E VESTIBULARES:
HISTÓRIA DO
1
PARANÁ
1
Ressaltando que a apostila NÃO é de cunho integralmente autoral; tal material foi
confeccionado com base em um aglomerado de partes e frases (de modo que os materiais
consultados foram se complementando a fim de aumentar a qualidade da apostila) das
referências e bibliografia citadas ao fim do conteúdo.
2
E-mail: tchveronezzi_@hotmail.com / thiago.veronezzi@grupointegrado.br
Facebook: Thiago Veronezzi (https://www.facebook.com/thiagoo.veronezzi).
Currículo Lattes: Thiago Chaves Veronezzi (http://lattes.cnpq.br/1976252968129472).
1
SUMÁRIO
AS POPULAÇÕES NATIVAS..................................................................................................03
ESCRAVIDÃO........................................................................................................................... 55
IMIGRAÇÃO............................................................................................................................. 59
A CONSTRUÇÃO DA INFRAESTRUTURA.........................................................................74
OS TRÊS PARANÁS.................................................................................................................78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................83
2
AS
POPULAÇÕES
NATIVAS
3
AS POPULAÇÕES NATIVAS PARANAENSES
3
O nome do Estado vem do nome indígena do rio homônimo em tupi: pa’ra = “mar” mais “nã”
= “semelhante, parecido”. Paraná é, enfim, “semelhante ao mar, rio grande, parecido com o
mar”.
4
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
(UEM-2009) Os índios que habitavam as terras hoje pertencentes ao estado do Paraná eram
divididos em dois grandes grupos: os tupis-guaranis, que predominavam no litoral, e os tapuias
ou jês. Sobre esses habitantes, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
16) Para estudar as populações indígenas que viveram no Paraná, os pesquisadores recorrem a
procedimentos e a técnicas próprias da Arqueologia.
QUESTÃO 02:
(UEM-2010) Quando os primeiros europeus chegaram à América, viviam, no território do atual
Estado do Paraná, vários povos indígenas. A respeito desses povos, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).
01) Entre os povos que habitavam a região, podem ser citados os Guarani e os Kaingang.
02) Os Guarani praticavam a agricultura, cultivando mandioca, milho, algodão, entre outros
produtos.
04) Os Kaingang praticavam uma agricultura mais complexa que as tribos do litoral, utilizando-
se do arado para cultivar as áreas que eram desmatadas pelas queimadas.
08) Os jesuítas espanhóis que se fixaram na atual região Norte do Estado do Paraná, no início
do século XVII, tinham como objetivo a catequese dos índios.
16) Os Xokleng, também chamados Botocudos, os Xetá, os Tupinambá e os Aymoré, povos
agricultores, eram os grupos mais numerosos na região onde atualmente se localiza o município
de Maringá.
QUESTÃO 03:
(UEM-2011) Sobre grupos indígenas e os contatos estabelecidos com o colonizador europeu na
região que veio a se constituir no atual Estado do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) No litoral do atual Estado do Paraná, predominavam, assim como no restante do Brasil, os
caingangues.
02) As técnicas agrícolas utilizadas pelos índios que habitavam o litoral paranaense visavam à
preservação da natureza. Isso pode ser observado pela sedentarização e fixação dessa população
na região, já no século XV.
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04) No Paraná, um dos vestígios arqueológicos deixados pelos indígenas são os sambaquis,
encontrados no litoral.
08) A partir da segunda metade do século XVI, empenhados na conversão dos nativos ao
cristianismo, missionários jesuítas penetram no território que se constituiria no Estado do
Paraná.
16) Durante o período da União Ibérica, entre 1580 e 1640, ocorreram o desenvolvimento e os
ataques dos paulistas às reduções jesuíticas do Guairá.
6
A
PRESENÇA EUROPEIA
NO
TERRITÓRIO
PARANAENSE
7
O PARANÁ ESPANHOL
8
Numa dessas expedições foi encontrado o Caminho de Peabiru (este caminho
já era utilizado pelos indígenas, onde saia do oceano Atlântico, próximo a São Vicente,
e chegava até o Pacífico, no território do Peru.). Aleixo Garcia, um espanhol
naufragado, chegou ao litoral da capitania de Sant’ana e logo fez contato amistoso com
os índios da região. Logo, Aleixo ficou sabendo das terras mais a oeste que emanavam
ouro. O espanhol juntou cerca de dois mil índios e se lançou em direção ao Império Inca
pelo que seria conhecido como Caminho de Peabiru. Aleixo até conseguiu alguma prata,
mas, quando voltava ao Paraguai, sua expedição foi atacada por índios Payaguás,
provocando a morte de Aleixo Garcia e boa parte de seus homens.
CAMINHO DE PEABIRU:
5
Os espanhóis começaram a conquista da região fundando Buenos Aires em 1536 e Assunção
em 1537. A atual capital do Paraguai foi o centro da colônia espanhola no sul da América.
9
conduziu a fundação de Ciudad Real Del Guairá (1557) e de Villa Rica do Espiritu
Santu (1576) 6 .
Os colonos espanhóis, habitantes de Ciudad de Guairá e de Villa Rica
começaram a escravizar os milhares de índios existentes na região. O principal trabalho
dos escravos era a coleta e beneficiamento de erva-mate nos ervais nativos da região.
10
Sabiamente, os jesuítas não quebrariam a hierarquia dos índios nas reduções.
Adaptaram os chefes indígenas aos cargos existentes numa vila espanhola. Porém,
nunca deixaram de ter a supremacia. Exerciam, portanto, uma ação paternal sobre o
indígena aldeado.
No limiar dos seiscentos, os portugueses chegaram à região em busca do seu
butim: escravos indígenas para o trabalho nas fazendas paulistas, metais preciosos e
outras riquezas8 . Ressalta-se que desde a fundação de São Vicente, em São Paulo, eles
já preavam os Guaranis do litoral e das encostas das serras paranaenses.
Os primeiros ataques às reduções Del Guairá foram realizados pelas bandeiras
chefiadas por Manoel Preto. Em 1623, ele e seu irmão, Sebastião Preto, prepararam uma
expedição que deixou São Paulo praticamente despovoada de homens. O ataque rendeu
cerca de três mil cativos, que foram levados para as fazendas do planalto e para outras
praças.
8
As incursões para aprisionar índios se intensificaram durante o domínio espanhol, entre 1580 e
1640, (período em que o rei da Espanha foi também rei de Portugal) em virtude da Holanda, que
estava em guerra com a Espanha, ter dificultado a vinda de escravos africanos. Com isso a
procura de escravo índio aumentou. A grande quantidade de índios aldeados pelos jesuítas no
Paraná – mais de 100.000 – foi ímã que atraiu os bandeirantes.
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No ano de 1628, as reduções Del Guairá foram arrasadas e reduzidas às
cinzas.
Esperando escapar dos paulistas, os jesuítas transferiram-se para o Tape,
no atual Rio Grande do Sul, e Mato Grosso. Os bandeirantes igualmente arrasaram a
nova missão, aprisionaram 1500 Guaranis, levando-os como prisioneiros para São
Paulo.
As consequências desse contexto foram: fracasso das reduções; incorporação do
território paranaense às possessões portuguesas pelo Tratado de Madrid em 1750 (foi
um acordo entre Portugal e Espanha, que objetivava o estabelecimento das fronteiras
entre terras portuguesas e espanholas no sul do Brasil e abandono de demasiados
territórios paranaenses por muitos anos.
O PARANÁ PORTUGUÊS
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
(UEM-2012) Sobre a colonização europeia da região compreendida entre os rios Paraná,
Paranapanema, Tibagi e Iguaçu, que em nossos dias fazem parte do Estado do Paraná, assinale
a(s) alternativa(s) correta(s).
01) No início da segunda metade do século XVI, os espanhóis iniciaram a colonização europeia
daquela região, com a fundação de vilas.
02) O estabelecimento dos portugueses na região ocorreu com a expulsão dos espanhóis no
início do século XVIII, quando, com o apoio dos bandeirantes paulistas, os jesuítas portugueses
fundaram as missões do Guairá.
04) As reduções que foram organizadas pelos jesuítas para a catequese dos índios entravam em
conflito com os interesses dos adelantados espanhóis, que utilizavam a mão de obra indígena
por meio das encomiendas.
08) Entre os principais povoados que foram fundados na região, Paranaguá atingiu um grande
desenvolvimento econômico, no século XVIII, em razão da extração do ouro.
16) Essa região era, no século XVI, povoada por indígenas, com o predomínio de grupos tupi-
guarani.
QUESTÃO 02:
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(UEM-2012) Sobre a criação dos aldeamentos indígenas no Paraná, ao longo do século XIX,
assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Quando do início da ocupação dos Campos de Guarapuava, na década de 1810, a Coroa
portuguesa criou a povoação de Atalaia, atraindo os índios Kaingang.
02) O surgimento da povoação de Palmas, na década de 1820, contou com a presença de índios
da etnia Xetá.
04) O aldeamento de São Jerônimo, organizado na década de 1850 para os Kaingang, serviu de
apoio estratégico na Guerra do Paraguai.
08) A Colônia Militar de Foz de Iguaçu, criada na década de 1860, contou desde seu início com
os índios da etnia Xokleng.
16) A Colônia Militar de Umuarama, criada na década de 1890, contou com a presença de
índios Guaranis.
QUESTÃO 03:
(UEM-2011) Ao longo dos séculos XVI e XVII, os europeus realizaram expedições e iniciaram
a ocupação de regiões do atual Estado do Paraná. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).
01) As terras da região central do Estado do Paraná, os Campos Gerais, foram ocupadas no
século XVI pelos tropeiros que conduziam os animais para as regiões de mineração no Centro-
Oeste.
02) Na segunda metade do século XVI, jesuítas, subordinados ao padroado português, estiveram
no atual território paranaense com o objetivo de catequizar os índios carijós.
QUESTÃO 04:
(UEM-2010) Sobre a ocupação europeia dos territórios que, atualmente, fazem parte do
território do Estado do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
02) No início do século XVI, os jesuítas fundaram reduções, na região do Guairá, com o
objetivo de catequizar os índios que habitavam a região.
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04) A presença europeia na Baía de Paranaguá remonta ao século XVI, com as primeiras
descobertas de ouro na região.
16) A região de Curitiba foi ocupada pelos europeus no século XVI, em razão da imigração
polonesa. Devido a esse fato, o Estado do Paraná é um dos poucos estados brasileiros em que
não ocorreu escravidão.
QUESTÃO 05:
(UEM-2010) A ocupação e conquista dos territórios do Estado do Paraná por populações de
origens europeias completou-se na década de sessenta do século passado. Contudo, tal ocupação
não foi uniforme e contínua. Sendo assim, em razão da história de sua ocupação, podemos
dividir o Estado em três áreas histórico-culturais distintas. A esse respeito, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).
01) A região de ocupação mais antiga é o chamado Norte Pioneiro, cuja ocupação remonta aos
finais do século XIX e originou uma população de cultura genuinamente europeia.
02) Antes da chegada dos europeus, predominava, nos territórios do Norte do Paraná, um “vazio
demográfico”, pois não havia habitantes naquela região.
04) A região do “Paraná tradicional” teve sua ocupação iniciada com a descoberta de ouro nos
primeiros séculos da colonização.
