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Cimi Relatoriodados2015 Sessãoisolados PDF
Cimi Relatoriodados2015 Sessãoisolados PDF
Violência contra
os povos indígenas
no Brasil DADOS DE 2015
R E L AT Ó R I O
Violência contra os
Povos Indígenas no Brasil
Dados de 2015
R E L AT Ó R I O
Violência contra os
Povos Indígenas no Brasil
Dados de 2015
APOIO
Este relatório é uma publicação do
Conselho Indigenista Missionário (Cimi),
organismo vinculado à Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
PRESIDENTE
Dom Roque Paloschi
www.cimi.org.br
RELATÓRIO
Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de 2015
ISSN 1984-7645
COORDENAÇÃO DA PESQUISA
Lúcia Helena Rangel
SELEÇÃO DE IMAGENS
Aida Cruz
EDIÇÃO
Patrícia Bonilha
DIAGRAMAÇÃO
Licurgo S. Botelho
FOTO CAPA
Ruy Sposati
“Eles tentaram nos enterrar,
mas não sabiam que éramos sementes...”
Ruy Sposati
A P R E S E N TA Ç Ã O
11 Até quando?
Dom Roque Paloschi
INTRODUÇÃO
17 Há uma guerra contra os povos indígenas no Brasil?
Lucia Helena Rangel e Roberto Liebgott
ARTIGOS
22 Uma realidade perversa e inaceitável
Matias Rempel e Roberto Liebgott
C A P Í T U LO I C A P Í T U LO I I
Violência Contra o Patrimônio Violência Contra a Pessoa
49 Omissão e morosidade na regularização de terras 83 Assassinato
68 Conflitos relativos a direitos territoriais 92 Tentativa de assassinato
98 Homicídio culposo
72 Invasões possessórias, 101 Ameaça de morte
exploração ilegal de recursos naturais
104 Ameaças várias
e danos diversos ao patrimônio
109 Lesões corporais dolosas
111 Abuso de poder
114 Racismo e discriminação étnico cultural
117 Violência sexual
CAR – Cadastro Ambiental Rural Dnit – Departamento Nacional de Incra – Instituto Nacional de
Infraestrutura de Transportes Colonização e Reforma Agrária
Casai – Casa de Apoio à Saúde
Indígena DOU – Diário Oficial da União Inpe – Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais
CDHM – Comissão de Direitos Dsei – Distrito Sanitário Especial
Humanos e Minorias Indígena Insi – Instituto Nacional de Saúde
Indígena
CF – Constituição Federal EBC – Empresa Brasileira de
Comunicação INSS – Instituto Nacional de Seguro
CGK – Conselho de Gestão Ka’apor Social
ECI – Estudo do Componente
Cimi – Conselho Indigenista Indígena Iphan – Instituto do Patrimônio
Missionário Histórico e Artístico Nacional
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
CIR – Conselho Indígena de Roraima Iirsa – Iniciativa de Integração
Fafimc – Faculdade de Filosofia da Infraestrutura Regional
Cisi – Comissão Intersetorial de Nossa Senhora da Imaculada Sul-Americana
Saúde Indígena Conceição
ISA – Instituto Socioambiental
CNA – Confederação da Agricultura Finpat – Federação Indígena das
e Pecuária do Brasil Nações Pataxó e Tupinambá Kooportarupi – Associacao Kaapor
Ta Hury do Rio Gurupi
CNDH – Conselho Nacional de Focimp - Federação das
Direitos Humanos Organizações e Comunidades LOA – Lei Orçamentária Anual
indígenas do Médio Purus
CNV – Comissão Nacional da MDA – Ministério do
Verdade Foirn – Federação das Organizações Desenvolvimento Agrário
Indígenas do Alto Rio Negro
Coiab – Coordenação das MDS – Ministério do
Organizações Indígenas da Funai – Fundação Nacional do Índio Desenvolvimento Social e de
Amazônia Brasileira Combate à Fome
Funasa – Fundação Nacional de
Conab – Companhia Nacional de Saúde MEC – Ministério da Educação
Abastecimento
Gered – Gerência Regional de MJ – Ministério da Justiça
Educação
MPF – Ministério Público Federal
Grequi – Grupo de Estudos sobre a
Questão Indígena
Até quando?
Dom Roque Paloschi*
“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”
Profeta Amós 5,24
De Projetos a Projéteis:
a trajetória da violência contra
os povos indígenas no Brasil
Cleber César Buzatto*
* Secretário Executivo do Cimi, graduado em Filosofia na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Fafimc)
”
Setores do poder Judiciário mantiveram decisões
em seu artigo 232, reconheça explicitamente que “Os
índios, suas comunidades e organizações são partes legí-
timas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos
que restringem violentamente os direitos indígenas. Essas e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os
restrições resultam fundamentalmente de reinterpretações atos do processo”, ministros do STF, especialmente Gilmar
da Constituição Federal (CF) e ocorrem a partir de decisões Mendes, de modo retrógrado, tem se apegado à legislação
da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), onde pré-constituinte para negar o acesso e a participação
teses ruralistas como a do Marco Temporal e da Tutela de comunidades indígenas em processos judiciais que
Judiciária têm se mantido hegemônicas. Anulações de discutem o direito às suas terras tradicionais12. Nenhum
atos administrativos de demarcação das terras indígenas dos três povos acima nominados, que tiveram o direito às
Guyraroká, dos Guarani e Kaiowá, Limão Verde, do povo suas terras negado pelas decisões da 2ª Turma do STF, é
Terena, e Porquinhos, do povo Kanela-Apãnjekra, foram parte nos processos judiciais que resultaram na anulação
mantidas em 2015. dos atos demarcatórios.
Por meio da tese do Marco Temporal, o direito dos Os povos indígenas, por sua vez, diante de todos estes
povos às suas terras tradicionais é negado e restringido tão ataques, não demonstraram intimidação e mantiveram-se
somente àquelas cujos povos estavam na posse física ou coesos em ações sistemáticas de resistência e insurgência
em conflito de fato ou judicial com os invasores em 5 de na defesa e pela efetivação de seus direitos e de seus
outubro de 1988, data da promulgação da Constituição projetos de vida. Nas retomadas13, nas autodemarcações14,
Federal (CF). Como fica evidente, essa reinterpretação do na proteção de seus territórios15, na incidência política
Artigo 231 da CF, além de ser uma violência em si, legitima junto às diferentes instâncias dos Três Poderes do Estado
e legaliza as expulsões e as demais violações e violências brasileiro16 e junto aos organismos multilaterais17 demons-
cometidas contra os povos indígenas no Brasil, inclusive traram a disposição e organização necessárias para vencer
no passado recente. Serve de combustível que potencia- os projetos de morte e a própria morte que o agrocrime,
liza a violência contra os povos em seus territórios, uma um dos sujeitos operadores do Capital, tenta lhes impor.
vez que ela sinaliza, para os históricos e novos invasores A luta e a esperança continuam. Quanto mais luta, maior
de terras indígenas, que o mecanismo da violência, dos a esperança. u
1 https://www.youtube.com/watch?v=PjcUOQbuvXU
2 http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8294&action=read
3 http://www.ihu.unisinos.br/noticias/542263-na-onu-secretario-do-cimi-denuncia-assassinato-de-indigena-kaaapor-no-maranhao e http://www.cimi.org.br/File/
ONUCleberPortugues.pdf
4 http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/05/politica/1441467261_989526.html
5 https://www.diplomatique.org.br/print.php?tipo=ac&id=3141
6 http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=8354
7 http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITO-E-JUSTICA/499549-CAMARA-CRIA-CPI-PARA-INVESTIGAR-ATUACAO-DA-FUNAI-E-DO-INCRA.
html
8 http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Fogo-terras-indigenas-no-Maranhao-voltam-a-sofrer-ataques-/
9 http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2015/10/28/incendio-em-terra-indigena-no-maranhao-esta-controlado-diz-ibama.htm
10 http://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/madeireiros-ameacam-tribo-indigena-na-amazonia/4037147/
11 http://www.ihu.unisinos.br/noticias/532903-madeireiros-ameacam-indios-na-amazonia
12 Inteiro teor do Acordão do Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 29087, encontrado no andamento do processo em 16 de novembro de 2015
13 http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8235&action=read
14 https://www.youtube.com/watch?v=o8uUa1kqlOM
15 http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2015/05/indios-ka2019apor-arriscam-a-vida-para-expulsar-madeireiros-de-sua-terra-6620.html
16 http://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes/noticias/acoes-dos-movimentos/3025-em-brasilia-indigenas-manifestam-se-contra-matopiba-usinas-
hidreletricas-e-a-pec-215 e http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/04/indigenas-fecham-esplanada-e-fazem-ato-em-frente-ao-planalto.html
17 http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151020_brasil_violencia_indios_jf_cc e http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&
id=8084
Há uma guerra
contra os povos
indígenas no Brasil?
