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ARTHUR SENTOMO GAMA SANTOS

GABRIEL SANCHEZ DOS SANTOS


GUILHERME SCATOLINI MENTEN

Projeto conceitual de um sistema de coleta pneumática de


resíduos sólidos

Projeto de Formatura apresentado à


Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, no âmbito do Curso de
Engenharia Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Podalyro Amaral


de Souza
AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Professor Doutor Podalyro Amaral de Souza, pela disposição


em nos orientar neste Trabalho de Formatura e por todo o apoio fornecido.
À Professora Doutora Dione Mari Morita, pelo auxílio, orientação e incentivo ao
longo do desenvolvimento do projeto, como coordenadora da disciplina.
Ao Professor Ronan pela disponibilidade de participar da banca avaliadora.
Ao Engenheiro, Diretor da Envac Fábio Colella e sua equipe pelo auxílio,
documentos e tempo fornecido. Além de ter nos acompanhado ao longo do ano,
disponibilizou-se a participar da banca.
À Prefeitura de Santos, especialmente à Debora dos Santos e Fernando Mello
que se mostraram sempre disponível e dispostos à nos ajudar.
Ao Professor Doutor Cláudio Barbieri, pela ajuda no problema logístico e
disponibilidade para nos atender.
Por fim, agradecemos especialmente a todos os nossos amigos e familiares
que nos acompanharam e apoiaram durante a graduação e nos suportaram para o
término deste trabalho.

São Paulo
2014

I
RESUMO EXECUTIVO

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) têm sido um tema bastante popular nos últimos
anos. Muito se fala de disposição e tratamento dos mesmos, porém a coleta não é
muito lembrada quando é preciso investir e inovar.
O Sistema de coleta pneumática é uma inovação nesse meio, que surgiu na Europa
e vem sendo difundido pelo mundo ao longo dos últimos anos. O número de projetos
está aumentando, e os benefícios que este sistema traz para as cidades são muitos,
comparados aos do sistema tradicional de coleta, apesar de seu alto custo de
implantação.
No Brasil um dos primeiros usos do sistema está sendo feito em um hospital localizado
em São Paulo. O conceito e a tecnologia não são muito conhecidos e utilizados.
Frente a esse cenário, este trabalho irá mostrar desde um panorama geral sobre
resíduos, sua gestão e principalmente sobre a coleta, até a história e o funcionamento
do sistema de coleta pneumática.
Será feito um projeto desse sistema para uma área piloto escolhida, uma parte do
bairro do Gonzaga na cidade de Santos. Com isso, espera-se uma difusão da
tecnologia, fornecendo desde uma explicação geral até os detalhes do
dimensionamento, além de mostrar a comparação entre os dois sistemas,
convencional e pneumático.

Palavras-Chave: Coleta Pneumática de Resíduos Sólidos; Resíduos Sólidos Urbanos;


Sistema de Sucção a Vácuo; Transporte de baixa emissão.

II
ABSTRACT

Recently the Solid Waste from urban households has been a popular topic. There is a
high concern about destination and treatment, but most of times the waste collection
is not remembered when it needs to invest and innovate.
The vacuum suction system is an innovation in the middle, which started in Europe
and has been diffused throughout the world over the past few years. The number of
projects is increasing, and there are a lot of benefits the system is bringing to the cities
compared to the traditional waste collection system, despite its high implementation
costs.
Although the concept and technology are not widespread, in Brazil this concept is new,
and one of the first projects is happening in a hospital in São Paulo.
Faced with this scenario, this project intends to show since an overview of waste
management focusing in waste collection, to the history and operation of a vacuum
suction system.
It will be made a project of this system for a pilot area, which will be a part of Gonzaga
neighborhood located in Santos. Thus, we expect a diffusion of technology, providing
since a general explanation until the details within the sizing, besides showing the
comparison between the two systems, the current (conventional) and the pneumatic.

Keywords: Pneumatic Waste Collection; Municipal Solid Waste; Vacuum Suction


System; Low Emission Transport.

III
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Coletores trabalhando em um dia normal. ................................................ 14


Figura 2 - Sistema de coleta de resíduos a vácuo. ................................................... 18
Figura 3 - Sistema à vácuo........................................................................................ 20
Figura 4 - Ponto de coleta que já promovem a segregações dos Resíduos. ............ 20
Figura 5 - Comparação modelo tradicional e da ENVAC para um ponto de coleta. .. 21
Figura 6 - Sistema móvel de coleta pneumática........................................................ 24
Figura 7 - Caminhão de coleta no ponto de sucção. ................................................. 24
Figura 8 - Sistema de coleta a vácuo da Ilha Roosevelt. .......................................... 26
Figura 9 - Vila Olimpia, Barcelona. ............................................................................ 27
Figura 10 - Stora Ursvik. ........................................................................................... 28
Figura 11 - Percursos dos caminhões de coleta com o sistema tradicional e
Pneumático. .............................................................................................................. 31
Figura 12 - Localização do Gonzaga em Santos....................................................... 47
Figura 13 - Detalhes do bairro do Gonzaga e da área escolhida. ............................. 48
Figura 14 - Contérmino no bairro do Gonzaga. ......................................................... 55
Figura 15 - Lixeira intermediária antiga no bairro do Gonzaga.................................. 56
Figura 16 - Nova lixeira intermediária. ....................................................................... 57
Figura 17 - Três contérminos na praça da independência. ....................................... 57
Figura 18 - Localização dos contérminos na área escolhida. .................................... 58
Figura 19 - Separação da área escolhida para a coleta atual. .................................. 59
Figura 20 - Ponto final considerado........................................................................... 60
Figura 21 - Distância entre o ponto A e o bairro do Alemoa. ..................................... 61
Figura 22 - Rede de Coleta na Área de Estudo......................................................... 63

IV
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da geração de resíduos e do número de habitantes. ................. 6


Gráfico 2 - Aumento da geração de RSU no Brasil ..................................................... 6
Gráfico 3 - Aumento da geração de RSU per capita no Brasil .................................... 7
Gráfico 4 - Evolução da geração de RSU, população, PIB e geração per capita de
RSU no Brasil. ........................................................................................................... 10
Gráfico 5 - Distribuição da coleta direta e indireta de RSU para áreas urbanas e rurais.
.................................................................................................................................. 12
Gráfico 6 - Cobertura da coleta direta e indireta de resíduos sólidos nas regiões
brasileiras. ................................................................................................................. 12
Gráfico 7 - Relação entre a eficiência da coleta e custos .......................................... 13
Gráfico 8 - Evolução da eliminação dos “lixões” ........................................................ 17
Gráfico 9 - Dados semanais da produção de resíduos por diferentes características
.................................................................................................................................. 29
Gráfico 10 - Número de lixeiras e coletores com capacidades esgotadas por tempo
(horas) ...................................................................................................................... 30
Gráfico 11 - Número de lixeiras e coletores com capacidades esgotadas por tempo
(horas) para cenário com aumento de 20% da Geração de Resíduos. ..................... 30
Gráfico 12 - Comparação de emissões entre o sistema convencional e pneumático32
Gráfico 13 - Ilustração do nível de segurança ocupacional. ...................................... 38
Gráfico 14 - Ilustração do nível de higiene. ............................................................... 38
Gráfico 15 - Distribuição de renda no município de Santos ...................................... 42
Gráfico 16 - Evolução mensal da coleta domiciliar .................................................... 43

V
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação de diferentes resíduos com seus respectivos significados,


fontes geradoras, responsáveis, tratamento e disposição final recomendada. ........... 5
Tabela 2 - Evolução da composição do lixo domiciliar na cidade de São Paulo (%). .. 8
Tabela 3 - Hipóteses para aumento e diminuição da geração de resíduos sólidos..... 9
Tabela 4 - Destino final dos resíduos sólidos por unidade de destino dos resíduos (%).
.................................................................................................................................. 16
Tabela 5 - Comparação sistema tradicional e pneumático em Stora Ursvik. ............ 32
Tabela 6 - Comparação de investimentos para instalação e operacionais para o projeto
de Västra Sjöstaden. ................................................................................................. 34
Tabela 7 - Comparação de custos para os moradores. ............................................ 34
Tabela 8 - Análise de custo entre os sistemas de coleta. ......................................... 35
Tabela 9 - Comparação de custos em Sodré Statoil. ................................................ 36
Tabela 10 - Comparação do consumo energético entre as tecnologias. ................... 39
Tabela 11 - Comparação do consumo de energia elétrica e emissão de gases do efeito
estufa entre as tecnologias........................................................................................ 40
Tabela 12 - Características da população de Santos. ............................................... 41
Tabela 13 - Composição gravimétrica com resíduos sólidos urbanos coletados. ..... 44
Tabela 14 - Coleta de resíduos domiciliares e recicláveis em Santos em toneladas.
.................................................................................................................................. 46
Tabela 15 - Previsão de geração de resíduos comuns na área do projeto. .............. 51
Tabela 16 - Previsão de coleta de resíduos recicláveis. ........................................... 53
Tabela 17 - Dados gerais para o dimensionamento. ................................................. 64
Tabela 18 - Dados fornecidos pela Envac ................................................................. 65
Tabela 19 - Resultados do dimensionamento para 2 frações. .................................. 68

VI
Tabela 20 - Fatores de emissão para veículos movidos a diesel. ............................. 71
Tabela 21 - Valores de autonomia para os veículos movidos a diesel. ..................... 72
Tabela 22 - Estimativa da emissão de gases na coleta de resíduos comuns. .......... 73
Tabela 23 - Estimativa de emissão de gases na coleta de resíduos comuns e seletiva.
.................................................................................................................................. 73
Tabela 24 - Custos diretos das emissões de poluentes por tonelada. ...................... 74
Tabela 25 - Custos diretos estimados para os gases de efeito local. ........................ 75
Tabela 26 - Índices de equivalência dos gases em relação ao efeito estufa. ............ 75
Tabela 27 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO2eq da coleta de
resíduos comuns. ...................................................................................................... 76
Tabela 28 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO2eq da coleta de
resíduos comuns e seletiva juntas. ........................................................................... 77
Tabela 29 - Investimento para o sistema pneumático considerando 1 fração. .......... 80
Tabela 30 - Investimento para o sistema pneumático considerando 2 frações ......... 81
Tabela 31 - Mão de obra considerando 1 fração. ...................................................... 81
Tabela 32 - Mão de obra considerando 2 frações. .................................................... 81
Tabela 33 - Custos operacionais anuais para o sistema pneumático considerando 1
fração. ....................................................................................................................... 82
Tabela 34 - Custos operacionais anuais para o sistema pneumático considerando 2
frações. ..................................................................................................................... 83
Tabela 35 – Comparação de custos. ......................................................................... 84
Tabela 36 - Pesos e notas atribuídas aos critérios e sub-critérios. ........................... 85

VII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ISWA International Solid Waste Association
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
RDO Resíduos Domiciliares
RPU Resíduos Públicos

VIII
SUMÁRIO

1 Introdução ............................................................................................................. 1

1.1 Objetivos ........................................................................................................ 3

1.2 Observação .................................................................................................... 3

2 Levantamento de projetos e estudos prévios ....................................................... 3

2.1 Resíduos sólidos ............................................................................................ 4

2.2 Geração de RSU ............................................................................................ 5

2.3 Coleta ........................................................................................................... 10

2.4 Coleta Seletiva ............................................................................................. 13

2.5 Tratamentos e disposição ............................................................................ 15

2.6 Gestão de resíduos sólidos e PNRS ............................................................ 17

2.7 Sistema de Coleta Pneumática .................................................................... 18

2.7.1 Vantagens ............................................................................................. 21

2.7.2 Recomendações e dimensões usuais ................................................... 22

2.7.3 Viabilidade do Sistema .......................................................................... 23

2.8 Sistema móvel de coleta pneumática ........................................................... 23

2.9 Estudos Prévios ........................................................................................... 24

2.9.1 Casos reais ............................................................................................ 24

2.9.1.1 Manhattan ............................................................................................... 24

2.9.1.2 Ilha Roosevelt-NY ................................................................................... 25

2.9.1.3 Vila Olímpica- Barcelona ........................................................................ 27

2.9.1.4 Stora Ursvik- Estocolmo Suécia.............................................................. 28


IX
2.9.1.5 Brasil ....................................................................................................... 33

2.9.2 Comparações ambientais e econômicas ............................................... 33

2.10 Santos ....................................................................................................... 41

2.10.1 Dados Gerais ..................................................................................... 41

2.10.2 Gestão de Resíduos Sólidos .............................................................. 42

3 Estudo de caso ................................................................................................... 46

3.1 Localização .................................................................................................. 47

3.2 População .................................................................................................... 49

4 Analise De Dados ............................................................................................... 49

4.1 Crescimento Populacional e geração de resíduos sólidos ........................... 49

4.2 Sistema a vácuo ........................................................................................... 53

4.3 Premissas .................................................................................................... 54

5 Definição Do Problema ....................................................................................... 54

6 Sistema Atual...................................................................................................... 55

6.1 Coleta de resíduos comuns.......................................................................... 55

6.2 Coleta seletiva .............................................................................................. 61

7 Sistema Pneumático ........................................................................................... 62

8 Dimensionamento ............................................................................................... 64

9 Comparação Ambiental e Financeira .................................................................. 69

9.1 Análise Ambiental ........................................................................................ 69

9.1.1 Emissões ............................................................................................... 69

9.1.2 Valoração financeira das emissões ....................................................... 73

9.2 Análise Financeira ........................................................................................ 78

9.2.1 Custos operacionais da coleta convencional ......................................... 78

9.2.2 Custos operacionais da coleta seletiva .................................................. 79

9.2.3 Custos para o sistema pneumático de coleta ........................................ 80

X
9.3 Comparação de valores obtidos ................................................................... 83

10 Análise de Decisão .......................................................................................... 84

11 Conclusão ....................................................................................................... 86

12 Referência Biliográfica..................................................................................... 87

XI
1 INTRODUÇÃO

Todos os seres vivos produzem resíduos. O homem não é diferente quanto a


isto. No começo os seres humanos produziam somente resíduos orgânicos como
qualquer outro ser vivo. Porém ao longo da história formaram-se comunidades que
foram evoluindo até formarem as cidades de hoje em dia, o que acarretou em grandes
diferenças em relação às quantidades e características dos resíduos gerados.
Nos últimos tempos houve uma grande mudança na cultura de grande parte
do mundo. Com a industrialização e o capitalismo começou a se produzir resíduos em
quantidade bem maior, uma vez que a sobrevivência não era mais a única
necessidade, mas também o conforto e a comodidade, utilizando diversos produtos
que após seu ciclo de vida, cada vez menor, são rapidamente descartados.
As características dos resíduos também mudaram ao longo da história. O que
antes era praticamente apenas matéria orgânica, hoje é formado pelos mais diversos
materiais. É verdade que uma parte significativa continua sendo orgânica, porém os
outros componentes causam grande impacto, pois demoram mais para se degradar e
muitas vezes são inflamáveis, corrosivas, perfurantes, cortantes ou tóxicas causando
contaminação do meio, com riscos significativos à vida e necessitando de mais
cuidados do que antigamente.
À princípio não havia muita preocupação com os resíduos, pois ainda não se
sabia da sua relação com problemas de saúde pública e nem suas consequências no
meio ambiente, somente do mau cheiro causado. O acúmulo e exposição de resíduos
nas cidades possibilitaram a atração e criação de vetores de doenças e epidemias.
Um grande exemplo é a peste negra, que se desenvolveu na Europa no começo da
Idade Média dizimando cerca de um terço da população europeia.
Após incidentes como este, a sociedade começou a se preocupar com o
saneamento, porém neste estágio ainda era dada pouca importância aos resíduos,
sendo foco maior o esgoto e o abastecimento de água. Mesmo muito tempo depois,
após a revolução industrial com uma produção de resíduos sólidos em quantidade e
toxicidade muito maiores, ainda não era dada a devida importância a estes não
havendo de fato uma gestão, bastava que os resíduos fossem colocados em locais
que não ficassem à vista e afastados do centro urbano para que não houvesse

1
problemas com o cheiro e vetores. Surgiram então os lixões, no caso de resíduos
urbanos, e diversos depósitos de resíduos industriais que eram apenas enterrados, e
que criaram problemas de contaminação até hoje ainda não solucionados.
Estas práticas ainda existem, porém de forma mais controlada a fim de
minimizar os impactos. Ao invés dos lixões, o recomendado é a disposição em aterros,
além de diversas tecnologias de tratamento dos resíduos para diminuir a quantidade
e a toxicidade destes. De acordo com a PNRS deve-se priorizar na seguinte ordem:
não geração de resíduos; redução de geração; reutilização; reciclagem; tratamento;
disposição final ambientalmente adequado.
Muito se fala sobre a disposição dos resíduos, técnicas de tratamento e reuso,
porém um ponto muito importante que vem sendo um problema em muitos países é a
coleta, pois a quantidade de resíduos é cada vez maior e a coleta tradicional apresenta
muitos problemas e desafios.
Este trabalho busca focar na coleta de resíduos urbanos, onde existem muitas
dificuldades para atuar. No Brasil ela é responsabilidade de cada município, mas pode
ser terceirizada através de licitações públicas. Ela normalmente é feita através de
caminhões, os quais passam pelas ruas onde funcionários coletam manualmente o
lixo, criando muitos problemas tanto econômicos como ambientais.
Com a atribuição de valor econômico aos resíduos, a tendência é que a
preocupação com a eficiência da coleta e do tratamento sejam maiores, gerando uma
necessidade de sofisticação dessas atividades. Um exemplo é a embalagem de
alumínio no Brasil, onde é reciclado 97,9% do consumido (ABAL, 2011). Isso
acontece, pois a produção de alumínio usando o alumínio reciclado como insumo tem
economia de 95% de energia em comparação com o uso do alumínio primário
(ESPINOSA, 2014), o que faz com que as empresas de alumínio incentivem a coleta,
assim como criação de empresas de reciclagem de alumínio que criam um mercado
com muitos benefícios.
Uma tecnologia que surgiu na Suécia no final da década de 1950, e que foi
primeiramente implantada em um hospital em 1961, e depois adaptada para um
distrito residencial chamado Ör-Hallonbergen, foi o sistema de coleta pneumática
desenvolvido pela Envac. Esse sistema é uma solução que surgiu em virtude dos
problemas enfrentados pelo tradicional método de coleta. Ele funciona através de uma
tubulação no qual os resíduos são arrastados por diferença de pressão. Os resíduos
2
são depositados em um coletor pelos cidadãos ou funcionários responsáveis, e
através de um sistema a vácuo eles vão para uma central, de onde irão ser
encaminhados para seu destino através de caminhões. Essa nova tecnologia traz um
grande avanço e inovação em relação ao modelo tradicional de coleta, melhorando e
facilitando a coleta dos resíduos. Essa tecnologia tem um alto valor de investimento
possivelmente devido à complexidade de seu sistema e pouca difusão no mercado.