QUESTÃO 06:
(UEM-2009) Sobre a ocupação europeia do território que hoje pertence ao estado do Paraná,
assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Paranaguá, primeira vila fundada do Paraná, tinha como principal atividade o escoamento
de produtos agrícolas para a metrópole.
02) A atividade econômica praticada pelo tropeirismo foi responsável pela criação de vilas que
mais tarde se tornariam importantes cidades paranaenses.
04) Com a expulsão dos jesuítas espanhóis, deu-se a imediata ocupação do interior do Estado e
o abandono das atividades da extração do ouro no litoral.
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16) Entre os séculos XVI e XVII, parte do atual estado do Paraná esteve sob domínio do
governo espanhol.
QUESTÃO 07:
(UEM-2009) Leia o trecho a seguir e assinale o que for correto.
“A partir da década de 1960, o Paraná pode ser considerado um Estado territorialmente
ocupado. Cessaram então de existir frentes pioneiras, não restando mais terras a serem ocupadas
e colonizadas. Completava-se historicamente o período de ocupação territorial”
(WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná, 1995, 7ª. edição, p. 267).
01) A ocupação dos Campos Gerais, a partir do século XVIII, deveu-se à introdução da cultura
do café na região.
02) Diferentemente do que ocorreu no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a imigração de
poloneses e de alemães não influenciaram a cultura paranaense.
04) A partir do final do século XIX, com a fixação de imigrantes japoneses, foram introduzidas
novas culturas agrícolas no Norte do Estado.
08) A partir da década de 1930, migrantes, sobretudo paulistas e mineiros, passaram a ocupar a
região Norte do Paraná.
16) A partir da década de 1950, os imigrantes vindos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina
foram responsáveis pela ocupação da maior parte do Sudoeste e de parte do Oeste do Estado.
QUESTÃO 08:
(UEM-2009) Sobre a colonização europeia da região do atual Estado do Paraná, compreendida
entre os rios Paranapanema, Paraná e Piquiri, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Na segunda metade do século XVI, os colonizadores espanhóis fundaram na região as vilas
Ciudad Real de Guairá e Vila Rica do Espírito Santo.
04) Os jesuítas foram expulsos da região pelos ataques dos bandeirantes paulistas.
08) No século XVIII, esse território foi incorporado ao Brasil pelos tratados de limites de
Madrid e de Santo Ildelfonso.
16) O Paraguai foi o ponto de partida dos colonizadores espanhóis que ocuparam a região
descrita no enunciado.
QUESTÃO 09:
(UEM-2013) Assinale o que for correto sobre a atuação e a expansão do movimento dos
bandeirantes sobre o território onde hoje se situa o estado do Paraná.
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01) Na região de Guairá, os bandeirantes almejavam explorar riquezas naturais, como o ouro, e
capturar índios.
02) O movimento das bandeiras também tinha como um dos seus objetivos criar e explorar
novas colônias de povoamento no território onde hoje se situa o estado do Paraná.
04) Em razão dos ataques dos bandeirantes, os sobreviventes das missões jesuíticas fugiram em
direção ao sul e fundaram novas missões.
08) Foi uma ação organizada e colocada em prática pelo exército colonial brasileiro e com a
colaboração de padres jesuítas com o objetivo de integrar essa região ao restante do país.
16) Tratava-se de um movimento pacífico, pois tinha como finalidade catequizar e converter
tribos indígenas paranaenses que ainda não haviam estabelecido contato com a civilização.
16
OCUPAÇÃO
POVOAMENTO
DO
PARANÁ
17
O Estado do Paraná é caracterizado, historicamente, por um povoamento
que teve orientação nas diversas fases econômicas pelas quais percorreu
(mineração, tropeirismo, madeira, erva-mate, café e soja). Essas fases resultaram num
processo de povoamento irregular, no qual parcelas do território foram sendo
ocupadas segundo as motivações de exploração econômica do momento.
Na sua primeira fase de ocupação, a penetração foi realizada por iniciativas
isoladas, individuais. Excetuando a ocupação ocidental pelos espanhóis, não houve,
nos primeiros momentos um planejamento efetivo, sendo escasso o povoamento.
É preciso enfatizar que o processo de ocupação econômica do território
paranaense seguiu direcionamentos distintos, no tempo e no espaço, por meio de
incursões e fluxos não muito definidos.
PARANAGUÁ
ANTONINA
18
denominação Antonina em homenagem ao Príncipe D. Antonio, primeiro filho do Rei
Dom João VI e Dona Carlota Joaquina.
MORRETES
CURITIBA
(Primeiro planalto)
CAMPOS GERAIS
(Segundo planalto)
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tropeirismo, que consistia em comprar animais nos campos de Vacaria, no Rio Grande
do Sul, e vende-los em Sorocaba, em São Paulo, começaram a surgir povoações ao
longo dessa rota.
Essas povoações, que no início eram locais de pouso e repouso dos tropeiros,
passaram a aglutinar pequenos artesãos e comerciantes e logo se transformaram em
vilas e cidades, como Ponta Grossa, Castro, e muitas outras. Assim ocorreu a ocupação
dos vastos campos naturais do segundo planalto do Paraná: enormes sesmarias em torno
da rota Sorocaba – Vacaria.
A sociedade estabelecida nos Campos Gerais se caracterizou por ser uma
sociedade constituída de famílias patriarcais que ia além da família nuclear: ela
abrigava em seu seio agregados e homens pobres livres protegidos por grandes
proprietários; caracterizou-se também por ser uma sociedade sustentada pelo trabalho
escravo, mesmo que esse trabalho requeresse que eles andassem armados para
protegerem a si mesmos e o gado de seu senhor, dos índios e dos predadores; e ainda
caracterizou-se como uma sociedade assentada na grande propriedade, nas grandes
sesmarias de criação de gado bovino, muar e cavalar.
GUARAPUAVA
No século XIX, a corte reagia indignada aos desassossegos que imperava nos
territórios do sul do Brasil, no dizer das autoridades infestados de selvagens. A Carta
Régia de novembro de 1808 relata ataques generalizados por todo o sul do Império,
principalmente nos Campos Gerais de Curitiba, Guarapuava e nos campos das
cabeceiras do rio Uruguai. O príncipe-regente propunha então guerra contra os
índios, que matavam cruelmente todos os fazendeiros e proprietários estabelecidos
nesses campos.
Desde a expulsão de Afonso Botelho e suas tropas dos Koran-bang-rê, em 1772,
os Kaingang, encorajados, faziam incursões cada vez mais ao ocidente. No inicio do
século XIX, eram senhores dos territórios a oeste da estrada do Viamão, e atacavam
constantemente fazendas, vilas e viajantes nas suas imediações.
Com a chegada de Dom João VI ao Brasil, o Império tomou uma resolução: os
índios deveriam ser combatidos, catequizados, “civilizados” e seus territórios
deveriam ceder lugar a prósperas fazendas de gado. O governador da província de
São Paulo convocou Diogo Pinto de Azevedo para organizar a ocupação dos territórios
dos Kaingang e mantê-los afastados das fazendas de gado. Diogo Pinto era um militar
disciplinado, duro, experiente e conhecedor dos campos da Guarapuava, pois ali estivera
com o capitão Paulo Chaves em 1774. Foi criado um imposto só para cobrir as despesas
da expedição. Além disso, a população tinha que colaborar com gente, com gado e
outros instrumentos necessários.
Dessa forma, o ano de 1810 foi marcado pela chegada aos campos de
Guarapuava de uma enorme expedição com mais de trezentas pessoas, das quais cerca
de duzentas eram soldados. O objetivo da expedição era ocupar esses campos, abrindo
espaço para as fazendas de criação.
Chegam aos Campos de Guarapuava em 17/06/1810 e fundam o Forte Atalaia,
o qual seria destruído em 1825 devido aos embates entre brancos e indígenas.
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De acordo com instruções recebidas, o comandante deveria fundar a povoação
definitiva a ser a freguesia e futura cidade de Guarapuava.
Pela Lei nº 21, de 22/03/1849, foi criada a Vila de Guarapuava a qual foi elevada
a cidade pela Lei nº 217, de 22/04/1871.
PALMAS
NORTE DO PARANÁ
Colônia de Jataí
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ameaça de invasão por parte do Paraguai. Ainda sob a direção do Barão de Antonina,
fundaram-se dois aldeamentos indígenas: o de São Pedro de Alcântara e de São
Jerônimo.
Apesar da sua localização estratégica, porém isolada, a colônia militar de
Jataí não se desenvolveu satisfatoriamente. Foi, no entanto, o primeiro núcleo de
povoamento no norte do Estado, juntamente com os dois aldeamentos indígenas.
Famílias Colonizadoras
NORTE PIONEIRO
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resolveu instalar-se na região com um grande frigorífico. Matarazo instalou o
frigorífico em Jaguariaiva.
NORTE NOVO
A derrubada das imensas matas primitivas a partir de 1935 a oeste do Rio Tibagi
com a expansão da cafeicultura ilustra o período em que um Estado em dificuldade faz
dessas terras públicas um alvo de um dos maiores investimentos imobiliários privados
que se tem notícia. Concessões de terras a empresas de colonização privada foram
responsáveis pelo “loteamento” da boa parte no norte paranaense, atraindo capital
estrangeiro para ocupar as terras.
9
Tinha como finalidade lotear e revender em pequenas propriedades os 12.643 km², de terras
devolutas adquiridas do governo do Estado.
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Teria a função de continuar os trilhos de Cambará, até o local do loteamento.
23
Durante a segunda Guerra Mundial, foi a estrada de ferro incorporada à Rede
Viação Paraná Santa Catarina, e a Companhia de Terras Norte do Paraná vendida a
capitalistas paulistas.
A estrutura montada na colonização dirigida permitia que se formasse no norte
paranaense um impressionante arranjo territorial em que núcleos urbanos bem próximos
uns aos outros, estavam interligados por estradas e ferrovias que davam acesso à região.
Com pleno desenvolvimento da cafeicultura, uma série de armazéns e unidades de
beneficiamento consolida essa rede de escoamento da produção cafeeira construída.
Todas as cidades fundadas pela Companhia foram planejadas antecipadamente.
Possuem aspecto de cidades modernas, bem traçadas geometricamente, e de aparência
agradável. As cidades iam sendo traçadas para abastecerem as frentes cafeeiras, como
foi o caso do patrimônio de Três Bocas, que mais tarde se transformaria na cidade de
Londrina.
Era desejo da Companhia de Terras adquirir novas áreas devolutas para estender
ainda mais sua colonização, mas não foi possível um acordo com o governo do Estado.
Aplicou então a Companhia seu capital em investimentos industriais no Paraná e em
São Paulo. Como tais inversões estavam fora do único objetivo da Companhia, qual seja
a colonização, acarretaram a mudança de nome em 1951, e hoje é conhecida pelo nome
de “Companhia Melhoramentos Norte do Paraná”.
Colonização Oficial
NORTE NOVÍSSIMO
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Em 1946 um grupo de engenheiros e técnicos do governo estadual se dirigiu à
região com o objetivo de fazer um levantamento topográfico da área e de um famoso
picadão que por aqui existia, hoje conhecido com estrada Boiadeira, para evitar invasão
de terras. Ao chegarem, depararam-se com um emaranhado de picadas na mata,
plantações, criação de pequenos animais, alguns posseiros e grileiros, provando ser a
região já conhecida anteriormente a vinda desse grupo.
