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UFPE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE FÍSICA - DF
DISCIPLINA: FÍSICA EXPERIMENTAL L2
DOCENTE: FRANCISCO MELO DA ROCHA
CURSO: QUÍMICA INDUSTRIAL TURNO: NOITE
DISCENTES: GIRLANE SANTOS, RAFAEL ALDO

PRÁTICA 2 - ONDAS ESTACIONÁRIAS

1. Introdução dependência da frequência de perturbação


ressonante das ondas estacionárias,
Entende-se por onda o movimento utilizando uma corda como meio de
causado por uma perturbação que se propagação, com as propriedades deste
propaga através de um meio, seja ele água, meio, fundamentando-se especificamente
ar, vácuo etc. Ondas em cordas são na obtenção de uma relação entre duas
caracterizadas por serem ondas mecânicas, grandezas físicas e na verificação da
precisando de um meio material, que no correspondência entre parâmetros
caso é a própria corda, para se propagar. utilizados com os obtidos graficamente.
As ondas estacionárias são aquelas O experimento foi realizado em duas
que apresentam um determinado padrão de etapas, cada uma apresentando um
vibração, formando-se a partir da objetivo específico. O escopo da primeira
superposição de duas ondas idênticas mas etapa foi comparar a relação entre
em sentidos opostos. Este padrão é grandezas obtidas com a previsão teórica
edificado ao se prender uma corda, por para obter a velocidade da onda na corda,
exemplo, em ambas as extremidades e enquanto que a finalidade da segunda
quando a mesma é submetida a uma etapa foi obter a densidade de massa linear
vibração em uma certa frequência, de um fio de barbante.
causando a vibração do meio em dois
sentidos. Para algumas frequências 3. Procedimento Experimental
específicas, a corda entra em ressonãncia e
as ondas estacionárias podem ser 3.1. Materiais
visualizadas.
A corda vibra em seu modo Gerador de funções, kit básico
fundamental de frequência quando (torres e interface com o gerador de
apresenta nós em cada uma das funções), calha com auto-falante, corda
extremidades e as frequências mais altas (linha de algodão), 7 clipes e trena.
são chamadas de harmônicas, isto é, a
frequência que é um múltiplo inteiro da 3.2. Métodos
fequência natural.
Nesta mesma prática, foram
2. Objetivo realizados dois experimentos: o primeiro
consistiu na obtenção da medida do
Esta prática experimental número de ventres na corda em função da
apresentou como objetivo a análise da frequência de excitação da mesma, ao
passo que o segundo consistiu na obtenção 1 42,592 23,033 32,812 16,406
da medida da frequência da ressonância da 2 73,045 62,614 67,892 33,946
coda em função da força de tração a qual a 3 123,54 91,986 107,76 53,88
mesma estava submetida 4 160,08 134,89 147,48 73,74
Na primeira etapa, inicialmente foi 5 192,55 169,55 181,05 90,52
medida a massa dos 7 clipes em conjunto
Nesta tabela, os valores de νmedia e
de modo a encontrar o valor médio da
νcorda foram obtidos através das equações
massa de um clipe. Com o aparato
que seguem abaixo. Os cálculos podem ser
experimental já montado, o comprimento do
visualizados logo em seguida.
fio foi medido utilizando-se uma trena. Para
medir a frequência inicial e final da
νcomp_inicial + νcomp_final
visualização de 1 a 5 ventres, foi ajustado ν media =
2
no gerador de funções uma frequência na νmedia
qual foi possível a observação de seis v corda = 2
ventres, de modo a obter a frequência na
qual cinco ventres começavam a ser vistos. Para o ajuste do Gráfico 1, foi
Em seguida, a frequência foi diminuída, escolhido um ponto aleatório da curva
anotando-se os valores iniciais e finais da (νcorda = 53,88 Hz e n = 3 ventre) e, com os
mesma grandeza nos quais foi possível valores da frequência ν da corda e o
enxergar 4, 3, 2 e apenas 1 ventre. Tais número de ventres N que localizam tal
valores foram descritos na Tabela 2.1. ponto, o valor de k1 foi obtido através da
Na segunda etapa, o mesmo seguinte equação:
aparato foi utilizado e a observação do
comportamento do sistema foi efetuada νcorda
k1 =
apenas para a observação de 3 ventres. No n
entanto, os valores da frequência inicial e
final foram anotados para 1, 2, 3, 5 e 7 Obteve-se k1 =17,96.
clipes, isto é, para massas diferenciadas. Através deste valor, a equação
Os resultados foram descritos na Tabela abaixo foi utilizada para se calcular a
2.3. velocidade da corda, V.

