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Sahlins Cultura e Razao Pratica PDF
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Prefácio
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- No primeiro capítulo, a discussão é sobre a possível ou não aplicação do
marxismo no estudo de sociedades primitivas. A conclusão provisória é a de que o
marxismo e os estruturalismos antropológicos são somente contribuições teóricas
relativas, apropriadas respectivamente para épocas históricas ou universos
culturais específicos (p. 8).
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- Capítulo 2 – Cultura e Razão Prática – dois paradigmas da teoria
antropológica
- Posição. “As chamadas causas materiais devem ser, enquanto tais, o produto de
um sistema simbólico cujo caráter cabe a nós investigar, pois sem a mediação
desse esquema cultural nenhuma relação adequada entre uma dada condição
material e uma determinada forma cultural pode ser especificada” (p. 62-63).
- Morgan.
- O que Morgan está dizendo é que a diferença entre marido e irmão não é uma
construção simbólica colocada no mundo, mas a decorrência racional de uma
diferença objetiva no mundo, isto é, entre homens biologicamente superiores e
inferiores. Percepção das vantagens biológicas como resultantes da diferença,
uma representação em termos sociais de uma lógica externa a esses termos. A
reforma caracterizada pela punalua foi a primeira de uma longa série que culminiu
na monogamia, para Morgan. Uma série na qual a espécie humana livrou-se
progressivamente de uma “promiscuidade original”, dos males decorrentes da
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procriação consangüínea. E esse primeiro passo resume a noção que Morgan tem
do todo: ele foi efetuado pela observação e pela experiência; atenção às
conseqüências deletérias do casamento dentro do grupo e a experiência das
vantagens mentais, portanto institucionais do casamento fora do grupo. Portanto,
pensamento é reconhecimento e a mente é um veículo pelo qual a natureza é
compreendida como cultura (p. 65).
[Ler nota da pagina 67 – ele estava preocupado com o “real” observável, não com
estruturas subjacentes ou internas].
- Sahlins vai dizer que esse tipo de idéia “pragmática” da cultura é comum até
hoje. Análises que negligenciam a arbitrariedade fundamental da palavra.
Supondo que exista uma relação entre o conceito e a realidade objetiva à qual ela
[a linguagem] se refere. Assim, a linguagem só é simbólica no sentido de que
representa o mundo de uma outra forma, mas que não tem sentido algum se
retirada do mundo (p. 68).
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objetos; em um sentido, é o mediador por excelência, instrumento mais importante
e mais precioso para a conquista e para a construção de um verdadeiro mundo de
objetos” (nota 7, p. 69).
- Boas.
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em relação ao real, agrupando sob uma significação única, uma variedade de
coisas ou eventos que nas outras línguas poderiam ser concebidos e denotados
separadamente” (p. 75).
- Boas argumentou mais tarde, que, embora a linguagem e outros costumes sejam
organizados por uma lógica não-refletida, há uma diferença entre eles no fato de
que as classificações da linguagem normalmente não atingem a consciência, ao
passo que as categorias da cultura sim, estando tipicamente sujeitas a uma
reinterpretação secundária. A diferença reside no modo de reprodução.
Encaixadas em regras inconscientes, as categorias linguístcas são
automaticamente reproduzidas na fala. Mas a continuidade do costume é sempre
vulnerável a rupturas, quer somente pela comparação com outras formas culturais,
que no processo de socialização [indivíduo]. O costume torna-se um objeto de
contemplação, bem como uma fonte dela. A lógica cultural reaparece então sob
uma forma mistificada – como “ideologia”. Não mais como um princípio de
classificação, mas como satisfação de uma demanda por justificativa. Assim, não
aparece mais como algo arbitrário em relação a uma realidade objetiva, mas como
algo motivado pela realidade cultural (p. 76). Se, por um lado, “a origem dos
costumes do homem primitivo não deve ser procurada em processos racionais”,
como escreveu Boas, por outro, a origem de certos processos racionais pode ser
procurada no costume. A razoabilidade das instituições e, acima de tudo, sua
utilidade é a forma pela qual nos explicamos a nós mesmos. A racionalidade é
nossa racionalização (p. 77).
- Malinowski e o “neofuncionalismo”.
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- Sua compulsão era em atribuir um “sentido” prático a “costumes exóticos” – pela
linguagem da “vantagem material” – algo que qualquer europeu poderia entender
(p. 79).
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jogo do pensamento, mas no da emoção e do desejo, no do instinto e da
necessidade” (p. 84).
- No final das contas, todo o significado das palavras, para Malinowski, é derivado
da experiência física (p. 85).
