Lei 8.666/1993:
Art. 30. (...)
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
especializado, considerados essenciais para o
cumprimento do objeto da licitação, serão atendidas
mediante a apresentação de relação explícita e da
declaração formal da sua disponibilidade, sob as penas
cabíveis, vedada as exigências de propriedade e de
localização prévia.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
IN SEGES-MP 5/2017:
Art. 24. Com base no documento que formaliza a
demanda, a equipe de Planejamento da Contratação deve
realizar os Estudos Preliminares, conforme as diretrizes
constantes do Anexo III.
§ 1º O documento que materializa os Estudos
Preliminares deve conter, quando couber, o seguinte
conteúdo: (...)
IV - estimativa das quantidades, acompanhadas das
memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão
suporte;
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO VII-A):
DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃO DO ATO CONVOCATÓRIO
6. Da proposta: (...)
6.2. As disposições para apresentação das propostas deverão prever
que estas sejam apresentadas de forma clara e objetiva, estejam em
conformidade com o ato convocatório, preferencialmente na forma
do modelo previsto Anexo VII-C, e contenham todos os elementos
que influenciam no valor final da contratação, detalhando, quando
for o caso: (...)
e) a quantidade de pessoal que será alocado na execução
contratual;
f) a relação dos materiais e equipamentos que serão utilizados na
execução dos serviços, indicando o quantitativo e sua especificação;
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á a: (...)
§ 5º É vedada a exigência de comprovação de
atividade ou de aptidão com limitações de tempo ou de
época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer
outras não previstas nesta Lei, que inibam a participação
na licitação.
QUALIFICAÇÃO TÉCNICA
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á a: (...)
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei
especial, quando for o caso.
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou relatório de auditoria realizada, no âmbito de
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), “com o objetivo de
detectar a ocorrência de irregularidades em contratações públicas
selecionadas a partir de classificação de riscos realizada por modelo
probabilístico de análise de dados”, ocasião em que se avaliou a
regularidade da contratação de empresa pela Superintendência
Regional do Dnit no Estado de Goiás e no Distrito Federal, “conforme
seleção efetuada com base nos critérios adotados no aludido modelo
probabilístico de risco”. O relator do processo identificou a seguinte
impropriedade em um dos editais de pregão eletrônico analisados:
“exigência de comprovação, para fim de qualificação técnica-
profissional, de tempo de experiência ou de exercício em função dos
profissionais a serem disponibilizados pela licitante para a execução
do objeto, configurando infração ao disposto no art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, e nos arts. 3º, § 1º, inciso I, e 30, §§ 1º, 3º e
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
5º, da Lei 8.666/1993”. O relator ressaltou que, em decisão recente
(Acórdão 3.356/2015-Plenário), o TCU entendera “que exigências
relativas ao tempo de formação acadêmica e de experiência
profissional somente são aceitáveis como requisito de habilitação em
licitações se acompanhadas de justificativa expressa, no instrumento
convocatório, que demonstre a imprescindibilidade de tais condições à
execução do objeto”. Contudo, afirmou que, em outras decisões (tais
como o Acórdão 727/2012-Plenário), o TCU adotara “uma linha de
entendimento ainda mais restritiva, no sentido de que exigência de
comprovação, para fim de qualificação técnica, de tempo de
experiência dos profissionais a serem disponibilizados pela licitante
afronta o disposto no art. 30, § 5º, da Lei 8.666/1993”. O relator
posicionou-se conforme “essa segunda linha de entendimento,
considerando que o rol de exigências de habilitação previstos na Lei de
Licitações e Contratos é numerus clausus”. Por fim, ponderou que
ACÓRDÃO 134/2017 - PLENÁRIO
Está autorizada
É viável a Dispensa de
Sim a contratação Sim
competição? Licitação
direta?
Não
Não
A situação Licitação +
se enquadra Sim ARP +
no SRP? Contratações
Inexigibilidade
de licitação
Licitação + Contratação
Não
ou
Adesão a uma ARP
PROTAGONISTAS DO SRP
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são adotadas as seguintes
definições: (...)
III - órgão gerenciador - órgão ou entidade da administração
pública federal responsável pela condução do conjunto de
procedimentos para registro de preços e gerenciamento da ata
de registro de preços dele decorrente;
IV - órgão participante - órgão ou entidade da administração
pública que participa dos procedimentos iniciais do Sistema de
Registro de Preços e integra a ata de registro de preços; e
V- órgão não participante - órgão ou entidade da
administração pública que, não tendo participado dos
procedimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos desta
norma, faz adesão à ata de registro de preços.
ÓRGÃO PARTICIPANTE
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 6º O órgão participante será responsável pela
manifestação de interesse em participar do registro de
preços, providenciando o encaminhamento ao órgão
gerenciador de sua estimativa de consumo, local de entrega
e, quando couber, cronograma de contratação e respectivas
especificações ou termo de referência ou projeto básico,
nos termos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e
da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, adequado ao
registro de preços do qual pretende fazer parte, devendo
ainda:
ÓRGÃO PARTICIPANTE
I - garantir que os atos relativos a sua inclusão no registro
de preços estejam formalizados e aprovados pela
autoridade competente;
II - manifestar, junto ao órgão gerenciador, mediante a
utilização da Intenção de Registro de Preços, sua
concordância com o objeto a ser licitado, antes da
realização do procedimento licitatório;
ÓRGÃO NÃO PARTICIPANTE (“CARONA”)
Decreto Federal 7.892/2013:
Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem,
a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá
ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da
administração pública federal que não tenha participado
do certame licitatório, mediante anuência do órgão
gerenciador.
§ 1º Os órgãos e entidades que não participaram do
registro de preços, quando desejarem fazer uso da ata de
registro de preços, deverão consultar o órgão gerenciador
da ata para manifestação sobre a possibilidade de
adesão.
