Folke et al. (2005), a governança adaptativa é operacionalizada através de
sistemas de cogestão adaptativa. Essa, por sua vez, está preocupada com o processo de
solução de problemas envolvendo partilha de poder entre diferentes níveis de gestão
organizacional. Várias instituições entre grupos de usuários ou comunidades, órgãos
governamentais e organizações não governamentais formam redes sociais e podem ser
envolvidas na partilha do poder de gestão e de responsabilidades. Essas redes sociais
representam um sistema de governança informal com interesse em influenciar a
implementação de políticas. A colaboração em redes de governança exige liderança:
O autor cita ainda a confiança como função fundamental para a governança adaptativa
e acrescenta que ela pode ser a base de todas as instituições sociais.
Relações de confiança e reciprocidade, entre outras, são características de redes
sociais e estas aumentam a flexibilidade de gestão das organizações e instituições (PRETTY &
WARD, 2001 apud FOLKE et al., 2005).
A cogestão adaptativa (operacionalização da governança adaptativa) conta com a
colaboração de um conjunto de diversas partes interessadas que operam em diferentes níveis,
através de redes sociais (FOLKE et al., 2005).
Com relação à abordagem reflexiva da governança, pode-se dizer que está relacionada
à prática da reflexividade.
15
A: C:
B:
Políticas Corporativas Governança adaptativa,
Rede de Governança
Estado / Sociedade deliberativa e reflexiva
Organizações distintas e
Deslocamento
limitadas.
Múltiplos atores, limites solidariedades e
difusos, em rede interdependências,
Grupos de interesse
interações através de instituições renegociadas
Entidade e (Estados; organizações
escalas; por meio de adaptação e
espaços internacionais,
deliberação;
movimentos da sociedade
Vários espaços.
civil);
Espaços interinstitucionais
transitórios e marginais.
Espaços e arenas formais.
Agência orientada por ator
(por exemplo:
Estruturas; regras formais burocratas,cidadãos);
e códigos; Instituições, agência e
Ênfase na Estruturação informal de relações de negociação
teoria social Relacionamentos regras e normas das através de adaptação e
(soberania, confiança instituições, por meio de deliberação.
assumida). prática;
Caminho independente.
Poder e conhecimento
constituido através de
Poder como política discurso;
econômica material;
Enquadramentos;
Soberania centralizada;
competindo com Múltiplos saberes e
interesses políticos; Poder de funcionamento formas de atuação
Poder e
disperso por meio de incluindo o cidadão e
conhecimento
Conhecimento como redes. vivencia;
verdade;
Política de conhecimento;
Expertise constituída por
meio de canais oficiais e Co-construção do
hierarquias. conhecimento com
instituições e processos
de governança.
Plantas e projetos; Incerteza radical dinâmica
Múltiplas interações e social, tecnológica e
Pressupostos de certeza e contingências em ecológica (governança
estabilidade em sistemas processo político adaptável) e interação de
Lidando
social – técnico- reconhecido como a enquadramentos
com
ecológico; criação de incerteza em (governança reflexiva);
incerteza
processos de
Abordagem de risco Governança e resultados. Aprendizagem,
técnico. argumentação,
deliberação.
Fonte: Leach et al. (2007)
17
I.3 – Stakeholders
A expressão stakeholder não tem tradução literal para a língua portuguesa. É utilizada
para identificar os diversos atores que atuam direta ou indiretamente sobre as organizações.
Stakeholder em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que
pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos dessa empresa (FREEMAN, 1984
apud GOMES et al., 2009). Stakeholder inclui aqueles indivíduos, grupos e outras
organizações que têm interesse nas ações de uma empresa e que têm habilidade para
influenciá-la (SAVAGE, NIX, WHITEHEAD, BLAIR, 1991 apud GOMES et al., 2009). Ao
negligenciarem esses grupos, algumas empresas já foram devastadas ou destruídas
(TAPSCOTT e TICOLL, 2005 apud GOMES et al., 2009).
Campbell (1997 apud MARTINS, 2001) acredita que a organização deve ter
responsabilidade social diante do ambiente em que vive. Para ele, existem stakeholders que
atuam diretamente sobre a empresa, os quais são classificados como stakeholders ativos, pois
são influenciadores imediatos do processo de gestão organizacional. Esse mesmo autor
classifica ainda outros agentes que afetam a organização de forma mediata como stakeholders
passivos.
Ernest e Young et al. (1999) classificam os stakeholders ativos como “chaves”, pois
são essenciais para o desenvolvimento do negócio, uma vez que atuam diretamente no
processo produtivo, influenciando de forma efetiva e decisiva na tomada de decisão
organizacional. Para ele, a organização deve saber identificar os seus stakeholders-chave e
obter o máximo de informações para estabelecer um diálogo produtivo que venha a gerar
novas oportunidades e evitar conflitos.
Para Althkinson e Waterhouse (1997 apud CALIXTO, 2010), os stakeholders podem ser
classificados em primários e secundários.
Borenstein (1999, apud MARTINS, 2001) explica que “as ações dos stakeholders
provocam modificações no ambiente externo, restringindo as ações da organização”.
ACIONISTAS
CLIENTES SINDICATO
GOVERNO FORNECEDOR
CONCORRENTE
A organização adapta-se internamente ao novo ambiente externo e/ou tenta influir nele,
para diminuir ou reverter a ação externa. Segundo Martins (2001), é possível a organização
obter vantagem competitiva nos relacionamentos com seus stakeholders e esta pode
representar a chave do sucesso organizacional.
I.4 – Sustentabilidade
agência líder para promover a Década e para sua coordenação internacional. Denomina-se
Década (UNESCO, 2005):
A EDS aplica-se a todas as pessoas, não importando a idade, pois ocorre, em meio a
uma perspectiva de aprendizado ao longo da vida, envolvendo vários espaços de
aprendizagem possíveis, isto é, formal e informal, e deve ser considerada como um processo
contínuo e interativo, afastando assim a noção de que o estabelecimento escolar é o único
local onde ocorre a aprendizagem. Vários são os espaços de aprendizagem: organizações
comunitárias, sociedade civil local, local de trabalho, treinamento técnico e profissional,
capacitação de professores, educação superior, inspetores educacionais, órgãos políticos,
entre outros.
A UNESCO (2005) afirma que o capítulo 36 da Agenda 21 enfatiza a importância da
educação para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a capacidade das pessoas
em entender os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento. A Agenda 21 tem o
objetivo de preparar o mundo para os desafios do século XXI. Reflete um consenso mundial e
um compromisso político no nível mais alto, no que diz respeito a desenvolvimento e
cooperação ambiental.
22
“Seria verdade, ainda que pouco útil dizer que todos nós somos partes
interessadas na educação para o desenvolvimento sustentável. Todos
sentiremos as consequências de seu êxito ou fracasso relativos, assim
como todos nós influenciaremos nas repercussões da EDS por
intermédio do nosso comportamento, que pode ser de apoio ou de
afronta. Esta generalização, entretanto, não contribui a determinar
estratégias de cooperação, comunicação ou ação com objetivos
claramente definidos. Papéis e responsabilidades específicas são
transferidos para organizações e grupos em diferentes níveis: local
(sub nacional), nacional, regional e internacional. Em cada nível os
interessados diretos podem fazer parte de entidades governamentais
(ou intergovernamentais de caráter regional e internacional), da
sociedade civil e organizações não governamentais ou do setor
privado.”
Todos os atores devem ser envolvidos. Tanto governos como sociedade civil deveriam
manter um diálogo permanente, no qual as questões sejam divulgadas e agendas comuns
planejadas por intermédio de amplo debate de aprendizagem mútua. O programa da EDS deve
ser instituído em todos os níveis da comunidade, ou seja, local, regional, nacional e global, pois
as causas, efeitos, problemas e soluções estão interligados em todos os níveis (Ibidem).
