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Volume 1
Salvador, Bahia
Sathyarte
2007
SUMÁRIO
PREFÁCIO 3
Prof a . Dr a . Albertina Mitjáns Martínez
CAPÍTULO 1 10
CRIATIVIDADE NA EDUCAÇÃO: UM BREVE PANORAMA
O QUE É CRIATIVIDADE?
PARA QUE SERVE A CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇAO SUPERIOR?
POR QUE A CRIATIVIDADE É IMPORTANTE NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM E QUAIS OS FUNDAMENTOS?
COMO DESENVOLVER E/OU ESTIMULAR A CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM?
COM QUE RECURSOS DIDÁTICO-MATERIAIS É POSSÍVEL DESENVOLVER E/OU
ESTIMULAR A CRIATIVIDADE?
ONDE ENCONTRAR A CRIATIVIDADE?
CAPÍTULO 2 27
PRÁXIS DA CRIATIVIDADE NO ENSINO SUPERIOR
POSSIBILIDADES CRIATIVAS DE PROFESSORES EM CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU
CAPÍTULO 3 41
FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES DE PÓS-GRADUAÇÃO PARA UMA
PRÁXIS CRIATIVA
CENÁRIO DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGENS CRIATIVAS
REFERÊNCIAS 55
PREFÁCIO
Fazer o prefácio de um livro é uma atividade muito prazerosa, porém muito difícil, já que,
queiramos ou não, de alguma forma, sempre implica em um processo avaliativo da obra e
indiretamente do trabalho do autor.
Li Ensaios da Criatividade com verdadeiro interesse tanto pelos assuntos que trata quanto
por apreciar o resultado do trabalho de uma pessoa jovem, cheia de energia e de ideias, que
constitui, ela mesma, uma expressão do tema do qual o livro trata: a criatividade.
Em linguagem clara e acessível, mas não por isso carente de rigor científico, a autora
transita por diversos temas, conceitos e autores até chegar a um ponto que considero merecer
especial destaque: a criatividade no ensino superior e, especificamente, nos cursos de pós-
graduação stricto sensu.
A produção científica sobre os processos de criatividade nos Programas de Pós-
Graduação stricto sensu é escassa, o que valoriza o interesse e o trabalho científico-acadêmico que
vem desenvolvendo a autora nessa direção. Como parte desse trabalho, destaca-se a pesquisa
descrita no livro sobre as possibilidades criativas para o trabalho pedagógico de professores de
um programa de pós-graduação stricto sensu assim como seus desdobramentos para o
delineamento do processo de profissionalização continuada. Uma pesquisa que, longe de ficar
apenas no nível descritivo do fenômeno em foco, tenta compreendê-lo em sua complexidade
constitutiva, uma vez que se converte em ponto de partida para o delineamento de ações
intencionais direcionadas a promover o desenvolvimento da criatividade no trabalho pedagógico
realizado no Programa, a partir de interessantes possibilidades de incorporação da dimensão
criativa e inovadora
A fundamentação da necessidade de se atingir maiores níveis de criatividade na formação
dos mestres e doutores tem sido um dos temas que trato no trabalho A Aprendizagem na Pós-
Graduação: um Estudo Exploratório. 1 Tendo em conta o papel dos mestres e doutores no
desenvolvimento da pesquisa científica e muito especialmente o lugar que ocupam na docência
nos níveis mais avançados de ensino, faz-se evidente a necessidade de mudanças significativas em
sua formação que contribuam para os câmbios almejados na situação educacional do país. Para
isto, a qualidade e a criatividade do trabalho dos docentes da pós-graduação, não apenas em sua
condição de professores, mas também em sua condição de orientadores acadêmicos, torna-se
imprescindível como o livro Ensaios sobre Criatividade aponta.
1 MITJÁNS MARTÍNEZ, Albertina; TACCA, Maria Carmen (Orgs.). A complexidade da aprendizagem: destaque ao
ensino superior. Campinas, SP: Alínea, 2009. No prelo.
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Também a obra sinaliza para elementos estruturais e subjetivos que limitam, mesmo que
não necessariamente impeçam, as possibilidades de um trabalho docente muito mais coletivo e
criativo por parte dos docentes dos programas de pós-graduação, entre eles algumas das
exigências dos órgãos reguladores da pós-graduação no Brasil, orientadas mais por aspectos
burocráticos e concepções quantitativas que pelo interesse real de promover a qualidade da
produção científica e do trabalho pedagógico dos docentes.
Com um tom moderado, crítico e criativo, o livro aborda questões de indiscutível
atualidade para todos os interessados no campo da criatividade e da educação. A paixão da autora
por estes temas nos regala um livro que promove a reflexão e estimula a ação criativa e inovadora
que a educação brasileira demanda.
O conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma
programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com
elaborações constantes de estruturas novas.
(Jean Piaget)
2 Tratando especificamente do âmbito de mestrado, vale ressaltar que este tem como objetivo habilitar uma
formação mais profunda, tanto no que se refere à preparação de professores para lecionar em nível superior
quanto para a promoção de atividades de pesquisa (CAPES, 2007).
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mesmo, que produza conhecimento e saiba relacionar suas experiências pessoais com o processo
de ensino-aprendizagem.
Frente a isso, verificamos que o stricto sensu, de modo geral, não tem efetivado um fazer
pedagógico coerente com o princípio de desenvolvimento humano integral, em que a
sensibilidade, subjetividade e criatividade sejam consideradas em suas devidas proporções.
Cifrada a finalidade da educação, será possível um processo de ensino-aprendizagem no stricto
sensu coerente com os princípios universais de uma educação que produza transformações
substanciais no ser humano.
Nesta perspectiva, perfilhamos a abordagem de Libâneo (2007) no tocante à necessidade
de pensar a educação em sua complexidade e com base em uma opção pedagógica que possa
enfrentar a realidade atual educativa, que se encontra imersa em crises e incertezas e exige daquele
que educa uma tomada de posição pela pedagogia, entendendo-a capaz de constituir sujeitos e
identidades enquanto portadores de diversas dimensões, tais como: física, cognitiva, afetiva,
social, ética, estética, situados em contextos socioculturais, históricos, e institucionais. Assim, na
concepção do autor, necessário se faz formar sujeitos preparados para sobreviver nesta
sociedade. Para isso, necessitam:
[...] da ciência, da cultura, da arte, precisam saber coisas, saber resolver dilemas, ter
autonomia e responsabilidade, saber dos seus direitos e deveres, construir sua dignidade
humana, ter uma auto-imagem positiva e desenvolver capacidade cognitivas para
apropriar-se criticamente dos benefícios da ciência e da tecnologia em favor do seu
trabalho, da sua vida cotidiana, do seu crescimento pessoal. (LIBÂNEO, 2007, p. 868-
869).
