Você está na página 1de 1

Universidade de Brasília

Instituto de Psicologia - Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações


Disciplina: Psicologia Social Avançada II
Prof.: Cláudio Vaz Torres
Aluna: Lislly Telles de Barros

RESENHA 02

Smith et al (2013), ao longo dos capítulos 1 e 2, apresenta o cenário em que se desenvolveu e


consolidou a psicologia transcultural, a partir dos movimentos migratórios de pesquisadores para os
Estados Unidos. Os autores descrevem estes estudos como WEIRD, ou seja, realizados nos países
ocidentais, industrializados, ricos e democráticos, com amostras majoritárias de estudantes universitários,
jovens e, geralmente, matriculados nos cursos de psicologia. Estabelecem ainda diferenças entre as
seguintes perspectivas: transcultural, intercultural, indígena e cultural.
A psicologia transcultural focaliza tanto as mudanças quanto a estabilidade e estabelece que os
métodos de pesquisa devem considerar essas diferenças, a fim de se evitar a ilusão de que um fenômeno
estável é, na experiência, dinâmico. Preocupam-se com os processos de socialização e disseminação de
culturas entre grupos distintos. Diferenciam-se dos psicólogos culturais por sua preferência em estudar o
indivíduo e o contexto no qual este está inserido, por meio de métodos quantitativos de pesquisa.
No capítulo 1, os autores descrevem o estágio inicial de desenvolvimento da psicologia
transcultural, qual seja o Aristoteliano. Nessa fase, os pesquisadores buscavam replicar os estudos
desenvolvidos nos Estados Unidos em outros países, comparando os resultados obtidos. As diferenças
individuais não eram consideradas nesse estágio, de modo que as medidas para se analisar determinado
constructo não eram adaptadas para a realidade local. Pontua-se que a replicabilidade da pesquisa é o que
defini a sua validade. Como os métodos empregados pelos psicólogos transculturais, no primeiro estágio,
não consideravam as diferenças entre termos e significados, os resultados apresentavam grande margem
de erros e distorções, sendo a metodologia da pesquisa de uso limitado para se compreender outras
culturas.
A constatação de problemas nos resultados das pesquisas levou ao desenvolvimento de uma
teoria que pudesse explicar tal discrepância, dando início ao segundo estágio da psicologia transcultural:
conhecida por Linnae. O objetivo dos psicólogos transculturais nesse estágio era mapear os cenários com
base em variações psicológicas, tais como os valores, crenças e comportamento, que levam os indivíduos
a interpretações próprias de fenômenos que definem a cultura de um determinado grupo. Autores como
Hofstede e Schwartz propuseram a existência de “dimensões” para classificação dos grupos sociais.
Nesse ponto, tornou-se fundamental a identificação do nível de análise que se quer utilizar na pesquisa,
podendo ser individual, grupal ou de nações.
O terceiro estágio da psicologia transcultural, conhecido por Newtoniano, é caracterizado por
intensa colaboração entre psicólogos transculturais de variadas nações, preocupados com a construção de
teorias e métodos formulados para explicar diferenças culturais previamente identificadas. Há a
preocupação com a análise de construtos equivalentes, sendo tema dos capítulos seguintes do referido
livro.

Referências:
Smith, P. B.; Fischer, R.; Vignoles, V. L.; & Bond, M. H. (2013). Understanding Social Psycholog
Across Culture: Engaging with others in a changing world. London: Sage.

Você também pode gostar