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OS 60 ACÓRDÃOS MAIS RELEVANTES

PROFERIDOS PELO TCU EM 2017,


RELACIONADOS À ÁREA DE LICITAÇÕES
E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
(As decisões serão apresentadas de maneira prática,
sob a forma de perguntas, com as respostas sendo
dadas com base na análise do TCU sobre o caso concreto)

Luiz Felipe Bezerra Almeida Simões


ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
1ª PERGUNTA:
É legal a exigência de comprovação, para fim
de qualificação técnica, de tempo de experiência
dos profissionais a serem disponibilizados pela
licitante para a execução do objeto contratado?
EXIGÊNCIAS DE HABILITAÇÃO
Lei 8.666/1993:
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos
interessados, exclusivamente, documentação relativa
a:
I – habilitação jurídica; [art. 28]
II – qualificação técnica; [art. 30]
III – qualificação econômico-financeira; [art. 31]
IV – regularidade fiscal e trabalhista; [art. 29]
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art.
7º da Constituição Federal.
EXIGÊNCIAS DE HABILITAÇÃO
Constituição Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais (...):
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
EXIGÊNCIAS DE HABILITAÇÃO
Constituição Federal:
Art. 37. (...)
XXI - ressalvados os casos especificados na
legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação
pública (...), o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á a: (...)
II - comprovação de aptidão para desempenho de
atividade pertinente e compatível em características,
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e
indicação das instalações e do aparelhamento e do
pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização
do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada
um dos membros da equipe técnica que se
responsabilizará pelos trabalhos;
(...)
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA

Lei 8.666/1993:
Art. 30. (...)
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
especializado, considerados essenciais para o
cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas
mediante a apresentação de relação explícita e da
declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas
cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de
localização prévia.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
IN SEGES-MP 5/2017:
Art. 24. Com base no documento que formaliza a
demanda, a equipe de Planejamento da Contratação deve
realizar os Estudos Preliminares, conforme as diretrizes
constantes do Anexo III.
§ 1º O documento que materializa os Estudos
Preliminares deve conter, quando couber, o seguinte
conteúdo: (...)
IV - estimativa das quantidades, acompanhadas das
memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão
suporte;
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO VII-A):
DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃO DO ATO CONVOCATÓRIO
6. Da proposta: (...)
6.2. As disposições para apresentação das propostas deverão prever
que estas sejam apresentadas de forma clara e objetiva, estejam em
conformidade com o ato convocatório, preferencialmente na forma
do modelo previsto Anexo VII-C, e contenham todos os elementos
que influenciam no valor final da contratação, detalhando, quando
for o caso: (...)
e) a quantidade de pessoal que será alocado na execução
contratual;
f) a relação dos materiais e equipamentos que serão utilizados na
execução dos serviços, indicando o quantitativo e sua especificação;
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á a: (...)
§ 5º É vedada a exigência de comprovação de
atividade ou de aptidão com limitações de tempo ou de
época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer
outras não previstas nesta Lei, que inibam a participação
na licitação.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á a: (...)
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei
especial, quando for o caso.
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou relatório de auditoria realizada, no âmbito de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), “com o objetivo de
detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas
selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo
probabilístico de análise de dados”, ocasião em que se avaliou a
regularidade da contratação de empresa pela Superintendência
Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, “conforme
seleção efetuada com base nos critérios adotados no aludido modelo
probabilístico de risco”. O relator do processo identificou a seguinte
impropriedade em um dos editais de pregão eletrônico analisados:
“exigência de comprovação, para fim de qualificação técnica-
profissional, de tempo de experiência ou de exercício em função dos
profissionais a serem disponibilizados pela licitante para a execução
do objeto, configurando infração ao disposto no art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, e nos arts. 3º, § 1º, inciso I, e 30, §§ 1º, 3º e
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
5º, da Lei 8.666/1993”. O relator ressaltou que, em decisão recente
(Acórdão 3.356/2015-Plenário), o TCU entendera “que exigências
relativas ao tempo de formação acadêmica e de experiência
profissional somente são aceitáveis como requisito de habilitação em
licitações se acompanhadas de justificativa expressa, no instrumento
convocatório, que demonstre a imprescindibilidade de tais condições à
execução do objeto”. Contudo, afirmou que, em outras decisões (tais
como o Acórdão 727/2012-Plenário), o TCU adotara “uma linha de
entendimento ainda mais restritiva, no sentido de que exigência de
comprovação, para fim de qualificação técnica, de tempo de
experiência dos profissionais a serem disponibilizados pela licitante
afronta o disposto no art. 30, § 5º, da Lei 8.666/1993”. O relator
posicionou-se conforme “essa segunda linha de entendimento,
considerando que o rol de exigências de habilitação previstos na Lei de
Licitações e Contratos é numerus clausus”. Por fim, ponderou que
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO

“é de se perquirir a efetividade de tais disposições editalícias, pois o


tempo de formação profissional ou o tempo de registro nos
conselhos profissionais não garante nem o efetivo exercício de
determinada atividade nem a qualificação do profissional para o
desempenho do objeto contratado”. Assim, o relator propôs
cientificar o Dnit da ilegalidade dessa exigência, proposta anuída
pelo Colegiado.
(Ministro-Relator Benjamin Zymler)
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 1ª PERGUNTA:
É ilegal a exigência de comprovação, para fim
de qualificação técnico-profissional, de tempo de
experiência ou de exercício em função dos
profissionais a serem disponibilizados pela licitante
para a execução do objeto, porquanto o rol de
exigências de habilitação previsto na Lei
8.666/1993 é taxativo.
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
2ª PERGUNTA:
É possível exigir, como critério de habilitação,
atestado de qualificação técnica comprovando
experiência em tipologia específica de obra ou
serviço?
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á
a: (...)
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos
com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do
aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a
realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada
um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos
trabalhos;
(...)
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de
certidões ou atestados de obras ou serviços similares de
complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou relatório de auditoria realizada no âmbito de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) “com o objetivo de
detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas
selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo
probabilístico de análise de dados”, ocasião em que se avaliou a
regularidade da contratação de empresa pela Superintendência
Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, “conforme
seleção efetuada com base nos critérios adotados no aludido modelo
probabilístico de risco”. Constatou-se que o edital de concorrência
analisado “exigiu atestados de qualificação técnica atrelados a
determinada tipologia de obra, in casu obras rodoviárias, assim
como delimitou que os serviços a serem comprovados fossem
especificamente de gestão ambiental”. O relator afirmou que, em
alguns julgados, o “TCU tem entendido que a inserção, nos editais de
licitação, de expressões que possam levar à interpretação restritiva
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
quanto à demonstração de execução de serviços atrelada a
determinada tipologia de obra, deve ser evitada, salvo se
imprescindível à certeza da boa execução do objeto e desde que
devidamente fundamentada no processo licitatório”. Assim, o
relator acatou a proposta da unidade técnica para realizar a
audiência do engenheiro do Dnit que elaborara a declaração de
responsabilidade com os critérios de habilitação técnica
questionados. O relator propôs, adicionalmente, a realização de
audiência do superintendente do Dnit em Goiás, por ter assinado o
instrumento convocatório e homologado o resultado do certame
com critérios de habilitação restritivos. Por fim, o relator propôs
cientificar o Dnit da ilegalidade desses critérios de habilitação
técnica. Todas as propostas foram acatadas pelo Colegiado.
(Ministro-Relator Benjamin Zymler)
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 2ª PERGUNTA:
Caracteriza restrição à competitividade da
licitação a exigência, como critério de habilitação,
de atestado de qualificação técnica comprovando
experiência em tipologia específica de obra, salvo
se imprescindível à certeza da boa execução do
objeto e desde que devidamente fundamentada no
processo licitatório.
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
3ª PERGUNTA:
Na condição de participante, bem como de
adquirente não participante (mediante adesão), em
licitações pelo sistema de registro de preços, os
órgãos e entidades devem fazer constar do
processo administrativo de contratação, além de
justificativa sobre os quantitativos solicitados,
justificativa acerca da pertinência dos requisitos,
das restrições e das especificações dispostos no
edital às suas necessidades e peculiaridades?
PERFIL CONSTITUCIONAL DA LICITAÇÃO
Constituição Federal:
Art. 37. (...)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação,
as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei (...);
LICITAÇÃO COMO INSTRUMENTO
 Licitação é meio;

 A licitação não tem um fim em si mesma;

 Pensar primeiro no que contratar;

 Definir, preliminarmente, o objeto que atende à


necessidade da Administração;

 Decidir, na sequência, sobre como contratar esse


objeto de que a Administração necessita.
CAMINHOS PARA A CONTRATAÇÃO
1º) Contratação direta, ou seja, sem prévia licitação –
gênero que tem como espécies a inexigibilidade e a
dispensa de licitação;
2º) Licitação e, na sequência, contratação;
3º) Licitação, formalização da ata de registro de
preços e, durante o prazo de vigência desta,
contratações (Sistema de Registro de Preços);
4º) Adesão a uma ata de registro de preços para fim
de contratação (também no âmbito do SRP).
CAMINHOS PARA A CONTRATAÇÃO

Está autorizada
É viável a Dispensa de
Sim a contratação Sim
competição? Licitação
direta?

Não
Não
A situação Licitação +
se enquadra Sim ARP +
no SRP? Contratações
Inexigibilidade
de licitação
Licitação + Contratação
Não
ou
Adesão a uma ARP
PROTAGONISTAS DO SRP
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são adotadas as seguintes
definições: (...)
III - órgão gerenciador - órgão ou entidade da administração
pública federal responsável pela condução do conjunto de
procedimentos para registro de preços e gerenciamento da ata
de registro de preços dele decorrente;
IV - órgão participante - órgão ou entidade da administração
pública que participa dos procedimentos iniciais do Sistema de
Registro de Preços e integra a ata de registro de preços; e
V- órgão não participante - órgão ou entidade da
administração pública que, não tendo participado dos
procedimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos desta
norma, faz adesão à ata de registro de preços.
ÓRGÃO PARTICIPANTE
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 6º O órgão participante será responsável pela
manifestação de interesse em participar do registro de
preços, providenciando o encaminhamento ao órgão
gerenciador de sua estimativa de consumo, local de entrega
e, quando couber, cronograma de contratação e respectivas
especificações ou termo de referência ou projeto básico,
nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e
da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, adequado ao
registro de preços do qual pretende fazer parte, devendo
ainda:
ÓRGÃO PARTICIPANTE
I - garantir que os atos relativos a sua inclusão no registro
de preços estejam formalizados e aprovados pela
autoridade competente;
II - manifestar, junto ao órgão gerenciador, mediante a
utilização da Intenção de Registro de Preços, sua
concordância com o objeto a ser licitado, antes da
realização do procedimento licitatório;
ÓRGÃO NÃO PARTICIPANTE (“CARONA”)
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem,
a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá
ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da
administração pública federal que não tenha participado
do certame licitatório, mediante anuência do órgão
gerenciador.
§ 1º Os órgãos e entidades que não participaram do
registro de preços, quando desejarem fazer uso da ata de
registro de preços, deverão consultar o órgão gerenciador
da ata para manifestação sobre a possibilidade de
adesão.
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
Em denúncia oferecida contra pregão eletrônico promovido
pela Advocacia-Geral da União (AGU), destinado ao registro de
preços para aquisição de solução de tecnologia da informação e
equipamentos de armazenamento de dados (storage) – com a
participação de diversos órgãos e entidades da Administração
Pública e possibilidade de posterior adesão –, fora apontada possível
frustração à competitividade. Isso porque o edital previa a
necessidade de requisitos técnicos que teriam privilegiado
determinada fabricante, sem justificativa adequada. Realizada a
oitiva prévia da AGU – com enfoque na escolha da solução adotada,
na padronização de equipamentos e na estimativa de preços, em
contraste com a possibilidade de adesões (caronas) –, determinou o
relator, cautelarmente, que (i) a AGU não autorizasse adesões à ata
decorrente do pregão; (2) que as entidades participantes, sob
jurisdição do TCU, se abstivessem de celebrar contratos decorrentes
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
do certame, porquanto, conforme anotara a unidade técnica
especializada, “a solução adotada teria sido justificada sob os
pontos de vista técnico e econômico, considerando apenas a
realidade do ambiente tecnológico do órgão gerenciador”.
Adicionalmente, determinou a oitiva dos órgãos e das entidades
participantes jurisdicionados ao TCU, secundada pela audiência dos
responsáveis, com foco na confecção e aprovação de estudo técnico
preliminar insatisfatório, tendo em vista a solução restritiva adotada
e sua extensão aos órgãos e às entidades participantes e aderentes.
Analisando as audiência, concluiu o relator, entre outros aspectos,
que: (i) a ausência de efetiva avaliação da substituição completa do
parque de armazenamento do órgão limitou os possíveis
competidores às representantes do fabricante dos equipamentos já
instalados; (ii) a pesquisa de mercado, por solução alternativa, foi
realizada com requisitos diversos dos que balizaram a escolha do
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
equipamento, impossibilitando que os representantes de fabricantes
alternativos ofertassem suas propostas em condições isonômicas.
Nesse sentido, entendeu que as falhas identificadas configuraram
grave infração à ordem legal e regulamentar (art. 15º, § 1º, art. 3º,
§ 1º, art. 7º, § 5º, art. 6º, inciso IX, alínea c, da Lei 8.666/1993) e ao
princípio constitucional da eficiência, com consequências graves à
isonomia e à competitividade do certame, razão pela qual propôs, e o
Plenário acolheu, a aplicação de multa aos responsáveis. No que
respeita às oitivas das entidades participantes, concluiu o relator que
as impropriedades “levam a crer que os órgãos e entidades
mencionados não atuaram como participantes dos processos iniciais
do registro de preços [...], como prevê o Decreto 7.892/2013, em seu
art. 2º, inciso IV, mas aderiram ao registro de preços de forma
antecipada, de modo análogo a órgãos não participantes”. Ademais,
restou evidenciado que “somente após o edital ter sido publicado, a
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
AGU promoveu diligências no intuito de certificar se os ambientes
tecnológicos de todos os partícipes eram aderentes ao objeto
licitado”. Restaram, assim, não elididas “as graves impropriedades
referentes a falta do Estudo Técnico Preliminar da contratação;
ausência da fundamentação do quantitativo estimado; ausência de
comprovação de que os requisitos técnicos especificados no edital
são adequados às necessidades da entidade; e ausência de
fundamentação da necessidade de restrição ao fabricante [...]; bem
como os indícios de que esses órgãos não atuaram efetivamente
como participantes dos processos iniciais do registro de preços”. Em
decorrência, concluiu o relator que “as exigências técnicas contidas
no termo de referência do Pregão Eletrônico SRP 52/2015 foram
estabelecidas com base em características bastante específicas do
ambiente tecnológico da AGU e, portanto, não é razoável a
participação de outros órgãos em um certame com tais
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
peculiaridades, tampouco a adesão por órgãos não participantes”.
Nesses termos, acolheu o Plenário a proposta do relator para, entre
outros comandos, considerar procedente a denúncia e determinar
aos órgãos e às entidades participantes e aderentes que se
abstenham de celebrar contrato com base na ata de registro de
preços decorrente do certame, assim como determinar à Secretaria
de Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão que, no prazo de trinta dias, oriente os
órgãos e as entidades sob sua supervisão que “na condição de
participante, bem como de adquirente não participante (adesão
tardia), em licitações pelo Sistema de Registro de Preços, em
obediência ao art. 6º, caput, do Decreto 7.892/2013 c/c arts. 3º,
caput, e 15, § 7º, I e II, da Lei 8.666/1993, faça constar de seu
processo administrativo de contratação a justificativa dos
quantitativos solicitados, bem como justificativa de pertinência
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO

quanto às restrições do ambiente interno do órgão gerenciador, a


exemplo da limitação a representantes de um único fabricante”.

(Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues)


ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 3ª PERGUNTA:
Na condição de participante, bem como de
adquirente não participante (mediante adesão), em
licitações pelo Sistema de Registro de Preços, os
órgãos e entidades da Administração Pública
Federal devem fazer constar do processo
administrativo de contratação, além de justificativa
sobre os quantitativos solicitados, justificativa
acerca da pertinência dos requisitos, das restrições
e das especificações dispostos no edital às suas
necessidades e peculiaridades, em obediência ao
art. 6º, caput, do Decreto 7.892/2013 c/c arts. 3º,
caput, e 15, § 7º, incisos I e II, da Lei 8.666/1993.
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
4ª PERGUNTA:
Em licitações pelo sistema de registro de
preços, deve ser computado o valor previsto das
adesões de órgãos e entidades não participantes
(“caronas”) para aferição do limite que torna
obrigatória a realização da audiência pública
prevista no art. 39, caput, da Lei 8.666/1993?
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Lei 8.666/1993:
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação (...)
for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23,
inciso I, alínea "c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado,
obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida pela
autoridade responsável com antecedência mínima de 15
(quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital,
e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis
de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a
publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas
as informações pertinentes e a se manifestar todos os
interessados.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
Lei 8.666/1993:
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os
incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função
dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da
contratação: (...)
I - para obras e serviços de engenharia:
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais);
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais);
ÓRGÃO NÃO PARTICIPANTE (“CARONA”)
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 22. (...).
§ 3º As aquisições ou contratações adicionais a que se refere
este artigo não poderão exceder, por órgão ou entidade, a cem
por cento dos quantitativos dos itens do instrumento
convocatório e registrados na ata de registro de preços para o
órgão gerenciador e órgãos participantes.
§ 4º O instrumento convocatório deverá prever que o
quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de
preços não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do
quantitativo de cada item registrado na ata de registro de
preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes,
independente do número de órgãos não participantes que
aderirem.
ÓRGÃO NÃO PARTICIPANTE (“CARONA”)
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 9º O edital de licitação para registro de preços (...)
contemplará, no mínimo: (...)
II - estimativa de quantidades a serem adquiridas
pelo órgão gerenciador e órgãos participantes;
III - estimativa de quantidades a serem adquiridas por
órgãos não participantes, observado o disposto no § 4º
do art. 22, no caso de o órgão gerenciador admitir
adesões;
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
Ainda na denúncia referente ao pregão para registro de
preços para aquisição de solução de tecnologia da informação e
equipamentos de armazenamento de dados (storage), realizado pela
Advocacia-Geral da União (AGU), constatou o relator que “a AGU
não realizou a audiência pública obrigatória para aquisições
superiores a R$ 150.000.000,00, conforme determina o art. 39,
caput, da Lei 8.666/93, embora sua contratação tenha atingido o
montante previsto de R$ 287.168.961,60 (contemplando as
posteriores adesões), tendo sido adjudicada por R$ 257.652.732,00”.
Questionada, a AGU alegou que, embora tenha seu Departamento
de Atos Jurídicos Internos opinado pela necessidade da audiência
pública, diligência realizada junto aos partícipes resultou na
desistência de quatro deles, o que teria reduzido a estimativa de
preços para menos de R$ 150.000,00. Nada obstante, anotou o
relator que “naquele momento de consulta à área jurídica, o edital
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
do Pregão AGU 52/2015 não previa adesões posteriores, o que
passou a ser admitido apenas após as desistências dos quatro
partícipes, sob o pretexto de preservar a eventual economia de
escala obtida na formação dos preços unitários. Dessa forma, o
parecer jurídico não considerou essa hipótese”. Dessa forma,
prosseguiu, “os fatos narrados indicam que a AGU evitou a
realização da audiência pública, sem, no entanto, reduzir o valor
final previsto para a contratação, substituindo os partícipes
desistentes por eventuais posteriores adesões”. Assim,
considerando “a) as irregularidades no planejamento da
contratação; b) os indícios de permissão de posterior adesão de
outras entidades à ata com vistas a evitar a realização de audiência
pública; c) o reduzido desconto obtido e d) os requisitos especificados
no Termo de Referência especialmente estabelecidos para atender as
peculiaridades do ambiente da AGU”, opinou o relator pela não
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
autorização da adesão de organização não participante na ata de
registro de preços decorrente do Pregão Eletrônico AGU 52/2015.
Nesses termos, acolheu o Plenário a proposta do relator para, entre
outros comandos, considerar procedente a denúncia e determinar
aos órgãos e às entidades participantes e aderentes que se
abstenham de celebrar contrato com base na ata de registro de
preços decorrente do certame, e à Secretaria de Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão que oriente os órgãos e as entidades sob sua supervisão
que “em licitações pelo Sistema de Registro de Preços deve ser
computado o valor previsto das adesões de órgãos e entidades não
participantes (adesões tardias) para aferição do limite que torna
obrigatória a realização de audiência pública, disposta na Lei
8.666/1993, art. 39, caput”.
(Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues)
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 4ª PERGUNTA:
Em licitações pelo Sistema de Registro de
Preços, deve ser computado o valor previsto das
adesões de órgãos e entidades não participantes
(caronas) para aferição do limite que torna
obrigatória a realização da audiência pública
disposta no art. 39, caput, da Lei 8.666/1993.
ACÓRDÃO 365/2017 - PLENÁRIO
5ª PERGUNTA:
A exigência de comprovação de propriedade
ou de compromisso de cessão, locação/leasing ou
venda das máquinas e dos equipamentos
considerados essenciais para o cumprimento do
objeto da licitação contraria o art. 30, § 6º, da Lei
8.666/1993?
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á a: (...)
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
especializado, considerados essenciais para o
cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas
mediante a apresentação de relação explícita e da
declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas
cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de
localização prévia.
ACÓRDÃO 365/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou representação concernente a irregularidades
na Concorrência 01/2013, promovida pelo município de Caaporã/PB,
com vistas à execução de obras e serviços de engenharia, para
implantação de sistema de esgotamento sanitário, com recursos do
Convênio TC/PAC 0021/2012, celebrado entre aquele município e a
Fundação Nacional de Saúde. Foram realizadas, nos autos, as
audiências do prefeito e dos membros da comissão permanente de
licitação do município, entre outras irregularidades indicativas de
restrição à competitividade do certame, em face da “exigência de
comprovação de propriedade ou de compromisso de cessão,
locação/leasing ou venda das máquinas e equipamentos
considerados essenciais para o cumprimento do objeto da licitação
e de infraestrutura predial, em desrespeito ao art. 30, § 6º, da Lei
8.666/1993”. O relator concluiu que as defesas apresentadas não
elidiram as falhas, por ele consideradas como “amplamente
ACÓRDÃO 365/2017 - PLENÁRIO
limitantes da competividade do certame, que teve apenas um
participante, muito possivelmente em consequência das exigências
desarrazoadas e ilegais constantes do edital”. Especificamente
quanto à citada irregularidade, o relator salientou que a exigência
“contraria o art. 30, § 6º, da Lei 8.666/1993, que proíbe exigências
de propriedade e de locação prévia para a participação de
empresas em licitações”. Registrou, ainda, que “requerer que o
licitante mantenha o acervo necessário à execução do contrato
apenas para que possa concorrer é medida que afeta sobremaneira
a competitividade do certame. Por outro lado, a ausência desse
tipo de exigência não implica a contratação de eventuais empresas
irresponsáveis, como aventado nas defesas, uma vez que nada
obsta que a cobrança de tal comprovação seja feita por ocasião da
assinatura do contrato”. Ao final, com a anuência do Colegiado, o
relator propôs conhecer da representação e considerá-la
ACÓRDÃO 365/2017 - PLENÁRIO

parcialmente procedente, rejeitar as razões de justificativa dos


responsáveis atinentes às irregularidades apuradas na Concorrência
01/2013 e aplicar-lhes multa.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 365/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 5ª PERGUNTA:
A exigência de comprovação de propriedade
ou de compromisso de cessão, locação/leasing ou
venda das máquinas e dos equipamentos
considerados essenciais para o cumprimento do
objeto da licitação contraria o art. 30, § 6º, da Lei
8.666/1993, que proíbe exigências de propriedade
e de locação prévia para a participação em
licitações, e restringe a competitividade do
certame.
ACÓRDÃO 361/2017 - PLENÁRIO
6ª PERGUNTA:
É obrigatório o estabelecimento de
parâmetros objetivos para análise da comprovação
(atestados de capacidade técnico-operacional) de
que a licitante já tenha prestado serviços
pertinentes e compatíveis em características,
quantidades e prazos com o objeto da licitação (art.
30, inciso II, da Lei 8.666/1993)?
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á
a: (...)
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos
com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do
aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a
realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada
um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos
trabalhos;
(...)
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de
certidões ou atestados de obras ou serviços similares de
complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Jurisprudência do TCU:
"Trata-se de representação (...) relatando possíveis
irregularidades no edital do Pregão Eletrônico 101/7062-2013,
conduzido pela Gerência de Filial de Logística São Paulo da
Caixa Econômica Federal, para contratação de serviços de
vigilância e segurança, no valor estimado de R$ 30.538.656,00.
(...) O atestado de capacidade técnica tem a função de
demonstrar que a contratada possui condições técnicas
necessárias e suficientes para cumprir o contrato e de
comprovar experiência anterior em atividades similares ao
objeto do certame. Deve, entretanto, ser exigido em
quantitativo proporcional ao serviço a ser contratado, não
impondo limitação desnecessária.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Exigir atestado de prestação de serviço de
vigilância de 80% dos postos de trabalho previstos no
certame restringe a participação de um número maior de
licitantes. Não há razoabilidade nesta exigência.
(...) esta Corte vem determinado aos
jurisdicionados que não estabeleça a exigência de
percentuais mínimos acima de 50% dos quantitativos dos
itens de maior relevância da obra ou serviço, salvo em
casos excepcionais, cujas justificativas para tal
extrapolação deverão estar tecnicamente explicitadas."
(Acórdão nº 282/2014 – Primeira Câmara)
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Jurisprudência do TCU:
"O entendimento desta Casa é o de que, na aferição da experiência das
licitantes por meio de atestados de serviços realizados, deve-se permitir o
somatório desses nos casos em que a demonstração satisfatória da aptidão
técnica do concorrente demande a apresentação de mais de um atestado. Ou
seja, em condições normais, aceita-se o somatório de atestados para o fim de
comprovação de capacidade técnica, a não ser que haja motivo bastante para
justificar a exigência de atestado único ou a imposição de outras limitações
(Acórdãos 1.237/2008, 2.150/2008, 2.882/2008 e 1.231/2012, todos do Plenário).
Na mesma linha temos o Acórdão 849/2014-2ª Câmara (...), cujo voto
condutor traz consignado que é vedada a imposição de limites ou de quantia
certa de atestados ou certidões para fins de comprovação da qualificação
técnica, a menos que a natureza e a complexidade técnica da obra ou do serviço
mostrem ser indispensáveis tais restrições, devendo a Administração, nesses
casos, comprovar a pertinência e a necessidade da fixação de limites ou de não
permitir o somatório de atestados no exame da qualificação técnica do licitante.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Diante disso, a inexistência de regra expressa no
Edital 24/2014 permitindo o somatório não configura, a
meu ver, violação ao princípio da vinculação ao
instrumento convocatório, já que justamente o
impedimento à utilização de mais de um atestado, por
implicar algum tipo de restrição à competividade do
certame, é que demandaria, além da demonstração do
seu cabimento por parte do contratante, estar
expressamente previsto no edital."
(Acórdão nº 1983/2014 – Plenário)
ACÓRDÃO 361/2017 - PLENÁRIO
Representação formulada por licitante apontara possíveis
irregularidades em pregão eletrônico promovido pelo Instituto
Brasileiro de Turismo (Embratur), destinado ao registro de preços
para fornecimento e instalação de solução de rede local sem fio
(WLAN), incluindo, entre outros serviços acessórios, manutenção e
suporte técnico. Na inicial, destacara a representante a “ausência de
definição, de modo preciso, dos quantitativos de serviços que
deveriam ter sido demonstrados pelos licitantes para o fim de
qualificação técnica”. Analisando o ponto, após promover oitivas e
audiências regimentais, bem como a suspensão cautelar do certame,
anotou o relator que, de fato, “a ausência de definição de
parâmetros objetivos para as comprovações de prestações
anteriores contribuiu, como bem pontuou a Selog, para os
problemas que foram levantados pela empresa representante”. Em
seu entendimento, “ainda que a Lei 8.666/1993 não tenha
ACÓRDÃO 361/2017 - PLENÁRIO
estabelecido mandamento direto pela definição de quantitativos,
faz-se mister defini-los em nome dos princípios da transparência, da
impessoalidade e do julgamento objetivo, insculpidos em seu art.
3º”. Nesse aspecto, prosseguiu, “admite-se a inclusão, no edital da
licitação, de exigência de comprovação de capacidade técnico-
operacional de licitantes, conquanto que limitada às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, consoante
sólida jurisprudência do TCU, consolidada na Súmula 263”. No caso
concreto, anotou o relator, considerando que o objeto da
contratação era constituído de bens e serviços comuns de baixa
complexidade, fora argumentado que o termo de referência anexo
ao edital “limitou-se a exigir a apresentação de atestado de
capacidade técnica que comprovasse o anterior fornecimento e
instalação de ‘solução de porte similar com o objeto desta licitação’
[...], sem indicar, contudo, os critérios objetivos que comprovariam a
ACÓRDÃO 361/2017 - PLENÁRIO
similaridade entre os serviços anteriormente executados e o objeto
da contratação pretendida”. Nessa moldura, registrou, “a ausência
de indicação de quantitativos mínimos em serviços com
características semelhantes que deveriam ser comprovados pela
licitante veio a resultar que, na prática, a exigência contida no item
18.1.1 do Termo de Referência (item 10.6.2.1 do edital) representou
mera formalidade, insuscetível de mensuração objetiva”. Nada
obstante, considerando, em síntese, que a “falha na elaboração do
edital não veio a resultar, concretamente, em quebra de isonomia
entre os interessados” e que a licitação obteve a proposta mais
vantajosa para a Administração, entendeu o relator por revogar a
cautelar concedida de modo a possibilitar o aproveitamento do
certame. Em decorrência, votou pela rejeição das razões de
justificativa apresentadas pelo titular da Diretoria de Gestão Interna
da Embratur, sem contudo sancioná-lo com multa, por preservada a
ACÓRDÃO 361/2017 - PLENÁRIO

competitividade do certame. Nesses termos, acolheu o Plenário a


proposta da relatoria para considerar parcialmente procedente a
representação, revogar a cautelar concedida, permitindo a utilização
da ata de registro de preços constituída, sem prejuízo de cientificar a
Embratur de que a ausência de parâmetros objetivos para análise
da comprovação de que a licitante já tenha prestado serviços
pertinentes e compatíveis em características, quantidades e prazos
com o objeto da licitação contraria o disposto no art. 30, inciso II,
da Lei 8.666/1993.

(Ministro-Relator Vital do Rêgo)


ACÓRDÃO 361/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 6ª PERGUNTA:
É obrigatório o estabelecimento de
parâmetros objetivos para análise da comprovação
(atestados de capacidade técnico-operacional) de
que a licitante já tenha prestado serviços
pertinentes e compatíveis em características,
quantidades e prazos com o objeto da licitação (art.
30, inciso II, da Lei 8.666/1993).
ACÓRDÃO 559/2017 - PLENÁRIO
7ª PERGUNTA:
É admissível a indicação ou a preferência por
marca em processo licitatório? A licitação tem por
objetivo, necessariamente, a escolha do produto ou
do serviço de melhor qualidade disponibilizado no
mercado?
OBJETIVOS DA LICITAÇÃO
Lei 8.666/1993:
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa
para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável (...).
SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA
Lei 8.666/1993:
Art. 45. (...)
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
licitação (...):
I – a de menor preço – (...) será vencedor o licitante que
apresentar a proposta de acordo com as especificações do
edital ou convite e ofertar o menor preço;

Lei 12.462/2011 (RDC):


Art. 19. O julgamento pelo menor preço ou maior
desconto considerará o menor dispêndio para a
administração pública, atendidos os parâmetros mínimos
de qualidade definidos no instrumento convocatório.
SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA
Lei 8.666/1993:
Art. 3º (...)
§ 1º É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas
ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter
competitivo, (...) e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato (...).

Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão):


Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte: (...)
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas
especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias,
limitem a competição.
SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA
Jurisprudência do TCU:
"(...) a documentação juntada pela Secretaria Executiva
de Segurança Pública do Estado do Pará traz elementos
suficientes para justificar a necessidade de que os coletes
balísticos referidos no item 1 do objeto do pregão em exame
atendam às normas técnicas mencionadas [normas NIJ
0101.03, 0101.04 e 0115.00]. Os autos demonstram que esses
coletes destinam-se a policiais militares que atuam na linha
de frente do combate ao crime organizado e ao banditismo
nas regiões sudeste e sudoeste do Estado do Pará,
localidades em que o índice de ocorrências com armas
brancas é considerável. O colete especificado no item 1 visa à
proteção não apenas contra armas de fogo, mas também
contra ameaças com arma branca. A exigência fundamentou-
se em necessidade local, tendo em vista as peculiaridades da
região (...).
SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA

Portanto, há coerência na especificação dos


coletes pretendidos. Não poderia a promotora da
licitação aviltar a especificação do objeto para, com
isso, garantir a participação das empresas
representantes, em prejuízo da segurança dos policiais
militares que utilizarão os coletes. Verifica-se, no
presente caso, que a definição dos requisitos mínimos
no edital foi motivada e visa à garantia de que o objeto
a ser adquirido atenda às necessidades da
Administração Pública."
(Acórdão nº 1071/2005 - Plenário)
INDICAÇÃO DE MARCA
Lei 8.666/1993:
Art. 7º (...)
§ 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto
inclua bens e serviços sem similaridade ou de
marcas, características e especificações exclusivas,
salvo nos casos em que for tecnicamente justificável
(...).
INDICAÇÃO DE MARCA
Jurisprudência do TCU:
"Em exame representação (...) questionando a legalidade
da exigência contida no edital do Pregão 3/2013, conduzido
pela Gerência Regional do INSS em Teófilo Otoni/MG
(INSS/MPS), de que os cartuchos a serem adquiridos sejam
produzidos pela empresa fabricante das impressoras.
(...) não se admite, como regra, a especificação de marca
para aquisição de cartuchos para impressoras. No entanto, o
Tribunal aceitou esse tipo de exigência quando os
equipamentos em que os cartuchos serão utilizados
estiverem em período de garantia e os termos de garantia
previrem que ela somente se aplicará caso os produtos
neles utilizados sejam originais (Acórdão 860/2011-
Plenário).
INDICAÇÃO DE MARCA
(...) as informações trazidas aos autos em função das
oitivas e da diligência realizadas indicam que o caso presente
se enquadra na situação acima mencionada, uma vez que:
– as impressoras em que serão utilizados os cartuchos
encontram-se em período de garantia;
– os respectivos termos de garantia estabelecem que não
serão cobertos problemas decorrentes do uso de cartuchos
e de outros suprimentos não fabricados pela Samsung;
– é razoável o número de cartuchos previstos na
licitação, considerando a quantidade de impressoras em que
eles serão aplicados.
Assim, é pertinente a exigência contida no edital."
(Acórdão nº 185/2014 – Segunda Câmara)
INDICAÇÃO DE MARCA
Jurisprudência do TCU:
"9.4. dar ciência à Prefeitura do Município de Coronel
Sapucaia/MS que, em futuras licitações para aquisições de
bens, abstenha-se de formular especificações que
demonstrem preferência por marca, a não ser quando
devidamente justificado por critérios técnicos ou
expressamente indicativa da qualidade do material a ser
adquirido, hipótese em que a descrição do item deverá ser
acrescida de expressões como ‘ou similar’, ‘ou equivalente’,
‘ou de melhor qualidade’, devendo, nesse caso, o produto
ser aceito de fato e sem restrições pela Administração, de
modo a se coadunar com o disposto nos arts. 3°, § 1°,
inciso I, e 15, § 7°, inciso I, da Lei nº 8.666/1993;"
(Acórdão nº 1861/2012 – Primeira Câmara)
CERTIFICAÇÃO DE QUALIDADE
Jurisprudência do TCU:
"9.3. informar ao Ministério de Minas e Energia que:
9.3.1. o administrador tem a faculdade de exigir a aplicação da
norma ABNT NBR 15247 ou de outras normas nas licitações para
aquisições de salas-cofre, devendo constar do processo licitatório as
razões de escolha da norma, mediante parecer técnico devidamente
fundamentado, por meio do qual reste evidenciada a necessidade de
aplicação de norma que reduza a competitividade do certame;
9.3.2. o administrador tem a faculdade de exigir a certificação do
produto em relação à norma escolhida, desde que devidamente
fundamentado no processo licitatório, mediante parecer técnico,
devendo ser aceitos os certificados emitidos por qualquer entidade
acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro) para tal;"
(Acórdão nº 2392/2006 - Plenário)
CERTIFICAÇÃO DE QUALIDADE
Jurisprudência do TCU:
Restrições à competitividade: Exigência, para fins de comprovação
da qualidade do café a ser fornecido, de certificado emitido pela ABIC
Em representação de licitante, foi informada ao TCU possível
restrição à competitividade do Pregão Eletrônico nº 7/2010, cujo objeto é
a aquisição de café, realizado pela Gerência Executiva do Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS, em Santos - SP. Na essência, a restrição à
competitividade ocorrera em face de constar do edital exigência de
certificado emitido pela Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC),
para a comprovação da qualidade do produto (café). Na Sessão de
21/07/2010, o Plenário referendou medida cautelar deferida pelo relator
que havia determinado a suspensão dos procedimentos relativos à citada
contratação (Decisão noticiada no Informativo/TCU nº 26/2010). Desta feita,
na análise de mérito da questão, o relator registrou reconhecer a “boa
intenção dos responsáveis em realizar uma compra adequada
resguardando o erário”.
CERTIFICAÇÃO DE QUALIDADE
Todavia, ressaltou que “a irregularidade não está na busca
de condições mínimas para o objeto a ser fornecido, ação sempre
desejável. O que afronta a lei é a exigência exorbitante de
apresentação do selo da ABIC, quando existem laboratórios
credenciados pela Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos de
Saúde (habilitados pela Vigilância Sanitária) para atestar a
qualidade do produto em questão”. Assim, o relator, ao concordar
com a unidade técnica, e na mesma linha do que já havia afirmado
quando da apreciação da medida cautelar anterior, destacou que “o
ponto central da análise da representação consiste no fato de que o
referido selo não é a única forma de garantir a compra de um café
com boas características. Desse modo, deve ser permitido a todos
licitantes fazerem uso de outras entidades credenciadas,
incrementando, assim, a efetiva concorrência e a amplitude da
participação”.
CERTIFICAÇÃO DE QUALIDADE
Em consequência, considerou indevida a exigência de
associação dos licitantes à ABIC, uma vez que tal fato pode
ter provocado, ainda que maneira indireta, desistência prévia
de potenciais participantes. Ao considerar procedente a
representação, o relator votou pela emissão de determinação
à Gerência do INSS em Santos - SP, no sentido de adotar as
medidas necessárias com vistas à anulação do Pregão
Eletrônico nº 7/2010, sem prejuízo de outras determinações
corretivas, para futuras licitações. O Plenário aprovou, por
unanimidade, o voto do relator. Precedente citado: Acórdãos
nº 672/2010, e nº 1.354, ambos da 1ª Câmara do TCU.
Acórdão nº 1985/2010-Plenário, rel. Min. José Múcio
Monteiro.
CERTIFICAÇÃO DE QUALIDADE
Jurisprudência do TCU:
"(...) as exigências habilitatórias visam auscultar se a pessoa da
licitante possui capacidade ampla de adimplir aos comandos licitatórios. No
que se refere ao âmbito técnica, intenta-se averiguar o expertise da empresa,
em termos de ‘saber fazer’. E a comprovação desse know how se faz por
meio de atestados técnicos demonstrativos de experiência anterior bem-
sucedida. São, portanto, requisitos pessoais da licitante a serem avaliados.
Tais condições, por disposição constitucional, devem limitar-se às
demonstrações imprescindíveis para comprovar esse savoir feire (art. 37,
inciso XXI, da Carta Magna).
Já os requisitos de atendimento à norma ou especificações do objeto
são caracterizadores do produto; não da contratada. Demonstram que o
objeto está em conformidade com as exigências do edital, mas não
traduzem – pelo menos imediatamente – a qualidade da licitante capaz de
ensejar a respectiva ‘inabilitação’ (por não ter capacidade de oferecer o
produto na especificação desejada).
CERTIFICAÇÃO DE QUALIDADE
Nesse diapasão, acrescento que além de não traduzirem a
capacidade das concorrentes, também não constam do rol
exaustivo das condições de habilitação previstos no art. 30 da Lei
de Licitações. Não tenho dúvidas, portanto, da ilegalidade
cometida.
Poder-se-ia, em contraponto, argumentar que o dito
atestado podia fazer parte das condições da classificação da
proposta, demonstrando a aderência do produto às condições
editalícias. Ou ainda, que o imperativo fosse exigido como
condição contratual, não licitatório.
De fato, diante de situações em que a administração, por si
própria, não possui condições ferramentais para aferir, mediante
amostra, a qualidade do produto ofertado, esta Corte tem
admitido a utilização de certificações para comprovar a aderência
do produto às normas técnicas de qualidade. E isso pode ser feito
como condição para classificação ou como requisito contratual."
(Acórdão nº 1054/2014 – Plenário)
ACÓRDÃO 559/2017 - PLENÁRIO
Pedidos de reexame questionaram deliberação da Primeira
Câmara, mediante a qual o colegiado, ao apreciar representação
acerca de irregularidades em licitações promovidas pelo Núcleo de
Hospital Universitário da Fundação Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, aplicou aos recorrentes a multa do art. 58, inciso II, da
Lei 8.443/1992, face a exigência de características dos produtos
(equipamentos para bomba de infusão) que direcionaram as
aquisições a um único fornecedor. Em preliminar, relembrou o relator
as circunstâncias que levaram a Administração a desfazer um dos
certames, por suposto vício de legalidade, após provimento judicial da
pretensão de uma das concorrentes, que teve sua proposta
desclassificada junto com as demais participantes do certame, exceto
a licitante vencedora. Nesse ponto, entendeu o relator que a CPL, “ao
anular o certame, não especificou onde estaria a suposta falha nem
em que ela consistiria”. Relembrou também a posterior
ACÓRDÃO 559/2017 - PLENÁRIO
anulação de outras licitações, nas quais a mesma empresa sagrou-se
vencedora após a reprovação de amostras dos primeiros
classificados. Prosseguindo, registrou informação da unidade
instrutiva sobre possível superioridade qualitativa dos produtos
ofertados pela empresa vencedora dos certames, ponderando,
contudo, na forma salientada pelo relator a quo, que “a licitação
não tem por objetivo, necessariamente, a escolha do produto ou
serviço de melhor qualidade disponibilizado no mercado”. No caso
concreto, “nenhum dos processos licitatórios se fez acompanhar de
justificativa técnica que demonstrasse que as exigências postas se
faziam necessárias para suprir, de forma adequada e suficiente, a
demanda do núcleo hospitalar. Não foram oferecidas razões que
indicassem serem os produtos dos Laboratórios [...] os únicos
capazes de atender satisfatoriamente à demanda do órgão
licitante”. Ademais, prosseguiu, “embora se tenha notícia da
ACÓRDÃO 559/2017 - PLENÁRIO
ocorrência, em outros hospitais, de possíveis falhas em
equipamentos distintos dos oferecidos pela empresa Laboratórios
[...], isso não permite concluir, forçosamente, que tecnologias
diferentes das especificadas no edital seriam insuficientes para os
fins pretendidos”. Em conclusão, anotou o relator, “ainda que se
possa reconhecer a boa intenção em garantir a aquisição de
aparelhos de melhor qualidade (fato certamente sopesado pelo
relator a quo no momento da dosimetria das multas), a
jurisprudência consolidada desta Corte é no sentido de que a
indicação ou preferência por marca em procedimento licitatório só
é admissível se restar comprovado que a alternativa adotada é a
mais vantajosa e a única que atende às necessidades do órgão ou
entidade”. Nesses termos, adotou o Plenário a proposta da relatoria
para, entre outros comandos, negar provimento aos recursos
conhecidos. (Ministro-Relator Benjamin Zymler)
ACÓRDÃO 559/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 7ª PERGUNTA:
A indicação ou a preferência por marca só é
admissível se restar comprovado que a escolha é a
mais vantajosa e a única que atende às
necessidades da Administração. A licitação não tem
por objetivo, necessariamente, a escolha do
produto ou do serviço de melhor qualidade
disponibilizado no mercado.
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
8ª PERGUNTA:
A alienação de imóveis de uso de instituição
financeira pública sem licitação, por intermédio de
integralização de cotas de fundos de investimento
imobiliário, pode-se dar mediante inexigibilidade
de licitação?
CREDENCIAMENTO

Lei 8.666/1993:
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver
inviabilidade de competição, em especial: (...)
CREDENCIAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"O credenciamento é hipótese de inviabilidade de
competição não expressamente mencionada no art. 25 da Lei
8.666/1993 (cujos incisos são meramente exemplificativos).
Adota-se o credenciamento quando a administração tem por
objetivo dispor da maior rede possível de prestadores de
serviços.
(...) Nessa situação, a inviabilidade de competição não
decorre da ausência de possibilidade de competição, mas sim
da ausência de interesse da administração de restringir o
número de contratados."
(Acórdão nº 3567/2014 – Plenário)
CREDENCIAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"9.2. prestar ao interessado, excepcionalmente, sem
caráter de prejulgamento de tese, as seguintes informações:
(...)
9.2.3. embora não esteja previsto nos incisos do art. 25
da Lei nº 8.666/1993, o credenciamento tem sido admitido
pela doutrina e pela jurisprudência como hipótese de
inexigibilidade inserida no caput do referido dispositivo legal,
porquanto a inviabilidade de competição configura-se pelo
fato de a Administração dispor-se a contratar todos os que
tiverem interesse e que satisfaçam as condições por ela
estabelecidas, não havendo, portanto, relação de exclusão;
CREDENCIAMENTO
9.2.4. na hipótese de opção pelo credenciamento (...),
deve ser observado que, para a regularidade da contratação
direta, é indispensável a garantia da igualdade de condições
entre todos os interessados hábeis a contratar com a
Administração, pelo preço por ela definido;
9.2.5. é possível à Administração realizar a contratação
direta, mediante inexigibilidade de licitação, desde que haja a
demonstração inequívoca de que suas necessidades somente
poderão ser atendidas dessa forma, cabendo a devida
observância das exigências do art. 26 da Lei n. 8.666/1993,
principalmente no que concerne à justificativa de preços;"
(Acórdão nº 351/2010 – Plenário)
CREDENCIAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"Via de regra, no credenciamento, a Administração
estabelece o preço máximo a ser pago pelos serviços.
(...) embora o credenciamento não seja compatível com
o procedimento licitatório, trata-se, na opinião dos juristas, de
caso de inexigibilidade de licitação pela inviabilidade ou pela
desnecessidade de competição, dado que, em tese, todos os
interessados na prestação do serviço ficam disponíveis para a
contratação. Assim, são exigidos os elementos prescritos no
parágrafo único do art. 26 da Lei nº 8.666/93, entre eles a
justificativa do preço fixado pela administração contratante."
(Acórdão nº 2731/2009 – Plenário)
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
Auditoria realizada no Banco do Brasil S.A (BB) apurara
possível irregularidade na alienação de imóveis de uso do BB, sem
licitação, por intermédio de integralização de cotas de fundos de
investimento imobiliário (FII) constituídos pela estatal. Realizada a
oitiva, a instituição argumentou que “a operação realizada pelo
banco não se enquadraria como uma alienação comum de imóveis,
mas, sim, como uma operação relacionada à atividade-fim do banco,
uma vez que se inseriu no bojo da oferta de um produto financeiro
aos clientes da entidade, além de promover adequação às regras do
Acordo de Basiléia, características que entende inviabilizarem a
realização de licitação”. À vista dos elementos contidos nos autos,
determinou o relator a audiência dos então membros do Conselho
Diretor do BB para que justificassem a constituição dos fundos nos
moldes adotados. Apresentada a defesa, a unidade instrutiva,
embora discordando do argumento de que a operação se amoldaria
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
às hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação tal como
previstas na Lei 8.666/1993, reconheceu se tratar de transação
complexa, agravada pela mora legislativa em expedir regramento
licitatório específico para as empresas estatais exploradoras de
atividade econômica. Assim, face à inexistência de fraude e prejuízo,
opinou pela ausência de reprovabilidade na conduta dos membros
do Conselho Diretor do banco estatal na operação. Analisando o
ponto, o relator salientou que “impor irrestritamente o dever de
licitar à operação de integralização de imóveis equivaleria a
praticamente vedar a oferta do produto financeiro pelo banco
estatal, prejudicando sua atuação comparativamente às demais
instituições financeiras, indo de encontro ao que sinaliza a norma
constitucional de eficácia limitada do artigo 173, § 1º”. Ao
aprofundar análise sobre as características dos fundos imobiliários,
observou que a “operação de integralização dos imóveis nos fundos
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
de investimento imobiliário culmina com a oferta de frações ideais
desses bens no mercado secundário, as chamadas cotas, em
ambiente de bolsa de valores, fiscalizado, portanto, pela Comissão
de Valores Mobiliários – CVM, segundo os ditames de uma oferta
pública, por expressa determinação legal (Lei 8.668/1993)”, mediante
critério de rateio. Tal critério de distribuição, anotou o relator,
“garante que qualquer um que se interesse por comprar a cota tem
acesso a esse produto, caracterizando a chamada inviabilidade de
competição, situação que se assemelha à hipótese de
credenciamento, ocorrência que se subsome aos casos de
inexigibilidade de licitação do art. 25 da Lei 8.666/1993, conforme
doutrina e jurisprudência desta Corte, justamente pela configuração
de inexistência de competição entre os interessados”. Nesse passo,
tendo em vista que a inviabilidade de competição não se restringe
aos casos de impossibilidade de licitação, considerou o relator que o
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
instituto da inexigibilidade licitatória, “pode abarcar a distribuição
das cotas pelo banco, uma vez que não há propriamente competição
entre os interessados em adquiri-las”. Ponderou, contudo que “o
enquadramento jurídico da situação em concreto a uma hipótese de
inexigibilidade de licitação não tem o condão de afastar a incidência
dos princípios regentes da atuação pública, de sorte que a aferição
da regularidade dos procedimentos adotados perpassa,
necessariamente, pela verificação, essencialmente, do atendimento
aos princípios da publicidade e economicidade, já que a dúplice
finalidade da licitação se materializa na escolha da proposta mais
vantajosa para a Administração, desde que preservada a isonomia
entre os interessados”. Ademais, delimitou, “o raciocínio traçado não
se aplica a todo e qualquer ente da Administração”. O caso sob
exame, prosseguiu, “contempla a integralização de imóveis em
fundos de investimento imobiliário por uma instituição financeira,
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
entidade estatal exploradora de atividade econômica, cuja
atividade negocial está inserida em ambiente concorrencial,
situação que exige agilidade na captação de recursos para que se
possa ter liquidez e, com isso, fazer frente aos múltiplos e diversos
compromissos assumidos pelo banco, que, além disso, se vê
obrigado a desfazer de seu ativo imobilizado, com vias a cumprir a
legislação setorial (Acordo de Basiléia)”. Assim, nos termos da
proposta do relator, acolheu o Plenário as razões de justificativa
apresentadas pelos ex-membros do Conselho Diretor do BB.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 8ª PERGUNTA:
A alienação de imóveis de uso de instituição
financeira pública sem licitação, por intermédio de
integralização de cotas de fundos de investimento
imobiliário, não se enquadra como uma alienação
comum de imóveis (art. 17, inciso I, da Lei
8.666/1993), mas, sim, como operação relacionada à
atividade-fim do banco, inserida no bojo da oferta de
produto financeiro aos clientes da entidade,
adequada às regras do Acordo de Basiléia, o que, por
inviabilizar a realização de licitação, assemelha-se à
hipótese de credenciamento, ocorrência que se
subsome aos casos de inexigibilidade de licitação do
art. 25 da Lei 8.666/1993.
ACÓRDÃO 745/2017 - PLENÁRIO
9ª PERGUNTA:
Uma vez admitida a participação de
consórcios em processo licitatório, o edital poderá
fixar o número máximo de empresas integrantes do
consórcio?
PARTICIPAÇÃO DE CONSÓRCIO

Lei 8.666/1993:
Art. 33. Quando permitida na licitação a
participação de empresas em consórcio,
observar-se-ão as seguintes normas: (...).
ACÓRDÃO 745/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou representação acerca de possíveis
irregularidades em pregão eletrônico conduzido pela
Superintendência Regional do Dnit nos Estados de Rondônia e Acre,
para a contratação de empresas para execução de serviços do
Programa de Contratos de Recuperação e Manutenção Rodoviária
(Crema). O representante noticiara suposta restrição ao caráter
competitivo do certame, consistente na limitação do número de
empresas a integrarem consórcios (no máximo duas empresas),
sem justificativa, o que afrontaria a jurisprudência do Tribunal.
Sobre a questão, o relator afirmou que, “de fato, este Tribunal tem
entendimento no sentido de que, uma vez admitida a participação
de consórcios em processo licitatório, a limitação a um número
máximo de empresas integrantes deve ser justificada”. Observou,
ademais, que, no caso concreto, o pregoeiro não especificou os
motivos que levaram à limitação ao número máximo de duas
ACÓRDÃO 745/2017 - PLENÁRIO

empresas na formação dos consórcios. Não obstante, entendeu o


relator que não restou comprovado eventual prejuízo à
competitividade ou à obtenção da proposta mais vantajosa no
certame, razão pela qual votou no sentido de se conhecer da
representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente
procedente, bem como de dar ciência ao órgão que, “no caso de
limitação ao número máximo de empresas integrantes de
consórcio, a ausência de motivação prévia e consistente constitui
afronta aos arts. 3°, § 1°, inciso I, e 33 da Lei 8.666/1993 c/c os
arts. 2° e 50 da Lei 9.784/1999”.

(Ministro-Relator Bruno Dantas)


ACÓRDÃO 745/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 9ª PERGUNTA:
A limitação a número máximo de empresas
integrantes de consórcio deve ter motivação prévia
e consistente, sob pena de afrontar os arts. 3°, §
1°, inciso I, e 33 da Lei 8.666/93 c/c os arts. 2° e
50 da Lei 9.784/99.
ACÓRDÃO 756/2017 - PLENÁRIO
10ª PERGUNTA:
É admissível o estabelecimento de requisito
de velocidade mínima de impressão na contratação
de empresa para a prestação de serviço de
outsourcing?
SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA
Lei 8.666/1993:
Art. 3º (...)
§ 1º É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas
ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter
competitivo, (...) e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato (...).

Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão):


Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte: (...)
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas
especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias,
limitem a competição.
ACÓRDÃO 756/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou representação formulada por empresa
licitante contra pregão eletrônico realizado pela Empresa de
Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) para
registro de preços com vistas à contratação de empresa para a
prestação de serviço de solução de impressão/cópias (outsourcing).
Em síntese, a representante alegou que a exigência do edital por
impressoras coloridas A4 com velocidade mínima de impressão de
25 ppm nos formatos A4 e Carta nos modos colorido e
monocromático, sem justificativa técnica, restringiria o universo de
competidores, e que a atenuação do requisito possibilitaria a oferta
de outros modelos de impressoras e a consequente participação de
outras empresas fornecedoras, sem comprometimento da qualidade
na prestação do serviço. Ao analisar preliminarmente o feito, a
unidade técnica que originalmente o instruiu considerou injustificada
a exigência “de velocidade mínima de 25 ppm, por
ACÓRDÃO 756/2017 - PLENÁRIO
entender que a demanda diária da Dataprev poderia ser atendida
com equipamentos com capacidade de impressão de 4 ppm”. Ante o
caráter eminentemente técnico das questões tratadas nos autos, o
relator submeteu o assunto à apreciação de unidade técnica
especializada, tendo esta se manifestado no sentido de que “o
requisito de velocidade mínima de 25 ppm não restringiu o universo
de competidores no caso concreto” pois, no principal, “(i) não é
possível afirmar que o requisito de velocidade mínima de impressão
impediu a participação de outras empresas que atuam no mercado
de outsourcing de impressão, como aduz a representante; (ii) há uma
tendência da administração pública federal em adquirir impressoras
com velocidade superior ou igual a 25 ppm [...]; (iii) quanto aos
modelos [...], citados como exemplos de equipamentos de menor
capacidade que poderiam ter participado do certame, verificou-se
que, de fato, os equipamentos não atendem a todos os
ACÓRDÃO 756/2017 - PLENÁRIO
requisitos do edital (conectividade wireless, conectividade 1000
Ethernet, memória de 512MB); (iv) não foi possível identificar
modelos de equipamentos de menor velocidade de impressão que
atendessem integralmente aos demais requisitos definidos no edital;
e (vi) não é possível afirmar que a exigência de equipamento com
velocidade de 25 ppm significaria aumento de custos desnecessários,
como alega a representante, pois o objeto da licitação sob exame
refere-se à contratação de solução de impressão, em que a
impressora é apenas um dos componentes do custo total, devendo-
se considerar outras variáveis, como o custo de manutenção
preventiva e corretiva, incluindo fornecimento de insumos e a
substituição de peças e componentes”. Assim, em consonância com o
entendimento da unidade especializada, o relator concluiu serem
improcedentes as alegações da representante, “uma vez que não se
mostrou descabida a exigência questionada acerca da velocidade da
ACÓRDÃO 756/2017 - PLENÁRIO

impressão, sobretudo em razão dos demais requisitos técnicos das


impressoras previstos no edital, que não seriam plenamente
atendidos por equipamentos de menor velocidade, o que
comprometeria a qualidade da solução a contratar”. Em razão de
outras falhas no certame, o Colegiado acolheu a proposta do relator
no sentido de considerar a representação parcialmente procedente.

(Ministro-Relator Vital do Rêgo)


ACÓRDÃO 756/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 10ª PERGUNTA:
É admissível o estabelecimento de requisito
de velocidade mínima de impressão na contratação
de empresa para a prestação de serviço de
outsourcing quando os requisitos técnicos dos
equipamentos previstos no edital requeiram
compatibilidade de desempenho entre eles, de
modo a assegurar a qualidade da solução a ser
contratada.
ACÓRDÃO 2260/2017 - 1ª CÂMARA
11ª PERGUNTA:
É permitida a participação de cooperativas de
trabalho em licitações que envolvam terceirização
de serviços?
PARTICIPAÇÃO DE COOPERATIVAS

Súmula 281 do TCU:


É vedada a participação de cooperativas em
licitação quando, pela natureza do serviço ou pelo
modo como é usualmente executado no mercado em
geral, houver necessidade de subordinação jurídica
entre o obreiro e o contratado, bem como de
pessoalidade e habitualidade.
PARTICIPAÇÃO DE COOPERATIVAS
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO VII-A):
DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃO DO ATO
CONVOCATÓRIO
3. Das condições de participação no processo licitatório:
3.1. Deverão ser previstas nas condições de participação
no processo licitatório, dentre outras, a forma de
credenciamento dos licitantes, os critérios, as proibições
e a possibilidade ou não da participação de
cooperativas, bem como as declarações a serem
prestadas.
PARTICIPAÇÃO DE COOPERATIVAS
IN SEGES-MP 5/2017:
Art. 10. A contratação de sociedades cooperativas somente poderá
ocorrer quando, pela sua natureza, o serviço a ser contratado
evidenciar:
I - a possibilidade de ser executado com autonomia pelos
cooperados, de modo a não demandar relação de subordinação entre
a cooperativa e os cooperados, nem entre a Administração e os
cooperados; e
II - que a gestão operacional do serviço seja executada de forma
compartilhada ou em rodízio, em que as atividades de coordenação e
supervisão da execução dos serviços e as de preposto, conforme
determina o art. 68 da Lei nº 8.666, de 1993, sejam realizadas pelos
cooperados de forma alternada ou aleatória, para que tantos quanto
possíveis venham a assumir tal atribuição.
PARTICIPAÇÃO DE COOPERATIVAS
§ 1º Quando admitida a participação de cooperativas, estas
deverão apresentar um modelo de gestão operacional que
contemple as diretrizes estabelecidas neste artigo, o qual
servirá como condição de aceitabilidade da proposta.
§ 2º O serviço contratado deverá ser executado
obrigatoriamente pelos cooperados, vedada qualquer
intermediação ou subcontratação.
Art. 11. Na contratação de sociedades cooperativas, o órgão ou
entidade deverá verificar seus atos constitutivos, analisando
sua regularidade formal e as regras internas de
funcionamento, para evitar eventual desvirtuação ou fraude.
ACÓRDÃO 2260/2017 - 1ª CÂMARA
O TCU apreciou representação acerca de irregularidades
ocorridas em pregão eletrônico promovido pelo Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação (ITI), cujo objeto era o registro de preços
para contratação de serviços especializados de suporte e
administração da infraestrutura de dados, administração de dados e
banco de dados, e Operação em Segurança da Informação. A
representante questionara a adjudicação do objeto a uma
cooperativa, ante a cláusula contida no subitem 5.2.6 da versão
inicial do edital, que vedava a participação no certame de sociedades
dessa natureza. Ao analisar a questão, o relator observou que o
aludido item do edital original estabeleceu que não seria permitida a
participação de sociedades cooperativas, considerando a vedação
contida no Termo de Conciliação Judicial firmado entre o Ministério
Público do Trabalho e a União, anexo ao edital, e a proibição do art.
4º da Instrução Normativa SLTI/MPOG 2, de 30/4/2008. O Termo de
ACÓRDÃO 2260/2017 - 1ª CÂMARA
Conciliação Judicial deixa claro que a proibição da terceirização de
serviços a cooperativas de trabalho se deve, entre outras razões, aos
riscos relacionados a reclamações trabalhistas que poderão ser
eventualmente ajuizadas, com o potencial de gerar graves prejuízos
financeiros ao erário. Dessa forma, o relator ponderou que, “ainda
que, em um primeiro momento, os valores ofertados por
cooperativas pareçam economicamente vantajosos, não há que se
falar em economicidade, mas, sim, em risco de relevante prejuízo
financeiro para a administração pública advindo de eventuais ações
trabalhistas”. Ponderou, ainda, que a “administração pública não
pode se valer da contratação de cooperativas de trabalho nos casos
em que há risco de lesão a direitos trabalhistas, tendo em vista os
princípios da moralidade, da legalidade e da economicidade, bem
como a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do
trabalho, insculpidos nos arts. 1º, incisos III e IV, e 5º, caput, da
ACÓRDÃO 2260/2017 - 1ª CÂMARA
Constituição Federal”. Ao final, o Colegiado, anuindo à proposição do
relator, deliberou, entre outras medidas, no sentido de determinar
ao ITI que se abstenha de prorrogar o contrato decorrente do
citado pregão eletrônico e adote providências com vistas à
realização de nova licitação destinada à substituição do ajuste,
tomando as cautelas necessárias para evitar a recorrência, entre
outras, da seguinte irregularidade: “permissão à participação de
cooperativas de trabalho no certame, em afronta aos arts. 4º,
inciso II, e 5º, da Lei 12.690/2012, à Súmula 281 do TCU, ao Termo
de Conciliação Judicial entre a União e o Ministério Público do
Trabalho, de 5/6/2003, e ao art. 4º da Instrução Normativa 2/2008
SLTI/MPOG”.

(Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues)


ACÓRDÃO 2260/2017 - 1ª CÂMARA
RESPOSTA À 11ª PERGUNTA:
A permissão à participação de cooperativas
em licitações que envolvam terceirização de
serviços com subordinação, pessoalidade e
habitualidade afronta os arts. 4º, inciso II, e 5º da
Lei 12.690/2012, a Súmula TCU 281, o Termo de
Conciliação Judicial entre a União e o Ministério
Público do Trabalho, de 5/6/2003, e o art. 4º da IN-
SLTI/MPOG 2/2008. A aparente economicidade dos
valores ofertados pelo licitante nesses casos não
compensa o risco de relevante prejuízo financeiro
para a Administração Pública advindo de eventuais
ações trabalhistas.
ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA
12ª PERGUNTA:
É legal a exigência de que a vistoria técnica,
quando exigida, seja realizada exclusivamente pelo
sócio administrador da licitante?
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)

Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação
técnica limitar-se-á a: (...)
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de
que tomou conhecimento de todas as informações
e das condições locais para o cumprimento das
obrigações objeto da licitação;
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
Jurisprudência do TCU:
"9.2. dar ciência ao Município de Itapé/BA de
que:
9.2.1. a vistoria ao local das obras somente deve
ser exigida quando for imprescindível ao cumprimento
adequado das obrigações contratuais, o que deve ser
justificado e demonstrado pela Administração no
processo de licitação, devendo o edital prever a
possibilidade de substituição do atestado de visita
técnica por declaração do responsável técnico de que
possui pleno conhecimento do objeto (...);
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
9.2.2. segundo entendimento desta Corte de Contas
(...), a exigência de que a visita técnica seja realizada
exclusivamente pelo responsável técnico da licitante é
potencialmente restritiva à competitividade dos certames;
9.2.3. a obrigatoriedade de que a visita técnica seja
realizada em um único dia se mostra prejudicial à
obtenção da proposta mais vantajosa para a
Administração, uma vez que possibilita que as licitantes
tomem conhecimento de quantos e quais são os
participantes do certame, facilitando a ocorrência de
ajuste entre os competidores (...)."
(Acórdão nº 1447/2015 – Plenário)
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
Jurisprudência do TCU:
"9.2. dar ciência ao Centro de Obtenção da Marinha no
Rio de Janeiro (COMRJ) de que: (...)
9.2.2. deve evitar, salvo em situações excepcionais
devidamente justificadas, exigir visita técnica pelos interessados
nas licitações, eis que sua substituição por declaração formal
assinada pela empresa, sob as penalidades da lei, de que tem
pleno conhecimento das condições locais e peculiaridades
inerentes à natureza dos trabalhos e não alegará
desconhecimento para quaisquer questionamentos futuros de
caráter técnico ou financeiro, atende o art. 30, inciso III, da Lei
8.666/1993 sem comprometer a competitividade do certame;"
(Acórdão nº 1564/2015 – Segunda Câmara)
ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA
O TCU apreciou representação formulada por empresa, com
fundamento no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, acerca de
supostas irregularidades em edital de pregão presencial promovido
pelo Município de Irará/BA com vistas a contratar a locação de
veículos para o transporte escolar de alunos. Entre as falhas
noticiadas pela representante, consta a obrigatoriedade de
realização de visita técnica exclusivamente pelo sócio
administrador da empresa licitante. No caso, o relator ratificou a
análise empreendida pela unidade técnica do Tribunal quanto às
irregularidades representadas e confirmadas no edital do certame.
Sobre a questão, o relator ressaltou que tal exigência, contida no
item 11.1 do edital, é irregular, mormente para ser cumprida no
prazo de dois dias, “visto que não atende ao disposto no art. 3º, §
1º, I, da Lei 8.666/1993”. Destacou, ainda, que “a jurisprudência
desta Corte de Contas é pacífica em considerar que a vistoria
ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA
deve sofrer condicionantes, por parte da Administração, que resultem
em ônus desnecessário aos particulares e importem restrição
injustificada à competitividade do certame, podendo ser realizada
por qualquer preposto das licitantes, a fim de ampliar a
competitividade do procedimento licitatório (acórdãos 983/2008,
2.395/2010 e 2.990/2010, todos do Plenário). [...] Deve ser levado em
consideração o ônus imposto aos licitantes para o cumprimento
desses requisitos e sua razoabilidade em face da complexidade dos
serviços a serem executados”. Ao final, o Colegiado, endossando a
posição do relator, considerou procedente a representação e
determinou ao Município de Irará/BA que, caso decida pela
continuidade da contratação, promova o devido processo licitatório,
abstendo-se de incluir no edital, entre outras, a seguinte exigência
considerada ilegal pelo TCU: “exigência, de que a vistoria técnica seja
realizada exclusivamente pelo sócio administrador da licitante, tendo
ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA

em vista que tal visita, quando exigida, não deve sofrer


condicionantes, por parte da administração, que resultem em ônus
desnecessário aos particulares e importem restrição injustificada à
competitividade do certame (acórdãos TCU 983/2008, 2395/2010 e
2990/2010, todos do Plenário)”.

