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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS – CCET

CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Cíntia Peixoto Barreto

Ronaldo Francisco Ribeiro Pereira

Transformador de Corrente

Rio Branco – AC

Maio / 2015
Cíntia Peixoto Barreto

Ronaldo Francisco Ribeiro Pereira

Transformador de Corrente

Trabalho apresentado à disciplina de


Proteção de Sistemas de Potência – CCET,
ministrada pelo docente Prof Dr Humberto
Monteiro, para composição parcial da nota.

Rio Branco – AC

Maio / 2015
Sumário

1 Introdução..........................................................................................................................1

2 Sistemas de Proteção.........................................................................................................2

2.1 Transformadores........................................................................................................2

2.1.1 Transformadores de Corrente...........................................................................2

2.1.1.1 Classes..............................................................................................................3

2.1.1.2 Características Nominais................................................................................3

2.1.1.3 Dimensionamento............................................................................................4

2.1.1.3.1 Variáveis de Entrada.................................................................................4

2.1.1.3.2 Etapas de Cálculo......................................................................................4

2.1.1.3.3 Especificações resultantes.........................................................................6

3 Exemplo aplicado...............................................................................................................6

4 Considerações.....................................................................................................................9

5 Referências.......................................................................................................................10
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1 Introdução
A proteção de sistemas e equipamentos de uma subestação, linha de transmissão,
usina, indústrias e outros, é feita por aparelhos capazes de mensurar determinadas grandezas
e, de acordo, com isto possam agir por conta própria ou sobre outros dispositivos para que
seja feita a proteção do trecho, aparelho ou sistema supervisionado. Os principais dispositivos
de proteção em sistemas de potência são os relés, porém por questões econômicas e de
segurança suas grandezas de entrada, tensão e corrente, não apresentam valores nominais
iguais aos dos sistemas de potência. Para assegurar grandezas de entradas com valores
nominais menores aos dispositivos de proteção, faz-se uso de equipamentos de transformação,
TC e TP, transformador de corrente e transformador de potencial, respectivamente. Tais
equipamentos, além de assegurarem grandezas a serem operadas em valores nominais
seguros, também isolam o circuito elétrico dos equipamentos de proteção do restante do
sistema, através do princípio de funcionamento de um transformador.

O presente documento tem por objetivo o dimensionamento de um transformador de


corrente, TC, para utilização em um sistema de proteção que tem por objetivo proteger uma
das barras, cuja potência é 15 MVA e opera a uma tensão de 13,8 kV, de uma subestação
abaixadora de 138 kV para 13,8 kV. O dimensionamento será feito de acordo com norma
técnica específica para TCs, levando em consideração a norma brasileira e a norma da
concessionária local do estado do Acre, Eletrobrás Distribuição Acre.
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2 Sistemas de Proteção
Durante a operação de um sistema de potência é comum à ocorrência de falhas, estas
ocasionam interrupções do fornecimento de energia, resultando em redução da qualidade do
serviço prestado, a falha mais comum é o curto-circuito. Em geral, as correntes tendem a
elevar-se na ocorrência de um curto-circuito, podendo proporcionar danos irreparáveis aos
componentes do sistema. Além do curto-circuito, a sobrecarga é outra falha que pode ocorrer
em um sistema de potência. Existem também subtensões e sobretensões de natureza diversa
(descargas atmosféricas, manobra, etc.) que prejudicam o funcionamento normal do sistema.
Todos esses distúrbios podem ser considerados como inerentes ao sistema de potência, visto
que podem ser observados mesmo adotando-se os critérios e normas mais severas existentes.
Cabe ao sistema de proteção realizar a desconexão do elemento ou parte do sistema
submetido à anormalidade, protegendo os demais componentes.

