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POESIA POESIA
Almeida Garret Gonçalves Dias (1823- 1864)
Este inferno de amar Canção do exílio
Este inferno de amar - como eu amo! - "Minha terra tem palmeiras,
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi? Onde canta o Sabiá;
Esta chama que alenta e consome, As aves, que aqui gorjeiam,
Que é a vida - e que a vida destrói - Não gorjeiam como lá.
Como é que se veio a atear, Nosso céu tem mais estrelas,
Quando - ai quando se há-de ela apagar? Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Eu não sei, não me lembra: o passado, Nossa vida mais amores.
A outra vida que dantes vivi Em cismar, sozinho, à noite,
Era um sonho talvez... - foi um sonho - Mais prazer encontro eu lá;
Em que paz tão serena a dormi! Minha terra tem palmeiras,
Oh! que doce era aquele sonhar... Onde canta o Sabiá.
Quem me veio, ai de mim! despertar? Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Só me lembra que um dia formoso Em cismar — sozinho, à noite —
Eu passei... dava o sol tanta luz! Mais prazer encontro eu lá;
E os meus olhos, que vagos giravam, Minha terra tem palmeiras,
Em seus olhos ardentes os pus. Onde canta o Sabiá.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei; Não permita Deus que eu morra,
Mas nessa hora a viver comecei... Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
PROSA PROSA
Camilo Castelo Branco Álvares de Azevedo (1831- 1852)
Amor de perdição (1862) e Amor de Noite na Taverna
salvação (1864)
POESIA POESIA
Soares de Passos (1826- 1860) Álvares de Azevedo – Lira dos vinte
anos
O Noivado do Sepulcro Fagundes Varela (1841 – 1875)
(...)
- "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda,
Responde um eco suspirando além...
- "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços
tem.
(...)
(...)
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a
noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras
voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
EXERCÍCIOS
1. (EspCex) A respeito do Romantismo, é correto afirmar que
a) é o primeiro movimento literário ocorrido no Brasil, iniciado com a publicação
do poema epic° "Prosopopéia", e retrata um estado de tensão e desequilíbrio do
homem da época. 0 rebuscamento da linguagem é reflexo do conflito entre o
terreno e o celestial.
b) é uma escola que busca seguir os modelos greco–latinos, inspirada na frase de
Horacio "Fugere urbem" e na teoria do "Bom selvagem" de Rousseau. Seus
autores voltam–se para a natureza em busca da simplicidade.
c) é um movimento exclusivamente poetic°, que persegue a objetividade temática e
o culto da forma, centrados na estética da "arte pela arte". Sua influencia é
basicamente francesa e teve grande aceitação na sociedade brasileira.
d) a principal característica do movimento é a combinação de recursos estéticos,
como a musicalidade, as sugestões cromáticas e sinestésicas. Sua principal
marca é o subjetivismo, nas manifestações metafísicas e espirituais.
e) um período voltado a pesquisa e a valorização da nacionalidade brasileira, que
se inicia com esforços para a construção de uma cultura autentica e única,
buscando valorizar nosso passado historic° e exaltar a natureza pátria.
Muitos acontecimentos se tinham passado entre eles nestes dois dias; há circunstâncias
em que os sentimentos marcham com uma rapidez extraordinária, e devoram meses e
anos num só minuto.
Reunidos nesta sala pela necessidade extrema do perigo, vendo-se a cada momento,
trocando ora uma palavra, ora um olhar, sentindo-se enfim perto um do outro, esses dois
corações, se não se amavam, compreendiam-se ao menos.
Álvaro fugia e evitava Isabel; tinha medo desse amor ardente que o envolvia num
olhar, dessa paixão profunda e resignada que se curvava a seus pés sorrindo
melancolicamente. Sentia-se fraco para resistir, e entretanto o seu dever mandava que
resistisse.
Ele amava, ou cuidava* amar ainda Cecília; prometera a seu pai ser seu marido; e na
situação em que se achavam, aquela promessa era mais do que um juramento, era uma
necessidade imperiosa, uma fatalidade que se devia cumprir.
Como podia ele pois alimentar uma esperança de Isabel? Não seria infame, indigno,
aceitar o amor que ela lhe oferecera suplicando? Não era seu dever destruir naquele
coração esse sentimento impossível?
(José de Alencar, O guarani)
* imaginava
O trecho apresenta uma temática muito explorada no Romantismo, que diz respeito:
a) às ações guiadas puramente por impulsos instintivos e carnais.
b) ao casamento entre parentes em famílias aristocráticas.
c) à crítica ao materialismo da sociedade burguesa e capitalista.
d) a um amor que, a princípio, não pode se concretizar.
e) aos conflitos de interesses entre patrões e operários.