(Ministro-Relator Weder de Oliveira)


ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA
RESPOSTA À 12ª PERGUNTA:
É ilegal a exigência de que a vistoria técnica
seja realizada exclusivamente pelo sócio
administrador da licitante, tendo em vista que tal
visita, quando exigida, não deve sofrer
condicionantes por parte da Administração que
resultem em ônus desnecessário aos particulares e
importem restrição injustificada à competitividade
do certame.
ACÓRDÃO 910/2017 - PLENÁRIO
13ª PERGUNTA:
Partindo da premissa de que a Administração
deve adotar como referência, para fins de
orçamentação e critério de aceitabilidade de preço,
composições de custos que adotem a metodologia
mais econômica, o contratado poderia executar
determinado serviço valendo-se de equipamentos
que resultassem em maior produtividade, obtendo
assim vantagens comparativas ao Sicro, por
exemplo, no caso de obras rodoviárias? Por outro
lado, seria legítimo transferir para a Administração
os custos decorrentes da utilização de metodologia
executiva mais onerosa?
ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA
Decreto Federal 7.983/2013:
Art. 3o O custo global de referência de obras e serviços de
engenharia, exceto os serviços e obras de infraestrutura de
transporte, será obtido a partir das composições dos custos
unitários previstas no projeto que integra o edital de licitação,
menores ou iguais à mediana de seus correspondentes nos
custos unitários de referência do Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – Sinapi (...).
Parágrafo único. O Sinapi deverá ser mantido pela Caixa
Econômica Federal - CEF, segundo definições técnicas de
engenharia da CEF e de pesquisa de preço realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
ORÇAMENTO DE REFERÊNCIA

Art. 4o O custo global de referência dos serviços e obras de


infraestrutura de transportes será obtido a partir das
composições dos custos unitários previstas no projeto que
integra o edital de licitação, menores ou iguais aos seus
correspondentes nos custos unitários de referência do
Sistema de Custos Referenciais de Obras - Sicro, cuja
manutenção e divulgação caberá ao Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (...).
CRITÉRIO DE ACEITABILIDADE DOS PREÇOS
GLOBAL E UNITÁRIOS
Lei 8.666/1993:
Art. 40. O edital (...) indicará, obrigatoriamente, o
seguinte:
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
global, conforme o caso, permitida a fixação de
preços máximos e vedados a fixação de preços
mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação
em relação a preços de referência, ressalvado o
disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48;
FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS

Súmula 259 do TCU:


Nas contratações de obras e serviços de
engenharia, a definição do critério de
aceitabilidade dos preços unitários e global, com
fixação de preços máximos para ambos, é
obrigação e não faculdade do gestor.
ACÓRDÃO 910/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou pedidos de reexame interpostos contra o
Acórdão 2.861/2013 Plenário (posteriormente integrado pelo
Acórdão 546/2014 Plenário), que deliberara acerca de relatório de
auditoria nas obras de construção da BR-364/MG, lote 3, objeto do
Contrato 568/2010, celebrado pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit). No acórdão recorrido, o
Tribunal, entre outras medidas, ao constatar sobrepreço e
superfaturamento nos itens analisados, determinara ao Dnit a
repactuação do contrato, especialmente quanto à alteração dos
valores das distâncias médias de transporte (DMT) de cimento,
CBUQ, areia, solo e brita, para adequação aos reais trajetos
percorridos entre a origem do insumo e o local das obras, e dos
equipamentos constantes das composições de custo unitário dos
serviços de escavação, carga e transporte (ECT), para adequação às
composições previstas no Sicro. Em relação aos serviços de ECT,
ACÓRDÃO 910/2017 - PLENÁRIO
argumentou o consórcio contratado, um dos recorrentes, que
“existem precedentes no Tribunal no sentido de que a forma como o
serviço é executado diz respeito ao contratado, de modo que não
cabe contestar decisões empresariais ‘se a empreiteira utilizar um
equipamento melhor, que resulte numa maior produtividade ou se já
tiver o equipamento e por isso tiver um custo bem menor para o
serviço ou se quiser colocar um número bem maior de máquinas
porque não quer deixar suas máquinas ociosas’”. Ao analisar esse
ponto do recurso, o relator acolheu “a análise efetivada pelo auditor
da Serur, a qual se baseou em jurisprudência firme desta Corte de
Contas no sentido de que a Administração deve adotar como
referência, para fins de orçamentação e critério de aceitabilidade de
preço, composições de custos que adotem a metodologia mais
econômica, in casu, o Sicro, conforme a tipologia da obra em exame
– rodovias”. Nesse sentido, transcreveu a seguinte passagem do
ACÓRDÃO 910/2017 - PLENÁRIO
exame empreendido pela unidade técnica: “O que os citados
precedentes do Tribunal afirmam, em última análise, é que a
metodologia executiva prevista pelo Sicro não é vinculante, mas os
preços referenciais o são. Em outras palavras, o contratado pode
executar o serviço valendo-se de equipamentos que resultam em
maior produtividade, obtendo vantagens comparativas ao Sicro. Por
outro lado, pode também utilizar arranjos produtivos que lhes são
mais convenientes, mas que resultam em maior onerosidade (como,
no exemplo, utilizar motoscrapers para todas as DMTs, mesmo
naquelas distâncias em que a escavadeira hidráulica seria opção
mais econômica). Só não pode pretender que a Administração
suporte o gasto adicional decorrente.” Quanto à afirmação do
consórcio de que, de fato, usara motoscrapers para a execução dos
serviços de escavação, carga e transporte, o relator também acatou
as ponderações do auditor da Serur, “uma vez que não se mostra
ACÓRDÃO 910/2017 - PLENÁRIO
legítimo transferir para a Administração os custos decorrentes da
utilização de metodologia executiva mais onerosa”. Pela mesma
razão, de que os preços referenciais devem considerar o padrão
estabelecido pelo Sicro, rejeitou “o pedido do consórcio de que seja
utilizada a Escavadeira 320 (alocada à obra), e não a Escavadeira
330, prevista pelo Sicro, para as DMTs superiores a 400 m, nos
termos aduzidos pelo auditor da Serur”. Embora tenha concluído
pela não elisão do sobrepreço inicialmente apontado, entendeu o
relator ter havido perda de objeto das determinações recorridas,
uma vez o Contrato 568/2010 já se encontrar encerrado, não
havendo mais sentido se falar em repactuação e compensação
financeira dos prejuízos consumados. Assim, propôs, no que foi
seguido pelo Colegiado, dar provimento parcial ao pedido de
reexame do consórcio contratado, tornar insubsistentes as
determinações do Acórdão 2.861/2013 Plenário e encaminhar os
ACÓRDÃO 910/2017 - PLENÁRIO

autos ao relator a quo para seguimento do processo.

(Ministro-Relator Benjamin Zymler)


ACÓRDÃO 910/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 13ª PERGUNTA:
O contratado pode executar o serviço com
metodologia distinta da prevista no Sicro, valendo-
se de equipamentos ou arranjos produtivos que
lhes são mais convenientes, contudo não pode
transferir para a Administração os custos da
utilização de metodologia mais onerosa do que
aquela prevista no Sicro.
ACÓRDÃO 926/2017 - PLENÁRIO
14ª PERGUNTA:
A comprovação de credenciamento ou
parceria junto a fabricantes pode ser exigida como
requisito de habilitação das licitantes?
DECLARAÇÃO DO FABRICANTE
Jurisprudência do TCU:
"O pregão tem como objeto a contratação da prestação
de serviços de impressão e reprografia corporativa, englobando
fornecimento de equipamentos, instalação e configuração,
serviços de manutenção, peças de reposição, materiais de
consumo conforme especificações do anexo I do edital.
A representante alegou (...) que a exigência (...) de
apresentação de ‘declaração do fabricante dos equipamentos
ofertados na proposta comercial, que comprove expressamente
que a licitante pode comercializar e fornecer peças e insumos,
além de prestar assistência técnica destes equipamentos’ seria
ilegal e restritiva à competitividade do certame.
DECLARAÇÃO DO FABRICANTE
Conforme jurisprudência desta Corte, a exigência
de declaração do fabricante, carta de solidariedade, ou
credenciamento, como condição para habilitação de
licitante, carece de amparo legal, por extrapolar o que
determinam os arts. 27 a 31, da Lei nº 8.666/93, e 14 do
Decreto nº 5.450/2005.
Essa exigência pode ter caráter restritivo e ferir o
princípio da isonomia entre os licitantes, por deixar ao
arbítrio do fabricante a indicação de quais
representantes poderão participar do certame.
DECLARAÇÃO DO FABRICANTE
Existem outros meios para assegurar o
cumprimento das obrigações pactuadas, tais como
pontuação diferenciada em licitações do tipo técnica e
preço, exigência de garantia para execução contratual, ou
ainda multa contratual.
A exigência de declaração do fornecedor como
requisito de habilitação somente pode ser aceita em casos
excepcionais, quando se revelar necessária à execução do
objeto contratual, situação em que deverá ser
adequadamente justificada de forma expressa e pública,
por ser requisito restritivo à competitividade."
(Acórdão nº 1805/2015 – Plenário)
CARTA DE SOLIDARIEDADE DO FABRICANTE

Lei 12.462/2011 (RDC):


Art. 7o No caso de licitação para aquisição de bens, a
administração pública poderá: (...)
IV - solicitar, motivadamente, carta de solidariedade
emitida pelo fabricante, que assegure a execução do
contrato, no caso de licitante revendedor ou
distribuidor.
METODOLOGIA DE EXECUÇÃO
Lei 8.666/1993:
Art. 30. (...)
§ 8o No caso de obras, serviços e compras de grande vulto,
de alta complexidade técnica, poderá a Administração
exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja
avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá
sempre à análise dos preços e será efetuada
exclusivamente por critérios objetivos.
§ 9o Entende-se por licitação de alta complexidade técnica
aquela que envolva alta especialização, como fator de
extrema relevância para garantir a execução do objeto a
ser contratado, ou que possa comprometer a continuidade
da prestação de serviços públicos essenciais.
OBJETO DE GRANDE VULTO
Lei 8.666/1993:
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: (...)
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas
cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e
cinco) vezes o limite estabelecido na alínea "c" do
inciso I do art. 23 desta Lei;
ACÓRDÃO 926/2017 - PLENÁRIO
Representação formulada por licitante apontara possíveis
irregularidades em pregão eletrônico promovido pela Caixa
Econômica Federal, destinado à contratação de serviços de
tecnologia da informação, em regime de fábrica de software, nos
itens Barramento de Serviços e Business Intelligence. A
representante questionara as seguintes exigências do edital, por
supostamente restringirem a competitividade do certame ao
demandarem custos prévios à licitação: (i) atestado/certificação de
que a empresa possui parceria/capacidade jurídica comercial com a
IBM Brasil, em nível Premier, para pelo menos 50% das ferramentas
a seguir: IBM Integration Bus, IBM Business Monitor, Sterling B2B
Integrator e Sterling Control Center; e (ii) certificação/declaração de
pelo menos um fabricante de que está apta a desenvolver e prestar
suporte técnico especializado aos produtos componentes da solução
das seguintes plataformas: a) Oracle Brasil - certificação com selo
ACÓRDÃO 926/2017 - PLENÁRIO
Gold ou platinum; b) Plataforma Pentaho Enterprise Premium
Edition; c) Plataforma SAP Business Objects Enterprise Premium -
SAP Partner Center of Expertise; d) Power Center Advanced Edition -
Informática Data Quality. A unidade especializada do TCU (Sefti)
opinou, no que respeita às exigências de certificação junto a
fabricantes, por sua perfeita correlação com o objeto contratado,
mostrando-se fundamentais para o bom desempenho dos serviços,
desde que devidamente justificadas. Ademais, assegurou a Sefti que
as exigências não restringem a competitividade da licitação nem
demandam custos prévios à licitação. Ainda, entendeu a unidade
técnica que as exigências de credenciamento na licitação em exame
deveriam ser interpretadas como metodologia de execução, nos
termos dos §§ 8º e 9º do art. 30 da Lei 8.666/1993. Após detida
análise das exigências de credenciamento/certificação em questão,
concluiu o relator que as características da contratação e a
ACÓRDÃO 926/2017 - PLENÁRIO
complexidade técnica do objeto justificavam a necessidade das
exigências de credenciamento/certificação altamente especializadas:
“acompanho a proposta da Sefti no sentido de considerar
imprescindíveis as exigências constantes dos itens 8.5.1.2.4 e
8.5.2.3.7 do edital do Pregão Eletrônico 335/7066-2016, não
havendo, no caso concreto, indevida restrição ao caráter competitivo
do certame”. Dissentiu da unidade especializada, contudo, pela
inferência de que as exigências de credenciamento deveriam ser
interpretadas como metodologia de execução. Em seu
entendimento, “as exigências aqui discutidas estão claramente
definidas no edital como requisitos de habilitação”. Assim, em
sintonia com a jurisprudência do TCU, afirmou, “exigências dessa
natureza, em regra, não devem ser solicitadas na fase de habilitação
e sim como requisitos obrigatórios da contratação”. Nesses termos,
acolheu o Plenário a proposta do relator para, julgando parcialmente
ACÓRDÃO 926/2017 - PLENÁRIO

procedente a representação, recomendar à Caixa, entre outros


comandos, que “defina, em seus futuros certames licitatórios, as
exigências de credenciamento ou parceria junto a fabricantes,
quando devidamente motivadas, como requisitos técnicos
obrigatórios das contratadas e não como requisitos de habilitação
das licitantes”.

(Ministro-Relator Aroldo Cedraz)


ACÓRDÃO 926/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 14ª PERGUNTA:
A comprovação de credenciamento ou
parceria junto a fabricantes, quando imprescindível
e desde que devidamente motivada, deve ser
exigida como requisito técnico obrigatório da
contratada e não como requisito de habilitação das
licitantes.
ACÓRDÃO 929/2017 - PLENÁRIO
15ª PERGUNTA:
A contratação de serviços de conservação e
manutenção de infraestrutura predial, com a
inclusão de serviços variados, na modelagem
conhecida como contratação de facilities, prática
adotada no setor privado, configura afronta à Lei
8.666/1993?
PARCELAMENTO DO OBJETO
Lei 8.666/1993:
Art. 23. (...)
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela
administração serão divididas em tantas parcelas
quantas se comprovarem técnica e economicamente
viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e
à ampliação da competitividade, sem perda da
economia de escala.
PARCELAMENTO DO OBJETO
Jurisprudência do TCU:
"A restrição à competitividade adveio do agrupamento,
em um mesmo lote, de periféricos, mídias, suprimentos de
impressão e, até mesmo, de material de papelaria,
exigindo-se que o licitante devesse cotar preços para todos
os itens do lote, sob pena de desclassificação. Difícil
conceber, portanto, como tal condição não importaria no
afastamento, do certame, de vários potenciais fornecedores
(e.g., papelarias, fabricantes de cartuchos para impressoras
ou de mídias, importadores de periféricos), que, embora
operassem com parte dos objetos, não estivessem aptos a
fornecer a totalidade destes. A limitação, aliás, findou por
realizar-se na prática, já que, embora cerca de oitenta
empresas hajam retirado o edital, apenas duas licitantes
apresentaram propostas para o lote (...). Não me resta
dúvida acerca da forte restrição à competitividade, em
concreto, no caso em tela."
(Acórdão nº 2401/2006 - Plenário)
PARCELAMENTO DO OBJETO
Jurisprudência do TCU:
"9.3. determinar à Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais - CPRM - Residência de Porto Velho
(CNPJ 00.091.652/0012-31) que em futuras licitações,
em respeito aos princípios da competitividade e da
isonomia, não inclua no mesmo lote da licitação
produtos que comumente são
produzidos/desenvolvidos e comercializados por
fornecedores distintos."
(Acórdão nº 964/2013 – Plenário)
PARCELAMENTO DO OBJETO
Jurisprudência do TCU:
"Quanto ao parcelamento do objeto, é sabido, a teor
do disposto no art. 15, inciso IV, e art. 23, § 1º, da Lei nº
8.666, de 1993, que deverá ocorrer sempre que possível,
com vistas ao melhor aproveitamento das peculiaridades e
recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade.
(...) não se trata de regra absoluta, vez que deve ocorrer
sempre que for técnica e economicamente viável e sem
que implique a perda da economia de escala. Ocorre que,
justamente por ser a regra, as vantagens do não
parcelamento devem ser devidamente justificadas e os
ganhos de escala devidamente demonstrados."
(Acórdão nº 933/2011 - Plenário)
PARCELAMENTO X FRACIONAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"9.5. esclarecer à Universidade Federal de Campina
Grande que, em licitações destinadas à execução de
obras, via de regra deve-se evitar que no objeto
licitado, a exemplo do que foi feito na Tomada de Preços
01/2006, seja inserida a aquisição de aparelhos de ar
condicionado ou outros equipamentos, os quais devem
ser licitados separadamente, salvo se tal espécie de
contratação conjunta, além estar aderente às leis e
normativos em vigor, contar com prévia e
fundamentada justificativa para a escolha;"
(Acórdão nº 266/2014 – Segunda Câmara)
PARCELAMENTO DO OBJETO
Súmula 247 do TCU:
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e
não por preço global, nos editais das licitações para a
contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo
objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para o
conjunto ou complexo ou perda de economia de escala,
tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação
de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para
a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do
objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades
autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-
se a essa divisibilidade.
PARCELAMENTO DO OBJETO
Jurisprudência do TCU:
"A representante mencionou, como reforço à sua
pretensão, a Súmula-TCU n° 247, que diz acerca da
obrigatoriedade da adjudicação por itens. A atenta leitura
da Súmula, contudo, demonstra que a adjudicação ‘por
itens’, nela defendida, está posta como contraponto à
adjudicação ‘por preço global’. O que pretendeu, então,
estabelecer a Súmula-TCU n° 247, foi consolidar o
entendimento prevalecente nesta Casa, no sentido de
que é condenável a adjudicação por preço global, por
representar, no geral, restrição à competitividade. Não
teve a referida Súmula a pretensão de condenar a
adjudicação por lotes, tanto assim que eles sequer foram
mencionados.
PARCELAMENTO DO OBJETO
Nessa esteira, não se pode pretender conferir
interpretação à lei que seja contrária aos princípios da
razoabilidade e da economicidade. No caso concreto que se
examina, a adjudicação por itens, nos termos defendidos pela
representante, implicaria na necessidade de publicação de
415 Atas de Registro de Preços diferentes, com indubitável
custo administrativo para sua formalização, publicação e
gerenciamento. A divisão do objeto em lotes, na forma
realizada, deverá resultar na publicação de apenas 15 Atas de
Registro de Preços, conforme informou o Pregoeiro.
Assim, e considerando que os lotes são compostos por
itens de uma mesma natureza, não vislumbro qualquer
irregularidade."
(Acórdão nº 5260/2011 – Primeira Câmara)
ACÓRDÃO 929/2017 - PLENÁRIO
Representação formulada por sociedade empresária apontara
possíveis irregularidades em pregão eletrônico promovido pela
Gerência de Filial Logística da Caixa Econômica Federal em Goiás
(GILOG/GO), destinado à contratação de serviços de conservação e
manutenção de infraestrutura predial, bem como de atividades
acessórias, incluindo insumos e materiais [“apoio administrativo;
conservação e limpeza; manutenção de instalações civis, elétricas,
hidráulicas, instalações de combate a incêndio, cabeamento
estruturado, sistemas de climatização e ventilação, e equipamentos de
transporte vertical”], com o objetivo de garantir a continuidade e
disponibilidade dos serviços de forma integrada e conjunta. Segundo
a representante, a contratação única de todos os serviços
caracterizaria cerceamento à competição e violação à Súmula TCU
247 que estabelece a necessidade de adjudicação por itens como
diretriz nos processos licitatórios. Notificada, a Caixa argumentou,
ACÓRDÃO 929/2017 - PLENÁRIO
em síntese, tratar-se de um novo modelo de gestão denominado
gestão de facilities, aplicável a serviços conexos e complementares,
que possibilita maior sinergia em um mesmo ambiente, ganho na
gestão contratual, eliminação de sobreposições de funções e de
ociosidade, sem prejuízo para o conjunto e com significativa
redução de custos em função do ganho de escala. Analisando o
mérito, discorreu o relator sobre as variáveis que incidem nas
contratações do gênero, destacando que é natural que a prática
adotada no setor privado migre para o setor público, sendo,
contudo, “necessário discernir se a contratação de facilities atende
aos preceitos exigíveis das empresas públicas”, em especial os
princípios trazidos no art. 3º da Lei 8.666/1993. Nesse passo,
procedeu o relator à verificação, um a um, da incidência na licitação
em comento dos princípios da igualdade, da impessoalidade, da
motivação, da eficiência, e da obtenção de competitividade, para
ACÓRDÃO 929/2017 - PLENÁRIO
concluir que “a licitação realizada pela Caixa obedeceu a todos os
princípios inscritos no art. 3º da Lei 8.666/1993”. Ademais, fez
registrar o relator concordância com a argumentação da Caixa, no
sentido de que inexistiu ofensa à Súmula TCU 247, entendendo que
“seu teor possibilitava a opção da modelagem licitatória escolhida,
em face da ressalva constante em seu texto de que a adjudicação
por item é obrigatória, ‘desde que não haja prejuízo para o
conjunto ou complexo ou perda de economia de escala’”. De mais a
mais, a par da suficiente participação de licitantes, concluiu o
relator pela inexistência de restrição à competitividade do certame,
no qual, ademais, restou evidente a vantajosidade, tendo em vista
que o preço contratado se situou 2,6% abaixo do somatório dos
contratos hoje existentes, cujos serviços foram albergados pela nova
contratação. De forma comparativa, prosseguiu o relator, “a
experiência da Caixa demonstrou que o custo mensal por área total
ACÓRDÃO 929/2017 - PLENÁRIO

(R$/m2) de um edifício, em Brasília, com serviços contratados pelo


modelo de Facilities, é de R$ 13,55, bastante inferior ao de dois
outros utilizados para comparação, que ostentam custos mensais
superiores a R$ 22,00”. Nesses termos, acolheu o Plenário a
proposta do relator para considerar improcedente a representação.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 929/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 15ª PERGUNTA:
Assegurado o atendimento aos princípios que
regem as licitações e os contratos públicos, a
contratação de serviços de conservação e
manutenção de infraestrutura predial, com a inclusão
de serviços variados, na modelagem conhecida como
contratação de facilities, não configura, por si só,
afronta à Lei de Licitações, quando prévia e
formalmente motivada, de modo a evidenciar, de
forma clara e inequívoca, os benefícios potenciais
advindos dessa modelagem, com destaque para a
quantificação das vantagens econômicas e
financeiras e dos ganhos advindos da economia de
escala.
ACÓRDÃO 1074/2017 - PLENÁRIO
16ª PERGUNTA:
Os serviços de assessoria de imprensa,
clipping, media training e monitoramento de redes
sociais devem ser contratados por meio de
licitações do tipo melhor técnica ou técnica e preço,
pois se enquadram na definição de serviços de
publicidade constante do art. 2º da Lei
12.232/2010?
SERVIÇOS DE PUBLICIDADE
Lei 12.232/2010:
Art. 2o Para fins desta Lei, considera-se serviços de publicidade
o conjunto de atividades realizadas integradamente que
tenham por objetivo o estudo, o planejamento, a
conceituação, a concepção, a criação, a execução interna, a
intermediação e a supervisão da execução externa e a
distribuição de publicidade aos veículos e demais meios de
divulgação, com o objetivo de promover a venda de bens ou
serviços de qualquer natureza, difundir ideias ou informar o
público em geral.
§ 1o Nas contratações de serviços de publicidade, poderão
ser incluídos como atividades complementares os serviços
especializados pertinentes:
SERVIÇOS DE PUBLICIDADE
I - ao planejamento e à execução de pesquisas e de outros
instrumentos de avaliação e de geração de conhecimento
sobre o mercado, o público-alvo, os meios de divulgação nos
quais serão difundidas as peças e ações publicitárias ou sobre
os resultados das campanhas realizadas, respeitado o disposto
no art. 3o desta Lei;
II - à produção e à execução técnica das peças e projetos
publicitários criados;
III - à criação e ao desenvolvimento de formas inovadoras de
comunicação publicitária, em consonância com novas
tecnologias, visando à expansão dos efeitos das mensagens e
das ações publicitárias.
SERVIÇOS DE PUBLICIDADE
§ 2o Os contratos de serviços de publicidade terão por objeto
somente as atividades previstas no caput e no § 1o deste
artigo, vedada a inclusão de quaisquer outras atividades, em
especial as de assessoria de imprensa, comunicação e relações
públicas ou as que tenham por finalidade a realização de
eventos festivos de qualquer natureza, as quais serão
contratadas por meio de procedimentos licitatórios próprios,
respeitado o disposto na legislação em vigor.
(...)
Art. 5o As licitações previstas nesta Lei serão processadas
pelos órgãos e entidades responsáveis pela contratação,
respeitadas as modalidades definidas no art. 22 da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993, adotando-se como obrigatórios
os tipos “melhor técnica” ou “técnica e preço”.
PREGÃO - PECULIARIDADES

- Inversão na sequência de atos


- Formulação de lances
- Negociação
- Etapa recursal somente após a habilitação
- Critério de seleção: valor estimado da
contratação x natureza do objeto
CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS
Lei 10.520/2002:
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns,
poderá ser adotada a licitação na modalidade de
pregão, que será regida por esta Lei.
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços
comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais no mercado.
CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS
Jurisprudência do TCU:
"Uma das irregularidades assinaladas pelo
denunciante refere-se à inadequação do uso da
modalidade pregão para a aquisição de aeronaves
que, segundo seu entendimento, são bens
sofisticados, não abrangidos pela Lei nº
10.520/2002 (Lei do Pregão).
(...) Antes de qualquer consideração jurídica
sobre o tema, devo registrar que a modalidade
pregão tem sido empregada por várias unidades
da federação para aquisição de aeronaves, com
sucesso (...).
CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS
Quanto ao aspecto legal, a Lei do Pregão nos fornece
um tipo aberto, consubstanciado no 'bem ou serviço
comum' por ela definido como 'aqueles cujos padrões de
desempenho e qualidade possam ser objetivamente
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado'. Em outras palavras, podemos dizer que o objeto
deve ser definido por meio de critérios objetivos e usuais
no mercado. Ocorre que todo julgamento de propostas,
independentemente da modalidade licitatória empregada,
deve utilizar-se de critérios objetivos, como determina o
art. 44 da Lei n° 8.666/93. A primeira parte da definição
então pouco orienta, pois não pode ser considerada
intrínseca ao pregão.
CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS
A segunda parte da definição também é vaga,
pois não informa nem quais os critérios para
considerar algo usual, nem a qual mercado se
refere. Por exemplo, as especificações do pregão da
Senasp [Secretaria Nacional de Segurança
Pública/Ministério da Justiça] não podem ser
consideradas usuais em relação ao mercado em
geral, pois aeronaves não são bens negociados pela
grande maioria das pessoas ou empresas. Por outro
lado, podem ser corriqueiras no mercado
aeronáutico.
CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS
No vácuo admitido pela Lei, esta Corte de Contas
tem procurado decidir o caso concreto com bom senso e
pragmatismo, visando sempre o interesse da
Administração. Neste processo, acredito que um bom
referencial para a nossa decisão são os pregões já
realizados por outros órgãos, que trouxeram bons
resultados e demonstraram a viabilidade do
procedimento.
Portanto, sem adentrar muito na discussão do
assunto, creio que deve ser considerada regular a
realização do Pregão nº 21/2006, sem que, com isso,
pretenda-se estabelecer uma regra geral, aplicável a
qualquer tipo de aeronave."
(Acórdão nº 2406/2006 - Plenário)
ACÓRDÃO 1074/2017 - PLENÁRIO
O Plenário do TCU apreciou representação a respeito de
irregularidades em concorrência promovida pelo Conselho Federal de
Enfermagem (Cofen), objetivando a contratação de empresa
especializada para a prestação de serviços técnicos e de suporte às
atividades de comunicação e assessoria de imprensa, incluindo
atendimento à imprensa, media training, clipping e monitoramento
de redes sociais. Além de outros aspectos, os questionamentos
versaram sobre a escolha da modalidade concorrência, tipo melhor
técnica, em vez de pregão, e do não parcelamento do objeto da
licitação. Apenas quanto ao serviço de clipping, a própria entidade
reconheceu, em sede de oitiva, a pertinência de ser licitado por meio
de pregão e de forma separada. Quanto aos demais serviços, a
unidade técnica especializada que instruiu o feito observou não ser
possível “equiparar os serviços de assessoria de imprensa a serviços
de publicidade, com a consequente utilização de licitação por melhor
ACÓRDÃO 1074/2017 - PLENÁRIO
técnica ou técnica e preço, ante a vedação contida no art. 2º, § 2º,
da Lei 12.232/2010”, sendo que o mesmo raciocínio se aplicaria “aos
serviços de media training e monitoramento de redes sociais
previstos no objeto da concorrência em tela, uma vez que não se
enquadram na definição de serviços de publicidade constante do art.
2º da Lei 12.232/2010”. Além disso, refutou o argumento de que a
complexidade dos serviços afastaria a possibilidade de realização de
pregão, pois “serviço comum é aquele que possui padrões de
qualidade passíveis de serem objetivamente definidos,
independentemente da sua complexidade, conforme exposto nos
Acórdãos 1597/2010, 1287/2008, 313/2004, todos do Plenário”.
Assim, com base na jurisprudência do TCU proferida em casos
semelhantes, a unidade técnica especializada defendeu que os
serviços de assessoria de imprensa, media training e monitoramento
de redes sociais podem ser objetivamente definidos e licitados
ACÓRDÃO 1074/2017 - PLENÁRIO
mediante pregão. Acerca do não parcelamento do objeto,
entendeu a unidade instrutora não terem sido apresentadas razões
técnicas que justificassem a medida. Acolhendo tal análise, o relator
concluiu “ter ficado demonstrado que os serviços objeto do
certame em foco devem ser licitados mediante pregão e com o
devido parcelamento”, motivo pelo qual, e também em razão de
outras falhas, votou pela procedência da representação e pela
expedição de determinação com vistas à anulação do certame, no
que foi seguido pelo Colegiado.

(Ministro-Relator Augusto Sherman)


ACÓRDÃO 1074/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 16ª PERGUNTA:
Os serviços de assessoria de imprensa,
clipping, media training e monitoramento de redes
sociais devem ser contratados mediante
procedimentos licitatórios, observado o devido
parcelamento, na modalidade pregão, por se tratar
de serviços comuns, e não por meio de licitações do
tipo melhor técnica ou técnica e preço, pois não se
enquadram na definição de serviços de publicidade
constante do art. 2º da Lei 12.232/2010.
ACÓRDÃO 1079/2017 - PLENÁRIO
17ª PERGUNTA:
A desclassificação de proposta por
inexequibilidade pode dar-se sumariamente com
base no critério definido no edital, sem a
necessidade de ser franqueada oportunidade ao
licitante de defender sua proposta e demonstrar
sua capacidade de bem executar os serviços no
preço por ele ofertado?
PREÇOS MANIFESTAMENTE INEXEQUÍVEIS
Lei 8.666/1993:
Art. 48. Serão desclassificadas: (...)
II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com
preços manifestamente inexequíveis, assim considerados aqueles que
não venham a ser demonstrada sua viabilidade através de
documentação que comprove que os custos dos insumos são
coerentes com os de mercado (...).
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo, consideram-
se manifestamente inexequíveis, no caso de licitações de menor preço
para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam
inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50%
(cinquenta por cento) do valor orçado pela Administração; ou
b) valor orçado pela Administração.
PREÇOS MANIFESTAMENTE INEXEQUÍVEIS

Súmula 262 do TCU:


O critério definido no art. 48, inciso II, § 1º,
alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma
presunção relativa de inexequibilidade de preços,
devendo a Administração dar à licitante a
oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua
proposta.
PREÇOS MANIFESTAMENTE INEXEQUÍVEIS
Lei 12.462/2011 (RDC):
Art. 24. Serão desclassificadas as propostas que:
I - contenham vícios insanáveis;
II - não obedeçam às especificações técnicas pormenorizadas
no instrumento convocatório;
III - apresentem preços manifestamente inexequíveis ou
permaneçam acima do orçamento estimado para a
contratação, inclusive nas hipóteses previstas no art. 6o desta
Lei; (orçamento estimado como teto)
IV - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando
exigido pela administração pública;
PREÇOS MANIFESTAMENTE INEXEQUÍVEIS
§ 1o A verificação da conformidade das propostas poderá
ser feita exclusivamente em relação à proposta mais bem
classificada.
§ 2o A administração pública poderá realizar diligências para
aferir a exequibilidade das propostas ou exigir dos licitantes
que ela seja demonstrada, na forma do inciso IV do caput
deste artigo.
§ 3o No caso de obras e serviços de engenharia, para efeito
de avaliação da exequibilidade e de sobrepreço, serão
considerados o preço global, os quantitativos e os preços
unitários considerados relevantes, conforme dispuser o
regulamento.
PREÇOS MANIFESTAMENTE INEXEQUÍVEIS
Decreto Federal 7.581/2011:
Art. 41. Nas licitações de obras e serviços de engenharia,
consideram-se inexequíveis as propostas com valores
globais inferiores a setenta por cento do menor dos
seguintes valores:
I - média aritmética dos valores das propostas superiores
a cinquenta por cento do valor do orçamento estimado
pela administração pública, ou
II - valor do orçamento estimado pela administração
pública.
PREÇOS MANIFESTAMENTE INEXEQUÍVEIS
§ 1o A administração deverá conferir ao licitante a
oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua
proposta.
§ 2o Na hipótese de que trata o § 1o, o licitante deverá
demonstrar que o valor da proposta é compatível com a
execução do objeto licitado no que se refere aos custos dos
insumos e aos coeficientes de produtividade adotados nas
composições de custos unitários.
§ 3o A análise de exequibilidade da proposta não
considerará materiais e instalações a serem fornecidos pelo
licitante em relação aos quais ele renuncie a parcela ou à
totalidade da remuneração, desde que a renúncia esteja
expressa na proposta.
ACÓRDÃO 1079/2017 - PLENÁRIO
Em representação formulada por empresa licitante, fora dada
ciência ao Tribunal acerca de irregularidade ocorrida em licitação
realizada sob o Regime Diferenciado de Contratação, na modalidade
presencial, pelo Município de Boa Hora/PI, para implantação, com
recursos repassados pela Funasa, de sistema de abastecimento de
água naquela municipalidade. Entre as irregularidades detectadas, o
relator, em seu voto, destacou “a decisão de desclassificar as
empresas que ofertaram as duas melhores propostas, por uma
situação de inexequibilidade não cabalmente demonstrada”. Acerca
da questão, citou o esclarecimento apresentado pelo Ministro
Benjamin Zymler no voto que embasara o Acórdão 571/2013 Plenário:
“Quando se trata do limite mínimo, ou seja, da aferição da
exequibilidade das propostas, não há motivos para se afastar da
jurisprudência desta Corte (v.g. Acórdão 1426/2010-Plenário) no
sentido de que sempre deve ser propiciado ao licitante a
ACÓRDÃO 1079/2017 - PLENÁRIO
possibilidade de demonstrar a exequibilidade de sua proposta. Ou
seja, os limites objetivos de exequibilidade fixados em norma e/ou
adotados no edital possuem, em regra, apenas presunção relativa,
podendo ela ser afastada de acordo com o caso concreto”. E também
o contido no voto do Ministro Bruno Dantas proferido no Acórdão
3092/2014 Plenário: “Os precedentes jurisprudenciais mencionados
pela Secex/PE revelam que não cabe ao pregoeiro ou à comissão de
licitação declarar subjetivamente a inexequibilidade da proposta de
licitante, mas facultar aos participantes do certame a possibilidade
de comprovarem a exequibilidade das suas propostas. Daí a Súmula-
TCU 262, a qual estipula que ‘o critério definido no art. 48, inciso II,
§ 1º, alíneas 'a' e 'b', da Lei nº 8.666/93 conduz a uma presunção
relativa de inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar
à licitante a oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua
proposta’. Na mesma linha, outras
ACÓRDÃO 1079/2017 - PLENÁRIO
deliberações desta Corte indicam que ‘a desclassificação de proposta
por inexequibilidade deve ser objetivamente demonstrada, a partir
de critérios previamente publicados’. Nessa conformidade, a unidade
técnica indicou o Acórdão 2528/2012, reforçado pelo recente
1092/2013, ambos do Plenário”. Retornando ao caso em análise, o
relator consignou que “pairando dúvidas sobre a exequibilidade dos
preços oferecidos no certame, a comissão de licitação deveria ter
chamado a Representante [empresa 1] e a [empresa 3]
(Representante no TC 018.932/2016-9), ainda na fase de julgamento
de propostas, para que demonstrassem a viabilidade dos valores
ofertados, em consonância com o entendimento jurisprudencial desta
Corte de Contas (Acórdãos ns. 2528/2012 (Relator Ministro-Substituto
André Luís de Carvalho), 571/2013 (Relator Ministro Benjamin
Zymler), 1092/2013 (Relator Ministro Raimundo Carreiro) e 3092/2014
(Relator Ministro Bruno Dantas), todos do Plenários,
ACÓRDÃO 1079/2017 - PLENÁRIO
dentre outros) e o enunciado 262 da súmula de jurisprudência do
TCU, a seguir transcrito: ‘O critério definido no art. 48, inciso II, § 1º,
alíneas a e b, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma presunção relativa de
inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à licitante
a oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua proposta”.
Acrescentou o relator, ainda, que “a análise das nove propostas
obtidas na Concorrência 002/2015 leva à conclusão de que não se
tratava sequer de presunção relativa de inexequibilidade de preços,
tendo em vista que o valor médio obtido foi de R$ 1.728.683,85 e o
limite legal para inexequibilidade (art. 48, inciso II, § 1º, alíneas a e
b, da Lei nº 8.666/93) seria 70% desse valor médio, ou seja, R$
1.210.078,70, quantia essa inferior ao preço das duas propostas
desclassificadas (a oferta da [empresa 3] foi de R$ 1.368.667,85 e a
[empresa 1] apresentou proposta de R$ 1.454.630,02)”, para concluir
que “resta comprovado que as duas empresas supramencionadas
ACÓRDÃO 1079/2017 - PLENÁRIO

foram inabilitadas indevidamente por inexequibilidade de preços”.


