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São Paulo
2014
I
RESUMO EXECUTIVO
Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) têm sido um tema bastante popular nos últimos
anos. Muito se fala de disposição e tratamento dos mesmos, porém a coleta não é
muito lembrada quando é preciso investir e inovar.
O Sistema de coleta pneumática é uma inovação nesse meio, que surgiu na Europa
e vem sendo difundido pelo mundo ao longo dos últimos anos. O número de projetos
está aumentando, e os benefícios que este sistema traz para as cidades são muitos,
comparados aos do sistema tradicional de coleta, apesar de seu alto custo de
implantação.
No Brasil um dos primeiros usos do sistema está sendo feito em um hospital localizado
em São Paulo. O conceito e a tecnologia não são muito conhecidos e utilizados.
Frente a esse cenário, este trabalho irá mostrar desde um panorama geral sobre
resíduos, sua gestão e principalmente sobre a coleta, até a história e o funcionamento
do sistema de coleta pneumática.
Será feito um projeto desse sistema para uma área piloto escolhida, uma parte do
bairro do Gonzaga na cidade de Santos. Com isso, espera-se uma difusão da
tecnologia, fornecendo desde uma explicação geral até os detalhes do
dimensionamento, além de mostrar a comparação entre os dois sistemas,
convencional e pneumático.
II
ABSTRACT
Recently the Solid Waste from urban households has been a popular topic. There is a
high concern about destination and treatment, but most of times the waste collection
is not remembered when it needs to invest and innovate.
The vacuum suction system is an innovation in the middle, which started in Europe
and has been diffused throughout the world over the past few years. The number of
projects is increasing, and there are a lot of benefits the system is bringing to the cities
compared to the traditional waste collection system, despite its high implementation
costs.
Although the concept and technology are not widespread, in Brazil this concept is new,
and one of the first projects is happening in a hospital in São Paulo.
Faced with this scenario, this project intends to show since an overview of waste
management focusing in waste collection, to the history and operation of a vacuum
suction system.
It will be made a project of this system for a pilot area, which will be a part of Gonzaga
neighborhood located in Santos. Thus, we expect a diffusion of technology, providing
since a general explanation until the details within the sizing, besides showing the
comparison between the two systems, the current (conventional) and the pneumatic.
III
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
IV
LISTA DE GRÁFICOS
V
LISTA DE TABELAS
VI
Tabela 20 - Fatores de emissão para veículos movidos a diesel. ............................. 71
Tabela 21 - Valores de autonomia para os veículos movidos a diesel. ..................... 72
Tabela 22 - Estimativa da emissão de gases na coleta de resíduos comuns. .......... 73
Tabela 23 - Estimativa de emissão de gases na coleta de resíduos comuns e seletiva.
.................................................................................................................................. 73
Tabela 24 - Custos diretos das emissões de poluentes por tonelada. ...................... 74
Tabela 25 - Custos diretos estimados para os gases de efeito local. ........................ 75
Tabela 26 - Índices de equivalência dos gases em relação ao efeito estufa. ............ 75
Tabela 27 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO2eq da coleta de
resíduos comuns. ...................................................................................................... 76
Tabela 28 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO2eq da coleta de
resíduos comuns e seletiva juntas. ........................................................................... 77
Tabela 29 - Investimento para o sistema pneumático considerando 1 fração. .......... 80
Tabela 30 - Investimento para o sistema pneumático considerando 2 frações ......... 81
Tabela 31 - Mão de obra considerando 1 fração. ...................................................... 81
Tabela 32 - Mão de obra considerando 2 frações. .................................................... 81
Tabela 33 - Custos operacionais anuais para o sistema pneumático considerando 1
fração. ....................................................................................................................... 82
Tabela 34 - Custos operacionais anuais para o sistema pneumático considerando 2
frações. ..................................................................................................................... 83
Tabela 35 – Comparação de custos. ......................................................................... 84
Tabela 36 - Pesos e notas atribuídas aos critérios e sub-critérios. ........................... 85
VII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
VIII
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................................. 1
6 Sistema Atual...................................................................................................... 55
8 Dimensionamento ............................................................................................... 64
X
9.3 Comparação de valores obtidos ................................................................... 83
11 Conclusão ....................................................................................................... 86
12 Referência Biliográfica..................................................................................... 87
XI
1 INTRODUÇÃO
1
problemas com o cheiro e vetores. Surgiram então os lixões, no caso de resíduos
urbanos, e diversos depósitos de resíduos industriais que eram apenas enterrados, e
que criaram problemas de contaminação até hoje ainda não solucionados.
Estas práticas ainda existem, porém de forma mais controlada a fim de
minimizar os impactos. Ao invés dos lixões, o recomendado é a disposição em aterros,
além de diversas tecnologias de tratamento dos resíduos para diminuir a quantidade
e a toxicidade destes. De acordo com a PNRS deve-se priorizar na seguinte ordem:
não geração de resíduos; redução de geração; reutilização; reciclagem; tratamento;
disposição final ambientalmente adequado.
Muito se fala sobre a disposição dos resíduos, técnicas de tratamento e reuso,
porém um ponto muito importante que vem sendo um problema em muitos países é a
coleta, pois a quantidade de resíduos é cada vez maior e a coleta tradicional apresenta
muitos problemas e desafios.
Este trabalho busca focar na coleta de resíduos urbanos, onde existem muitas
dificuldades para atuar. No Brasil ela é responsabilidade de cada município, mas pode
ser terceirizada através de licitações públicas. Ela normalmente é feita através de
caminhões, os quais passam pelas ruas onde funcionários coletam manualmente o
lixo, criando muitos problemas tanto econômicos como ambientais.
Com a atribuição de valor econômico aos resíduos, a tendência é que a
preocupação com a eficiência da coleta e do tratamento sejam maiores, gerando uma
necessidade de sofisticação dessas atividades. Um exemplo é a embalagem de
alumínio no Brasil, onde é reciclado 97,9% do consumido (ABAL, 2011). Isso
acontece, pois a produção de alumínio usando o alumínio reciclado como insumo tem
economia de 95% de energia em comparação com o uso do alumínio primário
(ESPINOSA, 2014), o que faz com que as empresas de alumínio incentivem a coleta,
assim como criação de empresas de reciclagem de alumínio que criam um mercado
com muitos benefícios.
Uma tecnologia que surgiu na Suécia no final da década de 1950, e que foi
primeiramente implantada em um hospital em 1961, e depois adaptada para um
distrito residencial chamado Ör-Hallonbergen, foi o sistema de coleta pneumática
desenvolvido pela Envac. Esse sistema é uma solução que surgiu em virtude dos
problemas enfrentados pelo tradicional método de coleta. Ele funciona através de uma
tubulação no qual os resíduos são arrastados por diferença de pressão. Os resíduos
2
são depositados em um coletor pelos cidadãos ou funcionários responsáveis, e
através de um sistema a vácuo eles vão para uma central, de onde irão ser
encaminhados para seu destino através de caminhões. Essa nova tecnologia traz um
grande avanço e inovação em relação ao modelo tradicional de coleta, melhorando e
facilitando a coleta dos resíduos. Essa tecnologia tem um alto valor de investimento
possivelmente devido à complexidade de seu sistema e pouca difusão no mercado.
1.1 Objetivos
1.2 Observação
Hoje em dia a língua inglesa é muito importante e muitas vezes requerido para
atividades de um engenheiro e do mercado em geral. Ao longo deste trabalho serão
apresentados tabelas, mapas e figuras em inglês. Não ocorrerá a tradução dos mesmo
para evitar erros de interpretação.
De acordo com a norma NBR 10.004 da ABNT, resíduos sólidos são resíduos
presentes nos estados sólido e semissólido, resultantes de atividades industriais,
domésticas, comercial, agrícola, hospitalar, de serviços e de varrição.
A Política Estadual de Resíduos Sólidos (PNRS), lei estadual nº 12.300/2006
os divide nas seguintes categorias:
-Resíduos Urbanos
-Resíduos Industriais
-Resíduos de Serviços de Saúde
-Resíduos de Atividades Rurais
-Resíduos provenientes de Portos, Aeroportos e Terminais
-Rodoviários, Ferroviários, Postos de Fronteira e Estruturas Similares
-Resíduos da Construção Civil
A ABNT com a norma já citada classifica os resíduos em Classe I, II a e II b.
