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EXMO.

SENHOR JUIZ DE DIREITO


TRIBUNAL ADMINISTRAT IVO E FISCAL DE VISE U

IGFSS – Secção de Processo de Viseu


Processo de execução nº 1 ------------------ e Apensos

…….., SA, com sede no ….., freguesia de ….., concelho de …..,


Pessoa Colectiva n.º ……, Executada no processo supra referenciado ,
vem apresentar
OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO

nos termos das alíneas d), f), g) e i) do nº 1 do artigo 204º do


CPPT, e com os seguintes

fundamentos:

1. O presente processo de execução foi instaurado para


cobrança coerciva de pretensas dívidas de contribuições e cotizações
respeitantes aos períodos de Julho de 2003 e Março de 2006 (doc. 1).

Desde logo,

2. tais dívidas de contribuições e co tizações já haviam sido


coercivamente exigidas à Opoente no âmbito do processo de execução
fiscal nº 18-------------- e Apensos, instaurado por este mesmo IGFSS –
Secção de Processo de Viseu (cfr. doc. 2).

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3. Contra a qual a Opoente, em 26.03.2008, deduziu a
competente oposição à execução fiscal , conforme petição inicial cuja
cópia ora se junta como do c. 3 e cujo teor, por brevidade de exposição,
se dá aqui por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.

4. Como se constata do teor dessa oposição, a mesma


fundamentou-se, entre outros, com base no oportuno pagamento das
dívidas exequendas.

5. Sucede que esta oposição foi “ TOTALMENTE ACEITE ”, por


este IGFSS – Secção de Processo de Viseu, em Maio de 2008, com
fundamento no facto de que a “dívida constante nas certidões (…) foi
totalmente paga ou considerada indevida” (cfr. doc. 4, cujo teor, por
brevidade de exposição, se dá aqui por integralmente reproduzido para
todos os efeitos legais.

6. Por isso, ao serem novamente exigidas à Opoente as


mesmas (alegadas) dívidas, por meio do presente processo de execução
fiscal nº 18------------------6 e Apensos, const ata-se uma flagrante
duplicação de colecta (cfr. artigo 204º nº 1 g) do CPPT).

7. Com efeito, as dívidas ora exequendas foram pagas,


conforme reconheceu esta IGFSS – Secção de Processo de Viseu no
âmbito do processo de execução fiscal nº 1 --------------- e Apensos.

8. E estão a ser novamente exigidas, coercivamente, ao


mesmo sujeito passivo, por meio da presente execução fiscal nº
1801200900010596 e Apensos.

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9. Verificam-se, assim, todos os pressupostos legais da
verificação de duplicação de colecta, previstos no artigo 205º nº 1 do
CPPT.

10. Por outro lado, a presente execução fiscal viola a


anterior decisão administrativa anulatória da dívida exequenda
(transitada em julgado), com fundamento em pagamento, proferida no
âmbito do processo de execução fiscal nº 1 ---------------- e Apensos.

11. Havendo, também por isso, fundamento para extinguir a


presente execução fiscal nº ---------- e Apensos (cfr. artigo 204º nº 1 f)
do CPPT.

12. Sendo certo que, nos termos do artigo 270º nº 1 do CPPT,


o órgão de execução fiscal onde correr o processo de execução fiscal
deverá declarar extinta a execução, oficiosamente , quando se verifique
a anulação da dívida exequenda.

13. E que, nos termos do artigo 176º nº 1 a) e b) do CPPT, o


processo de execução fiscal deve ser extinto quando ocorra pagamento
da quantia exequenda ou anulação da mesma dívida.

Sem prescindir do exposto, por mera cautela de patrocínio,

14. A Opoente não foi previamente notificada de qualquer


liquidação oficiosa de contribuições ou cotizações alegadamente em
falta, respeitantes a estes períodos de imposto ou a quaisquer outros.

15. Mas apenas citada para este s processos de execução


fiscal.

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16. Pelo que não podia, nem pode, deduzir reclamação,
recurso ou impugnação judicial contra as liquidações de contribuições
ou cotizações aqui exequendas.