O desenvolvimento social, político e econômico, assim como o exercício dos direitos
humanos têm como pré-requisito a educação. A elevação das taxas de retorno social e de
empregabilidade só é possível por meio de investimentos em educação. É essencial que a
população seja educada para que possa participar efetivamente na estrutura de competição
econômica globalizada (PNUD, 2005).
A globalização trouxe mudanças significativas para a sociedade. Silva e Cunha (2002)
afirmam que o conceito de emprego mudou, está sendo substituído pelo de trabalho. O
conhecimento passa ser fundamental na atividade produtiva. A empregabilidade depende da
qualificação profissional e as competências técnicas deverão estar associadas à capacidade de
decisão e de adaptação às novas situações.
24
Para Drucker (1997 apud SILVA e CUNHA, 2002), os principais grupos sociais da
sociedade do conhecimento serão os “trabalhadores do conhecimento”, pessoas capazes de
alocar conhecimentos para incrementar a produtividade e gerar inovação. Ele ainda afirma que
a sociedade do conhecimento coloca a pessoa no centro e isso levanta desafios e questões a
respeito de como preparar a pessoa para atuar nesse novo contexto.
Delors (1998) presidiu a Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI,
que foi constituída por representantes de diversos países e elaborou um relatório para a
UNESCO (a pedido desta), contendo, dentre outras sugestões, os quatro pilares da educação
ao longo da vida, que visa a atender a demanda social contemporânea:
Com relação às universidades, o mesmo relatório sugere que estas devem ocupar o
centro do sistema educacional e desempenhar funções essenciais, tais como, preparação para
a pesquisa e para o ensino, oferta de uma formação em diferentes áreas adaptada às
necessidades da vida econômica e social e cooperação internacional.
Seguindo as diretrizes do programa EDS, o Governo Federal brasileiro, por meio do
MEC, publicou em 15 de junho de 2012 a Resolução CNE nº 2, que estabelece Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental a serem observadas pelos sistemas de
ensino e suas instituições de Educação Básica e de Educação Superior, orientando a
implantação da EA - Educação Ambiental, tendo como referência as Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica e as Diretrizes Curriculares Nacionais para as
Graduações, em especial as de Formação de Professores.
25
II – INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Desde a sua origem, a instituição educativa recebeu o nome de escola. Ela foi se
desenvolvendo ao longo do tempo, se tornando mais complexa e atualmente assumiu a
condição de principal forma de educação (Idem, ibidem).
No Brasil, a expressão “escola pública” pode ser entendida por pelo menos três formas
diferentes, segundo Saviani (2003):
Aquela que ministra o ensino coletivo por meio do método simultâneo, por oposição
ao ensino ministrado por preceptores privados. Esse entendimento de escola pública pode ser
encontrado até o final do século XVIII;
Como escola de massa, destinada à educação de toda a população. É com esse
significado que no século XIX se difundiu a noção de instrução pública vinculada à iniciativa de
se organizar os sistemas nacionais de ensino, tendo como objetivo permitir o acesso de toda a
população de cada país à escola elementar;
Organizada e mantida pelo Estado e abrangendo todos os graus e ramos de ensino –
escola estatal. É esse o atual entendimento de escola pública no Brasil.
seminários criados nos principais povoados. A educação brasileira foi dominada pelos jesuítas
até a metade do século XVIII, quando foram expulsos pelo marquês de Pombal, primeiro
ministro do Reino de Portugal.
As “reformas pombalinas” (assim foram chamadas em função do seu criador – o
marquês de Pombal) da instrução pública iniciaram um processo de reformas modernizadoras,
eram contrárias às ideias religiosas e deram origem à “educação pública estatal”. Entretanto,
essa iniciativa não passou de uma tentativa de inovação que não se concretizou por diversas
razões, principalmente:
Pela escassez de mestres preparados, visto que, a formação desses estava marcada
pela influência dos jesuítas;
Insuficiência de recursos, pois a Colônia não possuía estrutura para arrecadar fundos
para subsidiar a educação;
Isolamento cultural da Colônia, visto que havia o temor de que ideias
emancipacionistas fossem difundidas através do ensino.
Segundo Paiva (1973 apud SAVIANI, 2003), a partir de 1823 (Brasil já independente
politicamente de Portugal), a instrução popular não era mais privilégio do Estado, abrindo
caminho para a iniciativa privada. Em 1826, surge novo projeto para regular a instrução
pública, o qual definiu a estrutura de ensino em quatro graus:
O primeiro, chamado de Pedagogias, considerava os conhecimentos elementares a
todos os cidadãos, não importando sua situação social ou profissão;
O segundo, denominado de Liceus, estava voltado para a formação profissional e
compreendia os conhecimentos referentes à agricultura, à arte e ao comércio;
O terceiro, chamado de Ginásios, considerava os conhecimentos científicos gerais,
como introdução ao estudo aprofundado das ciências;
O quarto grau, Academias, destinado ao ensino das ciências abstratas e ao estudo
das ciências morais e políticas.
Apesar de aparentemente bem estruturado, esse projeto não chegou a ser discutido e a
Câmara dos Deputados adotou, em 1827, outro projeto que se limitava à escola elementar e
que foi denominado de Escolas de Primeiras Letras. Este poderia ter dado origem ao sistema
nacional de instrução pública se tivesse viabilizado a instalação de escolas elementares em
todas as cidades e lugares populosos, mas isso não aconteceu. Em 1834, um Ato Adicional à
Constituição do Império desobrigou o governo central de cuidar das escolas primárias e
secundárias, transferindo essa responsabilidade para os governos provinciais.
O sistema público de ensino com abrangência nacional é determinado em 1854, através
de um regulamento decorrente da reforma de Couto Ferraz (Ministro dos Negócios do Império).
Ele estabelecia a obrigatoriedade de ensino, determinando multa de 20.000 a 100.000 réis aos
28
pais ou responsáveis por crianças de mais de sete anos que a elas não garantissem o ensino
elementar, dobrando-se o valor em caso de reincidência.
Em 1869, visando à ampla reorganização do ensino, surgem várias propostas,
abrangendo todos os aspectos da educação, desde o jardim de infância ao ensino superior.
Mesmo após a proclamação da República, em 1889, a organização da instrução popular foi
adiada e o ensino primário se manteve sob a responsabilidade das antigas províncias agora
Estados Federados (MACHADO,1999 apud SAVIANI, 2003).
No ano de 1909, o então presidente do Rio de Janeiro (como eram chamados os
governadores na época), Nilo Peçanha, criou quatro escolas profissionais no Estado do Rio de
Janeiro: Campos, Petrópolis, Niterói e Paraíba do Sul, sendo as três primeiras voltadas para o
ensino de ofícios e a última para a aprendizagem agrícola. Essa iniciativa está relacionada à
consolidação do ensino técnico-industrial no Brasil ocorrida no ano de 1906, quando o então
Presidente da República Afonso Pena declarou em seu discurso de posse (PORTAL MEC,
2011):
“A criação e multiplicação de institutos de ensino técnico e profissional
muito podem contribuir também para o progresso das indústrias,
proporcionando-lhes mestres e operários instruídos e hábeis”.
Em 1917 é criada a Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Brás com o objetivo
de formar professores, mestres e contramestres para o ensino profissional (Ibidem).
Somente após a Revolução de 1930, com o desenvolvimento da sociedade e o
aceleramento do processo de industrialização e urbanização, o sistema de ensino passou a ser
tratado em âmbito nacional. O analfabetismo passou a ser visto como uma vergonha nacional
que deveria ser erradicado (MACHADO,1999 apud SAVIANI, 2003).