Os Resíduos Classe I são resíduos perigosos que podem apresentar riscos à saúde
pública e ao meio ambiente devido às suas características de corrosividade,
reatividade, patogenicidade, toxicidade e inflamabilidade. Classe II é a classificação
dada aos resíduos não perigosos, a Classe II a são os não inertes (potencialmente
biodegradáveis e combustíveis) e a II b os inertes.
Para este trabalho o foco será os resíduos urbanos, que são de acordo com
a PNRS os resíduos resultantes de residências, estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços, da varrição, logradouros públicos, de podas e da limpeza de
vias, e sistemas de drenagem urbana passíveis de contratação ou delegação a
particular.
O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Santos descreve
algumas características gerais sobre resíduos sólidos e da sua gestão de acordo com
classificação diferente da citada anteriormente. Ela segue na Tabela 1:
4
Tabela 1 - Classificação de diferentes resíduos com seus respectivos significados, fontes
geradoras, responsáveis, tratamento e disposição final recomendada.
RESÍDUOS FONTES RESÍDUOS PRODUZIDOS RESPONSÁVEL TRATAMENTO E
SÓLIDOS GERADORAS DISPOSIÇÃO FINAL
5
Gráfico 1 - Evolução da geração de resíduos e do número de habitantes da cidade de São
Paulo.
6
Gráfico 3 - Aumento da geração de RSU per capita no Brasil.
7
maioria das vezes com que o consumidor siga essa linha sem percebê-la. (Planeta
Agora, 2014)
Assim como a geração de resíduos, suas composições foram mudando com
o passar dos anos. Isso se deve a mudança das culturas. A Tabela 2 mostra a
diferença da caracterização dos RSU em São Paulo.
Anos 1927 1957 1969 1976 1991 1996 1998 2000 2011
Matéria orgânica 82,5 76 52,2 62,7 60,6 55,7 49,5 48,2 52,5
Papel e 13,4 16,7 29,2 21,4 13,9 16,6 18,8 16,4 9,8
assemelhados
Embalagem longa vida 0,9 1
Plásticos 1,9 5 11,5 14,3 22,9 16,8 15,56
Metais ferrosos 1,7 2,2 7,8 3,9 2,8 2,1 2 2,6 2
Alumínio 0,1 0,7 0,7 0,9 0,7 0,4
Trapos, couros e borrachas 1,5 1,7 3,8 2,9 4,4 5,7 3 3,1
Pilhas e baterias 0,1 0,01
Vidro 0,9 1,4 2,6 1,7 1,7 2,3 1,5 1,3 1,9
Terras e pedras 0,7 0,8 0,2 1,6 3,3
Madeira 2,4 1,6 0,7 1,3 2 2
Espuma 1,2
Fraldas e absorventes 5,1
Diversos 0,1 1,7 2,6 9,3 2,1
Fonte: Espinosa, D. C. R. (2014)
8
de produtos industrializados contidos, geralmente, dentro de embalagens de plástico,
mas que também podem ser de outros materiais, como vidro, papel, metais ou material
composto.
Existem estudos para relacionar renda com geração e caracterização de RSU,
Campos (2012) estabelece hipóteses para o aumento e declínio do peso específico e
geração per capita de resíduos sólidos no Brasil, que são apresentadas na Tabela 3:
PNRS e seus conceitos, instrumentos e ações; Redução do número de pessoas por domicílio e da
composição familiar;
Implantação de instrumentos econômicos para a Maior facilidade na obtenção de crédito para o
indústria, o município e o cidadão; consumo;
Aumento do número de geladeiras com redução dos Grande uso de produtos descartáveis.
resíduos orgânicos;
9
países em desenvolvimento. O Gráfico 4 mostra o comportamento dessas variáveis
citadas.
Gráfico 4 - Evolução da geração de RSU, população, PIB e geração per capita de RSU no
Brasil.
2.3 Coleta
10
da geração de resíduos o sistema tem que ser adaptado de tempo em tempo de
acordo com a nova demanda.
Um dos grandes desafios a serem encarados pela coleta tradicional é: a
distância entre os pontos de coleta e estação de transbordo ou outro destino, que é
um lugar onde muitas vezes os resíduos são depositados e acumulados para depois
serem transferidos para seu destino podendo utilizar maiores caminhões para
carregar maiores cargas de resíduos e com isso tendo menores custos e problemas
ambientais.
A melhor rota a ser tomada pelos caminhões é um problema de otimização, o
que faz lembrar o antigo problema do carteiro chinês, onde o carteiro tem que
encontrar o caminho mais curto, passando por todos os arcos. O problema com os
RSU é parecido, pois o caminhão sai da estação de transbordo passando nos pontos
de coleta e retornando para a estação, e o objetivo é a redução de custos, fazendo
com que os caminhões tracem o menor trajeto possível. Como existe uma direção a
ser seguida nas ruas, localização dos pontos, são definidas algumas restrições para
este problema. Para atender toda demanda o caminhão é obrigado a passar pelo
mesmo lugar mais de uma vez, mesmo que já tenha passado por lá, com isso se gasta
mais combustível, resultando em maiores emissões de poluentes, e maior tempo
ocioso.
Frente a este problema, as condições e restrições dos problemas são
extremamente importantes para a esquematização do problema logístico e sua
solução. A distribuição da geração de resíduos, horário e frequência de coleta, lugar
de destinação final seja um ponto de triagem, estação de transbordo ou aterro,
acúmulo de lixo nos contêineres, aumento da geração de resíduos, trânsito e
separação de frações para reciclagem são algumas das variáveis a serem definidas e
consideradas. É comum os caminhões irem coletando os resíduos e os compactarem
para conseguirem transportar uma maior carga.
A coleta existe para quase 90% dos domicílios no Brasil (IPEA, 2009). Apesar
do alto índice, essa cobertura é extremamente desigual como mostra o Gráfico 5:
11
Gráfico 5 - Distribuição da coleta direta e indireta de RSU para áreas urbanas e rurais.
25%
75%
Gráfico 6 - Cobertura da coleta direta e indireta de resíduos sólidos nas regiões brasileiras.
100
Coleta de RSU (%)
80 Norte
60 Nordeste
40 Sudeste
Sul
20
Centro-Oeste
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Anos
12
a melhora da coleta no Brasil em toda a área, apesar da diferença citada
anteriormente, entre regiões devido a maior importância e poder econômico.
13
O aumento do número de frações a serem segregadas na coleta implica
diretamente no custo de operação do sistema, pois o transporte tem que ser feito mais
vezes, pois não pode ter mistura dos resíduos. O Gráfico 7 mostra a correlação entre
o custo e a porcentagem de resíduos a serem reciclados. A curva nunca atinge 100
%, pois a construção do gráfico leva em conta a segunda lei da termodinâmica,
nenhum processo atinge total eficiência.
A União Europeia é um exemplo em gestão de resíduos sólidos. Dentro dela
existem países melhores e outros piores, porém as diretrizes ditadas pela UE são
eficazes comparadas ao resto do mundo. Um exemplo dos programas de ações é a
diretriz que os estados deveriam atingir metas de reciclagem para diferentes
componentes até 2008. Um exemplo é a meta de 55 a 80% (peso) de resíduos
reciclados (Kogler, Thomas, 2008). Além disso, eles recebem uma educação
ambiental melhor do que a dada no Brasil, criando maior conscientização nas
populações e melhorando as segregações. Os exemplos citados mostram que na UE
as leis criadas e os incentivos dados à gestão de resíduos são maiores do que no
Brasil, o que mostra que existem grandes desafios e oportunidades.
Um exemplo do contato dos trabalhadores com os RSU e as emissões dos
caminhões é apresentado na Figura 1:
1
Fonte: site: <http://www.gestalent.net/album/galeria-de-fotos-pagina-inicial1/lixeiro-no-
caminhao-copia-png/> Acesso: 06/2014
14
2.5 Tratamentos e disposição
Atualmente é recomendado pela PNRS que apenas o que não for possível
tratar ou reutilizar seja disposto no solo. O preconizado é a não geração dos resíduos,
redução, reutilização e a reciclagem destes, priorizados nesta ordem, sempre que
possível.