Podemos então afirmar, compactuando com a ideia do autor supracitado, que o ato
educativo é multifacetado, complexo e relacional. Por isso, devemos levar em conta, dentre
outros fatores, a subjetivação e a socialização, sem perder de vista a dimensão humanizadora da
prática educativa. Com base nessa tônica, justifica-se não só a permanência de muitas teorias
pedagógicas como o surgimento de outras tendências que favoreçam uma prática pedagógica
cada vez mais completa do ponto de vista do sujeito aprendente.
Deste modo, podemos verificar que as tendências pedagógicas/perspectivas da
modernidade estão presentes nas práticas pedagógicas dos dias atuais, de um modo geral, porém
outras vêm surgindo nos últimos 10 anos, a exemplo das propostas por Libâneo (2007), Mitjáns
Martínez (1997), Moraes (1997) e Morin (2004), ao lado de complementares compreensões
teóricas e outras formas de operacionalização relativas à concepção de seres humanos, da
sociedade e do processo de ensino-aprendizagem, com respectivas metodologias.
8
e/ou desenvolver sua inteligência em grau cada vez mais significativo e, com isso, ajudar-se a
descobrir e bem utilizar outras faculdades.
Antes de nos lançarmos ao desafio de trazer os indicativos de uma educação
fundamentada na criatividade, sentimos a necessidade de iluminar a seguinte questão: por que
buscar ser criativo? E ousamos indicar algumas respostas: porque não é possível viver
eternamente sem nos autoconhecer; pelas oportunidades de transformações significativas; porque
não é possível viver eternamente omisso, preguiçoso e/ou irresponsável.
Assim, entendendo que a criatividade advém daquele processo de integração humana que
promove as reformas, mudanças e/ou transformações indispensáveis ao despertamento,
construção e/ou desenvolvimento na organização do viver subjetivo do gênero humano,
estruturamos este livro em três capítulos.
No Capítulo 1, Criatividade na Educação – um Breve Panorama, abordamos as perspectivas
atuais e futuras da criatividade na educação, sob o olhar de diversos autores, procedemos a uma
discussão sobre a temática e traçamos um panorama de como ela tem sido pesquisada no país, até
o ano 2006, assim como desdobramos o objeto, finalidade, justificativa/fundamento, método,
recursos e fontes para a expressão da criatividade.
No Capítulo 2, intitulado Práxis da Criatividade no Ensino Superior, oportunizamos uma
reflexão de como acontece a criatividade na práxis do ensino superior, qual o papel da
criatividade na práxis do docente e do pesquisador-orientador, e ainda como produzir uma ação
criativa que impacte na práxis do docente e do pesquisador-orientador. Nessa configuração é que
trazemos o resultado da pesquisa de pós-doutorado, desenvolvida com o intuito de identificar as
possibilidades de práticas de ensino-aprendizagem criativas e inovadoras de professores de
programas de pós-graduação stricto sensu.
No Capítulo 3, Formação Continuada de Educadores de Pós-Graduação para uma Práxis Criativa,
apresentamos os desdobramentos empíricos da pesquisa realizada em cursos de pós-graduação
stricto sensu por Barreto e Mitjáns Martínez (2007). Destacamos a importância da formação
continuada de educadores de pós-graduação para uma práxis criativa, centrada na análise dos
estudos desenvolvidos em uma Instituição de Ensino Superior (IES).
Concluímos o trabalho, reconhecendo a importância da criatividade no processo de
ensino-aprendizagem na educação superior, em nível de pós-graduação stricto sensu, e a
necessidade de novas construções com base no Sistema Didático Integral.
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CAPÍTULO 1
CRIATIVIDADE NA EDUCAÇÃO: UM BREVE PANORAMA
3 Em função de apresentarmos as discussões sobre a criatividade e a educação no país, optamos pela delimitação de
estudo dos teóricos e pesquisadores brasileiros, ainda que no texto sejam citados autores estrangeiros, com o
propósito de favorecer a compreensão acerca da temática.
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Tabela 1. Quantidade de publicações científicas sobre criatividade por fonte de dados pesquisada.
Brasil, mar. 2006
4 Disponíveis em http://www.bvs-psi.org.br
12
(SC). Vale ainda ressaltar que uma das principais revistas que publica artigos sobre criatividade é
editorada em Brasília e está indexada no Sistema Qualis da Capes, nível nacional A.
Tabela 2. Distribuição estadual da publicação científica sobre criatividade por fonte de dados.
Brasil, mar. 2006
Lilacs 98 41 39 10 9 2 1 26 6 26 16 274
Textos Completos
PEPsic 2 - - - - - - - - - - - 2
Scielo 6 1 - 4 7 - - 2 - 1 - - 21
Nota 1: Os artigos da Index Psi de divulgação científica não foram registrados porque são publicações comerciais, sem
aprofundamento acadêmico.
Nota 2: Artigos publicados em periódicos estrangeiros que estavam relacionados na base de dados.
Fonte: BVS-Psi; Scielo.
Ao tratar de quais grupos de pesquisa estão trabalhando, tendo a criatividade como eixo,
mais uma vez, verificamos que a região sudeste possui o maior número de grupos cadastrados do
Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), seguida, respectivamente, pela região Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
Isso evidencia a necessidade de investimentos para apoiar a consolidação da pesquisa e da
publicação científica em outras regiões do país que possuem menor número de programas de
pós-graduação stricto sensu e menor incentivo das agências de fomento federais e estaduais.
Tabela 3. Quantidade de grupos de pesquisa cadastrados no CNPq por regiões brasileiras. Brasil,
2006
Assim, após breve análise das pesquisas publicadas e sua inserção no contexto brasileiro,
convidamos os educadores-pesquisadores a direcionarem o olhar para a criatividade numa
perspectiva educacional, buscando respostas para as seguintes indagações: o que é criatividade?
para que serve a criatividade no processo de ensino-aprendizagem? por que a criatividade é
importante no processo de ensino-aprendizagem? como desenvolver e/ou estimular a
criatividade? com que recursos didáticos/materiais é possível desenvolver e/ou estimular a
criatividade? onde encontrar a criatividade?
Observamos, portanto, que os impactos da criatividade na vida cotidiana são desafiadores
e, em função da especificidade desta publicação, dedicaremos atenção especial à dimensão
educacional, particularmente ao estado de arte da criatividade, com base nas referidas questões
norteadoras, para, em seguida, direcionarmos o olhar para o nível de pós-graduação stricto sensu.
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O QUE É CRIATIVIDADE?
Criatividade alguma é produto, mas sim origem; mas não é opção e sim aptidão.
(Jair Tércio)
5 Mauro Rodríguez Estrada era doutor, pioneiro, no México, no ofício da criatividade. Teve uma ampla e variada
trajetória docente e numerosos livros publicados na Europa e no México.
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ideia. O segundo representa uma ideia psicologicamente criativa e que ninguém nunca teve em
toda a história da humanidade (MITJÁNS MARTÍNEZ, 1997).
