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A Democracia e Seus Criticos Dahl Robert Resumo Sintese
A Democracia e Seus Criticos Dahl Robert Resumo Sintese
R.A. DAHL
RESUMO: O texto apresenta as idéias de A democracia e seus críticos de Robert Dahl, no qual
o autor objetiva traçar uma interpretação da teoria e da prática democráticas, voltando-se, em
especial, para os limites e possibilidades da democracia, buscando analisar os problemas mais
importantes apresentados pelos críticos da democracia. Assim, ele foca nas transformações
sofridas pela democracia, com o rompimento de estruturas e crenças anteriores e a superação
pelas instituições da poliarquia.
INTRODUÇÃO
Na obra A democracia e seus críticos, Robert Dahl objetiva traçar uma interpretação
da teoria e da prática democráticas, voltando-se, em especial, para os limites e possibilidades da
democracia, buscando analisar os problemas mais importantes apresentados pelos críticos da
democracia. Ele entende que tal interpretação só será satisfatória se tratar, de forma justa, dos
problemas mais importantes apresentados pelos críticos da democracia.
Assim, o autor foca nas transformações sofridas pela democracia, com o rompimento
de estruturas e crenças anteriores e a superação pelas instituições da poliarquia.
DESENVOLVIMENTO
Dahl conclui que o sistema de tripartição de poderes abrange as diferenças dos três
elementos e aponta o a representação como a solução para superar o limite de tamanho de
população do Estado para permitir a participação dos cidadãos. Com o escalonamento de
representação, surgiu uma complexa rede de organização estatal. -
Para a teoria filosófica do anarquismo, na medida em que todos são capazes e iguais, a
sociedade pode se organizar e se associar independentemente do Estado (associações
voluntárias). Os Estados são coercitivos e a coerção é intrinsecamente má e, por isso, os Estados
são inerentemente maus.[4] Sendo o estado mal, o indivíduo não lhe deve obediência. Em
resposta ao tal crítica, Dahl afirma que é possível haver coerção independentemente da
existência do Estado, sendo, portanto, um erro associar a coerção ao Estado. A coerção do
estado democrático é escolhida e por isso, racional. O Estado é um caminho sem volta e ainda
que não fosse necessário, é inevitável. Para o autor, o melhor estado possível seria aquele que
minimizasse a coerção e maximizasse o consentimento, dentro de limites definidos pelas
condições históricas e pela busca de outros valores, entre os quais, a felicidade, a liberdade e a
justiça.[5]
Para o autor o direito ao processo democrático não é meramente formal porque, para
que esse direito exista, também devem existir todos os recursos e instituições necessários a ele,
pois na medida em que estiverem ausentes, o próprio processo democrático não existirá.
Tampouco tal direito é meramente uma pretensão abstrata, pois uma pretensão a todos os
direitos gerais e específicos – morais, legais, constitucionais – são a ele necessários.[11]
Para tentar solucionar tais falhas de maneira racional, o autor busca apresentar modos
de correção do processo democrático para obter resultados substantivos desejáveis. Dentre eles
temos a tentativa de retificar decisões dentro de um sistema democrático e caso não seja possível
considerar a alteração de regime, buscar melhorar as imperfeições do próprio sistema, corrigir
falhas específicas por meio de um processo não democrático e, por fim, admitir um certo nível
de violação, desde que seja em um nível tolerável.[12]
Salienta o autor que a poliarquia é uma ordem política que se distingue das demais
porque a cidadania é extensiva a um número relativamente grande de adultos e os direitos de
cidadania incluem não apenas a oportunidade de opor-se aos funcionários mais altos do
governo, mas também de removê-los de seus cargos por meio de votos. [15] As instituições da
poliarquia estão intimamente ligadas ao exercício de direitos políticos. São elas: funcionários
eleitos, eleições livres, justas e freqüentes, liberdade de expressão, fontes de informação
diversificadas, autonomia para as associações, cidadania inclusiva.