Devido ao grande interesse pela região, que oferecia terras boas e fartas, atraindo
aventureiros e colonizadores, o governo do Estado, por intermédio da 5ª Inspetoria,
órgão instalado em Cruzeiro do Oeste e ligado ao Departamento de Geografia, Terras e
Colonização, iniciou a entrega de lotes urbanos a quem tivesse interesse em estabelecer-
se no município. A titulação da terra era dada após a sua ocupação efetiva, ou seja, o
interessado deveria estabelecer-se no lote, construindo a sua moradia. Após a criação do
município, em 1954, as terras sob a administração da prefeitura, passaram a ser
vendidas e não mais doadas aos interessados.
A Companhia Sul Brasileira de Terras e Colonização foi encarregada de ampliar
a cidade de Cruzeiro do Oeste. Em suas propagandas para atrair compradores é possível
visualizar a expectativa de que Cruzeiro do Oeste se transformaria numa grande cidade.
Apesar de a propaganda ser direcionada à área urbana, é possível perceber que o
grande atrativo ainda era o café.
Os municípios de Umuarama e Perobal foram colonizados pela Companhia de
Melhoramentos Norte do Paraná que teve participação também na colonização de
Cruzeiro do Oeste e áreas rurais de outros municípios da região.
OESTE PARANAENSE
25
Em 1930, quando começou a decadência dos obrageros, atuavam no Oeste do
Paraná, extraindo mate e madeira, para os argentinos, cerca de 10.000 pessoas.
Felizmente, com a passagem da Coluna Prestes na região de Foz do Iguaçu, essa
terrível realidade foi denunciada e após a vitoriosa Revolução de 1930 os obrageros
foram eliminados do Oeste do Paraná.
Em 1928, a região estava quase isolada da Capital do Estado. Essa situação do
Oeste do Estado começou a mudar a parti de 1946, quando alguns empresários do Rio
Grande do Sul, compraram 250.000 hectares e organizaram a Industrial Madeireira
Colonizadora do Rio Paraná S/A (MARIPA), com sede em Porto Alegre e escritório em
Toledo. No período de 1946 a 1949 a MARIPA só extraia madeira principalmente o
cedro, com mão-de-obra paraguaia, que era exportada para o mercado platino.
Entre 1950 e 1970 foi o auge da colonização. Foram vendidos cerca de 10.000
lotes, com tamanhos entre 10 e 25 hectares. Portanto, na região predominava a pequena
propriedade. A ocupação foi rápida. Chegavam diariamente 50, 100 e até 200 pessoas,
principalmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
A região Oeste do Paraná não possuía um atrativo empresariam tal qual ocorreu
com o café no norte paranaense, com o capital fluindo de São Paulo para o Paraná
facilmente, apesar da existência de solos férteis e abundância de madeira.
Há também a mescla da pequena propriedade com as grandes extensões de terras
voltadas para o mercado externo, principalmente com o plantio de soja.
SUDOESTE PARANAENSE
26
pela motivação da própria atividade econômica em questão, nas várias regiões do
Paraná.
A segmentação da ocupação, como visto, concretizou-se nas chamadas “frentes
pioneiras”. Em suma, a ocupação avançou sob a forma “frentes” que definiram e
caracterizaram os espaços regionais de acordo com o momento histórico e a atividade
econômica predominante, bem como a área de origem desses movimentos.
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
(UEM-2013) Sobre a colonização da região litorânea do atual estado do Paraná, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).
01) Entre a segunda metade do século XVI e as primeiras décadas do século XVII, a região de
Paranaguá foi percorrida por bandeirantes e por aventureiros que buscavam metais preciosos, ao
mesmo tempo em que capturavam o indígena.
02) A progressiva atividade dos mineradores levou-os a fundar a cidade de Ponta Grossa, onde,
na década de 1620, explorava-se uma grande quantidade de metais preciosos.
04) Após a descoberta de ouro na região da Baia de Paranaguá, a administração portuguesa
instituiu o “Distrito Aurífero de Paranaguá”, controlando a entrada e a saída de pessoas na
região, como forma de inibir o contrabando.
08) O quinto e a capitação foram impostos instituídos pela Coroa portuguesa para tributar as
atividades mineradoras, inclusive no Paraná.
16) A região de Curitiba foi colonizada por imigrantes alemães, italianos, poloneses e eslavos, a
partir da segunda metade do século XVI. Esse fato, aliado à inexistência de escravidão no
Paraná, levou a capital paranaense a desenvolver características de uma metrópole europeia na
América.
QUESTÃO 02:
(UEM-2013) Sobre a história da Região Oeste paranaense, isto é, o território compreendido
entre os rios Iguaçu, Paraná e Piquiri, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Os jesuítas espanhóis instalaram, nas cataratas do Iguaçu, as missões que foram destruídas
pelas tropas portuguesas no episódio conhecido como “Guerra Guaranítica”, nos anos de 1680.
02) Nos anos de 1920, o movimento tenentista, formado por militares que lutavam por
mudanças no país, formou uma coluna militar que travou combates com tropas leais ao governo
na região de Foz do Iguaçu.
04) O abandono da região pelo governo brasileiro persistiu até a República Velha. Tal fato
tornou possível que o Paraguai anexasse uma faixa de terras entre os rios Iguaçu e Paraná que
somente foi retomada pelo Brasil pelo Tratado de Itaipu, em 1989.
08) Em razão da importância estratégica da região, no final do século XIX, foi instalada, em Foz
do Iguaçu, uma colônia militar brasileira.
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16) Durante o século XIX, essa região não recebeu grande atenção do Estado brasileiro. Esse
fato possibilitou que os argentinos chegassem até o oeste paranaense atraídos pela erva-mate,
que era contrabandeada para a Argentina.
QUESTÃO 03:
(UEM-2013) “O Norte paranaense é uma região grande, com muitos municípios de clima
quente e terras férteis, onde se cultivam vários tipos de produtos agrícolas. No início da década
de 1920, o Norte paranaense atraiu migrantes de várias regiões do Brasil, principalmente de
Minas Gerais, São Paulo e do Nordeste. Também vieram para o Norte paranaense imigrantes de
países como Inglaterra, Alemanha, Itália e Japão.” (ROLLENBERG, Graziella. Norte. In:
História Paraná. São Paulo: Editora Ática, 2009, p. 107). Baseando-se no trecho citado, assinale
a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Os imigrantes que chegaram à região antes da década de 1920 praticavam uma agricultura
de subsistência.
02) Devido ao clima quente, os imigrantes alemães não se fixaram no Norte paranaense e se
deslocaram para as regiões mais frias dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
04) A presença dos ingleses na colonização da região Norte paranaense se deu, sobretudo, pela
criação de companhias de colonização.
08) A partir da década de 1930, o cultivo da lavoura do café impulsionou o surgimento de
cidades na região Norte paranaense.
16) Diferentemente dos imigrantes, os migrantes cultivavam suas terras em pequenas
propriedades voltadas para o mercado local e o regional.
QUESTÃO 04:
(UEM-2011) Leia o texto e assinale a(s) alternativa(s) correta(s). “Ainda na época imperial, a
Província do Paraná interessava-se em ligar o litoral e a capital com esses novos núcleos
populacionais do Norte Pioneiro. Rodovias e ferrovias foram planejadas, mas por motivos
econômicos não passaram das intenções. Enquanto isso, no Estado de São Paulo, os trilhos da
Estrada de Ferro Sorocabana avançavam por etapas em direção a Ourinhos, localizada na
margem direita do Paranapanema”. (WACHOWICZ, Ruy C.. História do Paraná. Curitiba:
Editora Gráfica Vicentina, 1995, p.249.)
01) A margem direita do Rio Paranapanema, a que se refere o texto, faz parte do território
paranaense.
02) Os núcleos populacionais a que se refere o texto tornaram-se as cidades Foz do Iguaçu e
Maringá.
04) A ausência de estradas que ligassem a região norte do Estado do Paraná a Curitiba conduziu
a um isolamento da região.
28
16) A situação descrita no texto permite-nos afirmar que a Estrada de Ferro Sorocabana
constituiu naquele momento, um dos principais meios de escoamento da produção agrícola
norte-paranaense.
QUESTÃO 05:
(UEM-2009) Maringá, situada em uma região do estado do Paraná conhecida como Norte
Novo, tem uma história profundamente ligada à cafeicultura. A esse respeito, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).
01) Empresas particulares, principalmente dos setores imobiliários, tiveram grande participação
na exploração e na colonização dessa região.
02) Além do trabalho assalariado, a mão de obra escrava também foi empregada em grande
escala pelos grandes plantadores de café do Norte do Paraná.
08) A “corrida do café” é um termo usado para denominar o avanço da cafeicultura paulista
sobre o Norte paranaense na década de 1930.
16) A falta de investimento em ferrovias para o escoamento da produção cafeeira foi um fator
decisivo para o declínio do produto na região.
QUESTÃO 06:
(UEM-2013) Sobre a ocupação e o povoamento do território do atual estado do Paraná, assinale
o que for correto.
01) Até a chegada dos primeiros colonizadores de origem europeia, nos anos de 1950, a região
Norte do Estado do Paraná apresentada um ‘vazio demográfico”.
04) Ao conquistar sua autonomia política em relação à província de São Paulo, em 1853, o
Paraná integrou-se oficialmente ao programa do governo brasileiro de incentivo à imigração
europeia.
QUESTÃO 07:
(UEM-2012) A colonização dos territórios paranaenses ocorreu em momentos diversos e a
partir de diferentes interesses e necessidades. Em razão disso, pode-se dividir a ocupação do
29
Estado do Paraná em três áreas histórico-culturais distintas. A esse respeito, assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).
01) As três áreas histórico-culturais distintas são: a frente lusitana, no Paraná litorâneo; a frente
paulista, na região central, e a frente catarinense, na região noroeste.
02) A área histórico-cultural mais antiga abarca, desde o século XVI, a região das reduções
jesuíticas do Guairá, que se vinculava ao litoral pelo Caminho de Viamão.
04) A área histórico-cultural que corresponde ao Norte do Paraná teve a sua colonização
iniciada no século XIX, com a chegada à região de migrantes mineiros.
08) A colonização do sudoeste e de parte do oeste do Paraná é a mais recente; foi iniciada no
século XX por gaúchos e catarinenses.
16) O início da colonização da área histórico-cultural do sudeste do Paraná foi obra da expansão
da economia do café, vinda de São Paulo.
30
COLÔNIAS
MILITARES
NO
PARANÁ
31
COLÔNIAS MILITARES DO PARANÁ
A Colônia Militar de Jataí foi autorizada pelo Decreto Imperial nº 751 em 1851 e
instalada em 1855.
Foi instalada nas margens do Rio Tibagi, onde existiu no início do século XVII a
Redução Jesuítica de São José.
Ela tinha várias finalidades:
11
Colônia Militar de Chapecó, em 1882, pertencia ao Paraná.
32
A Colônia Militar de Chopim só foi instalada em 1882, 23 anos depois da sua
autorização. A região era conhecida pelos nomes de Xango ou Campos de Xango. No
local havia um aldeamento indígena.
Ela foi um estabelecimento agrícola e militar.