Essa percepção da criatividade relacionada a algo novo e valioso é assumida por diferentes
autores, a exemplo de Mitjáns Martínez (1997, 2003, 2004), Stein (1974), Thurler (2001) e
Wechsler (2002). Entretanto, tal afirmação indica duas indagações importantes: novo para quem?
valioso para qual cultura?
Com essas considerações, a novidade precisa ser analisada sobre a perspectiva de que pode
ter utilidade social, ou seja, aquela que cada um descobre e é totalmente nova para todos; e a
novidade individual é aquela que é nova apenas para um indivíduo. Estrada (1992), porém, afirma
que a criatividade, enquanto qualidade humana, é um fator psicológico e, portanto, deve ser
estudado desde o ponto de vista dos sujeitos implicados. É novo o que ocorreu a um indivíduo e
o que ele descobriu, e não importa que, em outro lugar do mundo, outra pessoa tenha chegado
ao mesmo resultado.
A apresentação de dois pontos de vista diferentes remete-nos a salientar que isso não
significa dicotomia entre o indivíduo e a sociedade, mas evidencia a dialética existente entre eles,
pois, ao mesmo tempo, o valor da invenção ou do inventor depende de características culturais
aliadas ao tempo histórico.
Nesse contexto, cabe a ressalva do conceito de criatividade discutido no bojo da teoria de
Mitjáns Martínez (1997), a partir de algumas considerações:
6 A consideração de que a criatividade é possível, entre outros fatores, pela existência no sujeito de um conjunto de
recursos de natureza afetivo-cognitiva que possibilita a regulação de seu comportamento criativo (MITJÁNS
MARTÍNEZ, 1995).
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7 “Utilizaremos a expressão configuração criativa para aludir à integração para dinâmica dos elementos personológicos
que intervêm na expressão criativa do sujeito. Não se trata de uma configuração personológica dada seja criativa
por si mesma. Enfatizamos que é um termo utilizado para designar aquela configuração específica de recursos
personológicos sobre os quais se apoia a expressão criativa do sujeito. Assim entendida, a configuração criativa do
sujeito não equivale a sua configuração personológica, posto que constitui uma expressão específica daquela
relacionada com sua expressão criativa.” (MITJÁNS MARTÍNEZ, 1995, p. 82).
8 A Teoria da Subjetividade de González Rey (2005) constitui uma expressão do paradigma da complexidade na
psicologia, cuja gênese encontra-se no pensamento dialético, expresso no enfoque histórico-cultural do psiquismo
humano, fundamentalmente no pensamento germinal de seus fundadores, Wygotsky e Rubinstein.
9 Unidade constituinte da subjetividade que integra aspectos simbólicos, significados e emoções em uma nova
organização (GONZÁLEZ REY, 2002).
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Assim, o ensino superior necessita transcender o estigma de que seu dever é a transmissão
do conhecimento, e passar a incluir a dimensão criativa dos educandos, pois a humanidade, com
suas dores e horrores, tem demonstrado o fato de que pouco temos criado, tornando-nos, até que
se prove o contrário, reprodutores de conhecimentos já consolidados historicamente. Esta
postura na formação de profissionais como reprodutores do conhecimento acaba refletindo na
sociedade, pois tende a formar seres humanos desmotivados, inertes, acríticos, sem objetivos,
assim como acomodados pela falta de criatividade em buscar novos caminhos ou identificar
novas e valiosas possibilidades.
A partir dos estudos da produção acadêmica de Mitjáns Martínez (1997, 2002, 2003, 2004),
cabem reflexões mais profundas da relação criatividade versus sociedade.
Inicialmente, a autora considera que, em virtude do progresso e da complexidade que a
humanidade alcançou nas artes, na tecnologia e na ciência, há a necessidade de desenvolver as
potencialidades criativas do ser humano como continuador e potencializador dessas conquistas,
como expressão de seu próprio autodesenvolvimento. Na concepção da autora, “[...] para que o
autodesenvolvimento ocorra, necessário se faz educar a personalidade [...]” (MITJÁNS
MARTÍNEZ, 1997, p. 141-142), haja vista o caráter personológico da criatividade. Nesse sentido,
buscamos o desenvolvimento dos principais elementos psicológicos, considerados por Mitjáns
Martínez (1997) como essenciais na regulação do comportamento criativo:
a) motivação;
b) capacidades cognitivas diversas, especialmente, as de tipo criativo;
c) autodeterminação;
d) autovaloração adequada, segurança;
e) questionamento, reflexão e elaboração personalizadas;
f) capacidade para estruturar o campo de ação e tomar decisões;
g) capacidade para propor-se metas e projetos;
h) capacidade volitiva para a orientação intencional do comportamento;
i) flexibilidade;
j) audácia.
Um líder deve colocar à disposição do seu grupo, o todo de sua capacidade, ainda
que expressa pela espontaneidade, criatividade e/ou racionalidade.
(Jair Tércio)
É sabido pelos educadores comprometidos com uma prática pedagógica criativa, que a
criatividade é essencial na formação e no fazer dos educadores, implicando, diretamente, nas
dimensões do saber, sentir e ser dos educandos.
Tratando especificamente de educandos de nível superior e considerando que o ensino
superior traz consigo o estigma de não incentivar o pensamento criativo, a pesquisa realizada por
Alencar e Fleith (2004) envolveu o desenvolvimento de um inventário de práticas docentes, com
o objetivo de avaliar a percepção de estudantes universitários sobre as reais atividades
desenvolvidas e a conduta profissional que estimulava o desenvolvimento da criatividade. A
análise foi desenvolvida com base em quatro fatores: incentivo a novas ideias; clima para
expressão de ideias; avaliação e metodologia de ensino; interesse pela aprendizagem do educando.
Os indicadores de conteúdo desses fatores consideram inúmeros elementos, dentre os
quais sinalizamos: gosto dos educandos pela descoberta de novos conhecimentos, realização de
perguntas desafiadoras que motivem os educandos a pensar e raciocinar, estímulo da iniciativa,
promoção de autoconfiança, apresentação de pontos de vista divergentes sobre o mesmo tema de
estudo, promoção do debate, valorização de ideias originais, criação de um ambiente de respeito e
aceitação das novas ideias, escuta com atenção das intervenções dos educandos, conduta com
senso de humor em sala de aula, utilização de metodologias e recursos diversificados, realização
de avaliações de formas diferentes, apresentação para a discussão de exemplos práticos que
possam ilustrar o conteúdo, demonstração de entusiasmo pelo conteúdo que ensina, retorno para
os educandos do rendimento.