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
Em denúncia oferecida contra pregão eletrônico promovido
pela Advocacia-Geral da União (AGU), destinado ao registro de
preços para aquisição de solução de tecnologia da informação e
equipamentos de armazenamento de dados (storage) – com a
participação de diversos órgãos e entidades da Administração
Pública e possibilidade de posterior adesão –, fora apontada possível
frustração à competitividade. Isso porque o edital previa a
necessidade de requisitos técnicos que teriam privilegiado
determinada fabricante, sem justificativa adequada. Realizada a
oitiva prévia da AGU – com enfoque na escolha da solução adotada,
na padronização de equipamentos e na estimativa de preços, em
contraste com a possibilidade de adesões (caronas) –, determinou o
relator, cautelarmente, que (i) a AGU não autorizasse adesões à ata
decorrente do pregão; (2) que as entidades participantes, sob
jurisdição do TCU, se abstivessem de celebrar contratos decorrentes
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
do certame, porquanto, conforme anotara a unidade técnica
especializada, “a solução adotada teria sido justificada sob os
pontos de vista técnico e econômico, considerando apenas a
realidade do ambiente tecnológico do órgão gerenciador”.
Adicionalmente, determinou a oitiva dos órgãos e das entidades
participantes jurisdicionados ao TCU, secundada pela audiência dos
responsáveis, com foco na confecção e aprovação de estudo técnico
preliminar insatisfatório, tendo em vista a solução restritiva adotada
e sua extensão aos órgãos e às entidades participantes e aderentes.
Analisando as audiência, concluiu o relator, entre outros aspectos,
que: (i) a ausência de efetiva avaliação da substituição completa do
parque de armazenamento do órgão limitou os possíveis
competidores às representantes do fabricante dos equipamentos já
instalados; (ii) a pesquisa de mercado, por solução alternativa, foi
realizada com requisitos diversos dos que balizaram a escolha do
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
equipamento, impossibilitando que os representantes de fabricantes
alternativos ofertassem suas propostas em condições isonômicas.
Nesse sentido, entendeu que as falhas identificadas configuraram
grave infração à ordem legal e regulamentar (art. 15º, § 1º, art. 3º,
§ 1º, art. 7º, § 5º, art. 6º, inciso IX, alínea c, da Lei 8.666/1993) e ao
princípio constitucional da eficiência, com consequências graves à
isonomia e à competitividade do certame, razão pela qual propôs, e o
Plenário acolheu, a aplicação de multa aos responsáveis. No que
respeita às oitivas das entidades participantes, concluiu o relator que
as impropriedades “levam a crer que os órgãos e entidades
mencionados não atuaram como participantes dos processos iniciais
do registro de preços [...], como prevê o Decreto 7.892/2013, em seu
art. 2º, inciso IV, mas aderiram ao registro de preços de forma
antecipada, de modo análogo a órgãos não participantes”. Ademais,
restou evidenciado que “somente após o edital ter sido publicado, a
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
AGU promoveu diligências no intuito de certificar se os ambientes
tecnológicos de todos os partícipes eram aderentes ao objeto
licitado”. Restaram, assim, não elididas “as graves impropriedades
referentes a falta do Estudo Técnico Preliminar da contratação;
ausência da fundamentação do quantitativo estimado; ausência de
comprovação de que os requisitos técnicos especificados no edital
são adequados às necessidades da entidade; e ausência de
fundamentação da necessidade de restrição ao fabricante [...]; bem
como os indícios de que esses órgãos não atuaram efetivamente
como participantes dos processos iniciais do registro de preços”. Em
decorrência, concluiu o relator que “as exigências técnicas contidas
no termo de referência do Pregão Eletrônico SRP 52/2015 foram
estabelecidas com base em características bastante específicas do
ambiente tecnológico da AGU e, portanto, não é razoável a
participação de outros órgãos em um certame com tais
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
peculiaridades, tampouco a adesão por órgãos não participantes”.
Nesses termos, acolheu o Plenário a proposta do relator para, entre
outros comandos, considerar procedente a denúncia e determinar
aos órgãos e às entidades participantes e aderentes que se
abstenham de celebrar contrato com base na ata de registro de
preços decorrente do certame, assim como determinar à Secretaria
de Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão que, no prazo de trinta dias, oriente os
órgãos e as entidades sob sua supervisão que “na condição de
participante, bem como de adquirente não participante (adesão
tardia), em licitações pelo Sistema de Registro de Preços, em
obediência ao art. 6º, caput, do Decreto 7.892/2013 c/c arts. 3º,
caput, e 15, § 7º, I e II, da Lei 8.666/1993, faça constar de seu
processo administrativo de contratação a justificativa dos
quantitativos solicitados, bem como justificativa de pertinência
ACÓRDÃO 248/2017 - PLENÁRIO
Lei 8.666/1993:
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver
inviabilidade de competição, em especial: (...)
CREDENCIAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"O credenciamento é hipótese de inviabilidade de
competição não expressamente mencionada no art. 25 da Lei
8.666/1993 (cujos incisos são meramente exemplificativos).
Adota-se o credenciamento quando a administração tem por
objetivo dispor da maior rede possível de prestadores de
serviços.
(...) Nessa situação, a inviabilidade de competição não
decorre da ausência de possibilidade de competição, mas sim
da ausência de interesse da administração de restringir o
número de contratados."
(Acórdão nº 3567/2014 – Plenário)
CREDENCIAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"9.2. prestar ao interessado, excepcionalmente, sem
caráter de prejulgamento de tese, as seguintes informações:
(...)
