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Brasília - DF
Brasília - DF
2012
SANDRA JASSIARA SANTOS VIEIRA
Brasília
2012
Artigo de autoria de Sandra Jassiara Santos Vieira intitulado
ARBITRAMENTO DA FIANÇA PELA AUTORIDADE POLICIAL NA NOVA
SISTEMÁTICA PROCESSUAL PENAL: LEI 12.403/11 apresentado como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito da Universidade Católica de
Brasília,____/____/____, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo
assinada.
__________________________________________________________
Prof. Esp. Douglas Ponciano da Silva
Orientador
Direito – UCB
__________________________________________________________
Prof. (Titulação) (nome do membro da banca)
Direito - UCB
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Prof. (Titulação) (nome do membro da banca)
Direito - UCB
Brasília
2012
4
RESUMO
O presente artigo trata das mudanças recentemente trazidas pela Lei 12.403/11 para
o âmbito processual penal onde terá uma abordagem ampla, mas com ênfase no
artigo 322 do Código processo penal, que trata da aplicação da fiança pela
autoridade policial, ao qual ampliou- se o rol de crimes que poderá receber o direito
da concessão da fiança, que por sinal já estava em desuso. Pontualmente se faz
necessário uma breve menção a liberdade provisória e as diversas modalidades que
a Lei trouxe de medidas cautelares, fazendo comparações aos artigos alterados que
envolvem o tema com opiniões e críticas de alguns doutrinadores.
1 INTRODUÇÃO
Agora a fiança deixou de ser a única medida cautelar diversa da prisão, mas
em contrapartida, ganhou utilidade prática novamente, já que pode ser decretada
quando ausente os motivos da prisão preventiva como dispõe o art. 321 do CPP.
A fiança parece ser aquela que reclamará as maiores atenções, não só pela
indevida manutenção das expressões liberdade provisória com fiança e liberdade
provisória sem fiança, pois insinua uma dualidade de regimes cautelares.
A Constituição Federal de 1988 assegura em seu artigo 5º, LXVI, que diz:
"Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória com ou sem fiança"4, ou seja, não há que se falar em garantia pessoal,
visto que a fiança é um direito previsto na própria Constituição Federal.
1
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e índices por Luiz
Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012.
2
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
3
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
4
BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil. Organização dos textos, notas remissivas
e índices por Luiz Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p. 31
7
A fiança penal muitas vezes e interpretada pela sociedade como uma compra
de liberdade, porém a sua verdadeira função e garantir a liberdade do acusado,
como já previsto na Constituição Federal.
A prisão estava sendo usada como a regra e liberdade como exceção, visto
que a garantia prevista no ordenamento jurídico brasileiro aos indiciados ou
denunciados já não estava sendo observada.
A alteração trazida pela reforma do art. 322 do CPP no que tange a aplicação
da fiança está nas infrações cuja pena máxima cominada seja inferior a 04 anos,
independentemente da espécie de pena privativa de liberdade, conforme disposto
abaixo;
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos
de infração punida com detenção e prisão simples.
Parágrafo único. Nos demais casos do art. 323, a fiança será requerida ao
juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos
de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4
(quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que
5
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas .
muitas vezes mesmo podendo deixava de aplicar, deixando que o judiciário fizesse
uso do instituto.
A reforma não trouxe grandes mudanças para Eugênio Pacelli, pela seguinte
explicação: “Ocorre, porém que as apontadas vantagens não são aproveitadas,
talvez por que a maioria de nossa população carcerária, não dispõe de condições
financeiras para a prestação da fiança” 6.
Com a antiga redação do Código processo penal, o juiz era o que mais
usufruía da aplicação direta da fiança por se tratar do quantum da pena
sobrecarregando o judiciário com medidas meramente administrativas, tendo o
delegado pouco poder de decisão tanto para a aplicação e valoração.
A expressão ‘poderá’ contida no texto do art. 322 nos leva a entender que o
delegado terá a opção de aplicar ou não a medida, contudo a autoridade policial
‘deverá’ aplicar a fiança nas infrações em que a lei determinar, sob pena de sanção
administrativa pelo não cumprimento do seu dever, desde que preenchidos os
requisitos do instituto, ocorrendo desta forma a ampla e verdadeira aplicação para o
instituto da fiança que passa a funcionar como uma garantia de comparecimento do
acusado ao juízo.
Para que a autoridade policial utilize de tal instituto deverá o mesmo obsevar
os dispositivos assegurados nos arts. 323 e 324 do CPP, conforme disposto abaixo;
6
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 11. ed., Rio de Janeiro: Lumen júris,
2009.
7
MACIEL, Silvio. Prisão e medidas cautelares. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
9
Com a nova sistemática o valor da fiança continua tendo como base a pena
máxima cominada, porém, os valores foram aumentados conforme comparação do
art. 325 do CPP mencionado abaixo;
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos
seguintes limites:
8
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e índices por Luiz
Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p. 425-6
10
o
§ 1 Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá
ser;
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes
9
[...] .
9
BRASIL. Código de Processo Penal. Organização dos textos, notas remissivas e índices por Luiz
Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p.426 - 7.
10
MACIEL, Silvio. Prisão e medidas cautelares. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p.
209
11
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e liberdade. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p.
96 - 7.