Começaram a extrair erva-mate, criavam suínos, bovinos, cavalos, produziam
milho, feijão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca, batata, além de verduras e frutas.
A população da colônia era eclética. Os militares eram a maioria do nordeste do
Brasil e os colonos eram do sul. Existiam também índios, imigrantes europeus
(poloneses, austríacos, alemães, franceses e italianos) e africanos.
Ela passou ao domínio civil em 1909. Em seguida houve decadência. Muitos
foram para a Colônia Militar de Foz do Iguaçu. Em 1950 a sede tinha apenas 458
habitantes.
Entre os principais problemas existentes na colônia, merece destaque: abuso do
consumo de bebida alcoólica, principalmente entre os solteiros, causando brigas,
desordens e indisciplina; o atraso no repasse de verba do governo; a falta de pessoal
qualificado; dificuldade no sistema de comunicação e transporte; constantes cheias dos
rios.
A região de Foz do Iguaçu até o fim do século era ocupada, principalmente por
Paraguaios e Argentinos. Objetivando contribuir para povoar a região por brasileiros,
em 1888, o ministro da guerra, Tomás José Coelho de Almeida, do governo chefiado
por João Alfredo, nomeou uma comissão que tinha como principal atividade fundar uma
Colônia Militar em Foz do Iguaçu.
Possivelmente por ter sido instalada no processo de transição política, a Colônia
Militar não teve o sucesso esperado. Apesar de tudo ela contribuiu para garantir a região
para o Brasil e para o Paraná. Foi extinta em 1912.
33
UMA
EXPERIÊNCIA
ANARQUISTA
NO PARANÁ:
COLÔNIA CECÍLIA
34
COLÔNIA CECÍLIA
35
AUTONOMIA
POLÍTICA
DO
PARANÁ
36
PERÍODO PROVINCIAL – 1853 a 1889
37
Em 1835, contudo, houve um fator favorável e decisivo para a autonomia do
13
Paraná . Os liberais do Rio Grande do Sul entraram em luta contra o Império,
organizados na “Revolução Farroupilha”, e os liberais do Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Gerais, revoltados com a política “conservadora” do governo central, se uniram
com os farrapos e organizaram uma única frente revolucionária. Todavia, os liberais da
5ª Comarca em Curitiba, cooptados pelo Barão de Antonina, não aderiram ao
movimento. O Governo Imperial negociou com os liberais curitibanos, por intermédio
de João da Silva Machado e o Chefe das forças legalistas, Duque de Caxias, a
emancipação da Comarca. O governo do império conseguiu assim o apoio dos liberais
5ª Comarca para vencer os revolucionários.
Dessa forma, retomou-se, em 1843, o projeto de emancipação da 5ª Comarca na
Assembleia Geral Legislativa no Rio de Janeiro 14 . Entre idas e vindas, conseguiu
aprovação em 2 de Agosto de 1853, elevando a Quinta Comarca de São Paulo à
categoria de Província do Paraná. Pesou, também, para a criação da Província do
Paraná, entre outros fatores:
1. O apoio do Imperador;
2. O apoio da cúpula do Partido Conservador;
3. O apoio dos baianos, mineiros e fluminenses;
4. O apoio das classes dominantes da região.
13
A Revolução Farroupilha (1835-1845) e a Revolução Liberal em Sorocaba em 1842 foram
importantes na conquista da independência política do Paraná.
14
Em 29/04/1843, o Deputado Carneiro de Campos apresentou projeto para criação da
Província do Paraná. A luta parlamentar durou 10 anos. A bancada de São Paulo colocava
sempre obstáculo. Para aprovação foi decisivo o apoio da bancada da Bahia, que tinha inclusive,
interesse em enfraquecer São Paulo. Era uma luta pela hegemonia na vida política brasileira.
15
Apresentavam-se como candidatas, além de Curitiba, as cidades de Paranaguá, Castro e
Guarapuava.
38
A Província do Paraná teve ao longo de 1853 a 1889, cinquenta e três períodos
de governos; vinte e sete presidências16 ; quarenta e um presidentes em exercício e seis
períodos de vice-presidência e retorno presidencial.
Os presidentes eram escolhidos entre aqueles que pertenciam ao partido
político dominante, nomeados diretamente pelo imperador D. Pedro II 17 . De 1853 a
1870, os governantes vieram de outras províncias. No período subsequente (1870 a
1889), o imperador fez algumas nomeações de homens procedentes da Província para
ocupar o cargo de presidente e vice-presidente.
As justificativas para a nomeação dos presidentes e dos vice-presidentes
oriundos de outras províncias era que o Paraná tinha uma pequena projeção política e
econômica no Império. E não possuiria elementos com “boa formação político-
administrativa” para o cargo majoritário na Província. No entanto, sabemos que a
nomeação para a presidência das províncias do Brasil era utilizada pelo imperador
Pedro II para acomodar as forças políticas que o apoiavam.
A preocupação dos presidentes e vice-presidentes, de modo geral, foi a de
desenvolver e organizar a cidade de Curitiba como sua capital, construir e melhorar
estradas, instalar colônias de imigrantes europeus para aumentar a população e colônias
militares para promover a defesa da população dos ataques dos índios, organizar a
instrução pública, as finanças da Província e implantar a catequese e a civilização dos
índios.
39
5. Alfredo D’ Escragnolle Taunay, cuidou da urbanização de Curitiba.
O Poder Legislativo
Para escolha dos seus representantes ao Poder Legislativo, de acordo com a Lei
em vigor, eram poucos os eleitores, apenas 135. Estavam excluídos do direito de votos
menores de 21 anos, as mulheres, os escravos, os religiosos 8e os detentores de renda
liquida anual inferior a 200 mil réis. Além disso, a eleição era indireta. Os cidadãos
ativos escolhem em assembleia paroquial os eleitores da Província os quais elegem os
parlamentares.
Considerando que os Juízes de Direito, do poder Judiciário, são também,
indicados pelo Imperador, só o Poder Legislativo era eleito, bem ou mal, pelo povo.
A organização da província
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
(UEM-2013) No dia 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República brasileira, o
Paraná passou à categoria de Estado. Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre os diferentes
processos políticos que antecederam esse fato.
40
01) Um dos fatores que favoreceu a criação do Estado foi o apoio que o governo provincial deu
à Revolução Farroupilha, que lutava contra o governo monárquico.
02) A Província do Paraná foi criada a partir do desmembramento da Província de São Paulo.
04) Devido à sua localização estratégica, Paranaguá foi escolhida como a primeira capital da
Província do Paraná.
08) Tanto a Província como o Estado foram criados por estratégias políticas do governo central,
pois a autonomia do território não era preocupação da elite política local.
16) Pelo Tratado de Tordesilhas, parte do atual território do estado do Paraná fez parte da Coroa
Espanhola.
41
ASPECTOS
DA
ECONOMIA
DO
PARANÁ
42
MINERAÇÃO
TROPEIRISMO
Com a crise da mineração no Paraná, boa parte dos habitantes que não foi para
as Minas Gerais passou a desenvolver atividades de pecuária nos Campos Gerais,
começando por Curitiba.
Aos poucos se formou uma cultura conhecida como cultura curitibana que se
assentava em quatro elementos: 1º - A fazenda de criação de gado; 2º - A família
43
patriarcal como elemento social; 3º - A região dos campos espaço geográfico; 4º - A
escravidão como elemento de trabalho.
As estâncias e fazendas de gado dos Campos Gerais do Paraná abasteceram os
mercados de São Paulo e Rio de Janeiro a partir do século XVII.
O caminho percorrido pelos tropeiros no transporte do gado e muares era
conhecido como a Estrada da Mata até meados do século XVIII, passando a ser
conhecido como Caminho da Viamão em 1731. O seu nome está associado à cidade de
Viamão no Rio Grande do Sul, onde o caminho tropeiro era iniciado. Posteriormente,
passava por Curitiba e seguia para a cidade de Sorocaba em São Paulo. Lá, os muares
eram comercializados e levados a Minas gerais, Goiás e Mato Grosso.
Com a ampliação do comércio de gado, as fazendas do Paraná sofreram
transformações e muitos fazendeiros passaram a priorizar a invernagem, que dava mais
lucro, em detrimento da criação. Aos poucos a cidade passou a predominar sobre o
campo, com isso aconteceu a ampliação da economia monetária e o fim da
autossuficiência das fazendas.
As tropas não eram só de bois, mas de cavalos, mulas e éguas. A mula foi
utilizada como principal meio de transporte durante muito tempo, principalmente no
transporte de ouro de Minas gerais para o litoral, da erva-mate no Paraná, do café para o
porto de Santos.
Aos poucos o comércio de mulas superou o de bois. A história do
tropeirismo está intimamente ligada ao papel desempenhado pelo muar.
Objetivando facilitar o comércio de muar, após a conquista dos Campos de
Guarapuava e Palmas, decidiu-se ligá-los à terra das missões. Essa estrada, conhecida,
também, como Estrada do Muar, ou Estrada de Palmas, por ser mais econômica,
substituiu a Estrada de Viamão na passagem das tropas, até o advento da ferrovia.
Existiram também, no Paraná, tropas de cargas, inicialmente no transporte de
mercadorias entre Paranaguá e Curitiba. Com o desenvolvimento da indústria ervateira,
novas tropas de carga foram necessárias para o transporte da erva-mate. Quando da
ocupação dos Campos de Guarapuava e Palmas, foram necessárias tropas para o
transporte de sal para o gado que lá se criava.
ERVA-MATE
44
Os ervais se estendiam pelo planalto paranaense até o Rio Paraná,
principalmente de Guaíra para baixo, penetrando no Mato Grosso, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul.
Os índios já eram consumidores da bebida quando os europeus chegaram à
América. Entretanto, é notório que os jesuítas tenham dado sequência ao cultivo da
planta. As reduções jesuíticas, desde o século XVII, eram focos de produção de diversos
gêneros agrícolas e inclusive criação de gado. Dentre os gêneros agrícolas produzidos,
encontrava-se a erva-mate. Na verdade, a princípio os jesuítas até julgaram que a erva
teria poderes sobrenaturais malignos e chegaram, por um curto período de tempo, a
proibirem entre os índios, o seu uso. Chamavam-na, inclusive, de “erva do diabo”. Mas,
posteriormente, reconhecendo o incrível valor de negociação da erva, os espanhóis se
sujeitaram ao seu cultivo. Na colônia espanhola, muitas vezes a erva-mate foi utilizada
como moeda de troca, sendo que já era utilizada pelos índios antes mesmo da ocupação
europeia.
As primeiras incursões comerciais realizadas com a erva-mate foram
realizadas a partir de 1772, quando a população do sul do Brasil foi autorizada a
comercializarem livremente com regiões consumidoras. Considerando que na época
se vivia sob o auspício do mercantilismo, tal autorização era significativa.
A autorização de livre comércio foi uma tentativa da Coroa portuguesa em
terminar com o marasmo econômico da região sul.
Todavia, mesmo tendo recebido uma oportunidade excelente de ampliar os
horizontes econômicos, a população de Paranaguá e Curitiba não aproveitaram a
oportunidade. Tal fato deve-se as técnicas inadequadas empregadas na transformação da
erva em produto apto a à comercialização. Os problemas causados se davam devido a
maneira pouco adequada em se transportar à mercadoria (a região não dispunha de
estradas) e devido a concorrência do Paraguai, na época o maior produtor de mate,
responsável pelo abastecimento dos países vizinhos como Uruguai e Argentina.