A Constituição brasileira de 1937 foi a primeira a tratar especificamente do ensino
técnico, profissional e industrial. Sendo assim, em 13 de janeiro de 1937, foi assinada a Lei 378
que transformava as Escolas de Aprendizes e Artífices em Liceus Profissionais com objetivo de
ofertar cursos em todos os ramos e graus (PORTAL MEC, 2011).
Em 1942, as Escolas de Aprendizes e Artífices são transformadas em Escolas
Industriais e Técnicas, as quais passam a oferecer a formação profissional em nível
equivalente ao secundário e iniciam o processo de vinculação do ensino industrial à estrutura
do ensino do país como um todo. Os alunos formados nos cursos técnicos ficavam autorizados
a ingressar no ensino superior em área equivalente à da sua formação (Ibidem).
Anos depois, segundo Saviani (2003):
De acordo com esse autor, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação iniciada em 1947
somente foi aprovada em 1961 e não correspondeu às expectativas, pois, entre vários motivos,
vale ressaltar a isenção da responsabilidade quanto ao cumprimento da obrigatoriedade
escolar se comprovado o estado de pobreza do pai ou responsável e a insuficiência das
escolas. Também não dispõe de mecanismos para superar limitações e é considerada
limitadora da democratização do acesso ao ensino fundamental.
No ano de 1959, as instituições de ensino profissional ganharam autonomia didática e
de gestão. Intensificaram a formação de técnicos, os quais são considerados indispensáveis
diante das metas de desenvolvimento do país, determinadas pelos grandes investimentos em
infraestrutura. As Escolas Industriais e Técnicas foram transformadas em autarquias e
passaram a ser chamadas de Escolas Técnicas Federais (PORTAL MEC, 2011).
Posteriormente, a Lei 5.692 de 1971, fixou as diretrizes e bases para o ensino de
primeiro e segundo graus e estabeleceu a necessidade urgente de formar técnicos. Sendo
assim, aumentou-se expressivamente o número de matrículas e implantaram-se novos cursos
técnicos (Ibidem).
O grupo de trabalho que redigiu o texto da Lei 5.692/71 criticou a dualidade do ensino
médio, pois o mesmo fez alusão ao slogan “ensino secundário para nossos filhos e o ensino
profissional para os filhos dos outros” (SAVIANI 2003). O autor explica:
social. Quanto aos princípios e fins da educação nacional, esse instrumental legal determinava
que “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Lei 9.394/96).
Essa mesma legislação cita a Educação Profissional, Científica e Tecnológica e define
que essa deve se integrar “aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões
do trabalho, da ciência e da tecnologia”. Essa legislação tenta se adaptar às transformações do
contexto contemporâneo.
Nesse sentido, em 2003, o MEC organizou dois seminários para a discussão sobre a
educação integrada. O primeiro, “Seminário Nacional Ensino Médio: Construção Política”, que
teve como objetivo discutir a realidade do ensino médio brasileiro e as novas perspectivas na
construção de uma política para esse nível de ensino. O segundo foi o “Seminário Nacional de
Educação Profissional”, que visou à discussão sobre as políticas públicas para a Educação
Profissional e Tecnológica (MOURA et al., 2007).
O autor afirma que, nesses seminários, ficaram evidenciadas duas concepções de
educação profissional, a primeira ancorada nos princípios do Decreto nº. 2.208/97, que na sua
essência separava a educação profissional da educação básica, e outra que trazia para o
debate os princípios da educação tecnológica / politécnica. Naquele momento ficou clara a
perspectiva de integração das políticas para o ensino médio e para a educação profissional,
tendo como objetivo o aumento da escolarização e a melhoria da qualidade da formação do
jovem e adulto trabalhador.
A partir daí, a política de ensino médio foi orientada pela construção de um projeto que
integre a formação específica com a formação geral e que desloque o foco dos seus objetivos
do mercado de trabalho para a pessoa humana, tendo como dimensões indissociáveis o
trabalho, a ciência, a cultura e a tecnologia.
Partindo dessa premissa, um dos eixos norteadores do trabalho do MEC é a relação da
educação profissional tecnológica com a universalização da educação básica (Pacheco,
2008a):
“A relação entre escolarização e profissionalização é um imperativo
no contexto atual da sociedade brasileira pelos elevados índices de
não concluintes da educação básica. Assumir o dever do estado em
garantir um capital cultural básico que permita ao conjunto de cidadãos
e cidadãs, adolescentes, jovens e adultos, construir sua vida com
dignidade, situa a Ciência, a Tecnologia, o Trabalho e a Cultura
como dimensões formativas indissociáveis. Por conseguinte, esse
quadrinômio deve estar presente não só na educação que qualifica
para o exercício de uma atividade profissional como naquela
comprometida com a formação para o exercício da cidadania. Tal
princípio demanda um novo paradigma epistemológico e pedagógico
que supere a mera sobreposição entre campos do conhecimento dos
saberes e campos da profissionalização e invista na sua efetiva
articulação como modo próprio de concepção do projeto educativo.”
(grifo nosso)
31
Silva (2010) afirma que o Decreto 5.224/04 cria mudanças significativas na organização
dos CEFETs, transferindo a supervisão dos CEFETs à Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica e submetendo sua autonomia nos aspectos relativos à criação e à manutenção de
cursos superiores, à avaliação do seu desempenho institucional, pelo SINAES – Sistema
Nacional de Avaliação do Ensino Superior.
Nesse mesmo ano, é publicado o Decreto 5.225/04 que, através do Artigo 2º, transforma
os CEFETs em instituições de ensino superior. Além disso, ratifica a autonomia dos CEFETs
(Artigo 2º; §2º), entretanto, limita esta autonomia ao PDI – Plano de Desenvolvimento
Institucional de cada CEFET. Esse decreto (Artigo 2º; §4º) também diz que os CEFETs
poderão abrir cursos superiores em municípios diferentes de sua sede, indicada nos atos do
seu credenciamento, desde que situados no mesmo estado. Fica assim evidenciada a intenção
do Governo Federal em iniciar a expansão da Rede de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica.
Em 2006, é publicado o Decreto 5.773 que, através do Artigo 77, ratifica a condição legal
dos CEFETs como instituição de nível superior, entretanto, devem respeitar os limites definidos
no seu PDI.
32
No ano seguinte, em 2007, o Decreto 6.301 cria o E-Tec Brasil – Sistema Escola Técnica
Aberta do Brasil no âmbito do Ministério da Educação. Este visa ao desenvolvimento da
educação profissional técnica à distância, a qual tem como objetivo principal ampliar a oferta e
democratizar o acesso a cursos técnicos de nível médio, públicos e gratuitos no país.
Em 2008, é publicada a Lei 11.741, que altera dispositivos da Lei 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, e tem como objetivo possibilitar a combinação do ensino de ciências
naturais, humanidades e educação profissional e tecnológica e assim superar a oposição entre
o ensino propedêutico e o ensino profissionalizante. É oportuno ressaltar as mudanças
significativas introduzidas na educação brasileira por meio dessa legislação:
Ainda em 2008, o Governo Federal promulga a Lei 11.892 com objetivo de implementar e
caracterizar a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. O Artigo 1º
define quais são as instituições que compõem a Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica:
33
o
“Art. 1 Fica instituída, no âmbito do sistema federal de ensino, a Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada
ao Ministério da Educação e constituída pelas seguintes instituições:
Para Peixoto (2010), o novo arranjo educacional definido a partir da Lei 11.892/08 abrirá
novas perspectivas para o ensino médio por meio de uma combinação do ensino de ciências
naturais, humanidades e Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
34
De acordo com o Portal CEFET/RJ (2011), no ano de 2007, este centro apresentou sua
proposta de transformação de Centro Federal de Educação Tecnológica em Universidade
Tecnológica Federal, ao Ministro da Educação por meio do documento Projeto de
Transformação – CEFET/RJ rumo à UTFRJ, que assinalava:
IV – A INSTITUIÇÃO CEFET/RJ
Em 1965, essa instituição passa a chamar-se ETFG - Escola Técnica Federal da Guanabara e
no ano seguinte implanta os cursos de nível superior, de curta duração, chamados de cursos
de engenharia operacional, os quais preparam os profissionais para a indústria. Por ser uma
instituição de ensino técnico, a implantação dos cursos de engenharia operacional acontece a
partir do convênio realizado entre a ETFG e a UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro,
que fica responsável pelo corpo docente e pela expedição dos diplomas.