9.2.3. embora não esteja previsto nos incisos do art. 25
da Lei nº 8.666/1993, o credenciamento tem sido admitido
pela doutrina e pela jurisprudência como hipótese de
inexigibilidade inserida no caput do referido dispositivo legal,
porquanto a inviabilidade de competição configura-se pelo
fato de a Administração dispor-se a contratar todos os que
tiverem interesse e que satisfaçam as condições por ela
estabelecidas, não havendo, portanto, relação de exclusão;
CREDENCIAMENTO
9.2.4. na hipótese de opção pelo credenciamento (...),
deve ser observado que, para a regularidade da contratação
direta, é indispensável a garantia da igualdade de condições
entre todos os interessados hábeis a contratar com a
Administração, pelo preço por ela definido;
9.2.5. é possível à Administração realizar a contratação
direta, mediante inexigibilidade de licitação, desde que haja a
demonstração inequívoca de que suas necessidades somente
poderão ser atendidas dessa forma, cabendo a devida
observância das exigências do art. 26 da Lei n. 8.666/1993,
principalmente no que concerne à justificativa de preços;"
(Acórdão nº 351/2010 – Plenário)
CREDENCIAMENTO
Jurisprudência do TCU:
"Via de regra, no credenciamento, a Administração
estabelece o preço máximo a ser pago pelos serviços.
(...) embora o credenciamento não seja compatível com
o procedimento licitatório, trata-se, na opinião dos juristas, de
caso de inexigibilidade de licitação pela inviabilidade ou pela
desnecessidade de competição, dado que, em tese, todos os
interessados na prestação do serviço ficam disponíveis para a
contratação. Assim, são exigidos os elementos prescritos no
parágrafo único do art. 26 da Lei nº 8.666/93, entre eles a
justificativa do preço fixado pela administração contratante."
(Acórdão nº 2731/2009 – Plenário)
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
Auditoria realizada no Banco do Brasil S.A (BB) apurara
possível irregularidade na alienação de imóveis de uso do BB, sem
licitação, por intermédio de integralização de cotas de fundos de
investimento imobiliário (FII) constituídos pela estatal. Realizada a
oitiva, a instituição argumentou que “a operação realizada pelo
banco não se enquadraria como uma alienação comum de imóveis,
mas, sim, como uma operação relacionada à atividade-fim do banco,
uma vez que se inseriu no bojo da oferta de um produto financeiro
aos clientes da entidade, além de promover adequação às regras do
Acordo de Basiléia, características que entende inviabilizarem a
realização de licitação”. À vista dos elementos contidos nos autos,
determinou o relator a audiência dos então membros do Conselho
Diretor do BB para que justificassem a constituição dos fundos nos
moldes adotados. Apresentada a defesa, a unidade instrutiva,
embora discordando do argumento de que a operação se amoldaria
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
às hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação tal como
previstas na Lei 8.666/1993, reconheceu se tratar de transação
complexa, agravada pela mora legislativa em expedir regramento
licitatório específico para as empresas estatais exploradoras de
atividade econômica. Assim, face à inexistência de fraude e prejuízo,
opinou pela ausência de reprovabilidade na conduta dos membros
do Conselho Diretor do banco estatal na operação. Analisando o
ponto, o relator salientou que “impor irrestritamente o dever de
licitar à operação de integralização de imóveis equivaleria a
praticamente vedar a oferta do produto financeiro pelo banco
estatal, prejudicando sua atuação comparativamente às demais
instituições financeiras, indo de encontro ao que sinaliza a norma
constitucional de eficácia limitada do artigo 173, § 1º”. Ao
aprofundar análise sobre as características dos fundos imobiliários,
observou que a “operação de integralização dos imóveis nos fundos
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
de investimento imobiliário culmina com a oferta de frações ideais
desses bens no mercado secundário, as chamadas cotas, em
ambiente de bolsa de valores, fiscalizado, portanto, pela Comissão
de Valores Mobiliários – CVM, segundo os ditames de uma oferta
pública, por expressa determinação legal (Lei 8.668/1993)”, mediante
critério de rateio. Tal critério de distribuição, anotou o relator,
“garante que qualquer um que se interesse por comprar a cota tem
acesso a esse produto, caracterizando a chamada inviabilidade de
competição, situação que se assemelha à hipótese de
credenciamento, ocorrência que se subsome aos casos de
inexigibilidade de licitação do art. 25 da Lei 8.666/1993, conforme
doutrina e jurisprudência desta Corte, justamente pela configuração
de inexistência de competição entre os interessados”. Nesse passo,
tendo em vista que a inviabilidade de competição não se restringe
aos casos de impossibilidade de licitação, considerou o relator que o
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
instituto da inexigibilidade licitatória, “pode abarcar a distribuição
das cotas pelo banco, uma vez que não há propriamente competição
entre os interessados em adquiri-las”. Ponderou, contudo que “o
enquadramento jurídico da situação em concreto a uma hipótese de
inexigibilidade de licitação não tem o condão de afastar a incidência
dos princípios regentes da atuação pública, de sorte que a aferição
da regularidade dos procedimentos adotados perpassa,
necessariamente, pela verificação, essencialmente, do atendimento
aos princípios da publicidade e economicidade, já que a dúplice
finalidade da licitação se materializa na escolha da proposta mais
vantajosa para a Administração, desde que preservada a isonomia
entre os interessados”. Ademais, delimitou, “o raciocínio traçado não
se aplica a todo e qualquer ente da Administração”. O caso sob
exame, prosseguiu, “contempla a integralização de imóveis em
fundos de investimento imobiliário por uma instituição financeira,
ACÓRDÃO 493/2017 - PLENÁRIO
entidade estatal exploradora de atividade econômica, cuja
atividade negocial está inserida em ambiente concorrencial,
situação que exige agilidade na captação de recursos para que se
possa ter liquidez e, com isso, fazer frente aos múltiplos e diversos
compromissos assumidos pelo banco, que, além disso, se vê
obrigado a desfazer de seu ativo imobilizado, com vias a cumprir a
legislação setorial (Acordo de Basiléia)”. Assim, nos termos da
proposta do relator, acolheu o Plenário as razões de justificativa
apresentadas pelos ex-membros do Conselho Diretor do BB.
Lei 8.666/1993:
Art. 33. Quando permitida na licitação a
participação de empresas em consórcio,
observar-se-ão as seguintes normas: (...).
