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Resumo

Cultura surda: Família surda e artefatos tecnológicos


Nome: Eduardo Pereira Miranda dos Santos

O método ouvintista, com suas táticas corretivas e concepções equivocadas a


respeito do sujeito surdo, buscando normatizá-lo, deixou resquícios que se
mantêm até hoje e podem ser encontrados na imensa dificuldade que a maioria
dos ouvintes tem em reconhecer a existência de uma cultura surda. Sendo
assim, vale destacar que quando a cultura surda é perspectivada como uma
possibilidade, na maioria das vezes está atrelada à visão de uma “cultura
patológica”, de maneira que a condição de menos-valia atribuída aos surdos se
reflete na sua cultura, imputando a ela caráter de inferioridade em relação à
cultura ouvinte. Defende-se a necessidade de que a cultura surda seja
reconhecida e divulgada, na medida em que “está sendo intimamente vinculada
a uma noção de sujeito surdo, surtindo efeitos na produção desse sujeito e,
consequentemente, na constituição de sua subjetividade”.
Um dos artefatos culturais do povo surdo é a sua família. No contexto familiar
de crianças surdas, filhas de pais que também o são, todos tratam com
naturalidade a sua diferença, pois ser surdo é a referência de normalidade de
seu grupo. Em uma família de surdos, a Língua de Sinais constitui-se como
primeira língua, de modo que no ambiente familiar todos se comunicam
fluentemente por meio desta. Essas famílias também apresentam alguns
comportamentos típicos, como por exemplo assistir televisão subtraindo o
volume para não incomodar os seus vizinhos. Em uma família ouvinte com um
filho surdo, o principal fator que confirma a aceitação do filho surdo é a
disposição da família de aprender a Língua de Sinais, a fim de se comunicar
fluentemente com esta criança. Existem também nesses casos uma série de
rotinas a fim de que a criança possa estar plenamente ajustada ao ambiente
familiar, como por exemplo a utilização de campainha luminosa em sua casa.
Contudo, a maioria das famílias ouvintes que tem um filho surdo não aceitam a
diferença de seu filho e optam por processos normalizadores para seus filhos.
Uma forma que é utilizada pelos sujeitos surdos para transmitirem a sua cultura
são os artefatos tecnológicos. Por meio do uso da tecnologia o povo surdo
também consegue expressar suas vivências e transmitir valores por meio do
registro dessas histórias em DVDs com narração em Língua de Sinais e/ou em
versões impressas em Língua Portuguesa e/ou Língua Escrita de Sinais,
originando-se assim uma Literatura para surdos. A poesia surda também se
constitui em mais uma expressão cultural importante desta comunidade, e por
meio da tecnologia essas poesias de poetas surdos em língua de sinais podem
ser registradas para as futuras gerações. É importante considerar que muitos
são os filmes que apresentam sujeitos surdos em seu enredo a partir de
diferentes abordagens e que debatem as diferentes ideologias presentes em
relação aos sujeitos surdos e a educação perspectivada para os mesmos,
como por exemplo os filmes “Filhos do Silêncio” e “Seu nome é Jonas”.
Um último artefato tecnológico que pode ser citado e que está muito presente
na vida dos sujeitos surdos se constitui das adaptações de materiais ou novas
invenções tecnológicas que visam ampliar a acessibilidade dos sujeitos surdos.
Podemos citar como exemplo disto o telefone para surdos (VIÁVEL), que
oferece a possibilidade da intermediação de um intérprete em Língua de Sinais
durante a conversação do sujeito surdo com seu interlocutor que não sabe
Libras. Outros dispositivos eletrônicos como a campainha luminosa, os relógios
com despertador vibratório e os interfones com vídeo são exemplos de
adaptação tecnológica que favorecem a acessibilidade a informações
cotidianas para os sujeitos surdos. Na mesma proposta de buscar a equidade
social, vale destacar que foram desenvolvidos dois programas de tradução
simultânea da Língua Portuguesa para Libras que ajudam as pessoas a
aprenderem a linguagem de sinais, o ProDeaf. E o Hand Talk.

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