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[...] os professores que se destacam por seus níveis de criatividade em sua atividade
profissional possuem uma maior sensibilidade para a inovação e a mudança, o que lhes
permite perceber com maior clareza as possíveis expressões de criatividade de seus
alunos em sala de aula, ser mais tolerantes com muitos comportamentos vinculados à
expressão criativa e ter maior disposição para investir tempo e esforço em ações que
estimulem o desenvolvimento da criatividade.
a) o meio ambiente, pois uma atitude criativa envolve um ambiente de aceitação mútua e de
convivência;
10 O Sistema Didático Integral foi proposto e executado pela Profª Drª Albertina Mitjáns Martínez, na década de
1980, com base em experiências práticas realizadas criativamente em cursos de graduação, nas áreas de ciências
biomédicas e humanas na Universidade de Havana (Cuba), e continua sendo praticado até os dias atuais, em suas
experiências ricas, belas e significativas como docente, pesquisadora e conferencista internacional.
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pois, que a criatividade é também a capacidade que possui um ser humano de favorecer a
brevidade da solução de certos problemas, bem como de produzir atos tão ricos quanto úteis, tão
belos quanto valiosos e tão significativos quanto apropriados, em função das necessárias e
racionalmente justificáveis transformações, tanto individuais quanto sociais do gênero humano,
especialmente por meio da educação. Afinal, a criatividade faculta ao ser humano a realização e,
porque não dizer, a autorealização enquanto ser individual e social.
Deste modo, confirmando o que as pesquisas revelam, a dinâmica da prática educativa, em
tempos atuais, convida-nos a buscar uma nova estratégia de pensamento, de organização de
ideias, de formulação de conceitos e mudança de percepções.
É importante considerar que o clima criativo na instituição escolar é fundamental, pois o
sistema de comunicação, cuja especificidade favorece o desenvolvimento da criatividade,
possibilita centrar o processo docente no educando, respeitar a individualidade, individualizar o
processo de ensino-aprendizagem, dar liberdade e proporcionar segurança psicológica. Assim, a
comunicação criativa educador-educando, a relação grupal criativa e um clima criativo numa
instituição educativa são fatores essenciais para o desenvolvimento da criatividade. Para tanto,
necessita-se criar cada vez mais estratégias de motivação, além de ambientes propícios para o
estímulo de atividades que favoreçam a criatividade no processo de ensino-aprendizagem.
CAPÍTULO 2
PRÁXIS DA CRIATIVIDADE NO ENSINO SUPERIOR
Aqueles que se apaixonam pela prática e abrem mão da teoria são como capitães que
levam um navio sem timão e sem bússola; eles nunca estarão seguros sobre a rota
seguida. A prática sempre deve estar edificada sobre uma boa teoria.
(Leonardo da Vinci)
Fica então evidente o imenso desafio do docente do ensino superior, primeiro para
conceber que a criatividade deve estar presente na práxis do ensino superior; segundo, reconhecer
qual o papel da criatividade na práxis do docente e do pesquisador-orientador; e terceiro,
investigar como produzir uma ação criativa que impacte em sua práxis como docente e/ou
pesquisador-orientador.
29
[...] tudo se vai, tudo volta, eternamente gira a roda da existência. Tudo
morre, tudo ressurge, eternamente passa o ano da existência. Tudo se parte,
tudo de novo se une, eternamente se edifica na mesma casa da existência.
Tudo se separa e tudo volta a unir-se; sempre fiel a si mesmo é o elo da
existência. A todo o momento a existência recomeça, em torno de cada bola
gira a bola lá. O centro está em toda parte. Tortuosa é a senda da eternidade.
(Nietzsche)
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A criatividade não é uma opção, mas aptidão; eis que, aquele que hoje é
considerado excêntrico por suas idéias ou realizações inovadoras, amanhã,
depois de popularizá-las, possivelmente, será considerado gênio.
(Jair Tércio)
Apresentamos os resultados da pesquisa realizada entre 2005 e 2006, que teve como
objetivo identificar as possibilidades de professores de cursos de pós-graduação stricto sensu em
tornar sua prática educativa e orientação acadêmica um processo de ensino-aprendizagem criativo
e inovador. As entrevistas com quatro pesquisadores e também professores foram realizadas
durante um período de cinco meses (primeiro semestre de 2006). 12
As informações geradas proporcionaram a categorização de 3 dimensões para análise,
conforme expressam os objetivos específicos: elementos que se destacam na configuração
subjetiva dos sujeitos; recursos subjetivos que facilitam ou dificultam o trabalho pedagógico
criativo na pós-graduação; e concepções de criatividade com possível aplicação a seu trabalho
pedagógico.
Para exemplificar as dimensões citadas, serão apresentados trechos de informações geradas
pelos instrumentos. Vale dizer que as informações analisadas indicam uma compreensão
embrionária acerca da criatividade e seu consequente impacto no trabalho pedagógico dos quatro
professores, a partir de suas próprias experiências pessoais e profissionais.
Observamos, ao analisar os elementos que se destacam na configuração subjetiva dos
quatro professores, evidentes nos fragmentos de seus depoimentos expostos na sequência.
“Eu sempre fui a melhor aluna em toda a minha trajetória. Eu nunca aceitei tirar menos de
oito, tirar menos de nove.” (ESE, Professor 1).
“Então essa coisa de docência sempre esteve presente, embora eu sempre dissesse que não
gostava de ser professora como a minha mãe é; porque, na verdade, hoje eu não saberia
fazer outra coisa. Eu adoro ser professora! Eu adoro esse lugar.” (ESE, Professor 3).
“Eu sou tudo o que os meus orientadores não foram... então eu aprendi com eles a não
fazer coisas que eu acho que não deveria. Então eu consigo estabelecer, pelo menos, não
sei se eles [os alunos] enxergam assim, o diálogo, a parceria, a interlocução, num clima de
afetividade. É inevitável, por parte deles, estarem contando comigo.” (ESE, Professor 3).
2) perfil flexível para novas aprendizagens, anunciado, por exemplo, desde o momento em
que todos aceitaram participar como sujeitos da presente pesquisa, bem como pelas evidências de
busca de superação de limites, de demanda contínua de novos saberes;
“Sinto-me desafiado quando... tem coisas novas para conhecer.” (CF, Professor 1).
“O que faço melhor... é me esforçar para aprender as coisas.” (CF, Professor 4).
“Esforço-me diariamente... para ser coerente, para aprender com a vida e com as
oportunidades que ela me dispõe.” (CF, Professor 4).
“Um aluno... é sempre uma oportunidade de aprender e de ensinar.” (CF, Professor 4).
“Meus estudos... fazem parte da minha vida e quero fazê-los sempre [...] A leitura... é minha
amada companheira [...] Minha produção científica... é contínua.” (CF, Professor 1).
“Eu gosto de... ler [...] Eu seria mais criativo se... eu tivesse mais tempo para investir em
leituras [...] Meus estudos... estão seguindo a trajetória que desejo [...] A leitura... é
sedutora.” (CF, Professor 3).
“Hoje, eu analiso minha preocupação com o meu aluno não somente no campo de ensinar,
mas também na dimensão do aprender.” (ESE, Professor 2).
“[o que me agrada é] dar aula, estar com os meus alunos, falar sobre os meus projetos e
executá-los.” (TEM, Professor 3).