Anuindo à proposta do relator, o Plenário do Tribunal considerou a
representação procedente, assinou prazo para a anulação do
certame e do contrato dele decorrente, determinou as audiências
dos gestores responsáveis, entre outras providências.

(Ministro-Relator Marcos Bemquerer)


ACÓRDÃO 1079/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 17ª PERGUNTA:
A desclassificação de proposta por
inexequibilidade deve ser objetivamente
demonstrada, a partir de critérios previamente
publicados, e deve ser franqueada oportunidade de
o licitante defender sua proposta e demonstrar sua
capacidade de bem executar os serviços, nos
termos e condições exigidos pelo instrumento
convocatório, antes de ter sua proposta
desclassificada.
ACÓRDÃO 1122/2017 - PLENÁRIO
18ª PERGUNTA:
A contratação direta com base no art. 24,
inciso IV, da Lei 8.666/1993, também se mostra
possível quando a situação de emergência decorre
da falta de planejamento ou mesmo da desídia
administrativa?
CONTRATAÇÃO EMERGENCIAL
Lei 8.666/1993:
Art. 24. É dispensável a licitação: (...)
IV – nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
CONTRATAÇÃO EMERGENCIAL
Jurisprudência do TCU:
"9.5. dar ciência à Secretaria de Estado de
Infraestrutura (Seinfra/AM) de que as contratações
diretas (...) não atenderam ao disposto no inciso IV do
art. 24 da Lei 8.666/1993 e na jurisprudência deste
Tribunal, no sentido de que a contratação direta deve se
restringir somente à parcela mínima necessária para
afastar a concretização do dano ou a perda dos
serviços executados, devendo a solução definitiva,
conforme o caso, ser objeto de licitação formal;"
(Acórdão nº 6439/2015 – Primeira Câmara)
CONTRATAÇÃO EMERGENCIAL
Lei 8.666/1993:
Art. 57. (...)
§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de
conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas
as demais cláusulas do contrato e assegurada a
manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro,
desde que ocorra algum dos seguintes motivos,
devidamente autuados em processo: (...)
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
estranho à vontade das partes, que altere
fundamentalmente as condições de execução do
contrato;
CONTRATAÇÃO EMERGENCIAL
Jurisprudência do TCU:
"9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura
de Transportes - DNIT que, ao firmar contratos com base na dispensa
de licitação prevista no art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993, caso
haja necessidade de prorrogação contratual além do prazo máximo
fixado nesse dispositivo legal – ‘180 (cento e oitenta) dias consecutivos
e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade’
-, formalize, em caráter excepcional, termo aditivo com a contratada
por período adicional estritamente necessário à conclusão da obra ou
serviço, desde que essa medida esteja fundamentada na ocorrência
de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes,
que impossibilite a execução contratual no tempo inicialmente
previsto;
9.2. alertar o DNIT que a adoção indevida do procedimento
indicado no subitem precedente deste acórdão pode implicar na
responsabilização daqueles que derem causa a prorrogações
contratuais que representem injustificada inobservância do prazo
máximo indicado no art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993;"
(Acórdão nº 1941/2007 - Plenário)
FALTA DE PLANEJAMENTO COMO CAUSA
Jurisprudência do TCU:
"(...) se caracterizada a existência de situação em que a
demora no atendimento possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens,
públicos ou particulares, faz-se não apenas recomendável, mas
imperativa a adoção de imediata solução, ainda que implique na
realização de contratação direta, sem licitação.
(...) Estará incorrendo em duplo erro o administrador que,
ante a situação de iminente perigo, deixar de adotar as situações
emergenciais recomendáveis, ainda que a emergência tenha sido
causada por incúria administrativa. Há que se fazer a clara definição
da responsabilidade: na eventual situação aludida, o responsável
responderá pela incúria, não pela contratação emergencial."
(Acórdão nº 1876/2007 - Plenário)
FALTA DE PLANEJAMENTO COMO CAUSA
Jurisprudência do TCU:
"(...) há que se separar a ausência de planejamento da
contratação emergencial propriamente dita, tratando-as como
questões distintas.
A contratação emergencial se dá em função da
essencialidade do serviço ou bem que se pretende adquirir,
pouco importando os motivos que tornam imperativa a imediata
contratação. Na análise de contratações emergenciais não se
deve buscar a causa da emergência, mas os efeitos advindos de
sua não realização. A partir dessa verificação de efeitos, sopesa-
se a imperatividade da contratação emergencial e avalia-se a
pertinência da aplicação, pelo administrador, da
excepcionalidade permitida pelo art. 24, IV, da Lei de Licitações.
FALTA DE PLANEJAMENTO COMO CAUSA

Exemplificando esse ponto com uma situação


extrema, imagine-se que a falta de planejamento de
algum gestor conduza à ausência de medicamentos
em determinado hospital. Poderá o hospital deixar
de adquirir os medicamentos, em caráter
emergencial, porque decorreu de omissão da própria
entidade? Evidente que não."
(Acórdão nº 1138/2011 – Plenário)
FALTA DE PLANEJAMENTO COMO CAUSA
Jurisprudência do TCU:
"(...) o entendimento do Tribunal (...) é de que a
contratação direta é possível mesmo quando a
situação de emergência decorre de falta de
planejamento, da desídia administrativa ou da má
gestão dos recursos públicos. A inércia do servidor,
culposa ou dolosa, não pode vir em prejuízo de
interesse público maior a ser tutelado pela
administração. Todavia, deve ser analisada a conduta
do gestor público que não adotou tempestivamente as
providências para fins de responsabilização."
(Acórdão nº 1312/2016 – Primeira Câmara)
ACÓRDÃO 1122/2017 - PLENÁRIO
Auditoria realizada na Secretaria de Saúde do município de
Porto Alegre/RS apontara reiteradas contratações emergenciais de
entidades privadas para a terceirização desses profissionais, com
esteio no art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993. Acerca do assunto,
anotou o relator que “a equipe de auditoria apurou duas situações em
que restou claramente demonstrada que a situação emergencial
decorreu da falta de planejamento da administração, tendo em vista
que já havia uma contratação emergencial anterior, para suprir
carência de pessoal”. O relator relembrou que a linha jurisprudencial
prevalecente hoje no TCU é no sentido de que “a contratação direta
também se mostra possível quando a situação de emergência
decorrer da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da
má gestão dos recursos púbicos, pois, ‘a inércia do servidor, culposa
ou dolosa, não pode vir em prejuízo de interesse público maior a ser
tutelado pela Licitações e Contratos não distingue a emergência real,
ACÓRDÃO 1122/2017 - PLENÁRIO
resultante do imprevisível, daquela resultante da incúria ou da
inércia administrativa, sendo cabível, em ambas as hipóteses, a
contratação direta, desde que devidamente caracterizada a
urgência de atendimento a situação que possa ocasionar prejuízo
ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares”. No caso
concreto analisado, “o ponto fulcral da presente irregularidade não
foi a contratação emergencial em si, mas a desídia da instância
administrativa da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre
na adoção de providências visando a licitação dos serviços, de
forma a evitar a situação de emergência”. Nesses termos, acolheu o
Plenário a proposta do relator para, considerando revel o Secretário
Municipal de Saúde do Município de Porto Alegre/RS, sancioná-lo
com a multa do art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.
(Ministro-Relator Benjamin Zymler)
ACÓRDÃO 1122/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 18ª PERGUNTA:
A contratação direta também se mostra
possível quando a situação de emergência decorre da
falta de planejamento, da desídia administrativa ou
da má gestão dos recursos púbicos. O art. 24, inciso
IV, da Lei 8.666/1993 não distingue a emergência
resultante do imprevisível daquela resultante da
incúria ou da inércia administrativa, sendo cabível,
em ambas as hipóteses, a contratação direta, desde
que devidamente caracterizada a urgência de
atendimento a situação que possa ocasionar prejuízo
ou comprometer a segurança de pessoas, obras,
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares.
ACÓRDÃO 1175/2017 - PLENÁRIO
19ª PERGUNTA:
Admite-se a utilização do sistema de registro
de preços para contratação de serviços de
organização de eventos, porque passíveis de
padronização, tanto pelo órgão gerenciador quanto
pelos órgãos não participantes (“caronas”)?
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado
nas seguintes hipóteses:
I- quando, pelas características do bem ou serviço,
houver necessidade de contratações frequentes;
II - quando for conveniente a aquisição de bens com
previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços
remunerados por unidade de medida ou em regime de
tarefa;
III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a
contratação de serviços para atendimento a mais de um
órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou
IV – quando, pela natureza do objeto, não for possível definir
previamente o quantitativo a ser demandado pela
Administração.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Jurisprudência do TCU:
"(...) considero o sistema de registro de preços um avanço
relevante em matéria licitatória. Na medida em que a Administração
Pública não é obrigada a contratar, o SRP proporciona uma solução
para o caso de necessidades variáveis, a serem satisfeitas de acordo
com a demanda futura do contratante, mediante adesões em atas de
registro de preço segundo suas reais necessidades em momentos
diversos. A realização de uma licitação específica tem relativa rigidez
no estabelecimento dos serviços e acarreta a necessidade de
determinação precisa quanto aos quantitativos e prazos.
Outra grande vantagem do SRP é a redução da quantidade de
licitações com objeto idêntico e sua utilização por vários órgãos
distintos, o que induz a um ganho de escala nas contratações.
Destaca-se também a possibilidade de a Administração promover a
contratação imediata, tão logo verificada a existência de uma
necessidade administrativa, eliminando burocracias.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Temos assistido, portanto, a uma verdadeira
proliferação nas licitações para registro de preços por vários
motivos. Além das vantagens elencadas acima, o sistema é
muitas vezes utilizado porque a indicação da dotação
orçamentária é exigível apenas antes da assinatura do
contrato, conforme positivado no artigo 7º, § 2º, Decreto
7.892/1993.
Assim, o SRP é mais uma poderosa arma num arsenal de
mecanismos para melhor dotar os gestores de instrumentos
para contratações que mais atendam o interesse público.
Entretanto, não pode ser indistintamente considerado um
remédio para todos os males, pois alguns tipos de objeto, por
suas singularidades e características não podem ser
contratados mediante registro de preços.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
(...) em um sistema de registro de preços, os objetos devem
ser padronizáveis, de modo a atender, amplamente, as necessidades
dos adquirentes, qualquer que seja a sua localidade. É exatamente a
ausência de padronização que impede a contratação de eventos por
SRP. Em sua manifestação, o próprio MPOG comunicou que, em
consultas realizadas junto aos potenciais fornecedores, foi informado
de que os custos no segmento de promoção de eventos são distintos
entre as empresas e sofrem influência de diversos aspectos, como a
propriedade dos bens ou sua locação com terceiros; as
sazonalidades (ocorrência de feiras, festas, shows e outros eventos
no mesmo dia e localidade); reduzida capacidade de atendimento de
terceiros colaboradores (espaços de eventos, locadores de
equipamentos etc.); volatilidade dos custos de mão de obra e
dificuldade de composição de equipes; bem como as recorrentes
demandas de última hora e exíguos prazos para cumprimento das
obrigações contratuais.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP

Em tais objetos não padronizáveis por natureza,


caracterizados por elevada imponderação em termos de
satisfação das necessidades pelo adquirente, seja
porque o problema é muito específico, seja porque não
viabiliza a oferta de um justo preço que atenda a todos
os interessados, o SRP é inaplicável."
(Acórdão nº 1712/2015 – Plenário)
ACÓRDÃO 1175/2017 - PLENÁRIO
Representação formulada por licitante apontara possíveis
irregularidades em pregão eletrônico para registro de preços
promovido pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras),
destinado à contratação sob demanda de serviços de organização de
congressos, exposições, feiras e eventos congêneres, com a
viabilização de infraestrutura e fornecimento de apoio logístico para
a estatal e subsidiárias participantes. Em síntese, a representante
alegara não ser possível a contratação de serviços dessa natureza –
organização de eventos com futuras aquisições – por meio do
sistema de registro de preços. Analisando o mérito, observou o
relator que o TCU tem se inclinado a admitir a utilização do sistema
de registro de preços para a contratação de serviços de organização
de eventos, reconhecendo tais serviços como padronizáveis, desde
que adotadas medidas voltadas a “evitar a ocorrência de jogo de
planilha e de utilização indevida por órgãos não participantes, e
ACÓRDÃO 1175/2017 - PLENÁRIO
ressaltando a importância de que haja planejamento adequado,
especialmente para definição realista dos quantitativos estimados
de serviços, a exemplo do que fora consignado no Acórdão
1.678/2015-TCU-Plenário”. Na mesma linha, acrescentou, foram as
deliberações consubstanciadas nos Acórdãos 2857/2016-TCU-
Plenário, 115/2016-TCU-Plenário, 95/2016-TCU-Plenário e 1120/2010-
TCU-2ª Câmara. Não obstante outra irregularidade observada nos
autos, por considerar ampla a competição ocorrida no certame e que
a proposta vencedora apresentou valores inferiores aos do contrato
anterior, manifestou o relator concordância ‘com a avaliação da
Unidade Técnica quanto à procedência parcial desta representação e
à possibilidade de prosseguimento do certame’. Nesses termos,
acolheu o Plenário a proposta da relatoria para, considerando
parcialmente procedente a representação, indeferir o pedido de
medida cautelar formulado pela representante e, entre outras
ACÓRDÃO 1175/2017 - PLENÁRIO

medidas, determinar à Eletrobras que “abstenha-se de permitir


adesões tardias de entidades não integrantes do grupo assistido
pelo ‘Centro de Serviços Compartilhados’ da Eletrobras à ata de
registro de preços decorrente do pregão eletrônico 5/2017, em
razão do risco de prática de ‘jogo de planilha’”.

(Ministro-Relator Aroldo Cedraz)


JOGO DE PLANILHA
Jurisprudência do TCU:
"(...) pressupostos usualmente considerados necessários
por este Tribunal para se caracterizar a ocorrência do ‘jogo de
planilha’: licitação processada sem a definição e o emprego de
critérios efetivos de aceitabilidade de preços unitários;
adjudicação pelo menor preço global; existência, no orçamento
contratado, de serviços com sobrepreço e de outros com
subpreço, que se compensam na análise da compatibilidade do
preço global; alterações quantitativas posteriores, por meio de
aditivos, em decorrência de deficiências ou insuficiências do
projeto básico, que privilegiam serviços com sobrepreço em
detrimento dos com subpreço."
(Acórdão nº 1650/2006 - Plenário)
JOGO DE PLANILHA
Jurisprudência do TCU:
"Trata-se de Relatório de Auditoria nas obras de construção
da BR-230/PA, usualmente denominada de ‘Rodovia
Transamazônica’, trecho Marabá - Altamira.
(...) constatou-se a absoluta deficiência do projeto básico
elaborado para o empreendimento, fato que (...), dentre outros
problemas, dá margem à prática do nefasto ‘jogo de planilhas’, em
que as licitantes, sabedoras dos problemas no projeto básico,
supervalorizam os itens cujos quantitativos estão subestimados e
subvalorizam aqueles cujas quantidades estão superestimadas, com
a certeza de que em momento posterior serão celebrados aditivos
para corrigir esses problemas, que modificarão o equilíbrio
econômico do contrato, em benefício da contratada e em desfavor
do erário (...)."
(Acórdão nº 2439/2008 - Plenário)
ACÓRDÃO 1175/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 19ª PERGUNTA:
Admite-se a utilização do sistema de registro
de preços para contratação de serviços de
organização de eventos, porque passíveis de
padronização, desde que adotadas medidas
voltadas a evitar a ocorrência de jogo de planilha e
a utilização indevida por órgãos não participantes,
e que haja planejamento adequado, especialmente
para definição realista dos quantitativos estimados
de serviços.
ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO
20ª PERGUNTA:
A ausência de interesse da contratada em
prorrogar (renovar) avença de prestação de
serviços de natureza continuada autoriza a
realização de dispensa de licitação para contratação
de remanescente de serviço (art. 24, inciso XI, da
Lei 8.666/1993)?
SERVIÇOS DE NATUREZA CONTINUADA
Lei 8.666/1993:
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários,
exceto quanto aos relativos: (...)
II - à prestação de serviços a serem executados de forma
contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e
sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições
mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses;
(...)
§ 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e
mediante autorização da autoridade superior, o prazo de que
trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por
até doze meses.
SERVIÇOS DE NATUREZA CONTINUADA
Jurisprudência do TCU:
(Acórdão nº 132/2008 - Segunda Câmara)
"(...) a natureza contínua de um serviço não pode ser
definida de forma genérica. Deve-se, isso sim, atentar
para as peculiaridades de cada situação examinada.
Na realidade, o que caracteriza o caráter contínuo de
um determinado serviço é sua essencialidade para
assegurar a integridade do patrimônio público de forma
rotineira e permanente ou para manter o funcionamento
das atividades finalísticas do ente administrativo, de
modo que sua interrupção possa comprometer a
prestação de um serviço público ou o cumprimento da
missão institucional.
SERVIÇOS DE NATUREZA CONTINUADA
(Acórdão nº 132/2008 - Segunda Câmara) Continuação...
Nesse sentido, pode-se entender, por exemplo, que (...)
passagens aéreas é serviço contínuo para o TCU, já que
sua suspensão acarretaria a interrupção das atividades de
fiscalização ínsitas ao cumprimento da missão desta
Corte.
(...) O mesmo não ocorreria, no entanto, com um
órgão judicial cujos integrantes não tivessem necessidade
de deslocar-se freqüentemente por avião para
oferecerem a prestação jurisdicional. Em tal situação, o
serviço em foco não seria contínuo, já que não seria
essencial à permanência da atividade finalística."
SERVIÇOS DE NATUREZA CONTINUADA
IN SEGES-MP 5/2017:
Art. 15. Os serviços prestados de forma contínua são aqueles
que, pela sua essencialidade, visam atender à necessidade
pública de forma permanente e contínua, por mais de um
exercício financeiro, assegurando a integridade do
patrimônio público ou o funcionamento das atividades
finalísticas do órgão ou entidade, de modo que sua
interrupção possa comprometer a prestação de um serviço
público ou o cumprimento da missão institucional.
Parágrafo único. A contratação de serviços prestados de
forma contínua deverá observar os prazos previstos no art.
57 da Lei nº 8.666, de 1993.
PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
Lei 8.666/1993:
Art. 57. (...)
§ 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e
previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o
contrato.

Jurisprudência do TCU:
(Acórdão nº 551/2002 - Segunda Câmara)
"(...) no que se refere à previsão da prorrogação no ato
convocatório, resta esclarecer que, de fato, a prorrogabilidade do
inciso II depende de explícita autorização no ato convocatório.
Sendo omisso o edital, não poderá a entidade promover a
prorrogação. (...) Assim, em razão de não haver previsão editalícia
e, consequentemente, contratual quanto à prorrogação em
questão, entendo que deve ser mantida a irregularidade."
PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO IX):
DA VIGÊNCIA E DA PRORROGAÇÃO
3. Nas contratações de serviços continuados, o contratado não
tem direito subjetivo à prorrogação contratual que objetiva a
obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
Administração, podendo ser prorrogados, a cada 12 (doze)
meses, até o limite de 60 (sessenta) meses, desde que a
instrução processual contemple:
a) estar formalmente demonstrado que a forma de prestação
dos serviços tem natureza continuada;
b) relatório que discorra sobre a execução do contrato, com
informações de que os serviços tenham sido prestados
regularmente;
PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
c) justificativa e motivo, por escrito, de que a
Administração mantém interesse na realização do serviço;
d) comprovação de que o valor do contrato permanece
economicamente vantajoso para a Administração;
e) manifestação expressa da contratada informando o
interesse na prorrogação; e
f) comprovação de que o contratado mantém as
condições iniciais de habilitação.
[...]
PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
7. A vantajosidade econômica para prorrogação dos contratos com
mão de obra exclusiva estará assegurada, sendo dispensada a
realização de pesquisa de mercado, nas seguintes hipóteses:
a) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos
itens envolvendo a folha de salários serão efetuados com base em
Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou em
decorrência de lei;
b) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos
itens envolvendo insumos (exceto quanto a obrigações decorrentes
de Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho e de lei) e
materiais serão efetuados com base em índices oficiais,
previamente definidos no contrato, que guardem a maior correlação
possível com o segmento econômico em que estejam inseridos tais
insumos ou materiais ou, na falta de qualquer índice setorial, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA/IBGE;
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
Lei 8.666/1993:
Art. 24. É dispensável a licitação: (...)
XI – na contratação de remanescente de obra, serviço
ou fornecimento, em consequência de rescisão
contratual, desde que atendida a ordem de
classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas
condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive
quanto ao preço, devidamente corrigido;
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
Jurisprudência do TCU:
"Consta nos autos que o TRE/RR [Tribunal Regional
Eleitoral de Roraima], em 22/12/1999, por meio da Tomada de
Preços nº 1/1999, contratou a empresa KCB de Queiroz e Cia.
Ltda. para executar serviços de limpeza, conservação,
copeiragem, reprografia e atendimento telefônico. A avença foi
firmada pelo prazo inicial de 24 meses, com a possibilidade de
renovação por até 60 meses.
Em 22/5/2001, a Administração do TRE/RR rescindiu,
unilateralmente, o referido ajuste. Seis dias após a rescisão, a
empresa RORSERC, por ter sido a segunda colocada na Tomada
de Preços nº 1/1999, foi contratada, com base no art. 24, inciso
XI, da Lei de Licitações, para prosseguir na prestação dos serviços.
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
A controvérsia reside em saber se a Administração
poderia ou não ter dispensado a referida licitação. O gestor
defende a possibilidade por entender que o edital do
certame previa a prorrogação da avença por até 60
meses. Assim, como houve a rescisão do contrato inicial
antes deste prazo, a segunda colocada, com fundamento
no já transcrito art. 24, inciso XI, poderia prosseguir com
a prestação do serviço por todo o período.
O entendimento defendido pela administração do
TRE/RR está em consonância com o pensamento desta
Corte.
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
(...) A contratação do segundo colocado por conta de
rescisão contratual serve para tornar mais ágil a
Administração Pública. Não se pode reclamar a realização de
novo certame, quando a legislação permite a contratação
direta. Ademais, no caso concreto, seria desarrazoado exigir
que o órgão funcionasse sem receber os serviços de
conservação e limpeza enquanto outra licitação fosse
realizada.
Assim, uma vez que não há indícios nos autos de que a
contratação do segundo colocado tenha sido efetuada ao
arrepio do art. 24, inciso XI, da Lei nº 8.666/1993, considero
acolhida a razão de justificativa (...)."
(Acórdão nº 412/2008 – Plenário)
ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO
O Plenário apreciou relatório de auditoria com objetivo
examinar a regularidade dos procedimentos em contratações de bens
e serviços pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), no
âmbito de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC). Entre outras
ocorrências, a equipe de fiscalização apontou como achado de
auditoria a “contratação direta com aplicação irregular do
embasamento legal no inciso XI do art. 24 da Lei 8.666/93”, pois
empresa fora contratada para manutenção dos bens móveis e
imóveis dos prédios da sede da Cnen em decorrência da rescisão do
contrato firmado com a vencedora do pregão eletrônico, que
informara, pouco antes do término da vigência do ajuste, não poder
continuar prestando os serviços. Com amparo no Acórdão 819/2014
Plenário, que, em situação similar, considerou irregular uma nova
contratação fundamentada no inciso XI do artigo 24 da Lei 8.666/93, a
unidade técnica entendeu que o embasamento legal adotado não
ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO
poderia ser aplicado, por se tratar de contrato de prestação
continuada, com prazo de doze meses, que se encontrava no seu
segundo ano de prestação, de modo que o contrato original teria sido
plenamente executado. Assim, propôs a unidade instrutiva dar ciência
à Cnen de que a celebração do contrato em questão afrontara o citado
dispositivo legal e o entendimento do mencionado acórdão, uma vez
que o contrato anterior tratava de serviço continuado já em sua
primeira prorrogação de doze meses, não havendo, portanto, a
situação de serviço remanescente. O relator, por sua vez, ponderou
que a comunicação quanto à impossibilidade de prorrogação
contratual fora realizada pela empresa então contratada a menos de
um mês do encerramento da vigência do contrato, inexistindo tempo
suficiente para a realização de novo procedimento licitatório.
Ademais, destacou o Acórdão 412/2008 Plenário, que teria
considerado regular contratação similar. Assim,
ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO

tendo sido atendida a ordem de classificação da licitação anterior e


aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor,
inclusive quanto ao preço, concluiu o relator que a contratação com
base no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993 fora regular e que o
achado poderia ser afastado, dispensando-se a ciência proposta, no
que foi acompanhado pelo Colegiado.

(Ministro-Relator Augusto Sherman)


ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 20ª PERGUNTA:
A ausência de interesse da contratada em
fazer nova prorrogação de avença de prestação de
serviços de natureza continuada autoriza a
realização de dispensa de licitação para contratação
de remanescente de obra, serviço ou fornecimento
(art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993), desde que
atendida a ordem de classificação da licitação
anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas
pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço.
ACÓRDÃO 1186/2017 - PLENÁRIO
21ª PERGUNTA:
Nas licitações para contratação de mão de
obra terceirizada, a Administração pode
estabelecer na minuta do contrato que a parcela
mensal a título de aviso prévio trabalhado será no
percentual máximo de 1,94% no primeiro ano, e,
em caso de prorrogação do contrato, o percentual
máximo dessa parcela será de 0,194% (ou seja, um
décimo) a cada ano de prorrogação?
AVISO PRÉVIO TRABALHADO
Elaborando a Planilha:
Módulo 3 – Provisão Para Rescisão
Custos suportados pelo contratado em virtude das
rescisões dos contratos de trabalho dos empregados utilizados
na prestação dos serviços:
 aviso prévio trabalhado
 aviso prévio indenizado
 multa sobre os depósitos no FGTS
 contribuição social prevista na Lei Complementar
110/2001
São esses os encargos previstos no Módulo 3 do modelo
de planilha constante do Anexo VII-D da IN SEGES-MP 5/2017.
AVISO PRÉVIO TRABALHADO

Durante o período do aviso prévio, o trabalhador


terá sua jornada de trabalho diária reduzida em 2
horas, sem prejuízo do salário.
O empregado pode, contudo, optar por, em vez
de ter a redução diária da sua jornada, faltar ao
serviço 7 dias corridos, sem prejuízo da remuneração.
AVISO PRÉVIO TRABALHADO
Cálculo do Valor Mensal
(demissão de TODOS os empregados ao final do contrato)
[(3.900,00 / 30) x 7] / 12
= [130,00 x 7] / 12
= 910,00 / 12
= 75,83 (3.900,00 x 0,0194 ou 3.900,00 x 1,94%)
Onde:
3.900,00 = remuneração do terceirizado (Módulo 1)
30 = número de dias no mês
7 = número de dias que o empregado em aviso prévio pode faltar ao
serviço, sem prejuízo da remuneração; custo de substituição
12 = número de meses no ano, para fim de apuração do custo mensal
AVISO PRÉVIO TRABALHADO
Lei 12.506/2011:
Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido
na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contêm
até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão
acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma
empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um
total de até 90 (noventa) dias
AVISO PRÉVIO TRABALHADO
Lei 12.506/2011:
Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido
na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contêm
até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão
acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma
empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um
total de até 90 (noventa) dias
ACÓRDÃO 1186/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou auditoria na modalidade Fiscalização de
Orientação Centralizada (FOC), realizada no Tribunal Regional do
Trabalho da 6ª Região (TRT6), tendo por finalidade a avaliação da
governança e da gestão das aquisições. Em decisão anterior (Acórdão
2.902/2015 Plenário), o Tribunal deliberara, entre outras várias
medidas, por, “com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento
Interno do TCU, determinar a oitiva do TRT 6 e das empresas
contratadas por meio dos Contratos 61/2012 e 153/2012, a respeito
da manutenção da parcela aviso prévio trabalhado após o primeiro
ano de vigência contratual, em contrariedade ao previsto na
Jurisprudência desta Corte (Acórdão 3.006/2010-TCU-Plenário, item
9.2.2)”. A resposta do TRT6 reconheceu as falhas apontadas e
apresentou as medidas que estão sendo adotadas para evitá-las nas
contratações posteriores de serviços de mesma natureza. Entretanto,
não apresentou informações quanto à adoção de
ACÓRDÃO 1186/2017 - PLENÁRIO
providências para recuperar os valores pagos indevidamente a título
de provisão para aviso prévio trabalhado após o primeiro ano das
contratações mencionadas. Já as empresas ouvidas não admitiram a
irregularidade. Sobre a questão, o relator acolheu a proposta de
encaminhamento formulada pela Secex/PE, ressaltando que: “a
jurisprudência deste Tribunal se firmou desde a prolação do Acórdão
3006/2010-TCU-Plenário quanto ao não cabimento do pagamento
da provisão para aviso prévio após o primeiro ano da prestação dos
serviços contratados. Uma vez que nos contratos analisados nesta
auditoria ocorreu a continuidade desses pagamentos após a
prorrogação da sua vigência, tais pagamentos são indevidos e
devem ser cessados nos contratos em vigor, além de ser devida
também a adoção das providências necessárias ao ressarcimento
dos pagamentos indevidos”. No entanto, complementou: “entendo
pertinente, todavia, fazer um pequeno ajuste na proposta de
ACÓRDÃO 1186/2017 - PLENÁRIO
encaminhamento formulada pela unidade técnica, no sentido de
permitir que a cada ano adicional de execução contratual seja pago
o valor correspondente a três dias de aviso prévio, de forma a
adequar o Acórdão 3006/2010-TCU-Plenário à Lei 12.506/2011.
Dessa forma, o percentual devido a título de aviso prévio a partir do
segundo ano de execução contratual passa a ser de 0,194%, ou seja,
um décimo do valor máximo admitido pelo Acórdão 3006/2010-TCU-
Plenário. Deve ser determinado, ainda, que nas contratações futuras
do TRT6, deve estar previsto na minuta de contrato dos processos de
contratação de mão de obra terceirizada que, se este for prorrogado
após os primeiros doze meses, o adicional será incluído quando da
prorrogação contratual”. Ao final, o Colegiado anuiu à proposta do
relator e decidiu, entre outras medidas, “determinar ao Tribunal
Regional do Trabalho da 6ª Região, que, nas futuras contratações de
mão de obra terceirizada, esteja expresso na minuta do contrato que
ACÓRDÃO 1186/2017 - PLENÁRIO

a parcela mensal a título de aviso prévio trabalhado será no


percentual máximo de 1,94% no primeiro ano, nos termos dos
Acórdãos 1904/2007-TCU-Plenário e 3006/2010-TCU-Plenário, e, em
caso de prorrogação do contrato, o percentual máximo dessa
parcela será de 0,194% a cada ano de prorrogação, a ser incluído
por ocasião da formulação do aditivo da prorrogação do contrato,
conforme ditames da Lei 12.506/2011”.

(Ministro-Relator Augusto Sherman)


ACÓRDÃO 1186/2017 - PLENÁRIO
RESPOSTA À 21ª PERGUNTA:
Nas licitações para contratação de mão de
obra terceirizada, a Administração deve estabelecer
na minuta do contrato que a parcela mensal a título
de aviso prévio trabalhado será no percentual
máximo de 1,94% no primeiro ano, e, em caso de
prorrogação do contrato, o percentual máximo
dessa parcela será de 0,194% a cada ano de
prorrogação, a ser incluído por ocasião da
formulação do aditivo da prorrogação do contrato,
conforme a Lei 12.506/2011.
ACÓRDÃO 4222/2017 – 1ª CÂMARA
22ª PERGUNTA:
É irregular a adesão de entidades do Sistema
‘S’ a atas de registro de preços de órgãos e
entidades da Administração Pública?
ÓRGÃO NÃO PARTICIPANTE (“CARONA”)
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem,
a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá
ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da
administração pública federal que não tenha participado
do certame licitatório, mediante anuência do órgão
gerenciador.
ACÓRDÃO 4222/2017 – 1ª CÂMARA
Em análise das contas anuais do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - Departamento Regional do Estado de
Roraima (Senai/RR), referentes ao exercício de 2014, identificara-se,
entre outras falhas, a adesão, sem previsão legal, a ata de registro de
preços do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima. A esse respeito, o
gestor argumentou que o TCU não considera expressamente existir
impedimento para tanto e que o regulamento de licitações e
contratos do Senai não se aplicaria ao caso concreto. Refutando tais
alegações, observou o relator que “eventual ausência de
manifestação expressa desta Corte acerca de determinada questão
não é suficiente para tornar o ato regular”, destacando também o
pacífico entendimento de que as entidades do Sistema S estão
obrigadas a cumprir os seus regulamentos próprios e não se
submetem às disposições da Lei 8.666/1993 e do Decreto
7.892/2013. No caso do Senai, ressaltou, o regulamento de licitações
ACÓRDÃO 4222/2017 – 1ª CÂMARA
e contratos não prevê adesão a ata de registro de preços de órgão
ou ente da Administração Pública, sendo que seu art. 38-A apenas
dispõe que o registro de preços realizado por departamento do
Senai poderá ser objeto de adesão por outro departamento da
entidade e por serviço social autônomo, desde que previsto no
instrumento convocatório. Assim, concluiu o relator, inexistindo
previsão legal, “não socorre o responsável a justificativa, sem
comprovação, de que os valores eram inferiores aos da pesquisa de
preços realizada, e não há como considerar regular a referida
adesão”. Diante do conjunto de falhas constatadas na gestão, votou
o relator pela irregularidade das contas do dirigente da entidade,
com aplicação de multa, no que foi seguido pelo Colegiado.