A não geração envolve uma questão anterior à geração, onde devemos
sempre procurar não utilizar processos que gerem resíduos. A redução é, quando não
temos esta possibilidade, utilizar de métodos e tecnologias que possibilitem maior
eficiência do consumo de matéria prima. A reutilização e a reciclagem são muitas
vezes confundidas, a reutilização não requer nenhum processo que altere as
características físicas ou químicas do resíduo para que este seja utilizado,
diferentemente da reciclagem.
Os tratamentos têm como objetivos reduzir o volume de resíduos e diminuir
ou eliminar os poluentes que o conferem periculosidade, tornando o resíduo adequado
à recuperação dos materiais passíveis de reaproveitamento e disposição no solo.
Exemplos comuns são a incineração e a compostagem, entretanto existem diversas
tecnologias no mercado. O que tem sido muito comum é a recuperação energética a
partir dos resíduos, independentemente da tecnologia de tratamento utilizada.
Cada tecnologia de tratamento é mais adequada para um determinado tipo de
resíduo, variando com sua composição. Por isto a segregação se torna muito
importante, uma vez que ela facilita a etapa do tratamento. Sua ausência pode até
mesmo inviabilizá-lo. A segregação tem uma íntima relação com a educação
ambiental da população, assim percebe-se que a qualidade da gestão dos resíduos
sólidos depende não apenas de questões técnicas, mas também da cultura ambiental
do país.
A disposição final consiste em colocar tudo, o que não pode ser reaproveitado
ou tratado, em solo. Nesta etapa se concentram grande parte dos impactos
relacionados aos resíduos sólidos, sejam eles ambientais (poluição do ar, água e
solo), econômicos (desvalorização das áreas próximas) ou sanitários (risco de
exposição, criador de vetores de doenças, etc.). Os impactos são diminuídos
15
conforme os lixões e aterros controlados são substituídos por aterros sanitários no
Brasil.
Os lixões são, como o próprio nome já diz, montanhas de lixo normalmente
com uma única preocupação que é o afastamento dos resíduos dos centros
produtores. Já os aterros sanitários têm diversos critérios a serem atendidos para sua
implantação e operação. Em suma, os aterros sanitários devem garantir que os
resíduos fiquem isolados do meio, não entrando em contato com o solo, a água ou o
ar e evitando que o solo ou os lençóis freáticos sejam contaminados. Para isto deve-
se haver constante drenagem do lixiviado e dos gases. Um aterro ocupa uma área
que permite o uso futuro restrito por dezenas de anos e deve ser continuamente
monitorado havendo riscos de acidentes.
A Tabela 4 mostra os destinos dos resíduos sólidos ao longe dos anos:
Tabela 4 - Destino final dos resíduos sólidos por unidade de destino dos resíduos (%).
16
Gráfico 8 - Evolução da eliminação dos “lixões”.
17
de natureza contratual entre o poder público e fabricantes distribuidores, comerciantes
ou importadores visando a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida do produto.
Esses conceitos e acordos setoriais criados visam uma maior preocupação
por parte das empresas em aproveitar os componentes dos produtos, economizando
insumos e tendo menos resíduos em aterros. A preocupação se torna parte da
empresa, fazendo com que exista uma maior estrutura para a coleta.
O sistema irá ser dividido em quatro partes para ser explicado com maior
facilidade. As quatro partes são: pontos de coleta, rede coletora, central de coleta e a
operação.
18
Os pontos de coleta são locais para a população dispor seus resíduos. Eles
são composto de coletores (contérminos de lixo), válvulas para armazenamento
temporário dos resíduos e uma válvula de ar para entrada de ar.
A rede coletora possui a tubulação normalmente de aço carbono onde o
resíduo se locomove, uma pequena tubulação de ar comprimido, utilizado para as
abertura e fechamento das válvulas e cabos elétricos utilizados para a automação do
sistema, ou seja, a central controlando a abertura e fechamento das válvulas.
A central de coleta é responsável pela estocagem temporária dos resíduos,
compactação dos mesmos (opcional), separação do ar e resíduos, oferta de ar
comprimido e é onde estão localizados os exaustores. Toda energia é utilizada na
central, podendo ter sua construção na superfície, semi-subterrânea ou totalmente
subterrânea.
A operação é feita da central, onde existe um painel de comando com o
monitoramento dos enchimentos dos armazenamentos no ponto de coleta. Somente
uma fração de resíduo é arrastado por vez para não ter mistura.
O sistema funciona da seguinte forma, as pessoas vão dispondo os resíduos
nos coletores, que ficam armazenadas na válvula de armazenamento. Através do
painel de controle na central, o operador ativa os exaustores e a válvula para entrada
de ar em um determinado ponto de coleta para criar o fluxo de ar e faz a abertura
dessa válvula de armazenamento fazendo com que o os resíduos entrem na rede
coletora por gravidade e sejam arrastados pelo fluxo de ar até a central. O fluxo de ar
gerado acontece devido à diferença entre a pressão na rede e a atmosférica no ponto
da válvula de entrada do ar. O fluxo atinge altas velocidades arrastando os resíduos,
atingindo em média uma velocidade de 70 km/h.
Dentro da central de coleta, o resíduo sai da rede coletora através do ciclone
que faz a separação sólido e ar, e com isso os resíduos são armazenados em
recipientes herméticos fechados até ter o volume necessário para um caminhão de
grande porte o levar para seu destino, seja uma triagem, disposição final ou outro
destino. O resíduo pode ser compactado ainda na central caso exista compactadores.
O ar separado passa por um conjunto de filtros em série antes de ser emitido
para a atmosfera, que normalmente é carvão ativado ou lavador de gases. A ação dos
filtros é eficaz, conseguindo controlar emissões e odores.
19
O sistema pode ter em seu ponto de coleta, somente um coletor, ou vários
para possível reciclagem. Quando existem mais de um coletor, como no caso da
Figura 4, o grupo de operação tem o trabalho de fazer com que as válvulas de
armazenamento fiquem cheias o menor tempo possível seguindo o que já foi dito, e
com o fluxo de somente uma fração de cada vez na rede coletora. Quando as frações
chegam à central de coleta, o armazenamento também é feito em diferentes
recipientes.
A Figura 3 mostra o funcionamento mais claro do sistema:
Na Figura 3 existe a coleta dentro dos apartamentos, onde eles vão por
gravidade até a válvula de armazenamento.
Fonte: Envac(2011)
20
2.7.1 Vantagens
21
2.7.2 Recomendações e dimensões usuais
22
A escolha do lugar da central é muito importante e cada lugar tem suas
vantagens e desvantagens. Fazer a estação central no centro da área faz com que o
comprimento total da tubulação seja menor, diminuindo o tempo em que as válvulas
ficam abertas e consequentemente aumentando eficiência energética. Porém a
logística (coleta dos resíduos pelos caminhões) e a facilidade para achar o local se
tornam os grandes desafios desta escolha. Fora da área residencial é uma ideia que
traz consigo a eliminação do tráfego pesado (somente o formado pelos caminhões de
lixo) e terreno muitas vezes mais barato, entretanto a rede coletora será maior. Por
último, um lugar estratégico perto das vias principais que caminham para o tratamento
dos resíduos coletados, tem seu custo logístico menor, mas em contrapartida a rede
coletora é maior.
A área da central depende do número de frações e resíduos a serem
recolhidos. Normalmente cada ponto de coleta atende de 40 a 80 residências.
23
Figura 6 - Sistema móvel de coleta pneumática.
2.9.1.1 Manhattan
24
O primeiro é o “High Line” (HL), um parque linear elevado construído em um
viaduto que corta o Chelsea Market na altura do segundo ou terceiro andar. O que
fora antes uma fábrica de biscoitos hoje se tornou um mercado de comida no térreo
de um edifício de escritórios que está sendo expandido para incluir um hotel e mais
espaço de escritórios. O mercado, assim como o parque, tornou-se um importante
ponto turístico da cidade nos últimos tempos.
O segundo local escolhido foi o metrô da segunda avenida “Second Avenue
Subway” (SAS). Uma linha de metrô que está chegando ao fim de sua construção que
começou no começo do século 20. Foi considerada a área entre a rua 92nd e a rua
99th. Nesta área seriam coletados os resíduos residenciais, comerciais, hospitalares,
urbanos e também os gerados na estação do metrô.
