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PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS


Divisão de Licitações

São José dos Campos, 27 de setembro de 2019.

Processo: Não há – requerido via e-mail.


Assunto: Impugnação ao Edital do Pregão Presencial nº 141/SGAF/2019
Objeto: Contratação de empresa especializada em sistema de gestão de
descontos facultativos consignados em folha de pagamento e de
gestão da margem consignável, dos servidores e empregados
públicos ativos da administração pública direta, bem como a
implantação, customização, integração, treinamentos, suporte técnico
e atendimento.
Requerente: FÁCIL SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM INFORMÁTICA LTDA -
ME.
Representante: Otavio Abrantes de Sa

1. DO ALEGADO

A Pessoa Jurídica FÁCIL SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM INFORMÁTICA


LTDA. ME doravante impugnante, em seis laudas arrazoa acerca do edital do Pregão
Presencial nº 141/SGAF/2019 manifestação encaminhada via e-mail para
drmcd@sjc.sp.gov.br dia 26/09/2019 às 11h10min e, considerando a abertura da sessão
pública agendada para o dia 30/09/2019, a presente Impugnação apresenta-se
tempestiva.
Consta dividido em quatro tópicos a dissertação, a saber:
1. Do tipo da licitação;
2. Da modalidade de licitação – da inaplicabilidade do pregão;
3. Dos atestados de Capacidade Técnica.

4. Da necessidade de exigência do Certificado ISO 27001 (Segurança


da Informação)

Em razão de ser a exposição de cada tópico extensa e pormenorizada, atemo-nos


em resumir e transcrever o essencial de cada questão, conforme segue:

Questão 1. Do tipo da Licitação:

Escreve a Impugnante que o tipo de licitação eleito foi o pregão, tipo menor valor
por linha processada, modelo que estaria em descumprimento à Lei 8.666/93 =,
considerando a previsão de seu artigo 45, 4º, destacando na cópia do referido, “adotando
obrigatoriamente o tipo de licitação ‘técnica e preço’”, sugerindo que no caso concreto
seja eleito o tipo “melhor técnica”.

Rua José de Alencar nº 123-1º andar-sala 02-Vila Santa Luzia-SJCampos-SP-Cep.: 12209-904


Telefone: (0xx12) 3947.8178 E-mail: drmcd@sjc.sp.gov.br

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Questão 2. Da modalidade de licitação – da inaplicabilidade do pregão:

Certa de que o tipo “melhor técnica” seria o correto para o julgamento do objeto da
pretensa contratação, a impugnante nesta questão insurge-se contra a modalidade
pregão, vez que ela se presta a aquisição de bens e serviços comuns, o que estaria
definido no art. 1º da Lei 10.520/2002.

Em arremate escreve “requer a modificação do tipo e modalidade de licitação de


modo que seja valorizada a melhor técnica, a critério do que for conveniente à
Administração.”.

Questão 3 . Dos atestados de Capacidade Técnica

Nesta questão, quanto ao requerido no edital para a comprovação de qualificação


técnica por meio de Atestado de Capacidade Técnica, item 6.4.10, contesta a ausência
de quantitativo e do modo como ele será avaliado.
Cita que “O próprio TCU já possui entendimento sumulado de que a comprovação
da qualificação técnica do licitante deverá guardar proporcionalidade e razoabilidade ao
objeto da licitação.”.
Continuando, cita o artigo 30, inciso II da Lei 8.666/93 e da Constituição Federal o
art. 37, Inciso XXI, destacando a Lei a pertinência e compatibilidade e da Carta Magna a
permissão para exigir-se somente qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.

Questão 4 . Da necessidade de exigência do Certificado ISO 27001 (Segurança da


Informação)

Neste item destaca a impugnante, tendo em vista o objeto, ser de extrema


necessidade que a prestação do serviço ocorra em ambiente de incontestável segurança,
cujo ateste se daria mediante a certificação ISSO 27001.
Amparado nisto, requer que seja reformulado o edital para que nele se conste item
com exigência da Certificação ISSO 27001.

2. DA ANÁLISE:

Resposta 1. Do tipo da Licitação e

Resposta 2. Da modalidade de licitação – da inaplicabilidade do pregão

As questões 1 e 2 ainda que nesta impugnação tenham sido tratadas separadas


em dois tópicos, em sua essência tratam do mesmo assunto, podendo ser analisadas de
forma associada, sem com isso haver qualquer prejuízo ou entendimento dúbio.

