INTRODUÇÃO.. 4
2. DO CASO MABE.. 8
CONCLUSÃO..........................................................................................21
REFERÊNCIAS.......................................................................................22
INTRODUÇÃO
A ideia de empresa geradora de lucro a qualquer custo ficou no passado. A empresa dos
tempos hodiernos tem papel fundamental para a sociedade, vez que esta representa um
conjunto de fenômenos econômicos e sociais.
Pode-se afirmar que a referida lei se propõe a, através de medidas judiciais, àquelas
empresas que preenchem determinados requisitos, sanear a crise econômico-financeira e
patrimonial, de modo a preservar os postos de trabalho, e num âmbito geral, cumprir sua
função social.
Não obstante as medidas preventivas adotadas pelo sistema bancário nacional para
contenção da crise no sistema financeiro nacional e as políticas governamentais de
incentivos fiscais, a indústria brasileira sofreu recuo na produção ano após ano.
Devido a grave crise enfrentada pela empresa em comento, em maio de 2013, a Mabe
Brasil Eletrodomésticos LTDA ingressou com pedido de Recuperação Judicial,
objetivando a reestruturação de seu endividamento que se intensificou neste mesmo ano.
A Constituição Federal do Brasil positivou a função social da empresa em seu Art. 5°,
inciso XXIII, ao afirmar que “a propriedade atenderá a sua função social”. Insere-se em
propriedade o conceito de empresa em razão de sua importância para a sociedade e a
concretização da atividade econômica.
A empresa dos tempos hodiernos não deve buscar o lucro a todo custo, de modo que é
fundamental o respeito ao meio ambiente, as leis, os preceitos fundamentais da
Constituição Federal, as obrigações tributárias e trabalhistas.
A falência da empresa, na maioria das vezes, é prejudicial ao Estado, sobretudo por esta
ser geradora de renda, de empregos, pagadora de tributos, produtora de bens e serviços.
É nesse sentido que surge o instituto da recuperação judicial, em substituição a antiga
concordata. A importância da empresa para a sociedade faz com que o Estado interfira
na administração da empresa em crise para tentar salvá-la da falência.
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo,
assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Neste sentido, afirma Fábio Ulhoa Coelho que quando as estruturas do sistema
econômico não funcionam convenientemente, a solução de mercado não ocorre. Neste
caso, o estado deve intervir, por meio do Poder Judiciário, para zelar pelos vários
interesses que gravitam em torno da empresa (dos empregados, consumidores, fisco,
comunidade etc.)[1].
Este instituto deve ser utilizado apenas quando houver viabilidade econômica, uma vez
que se trata de mecanismo custoso, de modo que todo um aparato de advogados,
administradores, contabilistas é movido para buscar uma solução para a crise da
empresa. Inexistindo a viabilidade da empresa, o pedido de recuperação judicial deverá
ser negado, devendo esta buscar outros mecanismos para sair da crise, não havendo,
será decretada a falência.
A Lei de n° 11.101/2005 elenca em seu art. 48, os requisitos que devem ser cumpridos
pela empresa para um possível pedido de recuperação judicial. Deverá, pois, a empresa
exercer regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e também:
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com
base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador,
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
2. DO CASO MABE
A Mabe do Brasil iniciou suas atividades neste país com a fusão da GE Dako e da CCE
no ano de 2003. Sua principal atividade era a fabricação de fogões, fornos, cooktops,
estufas, refrigeradores, lavadoras e secadoras.
A Mabe realizava projetos em parceria com escolas da região de Campinas e Itu, onde
conscientizava os alunos da importância da preservação do meio ambiente.
Neste sentido, verifica-se que a Mabe do Brasil era uma empresa de importância
nacional, seja em virtude da produção de bens de consumo fundamentais para a
população, seja pela existência de quatro mil colaboradores diretos.
A crise na empresa se iniciou com a crise mundial de 2008, período em que empresas de
praticamente todos os setores da economia tiveram dificuldades em obter
financiamentos em prazos e custos razoáveis e compatíveis com seu ciclo produtivo.
Não obstante as medidas preventivas adotadas pelo sistema bancário nacional para
contenção da crise no sistema financeiro nacional e as políticas governamentais de
incentivos fiscais, a indústria brasileira sofreu recuo na produção.
No ano de 2013, houve uma intensificação dos problemas de geração de fluxo de caixa,
ainda decorrentes da crise mundial financeira de 2008. A empresa sofreu ainda com a
inflação e com câmbio desfavorável, bem como com a decadente demanda dos produtos
e novações das dívidas com os clientes varejistas.
Neste mesmo ano, em Maio, a Mabe do Brasil ingressou com o pedido de Recuperação
Judicial, objetivando a reestruturação do seu endividamento.
É sabido que não são todas as empresas que são passíveis de recuperação judicial. O
custo da recuperação judicial é grande, em virtude do aparato de profissionais movido
para consecução do objetivo que é a retirada da empresa da situação de crise em que ela
se encontra. Ademais, sabe-se que o ônus da recuperação judicial não recai apenas sobre
os credores da empresa em recuperação, mas para toda a sociedade que arcará com o
repasse dos riscos dos serviços prestados pelos agentes econômicos.
1- Importância social: a empresa deverá possuir uma importância para a economia local,
regional ou nacional;
4- Idade da empresa;
5- Porte econômico.