No projeto do High Line foram considerados tubos de 20 polegadas de
diâmetro presos ao viaduto ou ao teto do mercado. O volume total de resíduos foi
estimado em 10,8 toneladas por dia, estes compreendidos nas frações orgânica, papel
e não recicláveis (as outras frações são geradas em quantidades pequenas podendo
ser armazenadas e coletadas por caminhões). Neste caso o terminal necessário do
sistema teria aproximadamente 650 m2.
No projeto da SAS foram consideradas duas tubulações, isto por que seriam
coletados resíduos no nível da rua assim como da estação de metrô localizada
aproximadamente 15 metros abaixo e a inclinação máxima permitida para o sistema
em questão é de 18%. Neste caso a tubulação da rua iria transportar uma quantidade
menor de resíduo e por isto foi projetado um tubo de 300 mm de diâmetro de PVC.
Aqui o terminal teria área menor, de aproximadamente 400m2.
Neste último caso o volume de resíduos transportados foi estimado em 7,2
toneladas por dia sendo eles residenciais, comerciais, hospitalares (não perigosos) e
urbanos.
Roosevelt é uma estreita ilha localizada no East River de Nova York, com 3
km de comprimento e 240 metros de largura.
25
Comprada pela cidade de Nova York em 1828, a Ilha foi escolhida como área
para uma prisão e asilos, porém duas décadas depois essas atividades foram
encerradas. A ilha ficou desabitada até a década de 1970 quando foi iniciado um novo
plano de habitação.
O novo plano de habitação visava inovação e sustentabilidade, e com isso se
tornar uma zona com menos emissões de poluentes. A solução da Envac foi instalar
um sistema de coleta de resíduos à vácuo que operasse no subsolo da cidade.
O sistema de coleta foi instalado em 1970, atendendo 14.000 residentes da
Ilha Roosevelt e atualmente passa por sua 4° década de operação. Em 2010,
enquanto a cidade de Nova York enfrentou uma forte tempestade de neve, e o sistema
de coleta de resíduos teve que ser interrompido, muitos caminhões de lixo foram
temporariamente usados para remover neve das ruas, enquanto o sistema de coleta
de resíduos continuou funcionando normalmente na Ilha Roosevelt.
26
2.9.1.3 Vila Olímpica- Barcelona
2
Fonte: site: <ttp://www.envac.com.br/MediaBinaryLoader.axd?MediaArchive_FileID=2c565f85-
061a-4a84-b90e-1b728540cf44&FileName=VilaOlimpica_e.jpg>. Acesso em: 06/2014
27
1000 pontos de coleta, aproximadamente 24,6 km de tubo, com separação de
resíduos orgânicos e não orgânicos.
O sistema de coleta da Vila Olímpica passou por muitas ampliações desde
que entrou em operação em 1992. O sistema primeiramente atendia 2900 habitações
com um total de 241 pontos de coleta, com a primeira expansão do sistema esse valor
passou para 480 e a quantidade de habitações atendidas para 4500. E a última
expansão do sistema ocorreu em 2009 quando, o sistema passou a atender 16000
casas.
28
frações, onde 393m³ seriam destinados a produção de energia, 127m³ seriam papel e
69 m³ resíduos orgânicos.
Foram levantadas as gerações de resíduos dos apartamentos, do comércio,
da escola e escritórios por um período de uma semana.
29
Gráfico 10 - Número de lixeiras e coletores com capacidades esgotadas por tempo (horas).
Lixeiras/Coletores cheios
Tempo (horas)
Fonte: Törnblom, Jonas (2011)
Gráfico 11 - Número de lixeiras e coletores com capacidades esgotadas por tempo (horas) para
cenário com aumento de 20% da Geração de Resíduos.
Lixeiras/Coletores cheios
Tempo (horas)
Fonte: Törnblom, Jonas (2011)
30
No Gráfico 11 são apresentadas as mesmas variáveis do Gráfico 10, porém
com um cenário considerando um aumento de 20 % dos resíduos. É evidente que o
sistema tradicional fica totalmente sobrecarregado, enquanto o sistema proposto pela
Envac consegue lidar novamente melhor frente ao aumento da geração de resíduos.
De acordo com o Gráfico 11 o sistema tradicional sempre tem ao menos uma
lixeira cheia. Valores apontam que o sistema convencional terá 139 lixeiras cheias por
um total de 1841 horas acumuladas, contra 44 lixeiras cheias com um total de 5 horas
acumuladas no sistema de coleta da Envac.
As melhorias são vistas no tráfego do bairro, dado que a quantidade de
caminhões é obviamente menor, a quilometragem por eles percorrida será menor.
31
Tabela 5 - Comparação sistema tradicional e pneumático em Stora Ursvik.
32
Comparando novamente os dois sistemas, com dois cenários, normal e
estressado (20% maior de geração), o Gráfico 5 mostra a melhora que o sistema da
Envac traz em relação às emissões. No cenário mais crítico temos umas redução de
mais de 90% de emissões locais de CO, HC, NOx, particulado e emissões globais de
Dióxido de Carbono. Dessa forma, além de contribuir para a saúde da população local,
também reduz a quantidade de dióxido de carbono um dos responsáveis pelo
aquecimento global.
2.9.1.5 Brasil
33
custo da área ocupada usando a média de aluguel por metro quadrado. Os resultados
são apresentados nas Tabelas 6 e 7, lembrando que SEK é a moeda sueca, coroa
sueca, que equivale a R$ 0,31 (Citibank N. A., 24/01/2015) cada uma:
35
Um estudo faz uma comparação em um caso que o sistema existente é o
sistema a vácuo e a comparação é feita com um sistema convencional. Ele foi
realizado pela BoDAB, uma companhia sueca, em 1999. Sua área de interesse foi um
distrito de Estocolmo chamado Sodré Statoil, o sistema a vácuo coleta resíduos de
3240 apartamentos e três edifícios de escritórios, demonstrado na Tabela 9.
Jackson (2004) divide sua análise em categorias. No âmbito ambiental ele diz
que com a implantação de um sistema de coleta a vácuo os serviços periódicos dos
caminhões de lixo não seriam mais necessários diminuindo diversos problemas
associados ao trânsito destes veículos como ruído, acidentes, emissões gasosas e
congestionamentos. Além disto, como o lixo não irá mais acumular dentro das
residências ou na rua, a higiene do local terá uma melhora diminuindo os odores e
não servindo como criadouros de insetos. Com isso, a área irá ficar visualmente mais
agradável.
Em relação à segurança o número de acidentes de trabalho diminui uma vez
que não é mais necessário o manuseio do lixo para colocá-lo no caminhão.
Segundo o autor, este sistema é também mais conveniente uma vez que ele
não requer dos cidadãos nenhum pré-tratamento nem acondicionamento e eles
podem descartar seus resíduos a hora que quiserem, sem se preocupar com a hora
que o caminhão irá passar. Em contrapartida a implantação do sistema causa algumas
perturbações como interrupção do trânsito para escavações, porém isto é temporário
36
e uma vez implantado o sistema as condições na área melhoram. O sistema permite
também uma dependência menor do serviço de coleta aos efeitos climáticos sendo
pouco afetado por chuvas, neve ou ventos fortes.
Financeiramente, o sistema a vácuo oferece vantagens e desvantagens tendo
um alto custo de implantação e um menor custo de operação sendo crítica uma análise
para verificar sua viabilidade. Em sua análise o custo do sistema pneumático se iguala
ao custo do sistema convencional em 7 anos.
Kogler (2007) aponta a importância de diferenciar o trânsito em dois casos,
primeiro na área em que as atividades de coleta são realizadas e segundo na região
em que ocorre o transporte do resíduo até o tratamento ou disposição final. Quando é
feita uma comparação entre os sistemas no primeiro caso a vantagem do pneumático
é óbvia, uma vez que não há geração de tráfego nesta. Já no segundo, a geração de
tráfego não é muito menor. No total pode-se concluir que ainda haverá veículos
transportando resíduos, porém em quantidade consideravelmente menor.
No mesmo estudo ele apresenta uma comparação entre os ruídos dos
sistemas. Os resultados foram que o sistema convencional gera por semana 10.8h de
ruído com intensidade de 75 a 88 dBA enquanto o sistema a vácuo gera 4.0h de ruído
com intensidade de 55-72 dBA mostrando uma diminuição significativa na geração de
ruídos.