Em 1967, em homenagem ao seu primeiro diretor escolhido por voto dos docentes, a
ETFG passa a chamar-se ETF – Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca. Essa
identidade permanece até 1978, pois, através da Lei nº 6.545, essa instituição de ensino tem
novamente sua identificação alterada, denominando-se Centro Federal de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, ou seja, a ETF é transformada em CEFET e os cursos
de engenharia operacional são transformados em cursos de engenharia industrial, com a
duração de cinco anos e características plenas.
cenários futuros e define as políticas institucionais que vão orientar as respectivas atividades
no decorrer do tempo (PPI, 2010).
A Tabela IV. 1 apresenta de forma resumida as políticas institucionais do CEFET/RJ.
Política de Objetivo
Estimular a inserção dos professores em
programas de mestrado e doutorado,
proporcionando afastamento total ou parcial,
de acordo com a decisão do colegiado ao
qual o docente pertence.
Incentivar a constante capacitação dos
Manutenção e Capacitação de Recursos servidores e promover diversos cursos sobre
Humanos os mais variados assuntos pertinentes à
rotina institucional.
Firmar convênios de capacitação junto a
reconhecidas instituições de ensino, como a
Universidade Federal Fluminense e a
Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, entre outras.
Permitir a integração e o debate acerca da
realidade institucional, estimulando a atuação
Incentivo à Participação Institucional dos servidores e alunos nos processos
decisórios em atividades de rotina e na
própria formação da identidade do Centro.
Estimular atividades que têm por finalidade
promover a participação estudantil em
Responsabilidade Social iniciativas em prol da cidadania e da
responsabilidade social, além das atividades
próprias da formação acadêmica.
Praticar a avaliação interna e externa com
objetivo de repensar e subsidiar o ato
educativo. A avaliação interna visa a
identificar potencialidades e fragilidades
Avaliação institucionais que poderão ser reestruturadas
gradativamente. A avaliação externa tem
como finalidade aferir condições oferecidas
pela instituição à comunidade em geral no
exercício da sua missão.
Diretrizes Objetivos
E Educação Básica
N Educação Profissional Técnica
Cursos de Graduação (Cursos Superiores de Tecnologia,
S
Bacharelado e Licenciatura)
I Cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado)
O Cursos de Extensão
P E S Q U I S A E E X T E N S Ã O
A Figura IV. 2 mostra a localização dos diversos campi do CEFET/RJ no Estado do Rio
de Janeiro:
Campus Petrópolis
SEDE – Maracanã
Campus Angra dos Reis
Bacharelado
Engenharia de Produção
Engenharia Industrial de Controle e Automação
Campus MARIA DA GRAÇA
Ensino Médio
(Convênio com Secretaria Estadual de Educação: Colégio Estadual Prof. Horácio Macedo)
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Ambiente, Saúde e Segurança Segurança do Trabalho
Controle e Processos Industriais Automação Industrial
Manutenção Automotiva
Campus PETRÓPOLIS
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Informação e Comunicação Telecomunicações – TV Digital
Superior em Tecnologia
Eixo Tecnológico Técnico em
Hospitalidade e Lazer Gestão de Turismo
Licenciatura
Física
Campus NOVA FRIBURGO
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Informação e Comunicação Informática
Superior em Tecnologia
Eixo Tecnológico Técnico em
Hospitalidade e Lazer Gestão de Turismo
Licenciatura
Física
Campus ITAGUAÍ
Educação Profissional Técnica de Nível Médio
Eixo Tecnológico Técnico em
Infraestrutura Portos
Controle e Processos Industriais Mecânica
Bacharelado
Engenharia Mecânica
49
Para ingressar no CEFET/RJ, os alunos participam do processo seletivo que é feito por
meio de concursos que são divulgados periodicamente em editais públicos, os quais
descrevem todas as normas do referido processo. É importante atentar para o segmento de
ensino que se quer ingressar, pois o processo de seleção possui regras diferenciadas:
Tabela IV.6 Articulação da educação profissional técnica de nível médio com o ensino
médio - CEFET/RJ
CEFET/RJ FORMA DE ARTICULAÇÃO
Sede (Maracanã) Concomitância interna / Concomitância Externa
Campus Nova Iguaçu Integrada / Concomitância interna
Campus Maria da Graça Concomitância externa 3
Campus Petrópolis Concomitância externa
Campus Nova Friburgo Concomitância externa
Campus Itaguaí Concomitância externa
Núcleo avançado de Valença Concomitância externa
Campus Angra dos Reis Concomitância externa
[3 - A educação profissional técnica de nível médio é oferecida pelo CEFET/RJ e o ensino médio é oferecido pelo Colégio Estadual
Prof. Horácio Macedo, entretanto, as duas instituições de ensino funcionam no mesmo espaço físico].
55
de uma área do conhecimento: (1) saúde, ciências agrárias e áreas afins; (2) ciências exatas,
licenciaturas e áreas afins, e (3) ciências sociais aplicadas, ciências humanas e áreas afins.
O CPC é um índice que avalia os cursos de graduação. Os instrumentos que subsidiam
a produção de indicadores de qualidade dos cursos são o ENADE, conforme citado
anteriormente, e as avaliações feitas por especialistas diretamente na instituição de ensino
superior. Quando visitam uma instituição, os especialistas verificam: as condições de ensino,
em especial aquelas relativas ao corpo docente, às instalações físicas e à organização
didático-pedagógica.
O IGC é calculado anualmente com base no CPC e na nota CAPES – Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que avalia os programas de pós-graduação.
Após o cálculo desses índices, é gerado um único indicador que expressa a qualidade de todos
os cursos de graduação e pós-graduação Stricto Sensu (mestrado e doutorado) de cada
instituição. O resultado final é expresso em conceitos, com pontuação variável de um a cinco
pontos. Uma instituição que obtenha de três a cinco pontos atende de forma satisfatória; abaixo
dessa pontuação é considerada insatisfatória.
A Tabela IV. 7 mostra a avaliação obtida pelo CEFET/RJ junto ao SINAES no ano de
2011 (PORTAL INEP, 2012):
Qdte. cursos
Sigla da Categoria
Ano avaliados nos IGC
IES Administrativa
últimos 3 anos
2011 CEFET/RJ Pública 12 3
Fonte: Elaboração da própria autora baseado no relatório – Resultado SINAES 2011 (PORTAL
INEP, 2012).
De acordo com informações obtidas com a Diretoria Geral do CEFET/RJ e com o Diretor
dessa unidade de ensino, o campus Itaguaí surgiu a partir do diálogo estabelecido por essa
instituição educacional com representantes do Governo Municipal (Prefeitura de Itaguaí) e uma
empresa privada do ramo da mineração. O diálogo iniciou a partir da empresa mineradora que
necessitava de profissionais qualificados para atuar na área portuária, especialmente na região
da Costa Verde (litoral sul do Estado do Rio de Janeiro).