v .2L
4. Resultadose Discussão Vcorda = n
,

Com os valores relativos às com “v” sendo a velocidade, “L” o


frequências iniciais e finais de ressonância comprimento do fio e “n” o número de
em função do número de ventres, construiu- ventres.
se a Tabela 2.1 abaixo, contendo os dados Aplicando-se os valores de
para as médias das frequências as ν corda = 53,88 Hz, n = 3 e L = 0,393 m,
frequências da corda em cada caso. obteve-se:

Tabela 2.1: Frequência de ressonância em ν corda . 2L


função do número de ventres. Vcorda =
n
N VINICIAL VFINAL VMEDIA VCORDA 53,88 s−1 . 2 . 0,393 m
(kHz) (kHz) (kHz) (kHz) =
3
Vcorda = 14,12 m. s −1 F1 = 1,92 . 10−3 kg . 9,78 m. s 2 = 0,0375 N
F2 = 3,84 . 10−3 kg . 9,78 m. s 2 = 0,0563 N
Os valores para k1 e V foram F3 = 5,76 . 10−3 kg . 9,78 m. s 2 = 0,0563 N
expressos na Tabela 2.2 abaixo. F5 = 9,6 . 10−3 kg . 9,78 m. s 2 = 0,0938 N
F7 = 13,44 . 10−3 kg . 9,78 m. s 2 = 0,1313 N
Tabela 2.2: Grandezas obtidas através do
gráfico 1. Estes dados foram plotados no
k1 V (m/s) gráfico 2 no eixo das abscissas e os valores
17,96 14,12 relativos à frequência no eixo das
ordenadas.
Com os valores relativos às
frequências iniciais e finais de ressonância O gráfico 3 no papel milimetrado foi
em função da força de tração, F na corda, construído apresentando νcorda em função
construiu-se a Tabela 2.3 abaixo, contendo de √F, através da equação ν corda =
os dados para as médias das frequências k2 . √F. Os valores de √F foram obtidos
as frequências da corda em cada caso. através da substituição de Fn (com n = 1, 2,
3, 5 e 7) e o dek 2 foi obtido através da
Tabela 2.3: Frequência de ressonância em
fórmula abaixo:
função da força de tração, F na corda.
Massa VINICIAL VFINAL VMÉDIA VCORDA ν corda
(g) (kHz) (kHz) (kHz) (kHz) k2 =
1 120,33 88,891 104,61 52,30 √F
2 167,84 123,63 145,73 72,86
3 205,77 149,62 177,69 88,84 Para ν corda = 88,84 Hz e F =
5 254,97 184,98 219,97 109,98 0,0563 N, temos:
7 302,22 224,23 263,22 131,61
88,84 88,84
Para a construção do gráfico 2, foi k2 = = = 370,17
√0,0563 0,24
levado em consideração que a tração do Para obtermos o valor da densidade
sistema era equivalente ao peso dos clipes
linear μ da corda, foram igualadas as
presos à corda. Portanto, inicialmente foi
equações que seguem abaixo e uma breve
encontrada a massa média de cada clipe e,
manipulação foi efetuada de forma que o
a força foi para cada massa foi, então,
resultado desejado fosse obtido.
calculada, considerando-se g = 9,78 m. s 2,
n F
com a equação expressa abaixo: ν corda = k 2 √F ν corda = √
2L μ2