De modo geral, a proteção de um sistema de potência é realizada através de fusíveis e


relés, sendo estes associados a disjuntores, que são responsáveis pela desconexão do sistema.
Relés são dispositivos de diversos tipos construtivos que possuem funções incorporadas,
podendo ser aplicados em uma gama de situações. Geralmente, são instalados acoplados aos
transformadores de medidas, para transformação das variáveis de entrada, e atuam no
disjuntor para realizar a desconexão do circuito.

2.1 Transformadores
Os transformadores de correntes (TCs) e os transformadores de potencial (TPs) são
transformadores de medida utilizados no sistema de proteção. Eles têm por finalidade
converter a corrente ou tensão nominal em níveis adequados ao funcionamento dos
equipamentos de medição.

2.1.1 Transformadores de Corrente


Os transformadores de corrente (TCs) são utilizados para suprir aparelhos que
apresentam baixa resistência, tais como bobinas de corrente dos amperímetros, relés,
medidores de energia, potência e outros.

O TC opera com tensão variável, dependente da corrente no primário e da carga


conectada ao secundário. Os TCs transformam elevadas correntes que circulam no primário
em pequenas correntes secundárias através de fenômenos de conversão eletromagnética. As
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correntes que circulam no secundário de um TC são da ordem de 5A. Os equipamentos de


medição e proteção são dimensionados em tamanhos reduzidos devido às baixas correntes.

A norma utilizada para caracterização de transformadores de corrente é a NBR 6856,


esta norma fixa as características de desempenho de transformadores de corrente (TC)
destinados aos serviços de medição e proteção. Com isto, foi utilizada para caracterizar e
dimensionar um TC para o sistema de proteção de uma barra de 13,8 kV. A concessionária
local não apresenta norma local específica para dimensionamento de TCs, seguindo a norma
brasileira NBR 6856.

2.1.1.1 Classes
Classe A – TC que possui alta impedância interna. Isto é, aquele cuja reatância de
dispersão do enrolamento secundário possui valor apreciável em relação à impedância total do
circuito secundário, quando este alimenta sua carga nominal;

Classe B – TC que possui baixa impedância interna, isto é, aquele cuja reatância de
dispersão do enrolamento secundário possui valor desprezível em relação à impedância total
do circuito secundário, quando este alimenta sua carga nominal.

2.1.1.2 Características Nominais


Para dimensionamento de um TC, seja ele para proteção ou medição, devem-se levar
em conta algumas características que são:

Correntes Nominais e Relações Nominais – As correntes nominais devem ser


conhecidas para que o transformador dimensionado consiga suportar as correntes nominais de
condições normais de uso. As relações nominais são padronizadas pela norma de acordo com
as correntes nominais.

Nível de Isolamento – O nível de isolamento de um TC é caracterizado pela máxima


tensão do circuito ao qual o transformador será conectado.

Frequência nominal ou industrial – Frequência nominal ou industrial é a frequência de


operação que é aceita pelo transformador, normatizada em 60 Hz.

Carga Nominal – A carga nominal é definida como a soma vetorial de todas as


resistências e reatâncias conectadas ao transformador de corrente. Pode ser expressa em
termos de impedância ou em termos de potência e fator de potência, ou seja, volt-ampères.
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Classe de Exatidão – Classe de exatidão é a classe de precisão em função do serviço


em que será utilizado o TC, quanto menor a classe do TC mais precisa será a operação, porém
as correntes de saturação serão menores. Para serviços de proteção, as classes de exatidão
utilizadas são 5 e 10.

Fator Térmico – Fator térmico é o fator pelo qual se deve multiplicar a corrente
primária nominal do sistema de um TC para se obter a corrente primária máxima que o
transformador deve suportar, regime permanente, sob frequência nominal e com a maior carga
especificada, sem exceder os limites especificados para sua classe de isolamento.