Outro fator importante segundo o autor é a segurança ocupacional. Segundo
um estudo realizado na Inglaterra no ano de 2001/02 foi estimado que 25% de
trabalhadores acidentados e 0,1% de trabalhadores, sofreram acidentes fatais na
indústria dos resíduos, o que é dez vezes mais que a média do país. Os acidentes
são causados principalmente pelo manuseio de materiais perfurantes, cortantes e
cargas muito pesadas. Com o sistema a vácuo estes acidentes não aconteceriam. O
Gráfico 13 ilustra os níveis de segurança de diferentes tecnologias.
37
Gráfico 13 - Ilustração do nível de segurança ocupacional.
38
impactos associados à implantação e operação, além da fabricação de todos os
componentes do sistema a vácuo.
Os resultados destes estudos foram, ao contrário dos apresentados
anteriormente, que o sistema pneumático custa mais e emite mais gases do efeito
estufa. A diferença entre estes sistemas em termos de custos diminui com o aumento
do volume de resíduos transportado. É observado ainda nos estudos que a situação
pode se reverter quando as áreas que são desocupadas valem mais. Os autores
dizem que estes resultados são pertinentes apenas às instalações em áreas já
existentes e que os custos de implantação de um sistema pneumático em novos
complexos seriam menores.
As externalidades são muito importantes para o estudo de viabilidade
econômica desses projetos. De acordo com MANKIW (2005) apud Lascala (2011),
externalidade é “o impacto das ações de uma pessoa sobre o bem estar de outra que
não tomam parte da ação”, podendo ser positivas ou negativas de acordo com a
natureza dos impactos.
Os resultados encontrados pelo estudo de viabilidade do sistema em
Manhattan (Kamga, Miller, e Spertus, 2013) foram positivos. De fato o resultado foi de
que o sistema pneumático é mais caro, porém se houverem externalidades positivas
no valor de $300,000 a $400,000 por ano ela torna-se mais barata em valor presente.
Além disto, o valor da emissão de gases do efeito estufa neste estudo foi menor para
o sistema pneumático.
39
Tabela 11 - Comparação do consumo de energia elétrica e emissão de gases do efeito estufa
entre as tecnologias.
O resultado final deste estudo foi que os sistemas a vácuo em questão são
viáveis economicamente e ambientalmente, tendo emissões de gases do efeito estufa
reduzidas em ambos os casos, como visto nas Tabelas 10 e 11. Onde Trucks refere-
se à coleta convencional em operação, AVAC ao sistema pneumático, HL ao High
Line e SAS ao Second Avenue Subway, estes dois últimos já explicados no item
2.9.1.1.
Outro trabalho realizado na Ilha de Roosevelt (Kamga, Miller, e Spertus, 2013)
também em Nova York, comparando o sistema atual (pneumático) da ilha com a coleta
convencional e alternativas de melhorias concluiu que as emissões de gases do efeito
estufa do sistema a vácuo são de 35% a 100% maiores e o consumo energético de
25% a 70% maior. O trânsito de caminhões seria reduzido se os resíduos comerciais
e recicláveis fossem contemplados uma vez que caso contrário haveria ainda a
necessidade de coleta convencional para estas parcelas de resíduo.
Também foi apontado que haveriam diversos benefícios devido à menor
frequência de coleta feita por caminhões, diminuição da concentração local de
poluentes atmosféricos, não necessidade de uma estação de transbordo e diminuição
do manuseio dos resíduos.
Assim como o documento de Manhatttan, a conclusão foi que apesar do valor
presente líquido dos sistemas a vácuo ser maior, este poderia ser compensado por
externalidades positivas que no caso apenas considerando a economia de espaço e
trabalhadores acidentados já poderiam ser atingidas.
Vale apontar que foi observado neste último estudo a variabilidade dos custos
do sistema convencional conforme o local de interesse sendo necessário um estudo
específico para cada local. Considerando as diferenças entre os países da Europa,
40
Estados Unidos e o Brasil é previsível resultados diferentes dos já citados
anteriormente.
2.10 Santos
41
Em uma análise da distribuição de renda no município em que levou em
consideração dados de levantamentos do IBGE, valor do salário mínimo de 2009 e
estratificação de renda igual a de 2000, os resultados obtidos foram:
42
Saneamento). O Plano descreve a atual gestão de resíduos sólidos em Santos,
apresentando metas e propostas de desenvolvimento.
Segundo o plano, a cidade só obteve um sistema de gerenciamento de resíduos
sólidos recentemente, e foi um problema enfrentado por diversas administrações
públicas. Um dos problemas mais difíceis de encontrar solução é a variação causada
pela quantidade de turistas que a cidade recebe sazonalmente, como mostrado no
Gráfico 16.
43
Tabela 13 - Composição gravimétrica com resíduos sólidos urbanos coletados.
a
Inclui ambos os tipos de plásticos. b Inclui tecidos, trapos, couros e borracha.c Inertes.
* Inclui papel, papelão e tetra-pack.
Fontes: Prefeitura de Santos (2012)
44
A intenção desse projeto previsto no Plano Municipal Integrado de
Saneamento Básico é a melhoria do serviço de coleta regular de resíduos
sólidos urbanos, evitando o acúmulo de material nas calçadas, bem como
ampliar a efetiva participação da comunidade no sistema de coleta seletiva,
reduzindo assim a quantidade de recicláveis que venham a ser dispostos
junto com os resíduos orgânicos e rejeitos. (Prefeitura de Santos,2012. p. 47)
A cidade conta ainda com coleta seletiva na área insular, realizada pela
empresa Progresso e Desenvolvimento de Santos S.A. (Prodesan). O material
coletado é submetido à triagem e separação, realizadas em um galpão específico por
usuários do Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde e por
catadores. Os materiais separados são então vendidos em licitações organizadas pela
Prodesan. O valor da venda destes é então encaminhado para a Prefeitura e usado
para pagamento das cooperativas.
45
Tabela 14 - Coleta de resíduos domiciliares e recicláveis em Santos em toneladas.
3 Estudo de caso
A cidade escolhida para fazer um projeto piloto do sistema a vácuo foi Santos,
localizada no estado de São Paulo, mais especificamente uma parte do bairro do
Gonzaga. Esse item apresenta o levantamento de dados que serão úteis para o
projeto.
46
3.1 Localização
3
Fonte: Adaptado do site: <http://2.bp.blogspot.com/-
HZ4btCGFo4w/TiWettSyRKI/AAAAAAAAB-4/iHcyprrgSPs/s1600/bairros.JPG>. Acesso em:
JUN/20143
47
Figura 13 - Detalhes do bairro do Gonzaga e da área escolhida. 4
4
Fonte: Adaptado do site:< http://www.novomilenio.inf.br/santos/bairro18.htm>. Acesso em:
JUN/2014
48
3.2 População
4 ANALISE DE DADOS
50
Tabela 15 - Previsão de geração de resíduos comuns na área do projeto.
Ano População Gonzaga Hab/km2 Habitantes na área do projeto Geração (kg por dia)
2000 24130 20487 10244 12395
2010 24788 21046 10523 12733
2017 25249 21437 10719 12969
2018 25314 21493 10746 13003
2019 25380 21549 10774 13037
2020 25446 21605 10802 13071
2021 25512 21661 10830 13105
2022 25578 21716 10858 13138
2023 25643 21772 10886 13172
2024 25709 21828 10914 13206
2025 25775 21884 10942 13240
2026 25841 21940 10970 13274
2027 25907 21996 10998 13307
2028 25972 22052 11026 13341
2029 26038 22107 11054 13375
2030 26104 22163 11082 13409
2031 26170 22219 11110 13443
2032 26236 22275 11138 13476
2033 26301 22331 11165 13510
2034 26367 22387 11193 13544
2035 26433 22443 11221 13578
2036 26499 22499 11249 13612
2037 26565 22554 11277 13645
2038 26630 22610 11305 13679
2039 26696 22666 11333 13713
2040 26762 22722 11361 13747
2041 26828 22778 11389 13781
2042 26894 22834 11417 13814
2043 26959 22890 11445 13848
2044 27025 22945 11473 13882
2045 27091 23001 11501 13916
2046 27157 23057 11529 13950
2047 27223 23113 11557 13983
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de SNIS (2012) e Google Maps (2014).