1.1 Objetivos

O objetivo deste trabalho é estudar uma alternativa ao sistema tradicional de


coleta devido aos inúmeros problemas existentes, propondo como alternativa o
sistema de coleta pneumática, já implantado em algumas cidades pelo mundo. Ao final
do trabalho almeja-se o dimensionamento do sistema de coleta pneumática para uma
parte do bairro do Gonzaga, localizado em Santos, assim como uma comparação
econômica entre o sistema a ser dimensionado e o atual.

1.2 Observação

Hoje em dia a língua inglesa é muito importante e muitas vezes requerido para
atividades de um engenheiro e do mercado em geral. Ao longo deste trabalho serão
apresentados tabelas, mapas e figuras em inglês. Não ocorrerá a tradução dos mesmo
para evitar erros de interpretação.

2 LEVANTAMENTO DE PROJETOS E ESTUDOS PRÉVIOS

Este item apresenta o levantamento de projetos e estudos prévios necessários


para o desenvolvimento do trabalho. São descritas de forma breve as diferentes
classificações dos resíduos sólidos, um panorama atual dos mesmos assim como
dados da gestão no Brasil e uma explicação sobre as atividades de coleta, tratamento
e disposição. Como o foco deste trabalho é a coleta, ela é explicada detalhadamente,
apresentando diferentes modos de ser feita. Por fim, é apresentado o sistema de
coleta pneumática, algumas de suas variações e alguns casos onde ele foi utilizado
3
no mundo com alguns detalhes do dimensionamento, custos, benefícios obtidos e
dificuldades.

2.1 Resíduos sólidos

De acordo com a norma NBR 10.004 da ABNT, resíduos sólidos são resíduos
presentes nos estados sólido e semissólido, resultantes de atividades industriais,
domésticas, comercial, agrícola, hospitalar, de serviços e de varrição.
A Política Estadual de Resíduos Sólidos (PNRS), lei estadual nº 12.300/2006
os divide nas seguintes categorias:
-Resíduos Urbanos
-Resíduos Industriais
-Resíduos de Serviços de Saúde
-Resíduos de Atividades Rurais
-Resíduos provenientes de Portos, Aeroportos e Terminais
-Rodoviários, Ferroviários, Postos de Fronteira e Estruturas Similares
-Resíduos da Construção Civil
A ABNT com a norma já citada classifica os resíduos em Classe I, II a e II b.
Os Resíduos Classe I são resíduos perigosos que podem apresentar riscos à saúde
pública e ao meio ambiente devido às suas características de corrosividade,
reatividade, patogenicidade, toxicidade e inflamabilidade. Classe II é a classificação
dada aos resíduos não perigosos, a Classe II a são os não inertes (potencialmente
biodegradáveis e combustíveis) e a II b os inertes.
Para este trabalho o foco será os resíduos urbanos, que são de acordo com
a PNRS os resíduos resultantes de residências, estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços, da varrição, logradouros públicos, de podas e da limpeza de
vias, e sistemas de drenagem urbana passíveis de contratação ou delegação a
particular.
O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Santos descreve
algumas características gerais sobre resíduos sólidos e da sua gestão de acordo com
classificação diferente da citada anteriormente. Ela segue na Tabela 1:

4
Tabela 1 - Classificação de diferentes resíduos com seus respectivos significados, fontes
geradoras, responsáveis, tratamento e disposição final recomendada.
RESÍDUOS FONTES RESÍDUOS PRODUZIDOS RESPONSÁVEL TRATAMENTO E
SÓLIDOS GERADORAS DISPOSIÇÃO FINAL

Domiciliar Residências, Sobras de alimentos, Município Aterro sanitário,


(RSD) edifícios, produtos deteriorados, central de triagem de
empresas, resíduo de banheiro, recicláveis, central
escolas. embalagens de papel, vidro, de compostagem.
metal, plástico, isopor, longa
vida, pilhas, eletrônicos,
baterias, fraldas e outros.

Comercial Comércios, Embalagens de papel e Município define a Aterro sanitário,


(pequeno bares, plástico, sobras de alimentos quantidade central de triagem de
gerador) restaurantes, e outros. recicláveis, central
empresas. de compostagem.

Comercial Comércios, Embalagens de papel e Gerador Aterro sanitário,


(grande bares, plástico, sobras de alimentos central de triagem de
gerador) restaurantes, e outros. recicláveis, central
empresas. de compostagem.

Público Varrição e Poeira, folhas, papéis e Município Aterro sanitário,


podas. outros. central de triagem de
recicláveis e
compostagem.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Santos (2011-2012)

2.2 Geração de RSU

A geração de resíduos sólidos urbano vem aumentando e mudando sua


composição ao longo do tempo. É um fato que sua geração está relacionada com o
consumo e o tamanho da população.
O Gráfico 1 apresenta as curvas de crescimento populacional e geração de
resíduos em São Paulo ao longo da últimas décadas.

5
Gráfico 1 - Evolução da geração de resíduos e do número de habitantes da cidade de São
Paulo.

Fonte: Espinosa, D. C. R. (2014)

É possível perceber e associar o crescimento de resíduos ao aumento da


população, porém a curva de geração de resíduos cresce mais rápido que a
população, ou seja, existe um aumento da geração per capita de RSU. A população
segue crescendo assim como a geração de resíduos, o que mostra a necessidade de
tecnologias e atenção necessária para essa área. Os Gráficos 2 e 3 apresentam o
crescimento brasileiro de geração total e per capita de RSU, entre 2011 e 2012.

Gráfico 2 - Aumento da geração de RSU no Brasil.

Fonte: ABELPRE (2012)

6
Gráfico 3 - Aumento da geração de RSU per capita no Brasil.

Fonte: ABELBRE (2012)

O aumento da geração per capita de resíduos aconteceu por algumas


características da cultura mundial atual e do mercado. A inovação de produtos muitas
vezes faz com que as pessoas tenham menos esforço para atividades do dia-a-dia.
Muitas vezes existe uma necessidade capitalista criada pela sociedade de
comprar simplesmente para se sentirem bem, para se adequar ao que é considerado
“legal” pela mídia e sociedade, ou simplesmente para mostrar o poder de compra, com
isso passando a descartar itens que ainda poderiam ter uma função, para ter um
produto melhor ou por estar na moda.
As empresas também estimulam esses fatores, fazendo a famosa
obsolescência programada, criando produtos novos com uma frequência maior e
menor durabilidade, fazendo com que versões anteriores do produto tenham pioras
com atualizações dos sistemas ou encontre dificuldades para assistência técnica.
Além disso, a utilização de muitas embalagens ou componentes desnecessários para
o funcionamento dos produtos simplesmente para ficarem mais “bonitos” geram mais
resíduos.
Um exemplo de alguma dessas características é o iPhone®, um celular da
Apple® que cada vez vende mais unidades e com uma frequência de lançamento de
novos modelos em torno de um ano, fazendo com que os antigos se tornem cada vez
“piores”, por ficarem fora de moda, alguns prejuízos com a atualização dos sistemas,
dificuldade com assistência técnica e acessórios. Muitos de seus concorrentes fazem
o mesmo, portanto a obsolescência programada é criada no mercado, fazendo na

7
maioria das vezes com que o consumidor siga essa linha sem percebê-la. (Planeta
Agora, 2014)
Assim como a geração de resíduos, suas composições foram mudando com
o passar dos anos. Isso se deve a mudança das culturas. A Tabela 2 mostra a
diferença da caracterização dos RSU em São Paulo.

Tabela 2 - Evolução da composição do lixo domiciliar na cidade de São Paulo (%).

Anos 1927 1957 1969 1976 1991 1996 1998 2000 2011
Matéria orgânica 82,5 76 52,2 62,7 60,6 55,7 49,5 48,2 52,5
Papel e 13,4 16,7 29,2 21,4 13,9 16,6 18,8 16,4 9,8
assemelhados
Embalagem longa vida 0,9 1
Plásticos 1,9 5 11,5 14,3 22,9 16,8 15,56
Metais ferrosos 1,7 2,2 7,8 3,9 2,8 2,1 2 2,6 2
Alumínio 0,1 0,7 0,7 0,9 0,7 0,4
Trapos, couros e borrachas 1,5 1,7 3,8 2,9 4,4 5,7 3 3,1
Pilhas e baterias 0,1 0,01
Vidro 0,9 1,4 2,6 1,7 1,7 2,3 1,5 1,3 1,9
Terras e pedras 0,7 0,8 0,2 1,6 3,3
Madeira 2,4 1,6 0,7 1,3 2 2
Espuma 1,2
Fraldas e absorventes 5,1
Diversos 0,1 1,7 2,6 9,3 2,1
Fonte: Espinosa, D. C. R. (2014)

Dois fatos que chamam atenção na a Tabela 2 são: a redução percentual de


matéria orgânica e o grande aumento de plástico ao longo das últimas décadas. A
produção de alimentos industrializados vem sendo cada vez mais comum, fazendo
parte da refeição diária de muitas pessoas, o que gera uma redução de resíduos de
matéria orgânica, já que esses ficam na indústria, tornando-se resíduo industrial. A
batata frita, por exemplo, pode ser feita comprando a batata podendo ter a casca como
resíduo, ou comprando a batata que já vem cortada em palitos dentro de uma
embalagem que se torna resíduo. O aumento do plástico é justificado pelo aumento

8
de produtos industrializados contidos, geralmente, dentro de embalagens de plástico,
mas que também podem ser de outros materiais, como vidro, papel, metais ou material
composto.
Existem estudos para relacionar renda com geração e caracterização de RSU,
Campos (2012) estabelece hipóteses para o aumento e declínio do peso específico e
geração per capita de resíduos sólidos no Brasil, que são apresentadas na Tabela 3:

Tabela 3 - Hipóteses para aumento e diminuição da geração de resíduos sólidos.


Fatores para diminuir o peso específico dos Fatores que estão contribuindo com o aumento
resíduos sólidos gerados da geração per capita
Aumento do processo de industrialização dos alimentos; Aumento do emprego e elevação da massa salarial;

Aumento do consumo de produtos semiprocessados; Políticas de enfrentamento da pobreza;

PNRS e seus conceitos, instrumentos e ações; Redução do número de pessoas por domicílio e da
composição familiar;
Implantação de instrumentos econômicos para a Maior facilidade na obtenção de crédito para o
indústria, o município e o cidadão; consumo;

Incentivo para a implantação da compostagem Estímulo ao consumo;


domiciliar;

Aumento do número de geladeiras com redução dos Grande uso de produtos descartáveis.
resíduos orgânicos;

Ampliação dos serviços de coleta para as famílias com


menor poder aquisitivo;

Aplicação dos princípios e programas de educação


ambiental em escolas;

Campanhas para o consumo consciente;

Cobrança pelos serviços de coleta de forma


proporcional aos resíduos gerados;
Uso de produtos com embalagens retornáveis;

A3P (Agenda Ambiental na Administração Pública)


disseminando educação ambiental.

Fonte: Adaptado de Campos, H. K. T. (2012)

A possível relação entre o aumento da geração per capita, o desenvolvimento


econômico de um país, o aumento da geração de RSUs e da população é apresentada
no Gráfico 4. Cidades maiores e países mais ricos apresentam indicadores de geração
per capita de resíduos sólidos superiores às famílias mais pobres, cidades menores e

9
países em desenvolvimento. O Gráfico 4 mostra o comportamento dessas variáveis
citadas.

Gráfico 4 - Evolução da geração de RSU, população, PIB e geração per capita de RSU no
Brasil.

Fonte: Campos, H. K. T. (2012)

2.3 Coleta

A coleta tradicional para os RSU é feita através de caminhões, que andam


pelas ruas coletando os sacos de lixo e levando para seu destino, com uma frequência
que varia de lugar para lugar. A dificuldade desse modelo de coleta em áreas urbanas
se deve principalmente ao problema de logística, suas restrições e condições. As
etapas de coletar, transferir e transportar formam o processo de coleta, que possuem
um altíssimo custo, o que torna muito importante inovações a fim de reduzir custos e
melhorar a coleta.
Esse modelo de coleta tem e causa muitos problemas econômicos,
ambientais e sociais. Ele tem um alto custo, tanto com os caminhões que são caros,
como com o combustível gasto com o transporte, o óleo diesel na maioria das vezes.
Existe um problema com a qualidade de trabalho dos coletores e operadores devido
ao mau cheiro dos resíduos e emissão dos veículos. Na Europa a taxa de acidentes
para os coletores de caminhão de lixo é 2,75 vezes maior do que a média de todos
trabalhadores industriais (Törnblom, Jonas, 2011). Os caminhões fazem barulho e
emitem poluentes, além de piorarem a situação do tráfego. Como existe um aumento

10
da geração de resíduos o sistema tem que ser adaptado de tempo em tempo de
acordo com a nova demanda.
Um dos grandes desafios a serem encarados pela coleta tradicional é: a
distância entre os pontos de coleta e estação de transbordo ou outro destino, que é
um lugar onde muitas vezes os resíduos são depositados e acumulados para depois
serem transferidos para seu destino podendo utilizar maiores caminhões para
carregar maiores cargas de resíduos e com isso tendo menores custos e problemas
ambientais.
A melhor rota a ser tomada pelos caminhões é um problema de otimização, o
que faz lembrar o antigo problema do carteiro chinês, onde o carteiro tem que
encontrar o caminho mais curto, passando por todos os arcos. O problema com os
RSU é parecido, pois o caminhão sai da estação de transbordo passando nos pontos
de coleta e retornando para a estação, e o objetivo é a redução de custos, fazendo
com que os caminhões tracem o menor trajeto possível. Como existe uma direção a
ser seguida nas ruas, localização dos pontos, são definidas algumas restrições para
este problema. Para atender toda demanda o caminhão é obrigado a passar pelo
mesmo lugar mais de uma vez, mesmo que já tenha passado por lá, com isso se gasta
mais combustível, resultando em maiores emissões de poluentes, e maior tempo
ocioso.
Frente a este problema, as condições e restrições dos problemas são
extremamente importantes para a esquematização do problema logístico e sua
solução. A distribuição da geração de resíduos, horário e frequência de coleta, lugar
de destinação final seja um ponto de triagem, estação de transbordo ou aterro,
acúmulo de lixo nos contêineres, aumento da geração de resíduos, trânsito e
separação de frações para reciclagem são algumas das variáveis a serem definidas e
consideradas. É comum os caminhões irem coletando os resíduos e os compactarem
para conseguirem transportar uma maior carga.
A coleta existe para quase 90% dos domicílios no Brasil (IPEA, 2009). Apesar
do alto índice, essa cobertura é extremamente desigual como mostra o Gráfico 5:

11
Gráfico 5 - Distribuição da coleta direta e indireta de RSU para áreas urbanas e rurais.

Distribuição da coleta direta e


indireta de RSU
Urbano Rural

25%

75%

Fonte: Adaptado de IPEA (2012)

Gráfico 6 - Cobertura da coleta direta e indireta de resíduos sólidos nas regiões brasileiras.

Cobertura da coleta direta e indireta


de resíduos sólidos
120

100
Coleta de RSU (%)

80 Norte
60 Nordeste

40 Sudeste
Sul
20
Centro-Oeste
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Anos

Fonte: Adaptado de IPEA (2012)

O Gráfico 5 mostra o desequilíbrio entre o campo e o meio urbano, enquanto


o Gráfico 6 consegue mostrar a melhor infraestrutura das regiões Sudeste, Sul e
Centro-Oeste para coleta.
A coleta em 2008 foi de 183.481,50 toneladas de resíduos por dia, 23% maior
do que em 2000, 149.094,30 toneladas de resíduos por dia (IPEA, 2009), o que mostra

12
a melhora da coleta no Brasil em toda a área, apesar da diferença citada
anteriormente, entre regiões devido a maior importância e poder econômico.

2.4 Coleta Seletiva

A coleta seletiva está completamente relacionada à infraestrutura necessária


para esse modelo de coleta assim como a educação ambiental das pessoas. Como
os RSU são segregados nos domicílios, eles dependem de uma segregação correta
para ter o fim desejado, a reciclagem ou reuso. No Brasil uma parte desta coleta é
feita pelos catadores de maneira informal, muitas vezes com péssimas condições de
trabalho. É importante citar que os dados a seguir não contabilizam a coleta dos
catadores.
Segundo o IBGE a quantidade de municípios com coleta seletiva está
aumentando cada vez mais. Em 2008 existiam 994 municípios com esse modelo de
coleta, mais que o dobro de 2000 quando existiam em 451 municípios. A distribuição
desses municípios é bem desigual como já se esperava. Devido ao fator econômico
já citado anteriormente, o Sudeste e Sul são as regiões que lideram esse ranking de
municípios. A maioria dos municípios que tem essa coleta não oferece para toda sua
área, portanto ainda é necessária uma expansão do sistema mesmo dentro dos
municípios que já possuem esta coleta.