A região da Costa Verde, mais especificamente, o Município de Itaguaí, atualmente tem
como principal atividade econômica o porto – Porto de Itaguaí. Empresas do ramo da siderurgia
e do segmento portuário têm novos projetos em andamento e pretendem iniciar novas
atividades nessa região a partir de 2013. Esse município também se localiza próximo ao
Distrito Industrial de Santa Cruz (bairro localizado na zona oeste do Município do Rio de
Janeiro), onde estão instaladas várias empresas de grande porte.
Em função da grande expansão econômica que vem acontecendo nos últimos anos,
especialmente no segmento portuário, responsável por gerar grande demanda de mão de obra
qualificada, no ano de 2008, o CEFET/RJ concretizou a parceria com a Prefeitura Municipal de
Itaguaí (RJ) e com a empresa privada do ramo de mineração instalada na mesma região para
implantar o campus Itaguaí. Tal parceria contou ainda com a participação da FRET - Fundação
Rotária de Educação para o Trabalho que foi a responsável pela gestão financeira do projeto,
intermediando todo o repasse de verba necessário entre os envolvidos na parceria. A
participação da FRET foi aprovada pelo Conselho Diretor do CEFET/RJ por meio da Resolução
nº 08/08. A Prefeitura Municipal de Itaguaí doou um terreno de 8.174,19 m2, localizado à
Rodovia Mário Covas, lote J2, quadra J – Distrito Industrial de Itaguaí. A empresa mineradora
contribuiu com a quantia de aproximadamente R$ 12.000.000,00 para a construção das
instalações físicas e o CEFET/RJ se responsabilizou pela estrutura educacional do campus
(CEFET/RJ, 2008).
O projeto previa a construção de uma estrutura física composta por auditório, biblioteca,
laboratórios com equipamentos de alta tecnologia, salas de aula, ambientes administrativos e
ainda uma ampla área para estacionamento e jardinagem. A ideia inicial era começar as
atividades do campus Itaguaí com o curso Técnico em Portos (educação profissional técnica de
nível médio – modalidade subsequente – eixo tecnológico: infraestrutura do Catálogo Nacional
de Cursos Técnicos) e mais tarde expandir as atividades desse campus implantando também
o curso Técnico em Mecânica (educação profissional técnica de nível médio – modalidade
59
A princípio, o campus Itaguaí foi mantido com recursos financeiros da sede (CEFET/RJ –
Maracanã) e atualmente possui recursos próprios, provenientes da SETEC/MEC, e quadro de
pessoal próprio com previsão de 60 docentes até 2015. O corpo docente para atuar nesse
campus inicialmente foi composto por três professores transferidos do CEFET/RJ (sede). A
expansão do quantitativo de professores ocorreu concomitantemente ao inicio e
desenvolvimento das atividades, por meio de concurso público (Ibidem).
Classificação
Classificação O que o
dos
Stakeholders do Papel dos dos stakeholder
stakeholders
CEFET/RJ stakeholders na stakeholders espera do
(Altkinson e
campus Itaguaí região (Campbell, CEFET/RJ
Waterhouse,
1997) campus Itaguaí
1997)
Desenvolve suas
atividades com
objetivo de atingir a
Empresas
sustentabilidade
(Indústrias,
corporativa e Mão de obra
comércio e Secundário Passivo
consequentemente qualificada
terminais
possibilitar o
portuários)
desenvolvimento
social, econômico e
ambiental.
Promoção de
educação
profissional,
Elabora políticas
científica e
educacionais do
tecnológica de
Secretaria de município, coordena
qualidade, como
Educação do a implantação e
Secundário Passivo opção de educação
Município de avalia os resultados a
continuada e
Itaguaí fim de garantir a
consequentemente
qualidade da
integração da
educação local.
população local no
ambiente
corporativo.
Promoção de
educação
profissional,
Promove a produção científica e
e desenvolvimento de tecnológica de
conhecimento teórico qualidade, como
Escolas
e/ou prático, além de Secundário Passivo opção de educação
possibilitar a relação continuada e
social entre seus consequentemente
membros. integração da
população local no
ambiente
corporativo.
Procura o
autodesenvolvimento Qualificação
através da sua profissional,
participação nas possibilitando
População Primário Ativo
relações sociais integração ao
(empresas e ambiente
instituições corporativo.
educacionais)
61
Conquista do
autodesenvolvi-
mento por meio da
qualificação
Busca educação
profissional visando
Alunos do continuada com
Primário Ativo à inserção no
CEFET objetivo do
mercado de
autodesenvolvimento.
trabalho formal da
região e
consequentemente
a inclusão social.
Possibilidade de
aperfeiçoamento
Sistematiza e
constante com
transmite conteúdos,
objetivo de
além de
aprimorar as
desempenhar o papel
Corpo Docente atividades
de mediador do Primário Ativo
CEFET docentes, bem
conhecimento, de
como obter retorno
forma a possibilitar o
financeiro
desenvolvimento dos
compatível com a
alunos.
atividade
desenvolvida.
Possibilidade de
aperfeiçoamento
constante com
objetivo de
Apoia a comunidade aprimorar as
CEFET de forma a atividades diárias,
Administrativos possibilitar o alcance bem como,
Primário Ativo
CEFET dos objetivos crescimento
propostos pela profissional, além
Direção Geral. de retorno
financeiro
compatível com a
atividade
desenvolvida.
Integração da
Define políticas comunidade local
públicas ao ambiente
educacionais socioeconômico de
MEC objetivando a Primário Ativo Itaguaí,
sustentabilidade contribuindo para o
social, econômica e desenvolvimento
ambiental sustentável da
região.
Fonte: Elaboração da própria autora
62
QUANTIDADE DESCRIÇÃO
01 Vestiário
Espaços de convivência (cantina e área para
-
reprodução de cópias)
Quase todos os ambientes estão prontos para efetiva utilização, pois os espaços de
convivência e alguns laboratórios ainda estão em fase de conclusão. A Figura V.1 mostra a
atual estrutura física do campus Itaguaí:
DESCRIÇÃO QDTE
Alunos = 471 Curso Técnico em Mecânica (Nível Médio) 175
Curso Técnico em Portos (Pós-Médio) 139
Curso de Engenharia Industrial Mecânica 157
(Graduação)
Administrativos 15
Fonte: Elaboração da própria autora com base nas informações obtidas com a Gerência
Acadêmica do campus
Cabe aqui ressaltar que quatro professores, além de ministrarem as aulas nos
respectivos cursos, exercem funções administrativas. São eles: O Diretor do campus, o
Gerente Acadêmico, o Coordenador do curso Técnico em Portos e o Coordenador da área de
Mecânica (nível técnico e graduação). Também é oportuno citar que um professor efetivo
trabalha em regime de 20 horas semanais e os demais no regime de dedicação exclusiva.
De acordo com informações obtidas, por meio de entrevista com a Gerência Acadêmica,
o campus Itaguaí ainda se encontra em processo de estruturação. Desde o início das suas
atividades (setembro/2008), novos funcionários estão sendo contratados por meio de concurso
público, contratos temporários e transferências do CEFET/RJ (sede) para compor a estrutura
organizacional.