a) 1776 – 1930: início com as revoluções francesas e americanas e fim com o término
da Primeira Guerra Mundial. As instituições que caracterizam a poliarquia evoluíram na
América do Norte e Europa, sendo, contudo, deficientes pelos padrões atuais (demos não
inclusivo). Pontos importantes: autoridades eleitas foram constitucionalmente investidas do
controle das decisões governamentais sobre as políticas públicas (criação de governos eleitos e
independentes de controle estrangeiro), voto secreto mas não universal (exclusão de grande
parte da população do sufrágio). Após o período inicial de crescimento, verificou-se crise em
algumas democracias européias (Itália, Polônia, Alemanha, Áustria e Espanha)
O controle das forças militares e policiais por líderes escolhidos pelo povo se explica
por dois fatores: o estado corrente da organização e das técnicas militares e a utilização de
meios adequados de controle civil. A primeira é uma condição histórica ampla que ajuda a
determinar as opções abertas aos líderes políticos durante um período historicamente específico
e possivelmente muito longo. A segunda é um conjunto de meios possíveis que os líderes
políticos podem decidir empregar, mais ou menos deliberada e intencionalmente para garantir o
controle civil.[20]
Mas não somente as poliarquias mais antigas sobreviveram, como também novas
poliarquias vieram a existir. A explicação desse fenômeno se deve também à domesticação da
coerção violenta. Os Estados democráticos utilizaram diversos meios para garantir que as forças
militares e policiais não fossem empregadas na destruição do domínio democrático. Ele pode
eliminar as capacidades coercitivas das forças militares ou policiais ou reduzi-las a uma virtual
insignificância, ou então pode dispersar o controle das forças militares ou policiais entre uma
multiplicidade de governos locais (controle local). É possível ainda que as forças militares
podem ser formadas por pessoas que compartilham das orientações civis e democráticas da
população em geral (serviço militar universal e temporário). Ou, por fim, a doutrinação de
soldados profissionais, particularmente dos oficiais, pode ajudar a garantir o controle civil por
parte dos líderes democráticos eleitos.
A dispersão cria vários grupos de pessoas que percebem umas às outras como
essencialmente similares nos direitos e oportunidades dos quais se julgam detentoras, ao mesmo
tempo, que desfoca ou muda freqüentemente as fronteiras que distinguem os membros de um
determinado grupo do outro. Tal sociedade oferece a um grupo excluído a oportunidade de
apelar à lógica da igualdade de modo a justificar sua admissão na vida política. Temos um
sistema de competição política dinâmico. Assim, é possível expandir os limites da cidadania,
sendo difícil frear a inclusão, e isso favorece o desenvolvimento da poliarquia.
A relação entre uma sociedade MDP e a poliarquia não é de causa e efeito, não sendo
esse tipo de sociedade nem necessária, nem suficiente para a poliarquia. Embora a sociedade
MDP não seja essencial para a poliarquia, suas características (dispersão do poder e a promoção
de atitudes favoráveis à democracia) são essenciais para a estabilidade da poliarquia em longo
prazo.
O consociacionalismo só pode ser bem sucedido em países onde outras condições que
favorecem a poliarquia estão presentes. As elites políticas precisam acreditar que os arranjos
consociacionais são altamente desejáveis e viáveis e elas devem possuir habilidades e os
incentivos para fazê-los funcionar e que é a alternativa a uma luta hobbesiana com
conseqüências desastrosas. A poliarquia muitas vezes fracassa em países culturalmente
segmentados nos casos em que os conflitos são tão agudos ou outras condições são tão
altamente desfavoráveis à poliarquia que não se consegue chegar a nenhum meio de
acomodação.