Gráfico 7 - Relação entre a eficiência da coleta e custos.

Fonte: Kogler, Thomas (2007)

13
O aumento do número de frações a serem segregadas na coleta implica
diretamente no custo de operação do sistema, pois o transporte tem que ser feito mais
vezes, pois não pode ter mistura dos resíduos. O Gráfico 7 mostra a correlação entre
o custo e a porcentagem de resíduos a serem reciclados. A curva nunca atinge 100
%, pois a construção do gráfico leva em conta a segunda lei da termodinâmica,
nenhum processo atinge total eficiência.
A União Europeia é um exemplo em gestão de resíduos sólidos. Dentro dela
existem países melhores e outros piores, porém as diretrizes ditadas pela UE são
eficazes comparadas ao resto do mundo. Um exemplo dos programas de ações é a
diretriz que os estados deveriam atingir metas de reciclagem para diferentes
componentes até 2008. Um exemplo é a meta de 55 a 80% (peso) de resíduos
reciclados (Kogler, Thomas, 2008). Além disso, eles recebem uma educação
ambiental melhor do que a dada no Brasil, criando maior conscientização nas
populações e melhorando as segregações. Os exemplos citados mostram que na UE
as leis criadas e os incentivos dados à gestão de resíduos são maiores do que no
Brasil, o que mostra que existem grandes desafios e oportunidades.
Um exemplo do contato dos trabalhadores com os RSU e as emissões dos
caminhões é apresentado na Figura 1:

Figura 1 - Coletores trabalhando em um dia normal.1

1
Fonte: site: <http://www.gestalent.net/album/galeria-de-fotos-pagina-inicial1/lixeiro-no-
caminhao-copia-png/> Acesso: 06/2014

14
2.5 Tratamentos e disposição

Atualmente é recomendado pela PNRS que apenas o que não for possível
tratar ou reutilizar seja disposto no solo. O preconizado é a não geração dos resíduos,
redução, reutilização e a reciclagem destes, priorizados nesta ordem, sempre que
possível.
A não geração envolve uma questão anterior à geração, onde devemos
sempre procurar não utilizar processos que gerem resíduos. A redução é, quando não
temos esta possibilidade, utilizar de métodos e tecnologias que possibilitem maior
eficiência do consumo de matéria prima. A reutilização e a reciclagem são muitas
vezes confundidas, a reutilização não requer nenhum processo que altere as
características físicas ou químicas do resíduo para que este seja utilizado,
diferentemente da reciclagem.
Os tratamentos têm como objetivos reduzir o volume de resíduos e diminuir
ou eliminar os poluentes que o conferem periculosidade, tornando o resíduo adequado
à recuperação dos materiais passíveis de reaproveitamento e disposição no solo.
Exemplos comuns são a incineração e a compostagem, entretanto existem diversas
tecnologias no mercado. O que tem sido muito comum é a recuperação energética a
partir dos resíduos, independentemente da tecnologia de tratamento utilizada.
Cada tecnologia de tratamento é mais adequada para um determinado tipo de
resíduo, variando com sua composição. Por isto a segregação se torna muito
importante, uma vez que ela facilita a etapa do tratamento. Sua ausência pode até
mesmo inviabilizá-lo. A segregação tem uma íntima relação com a educação
ambiental da população, assim percebe-se que a qualidade da gestão dos resíduos
sólidos depende não apenas de questões técnicas, mas também da cultura ambiental
do país.
A disposição final consiste em colocar tudo, o que não pode ser reaproveitado
ou tratado, em solo. Nesta etapa se concentram grande parte dos impactos
relacionados aos resíduos sólidos, sejam eles ambientais (poluição do ar, água e
solo), econômicos (desvalorização das áreas próximas) ou sanitários (risco de
exposição, criador de vetores de doenças, etc.). Os impactos são diminuídos

15
conforme os lixões e aterros controlados são substituídos por aterros sanitários no
Brasil.
Os lixões são, como o próprio nome já diz, montanhas de lixo normalmente
com uma única preocupação que é o afastamento dos resíduos dos centros
produtores. Já os aterros sanitários têm diversos critérios a serem atendidos para sua
implantação e operação. Em suma, os aterros sanitários devem garantir que os
resíduos fiquem isolados do meio, não entrando em contato com o solo, a água ou o
ar e evitando que o solo ou os lençóis freáticos sejam contaminados. Para isto deve-
se haver constante drenagem do lixiviado e dos gases. Um aterro ocupa uma área
que permite o uso futuro restrito por dezenas de anos e deve ser continuamente
monitorado havendo riscos de acidentes.
A Tabela 4 mostra os destinos dos resíduos sólidos ao longe dos anos:

Tabela 4 - Destino final dos resíduos sólidos por unidade de destino dos resíduos (%).

Ano Vazadouro a céu Aterro Aterro


aberto controlado Sanitário
1989 88,2 9,6 1,1
2000 72,3 22,3 17,3
2008 50,8 22,5 27,7
Fonte: ESPINOSA, D. C. R. (2014)

A PNRS estabeleceu a eliminação dos lixões até o ano de 2014 no Brasil.


Considerando uma extrapolação dos valores obtidos até o momento esse fato
ocorrerá somente em 2034 como mostra o Gráfico 8:

16
Gráfico 8 - Evolução da eliminação dos “lixões”.

Fonte: ESPINOSA, D. C. R. (2014)

O que mostra a necessidade de uma aceleração na retirada dos vazadouros


a céu aberto (lixão) e um aumento de aterros para poder substituí-los.

2.6 Gestão de resíduos sólidos e PNRS

A gestão de resíduos sólidos é de responsabilidade dos municípios, sendo


eles responsáveis pela coleta de RSU. Em muitos casos os municípios fazem
licitações para atribuir essas funções, porém é deles a responsabilidade.
A PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) estabeleceu uma grande
mudança na gestão de resíduos sólidos brasileira. Ela cobre a questão dos resíduos
sólidos no Brasil, defendendo ações sustentáveis como a erradicação dos lixões,
redução na geração de resíduos com posterior reciclagem e reuso, uma destinação
adequada para os resíduos.
A PNRS estabelece três conceitos: A logística reversa, a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e o acordo setorial.
A responsabilidade compartilhada é a atribuição de responsabilidade aos
entes envolvidos no ciclo de vida do produto, tanto os produtores como comerciantes
e consumidores. A logística reversa é um instrumento com ações em busca de
reutilizar, reciclar e disponibilizar os resíduos corretamente além de incentivar e prover
infraestrutura para a coleta. E por último o acordo setorial, que é acordo jurídico, ato

17
de natureza contratual entre o poder público e fabricantes distribuidores, comerciantes
ou importadores visando a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida do produto.
Esses conceitos e acordos setoriais criados visam uma maior preocupação
por parte das empresas em aproveitar os componentes dos produtos, economizando
insumos e tendo menos resíduos em aterros. A preocupação se torna parte da
empresa, fazendo com que exista uma maior estrutura para a coleta.

2.7 Sistema de Coleta Pneumática

O sistema de coleta pneumática de resíduos apresenta soluções para muitos


problemas citados da coleta tradicional. Existem mais de 700 instalações no mundo
distribuídas em mais de 30 países. O ar tem um papel importante, arrastando os
resíduos assim como a água em um sistema de esgoto transportando os dejetos. A
Figura 2 mostra os itens e o funcionamento do sistema.

Figura 2 - Sistema de coleta de resíduos a vácuo.

Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

O sistema irá ser dividido em quatro partes para ser explicado com maior
facilidade. As quatro partes são: pontos de coleta, rede coletora, central de coleta e a
operação.

18
Os pontos de coleta são locais para a população dispor seus resíduos. Eles
são composto de coletores (contérminos de lixo), válvulas para armazenamento
temporário dos resíduos e uma válvula de ar para entrada de ar.
A rede coletora possui a tubulação normalmente de aço carbono onde o
resíduo se locomove, uma pequena tubulação de ar comprimido, utilizado para as
abertura e fechamento das válvulas e cabos elétricos utilizados para a automação do
sistema, ou seja, a central controlando a abertura e fechamento das válvulas.
A central de coleta é responsável pela estocagem temporária dos resíduos,
compactação dos mesmos (opcional), separação do ar e resíduos, oferta de ar
comprimido e é onde estão localizados os exaustores. Toda energia é utilizada na
central, podendo ter sua construção na superfície, semi-subterrânea ou totalmente
subterrânea.
A operação é feita da central, onde existe um painel de comando com o
monitoramento dos enchimentos dos armazenamentos no ponto de coleta. Somente
uma fração de resíduo é arrastado por vez para não ter mistura.
O sistema funciona da seguinte forma, as pessoas vão dispondo os resíduos
nos coletores, que ficam armazenadas na válvula de armazenamento. Através do
painel de controle na central, o operador ativa os exaustores e a válvula para entrada
de ar em um determinado ponto de coleta para criar o fluxo de ar e faz a abertura
dessa válvula de armazenamento fazendo com que o os resíduos entrem na rede
coletora por gravidade e sejam arrastados pelo fluxo de ar até a central. O fluxo de ar
gerado acontece devido à diferença entre a pressão na rede e a atmosférica no ponto
da válvula de entrada do ar. O fluxo atinge altas velocidades arrastando os resíduos,
atingindo em média uma velocidade de 70 km/h.
Dentro da central de coleta, o resíduo sai da rede coletora através do ciclone
que faz a separação sólido e ar, e com isso os resíduos são armazenados em
recipientes herméticos fechados até ter o volume necessário para um caminhão de
grande porte o levar para seu destino, seja uma triagem, disposição final ou outro
destino. O resíduo pode ser compactado ainda na central caso exista compactadores.
O ar separado passa por um conjunto de filtros em série antes de ser emitido
para a atmosfera, que normalmente é carvão ativado ou lavador de gases. A ação dos
filtros é eficaz, conseguindo controlar emissões e odores.

19
O sistema pode ter em seu ponto de coleta, somente um coletor, ou vários
para possível reciclagem. Quando existem mais de um coletor, como no caso da
Figura 4, o grupo de operação tem o trabalho de fazer com que as válvulas de
armazenamento fiquem cheias o menor tempo possível seguindo o que já foi dito, e
com o fluxo de somente uma fração de cada vez na rede coletora. Quando as frações
chegam à central de coleta, o armazenamento também é feito em diferentes
recipientes.
A Figura 3 mostra o funcionamento mais claro do sistema:

Figura 3 - Sistema à vácuo.

Fonte: Kogler, Thomas, 2007

Na Figura 3 existe a coleta dentro dos apartamentos, onde eles vão por
gravidade até a válvula de armazenamento.

Figura 4 - Ponto de coleta que já promovem a segregações dos Resíduos.

Fonte: Envac(2011)

20
2.7.1 Vantagens

O sistema possui inúmeras vantagens em relação ao sistema tradicional de


coleta, além de representar uma inovação na área de resíduos sólidos. Ele tem como
vantagens:
-Menor custo operacional;
-Coletores com menos tempo atingindo a capacidade máxima;
-Sem odor ao redor;
-Sem contato do trabalhador com os resíduos, o que melhora as condições;
de trabalho.
-Não enfrenta ou causa problemas de trafego;
-Não prejudica as ruas;
-Sem barulho;
-Seguro, já que muitas vezes tem uma altura específica e chave para abrir o
coletor;
-Mais rápido;
-Facilidade para coleta em ruas estreitas;
-24 horas funcionando;
-Estética (demonstrado na Figura 5).

Figura 5 - Comparação modelo tradicional e da ENVAC para um ponto de coleta.

Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

21
2.7.2 Recomendações e dimensões usuais

As dimensões, recomendações usuais de acordo com o FAQ da Envac são descritos


a seguir. É valido lembrar que são recomendações e não regras. Existem sistemas
que fogem um pouco dessas dimensões e da característica dos resíduos.
- Os diâmetros da tubulação principal geralmente se encontram entre 300-500
mm;
- A distância máxima entre o ponto de coleta mais distante e a central deve
ser menor que 2 km para garantir o funcionamento;
-Resíduos como, mobílias, refrigeradores, objetos inflamáveis, adesivos,
substâncias ácidas ou substâncias químicas perigosas, não devem ser transportados,
pois podem comprometer o sistema;
-20 toneladas recolhidas por dia;
- A tubulação é normalmente enterrada entre 1 e 1,5 m abaixo da superfície e
nos lugares onde estão as válvulas entre 1,5 e 2,5m. O comprimento dos tubos varia
de 6 a 12 metros;
-Não é recomendável um ângulo maior que 20º para a rede coletora;
-Um máximo de 8500 residências atendidas pelo sistema com duas frações;
-É possível a instalação do sistema em prédios já existentes, porém é mais
caro se comparado a uma implantação logo na construção dos mesmos;
- A maioria dos entupimentos na rede coletora são resolvidos pelo aumento
da pressão do ar, controlado pelo sistema de automação. Porém às vezes é
necessária uma limpeza manual para desbloquear a tubulação.
A vida útil do sistema é calculada com base na quantidade de resíduos que
causam erosão na parede dos tubos, um exemplo de resíduos erosivo é o vidro. Os
usuários podem descartar garrafas de vidro no sistema, porém ao fazê-lo as garrafas
quebram com o transporte e ao se chocarem com as paredes dos tubos podem causar
erosão. O modelo utilizado para fazer o cálculo da espessura do tubo é feito
considerando uma fração de 10 % de vidro ou material abrasivos para que o sistema
tenha uma vida útil de 30 anos. Caso essa fração seja maior, a espessura também irá
aumentar visando continuar com a vida útil já citada.

22
A escolha do lugar da central é muito importante e cada lugar tem suas
vantagens e desvantagens. Fazer a estação central no centro da área faz com que o
comprimento total da tubulação seja menor, diminuindo o tempo em que as válvulas
ficam abertas e consequentemente aumentando eficiência energética. Porém a
logística (coleta dos resíduos pelos caminhões) e a facilidade para achar o local se
tornam os grandes desafios desta escolha. Fora da área residencial é uma ideia que
traz consigo a eliminação do tráfego pesado (somente o formado pelos caminhões de
lixo) e terreno muitas vezes mais barato, entretanto a rede coletora será maior. Por
último, um lugar estratégico perto das vias principais que caminham para o tratamento
dos resíduos coletados, tem seu custo logístico menor, mas em contrapartida a rede
coletora é maior.
A área da central depende do número de frações e resíduos a serem
recolhidos. Normalmente cada ponto de coleta atende de 40 a 80 residências.

2.7.3 Viabilidade do Sistema

Para ajudar a tornar o sistema mais viável economicamente, recomenda-se


uma área com pelo menos 50 habitações por hectare (Envac, 2009). Características
que potencializam seus benefícios são ruas estreitas com difícil acesso e alto tráfego,
já que a coleta tradicional sofre com esses problemas e áreas históricas. O sistema
tem um alto custo, porém como muitos benefícios são difíceis de quantificar como
qualidade de vida e benefício urbanístico, seu payback muitas vezes é alto e às vezes
não se paga o investido.

2.8 Sistema móvel de coleta pneumática

Existe uma variante do sistema já descrito anteriormente, com uma pequena


mudança, a eliminação da central. É possível essa eliminação, fazendo com os
resíduos do sistema sejam direcionados para tanques subterrâneos, que estão ligados
a um ponto de sucção no qual o caminhão de coleta conecta uma tubulação.
As Figuras 6 e 7 mostram com mais detalhes este sistema móvel.

23
Figura 6 - Sistema móvel de coleta pneumática.

Fonte: MUKAY, Gustavo C. (2012)

Figura 7 - Caminhão de coleta no ponto de sucção.

Fonte: MUKAY, Gustavo C. (2012)

2.9 Estudos Prévios

2.9.1 Casos reais

2.9.1.1 Manhattan

Recentemente foi realizado um estudo para averiguar a viabilidade da


instalação do sistema pneumático em dois pontos de Manhattan utilizando a
infraestrutura existente. Foram escolhidos dois locais da ilha.

24
O primeiro é o “High Line” (HL), um parque linear elevado construído em um
viaduto que corta o Chelsea Market na altura do segundo ou terceiro andar. O que
fora antes uma fábrica de biscoitos hoje se tornou um mercado de comida no térreo
de um edifício de escritórios que está sendo expandido para incluir um hotel e mais
espaço de escritórios. O mercado, assim como o parque, tornou-se um importante
ponto turístico da cidade nos últimos tempos.
O segundo local escolhido foi o metrô da segunda avenida “Second Avenue
Subway” (SAS). Uma linha de metrô que está chegando ao fim de sua construção que
começou no começo do século 20. Foi considerada a área entre a rua 92nd e a rua
99th. Nesta área seriam coletados os resíduos residenciais, comerciais, hospitalares,
urbanos e também os gerados na estação do metrô.
No projeto do High Line foram considerados tubos de 20 polegadas de
diâmetro presos ao viaduto ou ao teto do mercado. O volume total de resíduos foi
estimado em 10,8 toneladas por dia, estes compreendidos nas frações orgânica, papel
e não recicláveis (as outras frações são geradas em quantidades pequenas podendo
ser armazenadas e coletadas por caminhões). Neste caso o terminal necessário do
sistema teria aproximadamente 650 m2.
No projeto da SAS foram consideradas duas tubulações, isto por que seriam
coletados resíduos no nível da rua assim como da estação de metrô localizada
aproximadamente 15 metros abaixo e a inclinação máxima permitida para o sistema
em questão é de 18%. Neste caso a tubulação da rua iria transportar uma quantidade
menor de resíduo e por isto foi projetado um tubo de 300 mm de diâmetro de PVC.
Aqui o terminal teria área menor, de aproximadamente 400m2.
Neste último caso o volume de resíduos transportados foi estimado em 7,2
toneladas por dia sendo eles residenciais, comerciais, hospitalares (não perigosos) e
urbanos.

