ORIENTAÇÃO CONSULTIVA

PARECER N.º /2021

Protocolo nº 47.397

Consulente
Prefeitura Municipal de Tupi Paulista/SP

Termos da Consulta

“Documentos que são essenciais para uma licitação deste referido Objeto do Edital, os

mesmos deverão ser apresentados em nome da Licitante? Uma vez que só é destacado que o
Atestado de Capacidade Técnica deve ser necessariamente em nome da Licitante.
O nosso entendimento e que achamos uma exigência correta que esses documentos
poderão ser anexados em Nome da Empresa Fabricante, da MARCA / MODELO ofertado na
PROPOSTA. Isto é as empresas autorizadas poderão participar do certame com todos seus 
Documentos Habilitatórios e os Documentos Técnicos mencionados acima , da empresa
Fabricante. Correto?”
Relatório

Trata-se de consulta formulada pela Prefeitura Municipal de Tupi Paulista, por

intermédio da servidora Glaucia Teixeira Carlos Pereira, Diretora de Licitações, na qual
consiste no questionamento de uma empresa quanto ao edital n° 017/2021, do Pregão
Eletrônico 002/2021, sobre a possibilidade de apresentação dos documentos exigidos para
habilitação referentes ao “Certificado de Adequação Técnica” – CAT e “Comprovante de
Capacitação Técnica” – CCT, ambos em nome da empresa fabricante e não da empresa
licitante.

É a síntese do questionamento, passe-se ao Parecer.

Orientação

A título de contextualização, o edital n° 017/2021, do Pregão Eletrônico 002/2021, tem

por objeto a aquisição de um veículo castrador, cuja especificação contida no Anexo I – Termo
de Referência do referido edital transcrevo:

“Trailer Semirreboque 0 km em sua cor básica branca com as dimensões

mínima de 2,40 mts de largura por 6,00 mts de comprimento, chassi
construído com tubo industrial 40/100 e viga U4 primeira alma, tendo 2 eixos
cm sistema de freio inercial rodas aro 14 com pneus 8 lonas, dotado de feixo
de molas compatível com a capacidade de carga do trailer.”

Pela análise do objeto, algumas considerações devem ser realizadas, antes da resposta do
questionamento posto.

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Conforme estabelece o Código de Trânsito Brasileiro, no ANEXO I DOS

CONCEITOS E DEFINIÇÕES, ao final da Lei, o que pode ser conferido pelo sítio
eletrônico do Planalto1, o veículo do tipo Trailer consiste em “reboque ou semi-reboque tipo
casa, com duas, quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado à traseira de automóvel ou
camionete, utilizado em geral em atividades turísticas como alojamento, ou para atividades
comerciais.”

Assim, considerando que o veículo a ser adquirido pela municipalidade consiste em um

“Trailer semirreboque”, para sua utilização e deslocamento é necessário o seu emplacamento
que somente poderá ser realizado caso a fabricante possua o “Certificado de Adequação
Técnica” – CAT, emitido pelo DENATRAN e “Comprovante de Capacitação Técnica” – CCT
emitido pelo INMETRO.

Isso porque, a Resolução do Contran n° 291 de 2008, posteriormente alterada pela

Resolução do Contran n° 369 de 2010, estipula que:

“Art. 1º Todos os veículos fabricados, montados e encarroçados, nacionais

ou importados, devem possuir código de marca/modelo/versão específico, o
qual deve ser concedido conjuntamente à emissão, pelo Órgão Máximo
Executivo de Trânsito da União, do Certificado de Adequação à
Legislação de Trânsito – CAT.” [Destacamos].

Razão pela qual o CAT e o CCT, conforme exposto, tratam-se de documentos relativos
exclusivamente ao objeto pretendido pela municipalidade e são necessários para a fabricação
do Trailer, de modo que sua exigência no edital é de suma importância.

Ocorre que, data vênia, a exigência no edital está sendo realizada de maneira
equivocada, uma vez que o CAT e CCT ora mencionados não se confundem com a
comprovação de qualificação técnica previsto pelo artigo 30 da Lei Federal n° 8.666/932.