2.1.1.3 Dimensionamento

2.1.1.3.1 Variáveis de Entrada


As variáveis necessárias para o dimensionamento de um transformador de corrente
com a utilização em sistemas de proteção são corrente nominal do primário, tensão nominal
do primário, corrente de curto circuito trifásico simétrico, carga nominal do secundário do
transformador de corrente e potência nominal do trecho a ser protegido. A partir do
conhecimento destas, pode-se realizar a escolha do modelo do TC que é feita a partir da
definição da classe de exatidão, da classe de impedância, da tensão secundária nominal e do
fator térmico. As variáveis em questão foram citadas anteriormente de acordo com definição
presente na NBR 6856.

2.1.1.3.2 Etapas de Cálculo


Para a realização do dimensionamento de um transformador de corrente para utilização
de serviços de proteção, é necessária a realização de algumas etapas de cálculo para a
definição de algumas das variáveis anteriormente citadas. A seguir, enunciar-se-á os
procedimentos de cálculo necessários para isto.

1ª Etapa: Definição da corrente e tensão nominal no primário e potência nominal do


trecho protegido

Na primeira etapa, realiza-se a definição dos valores nominais da tensão e corrente no


primário do TC e, consequentemente, a potência nominal do trecho, barra, sistema ou linha a
ser protegido.

2ª Etapa: Cálculo da corrente de curto circuito trifásico simétrico


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Nesta etapa, dar-se-á a realização do cálculo da corrente de curto circuito trifásico


simétrico, através das variáveis da etapa anterior e da configuração de cargas conectadas ao
sistema a ser protegido.

3ª Etapa: Cálculo da carga nominal conectada ao secundário do TC

Na terceira etapa, realiza-se o somatório vetorial das impedâncias de todos os


aparelhos conectados ao secundário do transformador de corrente.

4ª Etapa: Determinação da relação de transformação do TC

Na presente etapa, realiza-se a determinação da relação de transformação do TC a


partir da corrente nominal de entrada, somente se esta for igual ou superior ao valor da
vigésima parte da corrente de curto circuito trifásico.

Quando a corrente nominal não for igual ou maior que a vigésima parte da corrente de
curto circuito trifásico, utilizar-se-á uma relação de transformação que suporte o valor da
vigésima parte da corrente de curto, visando a não saturação do TC.

5ª Etapa: Determinação da classe de exatidão

Nesta etapa, deve-se determinar a classe de exatidão do TC de acordo com o serviço a


ser realizado, medição ou proteção. Para serviços de proteção a exatidão é 5 ou 10, deve-se
lembrar que quanto menos exata for a classe, maiores serão as correntes de saturação
suportáveis.

6ª Etapa: Definição da classe de impedância

A seguir, determina-se a classe de impedância do TC de acordo com o serviço a ser


realizado, A para medição e B para proteção.

7ª Etapa: Determinação da tensão nominal do secundário

Na atual etapa, é feita a determinação da tensão nominal do secundário do TC, esta é


calculada a partir da seguinte relação:

Tensão nominal do secundário = 20 x 5 x Impedância total do secundário do TC

8ª Etapa: Determinação do fator térmico


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Por fim, define-se o fator térmico do TC a partir da corrente nominal do primário e da


relação de transformação do transformador.

2.1.1.3.3 Especificações resultantes


Com a realização do dimensionamento do TC, deve-se realizar a especificação do
mesmo que deve apresentar classe de exatidão, classe de impedância, tensão nominal do
secundário, fator térmico do TC e relação de transformação. Um exemplo de especificação
técnica de um TC é dado a seguir:

Transformador de Corrente – Especificação

Fator Térmico: 1,2

Relação de Transformação: 400 – 5 A

Classe: 10A800

3 Exemplo aplicado
A partir do discorrido anteriormente, será realizado o cálculo para dimensionamento
de um TC para serviço de proteção de uma barra de 13,8 kV e 15 MVA de um subestação
abaixadora. Tal exemplo é referente ao projeto de uma subestação abaixadora para a cidade
universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ realizado por Haroldo Ennes
dos Santos Júnior. Como simplificação do exemplo, será desconsiderada a impedância dos
cabos no secundário do TC, a 2ª etapa de cálculo e adotada corrente de curto circuito trifásico
de 12942 A, que fora calculada por Haroldo Ennes dos Santos Júnior em seu projeto.

