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PERGUNTAS SOBRE A REFORMA TRABALHISTA

1) Por que o governo quer fazer uma reforma trabalhista?


O argumento oficial é que a CLT, criada em 1943 no governo de Getúlio Vargas, precisa ser
modernizada. O governo acredita que é positivo dar mais liberdade para o trabalhador definir
seus próprios termos de trabalho com o patronato, e nega a possibilidade de que isso abra
espaço para exploração.

2) As Centrais sindicais são contra a reforma?


Elas argumentam que a tese do governo de que a nova lei ajudaria na recuperação econômica
não se sustenta, uma vez que não conseguirá criar novos postos de trabalho. O único resultado
seria a precarização do que já existe. Para a CUT, a negociação direta entre patrões e
empregados, em um momento de recessão e desemprego, favorece o estabelecimento de
regras exploratórias. O que acontece com o FGTS? Assim como o 13º salário, o FGTS também
não poderá ser objeto de acordo. O que pode ser acordado é o acesso ao fundo. Hoje, se o
empregado se demite, ele não tem direito a saque. Se é demitido sem justa causa, pode sacar o
FGTS integralmente, com multa de 40% para o empregador. A Leiabre a possibilidade da
demissão em comum acordo. Nesse caso, a multa do FGTS paga pelo empregador cai para 20%,
e o trabalhador passa a poder sacar 80% do fundo - mas para isso teria que abrir mão do seguro-
desemprego.

3) O que acontece com contratos temporários?


A lei da terceirização, que já está valendo, estabeleceu um prazo máximo de 180 dias,
prorrogáveis por mais 90 – totalizando um máximo 270 dias – para os contratos temporários. A
reforma trabalhista estabelece um novo limite para o contrato temporário de 120 dias, que pode
ser prorrogado pelo dobro do contrato inicial - totalizando 240 dias.

4) O que acontece com o trabalho em tempo parcial?


Os contratos de trabalho em tempo parcial tinham limite de 25 horas semanais. A reforma eleva
esse limite para 30 horas semanais, ou 26 horas com a possibilidade de mais 6 horas extras -
totalizando 32 horas semanais. Isso faz com que o novo limite de trabalho parcial (32 horas) seja
menor que o antigo limite de contratos integrais (44 horas) em 27%, e em 37% quando
comparado ao novo limite (48 horas).

5) O que acontece com quem faz home office?


Com a reforma, a atividade passa a ser regulamentada e sujeita a contrato individual. Hoje não
é. O reembolso de equipamentos e infraestrutura (compra de computador, internet e energia
utilizada pelo trabalhador, por exemplo) devem ser negociados entre empregado e patrão. O
patrão também poderá decidir alterar o regime de home office para presencial, devendo avisar
o empregado com 15 dias de antecedência. Precauções contra doenças e acidentes de trabalho
serão responsabilidade do empregado, cabendo ao patrão “instruir os empregados, de maneira
expressa e ostensiva” sobre o tema.

6) Como ficam as ações na Justiça do Trabalho?


Atualmente, o trabalhador pode faltar a até três audiências na Justiça do Trabalho e não é
obrigado a arcar com os custos do processo caso perca a ação, coberto pelo poder público. A
Leido governo exige o comparecimento a todas as audiências (salvo se a falta for justificável) e
o pagamento do processo pelo trabalhador se ele perder – a menos que comprove não ter
recursos suficientes. Além disso, A Leiprevê que o advogado do empregado que recorrer à
Justiça defina, previamente, exatamente quanto quer receber com o processo. Caso o juiz julgue

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má-fé de alguma das partes, ela poderá ser punida com uma multa que vai de 1% a 10% do valor
da causa.

7) Como ficam os contratos de trabalho?


Com a nova regra, o empregador não precisa se limitar ao contrato fixo. Ele pode contratar um
empregado de forma intermitente, ou seja, sem horário fixo, acionando-o três dias antes de dar
início ao trabalho. Os contratos parciais também são autorizados elo Governo, com uma jornada
de trabalho de até 30 horas por semana.