Com efeito, a qualificação técnica em procedimento licitatório tem por objetivo

assegurar que o serviço ou bem licitado será executado ou entregue por empresa com
capacidade técnica para tanto, garantindo que a empresa fornecedora detenha condições
mínimas para executar com presteza e segurança o objeto da licitação, de modo a atingir o
interesse da Administração Púbica.

1
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm> Acesso em: 30. de Abr. de 2021.

2
Art. 30.  A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características,
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal
técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um
dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que
tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto
da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.

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Conforme leciona Marçal Justen Filho:

“A expressão ‘qualificação técnica’ tem grande amplitude de significado. Em

termos sumários, consiste no domínio de conhecimentos e habilidades
teóricas e práticas para execução do objeto a ser contratado. [...] O conceito
de qualificação técnica é complexo e variável, refletindo a heterogeneidade
dos objetos licitados. Cada espécie de contratação pressupõe diferentes
habilidades ou conhecimentos técnicos. É implausível imaginar algum caso
em que a qualificação técnica seria irrelevante para a Administração. Quando
muito, poderia imaginar-se que o objeto é suficientemente simples para ser
executado por qualquer profissional de uma certa área. Por exemplo,
suponha-se que a Administração necessite contratar serviços de marcenaria
muito simples. A qualificação técnica poderá restringir-se à comprovação da
titularidade da profissão de marceneiro, mas é óbvio que não poderia ser
contratada pessoa destituída de qualquer habilidade nesse setor. Como
decorrência, a determinação dos requisitos de qualificação técnica far-se-á
caso a caso, em face das circunstâncias e peculiaridades das necessidades que
o Estado deve realizar. Caberá à Administração, na fase interna antecedente à
própria elaboração do ato convocatório, avaliar os requisitos necessários,
restringindo-se ao estritamente indispensável a assegurar um mínimo de
segurança quanto à idoneidade dos licitantes.”3

Desse modo, a comprovação de qualificação técnica, nos termos do artigo 30 da Lei

Federal n° 8.666/93, dentre outras formas, poderá ser feita conforme exigido no certame em
comento:
“a) Atestado(s) ou Certidão(ões) de Capacidade Técnica, fornecido(s) por
pessoa(s) jurídica(s) de direito público ou privado, necessariamente em
nome do licitante, no(s) qual(ais) se indique(m) a comprovação de pelo
menos 01 objeto compatível ao objeto desta licitação.” [Destacamos].

Melhor dizendo, a dúvida posta em desate consiste na necessidade ou não do CAT e

CCT estarem “necessariamente em nome do licitante” conforme estabelecido no edital.
Assim, pode-se afirmar que, em verdade, referidos documentos devem estar em nome da
empresa fabricante do veículo do tipo Trailer, em virtude da exigência dos órgãos reguladores.

Caso contrário, se a Administração adquirir um Trailer sem que a empresa fabricante

detenha o CAT e CCT, não poderá utilizá-lo para locomoção, uma vez que sequer será
emplacado.

Por outro lado, a comprovação de qualificação técnica certificará se a licitante atende ou

não aos requisitos para fornecimento do tipo de objeto do presente procedimento licitatório, e
deverá estar “necessariamente em nome do licitante”, seja em um atestado ou qualquer outro
documento comprobatório, que atenda aos requisitos legais, informando se a empresa já
prestou serviços ou forneceu produtos semelhantes a outra pessoa jurídica, seja de direito
público ou privado, atendendo aos requisitos artigo 30 da Lei Federal n° 8.666/93.

3
FILHO. Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 16. ed. São Paulo: Revista do
Tribunais, 2014. p. 575.

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Conclusão

Ante às considerações expostas, S.M.J., orienta-se à Prefeitura Municipal de Tupi

Paulista que o “Certificado de Adequação Técnica” – CAT e “Comprovante de Capacitação
Técnica” – CCT são documentos necessários para a fabricação do veículo tipo Trailer a ser
adquirido pela Administração, os quais podem ser apresentados pela licitante em nome da
empresa que fabricou o veículo, e não se confundem com a qualificação técnica, prevista pelo
artigo 30 da Lei Federal n° 8.666/93, a ser comprovada pela licitante, cujo documento
comprobatório deve estar necessariamente em nome da licitante.

Adamantina - SP, 30 de abril de 2021.

Lucas R. S. Delvechio Henrico Queçada Pereira

Consultor – OAB/SP n° 409.223 Consultor

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