51
A geração aparenta ser maior do que deveria, devido às premissas tomadas,
uma vez que existem poucos dados para a estimativa da geração na área desejada.
Mesmo para o bairro inteiro do Gonzaga, é difícil a obtenção de dados. Por essas
razões, os valores calculados na Tabela 15 serão utilizados neste trabalho como a
previsão de quantidade de resíduos comuns coletados.
Para a coleta seletiva do bairro do Gonzaga, os dados foram mais acessíveis.
A quantidade de resíduos recicláveis coletadas no ano de 2013, segundo dados
fornecidos pela Prefeitura de Santos (2014), no bairro do Gonzaga foi 643,32
toneladas. Para encontrar o valor relacionado à área deste trabalho, foi calculado
multiplicando a coleta de 2013 pela razão entre a área do projeto e do bairro do
Gonzaga, chegando ao valor de 273,1 ton/ano.
A Tabela 16 mostra o crescimento da coleta seletiva.
52
Tabela 16 - Previsão de coleta de resíduos recicláveis.
Neste item busca-se fazer um resumo e análise dos dados coletados dos
projetos realizados e principalmente do FAQ disponibilizado pela Envac, que servirá
como diretriz para o dimensionamento do sistema.
53
Segue uma lista das informações a serem analisadas:
- O diâmetro da rede coletora normalmente é de 300-500mm, essa estando
entre 1 e 1,5 metros abaixo da superfície normalmente com exceção dos pontos de
coleta que será entre 1,5 e 2,5 metros e um limite de 20 graus de inclinação tanto para
cima como para baixo.
- A distância máxima entre o ponto de coleta mais distante e a central deve
ser menor que 2 km já que isso ajuda a viabilidade do sistema.
- Existe um máximo de 20 toneladas recolhidas por dia recomendadas pela
Envac.
Esses dados serão utilizados a princípio para o dimensionamento, partindo
deles. Porém é importante deixar claro que uma vez que esses valores são indicações
da Envac de acordo com o dimensionamento deles e variando de sistema para
sistema, eles não são necessariamente limitantes para a solução aqui dada.
4.3 Premissas
5 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
6 SISTEMA ATUAL
55
Dependendo da região os caminhões de coleta passam mais de uma vez por
dia para recolher os resíduos, e além da coleta diária de segunda a sexta, existe a
coleta de sábado em algumas áreas.
Os caminhões observados possuíam quatro trabalhadores, sendo que um
estava dirigindo e os outros três recolhendo os contérminos. Esses três funcionários
encaixam os contérminos no braço mecânico do caminhão, onde eles são
automaticamente levantados e virados, descarregando os resíduos. Então, os
contérminos são colocados na rua novamente e os funcionários da coleta os levam
para o lugar no qual eles estavam localizados.
Além dos contérminos, existem lixeiras intermediárias feitas de concreto que
estão substituindo as antigas lixeiras de plásticos que ficavam em postes. As Figuras
15 e 16 mostram os dois modelos. Algumas vezes por dia os coletores recolhem o
que está nessas lixeiras e jogam nos contérminos ou deixam do lado de algum poste,
para ser recolhido pelo caminhão, o que é inadequado dos pontos estético e higiênico.
56
Figura 16 - Nova lixeira intermediária.
Para a região I um caminhão cobre a área superior delimitada pela linha rosa,
acima da rua Dr. Tolentino Filgueiras, enquanto outro caminhão cobre a região II da
mesma rua até praia. Ambos os caminhões fazem a coleta uma vez por dia, de
segunda-feira até sexta-feira.
Como os dados adquiridos foram somente a quantidade de caminhões, a
frequência de coleta e o ponto de partida dos caminhões, foi calculada a distância
percorrida por cada caminhão resolvendo um problema do carteiro chinês, uma vez
que todas as arestas (ruas) deveriam ser percorridas ao menos uma vez. O problema
foi resolvido pelo Solver do Excel. Para a resolução deste problema foram seguidos
os seguintes passos para cada região:
-Transformar o conjunto viário em um conjunto de nós e arcos, onde os nós
eram as intersecções das ruas e os arcos as ruas.
-Foi calculada a distância entre os nós usando o Google Maps.
59
-Foi feita uma tabela para todas as distâncias possíveis de serem percorridas
entre dois nós vizinhos. Esta tabela apresenta três colunas: Nó inicial, nó final e
distância.
-Foi calculada a distância total percorrida, que é a soma do produto de todas
as distâncias com o número de vezes em que o caminhão percorre o trajeto. Essa é
a função objetiva que deve ser minimizada, obtendo a menor distância percorrida
possível;
-Para o Solver achar a melhor solução coerente com a realidade, ainda foram
modeladas as seguintes restrições:
- Balanço de massa dos nós: O número de vezes que o caminhão entra
em um nó é igual ao número de saídas do mesmo nó, com exceção para o nó inicial,
que possui uma saída a mais, e o nó final que possui somente uma entrada.
- O número de vezes que o caminhão passa em cada arco deve ser
maior ou igual a 1, com exceção dos arcos (ruas) de duas mãos, onde o caminhão
deve passar ao menos uma vez em uma das mãos.
- O ponto final de ambos os modelos para a região I e II está localizado
na Av. Ana costa como mostra o círculo laranja na Figura 20:
60
Para facilitar a comunicação este ponto final mostrado na imagem acima será
chamado de ponto A.
O anexo 1 mostra as tabelas utilizadas modelando as restrições e variáveis
descritas e os resultados obtidos para a região I e II que foram 10.074 metros e 20.795
metros respectivamente. O anexo 2 apresenta os mapas com os nós, seus respectivos
nomes e arcos.
A distância entre o ponto A e o bairro do Alemoa, onde está localizada a estação
de transbordo de Santos é de 11,8 km, como mostra a Figura 21.
.
Fonte: Google Maps (2014)
61
Quarta-feira, a partir das 13 horas na Zona Comercial
Quinta-feira, a partir das 13 horas na Zona Comercial e Residencial
Sexta-feira, a partir das 08 horas na Zona Comercial
Sábado, a partir das 13 horas na Zona Comercial
A Usina de triagem e separação fica no bairro do Alemoa, e os resíduos
reciclados são comercializados com empresas que participam de uma licitação. O
dinheiro da venda dos reciclados é revertida aos cofres públicos.
Existem alguns contérminos similares aos da coleta de resíduos comuns,
porém com uma cor diferente (laranja) e em escala menor em uma espécie de projeto
piloto. A coleta seletiva, em geral, é feita com a separação realizada em cada domicilio
ou comércio. Os caminhões das duas coletas são iguais e tem 19 m 3 para os resíduos
e ambos têm o compactador embutido. Apesar de serem iguais, cada caminhão só
faz um tipo de coleta.
Para a distância percorrida na área escolhida neste trabalho será utilizada a
distância utilizada para as regiões 1 e 2 da coleta de resíduos comuns, 10.795 metros.
Porém como a coleta ocorre somente 4 vezes por semana, a distância percorrida
mensal será diferente entre as duas coletas.
7 SISTEMA PNEUMÁTICO
62
Figura 22 - Rede de Coleta na Área de Estudo.
63
estação de transbordo ou triagem, ambas no bairro do Alemoa e posteriormente para
o aterro ou outro destino final no caso dos recicláveis.
8 DIMENSIONAMENTO
64
Tabela 18 - Dados fornecidos pela Envac
Comprimento
entre a central e
L 1200 m
o ponto de coleta
mais distante
Potência de
P 110.000 W
cada exaustor
D Diâmetro 0,5 m
No de exaustores
2 + 1(reserva)
para 1 fração
No de exaustores
3 + 1(reserva)
para 2 frações
No de perdas
localizadas 3
(curvas de 90º)
Eficiência do
ɳ 85%
exaustor
65
Utilizando os dados do projeto fornecido pela Envac para 1 fração,
primeiramente foi calculado o fator de atrito que ocorrerá ao longo do duto, calculando-
se o ΔH com a equação 1 e o f consequentemente com a equação 2.
1 1
𝑓= [ 𝑀𝑒𝑀
] (3)
13,2 ( 𝑀 )−1
𝑒 −1
Para encontrar o f com esta equação foi utilizado o solver do Microsoft Excel.