8) O que muda na jornada de trabalho?


O empregador terá liberdade para negociar a jornada de trabalho com o empregado. Será
possível, por exemplo, criar uma jornada de 12 horas por dia com 36 horas de descanso. Antes
da reforma, o Ministério do trabalho só permitia 8 horas diárias e 44 horas semanais.

9) Como ficam as horas in itinere?


Pela regra antiga, o tempo de transporte podia ser considerado uma parte da jornada de
trabalho. Com a reforma, o deslocamento deixa de valer na jornada. Outras atividades também
deixam de ser contadas como horas trabalhadas, como alimentação, troca de uniforme, higiene
pessoal e estudo.

10) Como fica o horário de almoço?


A reforma reduz horário de almoço. Antes, o empregador era obrigado a conceder 1 hora para
o trabalhador almoçar. Com as novas regras, o tempo diminuiu para 30 minutos.

11) Qual o impacto da reforma na política de horas extras?


Hoje, os trabalhadores podem fazer até duas horas extras por dia. Eles recebem 50% a mais pelo
tempo que vai além da jornada de trabalho. A regra não valia para contratos parciais, porém,
com a reforma, ela passa a valer.

12) Haverá mudanças nas férias do trabalhador?


Sim. Com a reforma, o empregado poderá negociar com o seu patrão a divisão das férias de 30
dias em três períodos.

13) Como fica a contribuição sindical?


Antes da reforma, o trabalhador era obrigado a contribuir com o sindicato da sua categoria com
o valor de um dia de trabalho. Com a reforma, isso deixa de ser obrigatório. Para que aconteça
o desconto da contribuição sindical, o empregado terá que autorizar.

14) O trabalho em home office é contemplado pela reforma?


A legislação trabalhista não falava sobre o home office, porém, isso está prestes a mudar. A
reforma regulamenta o trabalho em casa, desde que a empresa contratante ofereça a
infraestrutura necessária.

15) Quem trabalha com carteira assinada perderá algum direito?


Não. Os direitos do trabalhador serão preservados, pois estão presentes na Constituição.
Portanto, não haverá perdas com relação a fundo de garantia, férias, adicional noturno, décimo
terceiro salário e outros direitos básicos.

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16) O salário pode ser reduzido?
Existe a possibilidade, afinal, a empresa poderá propor uma negociação. O salário pode reduzir,
por exemplo, se o trabalhador concordar com uma jornada de trabalho menor. A remuneração
também pode ser aumentada se a carga horária ficar maior.

17) Existe risco de perder a licença-maternidade?


Com a reforma trabalhista, a mulher grávida ou lactante terá que comprovar que o seu trabalho
traz algum problema para a gravidez ou para a criança, através da apresentação de um laudo
médico. Portanto, o afastamento não poderá acontecer mais de forma automática.

18) Como fica o FGTS?


Na despedida sem justa causa, por iniciativa do empregador, a multa de 40% do FGTS continua
existindo. Não houve alteração.

19) É possível entrar na Justiça após a rescisão de contrato?


Pela nova lei, o trabalhador que assina a sua rescisão perde o direito de entrar na Justiça contra
a empresa contratante.

20) Quando entrará em vigor a reforma trabalhista?


A reforma foi sancionada neste mês de julho e entrará em vigor dentro de quatro meses.
Portanto, as novas regras valerão a partir de novembro.

21) A modernização trabalhista precariza o emprego?


Não. Ela combate a informalidade, incentiva a geração de empregos e cria condições melhores
para o trabalhador temporário e de jornada parcial. Com a evolução do mercado de trabalho,
milhares de brasileiros ficaram sem cobertura legal porque a CLT não conseguiu evoluir na
mesma velocidade.

22) Por que regulamentar a jornada parcial e outros formatos de jornada?