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- Fala sobre o determinismo ecológico (p. 91-92).
- G. P. Murdock.
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[Está dizendo que uma visão utilitarista e individualista sobre a cultura foi forjada
em sociedades pautadas nesses termos – no limite, está dizendo que esses são
valores da cultura “capitalista” e que esses pensadores estão colocando cultura
nesses termos a partir de sua própria cultura. Fica como questão].
- Julian Steward.
- “A cultura não reordena a natureza através dos seus próprios objetivos porque,
para Steward, todo objetivo, a não ser o prático, desaparece no momento da
produção (...) A interação da tecnologia com o meio ambiente segundo
determinadas relações de produção – sobre a qual se erige uma morfologia
cultural – é considerada por Steward como um fato instrumental” (p. 103).
- Mas relação entre utilitarismo e cultura está presente também na Europa. Então,
vai falar de Durkheim (p. 109).
- Faz, assim como Marx, uma crítica à idéia de indivíduo “abstrato”, pensado como
base do social. Do indivíduo movido por seus próprios fins, o “homem que
calculava”, o “homem econômico” (p. 111).
- De todo modo, o argumento que Durkheim utiliza contra a idéia do”ser individual”
é o da existência de um “ser social” – contra o poder ordenador da necessidade
individual está o da “necessidade social”. Para negar que determinada prática –
econômica, por exemplo – seja produto do desejo individual, ele insiste em sua
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utilidade social (p. 112). “A sociedade, portanto, tem os seus próprios fins, que não
são aqueles do indivíduo, e é através da sociedade, e não do indivíduo, que a
atividade social pode ser compreendida” (p. 112). Diz Durkheim: “Para um fato ser
sociológico, ele deve interessar não apenas aos indivíduos considerados
separadamente, mas também à própria sociedade. O exército, a indústria, a
família possuem funções sociais na medida em que têm como seus objetivos um a
defesa, a outra a alimentação da sociedade, e a terceira a sua renovação e
continuidade (texto dele de 1886)” (p. 112). Sahlins diz que a explicação utilitária,
nesse caso, não pode ser evitada. “O paradigma meios-fins como um todo foi
determinado por oposição à necessidade individual. Assim, a vida da sociedade
era a finalidde relevante” (p. 112). [Cria-se um “super-sujeito social”].
- “Durkheim formulou uma teoria sociológica da simbolização, mas não uma teoria
simbólica da sociedade. A sociedade não era vista como constituída pelo processo
simbólico; ao contrário, só o reverso parecia verdadeiro” (p. 119). As categorias
modeladas [tempo, espaço, causa, classe, número – “formas elementares de
pensamento simbólico” etc] na sociedade podiam aplicar-se à natureza, pois a
própria sociedade era algo natural (p. 119).
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maior parte dos casos, no sentido secundário e derivativo de modalidade ideal do
“fato social”, como expressão articulada da sociedade, tendo a “função” de apoio
para relacionamentos que são formados, na verdade, por processos políticos e
econômicos “reais” [visão empobrecedora do real] (p. 119-120).
- Há uma luta da antropologia contra seu próprio naturalismo, que é também, por
assim dizer, “uma luta contra sua própria natureza cultural herdada” (p. 127).
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- Conceber a criação e o movimento de bens somente a partir de suas
quantidades pecuniárias (seu “valor de troca”) é ignorar o código cultural que
governa a “utilidade” das coisas (p. 166).
- O que faz a carne de um animal ser ou não comestível? Uma calça ser
considerada masculina ou uma saia feminina? Tem a ver com sua correlação com
um sistema simbólico, e não com a natureza do objeto em si, nem com a sua
capacidade de satisfazer uma “necessidade material” (p. 169-170). [“arbitrariedade
do signo/símbolo”].
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- “Nenhum objeto, nenhuma coisa é ou tem movimento na sociedade humana,
exceto pelo significado que os homens lhe atribuem” (p. 170).
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- Em relação aos cavalos, os americanos têm alguma razão para suspeitar que
sejam comestíveis. Boatos de que os franceses comem cavalos. Além disso, em
uma crise as contradições do sistema se revelam. Primavera de 1973. Crise
alimentícia. Sugestões de consumo de vísceras e cavalo foram mal vistas (p. 172-
173).
- Cachorros são “membros da família” (p. 174). [Filme “Marley & Eu” mostra isso].
Comer cachorro evoca repulsa do tabu do incesto.
- Roupas contém significados. Um “discurso cultural” é modelado por elas (p. 179).
- Ler p. 202-203.
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