ACÓRDÃO 745/2017 - PLENÁRIO
O TCU apreciou representação acerca de possíveis
irregularidades em pregão eletrônico conduzido pela
Superintendência Regional do Dnit nos Estados de Rondônia e Acre,
para a contratação de empresas para execução de serviços do
Programa de Contratos de Recuperação e Manutenção Rodoviária
(Crema). O representante noticiara suposta restrição ao caráter
competitivo do certame, consistente na limitação do número de
empresas a integrarem consórcios (no máximo duas empresas),
sem justificativa, o que afrontaria a jurisprudência do Tribunal.
Sobre a questão, o relator afirmou que, “de fato, este Tribunal tem
entendimento no sentido de que, uma vez admitida a participação
de consórcios em processo licitatório, a limitação a um número
máximo de empresas integrantes deve ser justificada”. Observou,
ademais, que, no caso concreto, o pregoeiro não especificou os
motivos que levaram à limitação ao número máximo de duas
ACÓRDÃO 745/2017 - PLENÁRIO
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação
técnica limitar-se-á a: (...)
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de
que tomou conhecimento de todas as informações
e das condições locais para o cumprimento das
obrigações objeto da licitação;
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
Jurisprudência do TCU:
"9.2. dar ciência ao Município de Itapé/BA de
que:
9.2.1. a vistoria ao local das obras somente deve
ser exigida quando for imprescindível ao cumprimento
adequado das obrigações contratuais, o que deve ser
justificado e demonstrado pela Administração no
processo de licitação, devendo o edital prever a
possibilidade de substituição do atestado de visita
técnica por declaração do responsável técnico de que
possui pleno conhecimento do objeto (...);
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
9.2.2. segundo entendimento desta Corte de Contas
(...), a exigência de que a visita técnica seja realizada
exclusivamente pelo responsável técnico da licitante é
potencialmente restritiva à competitividade dos certames;
9.2.3. a obrigatoriedade de que a visita técnica seja
realizada em um único dia se mostra prejudicial à
obtenção da proposta mais vantajosa para a
Administração, uma vez que possibilita que as licitantes
tomem conhecimento de quantos e quais são os
participantes do certame, facilitando a ocorrência de
ajuste entre os competidores (...)."
(Acórdão nº 1447/2015 – Plenário)
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
Jurisprudência do TCU:
"9.2. dar ciência ao Centro de Obtenção da Marinha no
Rio de Janeiro (COMRJ) de que: (...)
9.2.2. deve evitar, salvo em situações excepcionais
devidamente justificadas, exigir visita técnica pelos interessados
nas licitações, eis que sua substituição por declaração formal
assinada pela empresa, sob as penalidades da lei, de que tem
pleno conhecimento das condições locais e peculiaridades
inerentes à natureza dos trabalhos e não alegará
desconhecimento para quaisquer questionamentos futuros de
caráter técnico ou financeiro, atende o art. 30, inciso III, da Lei
8.666/1993 sem comprometer a competitividade do certame;"
(Acórdão nº 1564/2015 – Segunda Câmara)
ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA
O TCU apreciou representação formulada por empresa, com
fundamento no art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, acerca de
supostas irregularidades em edital de pregão presencial promovido
pelo Município de Irará/BA com vistas a contratar a locação de
veículos para o transporte escolar de alunos. Entre as falhas
noticiadas pela representante, consta a obrigatoriedade de
realização de visita técnica exclusivamente pelo sócio
administrador da empresa licitante. No caso, o relator ratificou a
análise empreendida pela unidade técnica do Tribunal quanto às
irregularidades representadas e confirmadas no edital do certame.
Sobre a questão, o relator ressaltou que tal exigência, contida no
item 11.1 do edital, é irregular, mormente para ser cumprida no
prazo de dois dias, “visto que não atende ao disposto no art. 3º, §
1º, I, da Lei 8.666/1993”. Destacou, ainda, que “a jurisprudência
desta Corte de Contas é pacífica em considerar que a vistoria
ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA
deve sofrer condicionantes, por parte da Administração, que resultem
em ônus desnecessário aos particulares e importem restrição
injustificada à competitividade do certame, podendo ser realizada
por qualquer preposto das licitantes, a fim de ampliar a
competitividade do procedimento licitatório (acórdãos 983/2008,
2.395/2010 e 2.990/2010, todos do Plenário). [...] Deve ser levado em
consideração o ônus imposto aos licitantes para o cumprimento
desses requisitos e sua razoabilidade em face da complexidade dos
serviços a serem executados”. Ao final, o Colegiado, endossando a
posição do relator, considerou procedente a representação e
determinou ao Município de Irará/BA que, caso decida pela
continuidade da contratação, promova o devido processo licitatório,
abstendo-se de incluir no edital, entre outras, a seguinte exigência
considerada ilegal pelo TCU: “exigência, de que a vistoria técnica seja
realizada exclusivamente pelo sócio administrador da licitante, tendo
ACÓRDÃO 2416/2017 - 1ª CÂMARA
Jurisprudência do TCU:
(Acórdão nº 551/2002 - Segunda Câmara)
"(...) no que se refere à previsão da prorrogação no ato
convocatório, resta esclarecer que, de fato, a prorrogabilidade do
inciso II depende de explícita autorização no ato convocatório.
Sendo omisso o edital, não poderá a entidade promover a
prorrogação. (...) Assim, em razão de não haver previsão editalícia
e, consequentemente, contratual quanto à prorrogação em
questão, entendo que deve ser mantida a irregularidade."
PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
IN SEGES-MP 5/2017 (ANEXO IX):
DA VIGÊNCIA E DA PRORROGAÇÃO
3. Nas contratações de serviços continuados, o contratado não
tem direito subjetivo à prorrogação contratual que objetiva a
obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
Administração, podendo ser prorrogados, a cada 12 (doze)
meses, até o limite de 60 (sessenta) meses, desde que a
instrução processual contemple:
a) estar formalmente demonstrado que a forma de prestação
dos serviços tem natureza continuada;
b) relatório que discorra sobre a execução do contrato, com
informações de que os serviços tenham sido prestados
regularmente;
PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
c) justificativa e motivo, por escrito, de que a
Administração mantém interesse na realização do serviço;
d) comprovação de que o valor do contrato permanece
economicamente vantajoso para a Administração;
e) manifestação expressa da contratada informando o
interesse na prorrogação; e
f) comprovação de que o contratado mantém as
condições iniciais de habilitação.
[...]
PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
7. A vantajosidade econômica para prorrogação dos contratos com
mão de obra exclusiva estará assegurada, sendo dispensada a
realização de pesquisa de mercado, nas seguintes hipóteses:
a) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos
itens envolvendo a folha de salários serão efetuados com base em
Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou em
decorrência de lei;
b) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos
itens envolvendo insumos (exceto quanto a obrigações decorrentes
de Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho e de lei) e
materiais serão efetuados com base em índices oficiais,
previamente definidos no contrato, que guardem a maior correlação
possível com o segmento econômico em que estejam inseridos tais
insumos ou materiais ou, na falta de qualquer índice setorial, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA/IBGE;
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
Lei 8.666/1993:
Art. 24. É dispensável a licitação: (...)
XI – na contratação de remanescente de obra, serviço
ou fornecimento, em consequência de rescisão
contratual, desde que atendida a ordem de
classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas
condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive
quanto ao preço, devidamente corrigido;
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
Jurisprudência do TCU:
"Consta nos autos que o TRE/RR [Tribunal Regional
Eleitoral de Roraima], em 22/12/1999, por meio da Tomada de
Preços nº 1/1999, contratou a empresa KCB de Queiroz e Cia.
Ltda. para executar serviços de limpeza, conservação,
copeiragem, reprografia e atendimento telefônico. A avença foi
firmada pelo prazo inicial de 24 meses, com a possibilidade de
renovação por até 60 meses.
Em 22/5/2001, a Administração do TRE/RR rescindiu,
unilateralmente, o referido ajuste. Seis dias após a rescisão, a
empresa RORSERC, por ter sido a segunda colocada na Tomada
de Preços nº 1/1999, foi contratada, com base no art. 24, inciso
XI, da Lei de Licitações, para prosseguir na prestação dos serviços.
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
A controvérsia reside em saber se a Administração
poderia ou não ter dispensado a referida licitação. O gestor
defende a possibilidade por entender que o edital do
certame previa a prorrogação da avença por até 60
meses. Assim, como houve a rescisão do contrato inicial
antes deste prazo, a segunda colocada, com fundamento
no já transcrito art. 24, inciso XI, poderia prosseguir com
a prestação do serviço por todo o período.
O entendimento defendido pela administração do
TRE/RR está em consonância com o pensamento desta
Corte.
CONTRATAÇÃO DO REMANESCENTE DE OBRA,
SERVIÇO OU COMPRA
(...) A contratação do segundo colocado por conta de
rescisão contratual serve para tornar mais ágil a
Administração Pública. Não se pode reclamar a realização de
novo certame, quando a legislação permite a contratação
direta. Ademais, no caso concreto, seria desarrazoado exigir
que o órgão funcionasse sem receber os serviços de
conservação e limpeza enquanto outra licitação fosse
realizada.
Assim, uma vez que não há indícios nos autos de que a
contratação do segundo colocado tenha sido efetuada ao
arrepio do art. 24, inciso XI, da Lei nº 8.666/1993, considero
acolhida a razão de justificativa (...)."
(Acórdão nº 412/2008 – Plenário)
ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO
O Plenário apreciou relatório de auditoria com objetivo
examinar a regularidade dos procedimentos em contratações de bens
e serviços pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), no
âmbito de Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC). Entre outras
ocorrências, a equipe de fiscalização apontou como achado de
auditoria a “contratação direta com aplicação irregular do
embasamento legal no inciso XI do art. 24 da Lei 8.666/93”, pois
empresa fora contratada para manutenção dos bens móveis e
imóveis dos prédios da sede da Cnen em decorrência da rescisão do
contrato firmado com a vencedora do pregão eletrônico, que
informara, pouco antes do término da vigência do ajuste, não poder
continuar prestando os serviços. Com amparo no Acórdão 819/2014
Plenário, que, em situação similar, considerou irregular uma nova
contratação fundamentada no inciso XI do artigo 24 da Lei 8.666/93, a
unidade técnica entendeu que o embasamento legal adotado não
ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO
poderia ser aplicado, por se tratar de contrato de prestação
continuada, com prazo de doze meses, que se encontrava no seu
segundo ano de prestação, de modo que o contrato original teria sido
plenamente executado. Assim, propôs a unidade instrutiva dar ciência
à Cnen de que a celebração do contrato em questão afrontara o citado
dispositivo legal e o entendimento do mencionado acórdão, uma vez
que o contrato anterior tratava de serviço continuado já em sua
primeira prorrogação de doze meses, não havendo, portanto, a
situação de serviço remanescente. O relator, por sua vez, ponderou
que a comunicação quanto à impossibilidade de prorrogação
contratual fora realizada pela empresa então contratada a menos de
um mês do encerramento da vigência do contrato, inexistindo tempo
suficiente para a realização de novo procedimento licitatório.
Ademais, destacou o Acórdão 412/2008 Plenário, que teria
considerado regular contratação similar. Assim,
ACÓRDÃO 1134/2017 - PLENÁRIO
Lei 8.666/1993:
Art. 24. É dispensável a licitação: (...)