O M encontrado foi 1,39.
Com o M é possível calcular o número de Reynolds aparente com a equação 4
que tem também como fonte o trabalho a ser publicado, que foi fornecido pelo
orientador:
𝑀 𝑅𝑒0,9995
𝑒 −1= (4)
422,377
O valor calculado para a viscosidade aparente foi de 75,67x10-4. Por último foi
calculado a rugosidade k aparente com a equação 6, também baseada na entropia
máxima e fornecida pelo orientador.
66
𝑉∗𝑘
𝜈𝑎 = 𝜈𝑎𝑟 [1 + 0,0146 ( )] (6)
𝜈𝑎𝑟
67
Tabela 19 - Resultados do dimensionamento para 2 frações.
Parâmetros Resultados
f 0,1337
M 0,9768
Reynolds 701,68
K 0,049 m
(rugosidade)
ΔH 5.983,41m
Potência 268.920,76 W
necessária
Número de 4 (3 +1 reserva)
exaustores
Fonte: Elaborado pelos autores
Para 1 fração
1 Central de coleta com área aproximada de 400m²;
Rede de coleta com extensão aproximada de 5.505 metros, incluindo a
tubulação de aço carbono principal com diâmetro de 500mm e a de ar
comprimido para abertura das válvulas;
Espessura de 3 a 22 mm;
112 válvulas para coleta de lixo comum (uma para armazenamento e outra
para a entrada de ar para cada ponto de coleta);
56 válvulas para coleta de lixo reciclável;
3 Exaustores de 110 kW cada um;
1 Ciclone separador sólido/ar;
1 Sistema transportador para carregamento de veículos de transporte;
1 Sala de filtros monoblocos;
2 Contêineres de 25m³;
1 Compressor de ar;
Sistema de controle (Envac).
Para 2 frações
1 Central de coleta com área aproximada de 500m²;
68
Rede de coleta com extensão aproximada de 5.505 metros, incluindo a
tubulação de aço carbono principal com diâmetro de 500mm e a de ar
comprimido para abertura das válvulas;
Espessura de 3 a 22 mm;
112 válvulas para coleta de lixo comum (uma para armazenamento e outra
para a entrada de ar para cada ponto de coleta);
56 válvulas para coleta de lixo reciclável;
4 Exaustores de 110 kW cada um;
1 Ciclone separador sólido/ar;
1 Sistema transportador para carregamento de veículos de transporte;
1 Sala de filtros monoblocos;
2 Contêineres de 25m³;
1 Contêiner de 28m³;
1 Compressor de ar;
Sistema de controle (Envac).
9.1.1 Emissões
70
profundamente ela penetra no sistema respiratório das pessoas
causando diversas doenças.
A Tabela 20 apresenta fatores de emissão para veículos pesados à diesel para
os poluentes CO, HC, NOx e MP para diferentes tipos de veículos movidos a diesel.
71
Tabela 21 - Valores de autonomia para os veículos movidos a diesel.
72
Tabela 22 - Estimativa da emissão de gases na coleta de resíduos comuns.
Para fazer a valoração das emissões de gases será utilizado uma metodologia
semelhante à utilizada por Lascala (2012) no seu trabalho intitulado “Externalidades
da Substituição do Diesel pelo Etanol no Transporte Público Urbano da Região
Metropolitana de São Paulo”.
O cálculo do valor econômico do recurso ambiental (VERA) foi separado em
dois valores, para os gases de efeito estufa e para gases de efeito local.
Assim o valor das emissões dos caminhões pode ser estimado de acordo com
a equação:
73
VERAar = VERAar,local + VERAar, estufa
No caso dos gases de efeito local, foram utilizados índices apresentados pelo
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pela ANTP (Associação Nacional
dos Transportes Públicos). Os índices indicam os custos diretos associados à emissão
dos gases, embasados em dados internacionais e adequados à realidade brasileira.
Esses índices foram calculados para o ano de 2009, utilizando o valor o dólar de
R$1,73. Segundo a taxa de câmbio referencial da BM&F Bovespa no dia 14/11/2014,
o valor do dólar é de 2,60 reais. Os valores serão recalculados utilizando esta taxa.
74
Tabela 25 - Custos diretos estimados para os gases de efeito local.
CO HC NOx MP Total
Custos diretos/ 0,13 0,02 3,75 0,02 3,92
gases de efeito
local1 (R$/mês)
Custos diretos/ 0,10 0,02 3,00 0,02 3,14
gases de efeito
local2 (R$/mês)
Soma (R$/mês) 0,23 0,04 6,75 0,04 7,06
75
e corresponde ao preço estipulado pelo Fundo Holandês de Carbono. Novamente
utilizando a taxa de câmbio disponibilizada pela Reuters em 14/11/2014, de R$3,26
por euro, calcula-se o valor das emissões de gases de efeito estufa. Os cálculos são
resumidos na Tabela 27:
Tabela 27 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO2eq da coleta de resíduos
comuns.
76
Tabela 28 - Cálculo das emissões de gases de efeito estufa em kgCO 2eq da coleta de resíduos
comuns e seletiva juntas.
Esse valor é baixo, pois não considera custos relacionados aos problemas de
saúde pública decorridos das emissões. Considerando a ocorrência de doenças e
afastamentos na população espera-se que o valor real relacionado às externalidades
decorrentes das emissões de poluentes seja significativamente maior.
Além disso, existem outras externalidades que não foram possíveis de serem
quantificadas nesse trabalho, como ruído, trânsito, higiene, estética, imagem,
qualidade de vida e indução às práticas ambientais mais adequadas da população.
Todas essas devem ser consideradas quando comparamos os sistemas de coleta,
mesmo que não seja possível quantificá-las.
O ruído diminuiria significativamente, uma vez que os caminhões fazem barulho
para se locomover e principalmente para a parte mecânica do processo já explicado.
Como a proposta é somente para uma parte de um bairro, a melhora do tráfego
não seria muito efetiva, porém ela deve ser considerada. Quando os caminhões param
para recolher os resíduos ele fica um tempo parado, aumentando o trânsito. Como
são vários pontos de coleta, a junção dessas paradas podem fazer diferença no tempo
de viagem da população.
77
A higiene poderia ser melhorada com o sistema à vácuo. Mesmo com o sistema
semi-mecanizado, alguns sacos de lixo ficam fora dos contérminos e só são
esvaziados quando o caminhão da coleta chega. Além disso, às vezes os coletores
entram em contato com os sacos de lixo, podendo se ferir. Com o sistema pneumático
esses problemas desapareceriam, porém além de existir uma melhora clara, é difícil
sua monetarização.
A imagem do bairro e da cidade de Santos seria mais relacionada a
sustentabilidade e inovação, uma vez que a coleta pneumática é nova no Brasil e
oferece muitos ganhos ambientais. Essa melhora pode fazer com que o turismo e a
atração de moradores aumentem, principalmente por Santos já ser considerado um
bom lugar para morar devido à boa qualidade de vida.
Comparando o sistema pneumático que abrange duas frações ao sistema atual,
existe como benefício um claro incentivo à reciclagem, pois é oferecida uma
infraestrutura mais tecnológica que pode servir como encorajamento à população do
bairro de separar corretamente os resíduos, conseguindo reciclar uma maior
quantidade de resíduos que além do benefício ambiental da reciclagem tem os ganhos
da venda dos produtos reciclados que atualmente é direcionado aos cofres da
Prefeitura de Santos.
78
Quantidade total coletada de RDO+RPU = 185.155 toneladas
Assim, calcula-se o custo unitário de coleta, que resulta em 464,23 R$/ton.
Esse valor é muito alto e deve estar contabilizando diversos fatores externos
que não devem entrar na comparação desse trabalho. Em outra parte da mesma
planilha há outro valor de 79,69 R$/toneladas, referido na planilha como o valor
contratual do serviço terceirizado de coleta de RDO + RPU. Esse valor engloba o
serviço de transporte até o aterro, mas não a disposição do mesmo.
Sob a perspectiva da prefeitura ou da população, se estivessem comparando
os sistemas de coleta, pode-se utilizar esse valor para o cálculo do custo operacional
do sistema de coleta atual, uma vez que esse é o valor que de fato impacta na
contabilidade da prefeitura e em último caso nos impostos pagos pela população.