17. Mas, apenas, oposição à execução fiscal.

Posto isto,

18. Estabelece o artigo 7º do DL 42/2001, de 9/2, que


carecem de força executiva as certidões de dívida onde não conste a
proveniência das respectivas dívidas.

19. Ora, o teor da certidão de d ívida em questão é


insuficiente para permitir conhecer, claramente, a proveniência das
dívidas aqui coercivamente exigidas.

20. Com efeito, qual a respectiva base tributável, i.e. a que


trabalhadores e remunerações concretamente respeitam ?

21. De que forma fora m apurados e calculados os valores


imputados a cada um dos períodos de imposto em causa ?

22. A mera indicação de períodos de imposto e de valores,


sem qualquer explicitação adicional, é insuficiente para permitir uma
análise e defesa esclarecida.

23. Pelo que o título exequendo carece de força executiva.

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Sendo certo que,

24. A Opoente não tem quaisquer dívidas à S egurança Social


(SS), respeitantes aos períodos em causa ou a quaisquer outros.

25. A Opoente sempre pagou as suas dívidas à SS,


designadamente as dívidas relativas aos períodos de imposto aqui em
questão.

26. Só podendo haver um lapso dos serviços da SS,


eventualmente em virtude de troca com outro sujeito passivo.

27. Não tendo as contribuições e cotizações elencadas na


certidão de dívida resultado de quaisquer l iquidações oficiosas
efectuadas pela SS,

28. é porque, supostamente, corresponderiam aos valores


autoliquidados pela Opoente com referência aos períodos em questão.

29. Para instaurar esta execução, é porque a SS terá


pressuposto que tais autoliquidações de con tribuições e cotizações não
teriam sido pagas pela Opoente.

30. Nada de mais errado.

31. Com efeito, e com referência aos períodos de imposto em


questão (ou a quaisquer outros), a Opoente autoliquidou e pagou,
oportuna e integralmente , as suas dívidas de contrib uições e
cotizações.

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32. Conforme se demonstra através das cópias dos extractos
da conta “2451 – Contribuições para a Segurança Social” ora anexos,
agregadamente, como doc. 5, respeitantes aos períodos de imposto
referidos na certidão de dívida, cujo teor, po r brevidade de exposição,
se dá aqui por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.

33. E conforme se demonstra através dos correspondentes


comprovativos de pagamento, ora anexos, agregadamente, como doc. 6,
respeitantes aos períodos de imposto r eferidos na certidão de dívida,
cujo teor, por brevidade de exposição, se dá aqui também por
integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.

34. Conforme se extrai destes documentos, a Opoente, com


referência aos períodos de imposto em questão, autoli quidou e pagou
valores não coincidentes com aqueles que vêm referidos na certidão de
dívida.

35. Pelo que, reafirma -se, não se compreende onde é que a


SS foi buscar os valores elencados na certidão de dívida.

36. A Opoente designava -se anteriormente “ …………… SA”,


conforme se demonstra através da respectiva certidão permanente, aqui
junta como doc. 7 (e que pode ser acedida “on -line”, por meio da senha
5611-3554-7272).

37. Corroborando o referido, a Opoente sempre teve, e foi -


lhe sucessivamente certificado (mais recent emente, em 06.03.2009, com
validade até 06.09.2009), pela própria Exequente, como tendo “ a sua
situação contributiva regularizada perante a Segurança Social ”,

6
conforme se deduz do teor das várias certidões ora juntas,
agregadamente, como doc. 8.

Ainda sem prescindir do exposto, por mera cautela de


patrocínio,

38. Inicialmente, as dívidas à segurança social prescreviam no


prazo de 10 anos (artigos 14º do DL 103/80, de 9/3, e 53º nº 2 da Lei nº
28/84, de 14/8).

39. Passando esse prazo prescricional, por força do artigo 63º


nº 2 da Lei nº 17/2000, de 8/8, entrado em vigor a 04.02.2001 (artigo
119º), a ser de apenas 5 anos.