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Dito isto, em que pese a fundamentação contrária nesta impugnação, o tipo “menor
preço” eleito pela Administração atende perfeitamente à consecução do fim almejado.

Já o tipo “melhor técnica” não se aplica ao objeto da licitação, a uma, porque não é
do tipo “técnica e preço” relacionado no art. 45, § 4º, da Lei 8.666/93.

A duas, porque o que se busca é a utilização de softwares prontos, disponíveis no


mercado, e que através do seu emprego sejam geridos os descontos facultativos
consignados em folha de pagamento e de gestão da margem consignável, pelo menor
valor por linha processada.

Ainda, a implantação, customização, integração, treinamentos, suporte técnico e


atendimento, são ações que não implicam na criação de software exclusivo para a
Prefeitura de São José dos Campos, ou seja, não se requer o desenvolvimento de
programa o que, se tivesse ocorrido, certamente estaria caracterizado a predominância
intelectual e, nesse caso, caberia o julgamento do tipo “técnica e preço”, mas, repise-se,
não é o caso do edital ora em contestação.

Corroborando como exposto, acode em favor à modalidade escolhida pela


Administração o fato de que têm prevalecido na jurisprudência das Cortes de Contas o
entendimento acerca do desenvolvimento e a manutenção de softwares.

Trata-se do entendimento de que serviços ditos de informática que não haja


predominância da natureza intelectual, se enquadrariam na categoria de objetos comuns
prevista na Lei 10.520/2002 sempre que possam ter seus padrões de desempenho e
qualidade objetivamente definidos no edital por meio de especificações usuais no
mercado, devendo, nessa situação, ser licitado mediante pregão (art. 9º, §§ 1º e 2º, do
Decreto 7.174/2010), este em cópia:

Art. 9o Para a contratação de bens e serviços de informática e automação,


deverão ser adotados os tipos de licitação “menor preço” ou “técnica e preço”,
conforme disciplinado neste Decreto, ressalvadas as hipóteses de dispensa ou
inexigibilidade previstas na legislação.

§ 1o A licitação do tipo menor preço será exclusiva para a aquisição de bens


e serviços de informática e automação considerados comuns, na forma do
parágrafo único do art. 1º da Lei nº 10.520, de 2002, e deverá ser realizada na
modalidade de pregão, preferencialmente na forma eletrônica, conforme determina
o art. 4o do Decreto no 5.450, de 31 de maio de 2005.

§ 2o Será considerado comum o bem ou serviço cuja especificação


estabelecer padrão objetivo de desempenho e qualidade e for capaz de ser
atendida por vários fornecedores, ainda que existam outras soluções disponíveis
no mercado.

Sobre o Decreto 7.174/2010, convém ainda destacar contrapondo-se ao


entendimento cerne desta “Questão 1” sobre a obrigatoriedade da adoção do tipo de
licitação “técnica e preço”, a orientação do § 4º restringindo a utilização da técnica e
preço para bens e serviços de informática em que seja verificada em maior quantidade ou
intensidade, a natureza intelectual, o que não se afigura no objeto da licitação Pregão
Presencial nº 141/SGAF/2019.

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§ 4o A licitação do tipo técnica e preço será utilizada exclusivamente para
bens e serviços de informática e automação de natureza predominantemente
intelectual, justificadamente, assim considerados quando a especificação do objeto
evidenciar que os bens ou serviços demandados requerem individualização ou
inovação tecnológica, e possam apresentar diferentes metodologias, tecnologias e
níveis de qualidade e desempenho, sendo necessário avaliar as vantagens e
desvantagens de cada solução.

Confirmando o entendimento prevalente, reproduz-se parte do Acórdão TC


034.564/2016-0 do Tribunal de Contas da União:

O Decreto 7.147/2010, que “regulamenta a contratação de bens e serviços


de informática e automação pela administração pública federal, direta ou indireta,
pelas fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público e pelas demais
organizações sob o controle direto ou indireto da União”, determina o seguinte:
[...]
Art. 9º Para a contratação de bens e serviços de informática e automação,
deverão ser adotados os tipos de licitação ‘menor preço’ ou ‘técnica e preço’,
conforme disciplinado neste Decreto, ressalvadas as hipóteses de dispensa ou
inexigibilidade previstas na legislação.
§ 1º A licitação do tipo menor preço será exclusiva para a aquisição de bens
e serviços de informática e automação considerados comuns, na forma do
parágrafo único do art. 1º da Lei 10.520, de 2002, e deverá ser realizada na
modalidade de pregão, preferencialmente na forma eletrônica, conforme determina
o art. 4º do Decreto 5.450, de 31 de maio de 2005.