Atualmente o campus Itaguaí está organizado conforme a Figura V.2:
DIRETORIA
CONSELHO DE
DESENVOLVIMENTO DO
CAMPUS
GERÊNCIA GERÊNCIA
ACADÊMICA ADMINISTRATIVA
COORDENAÇÃO COORDENAÇÃO
DE PORTOS DE MECÂNICA
DIVISÃO DE
DIVISÃO DE APOIO DIVISÃO DE ALMOXARIFADO E DIVISÃO DE
BIBLIOTECA
PEDAGÓGICO COMPRAS PATRIMÔNIO INFRAESTRUTURA
Para cumprir sua missão institucional, o campus Itaguaí oferece os seguintes cursos:
Técnico em Portos:
Oferecido na modalidade subsequente, a educação profissional técnica de nível médio
proporciona a habilitação profissional aos alunos egressos do ensino médio, conforme
determinação da Lei 11.741/08, artigo 36-B. Implantado em 2008 e estruturado conforme
definições do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos do MEC. O mesmo pertence ao eixo
tecnológico – infraestrutura e possui as seguintes características (CEFET, 2008):
Carga Horária: 1.280 horas (4 períodos semestrais);
Estágio Supervisionado: 360 horas;
Organização Curricular: Elaborada em consonância com a Lei de Diretrizes e
Bases – LDB nº 9.394/96; Decreto nº 90.922 de 06/02/1985, que regulamenta a
Lei nº 5.524, de 05/11/1968, que dispõe sobre o exercício da profissão, segundo o
CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia e o CREA - Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia. A matriz curricular foi confeccionada de
acordo com as habilidades e bases tecnológicas necessárias à formação do
Técnico em Portos.
Técnico em Mecânica:
Oferecido na modalidade concomitante ao ensino médio (concomitância externa), a
educação profissional técnica de nível médio proporciona a habilitação profissional aos alunos
matriculados ou egressos do ensino médio, conforme determinação da Lei 11.741/08, artigo
36-C. Implantado em 2010 e estruturado conforme definições do Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos do MEC. O mesmo pertence ao eixo tecnológico – controle e processos industriais e
possui as seguintes características (PORTAL CEFET, 2011):
É oportuno citar que o campus Itaguaí é a única instituição de ensino superior pública
que oferece curso de Engenharia Industrial Mecânica integralmente no turno da noite, no
Estado do Rio de Janeiro. Esse fato está indo ao encontro da necessidade da comunidade
local e também de outros municípios vizinhos, que precisam conciliar o trabalho com a
educação continuada.
O campus Itaguaí é uma instituição que visa também a desenvolver atividades de
pesquisa e extensão.
Quanto às atividades de pesquisa, existem dois projetos que estão sendo conduzidos
por professores distintos desse campus:
pessoa que esteja cursando, no mínimo, a 2ª série do ensino médio, ou tenha concluído esse
nível de ensino. Anualmente são oferecidas 80 vagas, sendo 40 para o primeiro semestre e 40
para o segundo semestre.
Em ambos os semestres, as vagas oferecidas ficam assim distribuídas:
– 50% das vagas para candidatos que tenham concluído ou estejam em condições de
concluir no ano do concurso o ensino médio e o tenham cursado integralmente em
escola pública;
– 50% das vagas para os demais candidatos, sejam oriundos de escola pública ou
privada.
O concurso é classificatório, pois não existe nota mínima para ser aprovado. Sendo
assim, os 80 candidatos com melhores notas ingressam no campus Itaguaí.
Vale ressaltar que a análise desse levantamento não faz parte do escopo desta
pesquisa.
A partir de 2012, o campus Itaguaí conta com o Programa de Bolsas de Monitoria do
CEFET/RJ. Essa iniciativa tem como objetivos despertar no aluno do ensino médio, técnico ou
superior, com aproveitamento satisfatório, o interesse pela carreira docente e assegurar a
cooperação do corpo discente com o corpo docente nas atividades de ensino. Também visa a
melhorar os indicadores de desempenho das disciplinas, através do apoio dado aos alunos que
apresentam dificuldades no acompanhamento dos conteúdos (PORTAL CEFET/RJ, 2011).
Após a leitura da bibliografia, bem como análise das entrevistas efetuadas, o autor
apresenta o resultado desta pesquisa que se refere à análise dos diversos fatores
organizacionais que representam fragilidades institucionais, particularmente aqueles
relacionados a expectativas de uma integração mais satisfatória de ações orientadas à
sustentabilidade. Entretanto, potencialidades também foram identificadas.
Cabe aqui comentar sobre a governança exercida nesse campus, visto que o
processo de institucionalização está diretamente relacionado com a gestão acadêmica e
administrativa praticada na instituição. Baseado na referencia teórica citada por Leach et al.
(2007), foi possível verificar que o campus Itaguaí desenvolve governança adaptativa na
medida que procura aproximar o desenvolvimento das suas atividades ao modelo exercido pelo
CEFET/RJ (sede) e dos diversos campi. Assim como, quando segue as legislações que contêm
as diretrizes do MEC relacionadas às políticas públicas educacionais e também quando se
aproxima das necessidades dos seus stakeholders. A governança reflexiva também é exercida
nos momentos em que analisa e até mesmo questiona a aplicabilidade de algumas definições
já institucionalizadas na instituição CEFET/RJ e que devem (a princípio) ser seguidas por esse
campus. Quando há questionamentos, esses estão relacionados às peculiaridades da região
onde o campus está implantado. Nas situações onde ocorrem os trade-offs, é exercida a
governança deliberativa, que permite a escolha da melhor solução.
Outro fator importante que influencia a atuação do campus Itaguaí é a relação dessa
unidade de ensino com seus stakeholders. Conforme a política de cooperação e participação
comunitária definida no PPI (2010) dessa instituição é essencial o efetivo conhecimento das
necessidades, recursos, estrutura social e valores da comunidade para a construção de
parcerias entre esse campus e seus stakeholders.
O campus Itaguaí mantém frequente relação com os atores da região. Dentre eles,
destacam-se as escolas e as empresas que atuam respectivamente como “fornecedores” e
“possíveis clientes” dessa unidade de ensino.
As diversas escolas (rede pública e particular) são responsáveis pela educação básica,
enquanto que o campus Itaguaí é um dos responsáveis pela educação profissional da região.
Sendo assim, é importante conhecer como esses atores estão se relacionando, para entender
como a integração entre a educação básica e educação profissional está acontecendo.
O curso Técnico em Mecânica oferecido por esse campus, por ser de nível médio e
articulado com a educação básica na forma de concomitância externa, é o curso que possui
uma relação mais direta com o ensino médio oferecido pelas demais instituições da região,
pois os alunos estão atuando paralelamente nos dois segmentos da educação. Os demais
cursos (Técnico em Portos e Engenharia Industrial Mecânica) possuem alunos que já
terminaram a educação básica em diversas escolas e atualmente se dedicam exclusivamente à
educação profissional.
Aproximadamente 50% dos alunos (incluindo alunos do convênio firmado entre o
campus Itaguaí e a Secretaria Municipal de Educação de Itaguaí) que fazem o Curso Técnico
em Mecânica (educação profissional) nesse campus, também fazem o ensino médio (educação
básica) em uma única escola da Rede Estadual de Educação da região. Em função do volume
75
expressivo de alunos em comum entre as duas instituições, uma representante dessa escola
foi entrevistada e contribuiu com algumas observações a respeito da integração da educação,
bem como a respeito da presença do campus Itaguaí na comunidade local.
É possível perceber que hoje o campus Itaguaí não interage com a escola acima
mencionada e vice-versa. Não existe nenhum tipo de contato entre os professores dessas duas
instituições. Tal fato impossibilita qualquer tipo de integração e contraria as políticas públicas
do sistema educacional voltadas para um modelo de educação sustentável.
A relação do campus Itaguaí com as diversas escolas da rede pública local atualmente
acontece somente por intermédio da Secretaria Municipal de Educação de Itaguaí. Essa faz o
intercâmbio entre esses atores e sempre se mostra receptiva às atividades proposta pelo
campus Itaguaí. Quando da implantação do campus (em 2008), houve contato direto com as
escolas da Rede Estadual de Educação (responsável pelo ensino médio), visto que a Direção
dessa unidade de ensino visitou várias instituições para apresentar o CEFET/RJ e divulgar o
primeiro concurso para o curso Técnico em Portos. Em 2011, também houve outro momento de
aproximação direta entre esses atores, quando duas escolas responsáveis pelo ensino
fundamental do Município de Itaguaí fizeram uma visita ao campus, levando seus alunos para
conhecer toda a estrutura física, bem como a proposta do curso Técnico em Mecânica.