Dados: Potência trifásica na barra = 15 MVA

Tensão de linha na barra = 13,8 kV

Impedância dos relés de proteção PL300 50/51 = 0,98 Ω

1ª Etapa: Determinação da corrente nominal de operação

Com os dados da potência trifásica e da tensão de linha na barra, pode-se calcular a


corrente nominal de linha do primário do TC que é dada por:

15 MVA
IN= =628,3 A
√ 3∗13,8 kV
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Sendo a corrente de fase igual a:

IN
I n= =363,2 A
√3

A partir da corrente nominal de fase, sugere-se para o dado dimensionamento um TC


com relação de 400 – 5 A.

3ª Etapa: Determinação da impedância no secundário do TC

No presente projeto, tem-se a impedância do conjunto de relés temporizado e


instantâneo de sobrecorrente (50/51) como sendo igual a 0,98 Ω. Logo a impedância adotada
será de 1 Ω.

4ª Etapa: Determinação da relação de transformação

Para a corrente nominal de fase do primário foi estipulado um TC com relação de


transformação de 400 – 5 A. No entanto, a corrente nominal de fase do primário é menor que

I cc /20=647,1
a vigésima parte da corrente de curto circuito trifásico, pois A, logo a

relação de transformação do transformador deve ser de 800 – 5 A.

5ª Etapa: Determinação da classe de exatidão

Para classe de exatidão, tem-se 5 ou 10, no presente projeto, optar-se-á pela classe 10,
visto que se trata de uma barra de 13,8 kV com corrente de curto circuito maior que 10 kA,
logo os transformadores de classe de exatidão 10 são uma melhor opção para esta situação por
serem mais robustos e mais resistentes a saturação.

6ª Etapa: Definição da classe de impedância

Para esta etapa, deve-se escolher a classe de impedância do transformador que para o
serviço de proteção deve ser de classe B.

7ª Etapa: Determinação da tensão nominal do secundário

A tensão nominal do secundário é determinada por:

Tensão nominal do secundário = 20 x 5 x 1 = 100 V

8ª Etapa: Determinação do fator térmico


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Por fim, tem-se a determinação do fator térmico do transformador que é dependente da


corrente nominal do primário, para o presente projeto será utilizado um fator igual a 1 (um).
Isto se deve ao fato de que a relação de transformação apresentar um valor nominal de
corrente no primário bem maior que a corrente de operação nominal do sistema.

Especificação: Depois de efetuados os cálculos conclui-se que o TC deve apresentar:

Fator Térmico: 1,0

Relação de Transformação: 800 – 5 A

Classe: 10B100
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4 Considerações
O dimensionamento de transformadores de corrente deve ser feito através das
especificações da NBR 6856, levando-se em consideração as grandezas nominais necessárias
para realização de tal projeto, tais como corrente e tensão nominal do primário do TC,
corrente de curto circuito trifásico, fator térmico, classe de exatidão, classe de impedância,
impedância e tensão nominal do secundário. Os resultados obtidos no exemplo aplicado do
presente projeto foram próximos aos obtidos no projeto de Haroldo Ennes dos Santos Júnior,
com diferença para a tensão nominal do secundário, no presente trabalho fora utilizado a
impedância de relés genéricos PL300 e desconsiderada a impedância dos condutores,
enquanto que no outro fora utilizado a impedância máxima permitida para TCs classe B que é
de 2 Ω.
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5 Referências
NBR 6856. Especificação de transformador de corrente. ABNT, 1992.

SANTOS, Haroldo Ennes dos. Anteprojeto da SE-UFRJ 138-13,8 kV. UFRJ, Mar, 2010.

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