Logo, correto e compatível o tipo “menor preço” com a também correta modalidade
escolhida “Pregão” o que concorre para a manutenção dos termos do edital.

Resposta 3 . Dos atestados de Capacidade Técnica

A modalidade eleita Pregão Presencial para a consecução do objeto se deve à


padronização existente no mercado cujos padrões de desempenho e qualidade puderam
ser objetivamente definidos no edital.

Seguindo essa linha de padrão de desempenho e de qualidade comuns no


mercado, da ausência de complexidade na execução do objeto, não cabe de forma
oposta às qualidades peculiares da modalidade Pregão, trazer para a análise da
qualificação operacional da licitante por meio do atestado de capacidade técnica,
requisitos de execução compatíveis com serviços de elevada complexidade, como os
típicos de qualificação operacional.

Sobre o que cita a impugnante referindo-se à Súmula 236/2011 do Tribunal de


Contas da União, esta não se aplica ao caso do edital do Pregão em análise, pois, refere-
se à previsão da apresentação de atestado TÉCNICO-OPERACIONAL em que pese
pertinente e aplicável a orientação quanto a guardar “proporção com a dimensão e
complexidade do objeto”.

Isto porque, sendo a licitação na modalidade Pregão caracterizada pela aquisição


de produtos ou serviços comuns, de ampla e fácil aquisição no mercado, há que se exigir

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comprovação de qualificação técnica guardadas as devidas proporções com a


complexidade do objeto a ser executado, ou seja, atestado de capacidade técnica
simples, tal como exigido no edital.

É o que se extrai com os destaques na Súmula 263/2011 do TCU, em cópia:


SÚMULA Nº 263/2011 Para a comprovação da capacidade técnico-
operacional das licitantes, e desde que limitada, simultaneamente, às parcelas de
maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, é legal a exigência
de comprovação da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com
características semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a
dimensão e a complexidade do objeto a ser executado.

Ainda da menção à Constituição Federal o art. 37, Inciso XXI, destacando a


permissão para exigir-se somente qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações, reforça não ser preciso ser exigido nada mais
do que a comprovação de ter realizado objeto similar ao exigido no edital.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
Assim, suficiente o parâmetro “atividade compatível com o objeto desta licitação”
indicado no item 6.4.10. do edital, considerando a natureza comum do objeto, a
modalidade Pregão e a vinculação ao art. 30, II, da Lei 8.666/93

Resposta 4 . Da necessidade de exigência do Certificado ISSO 27001 (Segurança da


Informação)

A exigência pleiteada de Certificação de Qualificação não faz parte do rol da


exigência de que trata o artigo 27, incisos I a V da Lei 8.666/93, as quais, nas palavras do
iminente jurista Marçal Justen Filho, trata-se de elenco máximo e não mínimo, logo, não
pode ser objeto de exigência para fins de habilitação.
Ademais, a exigência pleiteada trata-se de uma certificação de qualificação e não
uma exigência legal que regulamenta a prestação de serviço prevista no objeto do
certame.
Em arremate, amparada no elenco máximo do artigo 27 da Lei 8.666/93, temos a
Súmula nº 17 que veda a exigência de certificações de qualidade.
Eis a cópia:
Súmula nº 17. Em procedimento licitatório, não é permitido exigir-se, para fins de
habilitação, certificações de qualidade ou quaisquer outras não previstas em lei.
Em razão do exposto, permanece inalterado o edital.

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3. DA CONCLUSÃO

Diante do exposto, decidimos pelo INDEFERIMENTO da presente impugnação.


As razões apresentadas e a resposta encontram-se juntadas ao Processo nº
114600/2019.

Atenciosamente,

Augusta Nanami Hayashi


Diretora
Departamento de Gestão de Pessoas

José Cláudio Marcondes Paiva


Diretor
Departamento de Recursos Materiais

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