(Ministro-Relator Augusto Sherman)


ACÓRDÃO 4222/2017 – 1ª CÂMARA
RESPOSTA À 22ª PERGUNTA:
É irregular a adesão de entidades do Sistema
‘S’ a atas de registro de preços de órgãos e
entidades da Administração Pública, caso seus
regulamentos próprios de licitações não prevejam
tal possibilidade.
ACÓRDÃO 1251/2017 – PLENÁRIO
23ª PERGUNTA:
Nas licitações para a contratação de serviços
de agenciamento de viagens, a aferição do empate
relacionado ao direito de preferência para
microempresas e empresas de pequeno porte (art.
44 da Lei Complementar 123/2006) deve considerar
somente as comissões e adicionais recebidos pela
agência na intermediação dos bilhetes e serviços,
desconsiderando os valores a serem repassados às
companhias aéreas?
TRATAMENTO DIFERENCIADO DE ME/EPP
NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
Lei Complementar 123/2006:
Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de
desempate, preferência de contratação para as
microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 1º Entende-se por empate aquelas situações em que
as propostas apresentadas pelas microempresas e
empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10%
(dez por cento) superiores à proposta mais bem
classificada.
§ 2º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual
estabelecido no § 1º deste artigo será de até 5% (cinco
por cento) superior ao melhor preço.
TRATAMENTO DIFERENCIADO DE ME/EPP
NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
Art. 45. Para efeito do disposto no art. 44 desta Lei
Complementar, ocorrendo o empate, proceder-se-á da
seguinte forma:
I – a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem
classificada poderá apresentar proposta de preço inferior
àquela considerada vencedora do certame, situação em que
será adjudicado em seu favor o objeto licitado;
II – não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa
de pequeno porte, na forma do inciso I do caput deste artigo,
serão convocadas as remanescentes que porventura se
enquadrem na hipótese dos §§ 1º e 2º do art. 44 desta Lei
Complementar, na ordem classificatória, para o exercício do
mesmo direito;
TRATAMENTO DIFERENCIADO DE ME/EPP
NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
III – no caso de equivalência dos valores apresentados
pelas microempresas e empresas de pequeno porte
que se encontrem nos intervalos estabelecidos nos
§§ 1º e 2º do art. 44 desta Lei Complementar, será
realizado sorteio entre elas para que se identifique
aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta.
§ 1º Na hipótese da não contratação nos termos
previstos no caput deste artigo, o objeto licitado será
adjudicado em favor da proposta originalmente
vencedora do certame.
TRATAMENTO DIFERENCIADO DE ME/EPP
NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
§ 2º O disposto neste artigo somente se aplicará
quando a melhor oferta inicial não tiver sido
apresentada por microempresa ou empresa de
pequeno porte.
§ 3º No caso de pregão, a microempresa ou empresa
de pequeno porte mais bem classificada será
convocada para apresentar nova proposta no prazo
máximo de 5 (cinco) minutos após o encerramento
dos lances, sob pena de preclusão.
ACÓRDÃO 1251/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada por licitante apontara possível
ilegalidade, em pregão eletrônico promovido pelo Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, destinado ao registro de
preços de serviços de agenciamento de viagens, em vista do expurgo
da base de cálculo do critério estabelecido no art. 44, § 2º, da Lei
Complementar 123/2006 para aferição do direito de preferência de
microempresas e empresas de pequeno porte. Sobre o assunto,
anotou o relator que “os prestadores de serviço deste objeto
específico são remunerados pelos serviços realizados e não pelos
valores recebidos e repassados às companhias aéreas, motivo pelo
qual os itens referentes aos repasses não são passíveis de lances dos
licitantes”. Nesse sentido, a apuração do citado critério “deve estar
adstrito ao valor global da taxa de agenciamento, já que os demais
itens não compõem a receita da agência, por se tratarem, repita-se,
de repasses financeiros aos fornecedores”, não havendo, portanto,
ACÓRDÃO 1251/2017 – PLENÁRIO
ilegalidade no procedimento adotado. Destacou ainda o relator que,
a prevalecer o entendimento da representante em licitações da
espécie, “não haveria concorrência entre empresas de portes
econômicos diferenciados, uma vez que matematicamente as
empresas que não usufruíssem os benefícios concedidos pela LC
123/2006 estariam excluídas da disputa do certame, pois o
percentual de 5% equivaleria a mais de 6 milhões de reais,
ultrapassando em muito o valor estimado para o agenciamento,
qual seja, R$ 1.038.816,96”. Nesses termos, acolheu o Plenário a
proposta do relator para considerar parcialmente procedente a
representação, em face de outra ocorrência, sem prejuízo de se
expedir recomendação ao ministério para que “verifique a
oportunidade e a conveniência de promover alterações no
Comprasnet de forma a viabilizar a desconsideração, para fins de
aferição do direito de preferência da Lei Complementar 123/2006, de
ACÓRDÃO 1251/2017 – PLENÁRIO

itens que apenas constituam repasse de recursos [...]” e “explicite


em seus editais a regra de aferição do direito de preferência
previsto na Lei Complementar 123/2006, quando for necessário o
expurgo dos itens de repasse”.

(Ministro-Relator Vital do Rêgo)


ACÓRDÃO 1251/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 23ª PERGUNTA:
Nas licitações para a contratação de serviços
de agenciamento de viagens para voos regulares
internacionais e domésticos, a aferição do empate
relacionado ao direito de preferência para
microempresas e empresas de pequeno porte (art.
44 da LC 123/2006) deve considerar somente as
comissões e adicionais recebidos pela agência na
intermediação dos bilhetes e serviços, e não os
valores a serem repassados às companhias aéreas.
ACÓRDÃO 1406/2017 – PLENÁRIO
24ª PERGUNTA:
É possível a participação de organizações
sociais (OSs) e de organizações da sociedade civil de
interesse público (Oscips) em procedimentos
licitatórios realizados pelo poder público?
PARTICIPAÇÃO DE OSCIP EM LICITAÇÃO
É vedado às OSCIPS, nessa condição, participar de processos
licitatórios promovidos pela Administração, sob pena de
desvirtuamento do objetivo primordial para o qual foram
criadas, qual seja, estabelecer cooperação com o Poder
Público, mediante a celebração de termo de parceria. Assim, a
Lei 8.666/1993 não se aplica à seleção de OSCIPS. Entretanto,
o gestor público não está livre para contratar tais entidades da
maneira que lhe convier, devendo observar a Lei 9.790/1999 e
o Decreto 3.100/1999, que estabelecem diretrizes para a
elaboração do Termo de Parceria a ser celebrado com essas
entidades.
(Acórdão 2741/2014 – Plenário)
CONTRATAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Lei 8.666/1993:
Art. 24. É dispensável a licitação: (...)
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
serviços com as organizações sociais, qualificadas no
âmbito das respectivas esferas de governo, para
atividades contempladas no contrato de gestão.
ACÓRDÃO 1406/2017 – PLENÁRIO
Consulta formulada ao TCU versou sobre a possibilidade de
organizações sociais (OSs) participarem de certames licitatórios
realizados sob a égide da Lei 8.666/1993. A dúvida do consulente
decorreria do teor do Acórdão 746/2014 Plenário, que considerou
não haver amparo legal para a participação, em licitações
promovidas pela Administração Pública Federal, de organizações da
sociedade civil de interesse público (Oscips), mas silenciou quanto à
de OSs. Em seu voto, o relator destacou que, no caso das Oscips, “o
impedimento à participação em licitações não decorre da percepção
de privilégios não equalizados”, conforme aduzido pela unidade
instrutiva, mas da incompatibilidade entre as obras, as compras e os
serviços de que tratam os arts. 7º a 15 da Lei 8.666/1993 e os
objetivos institucionais da Oscip, consignados no termo de parceria,
em razão dos quais foram conferidos os privilégios. Decorreria
também, segundo ele, da inexistência de previsão legal de
ACÓRDÃO 1406/2017 – PLENÁRIO
celebração de contrato para estabelecimento ou ampliação de
vínculo entre a Oscip e o Poder Público. Por sua vez, o vínculo de
cooperação entre o Poder Público e a OS é estabelecido por meio de
contrato de gestão, que discrimina atribuições, responsabilidades e
obrigações para o atingimento das metas coletivas de interesse
comum nele previstas. De acordo com o relator, a partir da
qualificação formal como OS e da celebração do contrato de gestão,
a entidade privada estaria habilitada a celebrar contratos
administrativos com o Poder Público, para execução de atividades
previstas no contrato de gestão, conforme dispõe o art. 24, inciso
XXIV, da Lei 8.666/1993. Assim, não obstante a possibilidade de
competição entre interessados em prestar o serviço ao Estado, a
esfera do governo que qualificou a OS teria a faculdade de contratá-
la diretamente, sem competição com os demais interessados. E
concluiu: “Ora, se é lícito contratar OS para prestar serviços de
ACÓRDÃO 1406/2017 – PLENÁRIO
natureza mercantil, sem que sua proposta tenha sido submetida à
disputa com os demais interessados, quanto mais legítimo seria
como resultado de um procedimento competitivo público”. Ao final,
o relator propôs e o Plenário decidiu: “9.1. conhecer da consulta
para responder ao consulente que, ao contrário do que ocorre com
as organizações da sociedade civil de interesse público - OSCIPs,
inexiste vedação legal, explícita ou implícita, à participação de
organizações sociais qualificadas na forma dos arts. 5º a 7º da Lei
9.637/98, em procedimentos licitatórios realizados pelo Poder
Público, sob a égide da Lei 8.666/1993, desde que o intuito do
procedimento licitatório seja contratação de entidade privada para
prestação de serviços que se insiram entre as atividades previstas
no contrato de gestão firmado entre o Poder Público e a
organização social; 9.2. deixar assente que a organização social,
que venha a participar de certame licitatório, deve fazer constar, da
ACÓRDÃO 1406/2017 – PLENÁRIO

documentação de habilitação encaminhada à comissão de


licitação, cópia do contrato de gestão firmado com o Poder Público,
a fim de comprovar cabalmente que os serviços objetos da licitação
estão entre as atividades previstas no respectivo contrato de
gestão.”.

(Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues)


ACÓRDÃO 1406/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 24ª PERGUNTA:
Inexiste vedação legal à participação de
organizações sociais, qualificadas na forma dos
arts. 5º a 7º da Lei 9.637/1998, em procedimentos
licitatórios realizados pelo Poder Público, sob a
égide da Lei 8.666/1993, desde que o intuito do
procedimento licitatório seja a contratação de
entidade privada para prestação de serviços que se
insiram entre as atividades previstas no contrato de
gestão firmado entre o Poder Público e a
organização social.
ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
25ª PERGUNTA:
A variação da taxa cambial, para mais ou para
menos, pode ser considerada suficiente para,
isoladamente, fundamentar a necessidade de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato?
REVISÃO CONTRATUAL/TEORIA DA IMPREVISÃO
Lei 8.666/1993:
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com
as devidas justificativas, nos seguintes casos: (...)
II - por acordo das partes: (...)
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente
entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração
para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial
do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual.
(...)
§ 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou
extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando
ocorridas após a data da apresentação da proposta, de comprovada
repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes
para mais ou para menos, conforme o caso. [fato do príncipe]
REVISÃO CONTRATUAL/TEORIA DA IMPREVISÃO
Jurisprudência do TCU:
(Acórdão 1383/2014 – Plenário) Revisão. Pressupostos autorizadores.
Demonstração no processo administrativo.
[VOTO]
“(...) para que seja deferida revisão de preços fundada no art. 65,
II, ‘d’, da Lei nº 8.666/93, faz-se necessária, além da presença do fato
gerador imprevisível ou previsível de consequências incalculáveis, a
demonstração do impacto dessa superveniência nos custos da
contratada de tal monta que, caso não deferido o seu pleito junto ao
ente público contratante, estará ela impossibilitada de honrar os
compromissos assumidos. Não se pode, pois, concluir previamente,
como fez a agravante, que a revisão seria inevitável, isso porque caberia
à contratada, quando da formulação do seu pedido à Eletronuclear,
abrir a sua planilha de custos e demonstrar, de forma contundente, a
sobredita onerosidade excessiva (...).”
Observação: a demonstração analítica da variação ocorrida e do
impacto na formação do preço é ônus do contratado.
REVISÃO CONTRATUAL/TEORIA DA IMPREVISÃO
Jurisprudência do TCU:
(Acórdão 1085/2015 – Plenário) Variação Cambial. Necessidade de
demonstração da onerosidade excessiva.
“(...) a desvalorização da moeda nacional ocorrida no início de 1999 já
foi reconhecida pela Justiça e por este Tribunal como evento extracontratual
impactante nos contratos administrativos em vigor na época. Contudo, não
pode ser tida como uma condição suficiente e autônoma para justificar a
revisão contratual.
Explico melhor, a aplicação da cláusula rebus sic stantibus aos
contratos administrativos também requer demonstração objetiva de que
ocorrências supervenientes tornaram a sua execução excessivamente onerosa
para uma das partes. A simples variação cambial, por si só, não justifica a
revisão contratual por um motivo simples: o particular contratado pode ter
adquirido os insumos ou incorrido nas despesas impactadas pelo câmbio
antes da ocorrência do evento. Em tal situação (...), a posterior desvalorização
da moeda favoreceria ao contratado, pois os índices de reajuste contratual
supervenientes captariam em maior ou menor grau o fato ocorrido.
REVISÃO CONTRATUAL/TEORIA DA IMPREVISÃO
(Acórdão 1085/2015 – Plenário) Continuação...
Assim, o construtor seria beneficiado, pois teria sua
remuneração majorada por índices que foram afetados ao menos
parcialmente pelo câmbio, mas não incorreria em custos
adicionais, haja vista que adquiriu os bens importados antes da
depreciação do Real. Em outra circunstância, na qual o contratado
ainda não tivesse incorrido nos gastos atrelados ao câmbio,
certamente uma variação anômala da moeda poderia justificar o
reequilíbrio.
Portanto, pleitos do gênero não podem se basear
exclusivamente nos preços contratuais ou na variação de valores
extraídos de sistemas referenciais de custos, sendo indispensável
que se apresentem outros elementos adicionais do impacto
cambial, tais como a comprovação dos custos efetivamente
incorridos no contrato, demonstrados mediante notas fiscais.”
ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
Em consulta formulada pelo Ministro do Turismo acerca da
“aplicação da teoria da imprevisão e da possibilidade de
recomposição do equilíbrio contratual em razão de variações
cambiais ocorridas devido a oscilações naturais dos fatores de
mercado e respectivos impactos na contratação de serviços a serem
executados no exterior”, o relator ponderou que o reequilíbrio
econômico-financeiro tem assento constitucional (art. 37, inciso
XXI), sendo uma de suas espécies a teoria da imprevisão (ou
recomposição), disciplinada no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei
8.666/1993. No que se refere à variação cambial, o relator entendeu
que, em linhas gerais, “não deve ser causa autossuficiente para a
concessão de reequilíbrio econômico-financeiro, a não ser que tenha
ocorrido de forma inesperada, abrupta e afete substancialmente o
equilíbrio do contrato a ponto de frustrar a sua execução”. Com base
nesses fundamentos, o TCU decidiu responder ao consulente que “a
ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
variação da taxa cambial (para mais ou para menos) não pode ser
considerada suficiente para, isoladamente, fundamentar a
necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato. Para
que a variação do câmbio seja considerada um fato apto a
ocasionar uma recomposição nos contratos, considerando se tratar
de fato previsível, deve culminar consequências incalculáveis
(consequências cuja previsão não seja possível pelo gestor médio
quando da vinculação contratual), fugir à normalidade, ou seja, à
flutuação cambial típica do regime de câmbio flutuante e,
sobretudo, acarretar onerosidade excessiva no contrato a ponto de
ocasionar um rompimento na equação econômico-financeira, nos
termos previstos no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993”.

(Ministro-Relator Vital do Rêgo)


ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 25ª PERGUNTA:
A variação da taxa cambial, para mais ou para
menos, não pode ser considerada suficiente para,
isoladamente, fundamentar a necessidade de reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato. Para que a variação do
câmbio seja considerada um fato apto a ocasionar uma
recomposição nos contratos, considerando se tratar de fato
previsível, deve culminar consequências incalculáveis
(consequências cuja previsão não seja possível pelo gestor
médio quando da vinculação contratual), fugir à
normalidade, ou seja, à flutuação cambial típica do regime
de câmbio flutuante e, sobretudo, acarretar onerosidade
excessiva no contrato a ponto de ocasionar um
rompimento na equação econômico-financeira, nos termos
previstos no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993.
ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
26ª PERGUNTA:
A Administração, já tendo realizado o
reequilíbrio com a aplicação do reajuste previsto
contratualmente, poderia, ainda, presentes os
requisitos da teoria da imprevisão, realizar a
recomposição (revisão)? Seria possível aplicar o
reajuste após ter sido concedida eventual
recomposição? Caso positivo, como poderia ser
aferido o desequilíbrio da equação econômico-
financeira na conjugação desses dois instrumentos
de reequilíbrio?
REVISÃO CONTRATUAL / LAPSO TEMPORAL
Jurisprudência do TCU:
(Acórdão 1431/2017 – Plenário) Revisão ou Recomposição
posterior ao Reajuste/Repactuação.
“9.2.3. o reajuste e a recomposição possuem fundamentos
distintos. O reajuste, previsto no art. 40, XI, e 55, III, da Lei
8.666/1993, visa remediar os efeitos da inflação. A recomposição,
prevista no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei 8.666/1993, tem
como fim manter equilibrada a relação jurídica entre o particular
e a Administração Pública quando houver desequilíbrio advindo
de fato imprevisível ou previsível com consequências
incalculáveis. Assim, ainda que a Administração tenha aplicado o
reajuste previsto no contrato, justifica-se a aplicação da
recomposição sempre que se verificar a presença de seus
pressupostos;”
ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
Em consulta formulada pelo Ministro do Turismo “acerca da
aplicação da teoria da imprevisão e da possibilidade de recomposição
do equilíbrio contratual em razão de variações cambiais ocorridas
devido a oscilações naturais dos fatores de mercado e respectivos
impactos na contratação de serviços a serem executados no exterior”,
houve questionamento complementar do consulente a respeito da
seguinte situação: “A Administração, já tendo realizado o reequilíbrio
com a aplicação do reajuste previsto contratualmente, poderia,
ainda, presentes os requisitos da teoria da imprevisão, realizar a
recomposição?”; “Caso positivo, como poderia ser aferido o
desequilíbrio da equação econômico-financeira na conjugação
dessas duas formas de reequilíbrio?”. Acompanhando o parecer da
unidade técnica, o relator propôs, e Plenário do TCU acatou,
responder ao consulente, respectivamente, que: “O reajuste e a
recomposição possuem fundamentos distintos. O reajuste,
ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
previsto no art. 40, XI, e 55, III, da Lei 8.666/1993, visa remediar os
efeitos da inflação. A recomposição, prevista no art. 65, inciso II,
alínea “d”, da Lei 8.666/1993, tem como fim manter equilibrada a
relação jurídica entre o particular e a Administração Pública quando
houver desequilíbrio advindo de fato imprevisível ou previsível com
consequências incalculáveis. Assim, ainda que a Administração tenha
aplicado o reajuste previsto no contrato, justifica-se a aplicação da
recomposição sempre que se verificar a presença de seus
pressupostos”; “O reequilíbrio contratual decorrente da recomposição
deve levar em conta os fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução
do ajustado, que não se confundem com os critérios de reajuste
previstos contratualmente. Portanto a recomposição, concedida após
o reajuste, deverá recuperar o equilíbrio econômico-financeiro
apenas aos fatos a ela relacionados.
ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
Caso o reajuste seja aplicado após ter sido concedida eventual
recomposição, a Administração deverá ter o cuidado de avaliar a
necessidade, ou não, da aplicação dos índices inicialmente
avençados em virtude da possibilidade de a recomposição já ter
procedido ao reajuste de determinados insumos. Colocando de
outra maneira, será preciso expurgar do reajuste a ser concedido o
impacto causado pelos fatores que motivaram a recomposição,
para evitar a dupla concessão com o mesmo fundamento, o que
causaria o desequilíbrio em prejuízo da contratante”.

(Ministro-Relator Vital do Rêgo)


ACÓRDÃO 1431/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 26ª PERGUNTA:
Ainda que a Administração tenha aplicado o
reajuste previsto no contrato, justifica-se a aplicação
da recomposição sempre que se verificar a presença
de seus pressupostos, uma vez que o reajuste e a
recomposição possuem fundamentos distintos. O
reajuste, previsto nos arts. 40, inciso XI, e 55, inciso
III, da Lei 8.666/1993, visa remediar os efeitos da
inflação. A recomposição, prevista no art. 65, inciso
II, alínea d, da Lei 8.666/1993, tem como fim manter
equilibrada a relação jurídica entre o particular e a
Administração Pública quando houver desequilíbrio
advindo de fato imprevisível ou previsível com
consequências incalculáveis.
ACÓRDÃO 1545/2017 – PLENÁRIO
27ª PERGUNTA:
É regular a aquisição pela Administração,
mediante credenciamento, de passagens aéreas em
linhas regulares domésticas, sem a intermediação
de agência de viagem?
CREDENCIAMENTO
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO VII-B):
DIRETRIZES ESPECÍFICAS PARA ELABORAÇÃO DO ATO
CONVOCATÓRIO
3. Do credenciamento:
3.1. Para a contratação de prestação de serviços, os órgãos e
entidades poderão utilizar o sistema de credenciamento,
desde que atendidas às seguintes diretrizes:
a) justificar a inviabilidade de competição pela natureza da
contratação do serviço a ser prestado;
b) comprovar que o interesse da Administração será melhor
atendido mediante a contratação de um maior número de
prestadores de serviço;
CREDENCIAMENTO
c) promover o chamamento público por meio do ato convocatório
que definirá o objeto a ser executado, os requisitos de habilitação,
as especificações técnicas indispensáveis, a fixação prévia de
preços e os critérios para convocação dos credenciados;
d) garantir a igualdade de condições entre todos os interessados
hábeis a contratar com a Administração, pelo preço por ela
definido; e
e) contratar todos os que tiverem interesse e que satisfaçam as
condições fixadas pela Administração.
3.2. O Sistema de Credenciamento ficará aberto pelo prazo
estipulado no ato convocatório, renováveis por iguais e sucessivos
períodos, para inscrição de novos interessados, desde que
atendam aos requisitos do chamamento.
CREDENCIAMENTO
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO I):
DEFINIÇÕES
IV - CREDENCIAMENTO: ato administrativo de
chamamento público destinado à pré-qualificação de
todos os interessados que preencham os requisitos
previamente determinados no ato convocatório, visando
futura contratação, pelo preço definido pela
Administração.
ACÓRDÃO 1545/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades no Credenciamento 1/2014, conduzido pela Central
de Compras e Contratações do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão (MPDG), com vigência de sessenta
meses e objetivo de permitir a compra de passagens aéreas em
linhas regulares domésticas sem a intermediação de agência de
viagem. Ao apreciar o novo modelo, a unidade técnica concluiu pela
sua incompatibilidade com o ordenamento jurídico, ressaltando a
“possibilidade de competição entre as companhias aéreas e entre
estas e as agências de viagem”. Ao discordar da unidade instrutiva,
o relator assinalou não haver possibilidade de real competição
entre empresas aéreas e agências que intermedeiam a venda de
passagens das companhias aéreas e cobram comissões por seus
serviços. A corroborar sua assertiva, frisou que o próprio
representante afirmara que “as companhias aéreas TAM, GOL/VRG,
ACÓRDÃO 1545/2017 – PLENÁRIO
Avianca e Azul, pela condição dominante no mercado, estão
apresentando condições ao MPOG que nenhuma agência de viagens
(canal de distribuição) conseguiria”. O relator ressaltou, ainda, a
impossibilidade de competição entre as próprias companhias aéreas,
isso porque “normalmente não há vários voos de diferentes
empresas aéreas para o mesmo lugar, no mesmo dia e horário, de
modo a atender à necessidade específica da Administração Pública”.
Deixou também assente que a opção administrativa pelo
Credenciamento 1/2014 “não subtrai do mercado seguimento
comercial algum, tampouco retira as agências de viagem do ciclo
econômico”, haja vista que os contratos dos órgãos públicos com
agências de viagem representam menos de 1% dos negócios do
setor. Por fim, enfatizou que o Tribunal já se manifestou pela
regularidade da utilização do credenciamento em casos cujas
particularidades do objeto contratado indiquem a inviabilidade de
ACÓRDÃO 1545/2017 – PLENÁRIO
competição, “ao mesmo tempo em que se admite a possibilidade de
contratação de todos os interessados em oferecer o mesmo tipo de
serviço à Administração Pública”. Em relação aos pregões eletrônicos
também objeto de exame na representação, conduzidos pela Central
de Compras com vistas à contratação de agência de viagem para a
prestação de serviços de agenciamento para a compra de bilhetes
internacionais, regionais e outros não atendidos pelo
credenciamento, o relator concordou com a unidade técnica no
sentido de que “para o objeto ‘agenciamento de viagens’ há
competição, exclusivamente entre agências de viagens, o que enseja
licitação previamente à contratação”. Considerando então não haver
irregularidades no Credenciamento 1/2014 nem “intercorrências
observadas nestes autos que justifiquem a paralisação dos Pregões
Eletrônicos 2/2015, 1/2016 e 1/2017”, aptas a impedir que o MPDG
prosseguisse com sua estratégia de migração dos contratos para o
ACÓRDÃO 1545/2017 – PLENÁRIO

novo modelo de compra de passagens aéreas que vem sendo


implementado, o relator propôs e o Plenário decidiu considerar
improcedente a representação.

(Ministro-Relator Aroldo Cedraz)


ACÓRDÃO 1545/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 27ª PERGUNTA:
É regular a aquisição pela Administração,
mediante credenciamento, de passagens aéreas em
linhas regulares domésticas, sem a intermediação
de agência de viagem, por ser inviável a competição
entre as companhias aéreas e entre estas e as
agências de viagem.
ACÓRDÃO 1549/2017 – PLENÁRIO
28ª PERGUNTA:
Nas licitações regidas pela Lei 8.666/1993,
pela Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão) e pela Lei
13.303/2016 (Lei das Estatais), o valor orçado se
confunde com o preço máximo?
FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS
Jurisprudência do TCU:
"A Súmula TCU nº 259/2010 deixou então assente que, em
se tratando de obras e serviços de engenharia, é obrigatória a
fixação de preços máximos, tanto unitários quanto global, donde se
conclui que, para outros objetos que não obras e serviços de
engenharia, essa fixação é meramente facultativa.
(...) nos regimes jurídicos da Lei nº 8.666/93 e da Lei nº
10.520/2002 (Lei do Pregão), ‘valor orçado’ – ou ‘orçamento’ ou
‘valor de referência’ ou simplesmente ‘valor estimado’ – não se
confunde com ‘preço máximo’. O valor orçado, a depender de
previsão editalícia, pode eventualmente ser definido como o preço
máximo a ser praticado em determinada licitação, mas não
necessariamente. São conceitos distintos, que não se confundem."
(Acórdão nº 3195/2014 – Plenário)
FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS
IN SEGES-MP 5/2017:
DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO BÁSICO (PB) OU
TERMO DE REFERÊNCIA (TR)
2.9. Estimativa de preços e preços referenciais:
a) Refinar, se for necessário, a estimativa de preços ou meios
de previsão de preços referenciais realizados nos Estudos
Preliminares;
b) No caso de serviços com regime de dedicação exclusiva de
mão de obra, o custo estimado da contratação deve
contemplar o valor máximo global e mensal estabelecido em
decorrência da identificação dos elementos que compõem o
preço dos serviços, definidos da seguinte forma:
FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS

b.1. por meio do preenchimento da planilha de custos e


formação de preços, observados os custos dos itens
referentes ao serviço (...);
b.2. por meio de fundamentada pesquisa dos preços
praticados no mercado em contratações similares; ou
ainda por meio da adoção de valores constantes de
indicadores setoriais, tabelas de fabricantes, valores
oficiais de referência, tarifas públicas ou outros
equivalentes, se for o caso;
DESCLASSIFICAÇÃO DE PROPOSTAS
Lei 13.303/2016 (LRE):
Art. 56. Efetuado o julgamento dos lances ou propostas, será
promovida a verificação de sua efetividade, promovendo-se a
desclassificação daqueles que:
I - contenham vícios insanáveis;
II – descumpram especificações técnicas constantes do
instrumento convocatório;
III - apresentem preços manifestamente inexequíveis;
IV – se encontrem acima do orçamento estimado para a
contratação de que trata o § 1o do art. 57, ressalvada a hipótese
prevista no caput do art. 34 desta Lei;
V - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando exigido
pela empresa pública ou sociedade economia mista;
NEGOCIAÇÃO
Lei 13.303/2016 (LRE):
Art. 57. Confirmada a efetividade do lance ou proposta que
obteve a primeira colocação na etapa de julgamento, ou que
passe a ocupar essa posição em decorrência da
desclassificação de outra que tenha obtido colocação superior,
a empresa pública e a sociedade de economia mista deverão
negociar condições mais vantajosas com quem o apresentou.
§ 1o A negociação deverá ser feita com os demais licitantes,
segundo a ordem inicialmente estabelecida, quando o preço
do primeiro colocado, mesmo após a negociação, permanecer
acima do orçamento estimado.
ORÇAMENTO SIGILOSO
Lei 13.303/2016 (LRE):
Art. 34. O valor estimado do contrato a ser celebrado pela
empresa pública ou pela sociedade de economia mista será
sigiloso, facultando-se à contratante, mediante justificação
na fase de preparação prevista no inciso I do art. 51 desta
Lei, conferir publicidade ao valor estimado do objeto da
licitação, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos
quantitativos e das demais informações necessárias para a
elaboração das propostas.
ACÓRDÃO 1549/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possível
irregularidade em convite promovido pela Petróleo Brasileiro S.A.
(Petrobras), cujo objeto era a locação de embarcações. De acordo
com o representante, o preço final contratado teria sido 6,32%
superior ao valor orçado pela Petrobras, à evidência de sobrepreço.
Após apreciar as razões de justificativa dos responsáveis ouvidos em
audiência, a unidade técnica propôs que lhes fosse aplicada multa,
bem como expedida determinação à entidade para que repactuasse
o contrato firmado com a vencedora do certame. Ao discordar da
unidade instrutiva, o relator pontuou que “a Lei de Licitações e
Contratos estabelece que o preço da proposta vencedora deve estar
compatível com os preços de mercado, sem embargo de prever a
possibilidade de a entidade licitante estabelecer, no edital, que o
valor global não poderá exceder determinado limite, tal como
disposto no art. 48, inciso II”. A corroborar sua assertiva, o relator
ACÓRDÃO 1549/2017 – PLENÁRIO
invocou o Acórdão 392/2011 Plenário, no qual restou assente que “o
valor orçado não se confunde com preço máximo, a menos que o
edital estabeleça tal condição”, e que a fixação do preço máximo só
é obrigatória na contratação de obras e serviços de engenharia,
conforme a Súmula TCU 259. Nesse contexto, cumpriria então
averiguar se o instrumento convocatório da licitação em exame
estabelecera o preço constante do orçamento como limite máximo
para aceitabilidade das propostas. Após transcrever o item do
convite relativo ao julgamento das propostas, o relator concluiu que
o orçamento não fora fixado como preço máximo aceitável pela
Petrobras, inexistindo, dessa forma, afronta ao instrumento
convocatório. Ponderou, contudo, restar como impropriedade “uma
aparente insuficiência na justificativa da contratação por preço
superior ao orçado”, sendo bastante, a seu ver, dar ciência à
entidade. Registrou, por fim, que a Lei 13.303/2016 (Lei das
ACÓRDÃO 1549/2017 – PLENÁRIO
Estatais), em seu art. 56, inciso IV, determina a desclassificação das
propostas que se encontrarem acima do orçamento estimado para
a contratação, lembrando, porém, que o art. 91 do mesmo diploma
concedeu prazo de 24 meses, a partir do início de sua vigência, para
que as empresas públicas e as sociedades de economia mista
promovam as adaptações necessárias à adequação ao disposto na
referida lei. Ao final, acolhendo a proposição do relator, o Plenário
decidiu considerar improcedente a representação e dar ciência à
Petrobras acerca da “insuficiência na justificativa da contratação
por preço superior ao orçado, para que sejam adotadas medidas
com vistas a prevenir novas ocorrências, enquanto não for aplicável
o disposto no art. 56, inciso IV, da Lei 13.303/2016”.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 1549/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 28ª PERGUNTA:
Nas licitações regidas pela Lei 8.666/1993, o
valor orçado não se confunde com o preço máximo,
a menos que o instrumento convocatório
estabeleça tal condição. Não sendo ela
estabelecida, a contratação por preço superior ao
orçado deve ser justificada.
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
29ª PERGUNTA:
A existência de um único imóvel apto a, por
suas características de instalação e localização,
atender às finalidades precípuas da Administração
é requisito para a contratação por dispensa de
licitação fundada no art. 24, inciso X, da Lei
8.666/1993?
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL

Lei 8.666/1993:
Art. 24. É dispensável a licitação: (...)
X – para a compra ou locação de imóvel destinado ao
atendimento das finalidades precípuas da
Administração, cujas necessidades de instalação e
localização condicionem a sua escolha, desde que
o preço seja compatível com o valor de mercado,
segundo avaliação prévia;
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Jurisprudência do TCU:
Dispensa de Licitação: necessidade de comprovação de que o imóvel
a ser locado é o único que atende aos interesses da Administração Pública
Em representação feita ao TCU, foi noticiada possível irregularidade
constituída na ausência de licitação e na inobservância dos princípios
constitucionais da impessoalidade e da moralidade, quando da locação, com
a utilização de recursos públicos da área de saúde, de imóvel de propriedade
do cônjuge da ex-Prefeita do município de Guarabiras, na Paraíba. Ao
examinar as razões de justificativa apresentadas pela responsável, a unidade
técnica registrou o fato de o proprietário do imóvel locado ser esposo da
então Prefeita de Guarabiras, ou seja, a Prefeitura havia locado um imóvel da
própria Prefeita, por intermédio do esposo desta. Acresceu, ainda, que “o
fato de eventualmente ter havido inabilidade no ato de contratação com
dispensa de licitação, com inobservância das devidas cautelas de justificativa
como previsto no art. 24, inciso X, da Lei nº 8.666/1993 não conduz à exclusão
da culpabilidade”.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Caberia, ainda na opinião da unidade técnica, até se
discutir o dolo na utilização da dispensa de licitação, mas seria
induvidável a ofensa a diversos princípios constitucionais, como o
da legalidade, o que levaria à reprovação da conduta da ex-
Prefeita. Citando precedente jurisprudencial, a unidade técnica
anotou que “O art. 24, inciso X, da Lei de Licitações estabelece
ser dispensável a licitação para a compra ou locação de imóvel
destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
Administração, cujas necessidades de instalação e localização
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia”. Assim, “a
utilização desse dispositivo só é possível quando se identifica um
imóvel específico cujas instalações e localização sinalizem que
ele é o único que atende o interesse da Administração”.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Como, na espécie, haveria pelo menos outro imóvel que serviria
ao intuito da administração municipal, não seria possível a utilização da
hipótese do art. 24, inc. X, da Lei 8.666/1993, como fundamento da
contratação direta. O relator, ao concordar com a unidade técnica,
destacou, em seu voto, que “havia pelo menos outro imóvel com
características semelhantes, que poderia servir de alternativa à locação”,
o que, portanto, leva à incorreção quanto ao procedimento de se
dispensar a licitação com base no art. 24, inciso X, da Lei nº 8.666/1993.
Votou, em consequência, pela aplicação de multa à ex-Prefeita, bem como
pela expedição de determinação corretiva e de alerta ao município de
Guarabira, a fim de que sejam evitadas ocorrências semelhantes em
situações futuras. O Colegiado acolheu, por unanimidade, o
encaminhamento sustentado pelo relator. Precedentes citados: Acórdão
n.º 444/2008-Plenário. Acórdão nº 5281/2010-1ª Câmara, TC-
030.588/2007-5, rel. Min. José Múcio Monteiro, 24.08.2010.
(INFORMATIVO TCU Nº 31)
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Jurisprudência do TCU:
"Parte da doutrina tem considerado que a dispensa de licitação
com fulcro no art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993, na verdade,
configuraria situação de inexigibilidade, devido à ausência de
competitividade, pois somente um único imóvel seria capaz de
atender ao interesse da Administração.
Nesse sentido, alguns julgados desta Casa, a exemplo dos
Acórdãos 1.816/2010 e 5.948/2014, ambos da 2ª Câmara,
consideraram ser necessária a comprovação de que a escolha de um
imóvel que, em face das suas características de instalação e
localização, seja o único capaz de atender às necessidades da
Administração. Caso contrário, seria inaplicável a contratação direta
fundamentada na hipótese de dispensa de licitação prevista no art. 24,
inciso X, da Lei 8.666/1993.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Penso, todavia, que tal entendimento possa ser aperfeiçoado.
De fato, realmente me parece mais adequado o enquadramento da
aquisição/locação de imóveis como hipótese de dispensa de licitação,
tal como efetivamente definido pelo legislador da Lei 8.666/1993, e
não como situação de inexigibilidade de licitação, conforme defendido
por alguns juristas. Não existe, em geral, um único imóvel que atenda
às necessidades da Administração, o que seria um caso de
inviabilidade de competição, em que aplicar-se-ia o instituto da
inexigibilidade de licitação. Muitas vezes, uma pluralidade de imóveis
atende aos requisitos do Poder Público, sem que isso implique na
necessidade de licitar, pois torna-se inviável ou extremamente difícil
estabelecer um torneio em que seja realizada uma seleção com
critérios estritamente objetivos, dentro dos princípios norteadores da
licitação, e que assegure a obtenção da melhor contratação dentre
todas as possibilidades possíveis.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
O art. 24 da Lei 8666/93 indica as hipóteses em que a licitação
seria juridicamente viável, embora a lei dispense o administrador de
realizá-la. Já no caso de inexigibilidade, a licitação é inviável, ou seja,
impossível de ser realizada, tendo em vista fatores que impedem a
competitividade.
Dentre os vários imóveis que podem satisfazer às condições
desejadas pela Administração para ocupação, encontra-se na esfera do
poder discricionário do gestor público a efetivação de sua locação por
dispensa de licitação, bem como os motivos adotados para a seleção, que
não estão necessariamente atrelados apenas ao valor de aluguel, sendo
possível – e até desejável - a consideração de outros critérios. Contudo,
deve ser observado que o art. 26 da Lei de Licitações e Contratos exige
adequada motivação para a opção escolhida e a demonstração de que o
valor da contratação resultante esteja compatível com parâmetros de
mercado."
(Acórdão nº 2420/2015 – Plenário)
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
Representação formulada ao TCU apontara supostas
irregularidades relativas a aquisição de imóveis pelo Conselho
Regional de Corretores de Imóveis – 1ª Região (Creci/RJ). Quanto à
irregularidade consistente na “prática de fuga às licitações cabíveis e
aplicáveis às compras das salas comerciais, situadas nos bairros do
Méier e Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro, caracterizada pela
ausência de justificativas consistentes de que os imóveis adquiridos
por meio de dispensa de licitação (art. 24, inciso X, da Lei
8.666/1993) eram, à época da aquisição, únicos para o atendimento
às necessidades específicas cumuladas de instalação, dimensões e
localização do Creci/RJ”, apesar de o responsável ouvido em
audiência juntar aos autos parecer da Procuradoria-Geral Federal
admitindo a possibilidade de o administrador público se valer da
hipótese prevista no art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993 ainda que
existam outros imóveis, a unidade técnica propôs a rejeição de suas
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
razões de justificativa, no que foi acompanhada pelo relator. Ao
defender a “possibilidade de se adquirir imóvel por dispensa, mesmo
que não tenha sido caracterizada a inexigibilidade de licitação”, o
revisor colacionou decisão do STJ que traz, em seu bojo, doutrina de
Marçal Justen Filho no sentido de que a conclusão acerca da
caracterização da inexigibilidade de licitação “faz-se em momento
logicamente anterior ao do reconhecimento da dispensa. Num
primeiro momento, avalia-se se a competição é ou não é viável. Se
não for, caracteriza-se a inexigibilidade. Se houver viabilidade de
competição, passa-se à verificação da existência de alguma hipótese
de dispensa”. O revisor sustentou ainda que, ao prever a
possibilidade de dispensa de licitação para a aquisição de imóveis, o
legislador “deve ter antevisto as dificuldades em se estabelecer um
critério objetivo de avaliação de propostas ante as inúmeras
variáveis que acompanham a seleção de tal espécie de objeto
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
(localização, área, proximidade de serviços públicos, qualidade das
instalações, segurança da região, facilidade de acesso, custos
condominiais, dentre outros)”. Por não constar do processo que
tivessem sido “formalizadas em relatório técnico as necessidades
da entidade (v.g. área e localização do imóvel) para que a partir daí
fossem realizadas pesquisas entre imóveis disponíveis, de forma a
atender plenamente o disposto no art. 26, parágrafo único, inciso
II, da Lei 8.666/1993”, mas reconhecendo ser “intuitivo entretanto
que esses requisitos existiam ao serem aprovados pela reunião do
colegiado da diretoria do Conselho Regional de Corretores de
Imóveis – 1ª Região (Creci/RJ), pois se buscava a substituição de
instalações já existentes e que já não atendiam mais às necessidades
da entidade”, o revisor propôs e o Plenário decidiu acatar
parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelo
responsável. (Ministro-Redator Benjamin Zymler)
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
RESPOSTA À 29ª PERGUNTA:
A existência de um único imóvel apto a, por
suas características de instalação e localização,
atender às finalidades precípuas da Administração
não é requisito para a contratação por dispensa de
licitação fundada no art. 24, inciso X, da Lei
8.666/1993.
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
30ª PERGUNTA:
O desenvolvimento e a manutenção de
softwares podem ser enquadrados na categoria de
objetos comuns prevista na Lei 10.520/2002 (Lei do
Pregão)?
CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS
Lei 10.520/2002:
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns,
poderá ser adotada a licitação na modalidade de
pregão, que será regida por esta Lei.
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços
comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais no mercado.
PREGÃO NA ÁREA DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO
Decreto Federal 7.174/2010:
Art. 9º Para a contratação de bens e serviços de informática e
automação, deverão ser adotados os tipos de licitação “menor
preço” ou “técnica e preço”, conforme disciplinado neste
Decreto, ressalvadas as hipóteses de dispensa ou
inexigibilidade previstas na legislação.
§ 1º A licitação do tipo menor preço será exclusiva para a
aquisição de bens e serviços de informática e automação
considerados comuns, na forma do parágrafo único do art. 1º
da Lei nº 10.520, de 2002, e deverá ser realizada na
modalidade de pregão, preferencialmente na forma eletrônica,
conforme determina o art. 4º do Decreto nº 5.450, de 31 de
maio de 2005.
PREGÃO NA ÁREA DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO
[...]
§ 4º A licitação do tipo técnica e preço será utilizada
exclusivamente para bens e serviços de informática e
automação de natureza predominantemente intelectual,
justificadamente, assim considerados quando a
especificação do objeto evidenciar que os bens ou
serviços demandados requerem individualização ou
inovação tecnológica, e possam apresentar diferentes
metodologias, tecnologias e níveis de qualidade e
desempenho, sendo necessário avaliar as vantagens e
desvantagens de cada solução.
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades na Casa da Moeda do Brasil, relacionadas ao Pregão
Presencial Internacional CMB 0010/16, do tipo menor preço global,
que tinha por objeto a “prestação de serviços técnicos
especializados para o Sistema de Controle e Rastreamento da
Produção de Cigarros (Scorpios) em âmbito nacional, incluindo:
service desk; data center; sistema supervisório; suporte técnico;
solução de automação; solução de autenticação; desenvolvimento
e manutenção de demandas evolutivas e corretivas do software
referente ao SGD-Scorpios; bem como a mão de obra necessária ao
cumprimento do objeto do contrato”. A representante argumentou
que o pregão presencial seria inaplicável ao caso, por não se tratar
de hipótese de contratação de bem ou serviço comum nos moldes
previstos pela legislação relativa à modalidade pregão. Sustentou
também que, em razão da complexidade do objeto licitado, que
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
envolve a integração de serviços distintos, havendo a possibilidade
de diversas tecnologias diferentes, a serem avaliadas sob o ponto de
vista técnico, deveria ser adotada a modalidade de concorrência, do
tipo técnica e preço. Ao analisar os argumentos da representante, a
unidade técnica ponderou que “assim como é certo tratar-se de
sistema com integração de diversos módulos de funcionamento,
bem como se tratar realmente do desenvolvimento de um software
para atendimento exclusivo à Casa da Moeda do Brasil, não se
pode deixar de apontar que o desenvolvimento de sistemas, apesar
da complexidade de sua execução, é tarefa realizada a partir de
técnicas padronizadas e usuais no mercado, ainda que cada
empresa detenha sua própria metodologia e arcabouço
tecnológico”. Registrou ainda que o TCU, por diversas vezes,
examinou contratações de empresas que deveriam desenvolver
softwares específicos para a contratante e não verificou ilegalidade
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
na escolha do pregão como modalidade licitatória. A unidade
técnica concluiu: “A bem da verdade, são as particularidades do
objeto a ser licitado que irão permitir ou impedir a adoção da
modalidade pregão. A Corte de Contas entende, então, que o
desenvolvimento e a manutenção de softwares não
necessariamente são objetos predominantemente intelectuais. Se
objetivamente definidos por meio de especificações usuais no
mercado, enquadram-se na categoria de bens/serviços comuns
prevista na legislação”, no que foi acompanhada pelo relator. Em
seu voto, ao deixar assente que “os padrões de desempenho e de
qualidade do objeto estão objetivamente definidos por meio de
especificações usuais no mercado, conforme detalhamento
constante no termo de referência”, o relator concluiu ter sido
“adequada a adoção da modalidade pregão, do tipo menor preço,
para a contratação do objeto pretendido pela CMB”. Ao final, o
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO

relator propôs e o Plenário decidiu considerar improcedente a


representação.

(Ministro-Relator Aroldo Cedraz)


ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 30ª PERGUNTA:
O desenvolvimento e a manutenção de
softwares enquadram-se na categoria de objetos
comuns prevista na Lei 10.520/2002 sempre que
possam ter seus padrões de desempenho e
qualidade objetivamente definidos no edital por
meio de especificações usuais no mercado,
devendo, nessa situação, ser licitados mediante
pregão (art. 9º, §§ 1º e 2º, do Decreto
7.174/2010).
ACÓRDÃO 1604/2017 – PLENÁRIO
31ª PERGUNTA:
A utilização do sistema de registro de preços
para contratação imediata de serviços continuados
e específicos, com quantitativos certos e
determinados, sem que haja parcelamento de
entregas do objeto, viola o art. 3º do Decreto
Federal 7.892/2013?
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado
nas seguintes hipóteses:
I- quando, pelas características do bem ou serviço,
houver necessidade de contratações frequentes;
II - quando for conveniente a aquisição de bens com
previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços
remunerados por unidade de medida ou em regime de
tarefa;
III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a
contratação de serviços para atendimento a mais de um
órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou
IV – quando, pela natureza do objeto, não for possível definir
previamente o quantitativo a ser demandado pela
Administração.
SRP PARA SERVIÇOS CONTÍNUOS
Jurisprudência do TCU:
"(...) é pacífico no âmbito desta Corte e do Judiciário
que o sistema de registro de preços, antes restrito a compras,
pode ser utilizado na contratação de prestação de serviços,
notadamente em face das modificações normativas
introduzidas pela Lei 10.520/2002.
Um dos impedimentos apontados pelas instâncias
precedentes para utilização do SRP para contratação de
serviços contínuos é a possibilidade de mensuração, no caso
concreto, dos quantitativos a serem contratados. Isso
resultaria em não enquadramento da situação de fato à
condição estabelecida no inciso IV do decreto normatizados
do sistema.
SRP PARA SERVIÇOS CONTÍNUOS
Para melhor compreensão do assunto, transcrevo o artigo 2º do Decreto
3.931/2001, que regula o SRP na esfera federal:
Art. 2º Será adotado, preferencialmente, o SRP nas seguintes
hipóteses:
I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade
de contratações frequentes;
II - quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de
entregas parceladas ou contratação de serviços necessários à Administração
para o desempenho de suas atribuições;
III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de
serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a programas
de governo; e
IV - quando pela natureza do objeto não for possível definir
previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração.
Uma das hipóteses delimitadas no citado dispositivo aduz que o SRP
deve ser preferencialmente adotado nos casos em que o montante a ser
contratado não puder ser definido antecipadamente.
SRP PARA SERVIÇOS CONTÍNUOS
É fato que os serviços de natureza continuada devem ser
objeto de programação tal que permita a definição prévia dos
quantitativos a serem contratados e, portanto, em regra não se
enquadram na exigência disposta no inciso IV transcrito acima.
Entretanto, não vejo óbices para que eventuais contratações
atendam a um dos demais incisos do referido dispositivo, pois a
subsunção da situação de fato a apenas uma dessas condições
pode tornar regular a utilização do sistema de registro de preços.
A proibição apenas em razão de não haver incerteza nos
quantitativos a serem contratados resultaria em interpretação tal
que condicionaria a adoção do registro de preços aos casos de
preenchimento cumulativo de todas as hipóteses elencadas no
artigo 2º do Decreto, o que considero limitar o SRP
excessivamente e extrapolar os limites legalmente estabelecidos.
SRP PARA SERVIÇOS CONTÍNUOS
(...) Outro embargo apontado como intransponível pelo Parquet é a
validade da ata de registro de preços, limitada a um ano pela Lei
8.666/1993. Não observo qualquer impedimento para utilização do SRP em
face da aludida limitação, já que, nos termos do § 1º do art. 4º do Decreto
3.931/2001, os contratos decorrentes do SRP terão sua vigência conforme
as disposições contidas nos instrumentos convocatórios e respectivos
contratos, obedecido o disposto no artigo 57 da Lei Geral de Licitações e
Contratos.
Dessa forma, firmados dentro da validade da ata de registro de preços,
os serviços de natureza continuada podem alcançar, regularmente, até 60
meses, ou mesmo 72 em casos excepcionais.
Importa esclarecer que, como bem consignou o MPTCU colacionando
doutrina atinente, os serviços de natureza continuada são definidos não
pelo prazo de sua prestação e nem pelo exame propriamente da atividade
desenvolvida pelos particulares, mas pela perenidade da necessidade
pública a ser satisfeita. Desde que obedeçam ao prazo legalmente
estabelecido, penso ser possível a utilização do sistema de registro de
preços para contratação de serviços de natureza continuada.
SRP PARA SERVIÇOS CONTÍNUOS
O SRP possui vantagens inerentes ao instituto que podem
resultar em significativos benefícios à Administração, motivo porque
considero que esta Corte deve deliberar no sentido da maior
ampliação possível de sua utilização, obviamente dentro dos limites
da legalidade e tendo sempre como foco o atendimento ao interesse
público.
(...) o cerne da discussão é não permitir o desvirtuamento do
sistema, ao invés de restringir sua utilização, que tem enormes
potenciais para conferir benefícios à sociedade.
(...) entendo mais alinhada com a normatização aplicável e com
o interesse público, a permissão de que o SRP seja utilizado para
contratação de serviços contínuos, desde que o termo de
convocação fixe os quantitativos máximos a serem contratados e
que o órgão gerenciador da ata controle as adesões posteriores para
que esses limites não sejam superados."
(Acórdão nº 1737/2012 - Plenário)
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Jurisprudência do TCU:
"(...) não se pode confundir entrega parcelada com entrega de
parcelas do produto, sendo que o presente caso em foco
enquadrar-se-ia nesta última condição, o que não permitiria a
utilização do SRP.
De fato, o Pregão Eletrônico 14/2013 não cuida de entrega
parcelada de um mesmo produto, porquanto o órgão aderente ou
participante, invariavelmente terá de modificar a solução
apresentada como padrão no SRP, dado que as particularidades
de cada Data-Center seriam diferentes.
(...) o objeto do certame é a construção de uma sala segura,
provida com equipamentos destinados a prover sistema de
infraestrutura de alta disponibilidade para rede e servidores do
centro telemático de dados e voz para atendimento a
equipamentos ativos e passivos.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Cuida-se, portanto, de um pacote fechado com a
prestação de serviços e o fornecimento de equipamentos.
Assim, não há como refutar a tese (...) de que órgãos aderentes
à Ata de Registro de Preços, em função de suas
peculiaridades, dificilmente contratariam o objeto tal qual
previsto no Pregão Eletrônico 14/2013.
Com efeito, ao modificar a quantidade (...) de Data-
Center ou ainda dos serviços relativos à construção da sala
segura, estar-se-ia diante da entrega de parcelas do produto,
o que não se subsome ao dispositivo invocado para
fundamentar o uso do SRP, que ampara a entrega parcelada
dos produtos.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Bastante elucidativo a respeito é o exemplo trazido pela Sefti
acerca do tema. Se no SRP é licitado o fornecimento de kits escolares
composto de determinada quantidade padronizada de lápis, borracha,
canetas etc. e os órgãos o demandam, em sucessivas aquisições, tal
qual está configurado, a hipótese é de entrega parcelada do produto.
Se ao contrário, os órgãos decidem alterar a quantidade dos materiais
que compõem o kit, como por exemplo diminuindo a quantidade de
canetas, estar-se-á diante da entrega de parcelas do produto.
O objeto do Pregão 14/2013 – Sala Segura composta de
diversos equipamentos – (...) dificilmente seria demandado da
maneira exata como configurada pelo CCOMGEX [Centro de
Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército]. Como visto na prática,
houve demandas de partes do objeto, o que indica a impossibilidade
de utilização do SRP dada a restrição contida no art. 3º, inciso II, do
Decreto 7.892/2013.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Ainda sobre esse aspecto, é importante destacar que a
jurisprudência do TCU consubstanciada no Acórdão 757/2015 –
Plenário, (...) é no sentido de que não é possível a aquisição
separada de itens de objeto adjudicado por preço global em
contratações realizadas por meio de SRP.
(...) As unidades especializadas analisaram, ainda, as
demais possibilidades previstas no art. 3º do Decreto
7.892/2013 em que o Sistema de Registro de Preços poderia ser
utilizado, quais sejam: i) necessidade de contratações frequentes
(inciso I); ii) conveniência de aquisição de bens ou contratação de
serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a
programas de governo (inciso III); e iii) impossibilidade de
definição prévia do quantitativo a ser demandado pela
Administração (inciso IV).
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
O inciso I não se aplicaria devido ao fato de a aquisição ser
singular, isto é, satisfeita com somente uma compra e fornecimento
dos competentes serviços.
Já o inciso III não se subsome ao caso em foco em função das
já mencionadas particularidades que cada órgão ou entidade aderente
teria para redimensionar o seu Data-Center – impossibilidade de
padronização do produto ofertado.
Por último, o inciso IV também não se justificaria pelo fato de o
objeto demandado tratar-se de uma sala segura em que o quantitativo
buscado pode ser previamente definido pela Administração. Mais uma
vez buscando a analogia com a situação dos kits escolares, tem-se a
situação em que a Administração sabe o que precisa – kits com
determinada configuração – mas não possui, com precisão, certeza
sobre a sua quantidade, dado que o número de matrículas na rede
pública pode oscilar em função de diversos fatores.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Como se vê, a contratação em foco, da maneira como
foi estruturada, indica que a utilização do SRP não foi bem
avaliada. Se há possibilidade de mudança nos quantitativos,
está-se diante, como já afirmei acima, de entrega de parcelas
do produto, e não de entrega parcelada, como seria permitido
pelo art. 3º, inciso II, do multicitado Decreto 7.892/2013.
No caso da sala segura, o órgão ou entidade já sabe de
antemão que necessita de uma, ou talvez, duas salas, não
estando albergada, portanto, a utilização do SRP.
Em síntese, as razões de justificativa apresentadas
pelos responsáveis não foram capazes de demonstrar a
adequação do uso do SRP no Pregão Eletrônico 14/2013."
(Acórdão nº 125/2016 – Plenário)
ACÓRDÃO 1604/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades na Prefeitura Municipal de Natal/RN, relacionadas ao
Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de
preços para contratação de pessoa jurídica especializada na prestação
de serviços de apoio operacional e administrativo, de natureza
contínua, visando suprir necessidades da Secretaria Municipal de
Saúde referentes ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu). Quanto à irregularidade consistente na “utilização indevida
do Sistema de Registro de Preços”, ao apreciar a alegação do
Secretário Municipal de Saúde de que “o motivo da escolha pelo SRP
teria sido o atendimento de demandas futuras e imprevisíveis”, a
unidade técnica ponderou que o simples fato de haver possibilidade
de aumento futuro da demanda pelos serviços “não justifica a
constituição de uma ata de registro de preços”. Segundo a unidade
instrutiva, o termo de referência do pregão “demonstra claramente
ACÓRDÃO 1604/2017 – PLENÁRIO
a quantidade de mão de obra a ser contratada para cada serviço a
ser prestado pela empresa contratada”, e o art. 65, § 1º, da Lei
8.666/1993 “faculta ao administrador público alterar
unilateralmente o contrato celebrado para acrescer ou suprimir em
até 25% os serviços contratados, o que representa uma margem
razoável”. E se houvesse necessidade de um aumento superior a
25% dos serviços previstos inicialmente no termo de referência,
“mostrar-se-ia mais coerente realizar uma nova licitação,
aumentando a competitividade e possibilitando a contratação de
outras empresas interessadas”. A unidade técnica concluiu então
que se tratava da “contratação imediata de serviços continuados e
específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo
parcelamento de entregas do objeto”, restando, portanto, indevida
a utilização do sistema de registro de preços. Em seu voto, o relator
acompanhou, no essencial, o entendimento da unidade instrutiva,
ACÓRDÃO 1604/2017 – PLENÁRIO
acrescentando a jurisprudência do TCU no sentido de que “a ata de
registro de preços se encerra ou com o término da sua vigência ou
com a contratação da totalidade do objeto nela registrado”,
invocando, para tanto, o Acórdão 113/2012 Plenário. Ao final, o relator
propôs e o Plenário decidiu considerar parcialmente procedente a
representação, expedindo determinação à Prefeitura Municipal de
Natal/RN que “se abstenha de praticar quaisquer atos tendentes a
novas contratações da empresa vencedora dos lotes licitados, bem
como de autorizar adesões à ata de registro de preços por outros
entes públicos, preservada tão somente a execução do Contrato
182/2016”, sem prejuízo de dar-lhe ciência de que a “utilização do
sistema de registro de preços para contratação imediata de serviços
continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados,
não havendo parcelamento de entregas do objeto”, viola o art. 3º do
Decreto 7.892/2013. (Ministro-Relator Vital do Rêgo)
ACÓRDÃO 1604/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 31ª PERGUNTA:
A utilização do sistema de registro de preços
para contratação imediata de serviços continuados
e específicos, com quantitativos certos e
determinados, sem que haja parcelamento de
entregas do objeto, viola o art. 3º do Decreto
7.892/2013.
ACÓRDÃO 1702/2017 – PLENÁRIO
32ª PERGUNTA:
Para efeito de enquadramento na definição
de microempresa ou empresa de pequeno porte a
que alude a Lei Complementar 123/2006, a receita
bruta a ser considerada é a referente à atividade
efetivamente exercida como fato gerador dos
tributos, não importando para tanto a natureza
jurídica da empresa ou a descrição de suas
atividades no cadastro de pessoas jurídicas?
CONCEITO DE MICROEMPRESA E EMPRESA
DE PEQUENO PORTE
Lei Complementar 123/2006:
Art. 3º (...) consideram-se microempresas ou empresas de pequeno
porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa
individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere
o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita
bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais);
e
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta
mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e
seiscentos mil reais). [R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos
mil reais), a partir de 1º de janeiro de 2018, com a entrada em vigor
da Lei Complementar 155/2016]
CONCEITO DE MICROEMPRESA E EMPRESA
DE PEQUENO PORTE
Lei Complementar 123/2006:
Art. 3º (...)
§ 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto
no caput deste artigo, o produto da venda de bens e
serviços nas operações de conta própria, o preço dos
serviços prestados e o resultado nas operações em
conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os
descontos incondicionais concedidos.
ACÓRDÃO 1702/2017 – PLENÁRIO
Pedido de reexame interposto por sociedade empresária
questionou o Acórdão 3203/2016-Plenário, mediante o qual o TCU
considerara procedente representação acerca de irregularidades
relacionadas a pregão eletrônico conduzido pelo Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão para a contratação de
serviços de agenciamento de viagens, decretando, ademais, a
inidoneidade da recorrente para participar de licitação na
Administração Pública Federal pelo período de seis meses. No mérito,
entendera o TCU que “os valores auferidos como receita bruta pela
[recorrente] não autorizavam sua participação no Pregão Eletrônico
2/2015, objeto desta representação, na condição de beneficiária do
Simples Nacional”. Isso porque a recorrente excluiu do cálculo da sua
receita bruta os valores utilizados para pagamentos de fornecedores
em contratos anteriores com o Ministério Público Federal (MPF),
tendo como objeto a contratação de empresa
ACÓRDÃO 1702/2017 – PLENÁRIO
especializada em prestação de serviços de hospedagem, organização
de eventos e serviços correlatos”. No feito em análise, alegou a
recorrente que sua opção pelo Simples Nacional estaria em
conformidade com a legislação e com as normas vigentes e
propugnou pela total improcedência da representação. Analisando o
mérito, com foco nas disposições das cláusulas dos contratos com o
MPF, endossou o relator as conclusões da resposta à consulta feita à
Receita Federal do Brasil (RFB), no sentido de que “a empresa
organizadora de eventos pode atuar de duas formas, cada uma delas
com efeito tributário diverso. Pode operar como intermediadora,
vendendo apenas seu serviço de agenciadora, ou seja, realizando a
organização do evento em sentido estrito, e, nesse caso, o preço de
seu serviço será apenas a comissão recebida, ou pode atuar como
organizadora de eventos em sentido amplo, ou seja, produzindo o
evento, adquirindo materiais e contratando fornecedores necessários
ACÓRDÃO 1702/2017 – PLENÁRIO
ao evento, em seu nome e por sua conta, e, nesse caso, o preço de
seu serviço será o total cobrado para a realização do evento,
mesmo que parte seja usada para pagar os fornecedores”. Partindo
desse pressuposto, anotou o relator que, no caso dos contratos com
o MPF, a recorrente “foi contratada para executar os serviços por
conta própria, empregando outras empresas para executarem
parcial ou totalmente o objeto do contrato, em seu nome e sob sua
inteira responsabilidade”. E mais: “no termo de contrato, não há
menção a agenciamento, intermediação, ou mero apoio à
organização dos eventos”. Assim, anotou o relator, a recorrente
“descumpriu cláusulas contratuais, com vistas a manter sistemática
de contabilização de suas receitas que permitisse sua classificação
como Empresa de Pequeno Porte, quando deveria ter contabilizado
toda a receita auferida como receita própria, incluída a quantia
usada para pagar os fornecedores”. Por fim, concluiu que “para
ACÓRDÃO 1702/2017 – PLENÁRIO

efeito de faturamento da empresa, não importa sua natureza


jurídica ou a descrição de suas atividades em seu cadastro de
pessoas jurídicas, mas, sim, a atividade exercida como fato gerador
dos tributos”. Nesses termos, acolheu o Plenário a proposta do
relator para negar provimento ao recurso, mantendo, nos exatos
termos, a decisão recorrida.

(Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues)


ACÓRDÃO 1702/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 32ª PERGUNTA:
Para efeito de enquadramento na definição
de microempresa ou empresa de pequeno porte a
que alude a LC 123/2006, a receita bruta a ser
considerada é a referente à atividade efetivamente
exercida como fato gerador dos tributos, não
importando para tanto a natureza jurídica da
empresa ou a descrição de suas atividades no
cadastro de pessoas jurídicas.
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
33ª PERGUNTA:
Há amparo legal em cláusula do edital que
permita tão somente a participação de empresas
reunidas sob a forma de consórcio, excluindo assim
a participação de licitantes não consorciados?
PARTICIPAÇÃO DE CONSÓRCIO

Lei 8.666/1993:
Art. 33. Quando permitida na licitação a
participação de empresas em consórcio,
observar-se-ão as seguintes normas: (...).
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), relacionadas aos Pregões Eletrônicos
39/2017 e 40/2017, destinados à contratação de serviços técnicos
necessários à estruturação de projeto de parceria público-privada
relativo à “modernização, eficientização, expansão, operação e
manutenção da infraestrutura de rede de iluminação” nos
Municípios de Teresina/PI e Porto Alegre/RS, respectivamente. Entre
as irregularidades apontadas, estava a “obrigatoriedade de
constituição de consórcio com escritório de advocacia, sem que
ficasse esclarecido o motivo pelo qual o BNDES não optou pelo
fracionamento do objeto licitado, efetivando a contratação das
atividades de assessoria jurídica por intermédio de outra licitação”.
Em sede de oitiva, o BNDES ressaltou que os serviços jurídicos “são
indissociáveis dos demais que compõem o objeto licitado, e, por isso,
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
não podem ser contratados em separado, sob pena de prejuízos
técnicos e financeiros para o BNDES”. Após analisar os argumentos
aduzidos pelo Banco, a unidade técnica concluiu que a exigência de
formação de consórcio em nada afetaria a competitividade do
certame, além de estar, segundo ela, de acordo com a jurisprudência
do TCU. Em seu voto, o relator concordou que a previsão de
participação de consórcio em licitações não afeta, de fato, a
competitividade do certame, pois busca justamente “ampliar a
competição em licitações e situa-se no âmbito do poder
discricionário da Administração contratante, devendo ser justificada
pelo gestor quando adotada, conforme firme entendimento desta
Corte de Contas”. Todavia, entendeu que não restou justificado o
porquê de os editais dos Pregões Eletrônicos 39/2017 e 40/2017 não
preverem a participação de potenciais licitantes não consorciados,
ou seja, permitirem tão somente a participação exclusiva e
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
obrigatória de empresas reunidas sob a forma de consórcio. Para o
relator, “a essência do art. 33 da Lei 8.666/1993 se consubstancia
justamente no aumento da competitividade do certame, a partir da
possibilidade da participação de empresas em consórcios”. Nesse
sentido, “alijar da licitação eventuais empresas que,
individualmente, teriam condições de cumprir o objeto a ser
contratado, contraria frontalmente o mens legis do dispositivo
mencionado”. Em que pese considerar “descabida” a cláusula
exigindo que apenas empresas consorciadas participassem do
certame, o relator concluiu que os pregões não foram impactados
por tal exigência, haja vista o número de interessados em cada um
dos certames (catorze propostas válidas) e a intensa disputa de
preços neles observada. Ao final, o relator propôs e o Plenário
decidiu considerar improcedente a representação, sem prejuízo de
determinar ao BNDES que, nas próximas licitações, “abstenha-se de
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO

prever em cláusulas editalícias tão somente a participação única,


exclusiva e obrigatória de empresas em consórcio, pois pode
prejudicar a competitividade da licitação, em desacordo com o art.
37, inciso XXI, da Constituição Federal, e com o art. 3º, § 1º, inciso I,
da Lei 8.666/1993”.