2.9.1.2 Ilha Roosevelt-NY

Roosevelt é uma estreita ilha localizada no East River de Nova York, com 3
km de comprimento e 240 metros de largura.

25
Comprada pela cidade de Nova York em 1828, a Ilha foi escolhida como área
para uma prisão e asilos, porém duas décadas depois essas atividades foram
encerradas. A ilha ficou desabitada até a década de 1970 quando foi iniciado um novo
plano de habitação.
O novo plano de habitação visava inovação e sustentabilidade, e com isso se
tornar uma zona com menos emissões de poluentes. A solução da Envac foi instalar
um sistema de coleta de resíduos à vácuo que operasse no subsolo da cidade.
O sistema de coleta foi instalado em 1970, atendendo 14.000 residentes da
Ilha Roosevelt e atualmente passa por sua 4° década de operação. Em 2010,
enquanto a cidade de Nova York enfrentou uma forte tempestade de neve, e o sistema
de coleta de resíduos teve que ser interrompido, muitos caminhões de lixo foram
temporariamente usados para remover neve das ruas, enquanto o sistema de coleta
de resíduos continuou funcionando normalmente na Ilha Roosevelt.

Figura 8 - Sistema de coleta a vácuo da Ilha Roosevelt.

Fonte: Kamga, C. Miller, B. e Spertus, B. (2013)

A Figura 8 representa o sistema a vácuo da ilha de Roosevelt. Existem


coletores nos andares de 16 prédios.
Os resíduos quando depositados nos coletores vão por gravidade até a
válvula de armazenamentos e depois para a central quando ativado o sistema de
sucção.

26
2.9.1.3 Vila Olímpica- Barcelona

A cidade de Barcelona tem o sistema de coleta pneumática para uma grande


parte da sua área. Em 2007 a cidade possuía 5 centrais em funcionamento e mais 4
centrais em construção.
O primeiro sistema da Envac em Barcelona foi implementado na Vila Olímpica
Espanhola no ano de 1992. O sistema que antes fora implantado com sucesso na
cidade de Munique em 1972 para a realização dos jogos Olímpicos, também atraiu a
atenção da comissão Olímpica Espanhola. Após algumas visitas para conhecer o
sistema na cidade alemã, o comitê se convenceu que o sistema de coleta de resíduos
a vácuo, se adequaria bem, não somente para a realização dos jogos Olímpicos que
estavam por vir, mas também para as mudanças em infraestrutura que a cidade de
Barcelona iria enfrentar nos anos seguintes. A nova cidade de Barcelona seria
construída em cima das antigas áreas industriais e portuárias, sendo voltada para o
mar. O sistema instalado na vila Olímpica foi um sucesso. Além disso, esse projeto
serviu de exemplo para outros municípios na Espanha e no mundo.

Figura 9 - Vila Olimpia, Barcelona2.

Esse sistema é um sistema estacionário chamado SVS 500, instalado em uma


área residencial com capacidade de recolher 56,3 tonelada de resíduos por dia, possui

2
Fonte: site: <ttp://www.envac.com.br/MediaBinaryLoader.axd?MediaArchive_FileID=2c565f85-
061a-4a84-b90e-1b728540cf44&FileName=VilaOlimpica_e.jpg>. Acesso em: 06/2014

27
1000 pontos de coleta, aproximadamente 24,6 km de tubo, com separação de
resíduos orgânicos e não orgânicos.
O sistema de coleta da Vila Olímpica passou por muitas ampliações desde
que entrou em operação em 1992. O sistema primeiramente atendia 2900 habitações
com um total de 241 pontos de coleta, com a primeira expansão do sistema esse valor
passou para 480 e a quantidade de habitações atendidas para 4500. E a última
expansão do sistema ocorreu em 2009 quando, o sistema passou a atender 16000
casas.

2.9.1.4 Stora Ursvik- Estocolmo Suécia

Stora Ursvik é um bairro da cidade de Estocolmo, que possuí 3488


apartamentos, uma escola e 135.000 m² de área destinada ao comércio.

Figura 10 - Stora Ursvik.

Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

O sistema de coleta em Stora Ursvik era realizado pelo sistema tradicional,


onde caminhões com caçambas passavam para recolher os resíduos nas ruas.
Foi proposto pela Envac a implementação de um sistema de coleta de
resíduos a vácuo, estudando a viabilidade com o cenário de aumento da geração de
resíduos sólidos em 20%. O sistema seria composto de 113 pontos de coleta com 3

28
frações, onde 393m³ seriam destinados a produção de energia, 127m³ seriam papel e
69 m³ resíduos orgânicos.
Foram levantadas as gerações de resíduos dos apartamentos, do comércio,
da escola e escritórios por um período de uma semana.

Gráfico 9 - Dados semanais da produção de resíduos por diferentes características.

Apartamentos Escola/Escritórios Varejo


Resíduos Gerados

Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

O conjunto de barras do Gráfico 9 representa cada dia dentro da semana. Os


apartamentos possuem uma geração constante durante os dias úteis da semana com
um aumento durante os finais de semana. As escolas e os escritórios apresentam uma
geração, também, constantes durante os dias úteis, porém nos finais de semana esse
valor se torna nulo. Por fim, o comércio apresenta uma geração constante até durante
os finais de semana.
Obs.: Os Gráficos 10 e 11 possuem problemas para mostrar os valores com
clareza, porém a mensagem que eles devem passar são claramente apresentadas.

29
Gráfico 10 - Número de lixeiras e coletores com capacidades esgotadas por tempo (horas).
Lixeiras/Coletores cheios

Tempo (horas)
Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

No Gráfico 10 a linha verde representa o sistema convencional de coleta e a


linha preta representa o sistema de coleta da Envac. O eixo das ordenadas representa
a quantidade de coletores cheios, e a abcissa o tempo em horas de uma semana (168
horas). O sistema tradicional de coleta tem um número alto de coletores cheios em
grande parte do tempo, o que pode gerar mau odor e atrapalhar a deposição de outros
resíduos. Por outro lado, o sistema de coleta proposto pela Envac apresenta picos
menos acentuados, que desaparecem em curtos espaços de tempo devido às
características do sistema.

Gráfico 11 - Número de lixeiras e coletores com capacidades esgotadas por tempo (horas) para
cenário com aumento de 20% da Geração de Resíduos.
Lixeiras/Coletores cheios

Tempo (horas)
Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

30
No Gráfico 11 são apresentadas as mesmas variáveis do Gráfico 10, porém
com um cenário considerando um aumento de 20 % dos resíduos. É evidente que o
sistema tradicional fica totalmente sobrecarregado, enquanto o sistema proposto pela
Envac consegue lidar novamente melhor frente ao aumento da geração de resíduos.
De acordo com o Gráfico 11 o sistema tradicional sempre tem ao menos uma
lixeira cheia. Valores apontam que o sistema convencional terá 139 lixeiras cheias por
um total de 1841 horas acumuladas, contra 44 lixeiras cheias com um total de 5 horas
acumuladas no sistema de coleta da Envac.
As melhorias são vistas no tráfego do bairro, dado que a quantidade de
caminhões é obviamente menor, a quilometragem por eles percorrida será menor.

Figura 11 - Percursos dos caminhões de coleta com o sistema tradicional e Pneumático.

Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

A Figura 11 mostra a comparação do percurso dos caminhões de coleta para


os dois sistemas. A parte da esquerda mostra a rota percorrida pelos caminhões no
sistema de coleta tradicional, e a da direita no sistema de coleta a vácuo.

31
Tabela 5 - Comparação sistema tradicional e pneumático em Stora Ursvik.

Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

A Tabela 5 mostra algumas comparações entre os sistemas. O sistema


pneumático apresenta uma redução de 91% em distância, e uma redução de 95 % no
tempo.
Além de trazer melhoras no tráfego do bairro e nas ruas da cidade que
sofrerão menores desgastes, também ocorrerá melhora na qualidade do ar, dado que
as emissões atmosféricas também irão diminuir com a redução da circulação dos
caminhões.

Gráfico 12 - Comparação de emissões de caminhões de lixo, entre o sistema convencional e


pneumático.

Fonte: Törnblom, Jonas (2011)

32
Comparando novamente os dois sistemas, com dois cenários, normal e
estressado (20% maior de geração), o Gráfico 5 mostra a melhora que o sistema da
Envac traz em relação às emissões. No cenário mais crítico temos umas redução de
mais de 90% de emissões locais de CO, HC, NOx, particulado e emissões globais de
Dióxido de Carbono. Dessa forma, além de contribuir para a saúde da população local,
também reduz a quantidade de dióxido de carbono um dos responsáveis pelo
aquecimento global.

2.9.1.5 Brasil

O sistema a vácuo já está sendo implantado em duas localidades no Brasil.


Uma delas é o hospital Sírio Libanês em São Paulo, onde ele será implantado como
parte da renovação que está sendo feita, sendo responsável pela gestão da coleta
dos resíduos comuns e roupas sujas. A previsão é que a operação comece em 2015.
(Envac, 2014)
O segundo lugar onde ele será implantado será no Parque da Cidade, também
localizado em São Paulo. O sistema será responsável pela coleta dos resíduos sólidos
gerados por prédios residenciais e comerciais, um shopping e um hotel para três
frações de resíduos. Sua previsão de Operação também é para 2015 (Envac, 2014).

2.9.2 Comparações ambientais e econômicas

Como já esperado, algumas comparações de custo encontradas mostram que


enquanto os custos de instalação do sistema a vácuo são maiores, os custos de
operação são menores.
Uma comparação foi realizada pela SWECO (empresa de consultoria sueca)
em 2005, tendo como área de estudo um distrito de Estocolmo chamado Västra
Sjöstaden com 2095 apartamentos e considerando três frações de resíduos (não
recicláveis, orgânicos e papel).
Foi levado em consideração os custos de implantação (construção,
equipamentos e outros), de operação (energia, manutenção e outros) assim como o

33
custo da área ocupada usando a média de aluguel por metro quadrado. Os resultados
são apresentados nas Tabelas 6 e 7, lembrando que SEK é a moeda sueca, coroa
sueca, que equivale a R$ 0,31 (Citibank N. A., 24/01/2015) cada uma:

Tabela 6 - Comparação de investimentos para instalação e operacionais para o projeto de


Västra Sjöstaden.
CALCULATION Investment Operating costs, TOTAL Operating
With 4%, rental income collection collection system, and capital cost
ground floor premises system SEK/year 4% cost of capital
SEK SEK/year
Manual handling, containers 27.133.043 2.814.839 SEK/year 5.083.189
One reinvestment of SEK SEK/year
containers year 10
Underground waste transport 44.275.000 823.099 SEK/year Rental 2.030.990
system, primary + secondary SEK income: -2.049.942 SEK/year
network SEK/year Net: - 1.226.842
SEK/year
Fonte: Kaliampakos, Dimitrios; Benardos, Andreas (2013)

Tabela 7 - Comparação de custos para os moradores.


Preliminary calculation Investment Operating costs Total costs - 6% cost of
per apartment cost (EUR per (EUR per apartment capital (EUR per
apartment) per year) apartment per year)
Manual waste handling 1.406 130 232
Stationary vacuum 2.254 43 206
system
Fonte: Kaliampakos, Dimitrios; Benardos, Andreas (2013)

As Tabelas 6 e 7 mostram que o investimento para a implementação do


sistema a vácuo é quase duas vezes maior do que o tradicional, porém seu custo
operacional é 70% menor. Entretanto quando juntam os dois distribuídos ao longo do
alcance do projeto, o sistema a vácuo é mais barato acarretando em menos custos
para o morador.
Em outro caso a comparação de custo foi realizada pela ENVAC comparando
o sistema a vácuo com o uso de contérminos da EUROBIN (contérminos
convencionais) para 10.000 apartamentos e considerando 30 anos de operação.
34
Novamente os resultados foram um custo de operação muito menor para o sistema a
vácuo, porém desta vez com uma diferença do custo de implantação menor,
demonstrado na Tabela 8.

Tabela 8 - Análise de custo entre os sistemas de coleta.


Capital Expenditure ENVAC EUROBIN COMMENTS
(CAPEX)
Eurobin cost £0 £2,550,000 Total 1700 bins x £250/bin, replaced every 5
years
Envac capital cost £11,000,000 £0 Design, supply and fix all pipe, inlet,
collection station
Bin room housing cost £500,000 £10,625,000 Eurobin, 1700 bins @ 2.5sq.m. per bin @
£2500/sq.m.
Envac is for building to house collection
station
Trenching cost £1,100,000 £0
Total Capex £12, £13,
600,000 175,000
Capex per flat £1,260 £1,317.50
Capex per flat/year £42 £43.92
Operational
Expenditure (OPEX)
per year
Envac full service £98,000 £0 Service/maintain Envac system
Envac energy cost £11,000 £0 Power to run fans, compactors etc.
Eurobins maintenance £0 £17,000 4% per year to replace lids/castors/vehicle
damage
Eurobin annual clean £0 £13,600 £8 per bin per year
Eurobin portering £0 £160,000 1700 bins will require 8 full time staff @ £20k
costs p.a. to move bins to kerbside and back to bin
store
Waste collection cost* £100,000 £480,000 £10/flat/year with Envac - £48/flat/year
without Envac
Total Opex/year £209,000 £670,600
Opex per flat/year £20.90 £67.06
Fonte: Kaliampakos, Dimitrios; Benardos, Andreas (2013)

35
Um estudo faz uma comparação em um caso que o sistema existente é o
sistema a vácuo e a comparação é feita com um sistema convencional. Ele foi
realizado pela BoDAB, uma companhia sueca, em 1999. Sua área de interesse foi um
distrito de Estocolmo chamado Sodré Statoil, o sistema a vácuo coleta resíduos de
3240 apartamentos e três edifícios de escritórios, demonstrado na Tabela 9.

Tabela 9 - Comparação de custos em Sodré Statoil.


Preliminary Investment Operating Capital Rent loss due Total annual
calculation cost (EUR costs, investment to garbage costs
per per collection (EUR/year) and valve (EUR/year)
appartment apartment) system per rooms
apartment, (EUR/year)
(EUR/year)
Manual waste 1.259 64 39 104 207
handling
Stationary 1.479 52 82 18 152
vacuum
system
Fonte: Kaliampakos, Dimitrios; Benardos, Andreas (2013)

Jackson (2004) divide sua análise em categorias. No âmbito ambiental ele diz
que com a implantação de um sistema de coleta a vácuo os serviços periódicos dos
caminhões de lixo não seriam mais necessários diminuindo diversos problemas
associados ao trânsito destes veículos como ruído, acidentes, emissões gasosas e
congestionamentos. Além disto, como o lixo não irá mais acumular dentro das
residências ou na rua, a higiene do local terá uma melhora diminuindo os odores e
não servindo como criadouros de insetos. Com isso, a área irá ficar visualmente mais
agradável.
Em relação à segurança o número de acidentes de trabalho diminui uma vez
que não é mais necessário o manuseio do lixo para colocá-lo no caminhão.
Segundo o autor, este sistema é também mais conveniente uma vez que ele
não requer dos cidadãos nenhum pré-tratamento nem acondicionamento e eles
podem descartar seus resíduos a hora que quiserem, sem se preocupar com a hora
que o caminhão irá passar. Em contrapartida a implantação do sistema causa algumas
perturbações como interrupção do trânsito para escavações, porém isto é temporário
36
e uma vez implantado o sistema as condições na área melhoram. O sistema permite
também uma dependência menor do serviço de coleta aos efeitos climáticos sendo
pouco afetado por chuvas, neve ou ventos fortes.
Financeiramente, o sistema a vácuo oferece vantagens e desvantagens tendo
um alto custo de implantação e um menor custo de operação sendo crítica uma análise
para verificar sua viabilidade. Em sua análise o custo do sistema pneumático se iguala
ao custo do sistema convencional em 7 anos.
Kogler (2007) aponta a importância de diferenciar o trânsito em dois casos,
primeiro na área em que as atividades de coleta são realizadas e segundo na região
em que ocorre o transporte do resíduo até o tratamento ou disposição final. Quando é
feita uma comparação entre os sistemas no primeiro caso a vantagem do pneumático
é óbvia, uma vez que não há geração de tráfego nesta. Já no segundo, a geração de
tráfego não é muito menor. No total pode-se concluir que ainda haverá veículos
transportando resíduos, porém em quantidade consideravelmente menor.
No mesmo estudo ele apresenta uma comparação entre os ruídos dos
sistemas. Os resultados foram que o sistema convencional gera por semana 10.8h de
ruído com intensidade de 75 a 88 dBA enquanto o sistema a vácuo gera 4.0h de ruído
com intensidade de 55-72 dBA mostrando uma diminuição significativa na geração de
ruídos.
Outro fator importante segundo o autor é a segurança ocupacional. Segundo
um estudo realizado na Inglaterra no ano de 2001/02 foi estimado que 25% de
trabalhadores acidentados e 0,1% de trabalhadores, sofreram acidentes fatais na
indústria dos resíduos, o que é dez vezes mais que a média do país. Os acidentes
são causados principalmente pelo manuseio de materiais perfurantes, cortantes e
cargas muito pesadas. Com o sistema a vácuo estes acidentes não aconteceriam. O
Gráfico 13 ilustra os níveis de segurança de diferentes tecnologias.

37
Gráfico 13 - Ilustração do nível de segurança ocupacional.

Fonte: Kogler, Thomas (2007)

Em relação à higiene também existem ganhos do sistema à vácuo, uma


vez que não há manuseio do lixo pelos trabalhadores.

Gráfico 14 - Ilustração do nível de higiene.