Lucia Helena Rangel*
Roberto Liebgott**
”
oficialmente após ocuparem uma porção de mata no seu território,
onde pretendiam acessar bens naturais básicos, como
O Mato Grosso do Sul continuou apresentando um água, comida e remédios naturais.
alto número de registros: 36 homicídios, segundo dados Foram registrados 8 casos de abuso de poder, ocor-
oficiais. Dentre outros casos, chamou atenção o assassi- ridos nos estados do Acre (1), Amazonas (3), Bahia (1),
nato do Guarani e Kaiowá Simeão Vilhalva, em agosto de Ceará (1), Mato Grosso do Sul (1) e Minas Gerais (1).
2015. O crime ocorreu depois que fazendeiros e políticos O caso de uma estudante em Minas Gerais que
na região de Antônio João promoveram um ato público participava de atos no dia 7 de setembro é emblemático.
convocando a população a se rebelar contra a comunidade Ela segurava um cartaz com a frase: “Somos todos Guara-
indígena de Ñhanderu Marangatu, que havia realizado ni-Kaiowá contra o genocídio a mando do agronegócio”.
algumas ações de recuperação de parcelas de seu território. Um dos policiais que fazia a segurança no evento agarrou-a
O decreto de homologação desta área foi assinado há de forma violenta por entre os alambrados de contenção,
mais de dez anos, mas ela ainda permanece sob a posse de arrastou-a e a deitou com o rosto na calçada. Algemada,
não índios. ela foi mantida presa e imobilizada pelos joelhos do policial
Também causou grande consternação o assassinato sobre seu corpo. Apesar de estar simplesmente exercendo
do pequeno Vítor Kaingang, de 2 anos, em Santa Catarina. seu direito constitucional de livre manifestação do pensa-
Sua mãe o amamentava quando um rapaz se aproximou e mento e não oferecer risco a ninguém, a jovem foi levada à
desferiu um golpe de estilete em seu pescoço. A mãe deses- delegacia, em um procedimento totalmente desnecessário
perada não pôde fazer mais nada a não ser, em prantos, ver e agressivo e sem direito às prerrogativas que deveriam ser
seu pequenino esvair-se em sangue no seu colo. seguidas por ela ser indígena.
O estado de Mato Grosso do Sul também foi palco Seja por meios virtuais ou pessoalmente, os casos
do maior número de tentativas de assassinatos. As ocor- de racismo são constantes. Um deles, ocorrido no estado
rências se devem em boa parte aos conflitos relacionados à do Maranhão, destaca-se por ter sido protagonizado por
disputa pela terra e por ofensivas realizadas a comunidades um parlamentar; embora não seja a primeira vez que
inteiras. Foram registrados ataques contra as comunidades parlamentares façam pronunciamentos racistas contra
de Ñhanderu Marangatu, no município de Antônio João; os indígenas. O deputado estadual Fernando Furtado (PC
em Guyra Kamby’i, no município de Douradina; Potrero do B) foi flagrado, em áudio que vazou nas redes sociais,
Guasu, no município de Paranhos; Pyellito Kue, no muni- insultando indígenas Awá, durante sua participação em uma
cípio de Iguatemi; Mbaracay, no município de Douradina; audiência pública na cidade de São João do Caru, organi-
Kurupi, no município de Naviraí; Tey’I Jusu, no município zada por uma associação de produtores. Ao referir-se aos
de Caarapó; Kurusu Ambá, município de Coronel Sapucaia; índios, o deputado os classificou de “bando de veadinho”,
e Taquara, no município de Jutí. “boiola” e chegou a sugerir que eles morressem de fome
Além disso, o Mato Grosso do Sul registra o maior “porque não sabe nem trabalhar”.
número de casos de homicídios culposos. Dos 18 casos Embora haja apenas 9 registros de casos de violência
registrados no Brasil, a maior parte foi por atropelamentos, sexual, é possível supor que o número de ocorrências seja
dos quais 5 aconteceram neste estado. Outros casos foram muito maior. Em Roraima, houve uma denúncia anônima à
registrados no Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Polícia Civil de que o proprietário de uma fazenda, funcio-
Grande do Sul e Santa Catarina. nários e um suposto policial militar estariam fazendo festa e
* Missionário e membro da Coordenação Colegiada do Regional do Cimi no Mato Grosso do Sul e graduando em História pela Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM)
** Missionário e coordenador do Regional Cimi Sul, graduado em Filosofia na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Fafimc) e em Direito
na Pontifícia Universidade Católica do rio Grande do Sul (PUC-RS)
Laila Menezes
de fiscalização como naquelas de proteção e investigação.
Por outro lado, os poderes Executivo e Judiciário agem
para dar legitimidade às criminosas ações praticadas por
fazendeiros na medida em que paralisam as demarcações
de terras – administrativa ou judicialmente. Desse modo,
fica evidente que as perversidades e atrocidades praticadas
contra os povos indígenas em 2015 foram ignoradas por
aqueles que deveriam agir para combatê-las. Abaixo, alguns
destes casos são destacados:
No dia 30 de dezembro, um bebê Kaingang foi
degolado enquanto era amamentado no seio de sua mãe
na rodoviária de Imbituba, em Santa Catarina. Quem não
acompanha o crescente quadro de violências – expresso
nos mais variados tipos de ocorrências – contra os povos,
as comunidades e os indivíduos indígenas, pode imaginar
que este crime se trata de uma exceção ou que não teve,
necessariamente, uma motivação racista. Mas não é isso que
“ Os fazendeiros criaram e têm
qualificado milícias para atacar
os dados sobre essas violências evidenciam. O assassinato comunidades extremamente
de uma criança no colo da mãe configura uma síntese da vulneráveis, e contra elas praticar as
dor e do sofrimento dos povos indígenas no Brasil.
mais variadas formas de agressão.
Os dados apontam que desde agosto de 2015 houve
uma intensificação dos ataques paramilitares levados a Estes covardes atos demonstram que
cabo contra as famílias indígenas Guarani e Kaiowá, no os criminosos envolvidos se sentem
Mato Grosso do Sul. Foi no dia 29 daquele mês que ocorreu legitimados pelo poder público.
um emblemático atentado em Ñhanderu Marangatu, no Assassinatos, espancamentos,
município de Antônio João. Após uma semana de prepara- sequestros, torturas e estupros são
tivos e ameaças, com participação direta de parlamentares
estaduais e nacionais, incitações públicas de lideranças
alguns dos crimes praticados contra
sindicais e a omissão da polícia do estado, o jovem Simeão os povos indígenas que lutam pela
Vilhalva, de 24 anos, foi assassinado. Em meio a um dos demarcação de suas terras ancestrais
vários ataques ruralistas empreendidos contra famílias no Brasil
desprotegidas e desarmadas, este crime foi efetuado em uma
área que foi homologada e reconhecida pela União como
sendo de tradicionalidade indígena em 2005. A morte de
”
de Amambai, realizada na sede da Federação da Agricultura
Simeão mais uma vez direcionou os holofotes do mundo e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Fazendeiros,
todo para o drama vivido pelos Guarani e Kaiowá no Brasil. políticos e policiais abandonaram um fórum oficial proposto
Porém, o crime em Marangatu não foi um fato pelo Ministério Público Federal (MPF) que buscava objetivar
isolado. Apenas evidenciou o paradigma de um genocídio soluções e decidiram retirar os indígenas com as próprias
sistêmico realizado, geralmente, através de perversos mãos. Cerca de 40 indivíduos armados compunham a comi-
ataques contra os povos indígenas do Mato Grosso do Sul tiva que ateou fogo no acampamento indígena, disparou
que, em alguns períodos, chegam a ser diários. tiros, destruiu pertences pessoais e manobrou as cami-
nhonetes de encontro aos indígenas que tentavam fugir 1.
Opressão e omissão Neste contexto extremamente violento, as crianças
Geremia e Tiego (de 12 e 14 anos) saíram em fuga e se
Dois meses antes do assassinato de Simeão, famílias perderam na mata. Eles dormiram oito noites ao relento
da Terra Indígena Kurusu Ambá, localizada no município e foram encontrados por indígenas da aldeia Taquapery,
de Coronel Sapucaia, foram igualmente atacadas por somente no dia 2 de julho, a 20 quilômetros do tekoha de
milícias fazendeiras. No dia 24 de junho, um grupo de Kurusu Ambá, onde estavam com suas famílias, antes do
cem caminhonetes acompanhadas pelo Departamento ataque. Eles estavam bastante debilitados, com fome e sede2.
de Operações de Fronteiras (DOF) deslocou-se até a sede Segundo uma nota do MPF de Ponta Porã: “Os
da fazenda Madama, local retomado por cerca de 21 pecuaristas foram acompanhados até o local por policiais
Guarani e Kaiowá. do DOF, que não entraram na fazenda, e pela equipe da
Esta ofensiva dos ruralistas foi planejada com ante- TV Morena, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso do
cedência em uma reunião promovida pelo Sindicato Rural Sul... Havia alguns pontos de incêndio, onde foi possível
o pedido de investigação3.