40. Prazo, este, de 5 anos, que se manteve, de acordo com o


artigo 49º nº 1 da Lei nº 32/2002, de 20/12.

41. O prazo prescricional de 8 anos, previst o no artigo 48º da


LGT, entrada em vigor em 01.01.1999, não é aplicável às dívidas à
Segurança Social, porque as normas anteriormente referidas são
“normas especiais”.

42. Ficando, por isso, excluído o prazo de prescrição previsto


no artigo 48º da LGT (neste sentido, os Acs. do STA de 02.06.1999,
09.06.1999, 14.03.2001 e 03.05.2006, Procs. 23439, 23753, 25426 e
0335, respectivamente).

43. Os juros de mora prescrevem igualmente no prazo de 5


anos (artigo 5º do DL 49168, de 5/6/69).

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44. E, hoje, não podem ser contados por um prazo superior a
3 anos (artigo 44º nº 2 da LGT).

45. Aliás, o referido artigo 63º nº 2 da Lei 17/2000, que se


reporta à prescrição, em 5 anos, da obrigação de pagamento das
cotizações e contr ibuições, abrange igualmente os juros de mora
respectivos (neste sentido, os Acórdãos do STA, de 03.05.2006, Rec.
335/06, e do TCAS, de 16.01.2007, Proc. 01502/06).

46. O prazo de prescrição da dívida relativa a Julho de 2003 ,


caso fosse devida, iniciar-se-ia na data limite em que a respectiva
obrigação deveria ser c umprida, 15.08.2003, i.e. no dia 15 do mês
seguinte àquele a que diz respeito (artigo 48º nº 1 da LGT e 10º nº 2 do
DL 199/99, de 8/6).

47. Assim, as dívidas de contribuições, cotizações, juros de


mora, e respectivas custas, na parte em que a presente execuçã o fiscal
nº 1801200900010596 e Apensos se reporta a Julho de 2003, sempre
teriam prescrito em 15.08.2008.

48. No caso, o único acto interruptivo da prescrição teria sido


a citação da Opoente para a presente execução fiscal (cfr. artigo 49º nº
1 da LGT).

49. Contudo, esta citação verificou -se em 11.03.2009, ou


seja, depois de completado o dito prazo de prescrição .

50. Pelo que a dívida exequenda, na parte em que se reporta


Julho de 2003 , seria sempre inexigível coercivamente ao contribuinte:

8
“A prescrição da obrigaçã o tributária implica que ela deixe de existir
como obrigação civil, coercivamente exigível, pelo que também constitui
causa de extinção da execução fiscal (cfr. Jorge Lopes de Sousa, in CPPT
Anot. e Coment., II Volume, 2007, pág. 215) .

51. O que seria fundamento de extinção da execução fiscal ,


na parte correspondente.

52. Sendo certo, nos termos do artigo 175º do CPPT, que a


prescrição das dívidas tributárias é de conhecimento oficioso pelo
órgão de execução fiscal.

Nestes termos, nos melhores de Direito e com o douto


suprimento de V. Exa., deve a presente oposição ser julgada
procedente e, consequentemente, ordenada a extinção do processo de
execução fiscal supra referido, com as legais consequências.

Mais se requer a fixação, e notificação, à Opoente, do valo r


da garantia a prestar para efeitos da suspensão do processo de
execução fiscal supra citado, ao abrigo do artigo 169º nº 1, 2 e 5 do
CPPT.

Valor: €327.058,33 (trezentos e vinte e sete mil e cinquenta e


oito euros e trinta e três cêntimos)

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Prova testemunhal :

1) ,.
2)

todas com domicílio profissional na sede da Opoente, a


inquirir por teleconferência a partir do TAF do Porto .

Junta: 8 documentos e procuração forense.

Anexa: comprovativo de autoliquidação e pagamento da taxa


de justiça inicial.

Declara: que na tramitação do presente processo todos os


articulados serão remetidos por via electrónica.

O Advogado,

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