X – para a compra ou locação de imóvel destinado ao
atendimento das finalidades precípuas da
Administração, cujas necessidades de instalação e
localização condicionem a sua escolha, desde que
o preço seja compatível com o valor de mercado,
segundo avaliação prévia;
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Jurisprudência do TCU:
Dispensa de Licitação: necessidade de comprovação de que o imóvel
a ser locado é o único que atende aos interesses da Administração Pública
Em representação feita ao TCU, foi noticiada possível irregularidade
constituída na ausência de licitação e na inobservância dos princípios
constitucionais da impessoalidade e da moralidade, quando da locação, com
a utilização de recursos públicos da área de saúde, de imóvel de propriedade
do cônjuge da ex-Prefeita do município de Guarabiras, na Paraíba. Ao
examinar as razões de justificativa apresentadas pela responsável, a unidade
técnica registrou o fato de o proprietário do imóvel locado ser esposo da
então Prefeita de Guarabiras, ou seja, a Prefeitura havia locado um imóvel da
própria Prefeita, por intermédio do esposo desta. Acresceu, ainda, que “o
fato de eventualmente ter havido inabilidade no ato de contratação com
dispensa de licitação, com inobservância das devidas cautelas de justificativa
como previsto no art. 24, inciso X, da Lei nº 8.666/1993 não conduz à exclusão
da culpabilidade”.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Caberia, ainda na opinião da unidade técnica, até se
discutir o dolo na utilização da dispensa de licitação, mas seria
induvidável a ofensa a diversos princípios constitucionais, como o
da legalidade, o que levaria à reprovação da conduta da ex-
Prefeita. Citando precedente jurisprudencial, a unidade técnica
anotou que “O art. 24, inciso X, da Lei de Licitações estabelece
ser dispensável a licitação para a compra ou locação de imóvel
destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
Administração, cujas necessidades de instalação e localização
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia”. Assim, “a
utilização desse dispositivo só é possível quando se identifica um
imóvel específico cujas instalações e localização sinalizem que
ele é o único que atende o interesse da Administração”.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Como, na espécie, haveria pelo menos outro imóvel que serviria
ao intuito da administração municipal, não seria possível a utilização da
hipótese do art. 24, inc. X, da Lei 8.666/1993, como fundamento da
contratação direta. O relator, ao concordar com a unidade técnica,
destacou, em seu voto, que “havia pelo menos outro imóvel com
características semelhantes, que poderia servir de alternativa à locação”,
o que, portanto, leva à incorreção quanto ao procedimento de se
dispensar a licitação com base no art. 24, inciso X, da Lei nº 8.666/1993.
Votou, em consequência, pela aplicação de multa à ex-Prefeita, bem como
pela expedição de determinação corretiva e de alerta ao município de
Guarabira, a fim de que sejam evitadas ocorrências semelhantes em
situações futuras. O Colegiado acolheu, por unanimidade, o
encaminhamento sustentado pelo relator. Precedentes citados: Acórdão
n.º 444/2008-Plenário. Acórdão nº 5281/2010-1ª Câmara, TC-
030.588/2007-5, rel. Min. José Múcio Monteiro, 24.08.2010.
(INFORMATIVO TCU Nº 31)
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Jurisprudência do TCU:
"Parte da doutrina tem considerado que a dispensa de licitação
com fulcro no art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993, na verdade,
configuraria situação de inexigibilidade, devido à ausência de
competitividade, pois somente um único imóvel seria capaz de
atender ao interesse da Administração.
Nesse sentido, alguns julgados desta Casa, a exemplo dos
Acórdãos 1.816/2010 e 5.948/2014, ambos da 2ª Câmara,
consideraram ser necessária a comprovação de que a escolha de um
imóvel que, em face das suas características de instalação e
localização, seja o único capaz de atender às necessidades da
Administração. Caso contrário, seria inaplicável a contratação direta
fundamentada na hipótese de dispensa de licitação prevista no art. 24,
inciso X, da Lei 8.666/1993.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
Penso, todavia, que tal entendimento possa ser aperfeiçoado.
De fato, realmente me parece mais adequado o enquadramento da
aquisição/locação de imóveis como hipótese de dispensa de licitação,
tal como efetivamente definido pelo legislador da Lei 8.666/1993, e
não como situação de inexigibilidade de licitação, conforme defendido
por alguns juristas. Não existe, em geral, um único imóvel que atenda
às necessidades da Administração, o que seria um caso de
inviabilidade de competição, em que aplicar-se-ia o instituto da
inexigibilidade de licitação. Muitas vezes, uma pluralidade de imóveis
atende aos requisitos do Poder Público, sem que isso implique na
necessidade de licitar, pois torna-se inviável ou extremamente difícil
estabelecer um torneio em que seja realizada uma seleção com
critérios estritamente objetivos, dentro dos princípios norteadores da
licitação, e que assegure a obtenção da melhor contratação dentre
todas as possibilidades possíveis.
COMPRA OU LOCAÇÃO DE IMÓVEL
O art. 24 da Lei 8666/93 indica as hipóteses em que a licitação
seria juridicamente viável, embora a lei dispense o administrador de
realizá-la. Já no caso de inexigibilidade, a licitação é inviável, ou seja,
impossível de ser realizada, tendo em vista fatores que impedem a
competitividade.
Dentre os vários imóveis que podem satisfazer às condições
desejadas pela Administração para ocupação, encontra-se na esfera do
poder discricionário do gestor público a efetivação de sua locação por
dispensa de licitação, bem como os motivos adotados para a seleção, que
não estão necessariamente atrelados apenas ao valor de aluguel, sendo
possível – e até desejável - a consideração de outros critérios. Contudo,
deve ser observado que o art. 26 da Lei de Licitações e Contratos exige
adequada motivação para a opção escolhida e a demonstração de que o
valor da contratação resultante esteja compatível com parâmetros de
mercado."