Apesar da brutalidade dos ataques SUPLÍCIO NO TRONCO
e das manifestações do MPF, as forças de segurança foram “O tronco consiste em duas estacas enterradas em ângulo agudo no
mesmo buraco, com o vértice para baixo. Em cada uma delas existe um
omissas durante todo o incidente, deixando os indígenas pequeno entalhe. A tortura consiste em colocar o tornozelo do índio
à sua própria sorte. O Ministério da Justiça e a Casa Civil e paulatinamente fechar o ângulo, aproximando as duas pontas das
estacas com o auxílio de uma corda. Um processo muito doloroso, que
chegaram a se pronunciar no sentido de não haverem se levado ao extremo poderá provocar a fratura do osso”,
constatados maiores problemas na região. No entanto, uma aponta trecho do Relatório Figueiredo.
diligência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias
Os povos indígenas e
o acesso à Justiça
Adelar Cupsinski*
Alessandra Farias**
Rafael Modesto***
* Adelar Cupsinski é Assessor Jurídico do Cimi; bacharel em Direito pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp); pós graduando em Direito Civil e Processo
Civil pela Faculdade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro; e membro do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)
** Alessandra Farias é Assessora Jurídica do Cimi; bacharel em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG); com especialização em Direito Penal pela Faculdade
Estácio de Sá, do Rio de Janeiro
*** Rafael Modesto é Assessor Jurídico do Cimi, bacharel em Direito pela UFG; com especialização em Direitos Sociais do Campo também pela UFG
Diego Pellizari
reservas artificiais e transformados em pedintes,
enquanto, capciosamente, eram chamados de
“preguiçosos” pelos regimes autoritários. Desta
forma, povos guerreiros milenares, produtivos,
foram subjugados ou simplesmente eliminados.
Contudo, o Constituinte originário
criou um arcabouço jurídico consistente, com
garantias amplas e abrangentes, incluindo
os diferentes povos indígenas e suas espe-
cificidades. A consistência destes direitos,
frente às constantes ameaças de revisão do
marco jurídico que regulam as terras indígenas,
especialmente, fizeram com que renomados
juristas viessem a público defender que os
direitos dos índios estão inseridos nas cláu-
sulas pétreas4.
Sem sombra para dúvidas, o Consti-
tuinte de 1988 aprovou uma das mais belas e avançadas (...) qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em
Constituições do mundo moderno, conciliatória, contem- cada ser humano que o faz merecedor do mesmo
porânea, plural, fraterna, elevando a dignidade da pessoa respeito e consideração por parte do Estado e da
humana à condição de princípio orientador de todo o comunidade, implicando, neste sentido, um conjunto
ordenamento jurídico brasileiro. de direitos e deveres fundamentais que assegurem à
A Constituição Cidadã é moderna porque harmoniza pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho
o sistema e as pessoas, e contempla as diversas sociedades degradante e desumano, como venham a lhe garantir
que formam a cultura brasileira, incluindo os indígenas, a as condições existenciais mínimas para uma vida
quem foi dedicado um capítulo específico. saudável, além de propiciar e promover sua partici-
Ao contrário do regime anterior, que previa a inte- pação ativa e corresponsável nos destinos da própria
gração dos índios à comunhão nacional - regime, portanto, existência e da vida em comunhão com os demais
autoritário e singular -, a atual Constituição integrou os seres humanos, mediante o devido respeito aos
seus direitos ao ordenamento jurídico, respeitando suas demais seres que integram a rede da vida (SARLET,
especificidades, diversidades e concepções de mundo – 2011, p. 73).
mundividências, ou cosmovisões. Contemporaneamente, a dignidade da pessoa
Desta forma, as populações indígenas foram contem- humana pode ser compreendida ao que Barcellos7 (2002)
pladas, indiscutivelmente, nos princípios da dignidade da defende como um mínimo existencial capaz de conferir
pessoa humana e do acesso à Justiça - congênitos, não as mínimas condições para a existência digna. A doutrina-
sendo possível analisar seus direitos isoladamente. Entre um dora abarca os seguintes direitos: educação fundamental,
sistema e outro, os índios saíram da condição de tutelados saúde básica, assistência aos desamparados e garantia de
para a condição de igualdade frente aos demais cidadãos acesso à Justiça.
brasileiros. Consequentemente, foram reconhecidos como Para Barcellos (2002, p. 293), ainda, “o direito subje-
sujeitos coletivos de direitos. tivo de acesso à justiça é o instrumento sem o qual qualquer
Em relação ao tema enunciado, mormente à digni- dos três elementos anteriores (educação fundamental,
dade da pessoa humana, para a doutrina brasileira, as saúde básica, assistência aos desamparados) tornam-se
primeiras referências acerca da dignidade na história da inócuos (...)”.
humanidade se encontram na Bíblia Sagrada, no Antigo De acordo com Bonifácio 8 (2008), a universali-
e Novo Testamento (SARLET, 2011)5. zação do acesso à Justiça visa primordialmente garantir
Sobretudo, o dicionário Houaiss e Villar foi muito um processo justo aos cidadãos independentemente dos
feliz em sua menção do significado da palavra dignidade: limites territoriais do Estado ao qual esteja vinculado. É um
consciência do próprio valor; honra; modo de proceder procedimento, pois, que promove o exercício da cidadania
que inspira respeito; distinção; amor próprio” (HOUAISS; pelos sujeitos de direito, garantindo o adequado respeito às
VILLAR, 2004, p. 248). Em outras palavras, a dignidade normas jurídicas, à luz da concepção dos direitos humanos.
nada mais é do que uma “qualidade moral que confunde Para os indígenas, a dignidade da pessoa humana
respeito” (SANTOS, 2011)6. corresponde à dignidade étnica, e o acesso à Justiça precisa
Ainda, acerca da descrição do que seria a dignidade ser compreendido em extensão maior na medida em que
humana, ilustramos o ensinamento de Ingo Wolfgang Sarlet: afeta uma coletividade e todas as suas especificidades,
1 Mandado de Segurança 29.087 - STF. Inteiro Teor do Acórdão - Página 7. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=6937880.
Acessado em: 15 de agosto de 2016.
2 Disponível em: http://www.cnv.gov.br/images/pdf/relatorio/Volume%202%20-%20Texto%205.pdf. Acessado em: 4 de agosto de 2016.
3 O Relatório Figueiredo foi encontrado em agosto de 2012 no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, após 45 anos desaparecido. Ele é composto por aproximadamente 7 mil
páginas preservadas, contendo 29 dos 30 tomos originais. Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=0&Pesq=.
Acessado em: 4 de agosto de 2016.
4 SARMENTO, Daniel. Nota Técnica. A PEC 215/00 e as Cláusulas Pétreas. Disponível em: https://mobilizacaonacionalindigena.files.wordpress.com/2014/12/pec-
215_nota-tc3a9cnica-mpf.pdf. Acessado em: 4 de agosto de 2016.
5 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 9a ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2011. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj034504.pdf. Acesso em: 25 de agosto de 2011.
6 SANTOS, Jefferson Cruz dos. Princípio da dignidade da pessoa humana na Constituição cidadã. Conteúdo Jurídico, Brasília (DF): 13 de agosto de 2011. Disponível
em: http://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj034504.pdf. Acesso em: 25 de agosto de 2011.
7 BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos Princípios Constitucionais: o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. Disponível
em: http://jus.com.br/artigos/23387/o-acesso-a-justica-sob-a-perspectiva-da-dignidade-da-pessoa-humana. Acesso em: 26 de agosto de 2015.
8 BONIFÁCIO, Artur Cortez. O Direito Constitucional Internacional e a proteção dos Direitos Fundamentais. Coleção Professor Gilmar Mendes. v. 8. 1a ed. São Paulo:
Método, 2008. Leia mais: https://jus.com.br/artigos/23387/o-acesso-a-justica-sob-a-perspectiva-da-dignidade-da-pessoa-humana#ixzz3jBsT5cWv.
9 Min. Ayres Britto, durante o julgamento da ACO 312: “Para o índio, a terra não é um bem mercantil, passível de transação. Para os índios, a terra é um totem
horizontal, é um espírito protetor, é um ente com o qual ele mantém uma relação umbilical”. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.
asp?idConteudo=206458.
10 FACHIN, Luiz Edson e PIANOVSKI, Carlos Eduardo. A dignidade da pessoa humana no direito contemporâneo: uma contribuição à crítica da raiz dogmática do
neopositivismo constitucionalista. Disponível em: http://www.anima-opet.com.br/pdf/anima5-Conselheiros/Luiz-Edson-Fachin.pdf. Acesso em 18 de agosto de 2015.
11 SOUZA FILHO, Carlos Federico Marés de. O Renascer dos Povos Indígenas para o Direito. 1a Ed. (ano 1998, 5ª reimpr. Curitiba: Juruá, 2008.
12 Mandado de Segurança 27.939 – Relator: Ministro Edson Fachin.
Quadro de
Análise da ONU:
configurada
situação de risco
Ana Mendes
de atrocidade
Fernanda Frizzo Bragato*
Paulo Gilberto Cogo Leivas**
* Graduada em Direito (UFRGS); Mestrado e Doutorado em Direito (Unisinos), com período no Birkbeck College, da Universidade de Londres; Pós-Doutorado
(Birkbeck College); Professora de Direitos Humanos na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Direito (Unisinos).
** Graduado em Direito (UFRGS); Mestrado e Doutorado em Direito (UFRGS); Professor de Direitos Humanos no Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro
Universitário Ritter dos Reis;. Professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); Procurador Regional da República.