Somente anos depois, a erva-mate ressurgiu como produto de exportação
paranaense, em 1813, quando o ditador paraguaio, Gaspar Francia, iniciando uma
política de isolamento do país na comunidade sul-americana, proibiu a exportação
de erva-mate para os mercados consumidores de Buenos Aires e Montevidéu. Tal
medida política paraguaia levou com que os países consumidores buscassem o mate em
outras regiões produtoras. Sendo assim, o Paraná adquire notável importância.
Neste período, se destaca a figura de Francisco Alzagaray, responsável pela
introdução de novas técnicas de produção e beneficiamento da erva-mate no
Paraná. Assim, a partir de 1820, o Paraná conquistou os mercados argentinos e
uruguaios. Neste contexto, por voltar de 1826, a 5ª Comarca transforma o mate em seu
principal produto de comércio.
A erva era, na maioria das vezes, transportada pela Estrada da Graciosa.
O auge da produção de mate foi alcançado durante o período da Guerra do
Paraguai, devido ao boicote promovido pela Argentina e Uruguai ao mate paraguaio.
Tal fato fez da erva-mate o principal produto de exportação até a Primeira Guerra
Mundial.
45
MADEIRA
46
CAFÉ
47
modernização agropecuária, estimulando e “provocando” a introdução de lavouras
chamadas modernas, sobretudo a soja. A sua estrutura organizacional e relacionamento
direto com os produtores facilitaram o papel das mesmas, que encontraram no Estado
seu principal aliado.
A crise na cafeicultura instala-se reforçada real e simbolicamente pelas
constantes geadas que iam destruindo os cafezais (com destaque para o ano de 1975).
Foi esse período em que as lavouras “modernas” (principalmente soja e trigo)
desenvolvem-se decisivamente em substituição ao café. E foi essa a orientação das
políticas públicas do governo brasileiro: desestimular a continuidade da cafeicultura
(que encontra reforço nas geadas). Para tanto, colocou a disposição dos agricultores uma
série de subsídios oficiais, com finalidade de agilizar o processo. Ao contrário, para a
cafeicultura a política oficial foi de completo desestímulo.
A partir desse momento a soja passa a ser o produto de maior dinamismo
na década de 1970.
SOJA
48
Apesar de ser milenar, a soja ganhou destaque econômico apenas na segunda
metade do século XIX e, no Paraná o seu plantio disparou quando, no início da década
de 70, ocorreu a maior alta nos preços internacionais.
O crescimento da produção a partir desse período foi explosivo. A produção do
Estado passou de 8 mil toneladas na média dos anos 1960 e 1961, para 150 mil na
média dos anos 60, para 3,5 milhões na média dos anos 70, para 4,15 milhões na média
dos anos 80 e para 6,5 milhões de toneladas na média dos anos 90.
O sucesso da soja em substituição ao café no Norte do Paraná se deve à
condição de essa cultura possuir: inovações pré-adquiridas como: sementes
selecionadas; um processo de produção totalmente mecanizado desde o plantio até
a colheita; a capacidade de aliar interesses, que impulsionaram o seu cultivo: o das
indústrias processadoras e exportadoras do produto e do Estado que teve incluído
um produto de grande aceitação na pauta de suas exportações.
INDUSTRIALIZAÇÃO
49
4. Pela posição geográfica privilegiada em relação ao MERCOSUL e em
virtude de alterações positivas na infraestrutura, o Paraná tornou-se um
pólo automotivo, inclusive com o crescimento das empresas produtoras
de autopeças;
5. A indústria do turismo começa a prosperar no Paraná;
6. Pode-se concluir que três fatores influenciaram no processo de mudança
na economia paranaense: investimentos na infraestrutura; criação de
instrumentos institucionais e a constituição no Paraná Moderno – norte,
oeste e sudoeste – de uma agricultura dinâmica, fruto da pequena
propriedade e do cooperativismo.
O PARANÁ PRODUTIVO
A Usina de Itaipu
50
O resultado das intensas negociações foi a Ata do Iguaçu, assinada em 22 de
junho de 1966 pelos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, e
do Paraguai, Sapena Pastor. A declaração conjunta manifestava a disposição de estudar
o aproveitamento dos recursos hidráulicos pertencentes em condomínio aos dois países,
no trecho do Rio Paraná “desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio
Iguaçu”.
Em 26 de abril de 1973, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu,
instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do Rio Paraná pelos dois países.
O ano da assinatura do Tratado de Itaipu, 1973, coincide com a eclosão da crise
mundial provocada pelo aumento do petróleo. Intensifica-se a exploração de fontes de
energia renováveis como forma de assegurar um vigoroso desenvolvimento para o
Brasil e Paraguai.
Em maio de 1974, é formada a entidade binacional Itaipu, para gerenciar a
construção da usina, estruturada como “empresa internacional”.
A Itaipu Binacional é um marco para o setor elétrico dos dois países. Antes, os
paraguaios dispunham de apenas uma hidrelétrica de pequeno porte, Icaray. Os
brasileiros consolidam a opção pela energia produzida por meio do aproveitamento da
força dos rios. A usina praticamente dobrou a capacidade do Brasil de gerar energia.
Para a construção da Usina, iniciada em 1974, era necessário construir uma
infraestrutura gigantesca que envolvesse escritórios, refeitórios, que pudessem ser
utilizados pelos milhares de trabalhadores durante os anos da obra.
A Itaipu Binacional foi a única grande obra a atravessar a fase mais aguda da
crise econômica brasileira no final dos anos 1970 mantendo o status de prioridade
absoluta.
O entendimento de Brasil e Paraguai para a construção da Itaipu Binacional
estremeceu as relação dos dois países com a Argentina. Os argentinos temiam que a
usina prejudicasse seus direitos e interesses sobre as águas do Rio Paraná. A questão
chegou a ser tema de uma Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1972.
A solução veio com a assinatura do Acordo Tripartite, entre Brasil, Paraguai e
Argentina, em 19 de outubro de 1979. O documento determinou regras para o
aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do Rio Paraná desde as Sete Quedas
até a foz do Rio da Prata. Este acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações
permitidas para os diferentes empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três
países. Antes da conclusão da usina, chegava ao fim de uma complexa e exigente obra
diplomática.
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
(UEM-2009) Com o esgotamento do ciclo cafeeiro, a partir da década de 1960, a economia
paranaense passou por importantes transformações. Sobre tais transformações, é correto afirmar:
01) A falta de incentivo do governo federal a uma alternativa para a cultura cafeeira reduziu e
empobreceu a agricultura paranaense, nos finais da década de 1960.
51
04) Dentre as grandes transformações ocorridas na economia, a partir dos anos 60, a principal
foi a adoção de uma agricultura de subsistência.
08) Ainda que tenha progredido nos últimos anos, a falta de tecnologia no campo não permite
que a produção agrícola paranaense concorra no mercado internacional.
16) A metropolização das cidades do Norte paranaense contribuiu para aumentar os problemas
de meio ambiente, de educação e de segurança pública.
QUESTÃO 02:
(UEM-2009) Leia a citação a seguir e assinale o que for correto: “Durante o segundo decênio do
século XIX, a exportação do mate já era considerada como o principal elemento do comércio
exterior paranaense. O movimento do Porto Paranaguá assumiu maiores proporções, sendo que
até mesmo navios estrangeiros ali atracavam para fazer comércio e transportar o mate para os
mercados platinos. Ainda nessa época o mate alcançara 44% do total da exportação do Paraná"
(ANTUNES DOS SANTOS, Carlos Roberto. Vida Material e econômica. Curitiba, SEED,
2001, p. 42).
01) A adaptação e cultivo do mate em todo o território paranaense foi um dos fatores que
contribuíram para que o Estado fosse o maior exportador brasileiro desse produto naquela
época.
04) Desde o início, a indústria do mate paranaense empregou unicamente a mão de obra do
imigrante, principalmente do italiano.
08) O termo platino, na citação, refere-se à moeda argentina (Plata), utilizada nas transações
comerciais do mate.
16) A decadência da economia do mate no Paraná, a partir do final da década de 1850, deve ser
atribuída, entre outros fatores, à concorrência do mate produzido no Paraguai e no Rio Grande
do Sul.
QUESTÃO 03:
(UEM-2010) No século XX, o Estado do Paraná sofreu importantes transformações econômicas
e sociais. A respeito dessas transformações, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
02) Iniciada na década de 70, a Hidrelétrica de Itaipu foi construída exclusivamente com capital
nacional.
08) Com a proclamação da República, tiveram início os movimentos sociais que pretendiam
desmembrar o Paraná do Estado de São Paulo.
52
16) Na década de oitenta, houve intenso êxodo rural relacionado principalmente com a atividade
da agroindústria ligada à produção de soja e trigo.
QUESTÃO 04:
(UEM-2011) Sobre o processo de urbanização das diversas regiões que compõem o atual Estado
do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) As primeiras vilas fundadas, no século XVI, encontravam-se no extremo oeste do atual
estado, e visaram a marcar a presença portuguesa nos limites do Tratado de Tordesilhas.
02) O início da efetiva ocupação das terras que pertenciam a Portugal deu-se a partir do
povoamento do litoral, no século XVII, ganhando importância a fundação de Paranaguá.
04) No século XVIII, articulou-se uma importante área econômica na região dos Campos
Gerais, a pecuária, caracterizada pelo tropeirismo. Ao longo do percurso dessa atividade,
originaram-se as cidades de Castro, Lapa e Ponta Grossa.
08) Desde o início da colonização, a erva-mate foi o mais importante produto de exportação
paranaense, sendo responsável por alavancar o processo de urbanização dos campos de
Guarapuava.
16) O avanço do cultivo do café, na primeira metade do século XX, foi responsável pelo
surgimento de várias cidades no chamado Norte Pioneiro.
QUESTÃO 04:
(UEM-2011) A ocupação urbana do que veio a ser o Estado do Paraná se deu em um longo
período de constituição de vilas que vieram a se transformar em cidades. A esse respeito,
assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) A dinâmica da atividade madeireira, na transição do século XIX para o XX, deu origem a
novos núcleos urbanos.
02) A busca pelo ouro em todo Brasil Colônia motivou o surgimento, na atual região Norte do
Estado, de povoados, no século XVIII.
04) A dinâmica da pecuária no Brasil Colônia propiciou a origem de vários povoados na região
Oeste do atual Estado do Paraná, ainda no século XVI.
16) Nas primeiras décadas do século XVI, desenvolveram-se núcleos urbanos no atual litoral
paranaense, que nasceram de aldeias indígenas fundadas pelos jesuítas.
QUESTÃO 05:
(UEM-2012) Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre os aspectos políticos, econômicos e
sociais da implantação da cafeicultura paranaense a partir do século XIX.
01) Desde sua implantação até sua decadência, a cafeicultura paranaense resultou da iniciativa
direta e exclusiva dos produtores, sem a intervenção dos governantes.
53
02) O sucesso do cultivo do café explica-se, em parte, pela disponibilidade de terras férteis e
pela demanda do mercado mundial.
04) A prática da monocultura do café foi a principal responsável pela crise do produto a partir
dos anos 1950.