“No diálogo do dia a dia na sala eu sempre tenho dois momentos: um momento onde a
gente faz algumas colocações e outro no qual eu amplio para que eles se coloquem, se
posicionem e criem;” (ESE, Professor 2).
Após análise dos elementos que se destacam na configuração subjetiva dos quatro
professores foram percebidas correlações com os possíveis recursos subjetivos que facilitam ou
dificultam o trabalho pedagógico criativo na pós-graduação.
No que se refere aos recursos subjetivos facilitadores, identificamos:
1) forte motivação pelo trabalho docente, impactando na criação de atividades que não só
favoreçam melhor aprendizagem por parte dos estudantes, mas também sejam úteis para as
pessoas, numa atitude pró-social (três dos professores);
“[...] a aula fica muito agradável, lúdica e, ao mesmo tempo, continuo discutindo o assunto.
Eu vario muito. Eu nunca faço duas exposições na mesma noite.” (ESE, Professor 1).
“Eu uso o lúdico para ensinar os alunos a elaborarem projetos.” (ESE, Professor 2).
“A gente está sempre procurando fazer atividades para atender a demanda das pessoas.”
(ESE, Professor 3).
“[...] eu sempre tive em mente que as minhas metas, eu tinha que atingir.” (ESE, Professor
2).
“Motivo-me a criar quando... interpõem-se desafios, sou até mais criativo em função dos
desafios.” (CF, Professor 4).
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“[...] entendo a criatividade como sinônimo de lúdico e dinâmicas de grupo [...] Cada aula
eu invento uma coisa. Considero que a dinâmica na sala é uma coisa que sempre excede a
minha expectativa, pois eu verifico o quanto eles gostam.” (DC, Professor 2).
“Eu seria mais criativo se... eu tivesse mais tempo para investir em leituras.” (CF, Professor
3).
“[...] o trabalho pedagógico de caráter inovador, criativo exige tempo, exige mais trabalho,
maior competência, maior capacidade do professor, até no sentido de que cada aluno é um
universo, cada grupo tem sua especificidade, suas peculiaridades.” (ESE, Professor 4).
Percebemos ainda que não só os elementos que caracterizam a configuração subjetiva dos
professores influenciam dialeticamente a existência dos recursos facilitadores ou dificultadores
para o trabalho pedagógico criativo, mas também se correlacionam com as próprias concepções
de criatividade dos professores, evidenciando a importância que eles conferem a esse processo no
trabalho pedagógico.
Quando buscamos compreender as concepções de criatividade dos professores, verificamos com a
maioria dos sujeitos:
“[...] de uma forma bem simplista, bem rasteira, criatividade é a capacidade mesmo de
solucionar determinados problemas que emergem.” (ESE, Professor 3).
“Ser criativo é... inventar, ter coragem de ser.” (CF, Professor 1).
“Motivo-me a criar quando... desafiado sempre e eu sempre me desafio.” (CF, Professor 2).
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“[...] criatividade para mim, eu penso em arte. Eu fico pensando idéias de como tornar o
processo mais interativo, mais dinâmico, mais sedutor, menos enfadonho, e menos chato.”
(ESE, Professor 3).
“Eu sempre vejo a criatividade a partir de desafios. Rotina nunca leva a criatividade.”
(TEM, Professor 2).
“Eu acredito que frente aos desafios da vida, sejam pequenos, médios ou grandes, a
dimensão criativa é exigida.” (ESE, Professor 2).
“Ser criativo é... buscar diferentes caminhos para soluções de problemas do cotidiano.”
(CF, Professor 3).
“Ser criativo é... ser capaz de solucionar situações, problemas, desafios; é ser útil
socialmente.” (CF, Professor 4).
“Motivo-me a criar quando... sou mobilizada pelo objeto.” (CF, Professor 3).
“Motivo-me a criar quando... interpõem-se desafios, sou até mais criativo em função dos
desafios.” (CF, Professor 4).
“Um aluno... é alguém que pode me ensinar também.” (CF, Professor 1).
“Meu maior prazer... é ver meus alunos crescendo.” (CF, Professor 1).
2) demonstração de bom vínculo relacional com os orientandos, ainda que um deles tenha
sido muito exigente;
“Eu sou rígido comigo mesmo, mas eu acho que é o nosso papel: orientar e exigir, dando
suporte, até mesmo, afetivo, nas interlocuções.” (ESE, Professor 3).
“Então, na verdade, esse papel de orientador não é ver o que o aluno pode ou deve fazer,
mas ajudar para que esse aluno entenda as possíveis escolhas que está fazendo.” (ESE,
Professor 4).
“Acho que a primeira coisa para mim, no processo de orientação, é eu estabelecer com esse
orientando um vínculo afetivo.” (ESE, Professor 1).
“Eu sempre coloco os meus orientandos em contato, pois eu procuro fazer com que eles
trabalhem com o mesmo tema, para auxiliar a troca de experiências entre eles.” (ESE,
Professor 2).
Afinal, a criatividade faculta ao ser humano a realização e, porque não dizer, a autorealização
enquanto ser individual e social.
Apesar do incremento da produção científica sobre criatividade e inovação, estas ainda não
constituem valores reais na maioria das instituições educativas. Isso se expressa com clareza na
defasagem entre o discurso aceito, em que a criatividade é valorizada, e a realidade, em que a
criatividade não consegue, salvo exceções, expressões significativas. Por isso, recomendamos que
estudos sobre criatividade sejam fortalecidos até que a teoria consiga tornar-se realidade no
contexto educacional, sobretudo da pós-graduação stricto sensu.
Confirmou-se, ao final, a possibilidade real de trabalhar com os docentes para a
implementação de uma prática pedagógica e orientação acadêmica pautadas nos pressupostos da
criatividade e inovação, por meio de um programa permanente de formação continuada, a ser
desdobrado no próximo capítulo.
41
CAPÍTULO 3
FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES DE PÓS-GRADUAÇÃO PARA
UMA PRÁXIS CRIATIVA
Sem dúvida, a pessoa criativa precisa conhecer o seu assunto; o bioquímico deve saber
bioquímica, o dançarino os seus passos; não obstante, na educação tem havido
tendência para exagerada concentração no pensamento correto e mínima na
originalidade [...]
(Kneller)
[...] não é possível pensar o processo da aprendizagem fora de uma relação entre
pessoas, cujo eixo não seja o processo dialógico. Entende-se que a participação ativa em
sala não está na sequência das ações empreendidas, mas na possibilidade de as pessoas
que compartilham esse espaço expressarem seus pensamentos e ouvirem a
Ensinagem é o termo adotado por Anastasiou e Alves (2007) para indicar uma prática social complexa efetivada
13
entre os sujeitos – professor e aluno –, englobando tanto a ação de ensinar quanto a de apreender, em processo
contratual, de parceria deliberada e consciente, para o enfrentamento na construção do conhecimento, resultante
de ações efetivadas na e fora da sala de aula. Trata-se de uma ação de ensino da qual resulte a aprendizagem do
estudante, superando o simples dizer do conteúdo por parte do professor, pois é sabido que, na aula tradicional,
que se encerra numa simples exposição de tópicos, só há garantia da citada exposição, e nada se pode afirmar
acerca da apreensão do conteúdo pelo aluno.