Emenda Constitucional 215/2000, no índios, gays e lésbicas são “tudo o que não
Tiago
Considerações finais
Referências Bibliográficas
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13 jan. 2015. to Protect. A/63/677, 12 January 2009. Disponível brazil-traditionals-lands. Acesso em: 8 dez. 2015.
* Pesquisador do Núcleo de Estudos de Populações Indígenas (Nepi), do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC).
Quadro 2: Programa 2065 – Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas
Restos
Valor Valor Valor
Objetivo/Órgão Iniciativa Ação/Unidade Orçamentária a Pagar
Autorizado Empenhado Liquidado
Pagos
Mineração:
uma ameaça devastadora
Guenter Francisco Loebens*
* Missionário membro da Coordenação do Regional Cimi Norte I, graduado em História na Universidade Federal do Amazonas (UFAm), com Pós-Graduação em
Ética e Política pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap)
1 https://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-monitoramento/ucs-e-tis-na-amazonia-sao-afetadas-por-mais-de-175-mil-processos-de-mineracao
2 http://www.hutukara.org/images/stories/PESQUISA_DE_MINERAcaO_NO_RIO_URARICUERA.doc
“ A CNBB, em documento,
afirmou: ‘O que se esconde atrás da
Foi necessário pouco tempo para que a montagem
falaciosa das matérias que embasavam as acusações ruísse,
já que ficou comprovado que os documentos utilizados
escandalosa campanha difamatória haviam sido grosseiramente falsificados. Quando isso foi
contra os missionários do Cimi demonstrado, o relator da CPMI, senador Ronan Tito,
não é a defesa dos interesses na sessão do dia 10 de outubro, apresentou seu parecer
nacionais, como afirma o jornal, conclusivo, no qual sustentou a “inexistência de base docu-
mas a ambição das companhias mental idônea” e “não terem fundamento as denúncias
que objetivaram a criação desta CPMI”.
mineradoras, decididas a remover, Pouco tempo depois a CPMI foi encerrada, mas não
sem qualquer salvaguarda legal, os com a devida divulgação sobre o embuste que havia sido
minérios em áreas indígenas’ arquitetado contra os povos originários brasileiros, com o
”
páginas centrais, o jornal O Estado de São Paulo, gerou
propósito exclusivo de privilegiar ainda mais os interesses
da elite do país.
uma espécie de comoção entre os parlamentares, que se Criminalizar para acabar com a resistência
apressaram em constituir a CPMI (que envolve tanto a
Câmara como o Senado) do Cimi. Um breve olhar sobre a história de luta dos indígenas
“Os Índios na Nova Constituição” era a chamada por seus direitos e contra as violências que levaram vários
da série de matérias. Não restavam dúvidas de que o povos ao extermínio evidencia que ela é tão dramática que
que se pretendia era impossibilitar os direitos indígenas se chegou ao ponto de prever que até o final do ano 2000
através das acusações ao Cimi. A Conferência Nacional os indígenas seriam exterminados do Brasil.
dos Bispos do Brasil (CNBB), em documento do dia 14 de Porém, a resistência dos povos originários, com
agosto, afirmou: “O que se esconde atrás da escandalosa suas amplas e frequentes mobilizações e o crescente
campanha difamatória contra os missionários do Cimi não apoio de entidades da sociedade nacional e internacional,
é a defesa dos interesses nacionais, como afirma o jornal, possibilitou não apenas a sobrevivência, mas o aumento
mas a ambição das companhias mineradoras, decididas a substancial de sua população, passando de 100 mil, na
remover, sem qualquer salvaguarda legal, os minérios em década de 1960, para quase um milhão atualmente. Esse
áreas indígenas”. despertar da consciência étnica, se deu, em boa parte, pelo
49 Omissão e morosidade na
regularização de terras
68 Conflitos relativos a
direitos territoriais
72 Invasões possessórias,
exploração ilegal de recursos
naturais e danos diversos
ao patrimônio
Capítulo I
VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO
Omissão e morosidade
na regularização de terras
C omo em anos anteriores, em 2015 pouco se avançou
nos processos de regularização das terras indígenas.
Sete homologações foram assinadas pela presidenta Dilma
hoje. O maior número de terras na etapa Sem Providên-
cias concentra-se no Amazonas (130), seguido pelo Mato
Grosso do Sul (68) e pelos estados de Rio Grande do Sul
Rousseff, enquanto o Ministério da Justiça publicou apenas (24) e Rondônia (22).
três Portarias Declaratórias e a Presidência da Fundação Outras 175 terras, ou 26%, encontravam-se na fase A
Nacional do Índio (Funai) identificou somente quatro Identificar. Nesta etapa, a Fundação Nacional do Índio
terras indígenas, além de ter publicado duas Portarias de (Funai) determina a criação de Grupo Técnico (GT) para
Restrição. As terras indígenas que tiveram algum procedi- verificar se a área reivindicada pela comunidade indígena
mento demarcatório realizado em 2015 podem ser vistas é, de fato, uma terra tradicional indígena. Em muitos
na Tabela 1 (página 50).
Desse modo, Dilma Rousseff continuou, em 2015, Quadro 2 – Situação Geral das Terras Indígenas no Brasil
apresentando a menor média de homologações de terras
Situação Quant. %
indígenas realizadas pelos presidentes da República desde
o fim da ditadura militar. O total e a média anual de homo- Registradas (demarcação concluída e
registrada no Cartório de Registro de Imóveis
logações decretadas neste período podem ser verificados da Comarca e/ou no Serviço do Patrimônio da
398 35,75
no Quadro 1, abaixo. União)
Das 1.113 terras indígenas reconhecidas, em processo Homologadas (com Decreto da Presidência da
15 1,34
de reconhecimento pelo Estado brasileiro ou reivindicadas República, e aguardando registro)
pelas comunidades, até agosto de 2016, apenas 398, ou Declaradas (com Portaria Declaratória
35,7%, tinham seus processos administrativos finalizados, ou do Ministério da Justiça, e aguardando a 63 5,66
homologação)
seja, foram registradas pela União. Um resumo da situação
Identificadas (reconhecidas como território
das terras indígenas no Brasil, segundo o levantamento do tradicional por Grupo Técnico da Funai,
Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pode ser verificado 47 4,13
e aguardando Portaria Declaratória do
no Quadro 2. Ministério da Justiça)
Dados atualizados em 31 de agosto de 2016 apontam a A identificar (incluídas na programação da
existência de 654 terras indígenas com alguma providência Funai para futura identificação, com Grupos 175 15,72
Técnicos já constituídos)
a ser tomada pelo Estado brasileiro. Ou seja, com exceção
Sem providências (terras reivindicadas pela
das terras registradas e das reservadas ou dominiais, todas comunidade que ainda não constam na 348 31,35
as outras terras indígenas apresentam pendências admi- listagem da Funai para a realização de estudo)
nistrativas para terem seus procedimentos demarcatórios Com Restrição (terras que receberam
finalizados. Esse número corresponde a 58,7% do total das Portaria da Presidência da Funai restringindo o
uso da área ao direito de ingresso, locomoção 6 0,53
1.113 terras indígenas. Em relação a estas terras, verificar a ou permanência de pessoas estranhas aos
situação de cada estado na Tabela 2 (página 51) . quadros da Funai)
Observa-se que, do total das 654 terras indígenas com Reservadas (demarcadas como “reservas
pendências administrativas para terem finalizados os seus indígenas” à época do SPI) ou Dominiais (de 61 5,48
procedimentos demarcatórios, 348 terras - ou seja, pouco propriedade de comunidades indígenas)
mais da metade (53%) - não tiveram quaisquer providên- Total 1.113 100
cias administrativas tomadas pelos órgãos do Estado até Fonte: Cimi, agosto de 2016
casos, verifica-se intensa morosidade nos trabalhos desses os relatórios de identificação e delimitação destas terras,
GT. Podemos citar o caso da Terra Indígena São Gabriel/ que foram publicados pela Presidência da Funai. Atual-
São Salvador, do povo Kokama, localizada no município mente, as publicações das Portarias Declaratórias destas
de Santo Antônio do Içá, no Amazonas, que teve seu GT duas terras pelo Ministério da Justiça são muito aguardadas
criado em 25 de abril de 2003 mas, doze anos depois, seus pelos povos Guarani e Kaiowá. Os outros quatro GT ainda
trabalhos ainda não foram concluídos. não avançaram em relação ao procedimento demarcatório
Em Mato Grosso do Sul, estado com o maior número de dos territórios tradicionais reivindicados pelos indígenas.
casos de violências contra indígenas no país, o reconheci- Se o acordo e o prazo tivessem sido cumpridos, há mais
mento de diversas terras indígenas estava previsto em um de seis anos, certamente muitas violações e até mesmo
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em 2007 mortes poderiam ter sido evitadas.
entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Funai. Os seis A Tabela 3 (na página 52) apresenta as 654 terras
Grupos Técnicos (GT) criados deveriam ter apresentado os indígenas com pendências administrativas, divididas por
resultados de suas pesquisas em junho de 2009. Dois deles - estado e de acordo com a etapa de cada uma delas no
Dourados Amambaipeguá I e Iguatemipeguá I - finalizaram procedimento demarcatório.