11
12
CAPEZ, 2011. Nova lei da Prisão e Fiança: aplausos?. Diário de São Paulo, São Paulo, 13 de
julho. 2011. Disponível em: <http://capez.taisei.com.br/capezfinal/index.php?secao=27
&subsecao=0&con_id=5919>. Acesso em: 17 mar. 2012.
13
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e liberdade. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
p. 11.
12
A fiança aplicada pela autoridade policial obteve mudanças que abrange não
só o sistema processual penal, visto que nos dias atuais a fiança é vista como um
meio de injustiça, pois para a sociedade todos que cometem os crimes tipificados
em nosso ordenamento jurídico deverão receber como punição a prisão.
14
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 353.
15
SIMONATO, Leonardo de Souza. O delegado de polícia e a liberdade provisória com
fiança. Jus Navigandi, Teresina, n. 2946, jul. 2011. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/19634>. Acesso em: 29 abr. 2012
13
Outro ponto que será bem discutido e que podemos apontar como
desvantagem, ou melhor, como dificuldade para uma efetiva eficácia da fiança, será
o fato da maior parte da população que comete crimes não deter de condições
financeiras para a prestação da fiança.
Ainda que haja a concessão da liberdade sem fiança para o réu pobre
aplicando as novas medidas cautelares, poderá o instituto ainda ser comparado
como injustiça principalmente nos casos do réu pobre, pois, não haverá uma
fiscalização rigorosa, visto que o estado ainda não esta amparado com meios de
fiscalizações para determinadas imposições das novas medidas cautelares.
IX - monitoração eletrônica.
De modo mais claro irei fazer uma abordagem mínima de cada medida
cautelar ponto a ponto para maior compreensão ficando da seguinte forma;
16
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e índices por Luiz
Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p. 423 - 4.
15
VIII – A oitava medida é a fiança, que pelo menos desde a Lei nº 6.416/77 até o ano
de 1990 havia perdido toda a sua importância no processo penal em razão da
liberdade provisória sem fiança. A fiança tem o objetivo de assegurar o
comparecimento do acusado aos atos do processo e evitar a obstrução do seu
andamento.
pois o Estado ainda não dispôs de meios de fiscalização suficientes para sua a
aplicação de fato, deixando assim, diversas lacunas como as já existentes no direito
podendo gerar a impunidade.
A maior parte dos doutrinadores concorda com tal alteração, como Fauszir
Hassan Choukr que mesmo antes da manifestação do legislativo já enxergava a
deficiência do sistema processual penal dizendo o seguinte: “Conhecemos uma
história legislativa republicana sem que tenhamos um Código de processo penal
integralmente nascido da atividade democrática parlamentar”18. Com o mesmo
fundamento Guilherme de Souza Nucci defende;
18
CHOUKR, Fauszir Hassan. Código processo penal. Comentários consolidados e crítica
jurisprudência. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. p. 2.
19
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e Liberdade. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
p.10.
20
LIMA, Renato Brasileiro de. Nova Prisão Cautelar. Niterói, RJ: Impetus, 2011. p.7.
17
6 CONCLUSÃO
ABSTRACT
This article discusses the changes recently introduced by Law 12.403/11 for the
scope of criminal procedure which will have a broad approach, but with emphasis on
Article 322 of the Criminal Procedure Code, which deals with the application of bail
by the police authority, which has expanded the list of crimes that may receive the
right of the granting of bail, which by the way was already in disuse. Occasionally it is
necessary to briefly mention the bail and the various ways that the Law brought
precautionary measures, making comparisons with the amended articles surrounding
the topic with reviews and criticism from some scholars.
REFERÊNCIAS
1
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e
índices por Luiz Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012.
2
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 16. ed. São Paulo:
Atlas, 2012.
3
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
4
BRASIL. Constituição da República Federal do Brasil. Organização dos textos,
notas remissivas e índices por Luiz Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos
tribunais, 2012. p. 31
5
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e
índices por Luiz Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p.
425
6
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 11. ed., Rio de Janeiro:
Lumen júris, 2009.
7
MACIEL, Silvio. Prisão e medidas cautelares. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011.
8
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e
índices por Luiz Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p.
425-6
9
____. ____. Organização dos textos, notas remissivas e índices por Luiz Flávio
Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p.426 - 7.
10
MACIEL, Silvio. Prisão e medidas cautelares. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011. p. 209
19
11
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e liberdade. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011. p. 96 - 7.
12
CAPEZ, 2011. Nova lei da Prisão e Fiança: aplausos?. Diário de São Paulo, São
Paulo, 13 de julho. 2011. Disponível em: <http://capez.taisei.com.br/capezfinal
/index.php?secao=27&subsecao=0&con_id=5919>. Acesso em: 17 mar. 2012.
13
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e liberdade. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011. p. 11.
14
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
p. 353.
15
SIMONATO, Leonardo de Souza. O delegado de polícia e a liberdade provisória
com fiança. Jus Navigandi, Teresina, n. 2946, jul. 2011. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/19634>. Acesso em: 29 abr. 2012
16
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e
índices por Luiz Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012.
17
BRASIL. Código processo penal. Organização dos textos, notas remissivas e
índices por Luiz Flávio Gomes. 16. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012.
p.429.
18
CHOUKR, Fauszir Hassan. Código processo penal. Comentários consolidados e
crítica jurisprudência. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
19
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e Liberdade. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011.
20
LIMA, Renato Brasileiro de. Nova Prisão Cautelar. Niterói, RJ: Impetus, 2011.