Para diminuir a informalidade e gerar mais empregos. O mercado de trabalho brasileiro é
historicamente marcado por alta rotatividade, baixa produtividade e limitada utilização de
jornadas alternativas de trabalho. Enquanto diversos países já têm cerca de 30% de sua mão de
obra empregada em regime parcial de trabalho, no Brasil, apenas 6% da força de trabalho formal
utiliza este importante instituto.

23) Como vai funcionar o trabalho intermitente?


Na modalidade, os trabalhadores são pagos por período trabalhado. É diferente do trabalho
contínuo, que é pago levando em conta 30 dias trabalhados, em forma de salário. A Lei prevê
que o trabalhador receba pela jornada ou diária e, proporcionalmente, com férias, FGTS,
previdência e 13º salário.

24) Como funciona a jornada de 12 horas?


A Lei estabelece a possibilidade de jornada de 12 horas de trabalho com 36 horas de descanso.
A jornada 12x36 favorece o trabalhador, já que soma 176 horas de trabalho por mês, enquanto
a jornada de 44 horas soma 196 horas.

25) Vou perder minha hora extra depois da modernização?


Não. O trabalhador continuará a ser pago pela hora extra que fizer. A lei permite compensação
até a semana posterior. Se não for feita, a empresa tem de pagar ao empregado.

26) Ainda vai ser possível fazer banco de horas?

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O banco de horas também será definido por acordo, mas a hora que exceder a jornada normal
de trabalho terá um acréscimo de, no mínimo, cinquenta por cento.

27) A Lei diminui a liberdade sindical e o direito de greve?


Não. A modernização preserva esses direitos, que são parte fundamentais da democracia.

28) Por que valorizar a negociação coletiva?


Atualmente, os acordos entre empregados e empresas têm sofrido questionamentos judiciais,
o que traz insegurança jurídica às partes (patrão e trabalhador) quanto ao que foi negociado.
Decisões judiciais vêm, reiteradamente, revendo as decisões firmadas por empregadores e
trabalhadores, pois não se tem um marco legal claro dos limites da autonomia da norma coletiva
de trabalho.

29) O que pode ser negociado em convenções ou acordos coletivos?


As convenções e acordos coletivos passam a ter força de lei quando dispuserem sobre:
 Parcelamento das férias: em até três vezes, com pagamento proporcional aos
respectivos períodos gozados, e com pelo menos duas semanas consecutivas de
trabalho entre uma dessas parcelas;
 Jornada de trabalho: o cumprimento da jornada diária poderá ser negociado, desde
que respeitados os limites máximos de 220 horas mensais e de onze horas para o
interjornada;
 Pagamento da participação nos lucros em até quatro vezes (de acordo com a
divulgação do balanço patrimonial e/ou dos balancetes legalmente exigidos),
garantido o parcelamento de no mínimo em duas vezes;
 Banco de horas, garantida a conversão de horas excedentes com um acréscimo de
no mínimo 50%;
 Horas in itinere: em locais de difícil acesso ou não servido por transporte público,
caso o empregador forneça a condução, a empresa e o sindicato laboral poderão
definir a forma de remuneração ou de compensação pelo tempo gasto pelo
trabalhador no percurso;
 Intervalo intrajornada com no mínimo de 30 minutos;
 Plano de cargos e salários;
 Trabalho remoto (home office);
 Remuneração por produtividade;
 Dispor sobre a extensão dos efeitos de uma norma coletiva de trabalho mesmo
após o seu prazo de validade (ultratividade);
 Ingresso no Programa de Seguro-Emprego;
 Registro da jornada de trabalho.

30) O que não pode ser negociado?