No dia 07 de maio de 2013, a 2ª Vara do foro Distrital de Hortolândia deferiu o
O juízo solicitou, então, que o perito contador nomeado, juntamente com o oficial de
justiça e o preposto da recuperanda, fosse no estabelecimento localizado em Itu, afim de
verificar se os bens elencados, seriam, de fato, equipamentos em desuso e que a
alienação não prejudicaria a produção.
(TJ-RS - AI: 70056648520 RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Data de
Julgamento: 26/06/2014, Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do
dia 03/07/2014)
Nas lições de Fábio Ulhoa Coelho, o plano de recuperação judicial é a mais importante
peça do processo de recuperação judicial. Tal importância se dá em virtude da
dependência exclusiva dele para a concretude dos objetivos deste instituto jurídico que é
a preservação da empresa e o cumprimento de sua função social.
Para que haja efetividade nos resultados almejados, o plano de recuperação judicial
deve ser adequado aos problemas que a empresa enfrenta, ou seja, o diagnóstico
adequado das razões da crise da empresa. Desta forma, o magistrado deverá verificar se
o plano de recuperação apresentado é viável para a efetivação do objetivo deste instituto
jurídico, evitando o dispêndio de recursos.
Acerca dos pagamentos aos credores houve uma novação de todos os créditos, de modo
que todas as obrigações, covenants, índices financeiros, hipóteses de vencimento
antecipado, multas, bem como outras obrigações e garantias que sejam incompatíveis
com o plano apresentado deixaram de ser aplicável.
O plano apresentado tentou impor aos credores a não incidência de juros e correção
monetária sobre seus créditos, de modo que esta cláusula deu origem a impugnação ao
plano de recuperação por parte de vários credores, a posteriori.
3- O crédito das ações trabalhistas em curso deverão ser pagos no prazo de um ano, a
contar do trânsito em julgado da respectiva sentença condenatória ou homologatória.
Os credores com garantia real deveriam receber seus créditos, sem incidência de
deságio, com incidência de juros à taxa de 8% ao ano a partir da homologação judicial
do plano, com carência de 18 meses para pagamento de principal e juros e amortização
do principal capitalizado em 7 anos contados a partir do término do período de carência
referido.
O plano trouxe ainda cláusula que continha a possibilidade de, durante o período em
que permanecer a recuperação judicial, empresa recuperanda alienar, locar, arrendar,
remover, onerar ou oferecer em garantia sem necessidade de prévia autorização do Juízo
da Recuperação, ou de qualquer credor ou grupo de credores quaisquer bens do seu
ativo permanente, financeiro ou intangível. Desta feita, os valores obtidos com estas
operações seriam utilizados para a continuidade das atividades da empresa.
Sabe-se que a recuperação judicial possui três órgãos específicos, são eles: A
Assembleia Geral dos Credores, o Administrador Judicial e o Comitê.
Todos os sujeitos aos efeitos da recuperação judicial que tenham sido admitidos no
processo podem participar da assembleia geral dos credores.
Após aprovação do plano de recuperação judicial na Assembleia Geral dos Credores, a
juíza da 2ª Vara de Hortolândia concedeu, não obstante diversos recursos e
impugnações com alegações de fraudes na condução da Assembleia dos Credores, a
recuperação judicial a empresa.
Constatou ainda que não houve o pagamento de verbas trabalhistas dos atuais
funcionários, não tendo estes recebido sequer a parcela devida do 13º salário referente
ao ano de 2015. Afirmou também que a empresa não possuía receita para retomada de
seu funcionamento.
A recuperanda não cumpriu com suas obrigações no tocante ao pagamento dos serviços
contratados e na aquisição de matéria prima, de forma que possuía 2.234 protestos no 1º
Tabelionato de Notas e Protestos de Letras e Títulos da comarca de Sumeré.
O instituto da recuperação judicial pode ser utilizado nos casos de empresas em crise
econômica, incapaz de satisfazer o passivo. Neste interim, diante das dificuldades, a
empresa poderá recorrer ao poder judiciário e solicitar o deferimento da recuperação
judicial, preservado a empresa e também todas as riquezas que ela gera à sociedade.
Durante o estudo deste caso, verificou-se o constante interesse dos credores na busca de
receber seu crédito, aceitando muitas vezes drásticas diminuição de valores. Muitas
foram, também, as alegações de fraudes nos procedimentos da recuperação judicial.
Não obstante a negociação com os credores e novação das dívidas com parcelamento
dos créditos, diminuição dos juros, obtenção de empréstimos, a empresa não conseguiu
superar sua crise. Não restou outra opção diferente da decretação da falência da Mabe
do Brasil.
[1] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial vol. 03 – Direito de Empresa.
São Paulo, Saraiva, 13ª edição, 2012.
[2] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial vol. 03 – Direito de Empresa.
São Paulo, Saraiva, 13ª edição, 2012.
[3] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial vol. 03 – Direito de Empresa.
São Paulo, Saraiva, 13ª edição, 2012.
RECUPERAÇÃO
JUDICIAL
MABE
ESTUDO
DE
CASO
Referências
[1] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial vol. 03 – Direito de Empresa.
São Paulo, Saraiva, 13ª edição, 2012.
[2] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial vol. 03 – Direito de Empresa.
São Paulo, Saraiva, 13ª edição, 2012.
[3] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial vol. 03 – Direito de Empresa.
São Paulo, Saraiva, 13ª edição, 2012.
7. FONTES DE CONSULTAS
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial vol. 03 – Direito de Empresa. São
Paulo, Saraiva, 13ª edição, 2012.
RAMOS, Andre Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. São Paulo,
Método, 2010.