(Acórdão nº 2420/2015 – Plenário)
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
Representação formulada ao TCU apontara supostas
irregularidades relativas a aquisição de imóveis pelo Conselho
Regional de Corretores de Imóveis – 1ª Região (Creci/RJ). Quanto à
irregularidade consistente na “prática de fuga às licitações cabíveis e
aplicáveis às compras das salas comerciais, situadas nos bairros do
Méier e Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro, caracterizada pela
ausência de justificativas consistentes de que os imóveis adquiridos
por meio de dispensa de licitação (art. 24, inciso X, da Lei
8.666/1993) eram, à época da aquisição, únicos para o atendimento
às necessidades específicas cumuladas de instalação, dimensões e
localização do Creci/RJ”, apesar de o responsável ouvido em
audiência juntar aos autos parecer da Procuradoria-Geral Federal
admitindo a possibilidade de o administrador público se valer da
hipótese prevista no art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993 ainda que
existam outros imóveis, a unidade técnica propôs a rejeição de suas
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
razões de justificativa, no que foi acompanhada pelo relator. Ao
defender a “possibilidade de se adquirir imóvel por dispensa, mesmo
que não tenha sido caracterizada a inexigibilidade de licitação”, o
revisor colacionou decisão do STJ que traz, em seu bojo, doutrina de
Marçal Justen Filho no sentido de que a conclusão acerca da
caracterização da inexigibilidade de licitação “faz-se em momento
logicamente anterior ao do reconhecimento da dispensa. Num
primeiro momento, avalia-se se a competição é ou não é viável. Se
não for, caracteriza-se a inexigibilidade. Se houver viabilidade de
competição, passa-se à verificação da existência de alguma hipótese
de dispensa”. O revisor sustentou ainda que, ao prever a
possibilidade de dispensa de licitação para a aquisição de imóveis, o
legislador “deve ter antevisto as dificuldades em se estabelecer um
critério objetivo de avaliação de propostas ante as inúmeras
variáveis que acompanham a seleção de tal espécie de objeto
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
(localização, área, proximidade de serviços públicos, qualidade das
instalações, segurança da região, facilidade de acesso, custos
condominiais, dentre outros)”. Por não constar do processo que
tivessem sido “formalizadas em relatório técnico as necessidades
da entidade (v.g. área e localização do imóvel) para que a partir daí
fossem realizadas pesquisas entre imóveis disponíveis, de forma a
atender plenamente o disposto no art. 26, parágrafo único, inciso
II, da Lei 8.666/1993”, mas reconhecendo ser “intuitivo entretanto
que esses requisitos existiam ao serem aprovados pela reunião do
colegiado da diretoria do Conselho Regional de Corretores de
Imóveis – 1ª Região (Creci/RJ), pois se buscava a substituição de
instalações já existentes e que já não atendiam mais às necessidades
da entidade”, o revisor propôs e o Plenário decidiu acatar
parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelo
responsável. (Ministro-Redator Benjamin Zymler)
ACÓRDÃO 5244/2017 – 1ª CÂMARA
RESPOSTA À 29ª PERGUNTA:
A existência de um único imóvel apto a, por
suas características de instalação e localização,
atender às finalidades precípuas da Administração
não é requisito para a contratação por dispensa de
licitação fundada no art. 24, inciso X, da Lei
8.666/1993.
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
30ª PERGUNTA:
O desenvolvimento e a manutenção de
softwares podem ser enquadrados na categoria de
objetos comuns prevista na Lei 10.520/2002 (Lei do
Pregão)?
CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS COMUNS
Lei 10.520/2002:
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns,
poderá ser adotada a licitação na modalidade de
pregão, que será regida por esta Lei.
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços
comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais no mercado.
PREGÃO NA ÁREA DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO
Decreto Federal 7.174/2010:
Art. 9º Para a contratação de bens e serviços de informática e
automação, deverão ser adotados os tipos de licitação “menor
preço” ou “técnica e preço”, conforme disciplinado neste
Decreto, ressalvadas as hipóteses de dispensa ou
inexigibilidade previstas na legislação.
§ 1º A licitação do tipo menor preço será exclusiva para a
aquisição de bens e serviços de informática e automação
considerados comuns, na forma do parágrafo único do art. 1º
da Lei nº 10.520, de 2002, e deverá ser realizada na
modalidade de pregão, preferencialmente na forma eletrônica,
conforme determina o art. 4º do Decreto nº 5.450, de 31 de
maio de 2005.
PREGÃO NA ÁREA DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO
[...]
§ 4º A licitação do tipo técnica e preço será utilizada
exclusivamente para bens e serviços de informática e
automação de natureza predominantemente intelectual,
justificadamente, assim considerados quando a
especificação do objeto evidenciar que os bens ou
serviços demandados requerem individualização ou
inovação tecnológica, e possam apresentar diferentes
metodologias, tecnologias e níveis de qualidade e
desempenho, sendo necessário avaliar as vantagens e
desvantagens de cada solução.