Fn = m . g, n F n 1 k 2 . 2L
√ = k 2 √F ⇒ . = k2 ⇒
onde o índice “n” representa a quantidade 2L μ2 2L √μ2 n
de clipes presentes no sistema. Logo: 1 n
= ⇒ √μ2 = ⇒
√μ2 2L. k 2
mTOTAL = 13,43 g = 0,01343 kg
mTOTAL 0,01343 kg n 2
mMEDIA = = μ2 = ( )
2 2 2L. k 2
= 1,92 . 10−3 kg
n 2 log νCORDA = log k 3 + p log F
μ2 = ( )
2L. k 2
2
3 Observou-se que esta equação
= ( )
2. (0,393 m) . (310,17 s −1 . N −1 ) obtida assemelhava-se bastante com a
2 equação da reta Y = AX + B, e, portanto, os
3
=( ) = 1,51 . 10−4 kg. m−1 valores foram comparados, isto é, A = p e
243,79
B = log k 3 . Para obtermos a e b foi
O valor obtido foi comparado com o necessário obter os logarítmos dos valores
valor adotado μo = 8,6 . 10−5 kg. m−1de relativos à frequência e à força associados
modo a obtermos o erro percentual, que foi a cada massa. Tais valores foram
calculado pelo quociente entre o erro expressos na Tabela 2.5 abaixo.
relativo e o valor adotado, multiplicado por
100. Tabela 2.5: Frequência e força.
VCORDA Y = log F X = log F
ERELATIVO .100% (kHz) vCORDA (N)
E% = ,
Valor adotado 52,30 1,718 0,0187 - 1,728
72,86 1,862 0,0375 - 1,424
onde ERELATIVO é definido como 88,84 1,948 0,0563 - 1,249
|Valor obtido − Valor adotado| 109,98 2,041 0,0938 - 1,028
131,61 2,119 0,1313 - 0,882
ERELATIVO . 100% Em seguida, foi calculado, com base
E% =
Valor adotado nos valores de 𝐘 = 𝐘𝐘𝐘 𝐘𝐘𝐘𝐘𝐘𝐘 e 𝐘 =
|8,6 . 10−5 − 1,51 . 10−4 | . 100% 𝐘𝐘𝐘 𝐘 os valores correspondentes ao
=
8,6 . 10−5 somatório dos termos de 𝐘, 𝐘𝐘 , 𝐘 𝐘 𝐘𝐘,
6,5 . 10−5 . 100% obtendo-se os valores para serem
= = 0,756 . 100%
8,6 . 10−5 aplicados nas fórmulas que seguem após a
E% = 75,6% Tabela 2.6.

Com os dados de k 2 , μ2 e E% Tabela 2.6: Aplicação do étodo dos


encontrados, construiu-se a Tabela 2.4 mínimos quadrados (MMQ) para obtenção
abaixo. dos coeficientes A e B
SX SX² SY SXY N
Tabela 2.4: Grandezas obtidas através do - 6,313 8,414 9,688 -12,024 5
gráfico 4.
k2 µ2 (kg/m) E% N.SXY − SY .SX SY. SX2 − SXY .SX
A = Δ
B = Δ
370,17 1,51 . 10-4 75,6%
Δ = N. SX2 − (SX )2
Para acharmos k 3 e p aplicando o
método dos mínimos quadrados, fez-se Para obtermos os valores
necessário adotar o logarítmo em ambos os correspondentes aos coeficientes A e B, os
membros da equação νCORDA = k 3 . F P , resultados da Tabela 2.6 foram substituídos
como segue abaixo nas fórmulas acima, como demonstrado
nos cálculos a seguir.
log νCORDA = log (k 3 . F P ) = log k 3 + log F p
Δ = N. SX2 − (SX )2 = 5. (8,414) − (−6,313)2 velocidade da onda em uma corda, dada
Δ = 𝟐, 𝟐𝟏𝟔 por:

N. SXY − SY . SX
A = F
Δ v =√
5 . (−12,024) − 9,688. (−6,313) μ
=
2,216
−60,12 + 61,16 O fato de que a velocidade da onda
=
2,216 numa corda dependia da força e da
𝐀 = 𝟎, 𝟒𝟕 densidade de massa linear era conhecido.
No entanto, procurou-se, através da análise
SY. SX2 − SXY . SX dimensional, constatar tal verossimilidade,
B =
Δ isto é, se W, na fórmula abaixo, equivalia ou
9,688 . 8,414 − (12,024) . (−6,313) não a μ.
=
2,216
81,515 − 75,907
= F
2,216 v =√
𝐁 = 𝟐, 𝟓𝟑 W

Com os valores de A e B denotados, Sabendo-se que a velocidade


foi possível determinar p e k 3 através das apresenta dimensão [v]dada por [v] =
relaçõesA = p e B = log k 3 . Desta forma, M 0 . L1 . T −1, e que a dimensão do segundo
membro, com [W]desconhecida equivale a
A = p = 0,47 (M1 . L1 . T −2 )1/2 . (W −1 )−1/2, este termo foi
e B = log k 3 ⇒ k 3 = 10B = 102,53 igualado a [v], como segue na
⇒ k 3 = 338,84 demonstração abaixo.