42
exigir que o exercício do magistério superior deva ser realizado em nível de pós-graduação,
prioritariamente em programas de mestrado e doutorado (BRASIL, 2007).
Este redirecionamento do foco foi creditado ao entendimento de que o ensino de pós-
graduação é o principal veículo para a criação de novos conhecimentos, que envolve não só a
transmissão de experiências, mas também assume o papel de desenvolver a ciência e a tecnologia
em prol do bem-estar social. Entretanto, o que temos verificado é que não é perceptível o
cuidado com a formação dos saberes pedagógicos inerentes ao exercício docente, associado ao
direcionamento dos programas de pós-graduação brasileiros para a formação de pesquisadores
em suas respectivas áreas de trabalho, ainda que existam atividades obrigatórias de tirocínio
docente. 14
Especificamente sobre este assunto, cabe anunciar as considerações de Pimenta, Anastasiou
e Cavallet (2003, p. 273):
A LDB não concebe a docência universitária como um processo de formação, mas sim
como de preparação para o exercício do magistério superior, que deverá ser realizada
prioritariamente (não exclusivamente) nos cursos de pós-graduação stricto sensu. Nestes,
ou mesmo nos cursos de pós-graduação lato sensu, em geral, essa preparação vem
ocorrendo por meio de uma disciplina de 45 a 60 horas, com diferentes características
[...] a legislação educacional brasileira continua referindo-se à docência universitária de
forma apenas cartorial ao exigir títulos de mestrado e doutorado.
Esse cenário tem feito com que o exercício da docência restrinja-se à responsabilidade das
iniciativas individuais de cada profissional, criando uma cultura de prestígio da atividade de
pesquisa em detrimento da docência. Assim, levou a uma visão estereotipada da atividade
docente, como se as atividades de ensino e pesquisa fossem dissociadas. Isto porque, na
conjuntura atual, o professor da pós-graduação stricto sensu é avaliado como bom profissional e
importante para seu programa de pós-graduação, não raro por sua capacidade de produção
intelectual, ou melhor, pela quantidade de livros e artigos publicados, de preferência em
periódicos indexados pelo sistema de classificação nacional e internacional da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Nessa perspectiva, não se diferencia o bom professor do bom orientador, do bom
pesquisador. Geralmente, exige-se polivalência do profissional, que nem sempre consegue
atender a todos os requisitos simultaneamente, tendendo colocar a docência em segundo plano.
Dessa forma, interessa-nos repetir um questionamento levantado por Moreira et al. (2004, p. 32),
ao avaliar a pós-graduação brasileira: “[...] um cientista, concentrando suas energias basicamente
14 Vale esclarecer que essa afirmação é voltada para os programas de pós-graduação stricto sensu de caráter acadêmico.
44
em escrever e publicar textos em revistas indexadas, de que espaço e tempo dispõe para refletir e
aprimorar a transmissão do conhecimento pela interação com seus alunos?”
Uma vez que o sistema está mais orientado para a pesquisa do que para o ensino, é
indiscutível que seja necessária a compreensão de que a docência é, como diz Anastasiou (2002,
p. 175), “[...] uma nova profissão que dependerá dos saberes da área que já trazemos, mas
também dos saberes próprios à profissão de professor”, aos quais podemos acrescentar a
criatividade como elo entre a relação aluno-professor. Afinal,
[...] a ação criativa do professor em sala de aula demanda não só sua capacidade de
elaborar atividades inovadoras que permitam atingir os objetivos educativos de forma
mais eficiente, mas também demanda habilidades comunicativas que lhe permitam criar
um espaço comunicativo que se constitua no espaço onde as atividades podem fazer
sentido para o desenvolvimento da criatividade. (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2003, p. 32).
Neste ponto, ressaltamos a teoria da subjetividade, anunciada por González Rey (2003),
que se orienta para a apresentação da subjetividade, que se manifesta na dialética entre o
momento social e o individual, este último representado por um sujeito implicado de forma
constante no processo de suas práticas, de suas reflexões e de seus sentidos subjetivos.
É exatamente com base na concepção de uma teoria histórico-cultural da subjetividade que
destacamos o sujeito como um ser que age, interage e transforma dialeticamente a sociedade na
qual está inserido. González Rey (2003, p. 235) afirma:
Anastasiou (2002), Anastasiou e Alves (2007), Nóvoa (2001), Nóvoa et al. (2003) e
Pimenta, Anastasiou e Cavallet (2001) anunciam o valor dos processos sistemáticos de
formação/profissionalização continuada 15 de professores, considerando as demandas de novas
metodologias, discussões teóricas atuais, visando contribuir para transformações urgentes no
processo de ensinar, aprender, apreender e sentir, indo além do cumprimento de tarefas
concretas e pontuais.
A ação dos educadores, por sua vez, não se restringe à aquisição de técnicas, domínio de
determinados conhecimentos e metodologias, numa dimensão estática, mas envolve um processo
de construção e reconstrução, favorecendo reflexões mais ampliadas acerca dos afazeres no dia a
dia e novas ações sobre a práxis docente. Até porque, conforme Cunha (1999, p. 145): “[...] se a
competência técnica é indispensável, ela é apenas uma das vertentes dos saberes do professor
[...]”
A mera satisfação diante da titulação já alcançada, nesse contexto, tende a silenciar a
necessidade de uma profissionalização continuada como um processo que faz parte da atividade
docente e que viabiliza reflexões sobre o fazer pedagógico, a partir das trocas, nas relações que
15 Concordamos com Anastasiou e Alves (2007) ao atribuírem o conceito de Profissionalização Continuada às ações
institucionais que visam possibilitar aos profissionais universitários, oriundos de formações específicas em
diferentes áreas, se profissionalizarem na docência, e que vêm sendo construídas de diferentes formas. “É histórico
na configuração do docente universitário haver ‘dormido profissional de uma área específica e acordado professor’,
como se a docência não fosse uma profissão a ser apreendida, com quadro teórico-prático próprio e específico a
ser apropriado.” (ANASTASIOU; ALVES, 2007, p. 61).
46
estabelecem com outros profissionais, nas tentativas didáticas, nos acertos e erros, nas leituras,
nos confrontos com outros autores e outras práticas.
Para Isaia (2003, p. 248):
Mitjáns Martínez (1997) e Chamlian (2003) identificam falta de capacitação por parte de
professores quanto à concepção do papel de uma metodologia de ensino criativa, o que impacta
diretamente em sua práxis docente. Isaia e Bolzan (2007), por sua vez, diferenciam o conhecimento
pedagógico geral, que inclui as reflexões e práticas das estratégias de ensino e dos propósitos
educacionais, do conhecimento pedagógico do conteúdo, que reflete o conhecimento específico da
formação acadêmica em uma área do conhecimento.