Fonte: Kogler, Thomas (2007)

Em um estudo recente (Kamga, Miller e Spertus, 2013) foi avaliada a


viabilidade da instalação de um sistema à vácuo em Nova York, utilizando a
infraestrutura de transporte existente para a instalação do sistema. Nele foram citados
trabalhos os quais compararam a emissão relativa de gases do efeito estufa entre os
sistemas, além do custo de implantação e operação. No estudo de TEERIOJA, et al
(2012) foi considerado um sistema pneumático com quatro frações de resíduos. Os
autores utilizaram avaliações de ciclo de vida para analisar as emissões e outros

38
impactos associados à implantação e operação, além da fabricação de todos os
componentes do sistema a vácuo.
Os resultados destes estudos foram, ao contrário dos apresentados
anteriormente, que o sistema pneumático custa mais e emite mais gases do efeito
estufa. A diferença entre estes sistemas em termos de custos diminui com o aumento
do volume de resíduos transportado. É observado ainda nos estudos que a situação
pode se reverter quando as áreas que são desocupadas valem mais. Os autores
dizem que estes resultados são pertinentes apenas às instalações em áreas já
existentes e que os custos de implantação de um sistema pneumático em novos
complexos seriam menores.
As externalidades são muito importantes para o estudo de viabilidade
econômica desses projetos. De acordo com MANKIW (2005) apud Lascala (2011),
externalidade é “o impacto das ações de uma pessoa sobre o bem estar de outra que
não tomam parte da ação”, podendo ser positivas ou negativas de acordo com a
natureza dos impactos.
Os resultados encontrados pelo estudo de viabilidade do sistema em
Manhattan (Kamga, Miller, e Spertus, 2013) foram positivos. De fato o resultado foi de
que o sistema pneumático é mais caro, porém se houverem externalidades positivas
no valor de $300,000 a $400,000 por ano ela torna-se mais barata em valor presente.
Além disto, o valor da emissão de gases do efeito estufa neste estudo foi menor para
o sistema pneumático.

Tabela 10 - Comparação do consumo energético entre as tecnologias.

Fonte: Kamga, C. Miller, B. e Spertus, B. (2013)

39
Tabela 11 - Comparação do consumo de energia elétrica e emissão de gases do efeito estufa
entre as tecnologias.

Fonte: Kamga, C. Miller, B. e Spertus, B. (2013)

O resultado final deste estudo foi que os sistemas a vácuo em questão são
viáveis economicamente e ambientalmente, tendo emissões de gases do efeito estufa
reduzidas em ambos os casos, como visto nas Tabelas 10 e 11. Onde Trucks refere-
se à coleta convencional em operação, AVAC ao sistema pneumático, HL ao High
Line e SAS ao Second Avenue Subway, estes dois últimos já explicados no item
2.9.1.1.
Outro trabalho realizado na Ilha de Roosevelt (Kamga, Miller, e Spertus, 2013)
também em Nova York, comparando o sistema atual (pneumático) da ilha com a coleta
convencional e alternativas de melhorias concluiu que as emissões de gases do efeito
estufa do sistema a vácuo são de 35% a 100% maiores e o consumo energético de
25% a 70% maior. O trânsito de caminhões seria reduzido se os resíduos comerciais
e recicláveis fossem contemplados uma vez que caso contrário haveria ainda a
necessidade de coleta convencional para estas parcelas de resíduo.
Também foi apontado que haveriam diversos benefícios devido à menor
frequência de coleta feita por caminhões, diminuição da concentração local de
poluentes atmosféricos, não necessidade de uma estação de transbordo e diminuição
do manuseio dos resíduos.
Assim como o documento de Manhatttan, a conclusão foi que apesar do valor
presente líquido dos sistemas a vácuo ser maior, este poderia ser compensado por
externalidades positivas que no caso apenas considerando a economia de espaço e
trabalhadores acidentados já poderiam ser atingidas.
Vale apontar que foi observado neste último estudo a variabilidade dos custos
do sistema convencional conforme o local de interesse sendo necessário um estudo
específico para cada local. Considerando as diferenças entre os países da Europa,

40
Estados Unidos e o Brasil é previsível resultados diferentes dos já citados
anteriormente.

2.10 Santos

2.10.1 Dados Gerais

Santos é uma cidade portuária localizado no Estado de São Paulo, é


caracterizada por ter um dos maiores portos da América Latina, grande contexto
histórico devido à bolsa oficial do café, além de ter o 6º maior Índice de
Desenvolvimento Humano do Brasil de acordo com o censo do IBGE de 2010.
É considerada como sendo o berço do povoamento paulista e tem grande
importância histórica para o estado de São Paulo e também para o país. Tem
aproximadamente 420 mil habitantes sendo 99,4% na área urbana (IBGE, 2011). Além
disto, há grande fluxo sazonal de turistas representando um incremento na população
de cerca de 100%.
Segundo a SEADE, Sistema Estadual de Análise de Dados, a população de
Santos está caracterizada conforme a Tabela 12:

Tabela 12 - Características da população de Santos.

Fonte: Prefeitura de Santos (2012)

41
Em uma análise da distribuição de renda no município em que levou em
consideração dados de levantamentos do IBGE, valor do salário mínimo de 2009 e
estratificação de renda igual a de 2000, os resultados obtidos foram:

Gráfico 15 - Distribuição de renda no município de Santos em relação ao número de salários


mínimos.

Fonte: Prefeitura de Santos (2012)

A altitude média da cidade é de 2 metros e o solo é formado por areia e granito


nas regiões baixas e praias, por rochas cristalinas nas regiões altas além de gnaisse
granito.

2.10.2 Gestão de Resíduos Sólidos

Em 2010 foi publicado o mais atual Plano de Gestão Integrada de Resíduos


Sólidos do Município de Santos, atendendo à lei federal 12.305 de 02 de agosto de
2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), Decreto Federal nº 7.404 de 23 de
dezembro de 2010 (Regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos) e Lei
Federal nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007 (Plano de Diretrizes Básicas de

42
Saneamento). O Plano descreve a atual gestão de resíduos sólidos em Santos,
apresentando metas e propostas de desenvolvimento.
Segundo o plano, a cidade só obteve um sistema de gerenciamento de resíduos
sólidos recentemente, e foi um problema enfrentado por diversas administrações
públicas. Um dos problemas mais difíceis de encontrar solução é a variação causada
pela quantidade de turistas que a cidade recebe sazonalmente, como mostrado no
Gráfico 16.

Gráfico 16 - Evolução mensal da coleta domiciliar em toneladas de resíduos.

Fonte: Prefeitura de Santos (2012)

Atualmente a coleta de resíduos sólidos domiciliares na cidade de Santos é


terceirizada, sendo realizada de segunda-feira a sábado e abrangendo 100% da
população. A coleta é realizada por veículos compactadores convencionais, exceto
nas áreas de acesso mais difícil onde são utilizados caminhões basculantes de
pequeno porte ou caçambas retiradas por poliguindastes.

A Tabela 13 mostra a composição gravimétrica dos resíduos em Santos e a


comparação desta com a média estadual e nacional.

43
Tabela 13 - Composição gravimétrica com resíduos sólidos urbanos coletados.

a
Inclui ambos os tipos de plásticos. b Inclui tecidos, trapos, couros e borracha.c Inertes.
* Inclui papel, papelão e tetra-pack.
Fontes: Prefeitura de Santos (2012)

Segundo o plano, está sendo testado na cidade um programa piloto da


utilização de contentores disponibilizados na estrutura viária da cidade para a
disposição dos resíduos a qualquer hora do dia pela população e que são então
coletados diariamente junto à coleta regular.

44
A intenção desse projeto previsto no Plano Municipal Integrado de
Saneamento Básico é a melhoria do serviço de coleta regular de resíduos
sólidos urbanos, evitando o acúmulo de material nas calçadas, bem como
ampliar a efetiva participação da comunidade no sistema de coleta seletiva,
reduzindo assim a quantidade de recicláveis que venham a ser dispostos
junto com os resíduos orgânicos e rejeitos. (Prefeitura de Santos,2012. p. 47)

Isto mostra a disposição do poder público do município de implantar sistemas


de coleta diferentes do convencional e que tenham maior eficiência.

Em termos de geração per capita a taxa na cidade, apresentada pelo plano, em


2011 é de 0,620 ton./hab.ano enquanto a média de geração, segundo dados da
Abrelpe, foi de 0,382 ton./hab.ano. Além disso, a geração média da re gião
sudeste foi de 1,2 kg/hab.dia enquanto em Santos foram gerados 1,7 kg/hab.dia
mostrando que a geração per capita da cidade é alta.

A cidade conta ainda com coleta seletiva na área insular, realizada pela
empresa Progresso e Desenvolvimento de Santos S.A. (Prodesan). O material
coletado é submetido à triagem e separação, realizadas em um galpão específico por
usuários do Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde e por
catadores. Os materiais separados são então vendidos em licitações organizadas pela
Prodesan. O valor da venda destes é então encaminhado para a Prefeitura e usado
para pagamento das cooperativas.

A Tabela 14 mostra a evolução da coleta de resíduos domiciliares e recicláveis


na cidade.

45
Tabela 14 - Coleta de resíduos domiciliares e recicláveis em Santos em toneladas.

Fonte: Prefeitura de Santos (2012)

Apesar da baixa quantidade de resíduos recicláveis, ele está crescendo, e


com os programas que a cidade está fazendo a tendência é melhorar.
Atualmente existe uma unidade de transbordo para os RSU, localizada no
bairro Alemoa. O destino final dos resíduos é um aterro sanitário privado, na área
continental do município, no bairro Sítio das Neves.

3 Estudo de caso

A cidade escolhida para fazer um projeto piloto do sistema a vácuo foi Santos,
localizada no estado de São Paulo, mais especificamente uma parte do bairro do
Gonzaga. Esse item apresenta o levantamento de dados que serão úteis para o
projeto.

46
3.1 Localização

O bairro do Gonzaga é localizado entre os canais 2 e 3 em Santos. Na Figura


12 é possível ver a localização do bairro do Gonzaga (destacada em azul) e na Figura
13 a área definida para o projeto (contornada pelas linhas amarelas).

Figura 12 - Localização do Gonzaga em Santos 3.

3
Fonte: Adaptado do site: <http://2.bp.blogspot.com/-
HZ4btCGFo4w/TiWettSyRKI/AAAAAAAAB-4/iHcyprrgSPs/s1600/bairros.JPG>. Acesso em:
JUN/20143

47
Figura 13 - Detalhes do bairro do Gonzaga e da área escolhida. 4

Na Figura 12 o bairro do Gonzaga está destacado de azul. Na Figura 13


mostra o bairro com mais detalhes com uma atenção para a área escolhida para o
projeto piloto, dentro do contorno amarelo. Essa área inclui a praça da independência,
onde sempre tem uma alta densidade de pessoas na rua, assim como o shopping
balneário localizado ao lado da praça. É uma área com muitos prédios, e considerada
de classe média em Santos.
Devido a esse adensamento de pessoas e ao tráfego que muitas vezes fica
pesado na região, essa foi a área escolhida.
É importante lembrar que como uma grande parte de Santos, esse bairro
também tem um relevo plano, o que ajuda no dimensionamento do projeto.

4
Fonte: Adaptado do site:< http://www.novomilenio.inf.br/santos/bairro18.htm>. Acesso em:
JUN/2014

48
3.2 População

A população do Gonzaga cresceu bastante nos últimos anos, de 24.130


habitantes em 2000 para 24.788 habitantes em 2010, crescimento de 2,73% por
década. Sua densidade demográfica é 2.381 habitantes/ m 2. (Prefeitura de Santos,
2013).

4 ANALISE DE DADOS

Neste item, é apresentada uma análise inicial sobre as informações levantados


nos capítulos 2 e 3 deste trabalho, buscando as principais informações e algumas
considerações tomadas que servirão para nortear o dimensionamento do projeto.
Para os cálculos neste trabalho será considerado uma vida útil de 30 anos do
sistema, como mostra a indicação da Envac já levantada no capítulo 2.

4.1 Crescimento Populacional e geração de resíduos sólidos

Devido à falta de dados mais específicos o crescimento populacional será feito


linearmente, já que foi encontrada a população do Gonzaga somente para 2000 e
2010. Assim, será considerado um crescimento de 2,73% por década (taxa de
crescimento condizente com os dados obtidos) resultando em uma população inicial,
no bairro, de 25.248 em 2017, ano considerado para início de operação, e uma
população em 2047 de 27.223 habitantes, 30 anos após o início devido à vida útil do
sistema.
Com o número de habitantes do bairro do Gonzaga e as áreas à serem
utilizadas calculadas utilizando o Google Maps, chega-se facilmente à densidade
populacional dividindo o mesmo pela área do bairro 1,778 km2. Essa mesma
densidade será considerada para a área do projeto no cálculo do número de
habitantes da mesma, considerando a área de 0,5 km 2.
A geração de resíduos será calculada considerando uma geração per capita
constante em relação ao último dado obtido no levantamento, de 1,21 Kg./hab.dia
(Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, 2012), dado relativo à cidade
49
de Santos no ano de 2012. Multiplica-se essa pelo número de habitantes da área do
projeto e tem-se a geração de resíduos urbanos e públicos da área. Os cálculos são
apresentados na Tabela 15.

50
Tabela 15 - Previsão de geração de resíduos comuns na área do projeto.
Ano População Gonzaga Hab/km2 Habitantes na área do projeto Geração (kg por dia)
2000 24130 20487 10244 12395
2010 24788 21046 10523 12733
2017 25249 21437 10719 12969
2018 25314 21493 10746 13003
2019 25380 21549 10774 13037
2020 25446 21605 10802 13071
2021 25512 21661 10830 13105
2022 25578 21716 10858 13138
2023 25643 21772 10886 13172
2024 25709 21828 10914 13206
2025 25775 21884 10942 13240
2026 25841 21940 10970 13274
2027 25907 21996 10998 13307
2028 25972 22052 11026 13341
2029 26038 22107 11054 13375
2030 26104 22163 11082 13409
2031 26170 22219 11110 13443
2032 26236 22275 11138 13476
2033 26301 22331 11165 13510
2034 26367 22387 11193 13544
2035 26433 22443 11221 13578
2036 26499 22499 11249 13612
2037 26565 22554 11277 13645
2038 26630 22610 11305 13679
2039 26696 22666 11333 13713
2040 26762 22722 11361 13747
2041 26828 22778 11389 13781
2042 26894 22834 11417 13814
2043 26959 22890 11445 13848
2044 27025 22945 11473 13882
2045 27091 23001 11501 13916
2046 27157 23057 11529 13950
2047 27223 23113 11557 13983
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de SNIS (2012) e Google Maps (2014).

51
A geração aparenta ser maior do que deveria, devido às premissas tomadas,
uma vez que existem poucos dados para a estimativa da geração na área desejada.
Mesmo para o bairro inteiro do Gonzaga, é difícil a obtenção de dados. Por essas
razões, os valores calculados na Tabela 15 serão utilizados neste trabalho como a
previsão de quantidade de resíduos comuns coletados.
Para a coleta seletiva do bairro do Gonzaga, os dados foram mais acessíveis.
A quantidade de resíduos recicláveis coletadas no ano de 2013, segundo dados
fornecidos pela Prefeitura de Santos (2014), no bairro do Gonzaga foi 643,32
toneladas. Para encontrar o valor relacionado à área deste trabalho, foi calculado
multiplicando a coleta de 2013 pela razão entre a área do projeto e do bairro do
Gonzaga, chegando ao valor de 273,1 ton/ano.
A Tabela 16 mostra o crescimento da coleta seletiva.

52
Tabela 16 - Previsão de coleta de resíduos recicláveis.

Ano Geração (kg por dia)


2013 273.100
2017 276.079
2018 276.832
2019 277.587
2020 278.344
2021 279.103
2022 279.864
2023 280.627
2024 281.392
2025 282.159
2026 282.929
2027 283.700
2028 284.474
2029 285.250
2030 286.027
2031 286.807
2032 287.590
2033 288.374
2034 289.160
2035 289.949
2036 290.739
2037 291.532
2038 292.327
2039 293.124
2040 293.924
2041 294.725
2042 295.529
2043 296.335
2044 297.143
2045 297.953
2046 298.765
2047 299.580
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Prefeitura de Santos (2014).

4.2 Sistema a vácuo

Neste item busca-se fazer um resumo e análise dos dados coletados dos
projetos realizados e principalmente do FAQ disponibilizado pela Envac, que servirá
como diretriz para o dimensionamento do sistema.
53
Segue uma lista das informações a serem analisadas:
- O diâmetro da rede coletora normalmente é de 300-500mm, essa estando
entre 1 e 1,5 metros abaixo da superfície normalmente com exceção dos pontos de
coleta que será entre 1,5 e 2,5 metros e um limite de 20 graus de inclinação tanto para
cima como para baixo.
- A distância máxima entre o ponto de coleta mais distante e a central deve
ser menor que 2 km já que isso ajuda a viabilidade do sistema.
- Existe um máximo de 20 toneladas recolhidas por dia recomendadas pela
Envac.
Esses dados serão utilizados a princípio para o dimensionamento, partindo
deles. Porém é importante deixar claro que uma vez que esses valores são indicações
da Envac de acordo com o dimensionamento deles e variando de sistema para
sistema, eles não são necessariamente limitantes para a solução aqui dada.

4.3 Premissas

Para este trabalho não serão consideradas as interferências (tubulações


subterrâneas já existentes) e o nível do lençol freático, uma vez que os canais
rebaixam o mesmo, melhorando a situação. As interferências não foram consideradas
devido à dificuldade da obtenção dos dados, pois eles não são disponibilizados
publicamente. Porém um projeto mais detalhado deve considerar ambas, uma vez que
eles podem servir de restrições para o trajeto da tubulação.