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades na Casa da Moeda do Brasil, relacionadas ao Pregão
Presencial Internacional CMB 0010/16, do tipo menor preço global,
que tinha por objeto a “prestação de serviços técnicos
especializados para o Sistema de Controle e Rastreamento da
Produção de Cigarros (Scorpios) em âmbito nacional, incluindo:
service desk; data center; sistema supervisório; suporte técnico;
solução de automação; solução de autenticação; desenvolvimento
e manutenção de demandas evolutivas e corretivas do software
referente ao SGD-Scorpios; bem como a mão de obra necessária ao
cumprimento do objeto do contrato”. A representante argumentou
que o pregão presencial seria inaplicável ao caso, por não se tratar
de hipótese de contratação de bem ou serviço comum nos moldes
previstos pela legislação relativa à modalidade pregão. Sustentou
também que, em razão da complexidade do objeto licitado, que
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
envolve a integração de serviços distintos, havendo a possibilidade
de diversas tecnologias diferentes, a serem avaliadas sob o ponto de
vista técnico, deveria ser adotada a modalidade de concorrência, do
tipo técnica e preço. Ao analisar os argumentos da representante, a
unidade técnica ponderou que “assim como é certo tratar-se de
sistema com integração de diversos módulos de funcionamento,
bem como se tratar realmente do desenvolvimento de um software
para atendimento exclusivo à Casa da Moeda do Brasil, não se
pode deixar de apontar que o desenvolvimento de sistemas, apesar
da complexidade de sua execução, é tarefa realizada a partir de
técnicas padronizadas e usuais no mercado, ainda que cada
empresa detenha sua própria metodologia e arcabouço
tecnológico”. Registrou ainda que o TCU, por diversas vezes,
examinou contratações de empresas que deveriam desenvolver
softwares específicos para a contratante e não verificou ilegalidade
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
na escolha do pregão como modalidade licitatória. A unidade
técnica concluiu: “A bem da verdade, são as particularidades do
objeto a ser licitado que irão permitir ou impedir a adoção da
modalidade pregão. A Corte de Contas entende, então, que o
desenvolvimento e a manutenção de softwares não
necessariamente são objetos predominantemente intelectuais. Se
objetivamente definidos por meio de especificações usuais no
mercado, enquadram-se na categoria de bens/serviços comuns
prevista na legislação”, no que foi acompanhada pelo relator. Em
seu voto, ao deixar assente que “os padrões de desempenho e de
qualidade do objeto estão objetivamente definidos por meio de
especificações usuais no mercado, conforme detalhamento
constante no termo de referência”, o relator concluiu ter sido
“adequada a adoção da modalidade pregão, do tipo menor preço,
para a contratação do objeto pretendido pela CMB”. Ao final, o
ACÓRDÃO 1667/2017 – PLENÁRIO
Lei 8.666/1993:
Art. 33. Quando permitida na licitação a
participação de empresas em consórcio,
observar-se-ão as seguintes normas: (...).
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
Representação formulada ao TCU apontou possíveis
irregularidades no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), relacionadas aos Pregões Eletrônicos
39/2017 e 40/2017, destinados à contratação de serviços técnicos
necessários à estruturação de projeto de parceria público-privada
relativo à “modernização, eficientização, expansão, operação e
manutenção da infraestrutura de rede de iluminação” nos
Municípios de Teresina/PI e Porto Alegre/RS, respectivamente. Entre
as irregularidades apontadas, estava a “obrigatoriedade de
constituição de consórcio com escritório de advocacia, sem que
ficasse esclarecido o motivo pelo qual o BNDES não optou pelo
fracionamento do objeto licitado, efetivando a contratação das
atividades de assessoria jurídica por intermédio de outra licitação”.
Em sede de oitiva, o BNDES ressaltou que os serviços jurídicos “são
indissociáveis dos demais que compõem o objeto licitado, e, por isso,
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
não podem ser contratados em separado, sob pena de prejuízos
técnicos e financeiros para o BNDES”. Após analisar os argumentos
aduzidos pelo Banco, a unidade técnica concluiu que a exigência de
formação de consórcio em nada afetaria a competitividade do
certame, além de estar, segundo ela, de acordo com a jurisprudência
do TCU. Em seu voto, o relator concordou que a previsão de
participação de consórcio em licitações não afeta, de fato, a
competitividade do certame, pois busca justamente “ampliar a
competição em licitações e situa-se no âmbito do poder
discricionário da Administração contratante, devendo ser justificada
pelo gestor quando adotada, conforme firme entendimento desta
Corte de Contas”. Todavia, entendeu que não restou justificado o
porquê de os editais dos Pregões Eletrônicos 39/2017 e 40/2017 não
preverem a participação de potenciais licitantes não consorciados,
ou seja, permitirem tão somente a participação exclusiva e
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
obrigatória de empresas reunidas sob a forma de consórcio. Para o
relator, “a essência do art. 33 da Lei 8.666/1993 se consubstancia
justamente no aumento da competitividade do certame, a partir da
possibilidade da participação de empresas em consórcios”. Nesse
sentido, “alijar da licitação eventuais empresas que,
individualmente, teriam condições de cumprir o objeto a ser
contratado, contraria frontalmente o mens legis do dispositivo
mencionado”. Em que pese considerar “descabida” a cláusula
exigindo que apenas empresas consorciadas participassem do
certame, o relator concluiu que os pregões não foram impactados
por tal exigência, haja vista o número de interessados em cada um
dos certames (catorze propostas válidas) e a intensa disputa de
preços neles observada. Ao final, o relator propôs e o Plenário
decidiu considerar improcedente a representação, sem prejuízo de
determinar ao BNDES que, nas próximas licitações, “abstenha-se de
ACÓRDÃO 1711/2017 – PLENÁRIO
Lei 8.666/1993:
Art. 30. A documentação relativa à qualificação
técnica limitar-se-á a: (...)
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de
que tomou conhecimento de todas as informações
e das condições locais para o cumprimento das
obrigações objeto da licitação;
EXIGÊNCIA DE VISITA TÉCNICA (VISTORIA)
Jurisprudência do TCU:
"9.2. dar ciência ao Município de Itapé/BA de que:
9.2.1. a vistoria ao local das obras somente deve
ser exigida quando for imprescindível ao cumprimento
adequado das obrigações contratuais, o que deve ser
justificado e demonstrado pela Administração no
processo de licitação, devendo o edital prever a
possibilidade de substituição do atestado de visita
técnica por declaração do responsável técnico de que
possui pleno conhecimento do objeto (...);"
(Acórdão nº 1447/2015 – Plenário)
ACÓRDÃO 212/2017 – PLENÁRIO
RESPOSTA À 40ª PERGUNTA:
A vistoria ao local da prestação dos serviços
somente deve ser exigida quando imprescindível,
devendo, mesmo nesses casos, o edital prever a
possibilidade de substituição do atestado de visita
técnica por declaração do responsável técnico da
licitante de que possui pleno conhecimento do
objeto, das condições e das peculiaridades
inerentes à natureza dos trabalhos.