Sendo assim, a construção da identidade docente, preocupada com a dimensão criativa,
contempla a integração de fatores histórico-culturais, afetivos, cognitivos e espirituais numa
dimensão de análise subjetiva, uma vez que a titulação acadêmica e a produção intelectual,
isoladamente, não conseguem garantir. Precisa, sobretudo, da motivação e interesse do docente
em manter-se envolvido em constantes ações de formação pedagógica geral.
Felizmente, os professores doutores de curso de pós-graduação stricto sensu, sujeitos da
pesquisa anunciada (BARRETO; MITJÁNS MARTÍNEZ, 2007), reconheceram, por si próprios,
a necessidade de um novo fazer pedagógico, mediante a reconstrução permanente dos saberes,
com vistas à formação de mestres cada vez mais criativos, competentes e habilitados para o
exercício profissional, o qual inclui a docência.
Nesse contexto de análise, a pesquisa citada no Capítulo 3, desenvolvida por Barreto e
Mitjáns Martínez em 2005-2006, apresenta seu ineditismo ao suscitar três possibilidades factíveis
de incorporação da dimensão criativa e inovadora nos cursos de pós-graduação, as quais
consideramos bases importantes de reflexão acerca do processo de profissionalização continuada
dos professores de pós-graduação stricto sensu, como meio para a aprendizagem de uma práxis
cada vez mais criativa.
Neste sentido, cabe indagar: como promover processos permanentes de aprendizagem de uma práxis
criativa, por parte de docentes, especialmente da pós-graduação stricto sensu? Destacamos a
profissionalização continuada na pós-graduação como uma ação viável e fundamental em prol de
um processo de ensinagem pautado nos pressupostos da criatividade.
47
É sabido que, em seu confronto com a prática e com as condições e exigências concretas
da profissão, os professores vão continuamente produzindo saberes específicos, conhecimentos
tácitos, pessoais e não-sistematizados que, relacionados com outros tipos de conhecimento,
passam a integrar sua identidade de professor, constituindo-se em elementos importantes nas
práticas e decisões pedagógicas, inclusive renovando sua concepção sobre ensinar e aprender. Daí
a importância de criar oportunidades para que os professores falem e reflitam sobre sua práxis,
compartilhando os desafios vividos, as alternativas de superação adotadas, na perspectiva de
construir e consolidar uma identidade pedagógica integradora para a atividade educativa.
Nesse contexto, cabe aos educadores encontrarem o caminho para a superação dos limites
que ora se apresentam no cotidiano pedagógico rumo a um processo de ensinagem cada vez mais
novo e valioso, enfim criativo. Afinal, é sabido pelos educadores comprometidos com uma práxis
pedagógica diferenciada, ou melhor integrada, que a criatividade é essencial no cotidiano
educacional, por conseguinte, nas dimensões do saber, sentir e ser dos alunos.
Considerando que a aprendizagem é um fenômeno complexo e, portanto, envolve aspectos
cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais, culturais e espirituais é válido ressaltar que o
aluno é motivado a envolver-se nas atividades de aprendizagem caso acredite que, com seus
conhecimentos, talentos e habilidades poderá adquirir novos conhecimentos, dominar um
conteúdo, melhorar suas habilidades.
A partir de então, o desenvolvimento e/ou estímulo da criatividade no contexto da IES
depende de um conjunto de fatores que possam criar condições, mas que depende
substancialmente do compromisso da IES e dos educadores com seus mecanismos para mediar o
processo de ensino-aprendizagem.
Assim, em harmonia com os pressupostos teórico-metodológicos de Garcia (1999), Mitjáns
Martínez (1997) e Zabalza (2004), concordamos que o processo de profissionalização continuada
de professores — nesse caso, focamos na pós-graduação stricto sensu — demanda a criação de um
grupo de trabalho institucional responsável por atividades formativas de capacitação pedagógica
permanente, bem como um espaço para institucionalização de um fórum de reflexões, avaliações
e autoavaliações que seja sustentável, organizado e sistematizador de ações pedagógicas.
Nesta direção, a partir da realização da pesquisa (BARRETO; MITJÁNS MARTÍNEZ,
2007), identificamos que o Sistema Didático Integral 16 (MITJÁNS MARTÍNEZ, 1997), já
abordado no Capítulo 2, é uma proposta significativa de implantação em Programas stricto sensu,
16 O Sistema Didático Integral foi proposto e executado pela Profª Drª Albertina Mitjáns Martínez, na década de
1980, com base em experiências práticas realizadas criativamente em cursos de graduação, nas áreas de ciências
biomédicas e humanas na Universidade de Havana (Cuba).
48
para atender a uma demanda anunciada pelos professores-sujeitos da pesquisa desenvolvida, com
o propósito de auxiliar uma prática educativa criativa.
A proposição do Sistema Didático Integral apresenta-se como um dos caminhos
viabilizadores das possibilidades criativas anunciadas pelos professores, durante a pesquisa,
envolvendo uma práxis pedagógica não fragmentada, mas integrada, multidisciplinar e contínua.
Afinal, conforme Cunha (2005, p. 41):
Para tanto, em função das possibilidades criativas dos docentes, dentre elas a necessidade
de desenvolver estratégias e ações para sua estimulação e desenvolvimento, bem como em função
do perfil almejado no Programa de Pós-Graduação stricto sensu, os próprios docentes lançaram-se
e disponibilizaram-se para aprender o novo.
O referido Sistema traz elementos que, trabalhados em conjunto, podem favorecer a
formação de sujeitos criativos, por meio de posturas ativas e dialéticas, respeitando-se as
individualidades. O trabalho pedagógico, nesse contexto, é desenvolvido para favorecer ao aluno
assumir seu papel ativo e participativo no processo de ensinagem. Neste processo, uma das
importantes demandas para os docentes é, conforme Amaral (2007), aprimorar a compreensão da
relação dinâmica e dialética entre criar e aprender e, consequentemente, para o delineamento de
estratégias educativas que favoreçam a aprendizagem criativa no ensino superior, a partir da
expressão também criativa dos professores.
Tendo em vista as perspectivas de aprendizagens de uma práxis criativa por parte dos
professores, cabe conceituá-la. Para Mitjáns Martínez (2006, p. 79), a aprendizagem criativa “[...]
define uma forma de aprender caracterizada por estratégias e processos específicos, em que a
novidade e a pertinência são indicadores essenciais”.
Neste contexto, “[...] a criatividade pressupõe uma pessoa que, em determinadas condições
e por intermédio de um processo, elabora um produto que é, pelo menos em alguma medida,
novo e valioso” (MITJÁNS MARTÍNEZ, 1997, p. 9). Correlacionando com os cursos stricto sensu,
seu maior produto refere-se às produções das próprias dissertações e suas repercussões na
atividade pessoal e profissional. Eis que a atuação criativa por parte dos professores é essencial.