O campus Itaguaí desde o início das suas atividades está se aproximando aos poucos
das diversas organizações empresarias da região. Seus contatos mais frequentes são com
76
empresas mineradoras e siderúrgicas, tais como VALE S.A., CSA e CSN. Essas empresas
ministram palestras e oferecem oportunidade para alunos e professores realizarem visitas
técnicas nas respectivas instalações físicas. Essa prática é muito bem-vinda e contribui para a
formação integral de profissionais, pois a aproximação entre as instituições educacionais e as
empresas de um modo geral permite que tanto os alunos quanto os professores se apropriem
de conhecimentos inerentes ao mundo corporativo, tais como processos de produção,
comportamentos organizacionais, ética, entre outros.
A intensificação das visitas técnicas representa uma ação para o aperfeiçoamento da
qualidade acadêmica dos cursos oferecidos pelo CEFET/RJ e está previsto no PDI (2010).
É importante ressaltar a observação feita (durante entrevista) pelo Vice-Diretor Geral do
CEFET/RJ a respeito das visitas técnicas:
Empresa A:
“Entre a educação básica e a educação profissional existe um grande
vácuo que precisa ser eliminado para que as pessoas possam atuar e
se desenvolver profissionalmente. Nesse sentido, o que precisa ser
feito é melhorar a qualidade da educação básica, pois como o nome já
diz, ela é a base da educação e sem ela todo o desenvolvimento
profissional fica comprometido. Para ilustrar essa situação, nós temos
vários funcionários que possuem grande bagagem de competências
técnicas adquiridas por meio de programas de capacitação, mas não
dominam as disciplinas básicas, como matemática e a língua
portuguesa. Esse fato impede o crescimento profissional.”
Empresa B:
O parecer dessas empresas é muito importante para o campus Itaguaí, visto que elas
representam oportunidade de inserção dos futuros profissionais qualificados por essa
instituição de ensino no ambiente corporativo.
Vários atores internos (professores, alunos e técnicos administrativos) concordam com
a opinião de que esse campus precisa intensificar os contatos com os demais atores da região,
pois esses representam a possibilidade de integração entre o mundo acadêmico e o mundo do
trabalho. É oportuno lembrar que ampliar a relação do campus Itaguaí com a comunidade
externa faz parte da política de cooperação e participação comunitária da instituição (PPI,
2010).
externa com planejamento integrado, nessa instituição, é apenas uma intenção que ainda não
se concretizou e a expectativa disso acontecer demanda tempo, ou seja, é uma ação de longo
prazo. Enquanto a interlocução entre as escolas de diferentes esferas não acontece, a
indissociabilidade entre formação geral e profissional na perspectiva de educação integral
proposta pelo MEC fica prejudicada.
Estima-se que a integração de conhecimentos por meio da concomitância interna e até
mesmo por meio da organização curricular integrada (ensino médio e educação profissional
organizados em um único currículo) tem mais chances de atingir o objetivo do modelo de
educação sustentável definido pelo MEC, mas para isso são necessárias várias mudanças
organizacionais nesse campus, que podem ser encaradas como desafios. A principal delas é a
implantação das disciplinas referentes à educação básica, pois será necessária a contratação
de docentes para ministrar as respectivas aulas e atualmente as contratações estão suspensas
pelo Governo Federal.
Quanto à opção de integração de conhecimentos por meio do currículo integrado, é
importante salientar que esse modelo merece uma atenção especial, pois as disciplinas
referentes à educação básica devem ser ministradas com enfoque na educação profissional,
mas não exclusivamente com esse objetivo, para não prejudicar a formação holística do aluno.
O currículo integrado deve permitir conhecimentos necessários para a formação profissional e
também conhecimentos inerentes à educação básica, de forma a permitir que o aluno ingresse
na educação superior, se assim desejar. O egresso da educação profissional de nível técnico
deve estar preparado para ingressar no mercado de trabalho e/ou optar pelo ingresso na
educação superior, se assim decidir. É importante lembrar que a formação continuada faz parte
das atuais políticas públicas da educação.
A organização curricular dos três cursos oferecidos pelo campus Itaguaí precisa ser
reorientada para um modelo de sustentabilidade e para isso é necessário ampliar as disciplinas
de ciências humanas e ciências sociais com objetivo de proporcionar uma formação holística,
bem como intensificar a educação ambiental, pois essa deve estar presente de forma
articulada nos diversos níveis da educação básica e educação superior, de acordo com a
determinação da Lei 9.795/99 e da resolução CNE nº 2/2012.
A revisão curricular faz parte dos objetivos previstos no PDI (2010), o qual visa ao
aperfeiçoamento e à garantia da qualidade acadêmica dos cursos oferecidos pela instituição.
Ainda, nesse contexto, os cursos oferecidos pelo campus precisam intensificar as
informações relacionadas ao impacto ambiental promovido pela execução de projetos
portuários na região de Itaguaí. Atualmente, o grande desafio da atividade portuária é promover
o seu desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente em que se insere. É importante
fazer com que os alunos entendam que a atividade portuária é impactante em função das
79
cargas que manuseia, mas não necessariamente poluente. Ela só é poluente quando
executada de forma inadequada. Segundo Porto (2007), a utilização dos espaços costeiros
deve ser analisada cuidadosamente, principalmente pelo viés institucional. Nesse sentido, cabe
ao Município ordenar o espaço litorâneo.
A partir das entrevistas efetuadas com vários professores do campus, foi possível
obter informações a respeito da formação básica proporcionada pelo ensino fundamental e
médio das diversas escolas da região. Essa está muito aquém das necessidades da educação
profissional oferecida pelo campus Itaguaí no curso Técnico em Mecânica. A falta de
conteúdos mínimos prejudica o desenvolvimento dos alunos nas disciplinas técnicas da
educação profissional, gera desinteresse e baixa estima. Como consequência, verifica-se alto
índice de reprovação e/ou evasão dos cursos técnicos, principalmente o curso Técnico em
Mecânica (aproximadamente 40%). É oportuno lembrar que a redução progressiva das taxas
de evasão se constitui em uma das metas do PDI (2010) do CEFET/RJ e para isso é
necessário um efetivo acompanhamento e implantação de ações que atendam à meta
estabelecida. Nesse sentido, o campus Itaguaí desenvolve um levantamento estatístico que se
constitui em um instrumento de gestão, porém, ainda não foi possível implantar rotinas de
acompanhamento que visem à redução das taxas de evasão e / ou reprovação, pois o campus
não possui equipe pedagógica que possa desenvolver esse trabalho. A atual equipe (três
funcionários) de técnicos administrativos educacionais, que deveria estar atuando nesse
contexto, está desenvolvendo atividades da secretaria acadêmica, pois essa ainda não foi
estruturada por falta de funcionários.
O campus também está desenvolvendo três projetos de extensão, sendo dois na área
portuária e um na área de engenharia. Esses projetos estão sob a orientação de dois
professores do Curso Técnico em Portos e um professor do curso de Engenharia Industrial
Mecânica. Os resultados desses projetos serão apresentados na semana de extensão que
será realizada no próprio campus.
suas funções. Espaço para estudos e reflexões troca de experiências, planejamento integrado,
entre outros, que certamente contribuirá para uma educação que possibilite o atendimento da
sociedade contemporânea. A construção desse espaço acadêmico está definida como meta
para o aperfeiçoamento e garantia da qualidade acadêmica dos cursos oferecidos pela
instituição (PDI, 2010).