 Seguro desemprego
 Salário mínimo
 Repouso semanal remunerado
 Salário família
 Licença maternidade e paternidade
 Liberdade sindical e direito de greve
 Aposentadoria
 Férias
 Aviso prévio de 30 dias
 Verbas rescisórias
 FGTS
 13º salário

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31) Vai ser possível fazer home office (trabalho de casa)?
Sim. A lei será modernizada para permitir que o serviço seja executado de casa. Para ele passar
a valer, no entanto, é preciso um acordo prévio entre patrão e empregado. A regulação prevê,
inclusive, gastos com o uso de equipamentos, com energia e com internet.

32) Vai diminuir a representação do trabalhador?


Não. A partir da modernização, representantes dos trabalhadores dentro das empresas não
precisarão mais ser sindicalizados. Os sindicatos continuarão atuando nos acordos e nas
convenções coletivas.

33) Ainda vai existir a Justiça gratuita?


A Lei permite aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer
instância conceder o benefício da justiça gratuita a todos os trabalhadores que receberem
salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social. A proposta anterior estabelecia limite de 30%.

34) Vai mudar a forma de rescisão contratual?


A Lei retira a exigência de a homologação da rescisão contratual ser feita em sindicatos. Ela passa
a ser feita na própria empresa, na presença dos advogados do empregador e do empregado –
que pode ter assistência do sindicato. O objetivo é agilizar o acesso do empregado a benefícios
como o saque do FGTS.

35) Muda alguma coisa nas verbas rescisórias?


Não. O trabalhador tem todos os seus direitos preservados em caso de demissão. Ele ganha, no
entanto, uma opção a mais de desligamento. Com a modernização, será possível fazer um
acordo, na qual o trabalhador recebe uma indenização parcial pelo desligamento.

36) As empresas vão poder demitir o empregado CLT e transformá-lo em terceirizado?


A Lei propõe salvaguardas para o trabalhador terceirizado, como uma quarentena de 18 meses
para impedir que a empresa demita o trabalhador efetivo para recontratá-lo como terceirizado.

37) Como vai funcionar a participação no lucro das empresas?


A convenção ou acordo coletivo passa ter força de lei para definir como será a participação. O
pagamento pela empresa, no entanto, terá de ser feito pelo menos em duas parcelas.

38) Planos de cargos e salários continuam a existir?


Sim. A lei prevê que o plano de cargos e salários poderá ser definido por convenção ou acordo
coletivo.

39) Vou ter apenas 30 minutos de intervalo?


Não. Empregados e empregadores poderão negociar o formato do intervalo na jornada de
trabalho. Ela terá de ter, no entanto, o mínimo de 30 minutos. Se o trabalhador entender que é
melhor um intervalo mais curto (de, no mínimo, 30 minutos) para sair mais cedo, isso poderá
ser negociado em acordo ou convenção coletiva.

40) Por que a flexibilização de regras e a regulação de home office podem beneficiar o
trabalhador?
Além de gerar mais emprego, reduzir burocracia e aumentar a produtividade do mercado, essas
normas vão permitir a organização do próprio horário, além de dar ao trabalhador mais tempo
para a família, redução do estresse, de doenças e de acidentes.

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41) Como vai funcionar a jornada parcial?
Pode chegar a até 30 horas semanais, sem possibilidade de hora extra. Outra opção é de 26
horas semanais, com possibilidade de 6 horas extras semanais. Essa regra tem potencial de gerar
mais empregos.

42) Vou poder parcelar minhas férias em mais de duas vezes?


Atualmente, só é permitido fatiar o descanso em duas partes. Pessoas maiores de 50 anos não
podem fazer esse tipo de fracionamento. Com a nova lei, o fatiamento das férias poderá ser de
até três vezes e acaba a restrição da idade. Essa definição de parcelamento terá de ser definida
por acordo ou convenção coletiva.

43) O que muda no 13º salário?


Nada. A lei continua igual. O trabalhador terá direito a receber um salário adicional por ano,
pagamento que poderá ser feito em até duas parcelas: a primeira tem de ser quitada até no
máximo 30 de novembro e a segunda, até 20 de dezembro. A modernização determina que o
13º não pode entrar em acordo.

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