(Ministro-Relator Vital do Rêgo)


ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 33ª PERGUNTA:
A decisão da Administração de permitir a
participação de empresas sob a forma de consórcio
nas licitações deve ser devidamente motivada e
não deve implicar a proibição da participação de
empresas que, individualmente, possam cumprir o
objeto a ser contratado, sob pena de restrição à
competitividade.
ACÓRDÃO 1893/2017 – PLENÁRIO
34ª PERGUNTA:
É possível a utilização da ata de registro de
preços por quaisquer interessados – incluindo o
próprio gerenciador, os órgãos participantes e
eventuais “caronas” – para aquisição separada de
itens de objeto adjudicado por preço global de lote
ou grupo para os quais o fornecedor convocado
para assinar a ata não tenha apresentado o menor
preço na licitação?
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Jurisprudência do TCU:
"A adoção do critério de julgamento de menor preço por
lote somente deve ser adotado quando for demonstrada
inviabilidade de promover a adjudicação por item e
evidenciadas fortes razões que demonstrem ser esse o
critério que conduzirá a contratações economicamente mais
vantajosas. Na licitação por menor preço global do lote, a
vantajosidade para a Administração somente se concretiza
na medida em que for adquirido do licitante o lote integral
dos itens, pois o preço é resultante da multiplicação de
preços dos bens licitados pelas quantidades estimadas.
Configura dano ao erário a compra de itens cujos preços
registrados não são os menores ofertados na disputa."
(Acórdão nº 4205/2014 – Primeira Câmara)
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
Jurisprudência do TCU:
"Trata-se da observação sobre a oferta vencedora, que, embora
tenha apresentado o melhor preço global, conta com preço unitário
mais vantajoso em somente 11 (34,35%) dos 32 itens da licitação.
(...) o critério de julgamento adotado no Pregão Eletrônico
28/2014 [‘Registro de Preços para Contratação de solução de
infraestrutura de servidores de rede, contemplando o fornecimento
de gabinetes (chassis), de servidores de rede em lâminas (blade) e de
softwares de virtualização’], qual seja, o de menor preço global, com
adjudicação por lote, em detrimento por item licitado, possibilita
eventual opção por itens de valor superior aos melhores lances
apresentados.
(...) a adoção de licitação por lotes, como no presente caso,
representa potencial prejuízo ao erário decorrente de possível
adesão por item acima do menor valor ofertado.
CONDIÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO SRP
[9.2 determinar (...) ao Comando da 8ª Região Militar que:
9.2.1 não adquira, individualmente, os itens do Lote 2, que não
forem adjudicados pelo melhor lance, quais sejam, os itens 18, 19,
21, 22, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31 e 32 da ata de registro de preços
resultante do Pregão Eletrônico 28/2014;
9.2.2 abstenha-se de autorizar a adesão à ata de registro de preços
do Pregão Eletrônico 28/2014, referente aos itens do Lote 2, na
forma determinada no item 9.2.1;
9.3 dar ciência ao Comando da 8ª Região Militar que a adoção do
critério de julgamento de menor preço por lote, como o verificado
no Pregão Eletrônico 28/2014, somente deve ser adotado quando
for demonstrada inviabilidade de promover a adjudicação por item
e evidenciadas fortes razões que demonstrem ser esse o critério que
conduzirá a contratações economicamente mais vantajosas;]"
(Acórdão nº 1680/2015 – Plenário)
ACÓRDÃO 1893/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades no Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit/Sede) relacionadas ao Pregão Eletrônico 448/2016,
que objetivava o registro de preços para aquisição de mobiliário,
incluindo fornecimento, montagem e instalação. O objeto do
certame fora divido em dois grupos, sendo o primeiro composto de
mesas, armários, divisórias e outros, ao passo que o segundo fora
constituído de cadeiras, poltronas e sofás. Entre as irregularidades
apontadas, estava a “permissão de adesão à ata para aquisição de
itens, isoladamente, por outros órgãos não participantes”. Em seu
voto, o relator ressaltou que o agrupamento de itens em lotes
frequentemente resulta na adjudicação de diversos produtos por
valores superiores aos que teriam sido obtidos caso os mesmos itens
fossem licitados separadamente. Para o relator, o critério do menor
preço por lote com itens agrupados geralmente acarreta o descarte
ACÓRDÃO 1893/2017 – PLENÁRIO
de lances individuais mais vantajosos para a Administração. A
corroborar seu entendimento, o relator trouxe à colação excertos da
proposta de deliberação que fundamentou o Acórdão 2977/2012
Plenário, nos seguintes termos: “A adjudicação por grupo, em
licitação para registro de preços, sem robustas, fundadas e
demonstradas razões (fáticas e argumentativas) que a sustente,
revela-se sem sentido quando se atenta para o evidente fato de que
a Administração não está obrigada a contratar a composição do
grupo a cada contrato, podendo adquirir isoladamente cada item, no
momento e na quantidade que desejar. Essa modelagem torna-se
potencialmente mais danosa ao erário na medida em que diversos
outros órgãos e entidade podem aderir a uma ata cujos preços não
refletem os menores preços obtidos na disputa por item. Em registro
de preços, a realização de licitação utilizando-se como critério de
julgamento o menor preço global por grupo/lote leva, vis à vis a
ACÓRDÃO 1893/2017 – PLENÁRIO
adjudicação por item, a flagrantes contratações antieconômicas e
dano ao erário, potencializado pelas possibilidades de adesões,
uma vez que, como reiteradamente se observa, itens são ofertados
pelo vencedor do grupo a preços superiores aos propostos por
outros competidores.”. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu
considerar parcialmente procedente a representação, sem prejuízo
de determinar ao Dnit/Sede que se abstenha de “autorizar a
utilização da ata de registro de preços por quaisquer interessados
(incluindo o próprio órgão gerenciador, os órgãos participantes e
eventuais caronas - caso tenha sido prevista a adesão para órgãos
não participantes) para aquisição separada de itens de objeto
adjudicado por preço global de lote/grupo para os quais o
fornecedor convocado para assinar a ata não tenha apresentado o
menor preço no pregão eletrônico SRP 448/2016”.
(Ministro-Relator Bruno Dantas)
ACÓRDÃO 1893/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 34ª PERGUNTA:
É indevida a utilização da ata de registro de
preços por quaisquer interessados – incluindo o
próprio gerenciador, os órgãos participantes e
eventuais caronas, caso tenha sido prevista a
adesão para órgãos não participantes – para
aquisição separada de itens de objeto adjudicado
por preço global de lote ou grupo para os quais o
fornecedor convocado para assinar a ata não tenha
apresentado o menor preço na licitação.
ACÓRDÃO 2033/2017 – PLENÁRIO
35ª PERGUNTA:
Mesmo com a edição da Lei 13.303/2016, as
empresas estatais exploradoras de atividade
econômica estão dispensadas de licitar a prestação
de serviços relacionados com seus respectivos
objetos sociais?
ALCANCE
Lei 13.303/2016 (LRE):
Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à
prestação de serviços às empresas públicas e às
sociedades de economia mista, inclusive de engenharia
e de publicidade, à aquisição e à locação de bens, à
alienação de bens e ativos integrantes do respectivo
patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a
esse patrimônio (...) serão precedidos de licitação nos
termos desta Lei, ressalvadas as hipóteses previstas nos
arts. 29 e 30.
ALCANCE

Lei 13.303/2016 (LRE):


Art. 28. (...)
§ 3º São as empresas públicas e as sociedades de
economia mista dispensadas da observância dos
dispositivos deste Capítulo nas seguintes situações:
I - comercialização, prestação ou execução, de forma
direta, pelas empresas mencionadas no caput, de
produtos, serviços ou obras especificamente
relacionados com seus respectivos objetos sociais;
ACÓRDÃO 2033/2017 – PLENÁRIO
Denúncia formulada ao TCU apontou possíveis irregularidades
na Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás), relacionadas à minuta
do Edital de Chamamento Público 1/2017, que visa selecionar
empresa para comercializar a capacidade satelital em banda Ka do
Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas
(SGDC). Os denunciantes alegaram que a versão preliminar do edital
não continha estimativa de preço, em afronta ao disposto no art. 7º,
§ 2º, da Lei 8.666/1993, que condiciona o procedimento licitatório à
existência de “orçamento detalhado em planilhas que expressem a
composição de todos os custos unitários”. A seguir, argumentaram que
a Lei 12.462/2011, que instituiu o Regime Diferenciado de
Contratações Públicas, exige a divulgação do preço mínimo quando
for adotado o critério de julgamento com base na maior oferta.
Ademais, defenderam que a comercialização do SGDC não
configuraria um produto ou serviço relacionado com os
ACÓRDÃO 2033/2017 – PLENÁRIO
objetos sociais da Telebrás, razão por que a comercialização da
infraestrutura de telecomunicações não se enquadraria na exceção
contida no art. 28, § 3º, da Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais). Em
seu voto, o relator assinalou que, ao contrário do que fora
sustentado pelos denunciantes, nem a Lei 8.666/1993 nem a Lei
12.462/2011 serviram de base para o referido chamamento público.
O procedimento fora adotado com respaldo no art. 28, § 3º, inciso
I, da Lei 13.303/2016, segundo o qual as empresas estatais estão
dispensadas de licitar a prestação de serviços relacionados com seus
respectivos objetos sociais. E ao prover a infraestrutura de
telecomunicação, a Telebrás estaria a atuar diretamente no domínio
econômico, conforme preceitua o art. 173 da Constituição Federal,
exercendo atividades finalísticas que lhe cabem por força de seu
estatuto. Nesse sentido, o procedimento de chamamento público
sob comento não configuraria um procedimento licitatório. Na
ACÓRDÃO 2033/2017 – PLENÁRIO
verdade, trata-se de um “mecanismo elaborado pela empresa com
o fito de, em atenção aos princípios que regem a atuação da
Administração Pública, conferir lisura e transparência ao processo,
não se vinculando à Lei Geral de Licitações nem a qualquer outro
diploma semelhante”. E arrematou: “embora realizando atividade
finalística própria de seu objeto social, a Telebrás não detém uma
discricionariedade irrestrita para escolher quem quiser, mesmo
sendo dispensável a licitação. Ao contrário, deve ser realizado um
processo competitivo isonômico, impessoal e transparente, com
observância dos princípios constitucionais”. Em conformidade com
esse entendimento, teria então a Telebrás decidido realizar um
chamamento público, precedido por uma audiência pública, com o
objetivo de “expor à sociedade os mecanismos adotados para
selecionar parceiros para atender aos usuários finais dos serviços
de telecomunicações”. Por derradeiro, o relator esclareceu que, no
ACÓRDÃO 2033/2017 – PLENÁRIO

exercício de suas competências discricionárias e visando obter o


maior valor possível pela cessão temporária do direito de uso de
capacidade satelital, a Diretoria da Telebrás e o Conselho de
Administração da empresa determinaram o estabelecimento de um
preço de reserva, chamado na denúncia de preço mínimo, valor que
será mantido em sigilo até o momento em que for declarado o
vencedor do certame, com o intuito de dificultar possíveis
combinações de preços entre os participantes do chamamento
público. Ao final, o relator propôs e o Plenário decidiu considerar
improcedente a denúncia.

(Ministro-Relator Benjamin Zymler)


ACÓRDÃO 2033/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 35ª PERGUNTA:
Embora as empresas estatais estejam
dispensadas de licitar a prestação de serviços
relacionados com seus respectivos objetos sociais
(art. 28, § 3º, inciso I, da Lei 13.303/2016), devem
conferir lisura e transparência a essas contratações,
em atenção aos princípios que regem a atuação da
Administração Pública, selecionando seus parceiros
por meio de processo competitivo, isonômico,
impessoal e transparente.
ACÓRDÃO 2020/2017 – PLENÁRIO
36ª PERGUNTA:
Licitação que tenha por objeto a locação de
bem imóvel juntamente com serviços de segurança,
manutenção, limpeza e conservação (solução
imobiliária completa), contidos na taxa
condominial, representa violação ao art. 23, § 1º,
da Lei 8.666/1993 (regra do parcelamento do
objeto)?
PARCELAMENTO DO OBJETO
Lei 8.666/1993:
Art. 23. (...)
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela
administração serão divididas em tantas parcelas
quantas se comprovarem técnica e economicamente
viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e
à ampliação da competitividade, sem perda da
economia de escala.
ACÓRDÃO 2020/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada por licitante questionou
concorrência promovida pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), destinada à locação de
bem imóvel para abrigar sua sede em Brasília/DF, conforme
detalhamento constante do projeto básico integrante do
instrumento convocatório. Entre outras possíveis irregularidades,
apontou a representante “inobservância ao parcelamento do
objeto, uma vez que a licitação tem como objeto a locação de
imóvel, com diversas obrigações acessórias, não relacionadas à
atividade imobiliária, sem a comprovação da vantajosidade sobre a
contratação parcelada, restringindo o caráter competitivo do
certame, em desacordo com o art. 37, caput, da Constituição Federal
(CF), bem como com a Lei 8.666/1993”. Analisando o mérito, após as
oitivas regimentais e a suspensão cautelar da licitação, registrou o
relator, consoante jurisprudência do TCU, que “a disposição do art.
ACÓRDÃO 2020/2017 – PLENÁRIO
23, § 1º, da Lei 8.666/1993 não traz uma regra absoluta pelo
parcelamento ou não do objeto, devendo ser avaliado, caso a caso,
se o parcelamento é benéfico ou não para a administração”. No caso
concreto, prosseguiu, “as alegações referentes à obrigatoriedade do
parcelamento e a consequente restrição a competitividade não
merecem prosperar”. É que o ICMBio procurava “não apenas um
imóvel para instalação de sua sede, o qual posteriormente, irá
adaptar e prover, por si, os serviços necessários à segurança,
conservação e manutenção, mas uma solução imobiliária completa,
plenamente adaptada as suas necessidades e com suprimento dos
serviços de segurança, conservação e manutenção pelo locador”. No
que respeita à economicidade da modalidade de contratação
proposta, anotou o relator que consta dos autos informação técnica
dando conta de que seu custo seria significativamente inferior ao do
atual contrato. Quanto à competitividade da licitação, restou
ACÓRDÃO 2020/2017 – PLENÁRIO
evidenciada a participação de oito empresas no certame, que
ofertaram seis imóveis na configuração proposta, afastando
qualquer alegação de restrição ao caráter competitivo do certame.
Ademais, lembrou o relator que o atual contrato já comporta
configuração similar à adotada na licitação em curso, com pequenas
variações. Nada obstante, fez registrar o relator que o projeto básico
da concorrência não atende aos requisitos do inciso IX do art. 6º da
Lei 8.666/1993, por não trazer “todos os elementos necessários e
suficientes para se avaliar com precisão o custo da prestação
desses serviços e seu impacto na taxa condominial”. Nesses termos,
e considerando a informação de que o ICMBio prorrogara a vigência
do atual contrato de locação de sua sede por mais sessenta meses,
julgou o Plenário parcialmente procedente a representação,
revogando a medida cautelar concedida, e determinando ao ICMBio
que “na hipótese de dar continuidade à concorrência 1/2016, com
ACÓRDÃO 2020/2017 – PLENÁRIO

fundamento no art. 21, § 4º, da Lei 8.666/1993, republique o


edital contendo as especificações referentes aos serviços
condominiais a serem prestados pelo locador, nos termos do art. 15
da IN MPOG 2/2008”.

(Ministro-Relator Weder de Oliveira)


ACÓRDÃO 2020/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 36ª PERGUNTA:
Licitação que tenha por objeto a locação de
bem imóvel juntamente com serviços de segurança,
manutenção, limpeza e conservação (solução
imobiliária completa), contidos na taxa
condominial, não representa, por si só, violação ao
art. 23, § 1º, da Lei 8.666/1993, haja vista que
esse dispositivo não traz regra absoluta, devendo
ser avaliado, caso a caso, se o parcelamento é
vantajoso ou não para a Administração.
ACÓRDÃO 2059/2017 – PLENÁRIO
37ª PERGUNTA:
A que se destinam as provas de conceito? Elas
podem ser utilizadas na fase interna da licitação
(planejamento da contratação)?
APRESENTAÇÃO DE AMOSTRA
Lei 8.666/1993:
Art. 43. A licitação será processada e julgada com
observância dos seguintes procedimentos: (...)
IV - verificação da conformidade de cada proposta
com os requisitos do edital e, conforme o caso, com
os preços correntes no mercado ou fixados por
órgão oficial competente (...);
APRESENTAÇÃO DE AMOSTRA
Jurisprudência do TCU:
"A exigência de amostras, na fase de habilitação, ou de
classificação, feita a todos os licitantes, além de ilegal, poderia
ser pouco razoável, porquanto imporia ônus que, a depender
do objeto, seria excessivo a todos os licitantes, encarecendo o
custo de participação na licitação e desestimulando a presença
de potenciais licitantes.
(...) Não viola a Lei 8.666/93 a exigência, na fase de
classificação, de fornecimento de amostra pelo licitante que
estiver provisoriamente em primeiro lugar, a fim de que a
Administração possa, antes de adjudicar o objeto e celebrar o
contrato, assegurar-se de que o objeto proposto pelo licitante
conforma-se de fato às exigências estabelecidas no edital."
(Decisão nº 1237/2002 – Plenário)
APRESENTAÇÃO DE AMOSTRA
Jurisprudência do TCU:
"(...) uma vez não prejudicada a celeridade que
norteia o pregão, não vejo óbices à exigência de
apresentação de amostras dos bens a serem
adquiridos, desde que o encargo seja imposto,
após a fase de lances, ao licitante classificado
provisoriamente em primeiro lugar, segundo
jurisprudência desta Corte, consubstanciada, por
exemplo, no Acórdão 1.182/2007 - Plenário."
(Acórdão nº 1634/2007 – Plenário)
ACÓRDÃO 2059/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades no Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão (MP), relacionadas ao Pregão Eletrônico 18/2016, cujo objeto
era o “registro de preços para contratação da plataforma
OutSystems, compreendendo fornecimento e locação de licença de
software, suporte técnico, treinamento e serviço de mentoria”. Entre
as irregularidades apontadas, estava a realização de prova de
conceito para que os órgãos contratantes (gerenciador e
participantes) avaliassem, na fase interna da licitação, as
funcionalidades tão somente da plataforma Outsystems e, dessa
forma, formulassem requisitos funcionais supostamente
convergentes com seus objetivos de negócio. Instado a se manifestar
em sede de oitiva prévia, o MP assinalou que a prova de conceito
intentava, na verdade, avaliar as soluções disponíveis no mercado e
fomentar a escolha da melhor plataforma para os órgãos envolvidos
ACÓRDÃO 2059/2017 – PLENÁRIO
no pregão em comento. Em seu voto, o relator destacou que “prova
de conceito (proof of concept - PoC), segundo entendimento
consignado na citada nota técnica, é um termo utilizado para
denominar um modelo prático que possa provar o conceito (teórico)
estabelecido por uma pesquisa ou artigo técnico. Pode ser
considerada também uma implementação, em geral resumida ou
incompleta, de um método ou de uma ideia, realizada com o propósito
de verificar se o conceito ou a teoria em questão é suscetível de ser
explorado de uma maneira útil. Essa definição em nada inova. Ao
contrário, alinha-se ao entendimento majoritário de que as provas de
conceito geralmente servem para demonstrar se a ferramenta
submetida à avaliação – avaliação esta que sempre deve ser objetiva
- contempla requisitos previamente estipulados, necessários ao
atingimento dos objetivos de negócio pretendidos pelos órgãos
contratantes”. Ressaltou, ainda, não haver óbices legais
ACÓRDÃO 2059/2017 – PLENÁRIO
para que a Administração conheça novas soluções, principalmente
na área de tecnologia da informação, entretanto, no caso em
apreciação, a unidade técnica identificou que o processo
administrativo destinado à contratação da solução não possuía
roteiros, planos ou mesmo critérios aplicáveis à avaliação das
plataformas, não havendo, assim, garantias de que os exames da
plataforma OutSystems se deram de forma objetiva e alinharam-se
aos princípios da impessoalidade e da isonomia. De acordo com o
relator, “era imprescindível uma avaliação mais apurada das
soluções disponíveis para serem contemplados, em termos técnicos e
econômicos, os anseios de todos aqueles que integram o Pregão MP
18/2016”. Para ele, na situação concreta, “não há demonstração
inequívoca de que isso ocorreu”. Especificamente quanto ao suposto
direcionamento da licitação, o relator se reportou à constatação da
unidade técnica de que os requisitos formulados retratavam as
ACÓRDÃO 2059/2017 – PLENÁRIO
funcionalidades da plataforma Outsystems e que, dessa maneira,
“inequivocamente conduziriam à sua escolha”. Para o relator, “a
constatação de que foram criados inúmeros requisitos que não
continham correlação com as condições de negócio dos órgãos
participantes, acrescida à percepção de que os requisitos
apresentados retratavam as funcionalidades da plataforma
OutSystems, evidencia que o [MP], desde o início dos procedimentos
que culminaram no Pregão Eletrônico 18/2016, buscava
fundamentar a contratação daquela plataforma”. Ao final, o relator
propôs e o Plenário decidiu considerar procedente a representação e
assinar prazo para que o MP “proceda à anulação do Pregão
Eletrônico para Registro de Preços 18/2016”, sem prejuízo de expedir
determinação ao órgão para que, “no procedimento destinado à
elaboração e à identificação de requisitos técnicos, abstenha-se de
identificá-los em prova de conceito realizada na fase
ACÓRDÃO 2059/2017 – PLENÁRIO

preparatória dos certames e, em homenagem aos princípios da


impessoalidade e da isonomia, promova o exame de outras
plataformas disponíveis no mercado”.

(Ministro-Relator Benjamin Zymler)


ACÓRDÃO 2059/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 37ª PERGUNTA:
Provas de conceito não devem ser utilizadas
na fase interna da licitação (planejamento da
contratação), uma vez que não se prestam a
escolher solução de TI e a elaborar requisitos
técnicos, mas a avaliar, na fase externa, se a
ferramenta ofertada no certame atende às
especificações técnicas definidas no projeto básico
ou no termo de referência.
ACÓRDÃO 2212/2017 – PLENÁRIO
38ª PERGUNTA:
Em certame licitatório para a contratação de
serviços de gerenciamento, controle e
fornecimento de combustíveis por meio de sistema
informatizado, é legal a exigência de comprovação
de rede credenciada na fase de habilitação técnica?
COMPROVAÇÃO DE REDE CREDENCIADA
O momento adequado para a exigência de comprovação
de rede credenciada não é a fase de habilitação, mas sim a de
contratação, concedendo-se ao licitante vencedor prazo razoável
para tanto, de forma a garantir uma boa prestação do serviço,
sem causar prejuízo à competitividade do certame.
Acórdão 212/2014-Plenário | Relator: AUGUSTO SHERMAN
Nas licitações para fornecimento de vale refeição, o momento
adequado para exigir a apresentação da rede de
estabelecimentos credenciados é na contratação, concedendo-se
ao licitante vencedor prazo adequado para realizar o
credenciamento, sendo ilegal estabelecer tal exigência como
critério de habilitação técnica.
Acórdão 1718/2013-Plenário | Relator: AUGUSTO SHERMAN
ACÓRDÃO 2212/2017 – PLENÁRIO
O TCU apreciou representação a respeito de suposta
irregularidade relacionada a critérios de qualificação técnica no
Pregão Eletrônico 3/2017, promovido pelo 17º Grupo de Artilharia
de Campanha do Comando do Exército (17º GAC), sediado em Natal
(RN), que teve como objeto a eventual contratação de serviços de
gerenciamento, controle e fornecimento de combustíveis por meio
de sistema informatizado. A empresa representante alegou ser
irregular a exigência de que, na fase de habilitação, os licitantes
dispusessem de rede credenciada nas áreas em que os serviços
seriam prestados, conforme contido no termo de referência do
certame. O relator, ao analisar o feito, asseverou que “a
jurisprudência do TCU é no sentido de que o credenciamento só é
exigível após a contratação, não podendo ser demandado como
critério de habilitação dos licitantes por constituir ônus financeiro e
operacional desarrazoado para empresas competidoras”. E concluiu,
ACÓRDÃO 2212/2017 – PLENÁRIO
seguindo essa linha jurisprudencial, que a “obrigatoriedade de
apresentação pelos licitantes, ainda na fase de habilitação técnica,
de relação de postos de combustíveis, acarreta ônus desnecessário
ao licitante e, em consequência, restringe indevidamente a
competitividade da licitação, sendo, portanto, exigência irregular”.
Ao final, o Colegiado, anuindo à proposição do relator, conheceu da
representação, considerou-a procedente e, entre outras medidas,
determinou ao 17º GAC que, “adote, no prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da ciência desta deliberação, as medidas necessárias com
vistas à anulação do Pregão Eletrônico 3/2017”, e deu ciência ao
órgão de que, “na contratação de serviço de gerenciamento,
controle e fornecimento de combustíveis, a exigência de
comprovação de rede credenciada na fase de habilitação afronta o
art. 9º da Lei 10.520/2002 c/c o art. 3º, § 1º, caput e inciso I, da
Lei 8.666/1993”. (Ministro-Relator Marcos Bemquerer)
ACÓRDÃO 2212/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 38ª PERGUNTA:
Em certame licitatório para a contratação de
serviço de gerenciamento, controle e fornecimento
de combustíveis, é irregular a exigência de
comprovação de rede credenciada na fase de
habilitação, porquanto acarreta ônus desnecessário
ao licitante e, em consequência, restringe
indevidamente a competitividade da licitação.
ACÓRDÃO 1134/2017 – 2ª CÂMARA
39ª PERGUNTA:
A licitação conjunta de equipamentos e dos
respectivos serviços de instalação, por ser exceção
à regra geral do parcelamento, exige do órgão
contratante a demonstração, por meio de estudos
preliminares, de que aquisição conjunta seria
efetivamente a mais adequada em termos técnicos
e econômicos?
PARCELAMENTO DO OBJETO
Lei 8.666/1993:
Art. 23. (...)
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela
administração serão divididas em tantas parcelas
quantas se comprovarem técnica e economicamente
viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e
à ampliação da competitividade, sem perda da
economia de escala.
PARCELAMENTO DO OBJETO
Jurisprudência do TCU:
"9.3. determinar à Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais - CPRM - Residência de Porto Velho
(CNPJ 00.091.652/0012-31) que em futuras licitações,
em respeito aos princípios da competitividade e da
isonomia, não inclua no mesmo lote da licitação
produtos que comumente são
produzidos/desenvolvidos e comercializados por
fornecedores distintos."
(Acórdão nº 964/2013 – Plenário)
PARCELAMENTO X FRACIONAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"9.5. esclarecer à Universidade Federal de Campina
Grande que, em licitações destinadas à execução de
obras, via de regra deve-se evitar que no objeto
licitado, a exemplo do que foi feito na Tomada de Preços
01/2006, seja inserida a aquisição de aparelhos de ar
condicionado ou outros equipamentos, os quais devem
ser licitados separadamente, salvo se tal espécie de
contratação conjunta, além estar aderente às leis e
normativos em vigor, contar com prévia e
fundamentada justificativa para a escolha;"
(Acórdão nº 266/2014 – Segunda Câmara)
PARCELAMENTO DO OBJETO
Súmula 247 do TCU:
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e
não por preço global, nos editais das licitações para a
contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo
objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para o
conjunto ou complexo ou perda de economia de escala,
tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação
de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para
a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do
objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades
autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-
se a essa divisibilidade.
PARCELAMENTO DO OBJETO
Jurisprudência do TCU:
"A representante mencionou, como reforço à sua
pretensão, a Súmula-TCU n° 247, que diz acerca da
obrigatoriedade da adjudicação por itens. A atenta leitura
da Súmula, contudo, demonstra que a adjudicação ‘por
itens’, nela defendida, está posta como contraponto à
adjudicação ‘por preço global’. O que pretendeu, então,
estabelecer a Súmula-TCU n° 247, foi consolidar o
entendimento prevalecente nesta Casa, no sentido de
que é condenável a adjudicação por preço global, por
representar, no geral, restrição à competitividade. Não
teve a referida Súmula a pretensão de condenar a
adjudicação por lotes, tanto assim que eles sequer foram
mencionados.
PARCELAMENTO DO OBJETO
Nessa esteira, não se pode pretender conferir
interpretação à lei que seja contrária aos princípios da
razoabilidade e da economicidade. No caso concreto que se
examina, a adjudicação por itens, nos termos defendidos pela
representante, implicaria na necessidade de publicação de
415 Atas de Registro de Preços diferentes, com indubitável
custo administrativo para sua formalização, publicação e
gerenciamento. A divisão do objeto em lotes, na forma
realizada, deverá resultar na publicação de apenas 15 Atas de
Registro de Preços, conforme informou o Pregoeiro.
Assim, e considerando que os lotes são compostos por
itens de uma mesma natureza, não vislumbro qualquer
irregularidade."
(Acórdão nº 5260/2011 – Primeira Câmara)
ACÓRDÃO 1134/2017 – 2ª CÂMARA
RESPOSTA À 39ª PERGUNTA:
A licitação conjunta de equipamentos e dos
respectivos serviços de instalação, por ser exceção
à regra geral do parcelamento, exige do órgão
contratante a demonstração, por meio de estudos
preliminares, de que a segregação da compra traria
prejuízos aos fins pretendidos e de que a aquisição
conjunta seria efetivamente a mais adequada em
termos técnicos e econômicos.

(Ministro-Relator André de Carvalho)


ACÓRDÃO 212/2017 – PLENÁRIO
40ª PERGUNTA:
Mesmo sendo imprescindível a vistoria ao
local da prestação dos serviços, deverá o edital
prever a possibilidade de substituição do atestado
de visita técnica por declaração do responsável
técnico da licitante de que possui pleno
conhecimento do objeto, das condições e das
peculiaridades inerentes à natureza dos trabalhos?
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)

Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação
técnica limitar-se-á a: (...)
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de
que tomou conhecimento de todas as informações
e das condições locais para o cumprimento das
obrigações objeto da licitação;
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
Jurisprudência do TCU:
"9.2. dar ciência ao Município de Itapé/BA de que:
9.2.1. a vistoria ao local das obras somente deve
ser exigida quando for imprescindível ao cumprimento
adequado das obrigações contratuais, o que deve ser
justificado e demonstrado pela Administração no
processo de licitação, devendo o edital prever a
possibilidade de substituição do atestado de visita
técnica por declaração do responsável técnico de que
possui pleno conhecimento do objeto (...);"
(Acórdão nº 1447/2015 – Plenário)
ACÓRDÃO 212/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 40ª PERGUNTA:
A vistoria ao local da prestação dos serviços
somente deve ser exigida quando imprescindível,
devendo, mesmo nesses casos, o edital prever a
possibilidade de substituição do atestado de visita
técnica por declaração do responsável técnico da
licitante de que possui pleno conhecimento do
objeto, das condições e das peculiaridades
inerentes à natureza dos trabalhos.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 557/2017 – PLENÁRIO
41ª PERGUNTA:
A divergência entre os salários estipulados na
proposta de preços e os efetivamente pagos aos
profissionais alocados ao contrato configura, por si
só, irregularidade?
DIVERGÊNCIA ENTRE SALÁRIOS

A natureza dos serviços de engenharia consultiva pode


afastar a vinculação entre os valores dos salários
indicados nas propostas das licitantes, os quais
passaram a constar do contrato, e os efetivamente
pagos aos seus trabalhadores.
Acórdão 2215/2012-Plenário | Relator: WALTON
ALENCAR RODRIGUES
SUBDIMENSIONAMENTO DA
PRODUTIVIDADE
IN SEGES-MP 5/2017:
Art. 62. O fiscal técnico, na fase da execução
contratual, ao verificar que houve
subdimensionamento da produtividade pactuada, sem
perda da qualidade na execução do serviço, deverá
comunicar à autoridade competente do setor de
licitações para que esta promova a adequação
contratual à produtividade efetivamente realizada,
respeitando-se os limites de alteração dos valores
contratuais previstos no § 1º do art. 65 da Lei nº
8.666, de 1993.
SUPERDIMENSIONAMENTO DA
PRODUTIVIDADE
IN SEGES-MP 5/2017:
Art. 63. [...]
§ 2º Caso o eventual equívoco no dimensionamento dos
quantitativos se revele superior às necessidades da
contratante, a Administração deverá efetuar o pagamento
seguindo estritamente as regras contratuais de
faturamento dos serviços demandados e executados,
concomitantemente com a realização, se necessário e
cabível, de adequação contratual do quantitativo
necessário, com base na alínea “b” do inciso I do art. 65
da Lei nº 8.666, de 1993.
ACÓRDÃO 557/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 41ª PERGUNTA:
A divergência entre os salários estipulados na
proposta de preços e os efetivamente pagos aos
profissionais alocados ao contrato não configura,
por si só, irregularidade, já que a proposta de
preços não é capaz de vincular o contratado quanto
aos custos unitários, sujeitos a oscilações próprias
da dinâmica do mercado.

(Ministro-Relator Augusto Nardes)


ACÓRDÃO 637/2017 – PLENÁRIO
42ª PERGUNTA:
A inexequibilidade de itens isolados da
planilha de custos caracteriza motivo suficiente
para a desclassificação da proposta?
INEXEQUIBILIDADE DE ITENS ISOLADOS

IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO VII-A):


DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃO DO ATO
CONVOCATÓRIO
9. Da desclassificação das propostas:
9.3. A inexequibilidade dos valores referentes a itens
isolados da planilha de custos e formação de preços não
caracteriza motivo suficiente para a desclassificação da
proposta, desde que não contrariem exigências legais;
FIXAÇÃO DE PREÇOS MÁXIMOS
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO V):
DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO BÁSICO
(PB) OU TERMO DE REFERÊNCIA (TR)
2.9. Estimativa de preços e preços referenciais: (...)
b) No caso de serviços com regime de dedicação exclusiva
de mão de obra, o custo estimado da contratação deve
contemplar o valor máximo global e mensal estabelecido
em decorrência da identificação dos elementos que
compõem o preço dos serviços, definidos da seguinte
forma: (...).
ACÓRDÃO 637/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 42ª PERGUNTA:
A inexequibilidade de itens isolados da
planilha de custos não caracteriza motivo suficiente
para a desclassificação da proposta (art. 48, inciso
II, da Lei 8.666/1993), pois o juízo sobre a
inexequibilidade, em regra, tem como parâmetro o
valor global da proposta.

(Ministro-Relator Aroldo Cedraz)


ACÓRDÃO 844/2017 – PLENÁRIO
43ª PERGUNTA:
Existe percentual tolerável de sobrepreço
global nas contratações públicas?
INEXISTÊNCIA DE SOBREPREÇO TOLERÁVEL

Não existe percentual tolerável de sobrepreço global,


de forma que somente é admissível contratar
empreendimento por valores superiores aos de
sistemas referencias de preço oficiais se presentes
condições extraordinárias, devidamente justificadas
no procedimento administrativo.
Acórdão 1000/2017-Plenário | Revisor: BENJAMIN
ZYMLER
INEXISTÊNCIA DE SOBREPREÇO TOLERÁVEL

Não existe percentual tolerável de sobrepreço global


nas contratações públicas, especialmente quando a
análise da economicidade se baseia em amostra
representativa e os preços paradigmas são extraídos
dos sistemas oficiais de referência.
Acórdão 844/2017-Plenário | Relator: BENJAMIN
ZYMLER
ACÓRDÃO 844/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 43ª PERGUNTA:
Não existe percentual tolerável de sobrepreço
global nas contratações públicas, especialmente
quando a análise da economicidade se baseia em
amostra representativa e os preços paradigmas são
extraídos dos sistemas oficiais de referência.

(Ministro-Relator Benjamin Zymler)


ACÓRDÃO 2504/2017 – 1ª CÂMARA
44ª PERGUNTA:
Quais requisitos deverão ser observados para
que o credenciamento possa ser considerado como
hipótese de inviabilidade de competição?
CREDENCIAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"9.2. prestar ao interessado, excepcionalmente, sem
caráter de prejulgamento de tese, as seguintes informações:
(...)
9.2.3. embora não esteja previsto nos incisos do art. 25
da Lei nº 8.666/1993, o credenciamento tem sido admitido
pela doutrina e pela jurisprudência como hipótese de
inexigibilidade inserida no caput do referido dispositivo legal,
porquanto a inviabilidade de competição configura-se pelo
fato de a Administração dispor-se a contratar todos os que
tiverem interesse e que satisfaçam as condições por ela
estabelecidas, não havendo, portanto, relação de exclusão;
CREDENCIAMENTO
9.2.4. na hipótese de opção pelo credenciamento (...),
deve ser observado que, para a regularidade da contratação
direta, é indispensável a garantia da igualdade de condições
entre todos os interessados hábeis a contratar com a
Administração, pelo preço por ela definido;
9.2.5. é possível à Administração realizar a contratação
direta, mediante inexigibilidade de licitação, desde que haja a
demonstração inequívoca de que suas necessidades somente
poderão ser atendidas dessa forma, cabendo a devida
observância das exigências do art. 26 da Lei n. 8.666/1993,
principalmente no que concerne à justificativa de preços;"
(Acórdão nº 351/2010 – Plenário)
ACÓRDÃO 2504/2017 – 1ª CÂMARA
RESPOSTA À 44ª PERGUNTA:
O credenciamento pode ser considerado
como hipótese de inviabilidade de competição
quando observados requisitos como: i) contratação
de todos os que tiverem interesse e que satisfaçam
as condições fixadas pela Administração, não
havendo relação de exclusão; ii) garantia de
igualdade de condições entre todos os interessados
hábeis a contratar com a Administração, pelo preço
por ela definido; iii) demonstração inequívoca de
que as necessidades da Administração somente
poderão ser atendidas dessa forma.
(Ministro-Relator Augusto Sherman)
ACÓRDÃO 1175/2017 – PLENÁRIO
45ª PERGUNTA:
O menor somatório dos preços unitários é
critério racional, apto e válido para seleção da
proposta mais vantajosa para a Administração?
MENOR SOMATÓRIO DOS PREÇOS UNITÁRIOS

A utilização de critério de julgamento consistente


no menor preço resultante do somatório de preços
unitários é grave o suficiente para conduzir à anulação
do certame e, consequentemente, à do contrato dele
decorrente.
Acórdão 3361/2015-Plenário | Relator: WEDER DE
OLIVEIRA
ACÓRDÃO 1175/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 45ª PERGUNTA:
O menor somatório dos preços unitários não
é critério racional, apto e válido para seleção da
proposta mais vantajosa para a Administração, nos
termos do art. 3º da Lei 8.666/1993, e, portanto,
não pode ser utilizado como critério de julgamento
em licitações para contratação de serviços de
planejamento, organização e execução de eventos,
ou destinadas a qualquer outro tipo de
contratação.