5 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Com o levantamento de dados feito, ficam claras as dificuldades da coleta de


resíduos sólidos no mundo, principalmente no Brasil. Os problemas ambientais,
sociais e econômicos citados ao longo da apresentação dos dados levantados mostra
uma necessidade de inovação. Por outro lado já existe uma tecnologia no mercado e
que vem sendo cada vez mais utilizada e reconhecida mundialmente, o sistema de
coleta pneumática de resíduos sólidos, que soluciona muitos problemas da coleta
tradicional. Porém esta tecnologia não está muito difundida no Brasil, e enfrenta
54
problemas como o alto custo de implementação, mesmo tendo muitas vezes um custo
de operação menor.
Tendo em vista essa situação e exemplos de sucesso obtidos pelo mundo
com a Envac, espera-se que este projeto ajude a difundir essa tecnologia e seus
benefícios, e até ser utilizado para contribuir com um projeto futuro tanto na área
escolhida como em outra desejada. Com isso, melhora-se a qualidade de vida, o
principal benefício desta tecnologia na opinião do grupo, o que muitas vezes é difícil
de quantificar.

6 SISTEMA ATUAL

6.1 Coleta de resíduos comuns

O bairro do Gonzaga é um dos que já possuem uma coleta semi-mecanizada


em Santos. Ela foi implantada recentemente com o objetivo de tornar o trabalho dos
coletores mais fácil e com menores riscos, uma vez que eles não deveriam entrar em
contato com os resíduos.
A coleta semi-mecanizada funciona da seguinte forma: nas ruas existem pontos
de coleta com contérminos, onde são colocados os resíduos. Como mostra a Figura
14 os contérminos ficam fechados, não ocasionando problemas como mau odor.

Figura 14 - Contérmino no bairro do Gonzaga.

55
Dependendo da região os caminhões de coleta passam mais de uma vez por
dia para recolher os resíduos, e além da coleta diária de segunda a sexta, existe a
coleta de sábado em algumas áreas.
Os caminhões observados possuíam quatro trabalhadores, sendo que um
estava dirigindo e os outros três recolhendo os contérminos. Esses três funcionários
encaixam os contérminos no braço mecânico do caminhão, onde eles são
automaticamente levantados e virados, descarregando os resíduos. Então, os
contérminos são colocados na rua novamente e os funcionários da coleta os levam
para o lugar no qual eles estavam localizados.
Além dos contérminos, existem lixeiras intermediárias feitas de concreto que
estão substituindo as antigas lixeiras de plásticos que ficavam em postes. As Figuras
15 e 16 mostram os dois modelos. Algumas vezes por dia os coletores recolhem o
que está nessas lixeiras e jogam nos contérminos ou deixam do lado de algum poste,
para ser recolhido pelo caminhão, o que é inadequado dos pontos estético e higiênico.

Figura 15 - Lixeira intermediária antiga no bairro do Gonzaga.

56
Figura 16 - Nova lixeira intermediária.

Apesar, da melhora em relação ao sistema antigo, onde os funcionários da


coleta entravam em contato com os resíduos, esse novo sistema tem alguns pontos
fracos. Observando-se a área estudada para este trabalho, a distribuição dos
contérminos está irregular, uma vez que existem lugares com três contérminos um ao
lado do outro, e outros com nenhum. A Figura 17 mostra um caso observado com três
contérminos:

Figura 17 - Três contérminos na praça da independência.

O que acontece também com frequência é a mudança de lugar dos contérminos


da rua para a calçada, ou entre quarteirões, seja para estacionar o carro no local onde
o contérmino estava ou por outro motivo qualquer.
Apesar de a coleta ser mais rápida do que a tradicional, ainda existe uma
demora em recolher os resíduos, aumentando o tráfego na área.
57
Quando os contérminos ficam cheios, os sacos de lixo são deixados ao lado,
fazendo com que os coletores recolham manualmente esses sacos, aumentando os
riscos do trabalho. Além disso, o caminhão gera um alto ruído, principalmente quando
está recolhendo os resíduos, incomodando as pessoas à volta.
Os sacos de lixo presentes nas lixeiras intermediárias também são um
problemas, pois muitas vezes ficam ao lado dos postes ocasionando odor
desagradável, necessidade de contato com o coletor e uma piora na imagem das
calçadas.
A Figura 18 mostra o levantamento dos locais onde os contérminos estão
localizados para a área do projeto.

Figura 18 - Localização dos contérminos na área escolhida.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Prefeitura de Santos (2014).

É possível perceber a distribuição não homogênea dos pontos de coleta atuais,


possivelmente devido à distribuição populacional na área. Mesmo considerando essa
razão a distribuição ainda tem oportunidades, uma vez que existem espaços
consideráveis sem contérminos.
58
A área utilizada para este trabalho é separada em duas áreas de coleta, a
região I e a II como mostra a Figura 19:
Figura 19 - Separação da área escolhida para a coleta atual.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Prefeitura de Santos (2014).

Para a região I um caminhão cobre a área superior delimitada pela linha rosa,
acima da rua Dr. Tolentino Filgueiras, enquanto outro caminhão cobre a região II da
mesma rua até praia. Ambos os caminhões fazem a coleta uma vez por dia, de
segunda-feira até sexta-feira.
Como os dados adquiridos foram somente a quantidade de caminhões, a
frequência de coleta e o ponto de partida dos caminhões, foi calculada a distância
percorrida por cada caminhão resolvendo um problema do carteiro chinês, uma vez
que todas as arestas (ruas) deveriam ser percorridas ao menos uma vez. O problema
foi resolvido pelo Solver do Excel. Para a resolução deste problema foram seguidos
os seguintes passos para cada região:
-Transformar o conjunto viário em um conjunto de nós e arcos, onde os nós
eram as intersecções das ruas e os arcos as ruas.
-Foi calculada a distância entre os nós usando o Google Maps.

59
-Foi feita uma tabela para todas as distâncias possíveis de serem percorridas
entre dois nós vizinhos. Esta tabela apresenta três colunas: Nó inicial, nó final e
distância.
-Foi calculada a distância total percorrida, que é a soma do produto de todas
as distâncias com o número de vezes em que o caminhão percorre o trajeto. Essa é
a função objetiva que deve ser minimizada, obtendo a menor distância percorrida
possível;
-Para o Solver achar a melhor solução coerente com a realidade, ainda foram
modeladas as seguintes restrições:
- Balanço de massa dos nós: O número de vezes que o caminhão entra
em um nó é igual ao número de saídas do mesmo nó, com exceção para o nó inicial,
que possui uma saída a mais, e o nó final que possui somente uma entrada.
- O número de vezes que o caminhão passa em cada arco deve ser
maior ou igual a 1, com exceção dos arcos (ruas) de duas mãos, onde o caminhão
deve passar ao menos uma vez em uma das mãos.
- O ponto final de ambos os modelos para a região I e II está localizado
na Av. Ana costa como mostra o círculo laranja na Figura 20:

Figura 20 - Ponto final considerado.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Prefeitura de Santos (2014).

60
Para facilitar a comunicação este ponto final mostrado na imagem acima será
chamado de ponto A.
O anexo 1 mostra as tabelas utilizadas modelando as restrições e variáveis
descritas e os resultados obtidos para a região I e II que foram 10.074 metros e 20.795
metros respectivamente. O anexo 2 apresenta os mapas com os nós, seus respectivos
nomes e arcos.
A distância entre o ponto A e o bairro do Alemoa, onde está localizada a estação
de transbordo de Santos é de 11,8 km, como mostra a Figura 21.

Figura 21 - Distância entre o ponto A e o bairro do Alemoa.

.
Fonte: Google Maps (2014)

Depois do bairro do Alemoa o caminhão vai para um estacionamento, onde fica


até o momento da próxima coleta.

6.2 Coleta seletiva

A coleta seletiva é feita separadamente da coleta de resíduos comuns. Ela


acontece no bairro do Gonzaga inteiro quatro vezes por semana. A coleta ocorre nos
seguintes dias:

61
 Quarta-feira, a partir das 13 horas na Zona Comercial
 Quinta-feira, a partir das 13 horas na Zona Comercial e Residencial
 Sexta-feira, a partir das 08 horas na Zona Comercial
 Sábado, a partir das 13 horas na Zona Comercial
A Usina de triagem e separação fica no bairro do Alemoa, e os resíduos
reciclados são comercializados com empresas que participam de uma licitação. O
dinheiro da venda dos reciclados é revertida aos cofres públicos.
Existem alguns contérminos similares aos da coleta de resíduos comuns,
porém com uma cor diferente (laranja) e em escala menor em uma espécie de projeto
piloto. A coleta seletiva, em geral, é feita com a separação realizada em cada domicilio
ou comércio. Os caminhões das duas coletas são iguais e tem 19 m 3 para os resíduos
e ambos têm o compactador embutido. Apesar de serem iguais, cada caminhão só
faz um tipo de coleta.
Para a distância percorrida na área escolhida neste trabalho será utilizada a
distância utilizada para as regiões 1 e 2 da coleta de resíduos comuns, 10.795 metros.
Porém como a coleta ocorre somente 4 vezes por semana, a distância percorrida
mensal será diferente entre as duas coletas.

7 SISTEMA PNEUMÁTICO

As alternativas propostas por este trabalho são a utilização do sistema


pneumático de coleta para 1 fração (resíduos comuns) e para 2 frações (resíduos
comuns e recicláveis)
Para o desenho da rede, definição dos pontos de coleta e a central, foram
levadas em consideração uma rede traçada e informações do FAQ da Envac.
A rede segue o desenho das ruas, pois facilita o enterramento da tubulação, e
tem o formato conhecido como espinha de peixe, onde existe uma tubulação principal
e tubulações secundarias e terciárias que se ligam à principal. A escolha dos pontos
de coleta foi feita de acordo com as distâncias entre eles e com a localização dos
contérminos utilizados para o sistema atual.

62
Figura 22 - Rede de Coleta na Área de Estudo.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Prefeitura de Santos (2014).

Na Figura 22, é possível ver a rede coletora destacada em vermelho e os


pontos de coleta representados pelos círculos. A central de coleta é representada pelo
retângulo situado no cruzamento da Avenida Ana Costa com a Rua Dr. Tolentino
Figueiras. Ela foi posicionada neste local devido à dois pontos relevantes: fácil
escoamento dos caminhões devido à Avenida Ana Costa ser larga e trânsito fluente,
e pelo fato deste local ter uma das menores distâncias em relação ao ponto de coleta
mais distante, aproximadamente 1150 metros.
O projeto da rede buscou evitar as trocas de direção, curvas de 90°, para
minimizar as perdas de carga localizadas. Na maioria dos trajetos entre os pontos de
coleta e a central, a rede muda 2 vezes de direção, ou seja, duas curvas de 90°, e
apenas um trajeto em que a rede muda três vezes de direção.
Para 1 ou 2 frações, os pontos de coleta, rede traçada e central serão os
mesmos. Os caminhões utilizados para a coleta tradicional poderão ser utilizados
nessas alternativas, uma vez que os resíduos presentes na central precisam ir para a

63
estação de transbordo ou triagem, ambas no bairro do Alemoa e posteriormente para
o aterro ou outro destino final no caso dos recicláveis.

8 DIMENSIONAMENTO

Para o dimensionamento foram utilizados os dados de projetos existentes,


fornecidos pela Envac, e conhecimentos técnicos e de experiência de Podalyro de
Souza, o orientador deste trabalho.
Os dados existentes de acordo com B. NEKRASOV [19--] são descritos na
tabela 17:

Tabela 17 - Dados gerais para o dimensionamento.

Dados Descrição Valores Unidade(S.I.)


Viscosidade
ν 1,6x10-5 m²/s
(T: 20º)
µ𝑎𝑟 Massa específica 1,2 kg/m³
do ar

Fonte: B. NEKRASOV [19--]

Os dados fornecidos pela Envac seguem na Tabela 18:

64
Tabela 18 - Dados fornecidos pela Envac

Dados Descrição Valores Unidade(S.I.)

Comprimento
entre a central e
L 1200 m
o ponto de coleta
mais distante

V Velocidade 19,4 m/s

Potência de
P 110.000 W
cada exaustor

D Diâmetro 0,5 m

No de exaustores
2 + 1(reserva)
para 1 fração
No de exaustores
3 + 1(reserva)
para 2 frações
No de perdas
localizadas 3
(curvas de 90º)
Eficiência do
ɳ 85%
exaustor

Fonte: Envac (2010).

Com a velocidade e a vazão se calcula a vazão na tubulação:


𝜋𝐷2 𝜋0,52
 𝑄 = 𝑉 → 19,4 ∗ = 3,81 𝑚³/𝑠
4 4

Foram adotadas as seguintes premissas para o cálculo:


 Os exaustores estarão posicionados em série, assim pela Equação da
Continuidade, a vazão que passar por eles será a mesma.
 𝛥𝐻 ≅ 𝐻 → A carga fornecida pelos exaustores é inteira consumida para o
ponto mais distante da central de coleta.

65
Utilizando os dados do projeto fornecido pela Envac para 1 fração,
primeiramente foi calculado o fator de atrito que ocorrerá ao longo do duto, calculando-
se o ΔH com a equação 1 e o f consequentemente com a equação 2.

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑎𝑢𝑠𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 ∗ ɳ ∗ 𝑃 = µ𝑎𝑟 ∗ 𝑔 ∗ 𝑄 ∗ 𝛥𝐻 (1)


𝐿 8𝑄2
𝛥𝐻 = (∑ 𝑘 + 𝑓 ) 2 4 (2)
𝐷 𝜋 𝐷 𝑔

O k presente na equação é o coeficiente da perda localizada, e será utilizado o


valor indicado pelo orientador, 1 para cada curva de 900, neste caso 3. Substituindo
os valores das Tabelas 17 e 18 o f é 0,088. Com o f é possível saber o valor de M, um
parâmetro fundamental da teoria de entropia máxima aplicada à escoamento de fluido
em tubulação. Essa equação tem como fonte os conhecimentos técnicos do orientador
e de um trabalho a ser publicado sobre cálculo de perda de carga via entropia máxima.
A equação 3 relaciona f e m, e advém deste trabalho a ser publicado.

1 1
𝑓= [ 𝑀𝑒𝑀
] (3)
13,2 ( 𝑀 )−1
𝑒 −1

Para encontrar o f com esta equação foi utilizado o solver do Microsoft Excel.
O M encontrado foi 1,39.
Com o M é possível calcular o número de Reynolds aparente com a equação 4
que tem também como fonte o trabalho a ser publicado, que foi fornecido pelo
orientador:

𝑀 𝑅𝑒0,9995
𝑒 −1= (4)
422,377

O valor de Reynolds aparente encontrado foi de 1284,90. Com isso é possível se


calcular a viscosidade aparente com a Equação 5.
𝑉𝐷
𝑅𝑒 = (5)
𝜈𝑎

O valor calculado para a viscosidade aparente foi de 75,67x10-4. Por último foi
calculado a rugosidade k aparente com a equação 6, também baseada na entropia
máxima e fornecida pelo orientador.
66
𝑉∗𝑘
𝜈𝑎 = 𝜈𝑎𝑟 [1 + 0,0146 ( )] (6)
𝜈𝑎𝑟

O resultado da rugosidade aparente k foi 0,029 metros, o que é uma rugosidade


extremamente alta, uma vez que a tubulação é praticamente lisa. Esse valor alto
justifica o Reynolds aparente baixo. Os resíduos têm um comportamento turbulento e
isso é demonstrado na rugosidade aparente da tubulação. Essa perda de carga
gerada por esse comportamento dos resíduos é representada na rugosidade aparente
alta. A viscosidade aparente encontrada é alta devido à incorporação dessa alta
rugosidade aparente.
Para dimensionar o número de exaustores, primeiramente é calculada a perda
de carga do sistema com a distância entre a central e o ponto de coleta mais distante
do modelo a ser dimensionado, no caso deste trabalho o projeto do Gonzaga. Essa
distância estimada com a utilização do Google Maps foi de 1150 metros. Com o f
previamente calculado e a equação 3 chega-se à uma perda de carga de 3989,74 m.
Com a perda de carga e a equação 1 é possível calcular a potência necessária e o
número de exaustores de 110 kW a serem utilizados.
A potência necessária é de 179316,60 W e o número de exaustores à serem
utilizados será 2. Então serão necessários 3 exaustores, sendo um de reserva, para
o funcionamento do sistema pneumático com uma fração.
Para o caso de duas frações o modelo de cálculo é o mesmo. O único dado
diferente é o número de exaustores fornecido pelo projeto disponibilizado pela Envac,
que já foi citado na Tabela 8. O fato de ser necessário 3 exaustores ao invés de 2
mostra a maior perda de carga para recolher além dos resíduos comuns, os
recicláveis.
Os valores calculados estão na Tabela 19.

67
Tabela 19 - Resultados do dimensionamento para 2 frações.

Parâmetros Resultados
f 0,1337
M 0,9768
Reynolds 701,68

𝜈𝑎𝑟 13,86x10-4 m²/s

K 0,049 m
(rugosidade)
ΔH 5.983,41m
Potência 268.920,76 W
necessária
Número de 4 (3 +1 reserva)
exaustores
Fonte: Elaborado pelos autores

Com o número de exaustores definidos, a lista das necessidades do projeto foi


feita também seguindo o modelo do projeto disponibilizado pela Envac:

Para 1 fração
 1 Central de coleta com área aproximada de 400m²;
 Rede de coleta com extensão aproximada de 5.505 metros, incluindo a
tubulação de aço carbono principal com diâmetro de 500mm e a de ar
comprimido para abertura das válvulas;
 Espessura de 3 a 22 mm;
 112 válvulas para coleta de lixo comum (uma para armazenamento e outra
para a entrada de ar para cada ponto de coleta);
 56 válvulas para coleta de lixo reciclável;
 3 Exaustores de 110 kW cada um;
 1 Ciclone separador sólido/ar;
 1 Sistema transportador para carregamento de veículos de transporte;
 1 Sala de filtros monoblocos;
 2 Contêineres de 25m³;
 1 Compressor de ar;
 Sistema de controle (Envac).