Mosca considera que existe sempre uma minoria que é detentora do poder em
detrimento de uma maioria que dele está privado. a originalidade da teoria das elites formulada
por Mosca, advém da preocupação em explicar que a classe dirigente (ou seja, os governantes)
constitui uma minoria detentora do poder pelo fato de serem mais organizados. Desse modo,
seja por afinidade de interesses ou por outros motivos, os membros da classe dirigente
constituem um grupo homogêneo e solidário entre si, em contraposição aos membros mais
numerosos da sociedade, que se encontram divididos, desarticulados e conseqüentemente,
desorganizados. Segundo ele, a elite no poder é organizada de tal modo que mantém a própria
posição, tutelando seus próprios interesses, para isso utilizando até mesmo os meios públicos à
sua disposição. Por este motivo, acredita que a democracia, é uma utopia construída para
legitimar e manter um poder que sempre está em mãos de poucos homens. Sustenta que o poder
só se reproduz por vias democráticas quando a oligarquia permite o ingresso dos membros de
qualquer classe social; existe uma reprodução do poder pela via aristocrática, mas a substituição
ocorre sempre no interior da elite.
Para Dahl, tais teorias apresentam um reflexo distorcido de uma realidade importante
sobre a vida humana. Não é possível refutar as teorias dado o seu grau de generalidade, sua
indeterminação conceitual e por serem excessivamente vagas. As desigualdades no poder
sempre foram uma característica universal das relações humanas, tendo a condição de igualdade
lockeana há muito nos espaçado.[24] O resultado é que mesmo nos países democráticos, os
cidadãos estão longe de ser iguais em seus recursos políticos ou em sua influência sobre os
cursos da ação política e sobre a conduta do governo do Estado. Na medida em que os cidadãos
numa poliarquia participam de assuntos políticos em termos claramente desiguais, a poliarquia
fica aquém dos critérios do processo democrático.
Conclui, por fim, que as teorias da dominação são incapazes de sustentar a afirmação
de que em todas as poliarquias uma minoria governante domina direta ou indiretamente o
governo do Estado. O que tais teorias fazem é dar um testemunho da extensão e da difusão da
desigualdade. Todavia, tal testemunho não é necessário para convencer que existem
desigualdades políticas nas poliarquias.
Os princípios gerais de justiça distributiva podem servir como pontos de partida, não
sendo necessário concordar quanto às escolhas em si, mas quanto a oportunidade de fazer
escolhas, arranjos, instituições, processo que promovam o bem estar dos indivíduos em número
suficientemente aceitável. O processo democrático é um requisito para a justiça distributiva pois
a oportunidade para alcançar os bens deve ser distribuída igualmente a todas as pessoas.
Diante das mudanças no cenário mundial relativas à expansão da escala das decisões
para além do Estado nacional, chegando a sistemas transnacionais de influência de poder, os
países democráticos terão que buscar novos modos de manter e fortalecer o processo
democrático. Nesse contexto, o demos dos países poderá sofrer redução considerável na sua
capacidade de controlar as decisões sobre as questões que lhe são relevantes.
CONCLUSÃO
Contudo, diante das mudanças no cenário mundial relativas à expansão da escala das
decisões para além do Estado nacional, chegando a sistemas transnacionais de influência de
poder, os países democráticos terão que buscar novos modos de manter e fortalecer o processo
democrático.
REFERÊNCIAS
DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012
NOTAS:
[1]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 34
[2]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 338
[3]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 36
[4]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 53
[5]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 76
[6]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 77
[7]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.122
[8]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, PP. 137 e 138
[9]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.138
[10]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.169
[11]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.277
[12]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.279
[13] Por poliarquia entende-se a democracia em grande escala e que abrange uma gama maior
de direitos para seus cidadãos, diferente das democracias grega e do século XV.
[14]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.346
[15]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.349
[16]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.372
[17]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.376
[18]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p.378
[19]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p 417
[20] . DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p384
[21]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 389
[22]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 396
[23]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 404
[24]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 430
[25]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, pp. 540 e 541
[26]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 541
[27]DAHL. Robert. A democracia e seus críticos. Trad. Patrícia de Freitas Ribeiro. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012, p. 543