Considerando também os valores já utilizados nesse trabalho referentes à
população da área do projeto e geração de resíduos per capta, 1,21 kg/hab.dia,
respectivamente, tem-se:
79,69 * (População no ano x) * 1,21 * 365/1000 = custo para o ano x
Calculando o custo para todos os 30 anos de projeto e trazendo para valor
presente o resultado final foi R$ 3.386.353,87.
79
9.2.3 Custos para o sistema pneumático de coleta
Total 21.165.600,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)
80
Tabela 30 - Investimento para o sistema pneumático considerando 2 frações
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados fornecidos pela Envac (2014)
81
É importante frisar que esse valor é aproximado, e provavelmente seria
diferente caso fosse realizado um orçamento do projeto.
Por fim são considerados os custos operacionais, que são basicamente os
custos necessários para que o sistema funcione dia-a-dia. Esses custos são variáveis,
e dependem da quantidade de toneladas de resíduos que são coletados. Para isso foi
definido que os custos operacionais seriam calculados em bases mensais.
Considerando os valores já utilizados nesse trabalho referentes à geração de resíduos
média para 1 fração tem-se 4919,1 toneladas/ano. Para 2 frações foi considerado
essa média para 1 fração mais a média da previsão de coleta de recicláveis ao longo
dos 30 anos de projeto, que é 287,67 toneladas/ano:
82
Tabela 34 - Custos operacionais anuais para o sistema pneumático considerando 2 frações.
83
Tabela 35 – Comparação de custos.
Sistema Sistema
Custo total Sistema Atual Pneumático Pneumático
(30 anos) (R$) com 1 fração com 2 fração
(R$) (R$)
Coleta
1.102.139,69 1.102.139,69
Seletiva
56.302.509,86
Coleta
3.386.353,87 49.374.726,00
Normal
10 ANÁLISE DE DECISÃO
84
associados às externalidades que puderam ser quantificados, no caso, os custos da
emissão de poluição.
No critério ambiental estão todos os impactos listados anteriormente no
trabalho e que não puderam ser quantificados. Assim, dentro desse critério foram
considerados de forma separada e com pesos diferentes entre si os seguintes sub-
critérios: ruído, estética, higiene, educação ambiental, trânsito e vibrações. É
importante ressaltar que a reciclagem não foi considerada de forma direta, ela foi
englobada no sub-critério educação ambiental.
No critério político considera-se a imagem da cidade, porém não no sentido
estético já contemplado no critério ambiental, mas sim uma imagem política que
caracteriza a gestão municipal. Além disso, considera-se o incentivo ao turismo, uma
vez que um sistema inovador traz visibilidade para a cidade podendo despertar o
interesse pelo funcionamento do sistema e pela sustentabilidade.
Os pesos atribuídos a cada critério e sub-critério podem ser verificados na
Tabela 23. Esses foram estabelecidos a partir de uma discussão entre os autores
sobre os critérios e sub-critérios mais relevantes para a decisão, tendo em vista a
qualidade de vida da população.
85
A atribuição dos pesos foi feita sob a perspectiva da população do local, o que
explica os pesos iguais atribuídos ao critério ambiental e econômico. Além disso,
como mencionado diversas vezes no trabalho, há muitas externalidades embutidas
no critério ambiental que não puderam ser quantificadas. Pode-se então assumir que
um desempenho melhor neste critério teria um efeito positivo no âmbito econômico
também.
As notas foram atribuídas de acordo com o levantamento dos dados
efetuados e dos resultados obtidos no trabalho, variando de 0 a 10, onde 0 é
considerada a melhor nota. No caso do critério econômico, as notas mantiveram a
proporção dos custos calculados.
O resultado da análise mostra que para o caso estudado, continuar com
a coleta semi-mecanizada é opção mais atraente. Apesar disso, há muitas
possibilidades de melhoria, tanto nos custos atuais do sistema a vácuo que é ainda
um sistema muito inovador, quanto em pesquisas que permitam uma quantificação
melhor das externalidades.
11 CONCLUSÃO
86
aumenta, uma vez que se cria a necessidade de adoção de inúmeras premissas. Isto
acarreta em um resultado estimado, com incertezas.
Considerando as limitações deste trabalho, uma vez que o sistema é inovador
e existem dificuldades claras quanto ao dimensionamento da rede, os resultados
obtidos mostram coerência com o projeto fornecido pela Envac e com a teoria da
entropia máxima.
Os resultados financeiros obtidos mostram uma absoluta vantagem do sistema
atual no bairro em relação ao proposto. Foi demonstrado que é possível a valoração
financeira de alguns impactos como as emissões, apesar da grande dificuldade dessa
valoração à outros impactos.
Para considerar as externalidades foi utilizada a ADMC para chegar ao
resultado final e não considerar somente o ponto de vista econômico. O resultado da
matriz foi que a coleta semi-mecanizada (atual) é a mais indicada para a área
estudada.
Apesar do resultado obtido, é necessário considerar as incertezas que foram
utilizadas para a realização dos cálculos ao longo do trabalho, o que poderia tornar os
resultados favoráveis à implementação do sistema à vácuo, como foi visto em alguns
casos estudados. Mesmo com um custo desfavorecedor ao sistema pneumático, as
vantagens geradas por ele seriam inúmeras, além de mostrar que é possível inovar
dentro da área de coleta de resíduos.
12 REFERÊNCIA BILIOGRÁFICA
87
ABRELPE − ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E
RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2010. São
Paulo: ABRELPE, 2010.
88
______.MAGAZINE - From The World Leader in Automated Waste Collection.
Revista disponibilizada pelo escritório da Envac no Brasil. Apostila disponibilizada
pelo escritório da Envac no Brasil contando a história da Envac.
ESPINOSA, D.C.R. [Slides de aula]. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 2014.
Disciplina de graduação do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais,
Reciclagem de Resíduos Industriais.
90
PREFEITURA DE SANTOS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos, 2011-2012
91
ANEXO A – TABELAS UTILIZADAS PARA A OTIMIZAÇÃO DO TRAJETO.
Parte I
Dist total Nó Origem Nó Destino Distância Quant. de vezes pecorrido Nós Entra Sai
10721 1 2 130 1 1 1 1
2 3 120 3 2 3 3
3 4 160 2 3 3 3
3 7 82 1 4 2 2
4 8 120 2 5 3 3
5 1 140 1 6 3 3
5 6 130 2 7 2 2
6 2 110 2 8 2 2
6 7 130 1 9 3 3
7 11 65 2 10 2 2
8 11 160 1 11 3 3
8 18 130 1 12 2 2
9 5 94 3 13 2 2
10 9 87 1 14 2 2
10 6 80 1 15 3 3
11 12 67 2 16 3 3
11 10 140 1 17 2 2
12 16 50 1 18 2 2
12 18 160 1 19 3 3
13 9 84 2 20 2 2
14 10 89 1 21 3 3
14 13 88 1 22 4 4
15 21 160 2 23 4 4
15 14 94 1 24 4 4
16 15 51 3 25 3 3
17 16 39 2 26 3 3
18 17 80 1 27 2 2
18 24 160 1 28 4 4
19 13 170 1 29 5 5
19 20 93 2 30 1 1
20 14 170 1 31 4 4
20 21 92 1 32 4 4
21 22 34 3 33 1 1
22 23 56 4
23 17 150 1
23 24 100 3
24 29 180 4
25 19 93 3
26 22 100 1
26 25 210 2
27 25 65 1
27 28 210 1
28 29 160 1
28 26 66 3
29 30 1 1
29 31 160 4
31 32 160 4
32 28 160 3
32 33 220 1
33 27 160 1
92
Parte II
93
Nós Entra Sai
1 4 4
2 4 4
3 4 4
4 4 4
5 2 2
6 2 2
7 3 3
8 3 3
9 3 3
10 3 3
11 2 2
12 4 4
13 2 2
14 1 1
15 2 2
16 3 3
17 3 3
18 3 3
19 2 2
20 3 3
21 3 3
22 3 3
23 3 3
24 2 2
25 2 2
26 3 3
27 2 2
28 2 2
29 1 1
30 2 2
31 5 5
32 1 1
94
ANEXO B – MAPA COM OS NÓS REFERENCIADOS.
Parte I
Parte II
95