08) A cafeicultura viabilizou a intensa ocupação da Região Norte do Paraná e contribuiu para o
fortalecimento político dessa região.
16) Uma característica da produção do café paranaense, no início do século XIX, era seu cultivo
juntamente com as lavouras de soja e trigo.
QUESTÃO 06:
(UEM-2013) “Nos primeiros séculos da história brasileira, os meios de locomoção e as vias de
penetração eram completamente precários e insuficientes. As únicas vias existentes eram os
chamados caminhos por onde só podiam transitar tropas de muares, devido às precárias
condições” (WACHOWICZ, Ruy Cristovam. História do Paraná. Curitiba: Vicentina, 1995, p.
97). A partir do fragmento acima, assinale a(s) alternativa(s) correta(s) sobre os caminhos e o
tropeirismo.
01) Segundo o texto citado, os caminhos foram abertos pelos portugueses ao longo da
colonização para superar os obstáculos naturais, como a Serra do Mar e a Mata Atlântica, e
chegar até o interior do Brasil.
02) Várias cidades paranaenses, como Ponta Grossa, Castro e Lapa, têm suas origens ligadas ao
tropeirismo, pois surgiram em locais utilizados pelos tropeiros para descanso e alimentação.
04) Um dos mais importantes caminhos do Sul do Brasil, no século XVIII, era utilizado pelos
tropeiros principalmente para levar o gado criado no Sul do Brasil até as províncias de São
Paulo e de Minas Gerais e ligava Viamão, no atual estado do Rio Grande do Sul, até Sorocaba,
no interior do atual Estado de São Paulo.
16) No território do atual estado do Paraná, os primeiros caminhos originaram-se com os índios
e posteriormente foram utilizados pelos bandeirantes e pelos tropeiros.
54
A
ESCRAVIDÃO
NO
PARANÁ
55
ESCRAVIDÃO NO PARANÁ
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
56
(UEM-2009) Leia o texto a seguir: “Fugiu no dia 17 de novembro do anno pp., da cidade de
Ponta Grossa, o escravo de nome Marcelino, natural de Minas, idade de 14 annos mais ou
menos, côr fula, cara cheia, nariz chato, e tem um pé mais grosso do que o outro, como
destroncado; quem o levar à dita cidade acima e entregar a seu senhor [...] receberá a quantia
[...] de 100$000, de alvissaras.” (Anúncio no jornal “O Dezenove de Dezembro”, em 1866.
Citado por WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. Curitiba: Editora dos
Professores, 1968. p.108.) Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Ao mostrar o grande número de escravos que fugia em Ponta Grossa, o texto explica o
porquê de não ter existido escravidão na região dos Campos Gerais.
02) O texto mostra que a mão de obra escrava predominou na colonização da região Norte do
Estado do Paraná.
04) O texto mostra que, na década de 1860, época do anúncio acima, o movimento abolicionista
tinha grande apoio popular no Paraná.
QUESTÃO 02:
(UEM-2010) Sobre a escravidão no território que atualmente faz parte do Estado do Paraná,
assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
02) Nos chamados Campos Gerais, os escravos constituíram a base da mão de obra utilizada na
pecuária.
04) Ao contrário do que ocorria no restante do Brasil, após a Guerra do Paraguai, ocorreu um
crescimento da escravidão no Paraná.
08) A partir de meados do século XIX, ocorreu, no Paraná, um estímulo à emigração européia,
como uma alternativa ao trabalho escravo.
16) Ao contrário de São Paulo, em razão da intensa ação dos jesuítas, a região que atualmente
faz parte do Estado do Paraná não teve escravidão indígena.
QUESTÃO 03:
(UEM-2012) Sobre a escravidão no atual território paranaense, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s):
01) a presença de escravos africanos nos territórios do atual Estado do Paraná remonta à década
de quarenta do século XVI, com o início da produção de cana-de-açúcar.
02) A mineração de ouro nos Campos Gerais, no século XVII, caracterizou-se pelo emprego do
trabalho escravo tanto indígena quanto negro.
57
04) no século XVIII, após a decadência da mineração no litoral, os escravos negros foram
utilizados na pecuária nos Campos Gerais.
16) Após a proibição do tráfico negreiro, o porto de Paranaguá, no século XIX, foi muito
utilizado para o contrabando de escravos no Brasil.
58
IMIGRAÇÃO
NO
PARANÁ
59
IMIGRAÇÃO NO PARANÁ
60
municípios. Contudo, consideradas algumas rusgas territoriais com a Argentina, passou
a ser imperativo que o Paraná garantisse a ocupação dos territórios nas proximidades do
país vizinho. Para isso foram estabelecidas colônias militares de Chapecó e Chopim, em
1882. Desde meados do século XIX, gaúchos subiam ao sudoeste paranaense atraídos
pelas noticias da qualidade da terra para a criação de gado. O caminho que liga o Rio
Grande do Sul ao sudoeste do Paraná recebeu o nome de Caminho das Missões e
tornou-se uma rota alternativa para o caminho de Viamão.
Mais recentemente, após a Primeira Guerra Mundial, observou-se um
predomínio do imigrante japonês, especialmente na região norte do estado do
Paraná, ocupando os núcleos de Uraí, Assaí e Londrina, dentre outros. Muitos
japoneses passaram a trabalhar o cultivo do café.
Ao longo do século XX, os imigrantes japoneses enfrentaram, assim como
alemães e italianos, os desafios da guerra mesmo longe de seus países de origem.
Isso ocorreu porque quando o Brasil declarou guerra à potencias do Eixo, escolas
de língua japonesa foram fechadas, e o idioma pátrio foi proibido sob pena de
prisão.
Outros grupos étnicos menores, como holandeses, franceses, suíços, também
imigraram para o Paraná, sendo sua influencia de menos escala que os grupos citados
acima. Durante o século XX, a instalação do elemento estrangeiro foi feita de maneira
mais organizada do que em tempos anteriores. Podemos citar, como benefícios da
imigração para o Paraná:
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
(UEM-2011) Sobre os movimentos populacionais no território que compõe o atual Estado do
Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) No Período Imperial, apenas um pequeno número de imigrantes europeus se estabeleceu nos
Campos Gerais, em razão da hostilidade dos índios que habitavam a região.
08) A imigração japonesa não foi significativa no Estado do Paraná, quando comparada à
estabelecida em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
61
16) A ocupação do norte do Paraná está em grande parte vinculada à expansão do cultivo do
café, sendo responsável por um processo migratório para a região, no qual se destacou a
presença de paulistas, mineiros e nordestinos.
QUESTÃO 02:
(UEM-2012) Sobre a contribuição da imigração nos séculos XIX e XX para a formação da
sociedade paranaense, assinale a(s) alternativa(s) corretas(s).
01) Desde o início, ela foi incentivada pelos plantadores de café, pois eles desejavam utilizá-la
como mão-de-obra barata em suas lavouras.
02) O estabelecimento dos primeiros imigrantes alemães na Região do Rio Negro, no início de
século XIX, foi favorecido por meio da iniciativa privada.
04) Uma das mais importantes contribuições trazidas pelos imigrantes foi a introdução de novas
tecnologias no campo, em substituição às técnicas ainda rudimentares.
08) Na década de 1960, os violentos conflitos entre imigrantes judeus e japoneses exigiram a
intervenção militar do exército brasileiro no Estado do Paraná.
62
MOVIMENTOS
MILITARES
REVOLUCIONÁRIOS
63
A REVOLUÇÃO FEDERALISTA
O cerco da Lapa
64
veio a falecer, rodeado por aqueles que comandavam, em meio á consternação total. A
fome e a falta de munição instalaram-se entre os sitiados. Não chegava nenhum auxílio.
A continuação da resistência seria completamente inútil.
A Ocupação de Curitiba
Coluna Paulista
18
Com relação à Revolução Federalista, torna-se importante destacarmos que os maragatos
foram os revoltosos, os federalistas, e os pica-paus, foram as tropas do governo, as tropas
florianistas.
65
As forças paulistas conquistaram boa parte do Oeste do Paraná, nos territórios
que iam de Guaíra, pelo Rio Piquiri, passando por Belarmino, Serra dos Medeiros,
Catanduvas, Benjamim e Foz do Iguaçu.
Os governistas, para enfrentar os revolucionários, organizaram três frentes: uma
em Ponta grossa, local do comando geral, outra vinda do Rio Grande do Sul, e uma
terceira frente em Campo Mourão.
Em março de 1925 as tropas governistas atacam Catanduvas. Foram dias de
combates ininterruptos, mas a luta continuou.
Coluna Sulista
Em abril de 1925 aconteceu em Foz do Iguaçu uma grande reunião dos paulistas
e sulistas, sob a liderança do General Izidoro Dias Lopes, para avaliarem a gravidade da
situação.
A retomada de Guaíra era problemática e as forças governistas avançavam
constantemente, objetivando encurralar os revolucionários no Rio Paraná. Diante disso,
Prestes, Juarez e Paulo Kruger abriram uma picada até Porto Mendes. Com isso todas as
tropas recuaram, sempre combatendo, rumo a Porto Mendes e Porto Artaza, a fim de
atravessar o Rio Paraná.
Sendo assim, no dia 30 de abril de 1924 todos estavam no Paraguai, rumo a
Mato Grosso e ao início de outra etapa da grande marcha da coluna Prestes. O objetivo
era o Rio de Janeiro.
GUERRA DO CONTESTADO
19
Excluindo-se a parte já ocupada por Santa Catarina, compreendia o Contestado o território
limitado pelos rios: do Peixe, Uruguai, Peperi-Guaçu, Santo Antônio, Iguaçu, Negro e Preto, até
suas nascentes; seguia então pelo divisor de águas da Escarpa Geral até as nascentes do Rio
Canoinhas, afluente do Iguaçu e daí pelo divisor de águas da Escarpa do Espigão, até as
nascentes do rio do Peixe.
66
Deste modo, até 189120 , quando a legislação sobre as terras passou a ser mais
incrementada, a lei que vigorava sobre a posse era a mesma do século XVI – uti
possidetis. Portanto, o Paraná tratou de ocupar a região do Contestado.
A principal preocupação, sobretudo do governo federal, era a de garantir a
região do Contestado sob o domínio brasileiro21 .
Entrementes, no final do século XIX estava sendo construída no Brasil a ferrovia
que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul e o caminho desta passava exatamente na
região contestada entre os dois estados, o que valorizava ainda mais a terra e trouxe à
tona velhos atritos entre paranaenses e catarinenses. As disputas políticas acabaram
acirrando os ânimos entre os dois estados.
O problema fronteiriço entre os dois estados vizinhos continuou a ser debatido
por vezes nos parlamentos dos respectivos estados, até 1901. Neste ano, Santa Catarina
apresentou no Supremo Tribunal Federal uma ação judicial, reivindicando a fronteira
com o Paraná pelos rios Peperi-Guaçu, Negro e Iguaçu.
Os políticos catarinenses eram muito bem relacionados, possuindo grande apelo
na esfera federal. Tamanha influência acabou resultando em ganho de causa a favor dos
catarinenses. Todavia, a decisão não foi aceita pelos paranaenses, o que levou ao
acirramento da questão entre os dois estados.