Ainda nesta segunda etapa do [v] = M 0 . L1 . T −1 = (M1 . L1 . T −2 )1/2 . (W −1 )1/2


experimento, foi verificado que a velocidade M1/2 . L1/2 . T −1 . (W −1 )1/2 = M 0 . L1 . T −1
não possui a mesma dimensão da força, (W −1 )1/2 = M −1/2 . L1/2 . T 0
por análise dimensional. Tornou-se preciso, 1 L1/2 M1/2 M 1/2
pois, por análise dimensional, encontrarmos W1/2
= M1/2 ⇒ W1/2 = L1/2
= (L) e,
a grandeza física da qual a velocidade elevando ambos os membros ao quadrado:
dependia. Para tal, foi levado em
consideração o Teorema de Bridgman, o M
W=
qual discorre que as únicas funções que L
podem ter argumentos dimensionais são
produtos de potências das grandezas de Ou seja, W = μ, uma vez que a
base de um determinado sistema de unidade kg. m−1 corresponde a ambos os
unidades, constituído por massa (M), termos da igualdade. Constatou-se, então,
comprimento (L) e tempo (T). que a velocidade da onda em uma corda
Para aplicar a análise dimensional depende não apenas da força como
nesta situação, utilizou-se a fórmula para também da densidade de massa linear do
meio no qual a onda se propaga, que neste
caso é a própria corda.
De posse da informação obtida, A expressão final para a frequência
chegamos a equação abaixo da corda é, portanto, dada por:

An F
νCORDA = √ , 0,8 . n F 0,4. n F
2L X νCORDA = √ ⇒ νCORDA = √
2L μ L μ
ondeνCORDA é a frequência da onda na
corda; O valor de k 3 = 338,84, calculado a
A é uma constante adimensional; partir do método dos mínimos quadrados,
X é a grandeza física determinada foi comparado com o valor encontrado a
νCORDA
anteriormente, isto é, a densidade de partir da fórmula teórica, k3 = ,
√F
massa linear; admitindo que o valor adotado é o calculado
n é o número de ventres; através desta fórmula no ponto de
e L é o comprimento do fio. coordenada (0.0375, 72,86) do gráfico
como segue:
Foi efetuada uma igualdade entre a
equação acima e νCORDA = k 3 . F P com a νCORDA 72,86
finalidade de obtermos uma expressão para k3 = = ⇒ k 3 = 376,24
√F √0,0375
X em função de A. A manipulação é
demonstrada abaixo.
Tal comparação foi feita através do
cálculo do erro percentual, descrito abaixo:
An F An F 1/2
νCORDA = √ = k3. FP = .( )
2L X 2L X ERELATIVO . 100%
E% =
Valor adotado
= k 3 . F1/2
|376,24 − 338,84| . 100%
An 1 An =
. 1/2 = k 3 ⇒ X1/2 = ⇒X 376,24
2L X 2Lk 3
37,4 . 100%
An 2 = ⇒ E%
=( ) 376,24
2Lk 3 = 9,94 %

Sabendo-se que n = 3, L = Os valores obtidos foram expressos


0,393 m, k 3 = 338,84 , p = 1/2 e μCORDA = na Tabela 2.7.
−5 −1
8,6 . 10 kg. m , a constante A foi
determinada substituindo-se os valores na Tabela 2.7: Grandezas obtidas através do
equação obtida abaixo: gráfico 2 (parte II)
1/2
n k 3 . 2L . X k3 p k3,TEÓRICO E%
A. 1/2
= k3 ⇒ A = 338,84 0,5 376,24 9,94
2L. X n
1/2
k 3 . 2L . X
A = 5. Conclusão
n
338,84 . (8,6 . 10−5 )1/2 . 2 . (0,393)
= Baseando-se nos dados obtidos,
3
2,4698 tanto a velocidade da onda quanto a
= ⇒ A = 0,823 ⇒ A ≃ 0,8 densidade de massa linear da corda foram
3
obtidas utilizando os métodos pré-
estabelecidos nas duas etapas do
procedimento e ao longo das questões
relativas a cada etapa.
Constatou-se, no entanto, certa
discrepância entre as densidades de massa
linear calculada e adotada, verificando-se
um erro significativo. Tal discrepância pode
ter sido produto de diversos fatores, como a
umidade. A utilização constante do meio de
propagação com possíveis contatos
prolongados por meio das mãos de outrem
ou até mesmo o desgaste natural podem ter
comprometido o cálculo exato da densidade
do fio.

Referência Bibliográfica

1.
http://www.fisica.ufpb.br/~romero/pdf/17_on
dasI_VI.pdf
Acessado em 20/05/2014 às 10:37

2.http://www.ucg.br/ucg/prograd/graduacao/
ArquivosUpload/43/file/Caderno%20de%20
LAB%20-
%20F%C3%ADsica%20II/AULA%2005_On
das%20na%20Corda.pdf
Acessado em 20/05/2014 às 10:51

3.
http://ww2.unime.it/weblab/awardarchivio/on
dulatoria/ondas.htm
Acessado em 20/05/2014 às 11:50

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