Para 2 frações
 1 Central de coleta com área aproximada de 500m²;

68
 Rede de coleta com extensão aproximada de 5.505 metros, incluindo a
tubulação de aço carbono principal com diâmetro de 500mm e a de ar
comprimido para abertura das válvulas;
 Espessura de 3 a 22 mm;
 112 válvulas para coleta de lixo comum (uma para armazenamento e outra
para a entrada de ar para cada ponto de coleta);
 56 válvulas para coleta de lixo reciclável;
 4 Exaustores de 110 kW cada um;
 1 Ciclone separador sólido/ar;
 1 Sistema transportador para carregamento de veículos de transporte;
 1 Sala de filtros monoblocos;
 2 Contêineres de 25m³;
 1 Contêiner de 28m³;
 1 Compressor de ar;
 Sistema de controle (Envac).

9 COMPARAÇÃO AMBIENTAL E FINANCEIRA

9.1 Análise Ambiental

9.1.1 Emissões

Neste Item serão calculadas as emissões provenientes dos caminhões de


coleta da área a ser utilizada no projeto, assim como uma atribuição financeira
estimada para as mesmas.
Para isso serão estimadas as emissões produzidas pela queima do diesel
utilizado na coleta de lixo por caminhões. A metodologia será simples e os resultados
obtidos não devem ser tomados como exatos. Eles servirão posteriormente para fazer
uma valoração financeira dessas emissões e ajudar em uma comparação mais
eficiente entre os sistemas de coleta.
Os poluentes emitidos pela combustão podem ter efeito local ou contribuir para
o aumento do efeito estufa. Esses dois efeitos serão tratados de forma separada.
De acordo com o Laboratório de Química Ambiental da USP, os gases como o
gás carbônico (CO2), o metano (CH4) e o vapor d'água (H2O) presentes na atmosfera
69
terrestre absorvem radiação infravermelho, impedindo que a energia do sol absorvida
pela Terra durante o dia seja emitida de volta para o espaço. Sendo assim, parte do
calor fica retido próximo da Terra (onde o ar é mais denso), o que faz com que a
temperatura média do nosso planeta seja em torno de 15°C. A esse fenômeno de
aquecimento da Terra dá-se o nome de efeito estufa. Se não existisse o efeito estufa
a temperatura média na Terra seria em torno de –15°C e não existiria água na forma
líquida, nem vida. Porém, as concentrações desses gases vêm aumentando,
intensificando o efeito estufa e ameaçando o equilíbrio do planeta, uma vez que muitos
dos processos naturais são influenciados pela temperatura.
Os poluentes de efeito local são os que degradam a qualidade do ar local,
podendo causar diversos problemas de saúde na população ou na fauna e flora.
Os poluentes que serão considerados são:
 Dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2): É o gás mais conhecido do
efeito estufa e normalmente se padroniza o efeito dos outros gases com
base nele. Desde a industrialização as quantidades desse gás emitidas
pela humanidade cresceram exorbitantemente tornando-o alvo nas
discussões sobre mudanças climáticas e efeito estufa.
 Monóxido de carbono (CO): Gás incolor e inodoro emitido principalmente
quando há queima incompleta de combustíveis de origem orgânica.
 Óxido de nitrogênio (NOx): Formados durante a combustão, causam
problemas respiratórios e ao interagir com a água provocam chuvas
ácidas.
 Dióxido de enxofre (SO2): Provenientes da queima de combustíveis com
enxofre, como o diesel. Também provocam chuvas ácidas e problemas
respiratórios.
 Hidrocarbonetos (HC): São diversos gases que, assim como o CO, são
principalmente provenientes da combustão incompleta. Diversos
hidrocarbonetos são cancerígenos e mutagênicos. Participam
ativamente na formação da “névoa fotoquímica”
 Material particulado (MP): São partículas que ficam em suspensão no ar.
Normalmente são classificadas em relação ao seu tamanho, pois quanto
mais fina maior o tempo que ela fica em suspensão assim como mais

70
profundamente ela penetra no sistema respiratório das pessoas
causando diversas doenças.
A Tabela 20 apresenta fatores de emissão para veículos pesados à diesel para
os poluentes CO, HC, NOx e MP para diferentes tipos de veículos movidos a diesel.

Tabela 20 - Fatores de emissão para veículos movidos a diesel.

Fonte: CETESB (2013).

Os fatores de emissão para CO2 e CH4 de acordo com o relatório de emissões


da CETESB (2013) são 2,671 kg/L e 0,06 g/km respectivamente. Assim, faz-se
necessário conhecer os valores de autonomia dos veículos, apresentados na Tabela
21:

71
Tabela 21 - Valores de autonomia para os veículos movidos a diesel.

Fonte: CETESB (2013).

Os caminhões de lixo têm operação muito peculiar. Primeiramente devido à sua


operação com constantes paradas e acelerações para permitir a coleta dos resíduos,
além da operação do compactador. Essas duas características certamente fazem com
que o consumo de combustível deles, quando em operação, seja maior do que de um
caminhão normal.
Devido à dificuldade de encontrar valores confiáveis de autonomia para os
caminhões de lixo, serão adotados os valores disponibilizados pelo órgão oficial
(CETESB) para os ônibus urbanos. Tal aproximação faz sentido, pois esses veículos
também operam intermitentemente.
Com os dados apresentados e as distâncias percorridas calculadas é possível
fazer uma estimativa das emissões geradas pela coleta de lixo com caminhões. Para
tal, basta multiplicar os fatores de emissão, dados em g/km, pela distância percorrida,
calculada na otimização das distâncias, de 20.795 m/dia de coleta. Considera-se
ainda cinco dias de coleta por semana.
Fazendo essa operação, chega-se aos resultados apresentados na Tabela 22.

72
Tabela 22 - Estimativa da emissão de gases na coleta de resíduos comuns.

Poluentes CO2 CO HC NOx MP CH4

Fator de emissão (g/km) 785,59 0,54 0,015 2,69 0,021 0,06


Emissões (kg/mês) 326,73 0,22 0,01 1,12 0,01 0,02
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

No cenário em que a coleta seletiva é considerada, pode-se aplicar o mesmo


procedimento de cálculo, porém essa coleta funciona apenas quatro dias por semana.
Para esse cenário os resultados estão resumidos na Tabela 23:

Tabela 23 - Estimativa de emissão de gases na coleta de resíduos comuns e seletiva.

Poluentes CO2 CO HC NOx MP CH4

Fator de emissão 785,59 0,54 0,02 2,69 0,02 0,06


(g/km)
Emissões1 326,73 0,22 0,01 1,12 0,01 0,02
(kg/mês)
Emissões² 261,38 0,18 0,00 0,90 0,01 0,02
(kg/mês)
Total (kg/mês) 588,11 0,40 0,01 2,01 0,02 0,04
(1) Coleta de resíduos comuns; (2) Coleta seletiva.
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

9.1.2 Valoração financeira das emissões

Para fazer a valoração das emissões de gases será utilizado uma metodologia
semelhante à utilizada por Lascala (2012) no seu trabalho intitulado “Externalidades
da Substituição do Diesel pelo Etanol no Transporte Público Urbano da Região
Metropolitana de São Paulo”.
O cálculo do valor econômico do recurso ambiental (VERA) foi separado em
dois valores, para os gases de efeito estufa e para gases de efeito local.
Assim o valor das emissões dos caminhões pode ser estimado de acordo com
a equação:

73
VERAar = VERAar,local + VERAar, estufa

No caso dos gases de efeito local, foram utilizados índices apresentados pelo
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pela ANTP (Associação Nacional
dos Transportes Públicos). Os índices indicam os custos diretos associados à emissão
dos gases, embasados em dados internacionais e adequados à realidade brasileira.
Esses índices foram calculados para o ano de 2009, utilizando o valor o dólar de
R$1,73. Segundo a taxa de câmbio referencial da BM&F Bovespa no dia 14/11/2014,
o valor do dólar é de 2,60 reais. Os valores serão recalculados utilizando esta taxa.

Tabela 24 - Custos diretos das emissões de poluentes por tonelada.

Gás Custos diretos da poluição Custos diretos da poluição


(U$$/t) (R$/t)
NOx 1289,21 3351,946
HC 1312,95 3413,67
CO 218,82 568,932
MP 1048,05 2724,93
Fonte: Adaptado de Lascala (2011).

Com esses valores e as quantidades de emissões é possível calcular uma


estimativa dos custos associados à poluição do ar pelos gases de efeito local emitidos.
Os resultados são apresentados na Tabela 25:

74
Tabela 25 - Custos diretos estimados para os gases de efeito local.

CO HC NOx MP Total
Custos diretos/ 0,13 0,02 3,75 0,02 3,92
gases de efeito
local1 (R$/mês)
Custos diretos/ 0,10 0,02 3,00 0,02 3,14
gases de efeito
local2 (R$/mês)
Soma (R$/mês) 0,23 0,04 6,75 0,04 7,06

(1) Coleta de resíduos comuns; (2) Coleta seletiva.


Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

No caso dos gases de efeito estufa, pode-se transformar as quantidades


emitidas para CO2eq, isso é, a quantidade de gás carbônico que teria o mesmo efeito
na atmosfera. Essa equivalência pode ser feita utilizando valores apresentados pelo
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).

Tabela 26 - Índices de equivalência dos gases em relação ao efeito estufa.

Fonte: Lascala (2011).

Nesse trabalho serão utilizados os índices relativos ao período de 20 anos, pois


esse é o que mais se aproxima à vida útil do projeto (30 anos). De acordo com Oliveira
JR. (2006) apud Lascala (2011), para cada tonelada de CO2 emitida pela combustão
do diesel, são produzidos 8,1 g de dióxido nitroso (N2O).
Estimadas as quantidades emitidas dos gases e, quantificando as mesmas em
termos de CO2 equivalente, pode-se utilizar o valor de € 5,50/t CO2eq. Tal valor foi
apresentado por Lascala (2011) após análise do mercado internacional de emissões

75
e corresponde ao preço estipulado pelo Fundo Holandês de Carbono. Novamente
utilizando a taxa de câmbio disponibilizada pela Reuters em 14/11/2014, de R$3,26
por euro, calcula-se o valor das emissões de gases de efeito estufa. Os cálculos são
resumidos na Tabela 27:

Tabela 27 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO2eq da coleta de resíduos
comuns.

CO2 CH4 N2O


Emissões de gases 326,7 0,02 0,003
de efeito estufa
(kg/mês)
Equivalência com 1,0 56,0 280,0
CO2eq
Emissões em kg de 326,7 1,4 0,7
CO2eq
Total 328,9
(kgCO2eq/mês):
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

Multiplicando o total de emissões da Tabela 27 pelo valor das emissões


transformada em reais/kg encontra-se:

VERAar,estufa = 328,9 * 5,5 * 3,26 / 1000 = 5,90 R$/mês

O VERAar estimado fica sendo então:

VERAar = VERAar,local + VERAar, estufa = 3,92 + 5,90 = 9,82 R$/mês


Quando a coleta de resíduos comuns e a coleta seletiva são consideradas os
resultados são diferentes como mostra a Tabela 28:

76
Tabela 28 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO 2eq da coleta de resíduos
comuns e seletiva juntas.

CO2 CH4 N2O


Emissões de gases 588,1 0,04 0,005
de efeito estufa
(kg/mês)
Equivalência com 1,0 56,0 280,0
CO2eq
Emissões em kg de 588,1 2,5 1,3
CO2eq
Total 592,0
(kgCO2eq/mês):
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

Seguindo a mesma sequência de cálculos que foi utilizada para o caso de


resíduos comuns. O resultado é:

VERAar = VERAar,local + VERAar, estufa = 7,06 + 10,61 = 17,67 R$/mês

Esse valor é baixo, pois não considera custos relacionados aos problemas de
saúde pública decorridos das emissões. Considerando a ocorrência de doenças e
afastamentos na população espera-se que o valor real relacionado às externalidades
decorrentes das emissões de poluentes seja significativamente maior.
Além disso, existem outras externalidades que não foram possíveis de serem
quantificadas nesse trabalho, como ruído, trânsito, higiene, estética, imagem,
qualidade de vida e indução às práticas ambientais mais adequadas da população.
Todas essas devem ser consideradas quando comparamos os sistemas de coleta,
mesmo que não seja possível quantificá-las.
O ruído diminuiria significativamente, uma vez que os caminhões fazem barulho
para se locomover e principalmente para a parte mecânica do processo já explicado.
Como a proposta é somente para uma parte de um bairro, a melhora do tráfego
não seria muito efetiva, porém ela deve ser considerada. Quando os caminhões param
para recolher os resíduos ele fica um tempo parado, aumentando o trânsito. Como
são vários pontos de coleta, a junção dessas paradas podem fazer diferença no tempo
de viagem da população.

77
A higiene poderia ser melhorada com o sistema à vácuo. Mesmo com o sistema
semi-mecanizado, alguns sacos de lixo ficam fora dos contérminos e só são
esvaziados quando o caminhão da coleta chega. Além disso, às vezes os coletores
entram em contato com os sacos de lixo, podendo se ferir. Com o sistema pneumático
esses problemas desapareceriam, porém além de existir uma melhora clara, é difícil
sua monetarização.
A imagem do bairro e da cidade de Santos seria mais relacionada a
sustentabilidade e inovação, uma vez que a coleta pneumática é nova no Brasil e
oferece muitos ganhos ambientais. Essa melhora pode fazer com que o turismo e a
atração de moradores aumentem, principalmente por Santos já ser considerado um
bom lugar para morar devido à boa qualidade de vida.
Comparando o sistema pneumático que abrange duas frações ao sistema atual,
existe como benefício um claro incentivo à reciclagem, pois é oferecida uma
infraestrutura mais tecnológica que pode servir como encorajamento à população do
bairro de separar corretamente os resíduos, conseguindo reciclar uma maior
quantidade de resíduos que além do benefício ambiental da reciclagem tem os ganhos
da venda dos produtos reciclados que atualmente é direcionado aos cofres da
Prefeitura de Santos.

9.2 Análise Financeira

Para as comparações financeiras, os valores foram trazidos para valor presente


usando a taxa de juros SELIC do dia 30/01/2015, 12,25% ao ano (Receita Federal do
Brasil, 2015).

9.2.1 Custos operacionais da coleta convencional

O SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) disponibiliza


uma planilha em Excel com o conjunto de informações relativas ao custo da coleta,
ano base 2012, com as informações por cidade e, no caso, para Santos. As
informações pertinentes encontradas nesse documento são:
Despesa com a coleta de resíduos domiciliares e públicos (RDO+RPU) =
85.954.320,00 R$/ano

78
Quantidade total coletada de RDO+RPU = 185.155 toneladas
Assim, calcula-se o custo unitário de coleta, que resulta em 464,23 R$/ton.
Esse valor é muito alto e deve estar contabilizando diversos fatores externos
que não devem entrar na comparação desse trabalho. Em outra parte da mesma
planilha há outro valor de 79,69 R$/toneladas, referido na planilha como o valor
contratual do serviço terceirizado de coleta de RDO + RPU. Esse valor engloba o
serviço de transporte até o aterro, mas não a disposição do mesmo.
Sob a perspectiva da prefeitura ou da população, se estivessem comparando
os sistemas de coleta, pode-se utilizar esse valor para o cálculo do custo operacional
do sistema de coleta atual, uma vez que esse é o valor que de fato impacta na
contabilidade da prefeitura e em último caso nos impostos pagos pela população.
Considerando também os valores já utilizados nesse trabalho referentes à
população da área do projeto e geração de resíduos per capta, 1,21 kg/hab.dia,
respectivamente, tem-se:
79,69 * (População no ano x) * 1,21 * 365/1000 = custo para o ano x
Calculando o custo para todos os 30 anos de projeto e trazendo para valor
presente o resultado final foi R$ 3.386.353,87.

9.2.2 Custos operacionais da coleta seletiva

De acordo com a ABRALATAS (Associação Brasileira Dos Fabricantes De Lata


De Alta Reciclabilidade), o custo médio para a coleta de resíduos recicláveis é
R$ 439,26. Como não foi possível um valor especifico para o custo de Santos com a
coleta seletiva, essa média será adotada.
Utilizando a Tabela 16 (Previsão de coleta de resíduos recicláveis) com os a
previsão da quantidade de resíduos recicláveis coletados e os multiplicando pelo
custo, encontra-se o custo operacional anual para a coleta seletiva.
Calculando o custo para todos os 30 anos de projeto e trazendo para valor
presente o resultado final foi R$ 1.102.139,69.

79
9.2.3 Custos para o sistema pneumático de coleta

Os custos da implantação de um sistema de coleta de resíduos à vácuo, variam


de projeto a projeto e podem ser divididos em 3 segmentos: custos de investimento,
custos operacionais e custos de implementação.
Os custos de investimentos contemplam: os pontos de coleta, a central de
coleta, rede coletora e o preço do terreno a ser utilizado para a central. Os valores dos
pontos de coleta e da central são unitários, dependendo do peso dos resíduos
coletados, e os custos da rede coletora variam por metro de tubulação construída. Os
custos a serem utilizados têm como fonte informações disponibilizados pela Envac e
a AgenteImóvel, um website especializado em imóveis, e são descritos nas Tabelas
29 e 30.

Tabela 29 - Investimento para o sistema pneumático considerando 1 fração.