É importante observar que na região contestada por Paraná e Santa Catarina
haviam núcleos urbanos já instalados há algum tempo, bem como havia um grande
grupo de caboclos, gente que vivia nas matas, em agrupamentos menores. As
populações dos núcleos urbanos identificavam-se mais com o Paraná, apesar de que a
vontade política do governo federal fosse tendenciosamente favorável aos catarinenses.
A população da região contestada resolveu criar um Estado separado, o chamado
Estado das Missões, e até uma bandeira foi confeccionada. A ideia era a de proclamar a
emancipação e, talvez futuramente, unirem-se ao Paraná. O governo do Estado assumiu
o compromisso de apoiar a luta pela criação do Estado das Missões.
O clima fiou tenso na região, levando a possibilidade de uma conflagração
armada na região. Foi então que o presidente da República Wenceslau Braz interveio na
disputa a fim de evitar um conflito bélico na região.
A partir daí, Santa Catarina decidiu negociar novamente a fim de se chegar a
uma solução que atendesse aos interesses de ambos os estados, devido ao fato de
estarem temerosos de ficarem com um território limitado ao litoral e Serra do Mar.
Dessa forma, se chegou a um acordo, na qual o Paraná cederia o contestado
norte tendo linha divisória os rios Iguaçu e Uruguai, era a chamada Linha Wenceslau
Braz.
67
O Brasil não tinha condições de pagar a construção dessa ferrovia, e o contrato
de concessão estipulou que os serviços seriam pagos com terras da região. A companhia
receberia 15 quilômetros de cada margem da ferrovia, assim, a companhia recebeu
extensas glebas de terras que iam desde o vale do rio Ivaí até o rio Uruguai.
Para poder explorar as terras, se fez necessário desocupar a área, que era
ocupada por posseiros. Para conseguir tal objetivo, a companhia acabou por montar uma
guarda particular a fim de realizar a “limpeza” nas terras. Com a valorização que as
terras receberam, muitos grandes proprietários de terras também resolveram tomar
posse dias terras antes ocupadas pelos posseiros. Assim, os caboclos, ingênuos, não
tinham ninguém que pudesse ser por eles. Estavam sós.
Com relação ao cenário anterior à construção da ferrovia, dominava
economicamente a região a propriedade latifundiária, que agrupava em torno de si um
grande número de tropeiros, agregados, foreiros e desocupados, os quais viviam à
mingua.
Faltava a estas populações qualquer tipo de assistência governamental e
espiritual, vivendo seus habitantes na marginalidade. Sua densa população cabocla vivia
no mais completo abandono, ingênua que era dominada por crenças fetichistas, ligadas a
devoções católicas.
O sofrimento desses grupos marginalizados era tão grande que chegaram a
acreditar que fosse coisa da República. Alguns defendiam a volta do Império, visto que
nos dias de D. Pedro II não eram incomodados.
Dentro desse contexto, não foi difícil surgir a figura de um líder que passasse a
conduzir o povo oprimido23 a uma revolta. Nesse cenário, torna-se importante a figura
mítica do “monge”.
Os monges
Os estados sulinos eram percorridos desde os meados do século XIX até 1912,
por figuras exóticas que a população dos nossos sertões chamava de “monges”. Viviam
mais na floresta, dormiam em grutas, possuíam barba crescida e cerrada, sandálias feitas
de couro cru, na cabeça um barrete de pele de onça, um bordão na mão e um terço
pendurado no pescoço.
Os chamados “monges” foram, na realidade, três.
O primeiro foi João Maria d’Agostini. Os caboclos atribuíam-lhe milagres e
passaram a chama-lo de “São João Maria”. Morreu não se sabe como, nem quando. Para
eles, não era possível que um homem tão bom e santo pudesse desaparecer. Neste
ambiente de expectativa, surgiu o segundo “monge”, na pessoa de Anastás Marcaf.
Conheceu pessoalmente a João Maria d’Agostini e ouvia suas pregações. Intitulava-se
João Maria de Jesus. Dos três monges existentes, foi o que mais influencia deixou e o
que mais se perpetrou na lembrança da população sertaneja. Morreu, ao que parece, nos
sertões de Santa Catarina, em 1906.
A tensão política e social aumentava e o furor e os desmandos da polícia
catarinense e paranaense atemorizavam as populações sertanejas. Era necessário um
líder, um guia que chefiasse uma revolta. E ele apareceu na figura do terceiro “monge”
23
Revoltava e indignava ainda os sertanejos o fato de o governo federal vender extensas regiões
em lotes, a preços acessíveis, a imigrantes europeus que ali se fixavam, nada cabendo aos
primeiros.
68
que era, na realidade, Miguel Lucena, desertor da polícia paranaense. Aproveitou-se,
este elemento, da tensão político-social existente no Contestado, arvorando-se em
“monge”, nome de tão gratas recordações aos sertanejos.
Aliciou ao seu redor os descontentes, os injustiçados, os perseguidos, os
desajustados, os desempregados, os bandidos e os facínoras, e deu-lhes instrução
militar, armando-os com espadas, facões, pica-paus e garruchas. Este foi o “monge
guerreiro”. Surgiu nos sertões dos Campos Novos, chamando-se José Maria de
Agostinho e dizendo irmão do falecido monge. Tornou-se chefe e guia. Organizou na
região uma resistência contra as investidas policiais, defendendo os desprotegidos
matutos. Criou os chamados “quadros santos” que eram reduto de resistência.
Contudo, sua ordem era clara: “não atacar, mas resistir”. Sua reivindicação
básica era a solução do problema de terras. O número de adeptos aumentou
rapidamente.
O pretexto para a guerra surgiu a partir do momento que o monge negou-se a
atender a um doente da família do Coronel Albuquerque, grande proprietário dos sertões
catarinenses e presidente da Assembleia Legislativa. A política catarinense procurou
dispersar os sertanejos, não o conseguindo. Porém, com diplomacia, convenceu José
Maria a transpor o rio do Peixe, entrando desta forma em território paranaense. Para as
autoridades paranaenses, José Maria não passava de um invasor catarinense, de um
chefe de fanáticos24 .
Pelados x Peludos25
O desfecho
O governo federal resolveu intervir com mais força para resolver o problema.
24
Os seguidores do ‘monge” passaram a ser chamados pelas autoridades governistas de
“fanáticos”, pois seguiam “cegamente” as orientações de José Maria.
25
Na Guerra do Contestado, os revoltosos ficaram conhecidos como pelados e as tropas
governistas como peludos.
69
Sucederam-se rápidas vitórias das tropas legalistas, destacando-se a ação do
capital Potiguara. Com o estrangulamento lento do cerco, concentraram-se os jagunços
em Santa Maria.
Deste modo, os fanáticos, já enfraquecidos, foram cercados em Santa Maria e
bombardeados com intensidade. Assim, em agosto de 1916 os caboclos depuseram as
armas.
REVOLTA DE PORECATU
Ocupação da região
Os conflitos
70
O primeiro conflito aconteceu em 1947, em Guaraci, quando jagunços e polícia
tentam expulsar os posseiros. Eles incendiaram casas, abateram animais e até
cometeram estupros contra filhas e mulheres de posseiros.
Foi esse banditismo que serviu de estopim para a resistência armada dos
posseiros. Depois desse conflito, os posseiros passaram a atuar em três frentes de luta: a
luta armada, a luta legal e conseguir solidariedade nas cidades.
Com o agravamento da luta, os posseiros passaram a ter o apoio do Partido
Comunista Brasileiro.
A luta armada tinha a participação de poucas pessoas. Estavam dividas em três
grupos. Cada grupo era formado por cerca de 8 pessoas.
Em 1951 começou uma grande ofensiva do Governo para debelar a resistência
dos posseiros. Várias pessoas foram presas.
Para o grande e definitivo ataque contra os posseiros foram mobilizados dois
batalhões da Polícia Militar e 15 agentes do DOPS. Para qualquer emergência, estavam
em Londrina uma esquadrilha de aviões da FAB e existiam tropas da polícia paulista na
fronteira dos dois Estados.
Dia 21 de Junho de 1951 um comboio de 12 veículos e centenas de soldados
iniciam os ataques ocupando a Vila Progresso e aos poucos toda a região. Muitos
posseiros abandonaram a luta, alguns se entregaram e outros fugiram. Foram efetuadas
apenas 23 prisões.
A direção do PCB avaliou o movimento armado como um erro e um fracasso.
Porém, não é o que pensou a maioria dos posseiros que saíram vitoriosos, pois cerca de
2000 posseiros da região receberam títulos de propriedade de terra, entre 5 e 50
alqueires nos municípios de Centenário, Campo Mourão e Paranavaí.
Outro fato que merece reflexão: para ajudar a solucionar o problema da posse, o
Governo aplicou, pela primeira vez no Brasil, a desapropriação de terra com base no
interesse social. O Governo do Estado declarou de utilidade pública as terras litigiosas
de Porecatu, Jaguapitã e Arapongas, fundamentando-se no preceito constitucional do
interesse social.
A REVOLUÇÃO DE 30 NO PARANÁ
71
O PARANÁ NO PERÍODO GETULISTA (1930-1945)
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01:
(UEM-2011) Sobre a revolução federalista no Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
26
A Constituinte de 1946 dissolveu o Território do Iguaçu, se destacando neste processo o
deputado paranaense Bento Munhoz da Rocha Neto.
27
A Assembleia Legislativa foi fechada por Getúlio Vargas em 16 de março de 1937, e só
voltou a funcionar após a abertura democrática de 1946.
72
01) A revolução federalista, depois de envolver o Paraná, estendeu-se para os estados de São
Paulo e de Minas Gerais.
02) Durante a revolução federalista, ocorreram grandes atrocidades por parte das tropas
envolvidas.
04) O Paraná se constituiu em uma região central da luta armada, ao impedir o avanço dos
maragatos em direção a Santa Catarina.
08) A resistência dos florianistas, na Lapa, sob o comando do Gomes Carneiro, freou o avanço
da Revolução Federalista no Estado.
16) No Paraná, com a vitória dos maragatos sobre os florianistas, foram travadas as últimas
batalhas da revolução federalista.
QUESTÃO 02:
(UEM-2011) Sobre a guerra do contestado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
02) Os conflitos do contestado relacionam-se à disputa pela posse de terras na região, entre
fazendeiros e posseiros, que tentavam manter-se nas terras devolutas, e aos interesses da Brazil
Railway Company.
04) O monge Antonio Conselheiro liderou as lutas dos camponeses da região contra as tropas do
Governo Federal e do Estado do Paraná.
16) Como resultado da guerra do contestado, os territórios que formavam o Estado do Iguaçu
foram incorporados ao Estado de Santa Catarina.
QUESTÃO 03:
(UEM-2013) Sobre a Revolução Federalista, ocorrida entre 1893 e 1895, e a sua relação com a
história do Paraná, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Entre os maragatos, isto é, os federalistas, havia um grupo que pretendia criar uma nova
nação, formada pelo Sul do Brasil e o Uruguai.
02) Em seu avanço em direção a São Paulo, as tropas federalistas chegaram a ocupar parte do
território paranaense, inclusive a capital, Curitiba.
04) A Revolução Federalista chegou ao fim com a vitória dos pica-paus, isto é, dos legalistas,
apoiados por forças militares fiéis ao governo federal.