Portarias Declaratórias
Área
Terra Indígena Povo UF Ato
(hectare)
Jaraguá Guarani SP 532 Portaria, MJ nº 581 de 29.5.2015 (DOU 01/6/2015)
Tremembé da Barra de
Tremembé CE 3.580 Portaria nº 1.318, de 7/8/2015 (DOU 11/8/2015)
Mundau
Ponciano Mura AM 4.329 Portaria, MJ nº 2.084, de 11/12/2015 (DOU 14/12/2015)
Portarias de Restrição
Área
Terra Indígena Povo UF Portaria
(hectare)
Tanaru Isolados RO 8.070 Portaria nº 1.040 de 26/10/2015 (DOU 27/10/2015)
Portaria nº 1.271 de Restrição de Uso de 22/12/2015
Pirititi Isolados RR 43.404
(DOU 23/12/2015
ACRE
Situação Terra Indígena Povo Município
Igarapé Tapada Não contatados Mâncio Lima
Sem Providências Jaminawa do Seringal São Francisco Jaminawa Sena Madureira
(4) Monte Apurinã Boca do Acre
Parque Estadual do Chandles Não contatados Santa Rosa do Purus; Manoel Urbano
Homologada
Riozinho do Alto Envira Ashaninka e Isolados Feijó e Santa Rosa do Purus
(1)
Restrição
Igarapé Taboca do Alto Tarauacá Não contatados Jordão
(1)
ALAGOAS
Situação Terra Indígena Povo Município
Karuazu Karuazu Pariconha
Sem Providências
Katokim Catokim Pariconha
(3)
Koiupanká Pankararu-Koiupanká Inhapi
Identificada
Wassu Cocal Wassu Joaquim Gomes
(1)
AMAZONAS
Situação Terra Indígena Povo Município
Água Fria Apurinã Beruri
Aldeia Aliança/Furo Preto Kanamari Itamarati
Aldeia Gaviãozinho/Taquara Kulina Itamarati
Aldeia Mari-Mari/Igarapé do Índio Kulina Itamarati
Aldeia Patakuá Munduruku Manicoré
Aldeia São Raimundo/Cauaçu Munduruku Manicoré
Aldeias da Sede Municipal Kambeba São Paulo de Olivença
Aldeia Tuyuca Tuyuca Manacapuru
Amanaim do Jaduá da Casta do Jussara Kambeba e Miranha Coari
Anarucú Kokama; Tikuna Fonte Boa; Tonantins
Apurinã do Igarapé Grande Apurinã Lábrea
Arajaí Mura/Apurinã; Miranha Manaquiri
Assunção Kokama Tefé
Baixo Rio Negro III Baré; Tukano Barcelos
Baku Kanamari Itamarati
Barro Alto II Munduruku; Kulina e Mura Manaquiri
Batedor Kulina Jutaí
Boará/Boarazinho Kambeba/Kokama Tefé
Boca do Futuro Mura Manaquiri
Boca do Mucura Kokama Fonte Boa
Boca do Rio Jacaré Paumari/Deni Tapauá
Bom Futuro/Lago do Jacaré Mura Careiro da Várzea
Bom Futuro Tikuna Tefé
Bom Jesus do Igapó Grande Tikuna Coari
Sem providências
Bonfim Miranha Tefé
(130)
Caiapé Munduruku Manicoré
Cajual Munduruku Manaquiri
Cajueiro/Lourdes Apurinã e Jamanadi Boca do Acre
Caiambé/Barreirinha Tikuna; Kokama; Kambeba Tefé
Cainã Baré; Munduruku e Apurinã Manaquiri
Camaiuá Munduruku Manicoré
Camaru Kamanari Fonte Boa
Capanã (Guariba II) Mura Manicoré
Cariru Kokama Jutaí
Caruara Miranha Maraã
Cauaçu Tikuna Uarini
Ciriquiqui Apurinã Pauini
Curara Mura Manicoré
Curriã Apurinã Lábrea
Divino Espírito Santo do Angelim Tikuna Coari
Divino Espírito Santo do Laranjal Tikuna Coari
Ebenezer Miranha Japurá
Esperança (Estrada do Brasileirinho) Kokama Manaus
Feijoal Servalho Kokama Jutaí
Igarapé do Índio Kanamari Itamarati
Igarapé Lurdes Jamamadi Boca do Acre
Igarapé Manacá Kokama; Kaixana Tonantins
Ilha do Tarará Kokama Jutaí
Ilha do Tambaqui Tikuna Jutaí
AMAZONAS - continuação
AMAZONAS - continuação
AMAZONAS - continuação
Situação Terra Indígena Povo Município
Auati-Paraná (Santa União) Kokama Fonte Boa
Baixo Grande Tora Humaitá
Baixo Seruini/Baixo Tumião Apurinã Pauini
Baixo Rio Negro Baré, Tukano e outros Barcelos; Santa Isabel
Caiapucá Jaminawá Boca do Acre
Capivara Mura Autazes
Garaperi/Lago da Vitória Apurinã Pauini
Guapenu/Poronga Mura Autazes
Igarapé Açu/Aldeia Nova Jerusalém Kokama; Tikuna e Kambeba Tefé
Igarapé Paiol Apurinã Manaquiri
Igarapé Preto/Pauana Kanamari Carauari
Iquirema Jamamadi Boca do Acre
Jamamadi do Lourdes Apurinã; Jamamadi Boca do Acre
Jauary Mura Autazes
A identificar Kulina do Rio Uêre Matatibem Kulina Carauari
(30) Lago do Barrigudo Apurinã Beruri
Lameirão Mayoruna Atalaia do Norte
Mamoriá Apurinã Pauini
Monte/Primavera/Goiaba Apurinã/Jamamadi Boca do Acre
Muratuba Mura Autazes
Nossa Senhora de Fátima do Catuá/Potiri Kokama Coari
Pacovão Mura Borba
Pantaleão Mura Autazes
Porto Novo Kokama São Paulo de Olivença
Porto Redenção Tikuna São Paulo de Olivença
Rio Cuieras Baré; Tukano; Kambeba Manaus e Nova Airão
Sãkoa/Santa Vitória Apurinã Pauini
São Francisco Apurinã Manacapuru
São Gabriel/São Salvador Kokama Santo Antonio do Iça
Valparaiso-Retiro Apurinã Boca do Acre
AMAZONAS - continuação
Situação Terra Indígena Povo Município
Arary Mura Borba
Banawá (Yafi do Rio Piranhas) Banawa Tapua; Canutama; Lábrea
Homologada Cajuhiri Atravessado Miranha; Cambeba e Tikuna Coari
(6) Mapari Cayxana Jutaí
Setemã Mura Novo Aripuanã; Borba
Tabocal Mura Careiro da Várzea
Portaria de
Restrição Jacareuba/Katawixi Katawixi/não contactados Canutama; Lábrea
(1)
BAHIA
Situação Terra Indígena Povo Município
Coroa Vermelha Gleba C Pataxó Santa Cruz de Cabrália
Corumbauzinho Pataxó Prado
Gerú Tucuma Pataxó Açucena
Sem Providências
Payayá Payaya Utinga; Morro do Chapéu
(7)
Pataxó Pataxó
Tupinambá de Itapebi Tupinambá Itapebi
Xakriabá de Cocos Xakriabá Cocos
A identificar
Tuxá Tuxá Nova Rodelas
(1)
CEARÁ
Situação Terra Indígena Povo Município
Cajueiro Tabajara Poranga
Fidélis Tabajara Quiterianópolis
Gameleira/Sítio Fernandes Kanindé Aratuba; Canindé
Gavião Gavião Monsenhor Tabosa
Imburama Tabajara Poranga
Sem Providências Kalabaça Kalabaça Poranga
(12) Kanindé Kanindé Aratuba; Canindé
Lagoa dos Neris
Novo Oriente
Lagoinha Potiguara
Monte Nebo Crateús; Monsenhor Tabosa
Nazário Crateús
Tabajara Tabajara Viçosa, Crateús, Monsenhor
CEARÁ - continuação
Identificada Tapeba Tapeba Caucaia
(2) Tremembé de Almofala Tremembé Itarema
DISTRITO FEDERAL
Situação Terra Indígena Povo Município
Sem Providências
Fazenda Bananal/Santuário dos Pajés Vários Brasília
(1)
ESPÍRITO SANTO
Situação Terra Indígena Povo Município
Sem Providências
Serra Caparaó Guarani Mbyá Dores do Rio Preto; Divino São Lourenço
(1)
GOIÁS
Situação Terra Indígena Povo Município
Declarada
Avá-Canoeiro Avá-Canoeiro Colinas do Sul; Minaçu
(1)
MARANHÃO
Situação Terra Indígena Povo Município
Gamela Gamela Taquatiua
Sem Providências
Mangueira Timbira Vitorino Freire
(3)
Terra de Índio (Gamela) Gamela Viana
Declarada
Bacurizinho Guajajara Grajaú
(1)
MINAS GERAIS
Situação Terra Indígena Povo Município
Gerú Tucumã (Aldeia) Pataxó Açucena
Sem Providências Luiza do Vale Tembé Rio Pardo de Minas
(4) Mocuriñ Mocuriñ Campanário
Xucuru-Kariri de Caldas Xucuru Kariri Caldas
MATO GROSSO
Situação Terra Indígena Povo Município
Arara do Rio Guariba Arara Colniza
Cabixi Não contatados Comodoro
Capitão Marcos Pareci Comodoro
Fortuna Chiquitano Vila Bela da Santíssima Trindade
Kudorojarí Bororo General Carneiro
Morcegal Nambikuara Comodoro
Sem Providências
Moreru-Pacutinga Não contatados Cotriguaçu
(13)
Nhandu-Braço Norte Não contatados Guarantã do Norte
Parabubure II, III, IV, V Xavante Nova Xavantina; Campinápolis
Rio Bararati Não contatados Cotriguaçu