(Ministro-Relator Aroldo Cedraz)


ACÓRDÃO 1223/2017 – PLENÁRIO
46ª PERGUNTA:
A Administração deve fazer constar de seus
estudos preliminares que vierem a fundamentar a
aquisição de agenciamento de transporte terrestre
dos servidores, empregados e colaboradores por
demanda, os serviços de transporte individual
privado de passageiros (STIP), como Uber, Cabify,
etc?
ACÓRDÃO 1223/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 46ª PERGUNTA:
A Administração deve fazer constar de seus
estudos preliminares que vierem a fundamentar a
aquisição de agenciamento de transporte terrestre
dos servidores, empregados e colaboradores por
demanda, os serviços de transporte individual
privado de passageiros (STIP) — Uber, Cabify, etc.
— que estiverem em operação, bem como a
avaliação dos riscos decorrentes da centralização
dos serviços em um único fornecedor e sua
sustentabilidade ao longo do tempo, levando em
conta, por exemplo, as possíveis vantagens do
parcelamento do objeto e a possibilidade de
ACÓRDÃO 1223/2017 – PLENÁRIO
credenciamento de empresas agenciadoras de
transporte individual de passageiros. A ausência de
lei dispondo sobre a prestação do serviço de
transporte individual privado de passageiros (STIP)
– Uber, Cabify, etc. –, assim como a inexistência de
regulamentação específica da matéria, não
constituem óbice à contratação do referido serviço
por parte da Administração Pública Federal.

(Ministro-Relator Benjamin Zymler)


ACÓRDÃO 4843/2017 – 1ª CÂMARA
47ª PERGUNTA:
A autoridade homologadora é solidariamente
responsável pelos vícios identificados nos
procedimentos licitatórios?
RESPONSABILIZAÇÃO DO AGENTE PÚBLICO -
CONCEITO DE HOMEM MÉDIO
Doutrina:
(Sílvio Rodrigues) Responsabilização do agente
público. Parâmetro do “homem médio”.
Inexigibilidade de conduta diversa.
Para se verificar se existiu, ou não, erro de conduta,
e portanto culpa, por parte do agente causador do
dano, mister se faz comparar o seu comportamento
com aquele que seria normal e correntio em um
homem médio, fixado como padrão. Se de tal
comparação resultar que o dano derivou de uma
imprudência, imperícia ou negligência do autor do
dano, nos quais não incorreria o homem padrão,
criado in abstracto pelo julgador, caracteriza-se a
culpa, ou seja, o erro de conduta.
RESPONSABILIDADE DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO
Jurisprudência do TCU:
"Relativamente à responsabilidade dos membros da comissão
de licitação por eventual sobrepreço, cabem as seguintes observações.
De forma usual, os órgãos e entidades da Administração
possuem departamentos ou seções especializadas que são
encarregadas da elaboração de editais para as suas licitações. Tais
áreas técnicas estão capacitadas a elaborar os termos editalícios, e,
ainda, se for o caso, os orçamentos.
Por vezes, dada a magnitude do empreendimento a ser licitado,
a Administração utiliza mão-de-obra especializada para elaborar tais
peças (edital e orçamento). À comissão de licitação incumbe verificar
se há projeto básico, se o orçamento foi elaborado, checar a
qualificação técnica, econômico-financeira, regularidade fiscal,
habilitação jurídica, dentre outras tarefas. De forma precípua, não cabe
à comissão de licitação elaborar o orçamento.
RESPONSABILIDADE DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO
(...) Assim, à falta de dispositivo legal, não há como exigir que a
comissão faça levantamento de todo o trabalho já realizado pela área
encarregada de elaborar o edital e o respectivo orçamento. Como
asseverado pelo Exmo. Ministro Ubiratan Aguiar, no voto condutor do
Acórdão nº 1.859/2004-TCU- Plenário (TC-003.721/2001-0), se assim
fosse, melhor seria que a própria comissão elaborasse o orçamento e o
edital.
(...) Todos os membros da comissão de licitação foram taxativos,
em suas alegações de defesa, ao afirmar que receberam o processo de
licitação pronto, com todas as peças, para então darem seguimento ao
procedimento.
Nesse sentido, à míngua de elementos que caracterizem, de
forma inarredável, que os membros da comissão de licitação tenham
elaborado os orçamentos maculados com sobrepreço, não vislumbro
como responsabilizá-los por tal irregularidade."
(Acórdão nº 3947/2009 – Primeira Câmara)
RESPONSABILIDADE DA COMISSÃO DE
LICITAÇÃO E DO PREGOEIRO
Jurisprudência do TCU:
"Apesar de o art. 43, IV, da Lei 8.666/1993 estipular que os
preços da proposta vencedora deverão estar de acordo com aqueles
praticados pelo mercado, a Lei de Licitações não estabelece que a
responsabilidade pela pesquisa de preço e a consequente elaboração
do orçamento seja da autoridade que autorizou ou homologou o
procedimento licitatório, da CPL ou do pregoeiro. Em cada caso
concreto devem ser identificados os responsáveis pela elaboração do
orçamento ou do termo de referência utilizado para avaliação da
adequação dos preços ofertados aos preços de mercado.
(...) em regra, os projetos básicos, os termos de referência,
estimativas de preço são elaborados pelas respectivas unidades
requisitantes do bem, serviço ou obra, ou por algum outro setor
especializado e não pela CPL, pregoeiro ou autoridade superior."
(Acórdão nº 10413/2011 – Primeira Câmara)
RESPONSABILIDADE DA AUTORIDADE
HOMOLOGADORA
A autoridade homologadora é responsável
solidariamente pelos vícios identificados nos
procedimentos licitatórios, exceto se forem vícios
ocultos, dificilmente perceptíveis. A homologação se
caracteriza como um ato de controle praticado
pela autoridade competente sobre todos os atos
praticados na respectiva licitação. Esse controle não
pode ser tido como meramente formal ou chancelatório,
mas antes como um ato de fiscalização.
Acórdão 1018/2015-Plenário | Relator: VITAL DO RÊGO
RESPONSABILIDADE DA AUTORIDADE
HOMOLOGADORA
O ato de homologar uma licitação não é mera
formalidade, funcionando como revisão da
regularidade de todo procedimento. A homologação
de procedimento viciado implica a responsabilização
da autoridade homologadora.
Acórdão 3294/2014-Plenário | Relator: BENJAMIN
ZYMLER
ACÓRDÃO 4843/2017 – 1ª CÂMARA
RESPOSTA À 47ª PERGUNTA:
A autoridade homologadora é solidariamente
responsável pelos vícios identificados nos
procedimentos licitatórios, exceto se forem vícios
ocultos, dificilmente perceptíveis. A homologação
se caracteriza como um ato de controle praticado
pela autoridade competente, que não pode ser tido
como meramente formal ou chancelatório.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 1549/2017 – PLENÁRIO
48ª PERGUNTA:
O fato de os valores adjudicados
encontrarem-se superiores aos valores orçados
serve para evidenciar que aqueles estão acima dos
preços de mercado?
PREÇOS DESCONFORMES COM O MERCADO
Jurisprudência do TCU:
"(...) a Lei nº 8.666/93 não ordena a
desclassificação de propostas de preços
desconformes com o orçamento, mas sim de
propostas de preços desconformes com o
mercado, este que é, na verdade, o padrão
efetivo para avaliação da conformidade das
ofertas, como se percebe dos artigos 24, inciso
VII, e 43, inciso IV, da mencionada lei."
(Acórdão nº 267/2003 - Plenário)
PREÇOS DESCONFORMES COM O MERCADO
Lei 8.666/1993:
Art. 43. A licitação será processada e julgada com
observância dos seguintes procedimentos: (...)
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os
requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços
correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
competente, ou ainda com os constantes do sistema de
registro de preços, os quais deverão ser devidamente
registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
desclassificação das propostas desconformes ou
incompatíveis;
ACÓRDÃO 1549/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 48ª PERGUNTA:
O sobrepreço deve ser aferido a partir dos
preços de mercado ou com base em sistemas
referenciais de preço. O fato de os valores
adjudicados encontrarem-se superiores aos valores
orçados não serve para evidenciar que aqueles
estão acima dos preços de mercado. Essa
constatação deve estar baseada em informações
sobre os preços efetivamente praticados no
mercado à época.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 1671/2017 – PLENÁRIO
49ª PERGUNTA:
Nos serviços de natureza continuada, é lícita a
previsão contratual de retenção pela Administração
de pagamentos devidos à contratada em valores
correspondentes às obrigações trabalhistas e
previdenciárias inadimplidas, relativas aos
empregados dedicados à execução do contrato?
IRREGULARIDADE FISCAL, RETENÇÃO DO
PAGAMENTO E RESCISÃO CONTRATUAL
Lei 8.666/1993:
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que
estabeleçam: (...)
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a
execução do contrato, compatibilidade com as obrigações
por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação.
(...)
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I – o não cumprimento de cláusulas contratuais,
especificações, projetos ou prazos.
IRREGULARIDADE FISCAL, RETENÇÃO DO
PAGAMENTO E RESCISÃO CONTRATUAL
Jurisprudência do TCU:
"9.1. conhecer da consulta [formulada pela Ministra
de Estado da Saúde sobre pagamento a fornecedores que
constem, no sistema de cadastramento unificado de
fornecedores, em débito com o sistema de seguridade social];
9.2. (...) responder à consulente que:
9.2.1. os órgãos e entidades da Administração Pública
Federal devem exigir, nos contratos de execução continuada
ou parcelada, a comprovação, por parte da contratada, da
regularidade fiscal, incluindo a seguridade social, sob pena de
violação do disposto no § 3º do art. 195 da Constituição
Federal;
IRREGULARIDADE FISCAL, RETENÇÃO DO
PAGAMENTO E RESCISÃO CONTRATUAL
9.2.2. os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
devem incluir, nos editais e contratos de execução continuada ou
parcelada, cláusula que estabeleça a obrigação do contratado de
manter, durante toda a execução do contrato, todas as condições de
habilitação e qualificação exigidas na licitação, prevendo, como
sanções para o inadimplemento a essa cláusula, a rescisão do
contrato e a execução da garantia para ressarcimento dos valores e
indenizações devidos à Administração, além das penalidades já
previstas em lei (arts. 55, inciso XIII, 78, inciso I, 80, inciso III, e 87, da
Lei nº 8.666/93);
9.2.3. verificada a irregular situação fiscal da contratada,
incluindo a seguridade social, é vedada a retenção de pagamento por
serviço já executado, ou fornecimento já entregue, sob pena de
enriquecimento sem causa da Administração;"
(Acórdão nº 964/2012 – Plenário)
IRREGULARIDADE TRABALHISTA E
RETENÇÃO CAUTELAR DO PAGAMENTO
Súmula nº 331 do TST:
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
relação processual e conste também do título executivo judicial.
V - Os entes integrantes da administração pública direta e indireta
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
obrigações da Lei nº 8.666/93, especialmente na fiscalização do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não
decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas
assumidas pela empresa regularmente contratada.
IRREGULARIDADE TRABALHISTA E
RETENÇÃO CAUTELAR DO PAGAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"(...) o item 9.2.3 do Acórdão nº 964/2012-Plenário não
deve ser automaticamente aplicado a contratos em que se
evidencia a responsabilidade subsidiária do ente público
contratante por encargos trabalhistas não adimplidos pela
contratada, quais sejam, contratos de prestação de serviços
terceirizados (serviços contínuos prestados mediante cessão –
ou dedicação – exclusiva da mão de obra). No âmbito de tais
contratos, a não retenção de pagamento ante o
descumprimento de obrigações trabalhistas por parte da
contratada pode caracterizar culpa por omissão da
Administração contratante."
(Acórdão nº 567/2015 – Plenário)
IRREGULARIDADE TRABALHISTA E
RETENÇÃO CAUTELAR DO PAGAMENTO
Jurisprudência do TCU:
(Acórdão 3301/2015 – Plenário) Regularidade trabalhista.
Retenção de pagamento.
9.3. recomendar à Ceagesp que adote os seguintes
procedimentos, para resguardar-se contra dívidas trabalhistas
da prestadora de serviços continuados com dedicação
exclusiva de mão de obra:
9.3.1. prever nos contratos, de forma expressa:
9.3.1.1. autorização para retenção de pagamentos devidos
em valores correspondentes às obrigações trabalhistas
inadimplidas pela contratada, incluindo salários e demais
verbas trabalhistas, previdência social e FGTS, concernentes aos
empregados dedicados à execução do contrato;
IRREGULARIDADE TRABALHISTA E
RETENÇÃO CAUTELAR DO PAGAMENTO
(Acórdão 3301/2015 – Plenário) Continuação...
9.3.1.2. autorização para realização de pagamentos de salários e
demais verbas trabalhistas diretamente aos empregados da contratada,
bem assim das contribuições previdenciárias e do FGTS, quando estes
não forem adimplidos;
9.3.1.3. aprovisionamento, em conta vinculada, de valores relativos
a férias, décimo terceiro e multa sobre o FGTS, na forma prevista no art.
19-A, I, da IN/SLTI/MP 2/2008, com redação dada pela IN/SLTI/MP
6/2013.
9.3.2. depositar os valores retidos cautelarmente junto à Justiça do
Trabalho, com o objetivo de serem utilizados exclusivamente no
pagamento dos salários e das demais verbas trabalhistas, bem como das
contribuições sociais e FGTS, quando não for possível a realização
desses pagamentos pela própria administração, dentre outras razões,
por falta da documentação pertinente, tais como folha de pagamento,
rescisões dos contratos e guias de recolhimento;
ACÓRDÃO 1671/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 49ª PERGUNTA:
Nos serviços de natureza continuada, é lícita a
previsão contratual de retenção pela Administração
de pagamentos devidos à contratada em valores
correspondentes às obrigações trabalhistas e
previdenciárias inadimplidas, relativas aos
empregados dedicados à execução do contrato.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 1823/2017 – PLENÁRIO
50ª PERGUNTA:
Em licitações que requeiram prova de
conceito ou apresentação de amostras, deve ser
viabilizado o acompanhamento dessas etapas a
todos os licitantes interessados?
ACOMPANHAMENTO DA AMOSTRA

O acompanhamento da avaliação efetuada pela


Administração acerca de protótipo exigido em
licitação configura direito do licitante. A supressão
dessa faculdade pode ser relevada quando, sob o
aspecto substancial, os critérios adotados pela
Administração se revelarem adequados.
Acórdão 3028/2012-Plenário | Relator: ANA ARRAES
ACOMPANHAMENTO DA AMOSTRA

Em licitações que requeiram prova de conceito ou


apresentação de amostras, deve ser viabilizado
o acompanhamento de suas etapas para todos os
licitantes interessados, em consonância com o
princípio da publicidade.
Acórdão 1984/2008-Plenário | Relator: AROLDO
CEDRAZ
ACÓRDÃO 1823/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 50ª PERGUNTA:
Em licitações que requeiram prova de
conceito ou apresentação de amostras, deve ser
viabilizado o acompanhamento dessas etapas a
todos licitantes interessados, em consonância com
o princípio da publicidade.

(Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues)


ACÓRDÃO 1823/2017 – PLENÁRIO
51ª PERGUNTA:
A adesão à ata de registro de preços deve ser
justificada pelo órgão não participante (“carona”).
Serve a esse propósito a mera reprodução do plano
de trabalho do órgão gerenciador?
ÓRGÃO NÃO PARTICIPANTE (“CARONA”)
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem,
a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá
ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da
administração pública federal que não tenha participado
do certame licitatório, mediante anuência do órgão
gerenciador.
§ 1º Os órgãos e entidades que não participaram do
registro de preços, quando desejarem fazer uso da ata de
registro de preços, deverão consultar o órgão gerenciador
da ata para manifestação sobre a possibilidade de
adesão.
ÓRGÃO NÃO PARTICIPANTE (“CARONA”)
A adesão a ata de registro de preços deve ser justificada pelo
órgão não participante mediante detalhamento das
necessidades que pretende suprir por meio do contrato e
demonstração da sua compatibilidade com o objeto
discriminado na ata, não servindo a esse propósito a mera
reprodução, parcial ou integral, do plano de trabalho do
órgão gerenciador. A comprovação da vantagem
da adesão deve estar evidenciada pelo confronto entre os
preços unitários dos bens e serviços constantes da ata de
registro de preços e referenciais válidos de mercado.
Acórdão 509/2015-Plenário | Relator: MARCOS
BEMQUERER
ACÓRDÃO 1823/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 51ª PERGUNTA:
A adesão a ata de registro de preços deve ser
justificada pelo órgão não participante mediante
detalhamento das necessidades que pretende suprir
por meio do contrato e demonstração da sua
compatibilidade com o objeto discriminado na ata,
não servindo a esse propósito a mera reprodução,
parcial ou integral, do plano de trabalho do órgão
gerenciador. A comprovação da vantagem da adesão
deve estar evidenciada pelo confronto entre os
preços unitários dos bens e serviços constantes da
ata de registro de preços e referenciais válidos de
mercado.
(Ministro-Relator Walton Alencar Rodrigues)
ACÓRDÃO 7979/2017 – 2ª CÂMARA
52ª PERGUNTA:
A contratação direta de remanescente de
obra, serviço ou fornecimento decorrente de
rescisão contratual (art. 24, inciso XI, da Lei
8.666/1993) requer a manutenção das condições
oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto
aos preços unitários, ou basta apenas a adoção do
mesmo preço global?
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
Lei 8.666/1993:
Art. 24. É dispensável a licitação: (...)
XI – na contratação de remanescente de obra, serviço
ou fornecimento, em consequência de rescisão
contratual, desde que atendida a ordem de
classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas
condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive
quanto ao preço, devidamente corrigido;
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
Jurisprudência do TCU:
"O caso concreto não deixa dúvidas da relevância da
manutenção do preço unitário para essa licitação [tinha por
objeto a construção de trecho rodoviário]. Tanto isso era
importante que o próprio fato de a terraplanagem ter tido preços
unitários mais elevados e o de ter sido necessário o incremento
dessas etapas da obra produziram reflexos absolutamente
desvantajosos para a Administração Pública [DER/SC].
A presente situação, por si só, demonstra que não é
suficiente a manutenção do preço global, mas igualmente a dos
preços unitários. Na impossibilidade das empresas, por ordem de
classificação no certame, não poderem assumir os preços
unitários da vencedora, deve-se efetuar outra licitação.
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
Como se viu, a necessidade do incremento da
terraplanagem gerou aumento do custo do contrato,
justamente porque os preços unitários desse item eram
maiores na planilha da empresa convocada (ARG),
comprovando a importância de serem mantidos os
preços unitários constantes da planilha da empresa
vencedora (REIS), a fim de se evitar que fatos
inesperados, passíveis de ocorrerem em obras de
engenharia, encareçam os contratos administrativos."
(Acórdão nº 580/2002 – Segunda Câmara)
ACÓRDÃO 7979/2017 – 2ª CÂMARA
RESPOSTA À 52ª PERGUNTA:
A contratação direta de remanescente de
obra, serviço ou fornecimento decorrente de
rescisão contratual (art. 24, inciso XI, da Lei
8.666/1993) requer a manutenção das condições
oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto
aos preços unitários, devidamente corrigidos, e não
apenas a adoção do mesmo preço global.

(Ministra-Relatora Ana Arraes)


ACÓRDÃO 7982/2017 – 2ª CÂMARA
53ª PERGUNTA:
Pode o edital vedar o somatório de atestados
para fim de comprovação, por parte dos licitantes,
dos quantitativos mínimos exigidos na qualificação
técnico-operacional?
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á
a: (...)
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos
com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do
aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a
realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada
um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos
trabalhos;
(...)
§ 3o Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de
certidões ou atestados de obras ou serviços similares de
complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Jurisprudência do TCU:
"O entendimento desta Casa é o de que, na aferição da experiência das
licitantes por meio de atestados de serviços realizados, deve-se permitir o
somatório desses nos casos em que a demonstração satisfatória da aptidão
técnica do concorrente demande a apresentação de mais de um atestado. Ou
seja, em condições normais, aceita-se o somatório de atestados para o fim de
comprovação de capacidade técnica, a não ser que haja motivo bastante para
justificar a exigência de atestado único ou a imposição de outras limitações
(Acórdãos 1.237/2008, 2.150/2008, 2.882/2008 e 1.231/2012, todos do Plenário).
Na mesma linha temos o Acórdão 849/2014-2ª Câmara (...), cujo voto
condutor traz consignado que é vedada a imposição de limites ou de quantia
certa de atestados ou certidões para fins de comprovação da qualificação
técnica, a menos que a natureza e a complexidade técnica da obra ou do serviço
mostrem ser indispensáveis tais restrições, devendo a Administração, nesses
casos, comprovar a pertinência e a necessidade da fixação de limites ou de não
permitir o somatório de atestados no exame da qualificação técnica do licitante.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Diante disso, a inexistência de regra expressa no
Edital 24/2014 permitindo o somatório não configura, a
meu ver, violação ao princípio da vinculação ao
instrumento convocatório, já que justamente o
impedimento à utilização de mais de um atestado, por
implicar algum tipo de restrição à competividade do
certame, é que demandaria, além da demonstração do
seu cabimento por parte do contratante, estar
expressamente previsto no edital."
(Acórdão nº 1983/2014 – Plenário)
ACÓRDÃO 7982/2017 – 2ª CÂMARA
RESPOSTA À 53ª PERGUNTA:
A vedação, sem justificativa técnica, ao
somatório de atestados para comprovar os
quantitativos mínimos exigidos na qualificação
técnico-operacional contraria os princípios da
motivação e da competitividade.

(Ministra-Relatora Ana Arraes)


ACÓRDÃO 8330/2017 – 2ª CÂMARA
54ª PERGUNTA:
O tratamento favorecido às microempresas e
empresas de pequeno porte para comprovação de
regularidade fiscal, previsto na Lei Complementar
123/2006, também deve ser estendido à
qualificação econômico-financeira?
TRATAMENTO DIFERENCIADO DE ME/EPP
NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
Lei Complementar 123/2006:
Art. 42. Nas licitações públicas, a comprovação de regularidade
fiscal das microempresas e empresas de pequeno porte
somente será exigida para efeito de assinatura do contrato.
[“regularidade fiscal e trabalhista”, a partir de 1º de janeiro
de 2018, com a entrada em vigor da Lei Complementar
155/2016]
Art. 43. As microempresas e empresas de pequeno porte, por
ocasião da participação em certames licitatórios, deverão
apresentar toda a documentação exigida para efeito de
comprovação de regularidade fiscal, mesmo que esta
apresente alguma restrição. [“regularidade fiscal e
trabalhista”, a partir de 1º de janeiro de 2018, com a entrada
em vigor da Lei Complementar 155/2016]
TRATAMENTO DIFERENCIADO DE ME/EPP
NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
§ 1o Havendo alguma restrição na comprovação da regularidade
fiscal, será assegurado o prazo de 5 (cinco) dias úteis, cujo termo
inicial corresponderá ao momento em que o proponente for
declarado o vencedor do certame, prorrogável por igual período, a
critério da administração pública, para a regularização da
documentação, pagamento ou parcelamento do débito e emissão de
eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de certidão
negativa. [“regularidade fiscal e trabalhista”, a partir de 1º de janeiro
de 2018, com a entrada em vigor da Lei Complementar 155/2016]
§ 2o A não-regularização da documentação, no prazo previsto no §
1o deste artigo, implicará decadência do direito à contratação, sem
prejuízo das sanções previstas no art. 81 da Lei no 8.666, de 21 de
junho de 1993, sendo facultado à Administração convocar os licitantes
remanescentes, na ordem de classificação, para a assinatura do
contrato, ou revogar a licitação.
ACÓRDÃO 8330/2017 – 2ª CÂMARA
RESPOSTA À 54ª PERGUNTA:
O tratamento favorecido às microempresas e
empresas de pequeno porte para comprovação de
regularidade fiscal, previsto na Lei Complementar
123/2006, não se estende à qualificação
econômico-financeira.

(Ministro-Relator Augusto Nardes)


ACÓRDÃO 8514/2017 – 2ª CÂMARA
55ª PERGUNTA:
Na elaboração de orçamento estimativo para
equipamentos a serem fornecidos em mercado
competitivo, devem ser adotados os valores
decorrentes das cotações mínimas?
PESQUISA DE PREÇOS
Instrução Normativa SLTI/MP nº 5/2014 (alterada pela IN SG/MP
nº 3/2017):
Art. 2º A pesquisa de preços será realizada mediante a utilização dos
seguintes parâmetros:
I – Painel de Preços, disponível no endereço eletrônico
http://paineldeprecos.planejamento.gov.br;
II - contratações similares de outros entes públicos, em execução ou
concluídos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da
pesquisa de preços;
III - pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos
especializados ou de domínio amplo, desde que contenha a data e
hora de acesso; ou
IV - pesquisa com os fornecedores, desde que as datas das
pesquisas não se diferenciem em mais de 180 (cento e oitenta) dias.
PESQUISA DE PREÇOS
§ 1º Os parâmetros previstos nos incisos deste artigo poderão
ser utilizados de forma combinada ou não, devendo ser
priorizados os previstos nos incisos I e II e demonstrada no
processo administrativo a metodologia utilizada para obtenção
do preço de referência.
§ 2º Serão utilizadas, como metodologia para obtenção do
preço de referência para a contratação, a média, a mediana ou o
menor dos valores obtidos na pesquisa de preços, desde que o
cálculo incida sobre um conjunto de três ou mais preços,
oriundos de um ou mais dos parâmetros adotados neste artigo,
desconsiderados os valores inexequíveis e os excessivamente
elevados.
§ 3º Poderão ser utilizados outros critérios ou metodologias,
desde que devidamente justificados pela autoridade competente.
PESQUISA DE PREÇOS
§ 4º Os preços coletados devem ser analisados de forma crítica,
em especial, quando houver grande variação entre os valores
apresentados.
§ 5º Para desconsideração dos preços inexequíveis ou
excessivamente elevados, deverão ser adotados critérios
fundamentados e descritos no processo administrativo;
§ 6º Excepcionalmente, mediante justificativa da autoridade
competente, será admitida a pesquisa com menos de três preços
ou fornecedores.
(...)
Art. 5º O disposto nesta Instrução Normativa não se aplica a
obras e serviços de engenharia, de que trata o Decreto nº 7.983,
de 8 de abril de 2013.
ACÓRDÃO 8514/2017 – 2ª CÂMARA
RESPOSTA À 55ª PERGUNTA:
Na elaboração de orçamento estimativo para
equipamentos a serem fornecidos em mercado
restrito, devem ser adotados os valores decorrentes
das cotações mínimas. As médias ou medianas de
cotações de preços devem ser empregadas apenas
em condições de mercado competitivo.

(Ministro-Relator José Múcio Monteiro)


ACÓRDÃO 8564/2017 – 2ª CÂMARA
56ª PERGUNTA:
A Administração pode realizar despesas com
festividades, eventos comemorativos, lanches e
congêneres vinculados às finalidades da entidade?
DESPESAS COM FESTIVIDADES E LANCHES

É recomendável à administração de conselho de


fiscalização profissional não realizar despesas com
refeições e lanches para servidores, conselheiros e
convidados quando elas não estejam estritamente
vinculadas às finalidades institucionais da entidade.
Acórdão 6259/2011-Segunda Câmara | Relator: ANDRÉ
DE CARVALHO
ACÓRDÃO 8564/2017 – 2ª CÂMARA
RESPOSTA À 56ª PERGUNTA:
A Administração não deve realizar despesas
com festividades, eventos comemorativos, lanches
e congêneres não vinculados às finalidades da
entidade e sem que haja comedimento de gastos,
em obediência aos princípios da legalidade, da
moralidade, da legitimidade e da economicidade.

(Ministro-Relator Vital do Rêgo)


ACÓRDÃO 2292/2017 – PLENÁRIO
57ª PERGUNTA:
O fato de haver assessoramento de terceiros
para auxiliar o fiscal de contrato afasta a sua
responsabilidade pelo atesto de serviços que
posteriormente se revelem executados com
imperfeições?
SERVIÇO DE APOIO À FISCALIZAÇÃO
Lei 8.666/1993:
Art. 67. A execução do contrato deverá ser
acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado, permitida a
contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
informações pertinentes a essa atribuição.
ACÓRDÃO 2292/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 57ª PERGUNTA:
O fato de haver assessoramento de terceiros
para auxiliar o fiscal de contrato não afasta a sua
responsabilidade pelo atesto de serviços que
posteriormente se revelem executados com
imperfeições, quando não existirem projetos
necessários à realização do objeto contratado.

(Ministro-Relator Marcos Bemquerer)


ACÓRDÃO 2307/2017 – PLENÁRIO
58ª PERGUNTA:
Quais os riscos da existência, na planilha
contratual, de serviços específicos com preços
unitários acima dos referenciais de mercado,
mesmo que não esteja caracterizado o sobrepreço
global?
JOGO DE PLANILHA
Jurisprudência do TCU:
"(...) pressupostos usualmente considerados necessários
por este Tribunal para se caracterizar a ocorrência do ‘jogo de
planilha’: licitação processada sem a definição e o emprego de
critérios efetivos de aceitabilidade de preços unitários;
adjudicação pelo menor preço global; existência, no orçamento
contratado, de serviços com sobrepreço e de outros com
subpreço, que se compensam na análise da compatibilidade do
preço global; alterações quantitativas posteriores, por meio de
aditivos, em decorrência de deficiências ou insuficiências do
projeto básico, que privilegiam serviços com sobrepreço em
detrimento dos com subpreço."
(Acórdão nº 1650/2006 - Plenário)
JOGO DE PLANILHA
Jurisprudência do TCU:
"Trata-se de Relatório de Auditoria nas obras de construção
da BR-230/PA, usualmente denominada de ‘Rodovia
Transamazônica’, trecho Marabá - Altamira.
(...) constatou-se a absoluta deficiência do projeto básico
elaborado para o empreendimento, fato que (...), dentre outros
problemas, dá margem à prática do nefasto ‘jogo de planilhas’, em
que as licitantes, sabedoras dos problemas no projeto básico,
supervalorizam os itens cujos quantitativos estão subestimados e
subvalorizam aqueles cujas quantidades estão superestimadas, com
a certeza de que em momento posterior serão celebrados aditivos
para corrigir esses problemas, que modificarão o equilíbrio
econômico do contrato, em benefício da contratada e em desfavor
do erário (...)."
(Acórdão nº 2439/2008 - Plenário)
JOGO DE CRONOGRAMA
O jogo de cronograma ocorre quando a parcela mais
vantajosa de um contrato, do ponto de vista econômico-
financeiro, é concentrada na fase inicial da obra, sem
justificativa técnica, de maneira que as etapas posteriores
não apresentam a mesma atratividade. Como
consequência, causa dano ao erário se a contratada
abandona as obras após a fase inicial, deixando-as
inconclusas.
Acórdão 2257/2015-Plenário | Relator: VITAL DO RÊGO
JOGO DE CRONOGRAMA
A aquisição de bens de alto valor, que representam percentual
significativo do contrato, sem que sejam necessários no estágio
em que a obra se encontra ou em momento próximo, expõe
indevidamente a Administração à perda precoce da garantia do
fabricante, à deterioração e ao jogo de cronograma, por meio do
qual a empreiteira antecipa a medição de serviços mais rentáveis
e abandona o contrato sem executar os menos rentáveis. A
medição de tais bens somente deve ser feita quando forem
efetivamente necessários à execução dos serviços a que se
destinam, considerando a manutenção de estoque mínimo que
permita a continuidade e o bom andamento dos serviços.
Acórdão 2442/2014-Plenário | Relator: BENJAMIN ZYMLER
ACÓRDÃO 2307/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 58ª PERGUNTA:
A existência na planilha contratual de serviços
específicos com preços unitários acima dos
referenciais de mercado, ainda que não caracterize
sobrepreço global, deve ser evitada, principalmente
se concentrados na parcela de maior materialidade
da obra, pois traz risco de dano ao erário no caso de
celebração de aditivos que aumentem quantitativos
dos serviços majorados (jogo de planilha) ou diante
da inexecução de serviços com descontos
significativos nos preços, depois de executados
aqueles com preços unitários superiores aos de
mercado (jogo de cronograma).
(Ministro-Relator Augusto Nardes)
ACÓRDÃO 2318/2017 – PLENÁRIO
59ª PERGUNTA:
É competência do pregoeiro verificar se houve
pesquisa recente de preços junto ao mercado
fornecedor do bem licitado e se essa pesquisa se
orientou por critérios aceitáveis? Essa verificação
também pode ser exigida da autoridade que
homologa o certame?
COMPETÊNCIA DO PREGOEIRO E DA
AUTORIDADE HOMOLOGADORA
É da competência da comissão permanente de licitação,
do pregoeiro e da autoridade superior verificar se houve
recente pesquisa de preço junto a fornecedores do bem
a ser licitado e se essa pesquisa observou critérios
aceitáveis.
Acórdão 2147/2014-Plenário | Relator: BENJAMIN
ZYMLER
COMPETÊNCIA DO PREGOEIRO E DA
AUTORIDADE HOMOLOGADORA
A Lei de licitações não define que a responsabilidade
pela pesquisa de preço e a conseqüente elaboração do
orçamento são de incumbência do responsável pela
homologação do procedimento licitatório, da CPL ou
do pregoeiro. A CPL, o pregoeiro e a autoridade superior
devem verificar: primeiro, se houve pesquisa recente de preço
junto a fornecedores do bem e se essa observou critérios
aceitáveis; segundo, se foi realizada a adequação
orçamentária; e, por último, se os preços da proposta
vencedora estão coerentes com o orçamento estimado pelo
setor competente.
Acórdão 3516/2007-Primeira Câmara | Relator: AROLDO
CEDRAZ
ACÓRDÃO 2318/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 59ª PERGUNTA:
É da competência do pregoeiro e da
autoridade que homologa o certame verificar se
houve pesquisa recente de preços junto ao
mercado fornecedor do bem licitado e se essa
pesquisa se orientou por critérios aceitáveis.

(Ministro-Relator Marcos Bemquerer)


ACÓRDÃO 2353/2017 – PLENÁRIO
60ª PERGUNTA:
A garantia contratual geral, voltada ao
adimplemento do objeto, também se presta a
assegurar os riscos da antecipação de pagamentos?
GARANTIA DE EXECUÇÃO
Lei 8.666/1993:
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e
desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser
exigida prestação de garantia nas contratações de obras,
serviços e compras. (...)
§ 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu
valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o
previsto no parágrafo 3º deste artigo.
§ 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto
envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente
aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia
previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez
por cento do valor do contrato.
ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO
A antecipação de pagamento somente deve ser
admitida em situações excepcionais em que ficar
devidamente demonstrado o interesse público e houver
previsão editalícia, sendo necessário exigir do
contratado as devidas garantias que assegurem o pleno
cumprimento do objeto, a fim de evitar expor a
Administração a riscos decorrentes de eventual
inexecução contratual.
Acórdão 554/2017-Plenário | Relator: VITAL DO RÊGO
ACÓRDÃO 2353/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 60ª PERGUNTA:
A garantia contratual geral, voltada ao
adimplemento do objeto, não se presta a assegurar
os riscos da antecipação de pagamentos.

(Ministra-Relatora Ana Arraes)


MUITO OBRIGADO!
(luizfelipe.adv.bsb@gmail.com)

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