08) Um dos motivadores da Revolução Federalista foi o abandono da região da fronteira entre
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pelo governo federal, fazendo que seus habitantes
vivessem na marginalidade.
73
A
CONSTRUÇÃO
DA
INFRA
ESTRUTURA
74
Todo o território do Paraná foi ocupado e hoje está interligado. Para que isso
ocorresse tornou-se necessário a criação de condições para a locomoção de pessoas e
cargas em todo o Estado, seja fluvial, rodoviário, ferroviário ou aéreo.
75
A rodovia, porém, que exerceu papel decisivo na ligação planalto-litoral, e que
contribuiu para o desenvolvimento das praias, foi a BR 277, Rodovia Paranaguá-
Curitiba. Ela é parte da estrada que vai até Foz do Iguaçu, com 640 km, sendo um
importante corredor de exportação.
Atualmente, todo o Estado do Paraná está cortado por rodovias, existindo um
sistema que ultrapassa 140.000 km, dos quais cerca de 13.000 asfaltados e que estão
interligados a malha ferroviária federal, com 3.000 km em nosso Estado. Atualmente
esse sistema gira em torno do Anel de Integração, interligando as cidades polos do
Estado.
SISTEMA FERROVIÁRIO
76
ESTRADA DE FERRO GUAÍRA-PORTO MENDES: em 1907, a firma Ismarch, Alves
& Cia recebeu do Governo do Paraná a concessão para a construção da estrada de ferro
de Guarapuava ao Rio Paraná. Em 1913 a multinacional Mate Laranjeira se apoderou
dessa concessão.
Aproveitaram para construir uma estrada de ferro para atender seus interesses,
ligando o alto ao baixo do Rio Paraná.
Essa estrada foi inaugurada em 1917. Era uma estrada particular. Por incrível
que possa parecer, durante 11 anos ela não permitiu a passagem de outras pessoas,
inclusive brasileiros.
Atualmente ela não existe mais. No Lugar há um museu em Marechal Cândido
Rondon.
77
OS
TRÊS
PARANÁS
78
A partir da década de 1960, o Paraná pode ser considerado um Estado
territorialmente ocupado. Em consequência das fases históricas que condicionaram a
colonização do território paranaense, podemos dividir a ocupação do Estado em três
áreas histórico-culturais.
A primeira área corresponde ao que chamamos de Paraná Tradicional. Este
Paraná iniciou sua história no século XVI, com a descoberta do primeiro ouro
encontrado pelos portugueses no Brasil. Todavia, o metal foi excessivamente escasso.
No século XVIII, com o surgimento do caminho das tropas Sorocaba-Viamão,
teve início a ocupação dos Campos Gerais. O criatório e o tropeirismo promoveram
uma recuperação econômica da região que seria futuramente o Paraná. Foi esta
sociedade, que tinha como suas bases em Paranaguá (litoral), Curitiba (primeiro
planalto) e Campos Gerais, que promoveu na primeira parte do século XIX a ocupação
dos Campos de Guarapuava e Palmas.
Com as anexações desses novos territórios à vida econômica, predominou no
território paranaense a economia das fazendas, isto é, do criatório.
No final do século XVIII e parte do XIX, os Campos Gerais detinham a
hegemonia na ainda pacata sociedade paranaense. Neste período, através do caminho
Sorocaba-Viamão, essas populações dos Campos Gerais recebiam forte influência
paulista e rio-grandense.
No século XIX, esta área recebeu influência de numerosas correntes
imigratórias: alemães, poloneses, italianos, ucranianos, sírio-libaneses, austríacos,
franceses, ingleses, holandeses, etc. estas levas de imigrantes reforçaram a pronúncia já
encontrada na região e promoveram uma substancial transformação na sociedade.
Do ponto de vista político, é do Paraná Tradicional que até pouco tempo
emanava, quase exclusivamente, o poder político. Foram os luso-paranaenses
proprietários de terras que, desde a emancipação política do Paraná em 1853, passaram
a controlar politicamente a região. No século XIX, o domínio público da província
emanava desses grandes fazendeiros dos Campos Gerais. Embora os presidentes de
província fossem nomeados pelo governo imperial do Rio de Janeiro, o controle
político-ideológico emanava dos latifúndios dos Campos Gerais e exercia-se através da
Assembleia Provincial e dos cargos administrativos da máquina burocrática.
Até o advento da república, o poder político no Paraná foi exercido de forma
oligárquica, tendo por base o latifúndio e a estrutura patriarcal das principais famílias
criadoras de gado dos Campos Gerais.
No início do período republicano, comprovou-se a decadência dessa tradicional
elite campeira. As fazendas de criatório perderam sua importância, ao mesmo tempo em
que cresceu a importância de Curitiba como centro administrativo e econômico. Mas, se
por um lado a oligarquia campeira perdia influencia real, por outro conseguia manter
seu poder elegendo a partir da República e os presidentes do Estado. Estes passaram a
ser eleitos e não mais nomeados pelo poder central.
No período republicano, a elite campeira foi obrigada a aceitar alianças com
famílias importantes de outras regiões do Estado, para manter-se no poder.
A segunda área cultural do Estado corresponde ao Norte do Paraná. Ao
contrário do que comumente se aceita, o início da colonização do norte não foi obra da
expansão da economia do café. O chamado norte velho ou norte pioneiro é mais antigo
79
do que se possa conceber à primeira vista. O início da sua colonização data da década
de 1840.
Fazendeiros mineiros, proprietários de latifúndios decadentes, donos de terras
ditas cansadas, lançaram-se também ao tropeirismo.
Após os mineiros, penetraram também os paulistas, os próprios paranaenses,
japoneses, italianos, sírio-libaneses, etc. A agricultura de subsistência e a exploração da
imensa floresta subtropical, foram seu primeiro incentivo econômico. O café tornou-se
economicamente viável apenas nos últimos anos do século XIX e início do XX.
Com a entrada de mais de um milhão de migrantes no Norte do Paraná, houve
uma séria ameaça à hegemonia política exercida no Estado pela elite do Paraná
Tradicional. Para alegria dessa elite, os nortistas não se manifestaram de início muita
intenção de exercer os direitos políticos advindos do peso demográfico que o norte
passou a representar no conjunto do Estado.
As populações no Paraná Tradicional passaram a considerar os nortistas como
adventícios que vieram a apoderar das riquezas do Estado, sem se interessarem por suas
tradições. Os nortistas, por seu turno, avaliavam as gentes do sul como possuidoras de
pouca iniciativa, atribuindo-lhes epítetos pejorativos. Era o conflito natural entre os
tradicionais do sul e os pés vermelhos do norte.
Os pés vermelhos teimavam em permanecer afastados dos problemas políticos e
administrativos do Estado e continuavam vibrando e se interessando mais pelos
problemas de suas respectivas regiões de origem.
Em consequência dessa atitude, a tradicional oligarquia paranaense continuava a
governar sozinha o Paraná e se mantinha no poder deforma incontestável.
A terceira área histórico-cultural originou-se após meados da década de 1950.
Uma nova frente pioneira penetrou em território paranaense. Chegava ao Paraná
estimulada pelos problemas com mão-de-obra agrícola no Rio Grande do Sul e Santa
Catarina. A este deslocamento populacional chamamos de frente sulista, ocupando a
maior parte do sudoeste e parte do oeste paranaense. Numericamente, a frente sulista foi
de menor intensidade do que a nortista. Os migrantes oriundos desta frente de
colonização fundaram e se estabeleceram em importantes núcleos no sudoeste e oeste
do Estado: Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Santo Antônio do Sudoeste, Medianeira,
Santa Helena, Toledo, Marechal Cândido Rondon, etc.
Tal qual ocorreu no norte do Estado, a oligarquia dirigente nunca de preocupou
em desenvolver com os componentes dessa frente uma política séria de assimilação e
integração ao todo paranaense.
As elites do Paraná Tradicional nunca de preocuparam a fundo com o Norte do
Paraná ou mesmo com o sudoeste e o oeste. As camadas hegemônicas que governavam
o Paraná, sobretudo no início do século, não viam com bons olhos a presença dessas
populações que alguns de seus expoentes chegavam a chamar de adventícias.
Entretanto, a partir de meados da década de 60, iniciou-se uma presença maior
do norte na política e administração paranaense.
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
(UEM-2010) Leia o Texto abaixo e assinale a(s) alternativa(s) correta(s): “Com a entrada de
mais de um milhão de migrantes no Norte do Paraná, houve uma séria ameaça à hegemonia
política exercida no Estado pela elite, os nortistas não manifestaram de início muita intenção de
exercer os direitos políticos advindos do peso demográfico que o norte passou a representar no
80
conjunto do Estado. Ficavam como que de costas para a capital e de frente para os problemas
dos seus estados de origem, notadamente São Paulo e Minas Gerais. Inicialmente poucos se
interessavam pelos problemas político-administrativos do Paraná. Este comportamento de
distanciamento dos problemas paranaenses ocorria nos mais diversos assuntos: do futebol à
economia.” (WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná, Curitiba: Vicentina, 1995,
p. 270.).
01) Segundo o texto, o desinteresse pelas questões regionais, por parte dos migrantes que
ocupara as terras do Norte do Paraná, permitiu que a “elite do Paraná tradicional” mantivesse
sua hegemonia política do Estado.
02) A ocupação da região Norte do Paraná foi, em grande medida, resultado da expansão das
áreas cultivadas com café.
08) O texto relaciona a grande separação entre a capital e o Norte do Estado, nos dias atuais, ao
movimento pela criação do Estado do Paraná do Norte, EPAN.
16) Apesar das recentes mudanças, a produção de café continua sendo o setor mais importante
da economia da região Norte do Estado do Paraná.
QUESTÃO 02:
(UEM-2012) Leia o texto e assinale a(s) alternativa(s) correta(s). “As elites do Paraná
tradicional nunca se preocuparam a fundo com o Norte do Paraná ou mesmo com o sudoeste e o
oeste. As camadas hegemônicas que governavam o Paraná, sobretudo no início do século XX,
não viam com bons olhos a presença dessas populações que alguns de seus expoentes chegavam
a chamar de adventícias. Perceberam que poderiam perder a liderança absoluta que exerciam no
Estado [...]. Entretanto, a partir de meados da década de 60, iniciou-se uma presença maior do
norte na política e administração paranaense.” (WACHOWICZ, R. C. História do Paraná, 7ª. ed.
Curitiba: Vicentina, 1995, p. 272).
01) Segundo o texto, em nossos dias, não há uma participação de representantes do interior do
Estado no cenário político estadual, com exceção do Norte paranaense.
02) A colonização do Norte do Paraná, referida no texto, teve como base econômica a
cafeicultura e ocorreu mais recentemente, quando comparada ao “Paraná tradicional”.
04) O termo “Paraná tradicional” refere-se à Região Oeste do Estado, ocupada por migrantes
catarinenses e gaúchos que mantiveram suas tradições a partir da fundação dos Centros de
Tradições Gaúchas (CTGs).
16) O texto mostra a existência de disputas políticas regionais que contrapõem políticos do
“Paraná Tradicional” ao “Norte do Paraná”.
GABARITO
81
AS POPULAÇÕES NATIVAS:
ESCRAVIDÃO:
IMIGRAÇÃO:
82
MOVIMENTOS MILITARES E REVOLUCIONÁRIOS:
OS TRÊS PARANÁS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
83