Rio Madeirinha Não contatados Aripuanã
Rio Preto Maxakali; Krenak Canabrava do Norte
Rio Tenente Marques Não contatados Juína
Homologada
Pequizal do Naruwoto Naruwoto Canarana; Paranatinga
(1)
Portaria de
Piripikura Kayabi Aripuanã
Restrição (1)
PARÁ
Situação Terra Indígena Povo Município
Açaizal Munduruku Santarém
Adi Arumateuá Tembé Tomé Açu
Akratikateje da Montanha Gavião da Montanha Nova Ipixuna
Barreira Campo Karajá Santa Maria das Barreiras
Boa Vista Km 17 Juruna Vitória do Xingu
Canain Atikum Canaã dos Carajás
Cumaruara Cumaruara Margens do Rio Tapajós
Cuminapanema Urucuriana Não contatados; Zoé Óbidos; Alenquer
Dos Encantados Tuapiu Santarém
Sem Providências Guajanaira Guajajara; Guarani Mbyá Itupiranga
(20) Maitapu Maitapu Margens do Rio Tapajós
Muruci Arapium Santarém; Margens do Rio Tapajós
Ororobá Atikum Itupiranga
Pedreira Miripixi Santarém
Arapium
Tapiíra Santarém
Tavaquara Xipaia; Curuaia Altamira
Tembé de Santa Maria do Pará Tembém Santa Maria do Pará
Tupaiu Tupaiu Margens do Rio Tapajós
Tupinambá Tupinambá Santarém; Margens do Rio Tapajós
Vila Franca Arapium Santarém
PARÁ - continuação
Aminã Tupaiu Itamarati
Amanayé (de Goianésia do Pará) Amanayé Goianésia do Pará
Aningalzinho Tupaiu Alto Alegre
Areial Tembé Santa Maria do Pará
Tupinambá; Maytapu; Cara
Baixo Tapajós I Aveiro; Tapajós
Preta
Baixo Tapajós II Munduruku Aveiro
Baixo Tapajós/Arapiuns Arapium; Munduruku
Borari de Alter do Chão Borari Santarém
Brinco das Moças Cumarauara
Escrivão Cara Preta; Maytapu Aveiro
Jeju Tembé Santa Maria do Pará
Juruna do Km 17 Juruna Vitória do Xingu
A Identificar
Santa Cruz do Xingu; São Félix do
(25) Kapotnhinore Kayapó
Xingu; Vila Rica
Km 43 Munduruku e outros Itaituba
Marituba Munduruku e outros Belterra; Santarém
Mirixipi Arapium
Muratuba do Pará Tupinambá; Cara Preta Santarém
Nova Vista Arapium
Pacajá Assurini Portel
Rio Maró Arapium
Santarém
São João Arapium
São Luis do Tapajós Munduruku e outros Itaituba
Tracajá Assurini Baião; Tucuruí
Tunayana Tunayana Oriximiná
Turé/Mariquita II Tembé Tomé-Açu
PARAÍBA
Situação Terra Indígena Povo Município
A Identificar
Tabajara Tabajara Conde
(1)
Declarada
Potiguara de Monte Mor Potiguara Rio Tinto; Marcação
(1)
PARANÁ
Situação Terra Indígena Povo Município
Aty Miri
Avá-Guarani Itaipulândia
Itacorá
Guarani; Avá-Guarani;
Jevy Guaíra
Guarani Nhandeva
Kakané Porá Guarani; Xetá; Kaingang Curitiba
Sem Providências Guaraqueçaba;
Kuaray Haxa Guarani; Xetá; Kaingang
(10) Antonina
Morro das Pacas Guarani Mbyá Guaraqueçaba
Ortigueira Ortigueira
Kaingang
Serrinha Tamarana
Tekoha Vera Tupã’i Campo Mourão
Tekoha Vy’a Renda Guarani Mbya Santa Helena
PERNAMBUCO
Situação Terra Indígena Povo Município
Aldeia Foklassa Fulni-ô Águas Belas
Sem Providências Fazenda Funil Tuxá Inajá
(4) Poruborá Poruborá Inajá
Serra Negra Kambiwá; Pipipã Petrolândia
Declarada
Truká Truká Cabrobó
(1)
PIAUÍ
Situação Terra Indígena Povo Município
Sem Providências
Kariri de Queimada Nova Kariri Queimada Nova
(1)
RIO DE JANEIRO
Situação Terra Indígena Povo Município
Sem Providências Ara ovy/Sítio do Céu Maricá
Guarani Mbya
(2) Camboinhas (Tekoha Itarypu) Niterói
Arandu Mirim (Saco de Mamanguá) Parati
Guarani Mbya
Campos Novos Cabo Frio
A Identificar Guarani Mbya; Guarani
Guarani do Rio Pequeno
(5) Nhandeva
Parati
Tekoha Kaaguy Hovy Porã
Guarani Mbya
Tekoha Jery
RONDÔNIA
Situação Terra Indígena Povo Município
Arikem (C. Estivado) Desaldeados Ariquemes
Cabeceira Rio Marmelo Não contatados Machadinho d’Oeste
Cascata-Cassupá-Salomãi Cassupá; Salamãi Corumbiara; Chupinguaia
Guarasugwe Guarasugwe
Igarapé Karipuninha/Serra Três Irmãos Não contatados Lábrea (AM); Porto Velho (RO)
Jabuti Jaboti; Djeoromitxi Alta Floresta do Oeste
Kampé Kampé Pimenteiras do Oeste
Makurap Makurap Rolim de Moura
Mata Corá Desaldeados Costa Marques
Guajará-Mirim;
Oro Mon Waran
Nova Mamoré
Parque Nacional do Bom Futuro Porto Velho; Alto Paraíso; Buritis
Não contatados
Sem Providências Pântano do Guaporé Pimenteira
(22) Paumelenhos Paumelenhos Costas Marques
Rebio Jaru Ji-Paraná
Rio Candeias Porto Velho
Rio Cautário/Serra da Cutia Costa Marques; Guajará-Mirim
Cujubim; Itapuã do Jamari; Candeias
Rio Jacundá
do Jamari; Porto Velho
Não contatados Nova Mamoré; Guajará-Mirim;
Rio Formoso/Jaci Paraná
Campo Novo; Buriti
Rio Muquim Paraná/Karipuna Porto Velho; Nova Mamoré
Rio Muqui/Serra da Onça Alvorado d’Oeste; Urupá
Rio Novo e Cachoeira do Rio Pacaas
Guajará-Mirim
Novas
Wayaro Wayaro Alto Alegre do Parecis; Alta Floresta
Cujubim Kujubim Guajará-Mirim; Costa Marques
Costa Marques; São Francisco;
A Identificar Migueleno (Rio São Miguel) Migueleno
Ariquemes; Guajará-Mirim
(3)
Seringueiras; São Miguel; São
Puruborá do Rio Manuel Correia Puruborá
Francisco
Declarada
Rio Negro de Ocaia Pakaa Nova Guajará Mirim
(1)
Portaria de
Tanaru Isolados Chupinguaia; Corumbiara; Parecis
Restrição (1)
RORAIMA
Situação Terra Indígena Povo Município
Sem Providências Arapuá Wapixana Alto Alegre
(2) Lago da Praia Makuxi; Wapixana Boa Vista
Portaria de
Pirititi Não contatados Rorainópolis
Restrição (1)
SANTA CATARINA
Situação Terra Indígena Povo Município
Fraiburgo Kaingang Fraiburgo
Sem Providências Peperi Guasú Guarani Nhandeva Itapiranga
(4) Praia de Fora Palhoça
Guarani Mbya
Yaká Porã/Garuva Garuva
Cambirela
Palhoça
A Identificar Massiambu/Pira Rupa
Guarani Mbya
(4) Reta/Itaju/Tapera São Francisco do Sul
Tekoha Dju Mirim (Amâncio) Biguaçu
SÃO PAULO
Situação Terra Indígena Povo Município
Aldeinha Tupi Guarani Itanhaém
Itapitangui Guarani Cananéia
Itapu Mirim/Votupoca Tupi Guarani Registro
Jacareí/Takuarity Acaraú Cananéia
Guarani Mbya
Juréia Iguape
Sem Providências
Mboi Mirim Guarani São Paulo
(11)
Paranapuã Guarani Mbya; Tupi Guarani Ubatuba
Paraíso/Rio Cumprido/Yu Puku Guarani Mbya; Tupi Guarani Iguape
Tangará Tupi Guarani Itanhaém
Taquari Guarani Eldorado
Tekoha Mirim Guarani Mbya Praia Grande
TOCANTINS
Situação Terra Indígena Povo Município
Sem Providências Kanela de Tocantins Kanela Araguaçu
(2) Mata Alagada Krahô-Kanela Lagoa da Confusão
Motivados pela disputa da terra, pistoleiros atacaram a Aldeia Cahy, na Bahia, destruindo e queimando casas,
uma maloca de venda de artesanato e um centro cultural Pataxó
BA 2 Casos
TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ DE BELMONTE
POVO: TUPINAMBÁ
TIPO DE DANO/CONFLITO: Incêndio;
destruição de patrimônio
DESCRIÇÃO:A aldeia, que fica às margens do Rio Jequitinhonha,
foi atacada enquanto a comunidade estava na colheita
de cacau. Duas casas e parte da plantação foram queima-
das. As investidas contra a aldeia foram intensificadas no
final de 2013 quando foi o Relatório Circunstanciado de
Identificação e Delimitação (RCID), realizado pela Funai,
foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), o qual
comprovou a tradicionalidade da terra e da presença dos
indígenas na região.
Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 7/5/52015
Já os povos indígenas do Maranhão, que contam com váveis (Ibama), que combatiam o incêndio, foram alvo das
áreas de florestas em suas terras, continuaram sendo alvos ações criminosas dos madeireiros. Em uma emboscada, o
de invasões, desmatamentos, exploração ilegal de recursos, chefe de fiscalização do órgão ambiental, Roberto Cabral,
além de ações criminosas, como foram os incêndios nas foi baleado no braço e classificou o atentado como tentativa
terras Arariboia, dos povos Awá e Guajajara; e Alto Turiaçu, de homicídio. Para o Ibama, o atentado foi realizado por
dos povos Awá, Ka’apor, Tembé, Timbira e Urubu Ka’apor. No madeireiros que exploram a mata da reserva de forma ilegal.
caso da Terra Indígena Arariboia, as queimadas destruíram O órgão também declarou que o incêndio foi criminoso.
mais de 200 mil hectares de floresta, o que corresponde a Em outubro, cerca de 250 brigadistas atuaram para conter
mais da metade do território tradicional, por cerca de dois uma linha de fogo que chegou a ter 100 quilômetros de
meses. Ações para conter o fogo só foram iniciadas após extensão. Em outubro, o governo do Maranhão declarou
um mês do início das queimadas. Além disso, não havia situação de emergência em 11 terras indígenas no estado.
recursos nem mesmo para a alimentação de brigadistas Além de Arariboia e Alto Turiaçu, a situação se estendeu às
que atuavam no combate aos incêndios. terras indígenas Geralda Toco Preto, Canabrava Guajajara,
No dia 16 de outubro, até mesmo agentes do Instituto Governador, Krikati, Lagoa Comprida, Bacurizinho, Urucu,
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno- Juruá, Porquinhos e Kanela.
A queimada atingiu as roças e plantações de açaí, pupunha e tanto para a alimentação como na confecção de artesanato.
outras árvores frutíferas cultivadas pelas famílias. Os indígenas Além dos severos impactos se estenderem sobre os animais
buscaram o diálogo para que o acusado não fizesse a queimada, da região, os igarapés também estão sendo aterrados e os
mas não foram ouvidos. Além do prejuízo com a destruição das rios assoreados. Inaldo, liderança do seu povo, esclarece que
plantações, houve o desmatamento da área verde preservada o propósito dos fazendeiros é transformar a área em pasto
pelos moradores da aldeia. A comunidade também denuncia para a criação de gado. Segundo informa uma carta-denúncia
as ações de um microempresário do município que retira assinada por várias entidades, a destruição ambiental está
madeira de lei, como acapú, cedro, castanheira e outras, de sendo realizada sob a guarida de homens armados. Os indí-
dentro da terra indígena para comercialização. Mesmo com genas informam, ainda, que diferentes invasores do território
toda a fiscalização e os pedidos dos moradores da aldeia, o têm apresentado certidões cartoriais de uma mesma área, o
acusado não respeita a natureza do território indígena. que além de provocar uma situação de permanente conflito
Com informações de: Cimi Regional Norte I - Equipe Tefé, 10/11/2015 e ameaça contra o povo, configura-se numa clara violação
dos direitos indígenas garantidos pela Constituição.
TERRA INDÍGENA: ITIXI MITARI Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 24/9/2015
POVO: APURINÃ
TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU
TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploraçãoilegal de recursos naturais
POVOS: AWÁ, KA’APOR, TEMBÉ, TIMBIRA e URUBU KA’APOR
DESCRIÇÃO: Lideranças denunciam a invasão da terra indígena por
madeireiros, posseiros e pescadores para cortar madeira, TIPO DE DANO/CONFLITO: Destruição de floresta
fazer roçado e pesca ilegal. Uma tenda foi construída para a DESCRIÇÃO: Os indígenas afirmam que após a morte de uma liderança,
venda de peixe na entrada do Lago do Jenipapo, onde está os conflitos vêm se intensificando e a situação atingiu um nível
a comunidade da Aldeia São Raimundo. Os indígenas são insustentável. Relatam que a terra indígena está sitiada por
ameaçados quando advertem sobre a ilegalidade dos inva- pistoleiros a mando dos madeireiros, ameaçando suas vidas
sores. Além disso, estes entraram na Justiça com uma ação e restringindo o direito da população indígena de ir e vir. Há
de posse de terra contra o tuxaua da Aldeia São Raimundo. suspeitas de que os invasores ateiam fogo na mata dentro
Com informações de: Cimi Regional Norte I; Lideranças indígenas dos limites da área indígena, ameaçando a sobrevivência das
famílias. A Justiça Federal havia determinado que a Funai
e outros órgãos competentes apresentassem um plano de
ES 1 Caso fiscalização para a área indígena e a instalação de postos de
TERRA INDÍGENA: TUPINIQUIM
segurança, porém nada foi feito até o presente momento.
Com informações de: Canal Notícia, 27/10/2015
POVOS: GUARANI e TUPINIKIM
TIPO DE DANO/CONFLITO: Inundação de lama de mineração
TERRA INDÍGENA: ARARIBOIA
DESCRIÇÃO: Os rejeitos de mineração da Samarco, cuja barragem POVOS: AWÁ e GUAJAJARA
Fundão rompeu, chegaram à Lagoa Monsarás, no distrito de TIPO DE DANO/CONFLITO: Incêndio
Povoação, em Linhares. Desde então o povo indígena está im-
DESCRIÇÃO: Uma queimada, que durou cerca de dois meses, devastou
pedido de exercer a pesca tradicional, sua principal atividade
mais da metade da terra indígena. A região destruída equivale
de subsistência. A lagoa sempre foi utilizada para a produção
a mais de 200 mil hectares e trouxe grandes prejuízos aos
e reprodução de peixes e a irrigação de pastagens. As lideran-
indígenas, à fauna e à flora. Perderam-se roças e casas foram
ças ressaltam que a lama prejudica não só todo o território
destruídas. A ajuda do Estado chegou após um mês do início
indígena de Aracruz, que abrange nove aldeias, como os rios e
do incêndio, com o envio de aeronaves e de 200 homens do
o mar do município, o que acabou com as áreas de pesca. Os
Corpo de Bombeiros, do Ibama e do Exército para combater
índios também estão impedidos de catar mariscos e de retirar
o fogo. Os órgãos envolvidos no combate ao fogo não conse-
o sustento dos rios que compreendem a bacia do Rio Doce.
guiam coordenar as ações, pois não havia recursos para atuar.
Com informações de: Cimi Regional Leste
Não havia dinheiro para custear nem mesmo a alimentação
dos brigadistas. Ambientalistas e o próprio Ibama afirmam
MA 18 Casos que o incêndio foi criminoso, , com o propósito de fazer uma
TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU retaliação, visto que a terra indígena é alvo de especulação.
Mesmo com o incêndio é constante a invasão e presença de
POVO: KA’APOR
madeireiros na área, onde já ocorreram confrontos e vários
TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploraçãoilegal de recursos naturais assassinatos. Durante uma operação do Ibama para conter
DESCRIÇÃO: Foram apreendidos sete caminhões transportando o incêndio dentro da terra indígena, os agentes do órgão
madeira ilegal da área indígena. Segundo informações da ambiental sofreram um atentado realizado pelos madeireiros
polícia, duas pessoas chegaram a trocar tiros com os policiais e um agente do Ibama foi baleado.
durante a apreensão. Também foram apreendidas espingardas Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
e motosserras.