O campus Itaguaí conta com uma equipe composta por gestores, docentes e técnicos
administrativos que desempenham suas funções por meio da cooperação mútua presente no
espírito de equipe que envolve todos os membros dessa instituição, entretanto, em vários
momentos algumas necessidades ficam bastante evidentes e demandam soluções no curto
prazo. Essas necessidades se referem prioritariamente à contratação de professores para os
cursos de Engenharia Industrial Mecânico e Técnico em Mecânica, profissionais da área de
pedagogia e funcionários para estruturação da secretaria acadêmica. Com o ingresso
principalmente de novos professores, os gestores do campus poderão se dedicar com mais
afinco às atribuições gerenciais, pois atualmente essa equipe se divide entre atividades
gerenciais e o exercício da docência, sendo que essa última demanda uma carga horária
extensa. O Diretor do campus possui 22 h/aulas semanais e o Gerente Acadêmico possui 18
h/aulas semanais.
A área pedagógica precisa ser estruturada, pois no momento não existem funcionários
para atuar nesse contexto, ficando os respectivos assuntos a cargo dos professores, técnicos
85
Por ser uma unidade de ensino relativamente nova, somente duas turmas do curso
Técnico em Portos concluíram a educação profissional de nível médio, totalizando cinquenta
alunos. Esse número representa 63% do total de alunos que iniciou o curso. Todos estão
inseridos no mercado de trabalho da região e mais de 90% deles atuam na área portuária.
Sabe-se que vinte e nove alunos, oriundos da primeira turma do referido curso, foram
admitidos no programa de trainee da empresa mineradora que faz parte do convênio com o
campus Itaguaí. Terminado o prazo desse programa, vinte e dois alunos foram efetivados e
estão trabalhando nas diversas unidades da mesma empresa, todas localizadas na região da
Costa Verde e também no bairro de Santa Cruz. Com relação aos vinte e um alunos da
segunda turma do mesmo curso, doze alunos também foram admitidos no programa de trainee
da mesma empresa. Os demais alunos foram admitidos em programa de estágio de outras
empresas também da região.
86
É oportuno citar que a maioria dos alunos egressos já está cursando ensino superior em
diversas instituições da região, dentre os quais, cinco estão cursando Engenharia Industrial
Mecânica no campus Itaguaí.
Em entrevista efetuada com 14% dos alunos egressos, ficou evidente que a educação
profissional oferecida pelo campus Itaguaí está contribuindo para o desenvolvimento
socioeconômico da comunidade e também está atendendo à demanda de mão de obra
qualificada, possibilitando assim a sustentabilidade das empresas local. Eles acrescentaram
que essa instituição de ensino representa um marco para a região e em particular para suas
respectivas vidas, pois a possibilidade de inserção no mercado de trabalho, principalmente em
empresas de grande porte, só se tornou realidade a partir da educação profissional adquirida
no curso Técnico em Portos.
Outro fato citado foi a mobilidade social ocorrida a partir da melhoria da condição
financeira, que acarretou melhor qualidade de vida para eles e respectivas famílias. Alguns
depoimentos merecem destaque:
Aluno A:
“Eu trabalhava em uma loja de roupas em Itaguaí. Depois que eu concluí
o curso e entrei para a empresa que trabalho no momento, tudo mudou.
Hoje eu trabalho muito, mas a empresa oferece um bom salário e vários
benefícios. A minha vida deu uma guinada em relação ao padrão de vida
e consequentemente na minha qualidade de vida. Atualmente me sinto
mais maduro e esse amadurecimento está acontecendo em função do
tipo de responsabilidade que assumi. Estou percebendo também a
evolução nas relações interpessoais, pois tive que aprender a
reconhecer e trabalhar meus pontos fracos.”
Aluno B:
“Eu era professora da Rede de Educação Municipal de Itaguaí. O curso
Técnico em Portos foi um salto muito grande na minha vida, pois através
dele pude chegar à empresa onde estou e ela é muito boa. Já conquistei
muita coisa, financeiramente falando. Na próxima semana estarei de
férias e vou para o exterior. Estou também ajudando a minha família.
Incentivei a minha sobrinha e agora ela foi aprovada no curso Técnico
em Mecânica. A cada dia percebo a melhora na qualidade não só da
minha vida, como também da minha família.”
Aluno C:
“Eu fiz curso Técnico em Enfermagem. Conclui o curso, fiz estágio, mas
não dei prosseguimento, pois já estava fazendo o curso Técnico em
Portos e percebi que nessa área eu teria mais opções para atuar no
mercado de trabalho. Estou gostando da empresa que atuo no momento,
mas pretendo crescer lá dentro. Minha vida mudou depois do CEFET,
pois ganhei independência financeira e isso me faz sentir grande,
poderosa. É muito gratificante saber que todo o meu esforço está
valendo a pena.”
87
Aluno D:
“Antes do curso Técnico em Portos eu fazia parte do programa Jovem
Aprendiz do SENAI e estagiava na CSN. Através do curso Técnico em
Portos pude adquirir mais conhecimento que me possibilitou ingressar no
programa de trainee da empresa VALE S.A. Financeiramente falando,
hoje estou ganhando mais e a empresa também paga a minha
faculdade. Estou gostando, mas quero crescer. Penso que com a minha
bagagem de conhecimento posso dar melhor retorno para empresa.”
As empresas que estão absorvendo a mão de obra qualificada pelo campus Itaguaí
fornecem feedback com relação ao desempenho dos alunos nos diversos setores de atuação e
as informações são sempre as mais positivas possíveis.
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para atingir esse objetivo foi necessário analisar como o campus Itaguaí está atuando
institucionalmente e identificar potencialidades e fragilidades institucionais relevantes que
deverão ser reorganizadas para a integração satisfatória das ações do campus.
O início da pesquisa aconteceu a partir do referencial teórico que teve como base as
teorias da institucionalização, governança, stakeholders e sustentabilidade.
Por meio da teoria da institucionalização foi possível entender como são definidas as
diretrizes do sistema educacional brasileiro, considerando a preocupação com o
desenvolvimento sustentável. A teoria da governança contribuiu para o entendimento de como
transformar as diretrizes definidas no plano de institucionalização da educação, em ações
sistematizadas no campus Itaguaí. Com base na teoria dos stakeholders foram identificados os
atores da região que têm relação com a proposta educacional do campus.
Após analisar o contexto das diretrizes educacionais, foi necessário conhecer melhor a
instituição CEFET/RJ. Para isso foi feita uma pesquisa documental que permitiu resgatar o
histórico da instituição, desde o inicio das suas atividades (1917) até os dias atuais. Essa
pesquisa também permitiu acesso ao Projeto Pedagógico Institucional e o Plano de
Desenvolvimento Institucional que foram analisados e serviram de referencial para a análise da
atuação do campus Itaguaí. Ainda por meio de documentos internos, foi possível entender
exatamente a identidade e os objetivos dessa instituição, a estrutura organizacional, bem
como, o sistema Multicampi implantado, as modalidades de atuação (ensino, pesquisa e
extensão), o processo de seleção dos alunos, como ocorre a integração entre a educação
básica e a educação profissional, como é feito o acompanhamento dos alunos egressos no
mercado de trabalho e quais os tipos de avaliação institucional (interna e externa) que é
submetido.
91
Para dar prosseguimento ao trabalho, foi necessário entender como surgiu a ideia de
implantar uma unidade descentralizada de ensino do CEFET/RJ no município de Itaguaí. Para
isso foram efetuadas entrevistas com a Direção Geral do CEFET/RJ e com a Direção do
campus Itaguaí que relataram sobre o surgimento e implantação do referida instituição. Todos
os dados referentes à parceria criada entre o CEFET/RJ, Governo Municipal de Itaguaí e uma
empresa privada do ramo da mineração foram obtidos por meio do projeto de implantação do
campus.
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