Para Mitjáns Martínez (2001), a referida aprendizagem criativa é potencialmente mais
efetiva, visto que vai além da reprodução passiva do conhecimento. Por isso, desenvolver a
49
criatividade na aprendizagem é algo primordial para sua concretização. Existe, todavia, pouca
consciência de que o trabalho em relação à criatividade no contexto educacional não seja algo que
se adiciona ao processo cotidiano de ensino-aprendizagem das disciplinas nas IES, mas que
fundamentalmente deve fazer-se por meio dele (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2001).
Assim, propusemo-nos a dedicar tempo necessário para a melhoria constante das práticas
de ensino, pesquisa, extensão e produção acadêmica dos professores do Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu da IES pesquisada, assegurando reflexões e ações sobre criatividade e
inovação como eixos transversais, a saber:
Assim sendo, importa sabermos como despertar, desenvolver, usar e manter a criatividade,
para auxiliar na profissionalização de professores e alunos criativos, que reflitam sobre sua
realidade e intervenham em prol da transformação individual e social. Afinal, um de nossos
maiores desafios é saber lidar com a imprevisibilidade da vida, tendo uma forma sempre nova de
enxergá-la, ainda que com os mesmos olhos. Aliás, é a inteligência que possibilita ao ser humano
enxergar a essência, ainda que pela aparência, e é dever da educação, e de nós educadores, buscar
desenvolver uma práxis, assim como uma prática de orientação acadêmica, no mínimo criativa.
A partir do exposto, anunciamos como proposição de processos de aprendizagem de uma
práxis pedagógica criativa, a efetiva consolidação de um processo de profissionalização
continuada dos docentes do Programa de Pós-Graduação stricto sensu, porquanto essas ações, a
partir de nossa experiência (BARRETO; MITJÁNS MARTÍNEZ, 2007), possibilitam a definição,
clareza e alinhamento dos objetivos e estratégias institucionais com os professores e alunos.
50
envolvendo uma práxis pedagógica não fragmentada, mas integrada, multidisciplinar e contínua.
Afinal, conforme Cunha (2005, p. 41):
A criatividade no stricto sensu é muito mais que uma proposta; é uma necessidade, haja
vista que implica muito mais do que só o processo entre pensar livre, saber estabelecer analogias
bem como saber associar conhecimentos. Podemos dizer que implica também sabedoria dos
responsáveis pela educação. No entanto, ao investigar o ensino superior e a pós-graduação,
identificamos, conforme verificado ao longo da obra, a demanda dos professores pensarem
criativamente e desenvolverem um ensino criativo, de forma bela, rica e significativa, favorecendo
a originalidade, simplicidade e ineditismo de suas ideias.
À luz desse argumento, entendemos que é preciso repensar a educação superior. É
preciso trazer um novo alento e, neste sentido, importa que todos estejamos unidos nesse
propósito, pois a criatividade está também no ato de aprender por incorporação, pois a
criatividade advinda das experiências de uns pode enriquecer o viver intelectual, moral e espiritual
de outros. E isso ajuda nas relações entre todos nós, principalmente entre professor e aluno, pois,
no processo de ensino-aprendizagem-sentimento, eles tendem a verificar que as relações, não
raro, apresentam problemas que exigem soluções e estas, quando não encontradas
especificamente, demonstram-se como erros. Contudo tais protagonistas logo descobrirão que
tais erros nada mais são senão portas para soluções corretas.
Frente a isso, podemos afirmar que todos os seres humanos estão aptos a atos criativos
em seu viver. Assim sendo, os estudantes do ensino superior e da pós-graduação se deparam, a
todo o momento, com os desafios da criação, cabendo aos professores/orientadores conduzi-los
de forma amorosa, para tornarem-se cada vez mais autônomos, autênticos e autoconfiantes,
demonstrando a totalidade de sua capacidade, expressa pela espontaneidade, criatividade e/ou
racionalidade.
Isso porque, é visível no contexto do ensino superior que o potencial criativo do aluno
está aquém de seu desempenho criativo e inovador, cabendo uma interferência do
educador/orientador para conduzi-lo ao encontro deste potencial, assim como empenhar-se no
desenvolvimento e expressão de sua própria criatividade.
53
Consideramos que toda a nossa trajetória, enquanto docente e pesquisadora, vem sendo
pautada em ações pedagógicas que primam pelo desenvolvimento integral, quer seja dos
docentes, quer seja dos discentes, cabendo destacar a presença da criatividade como norteadora
de nosso cotidiano, enquanto ser humano e profissional.
Nesse momento, é válido destacarmos a atenção que devemos dar à formação continuada
dos docentes, pois é certo que o professor não criativo não saberá promover a criatividade com
os alunos, bem como com a instituição em sua totalidade. Eis a razão de nosso interesse, desde o
início de nossa trajetória profissional, em trabalhar no âmbito de formação de professores.
A formação continuada permitirá ao docente do ensino superior renovar seu saber, além de
avaliar as ferramentas disponíveis e usá-las para inovações, pois, sem criatividade, o ser humano
convive com as dores morais, caracterizadas, inclusive, pela insatisfação. Nesse contexto, não só
observamos como constatamos que o ensino superior, especificamente o stricto sensu, mantém
educadores/orientadores insatisfeitos, replicando sua insatisfação nos educandos/orientandos.
A formação continuada, na perspectiva criativa, portanto, deve ser encarada como uma
possibilidade de renovação do potencial do educador/orientador, considerando que a criatividade
traz inovações. Entendemos que é provadamente verdadeira a teoria de que o ser humano é um
ser que foi projetado para sentir, pensar e agir concomitantemente; sua beleza, riqueza e
significação está em sua diversidade criadora, e sua criatividade está em sua unidade geradora.
Assim, renovada a unidade geradora, são renovadas as possibilidades criativas no stricto sensu;
afinal, não é possível a nós, seres humanos, viver com muita atividade e nenhuma criatividade.
Cabe ressaltar que criatividade indica muito mais do que reforma ou mudança, indica
transformação. Embora se fale na formação do pesquisador, temos na pós-graduação stricto sensu
uma estrutura que, muitas vezes, não propicia a formação do pesquisador criativo, mesmo porque
a qualificação do docente demonstra também, por vezes, carência de bases criativas. Nesse
contexto, enfatizamos a criatividade no stricto sensu, destacando o Sistema Didático Integral como
um subsídio importante e necessário.
Quiçá tenhamos suficiente discernimento, iniciativa e realizações nessa jornada. Afinal, sair
do mundo das ilusões, limitações, restrições, libertar-nos dos grilhões de nossa própria
inferioridade e volvermo-nos para a senda da busca do novo não é tarefa tão fácil, porém, quem
sai não quer mais voltar.
Que a criatividade nos ilumine!!!
55
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