Investimento Unidades Preços/unidade ou Custo total


Preço/metro (R$)
Pontos de Coletas 56 50.000,00 2.800.000,00
R$/unidade
Rede Coletora 5505 m 2.000,00 R$/metro 11.010.000,00

Central 1 5.000.000,00 5.000.000,00


R$/unidade
Terreno 400 m2 5889 R$/m2 2.355.600,00

Total 21.165.600,00

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)

80
Tabela 30 - Investimento para o sistema pneumático considerando 2 frações

Investimento Unidades Preços/unidade Preço (R$)


ou Preço/metro
Pontos de Coletas 56 100.000,00 5.600.000,00
R$/unidade
Rede Coletora 5505 2.000,00 11.010.000,00
R$/metro
Central 1 6.000.000,00 6.000.000,00
R$/unidade
Terreno 500 5889 R$/m2 2.944.500,00
Total 25.554.500,00

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)

Adicionalmente, são considerados os custos de mão-de-obra, que variam de


25 a 40 % dos Custos de Investimento, com exceção do valor do terreno, assim para
o cálculo, será um valor médio dos valores apresentados, que corresponde a 32,5%
do custo de investimento. Esses valores são descritos nas Tabelas 31 e 32.

Tabela 31 - Mão de obra considerando 1 fração.

Custos Participação do Custo de Preço(R$)


Investimento (%) Investimento
Mão-de-obra 32,5 18.810.000,00 6.113.250,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)

Tabela 32 - Mão de obra considerando 2 frações.

Custos Participação do Custo de Preço(R$)


Investimento (%) Investimento
Mão-de-obra 32,5 22.610.000,00 7.348.250,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)

81
É importante frisar que esse valor é aproximado, e provavelmente seria
diferente caso fosse realizado um orçamento do projeto.
Por fim são considerados os custos operacionais, que são basicamente os
custos necessários para que o sistema funcione dia-a-dia. Esses custos são variáveis,
e dependem da quantidade de toneladas de resíduos que são coletados. Para isso foi
definido que os custos operacionais seriam calculados em bases mensais.
Considerando os valores já utilizados nesse trabalho referentes à geração de resíduos
média para 1 fração tem-se 4919,1 toneladas/ano. Para 2 frações foi considerado
essa média para 1 fração mais a média da previsão de coleta de recicláveis ao longo
dos 30 anos de projeto, que é 287,67 toneladas/ano:

Tabela 33 - Custos operacionais anuais para o sistema pneumático considerando 1 fração.

Custos Toneladas Preço/tonelada Preço


Operacionais
Colaboradores 4919,1 R$ 200,00 R$ 983.820,00
Veículos 4919,1 R$ 20,00 R$ 98.382,00
Manutenção da 4919,1 R$ 95,00 R$ 467.314,50
Central
Transporte de 4919,1 R$ 105,00 R$ 516.505,50
Resíduos
Energia elétrica 4919,1 R$ 100,00 R$ 491.910,00
Total R$ 2.557.932,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)

82
Tabela 34 - Custos operacionais anuais para o sistema pneumático considerando 2 frações.

Custos Toneladas R$/tonelada Preço(R$)


Operacionais
Colaboradores 5.206,77 R$ 200,00 R$ 1.041.354,98
Veículos 5.206,77 R$ 20,00 R$ 104.135,50
Manutenção da 5.206,77 R$ 95,00 R$ 494.643,61
Central
Transporte de 5.206,77 R$ 105,00 R$ 546.711,36
Resíduos
Energia Elétrica 5.206,77 R$ 100,00 R$ 520.677,49
Total R$ 2.707.522,94
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)

9.3 Comparação de valores obtidos

Com todos os custos calculados, para a comparação foi somado o custo


operacional ao longo de 30 anos de projeto com o investimento necessário para cada
uma das três alternativas consideradas, considerando os números em valor presente
para a comparação.
Ainda foram somados os custos ambientais calculados no item 9.1.2 com os
custos operacionais para o sistema atual e somente o relacionado à coleta seletiva
para o sistema pneumático de 1 fração.
É importante lembrar que os custos para o sistema atual foram estimados e
provavelmente possuem uma grande diferença com o valor real, uma vez que não foi
possível o acesso aos custos reais. Os custos relacionados ao sistema à vácuo
também foram atribuídos para darem ordem de grandeza, uma vez que os custos
variam muito e os valores utilizados foram sugeridos pela Envac. Como a coleta
seletiva é igual para o sistema pneumático de 1 fração e para o sistema atual o custo
foi considerado o mesmo.

83
Tabela 35 – Comparação de custos.

Sistema Sistema
Custo total Sistema Atual Pneumático Pneumático
(30 anos) (R$) com 1 fração com 2 fração
(R$) (R$)
Coleta
1.102.139,69 1.102.139,69
Seletiva
56.302.509,86
Coleta
3.386.353,87 49.374.726,00
Normal

Total 4.488.493,56 50.476.865,69 56.302.509,86


Fonte: Elaborado pelos autores

A Tabela 35 mostra os resultados obtidos, que apontam uma grande vantagem


ao sistema atual.

10 ANÁLISE DE DECISÃO

Para a avaliação e comparação final entre os sistemas será aplicada uma


análise de decisão com múltiplos critérios (ADMC). Esse tipo de análise é adequado
no caso, pois permite compararmos os sistemas avaliando diferentes critérios e
considerando mesmo aqueles que não puderam ser quantificados.
A ADMC consiste na escolha de critérios e sub-critérios considerados
importantes para a tomada de decisão. Hierarquizam-se os mesmos atribuindo pesos
relativos de modo que cada peso reflita a importância do critério para a tomada de
decisão. Com isso os resultados obtidos podem variar de acordo com a ideologia do
tomador de decisão, dado que os pesos atribuídos a cada critério podem mudar,
alterando o resultado final.
Seguindo a lógica desenvolvida ao longo do trabalho as alternativas serão
avaliadas pelo seu desempenho econômico e ambiental. Adicionalmente será
avaliado mais um critério, o político, pois sabe-se que esse pode ser muito importante
para as decisões no âmbito dos serviços públicos.
Dentro do critério econômico estão todos os valores quantificados ao longo do
trabalho. Isso quer dizer, os custos de implantação, operação e também os custos

84
associados às externalidades que puderam ser quantificados, no caso, os custos da
emissão de poluição.
No critério ambiental estão todos os impactos listados anteriormente no
trabalho e que não puderam ser quantificados. Assim, dentro desse critério foram
considerados de forma separada e com pesos diferentes entre si os seguintes sub-
critérios: ruído, estética, higiene, educação ambiental, trânsito e vibrações. É
importante ressaltar que a reciclagem não foi considerada de forma direta, ela foi
englobada no sub-critério educação ambiental.
No critério político considera-se a imagem da cidade, porém não no sentido
estético já contemplado no critério ambiental, mas sim uma imagem política que
caracteriza a gestão municipal. Além disso, considera-se o incentivo ao turismo, uma
vez que um sistema inovador traz visibilidade para a cidade podendo despertar o
interesse pelo funcionamento do sistema e pela sustentabilidade.
Os pesos atribuídos a cada critério e sub-critério podem ser verificados na
Tabela 23. Esses foram estabelecidos a partir de uma discussão entre os autores
sobre os critérios e sub-critérios mais relevantes para a decisão, tendo em vista a
qualidade de vida da população.

Tabela 36 - Pesos e notas atribuídas aos critérios e sub-critérios.


Sistema à Sistema à
Peso Coleta Semi- Vácuo – 1 Vácuo - 2
Critérios Sub-critérios critério Peso sub-critério mecanizada fração frações
Custo Total no valor
4 1 9 10
Econômico presente
Ruído 2 9 0 0
Estética 1 5 0 0
Higiene 3 3 0 0
Ambiental 4
Educação ambiental 1 5 5 3
Trânsito 3 7 2 2
Vibrações 2 7 0 0
Melhoria na imagem da
6 7 2 1
Político cidade 2
Turismo 4 10 8 8
Total 44,4 48,5 50,6
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

85
A atribuição dos pesos foi feita sob a perspectiva da população do local, o que
explica os pesos iguais atribuídos ao critério ambiental e econômico. Além disso,
como mencionado diversas vezes no trabalho, há muitas externalidades embutidas
no critério ambiental que não puderam ser quantificadas. Pode-se então assumir que
um desempenho melhor neste critério teria um efeito positivo no âmbito econômico
também.
As notas foram atribuídas de acordo com o levantamento dos dados
efetuados e dos resultados obtidos no trabalho, variando de 0 a 10, onde 0 é
considerada a melhor nota. No caso do critério econômico, as notas mantiveram a
proporção dos custos calculados.
O resultado da análise mostra que para o caso estudado, continuar com
a coleta semi-mecanizada é opção mais atraente. Apesar disso, há muitas
possibilidades de melhoria, tanto nos custos atuais do sistema a vácuo que é ainda
um sistema muito inovador, quanto em pesquisas que permitam uma quantificação
melhor das externalidades.

11 CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho foi possível perceber o grande problema em torno da


coleta de resíduos sólidos, principalmente no Brasil. O sistema de coleta pneumática
seria uma boa solução para este problema. O fato da tecnologia não estar muito
difundida e o Brasil ter problemas em outros setores de infraestrutura competindo por
recursos, dificulta maiores investimentos no setor.
Durante o projeto os autores entraram em contato com muitos profissionais do
ramo e com a população local, explicando o projeto e, consequentemente, difundindo
a tecnologia. A aceitação foi eminente, uma vez que muitos ficaram entusiasmados
com a ideia.
Como consequência do caráter inovador do projeto aliado à falta de acesso,
transparência e coesão dos dados disponibilizados pelos órgãos públicos, houve uma
grande dificuldade para obtenção de informações sobre a coleta. Quando esses dados
são referentes à metade de um bairro, como ocorreu neste trabalho, essa dificuldade

86
aumenta, uma vez que se cria a necessidade de adoção de inúmeras premissas. Isto
acarreta em um resultado estimado, com incertezas.
Considerando as limitações deste trabalho, uma vez que o sistema é inovador
e existem dificuldades claras quanto ao dimensionamento da rede, os resultados
obtidos mostram coerência com o projeto fornecido pela Envac e com a teoria da
entropia máxima.
Os resultados financeiros obtidos mostram uma absoluta vantagem do sistema
atual no bairro em relação ao proposto. Foi demonstrado que é possível a valoração
financeira de alguns impactos como as emissões, apesar da grande dificuldade dessa
valoração à outros impactos.
Para considerar as externalidades foi utilizada a ADMC para chegar ao
resultado final e não considerar somente o ponto de vista econômico. O resultado da
matriz foi que a coleta semi-mecanizada (atual) é a mais indicada para a área
estudada.
Apesar do resultado obtido, é necessário considerar as incertezas que foram
utilizadas para a realização dos cálculos ao longo do trabalho, o que poderia tornar os
resultados favoráveis à implementação do sistema à vácuo, como foi visto em alguns
casos estudados. Mesmo com um custo desfavorecedor ao sistema pneumático, as
vantagens geradas por ele seriam inúmeras, além de mostrar que é possível inovar
dentro da área de coleta de resíduos.

12 REFERÊNCIA BILIOGRÁFICA

ABAL - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO ALUMÍNIO. Reciclagem no Brasil.


Disponível em: < http://abal.org.br/sustentabilidade/reciclagem/reciclagem-no-
brasil/>. Acesso em 06/2014

ABRALATAS. Disponível em: < http://abralatas.org.br/index.php/noticias/coleta-


seletiva/> Acesso em 11/2014

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004:


Classificação de Resíduos, 2004

87
ABRELPE − ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E
RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2010. São
Paulo: ABRELPE, 2010.

AGENTE IMOVEL. Disponível em: <http://www.agenteimovel.com.br/mercado-


imobiliario/a-venda/gonzaga,santos,sp/> Acesso em 11/2014

B. NEKRASOV. Hidraulica. Editora Paz.

BRASIL.LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. Politica Nacional de


Resíduos Sólidos.

CAMPOS, H. K. T. Renda e evolução da geração per capita de resíduos sólidos


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CETESB. Poluentes. Disponível em: < http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-


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______. FAQ Stationery Vacuum Systems. Disponível em:


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______. Vacuum technology. Disponível em:


<http://www.envacgroup.com/products_and_services/our_technology/vacuum_techn
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88
______.MAGAZINE - From The World Leader in Automated Waste Collection.
Revista disponibilizada pelo escritório da Envac no Brasil. Apostila disponibilizada
pelo escritório da Envac no Brasil contando a história da Envac.

______. Roosevelt Island. Disponível em:


<http://www.envacgroup.com/references/north_america/roosevelt_island > Acesso
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______. Sistemas De Coleta Pneumática Para Uma Gestão De Resíduos


Sustentável. Apostila disponibilizada pelo escritório da Envac no Brasil contando
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______. Vila Olympica. Disponível em:


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ESPINOSA, D.C.R. [Slides de aula]. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 2014.
Disciplina de graduação do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais,
Reciclagem de Resíduos Industriais.

Governo de São Paulo. LEI ESTADUAL Nº 12.300, DE 16 DE MARÇO DE 2006.


Política Estadual de Resíduos Sólidos.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa


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IPEA − INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Diagnóstico dos


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90
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existing urban areas: a comparison of economic performance. Waste
Management, Volume 32, Issue 10, October 2012, pp. 1782-1791 apud KAMGA,
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TÖRNBLOM, JONAS. [Apresentação sobre casos de sucesso do sistema


pneumático em um evento pela ENVAC], 2011. ECOEXPO ASIA. Disponível em:
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<http://www.iswa.org/uploads/tx_iswaknowledgebase/2b_-_1630_-_P_-_Tornblom_-
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91
ANEXO A – TABELAS UTILIZADAS PARA A OTIMIZAÇÃO DO TRAJETO.
Parte I

Dist total Nó Origem Nó Destino Distância Quant. de vezes pecorrido Nós Entra Sai
10721 1 2 130 1 1 1 1
2 3 120 3 2 3 3
3 4 160 2 3 3 3
3 7 82 1 4 2 2
4 8 120 2 5 3 3
5 1 140 1 6 3 3
5 6 130 2 7 2 2
6 2 110 2 8 2 2
6 7 130 1 9 3 3
7 11 65 2 10 2 2
8 11 160 1 11 3 3
8 18 130 1 12 2 2
9 5 94 3 13 2 2
10 9 87 1 14 2 2
10 6 80 1 15 3 3
11 12 67 2 16 3 3
11 10 140 1 17 2 2
12 16 50 1 18 2 2
12 18 160 1 19 3 3
13 9 84 2 20 2 2
14 10 89 1 21 3 3
14 13 88 1 22 4 4
15 21 160 2 23 4 4
15 14 94 1 24 4 4
16 15 51 3 25 3 3
17 16 39 2 26 3 3
18 17 80 1 27 2 2
18 24 160 1 28 4 4
19 13 170 1 29 5 5
19 20 93 2 30 1 1
20 14 170 1 31 4 4
20 21 92 1 32 4 4
21 22 34 3 33 1 1
22 23 56 4
23 17 150 1
23 24 100 3
24 29 180 4
25 19 93 3
26 22 100 1
26 25 210 2
27 25 65 1
27 28 210 1
28 29 160 1
28 26 66 3
29 30 1 1
29 31 160 4
31 32 160 4
32 28 160 3
32 33 220 1
33 27 160 1

Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

92
Parte II

Dist total Nó Origem Nó Destino Distância Quant. de vezes pecorrido Nó a Nó b Passadas


10074 1 31 65 4 1 31 4
2 3 110 2 2 3 2
2 5 81 2 2 5 2
3 4 170 4 3 4 4
4 12 160 4 4 12 4
5 8 79 1 5 8 1
5 6 97 1 5 6 1
6 3 75 2 6 3 2
7 1 160 3 7 1 3
8 7 120 1 8 7 1
8 16 160 2 8 16 2
9 8 100 2 9 8 2
9 6 85 1 9 6 1
10 9 29 3 10 9 3
11 10 86 2 11 10 2
12 11 77 1 12 11 1
12 18 140 3 12 18 3
13 10 65 1 13 10 1
13 14 71 1 13 14 1
14 11 73 1 14 11 1
15 7 180 2 15 7 2
16 15 98 1 16 15 1
16 20 120 2 16 20 2
17 16 160 1 17 16 1
17 13 100 2 17 13 2
18 17 130 1 18 17 1
18 22 120 2 18 22 2
19 15 120 1 19 15 1
19 20 120 1 19 20 1
20 24 210 1 20 24 1
20 21 150 2 20 21 2
21 22 120 1 21 22 1
21 17 110 2 21 17 2
22 26 150 3 22 26 3
23 19 200 2 23 19 2
23 24 140 1 23 24 2
24 23 140 1 25 24 1
24 25 140 1 25 21 1
25 24 140 0 25 28 1
25 21 220 1 30 25 1
25 28 37 1 26 30 2
30 25 66 1 28 27 2
26 30 88 2 27 23 2
28 27 300 2 26 29 1
27 23 150 2 30 28 1
26 29 0 1 31 32 2
30 28 83 1 31 2 4
31 32 67 1
32 31 67 1
31 2 53 4

Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

93
Nós Entra Sai
1 4 4
2 4 4
3 4 4
4 4 4
5 2 2
6 2 2
7 3 3
8 3 3
9 3 3
10 3 3
11 2 2
12 4 4
13 2 2
14 1 1
15 2 2
16 3 3
17 3 3
18 3 3
19 2 2
20 3 3
21 3 3
22 3 3
23 3 3
24 2 2
25 2 2
26 3 3
27 2 2
28 2 2
29 1 1
30 2 2
31 5 5
32 1 1

Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

94
ANEXO B – MAPA COM OS NÓS REFERENCIADOS.
Parte I

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Prefeitura de Santos (2014).

Parte II

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Prefeitura de Santos (2014).

95

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