Com informações de: G1-MS, 3/8/2015 TERRA INDÍGENA: KANELA
POVO: MEMORTUNRÉ-KANELA
TERRA INDÍGENA: GAMELA
TIPO DE DANO/CONFLITO: Danos
ao meio ambiente
POVO: GAMELA
DESCRIÇÃO: Aterra indígena sofre com os impactos da retirada de
TIPO DE DANO/CONFLITO: Desmatamento piçarra para pavimentar estradas construídas pela prefeitura
DESCRIÇÃO: Várioshectares de vegetação nativa com importantes de Fernando Falcão, em parceria com o governo do estado.
espécies vegetais estão sendo desmatados e incendiados por Apesar das denúncias dos indígenas, a Funai não tem fis-
invasores de um território reivindicado pelo povo Gamela. calizado a área.
Essas espécies são utilizadas secularmente pelos indígenas, Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasãopara exploração madeireira ilegalmente extraída da terra indígena, além de um caminhão.
A área de onde a madeira foi retirada é considerada um dos
DESCRIÇÃO: Um carregamento com 50 postes de aroeira, árvore nobre
últimos fragmentos de floresta primária do Centro de En-
protegida por lei, e 200 pranchas de ipê extraídos ilegalmente
demismo Belém, refúgio da maioria das espécies ameaçadas
da terra indígena, foi apreendido. A madeira era transportada
de extinção no Pará.
em um caminhão onde estavam duas pessoas, entre elas um
Com informações de: G1/PA, 15/1/2015
indígena que teria realizado a venda. O outro veículo era
conduzido pelo homem que comprou o carregamento e que
TERRA INDÍGENA: KAYAPÓ
foi preso. Os autuados responderam por crime ambiental.
Com informações de: G1/MS, 27/11/2015 POVO: KAYAPÓ
TIPO DE DANO/CONFLITO: Garimpoilegal
MT 3 Casos DESCRIÇÃO: Garimpeiros que exploram ilegalmente a terra indígena
investem em armamentos pesados para intimidar e agredir
TERRA INDÍGENA: URUBU BRANCO as pessoas contrárias à exploração garimpeira. Além disso,
POVO: TAPIRAPÉ promovem o aliciamento de indígenas. Conforme declarou
TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira o técnico operacional da Funai, Paulo Roberto de Azevedo
DESCRIÇÃO: Depois de uma operação realizada pela Polícia Federal, Júnior, a maioria das aldeias é contra essa exploração. Das
armas de fogo, motosserras e documentos foram apreendidos, 29, dentro da terra indígena, 24 não admitem o garimpo em
DESCRIÇÃO: A Frente de Proteção da Funai retirou os servidores da TIPO DE DANO/CONFLITO: Contaminação; exploração de água
terra indígena alegando falta de condições materiais e de DESCRIÇÃO:As águas poluídas do rio que corta a terra indígena
logística para manter a base de apoio funcionando e deixou representam risco ambiental e sanitário à população. Em
sem proteção a comunidade. Desse modo, os garimpeiros vistoria realizada, um perito do MPF identificou as principais
voltaram a ocupar a região da Serra da Estrutura, inclusive fontes de contaminação e recomendou à subprefeitura de
fazendo voos clandestinos semanais para levar mantimen- São Paulo que canalize as águas da nascente utilizadas para
tos e equipamentos para o garimpo. Não satisfeitos com a a lavagem de veículos, para impedir a poluição da cabeceira
ocupação, também se apropriaram dos equipamentos da do curso d’água.
Funai que se encontravam na base de apoio. A existência de Com informações de: MPF-SP, 17/8/2015
garimpeiros na Serra da Estrutura é uma ameaça à vida dos
indígenas, à existência dos Yanomami isolados que habitam a TO 1 Caso
região, grupo muito vulnerável a doenças, além de causarem
a destruição da floresta e a poluição da terra e dos rios. Há TERRA INDÍGENA: APINAYÉ
informações de que os garimpeiros estavam aliciando jovens POVO: APINAJÉ
indígenas a garimpar oferecendo alimentos, rádios, celulares, TIPO DE DANO/CONFLITO: Desmatamento
objetos pessoais e ameaçando destruir as aldeias, caso não DESCRIÇÃO: O desmatamento do Cerrado no entorno da terra
contribuam com eles. Conforme o líder indígena Gerson indígena, ao avançar sobre as matas ciliares, está pondo em
da Silva, mais de 5 mil vivem nas comunidades próximas: risco as nascentes que correm para a terra Apinajé e amea-
Sikamabiú, Alto Mucajaí, Pewaú, Waikai, Uxiú, Kaianu e Buriti. çando as cabeceiras e os mananciais de água que podem
Com informações de: Cimi Regional Norte I; Folha de Boa Vista, 9/11/2015; Associação ser assoreados, poluídos por agrotóxicos e/ou totalmente
Hutukara
secos. A região que está sendo desmatada é reivindicada
pelos indígenas desde a década de 1980. A licença para o
SC 2 Casos desmatamento foi concedida pelo órgão estadual de meio
TERRA INDÍGENA: CONQUISTA
ambiente, Naturatins e, segundo as lideranças, as organizações
indígenas não foram consultadas, nem houve comunicação
POVO: GUARANI
com os órgãos da administração pública federal, Funai e
TIPO DE DANO/CONFLITO: Destruição de patrimônio Ibama, nem com o MPF.
DESCRIÇÃO: A comunidade foi surpreendida com o incêndio na sua Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 6/1/2015; Associação da
Opy (casa de reza ). Segundo informações de uma liderança União Aldeias Apinajé, 28/1/2015.
83 Assassinato
92 Tentativa de assassinato
99 Homicídio culposo
101 Ameaça de morte
104 Ameaças várias
109 Lesões corporais dolosas
111 Abuso de poder
114 Racismo e
discriminação étnico cultural
Assassinato
disparos de arma de fogo. O atentado também deixou sua Simeão Vilhalva ia ao encontro de seu filho, foi alvejado no
esposa gravemente ferida. Na Bahia, também em Olivença, rosto por um disparo de arma de fogo. Neste caso, além
um casal de indígenas do povo Tupinambá - Jorge Carlos do assassinato, há outros fatos graves, como a incitação
Amaral do Nascimento e Maraci Oliveira da Costa -foi à violência por parte de políticos, o uso de armas de fogo
encontrado morto em um matagal. Eles estavam recebendo por fazendeiros e capangas sem que isso fosse coibido pela
ameaças e, no dia do assassinato, foram levados de sua polícia e a conivência das autoridades federais e de forças de
casa, na aldeia, por cinco homens. Outro assassinato em segurança diante das violências promovidas abertamente
função de disputas territoriais na Bahia ocorreu na terra nos sindicatos, nos programas de rádio, na internet e em
do povo Tumbalala. Gilmar Alves da Silva seguia de moto canais de televisão que transmitiam as programações locais.
quando um veículo bateu no veículo, lançando-o longe. Um fato estarrecedor ocorreu no dia 30 de dezembro
Em seguida ele foi alvejado a tiros. em Santa Catarina, na rodoviária do município litorâneo de
No estado do Maranhão, na Terra Indígena Alto Turiaçu, Imbituba. Uma mãe Kaingang amamentava seu filho Vítor,
a liderança Euzébio Ka’apor, que liderava seu povo na luta de dois anos, quando um rapaz se aproximou e desferiu um
pela defesa de seu território e, especialmente contra a golpe de estilete no pescoço de Vítor. A mãe desesperada não
exploração madeireira, foi assassinado a tiros quando estava pôde fazer mais nada a não ser, em prantos, ver seu pequenino
no município de Centro do Guilherme. Devido à ausência esvair-se em sangue no seu colo. Este fato não pode ser visto
dos órgãos de fiscalização do Estado, os próprios Ka’apor se ou pensado como um caso isolado. Demonstra, em primeiro
arriscam e expõem suas vidas para fazer a defesa da terra lugar que a vida é insignificante, especialmente quando se
tradicional e de seus bens naturais. Ao longo dos últimos trata de “índio” nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do
anos, centenas de madeireiros foram expulsos de suas terras. país; em segundo lugar, demonstra a vulnerabilidade a que
No entanto, há uma verdadeira organização criminosa na os indígenas estão submetidos, sendo obrigados a viver em
região, a qual inclui autoridades municipais, madeireiros e acampamentos improvisados às margens das rodovias ou
comerciantes, que promove a invasão das terras e a explo- fora de seus territórios.
ração ilegal da madeira. Os órgãos estaduais e federais são Chamou também atenção o registro do aumento de
omissos e coniventes diante dos crimes praticados contra indígenas assassinados no Tocantins, cinco casos, e no Paraná,
os povos indígenas e o meio ambiente. A promiscuidade cinco casos. Há, nessas regiões, um forte incentivo a projetos
existente entre madeireiros e autoridades locais incentiva ligados ao agronegócio que incidem de modo intenso sobre
a exploração ilegal da madeira, um crime lucrativo. os territórios indígenas em demarcação ou reivindicados
Em agosto de 2014, os Ka’apor Guardiões da Floresta como sendo de ocupação tradicional. As frentes de expansão
expulsaram vários madeireiros no interior da terra indígena, do agronegócio carregam consigo o consumismo, o álcool,
destruíram os acampamentos dos invasores e queimaram as drogas, o preconceito e outros fatores geradores de
os caminhões que transportavam a madeira retirada ilegal- violências. Nesse contexto, os povos originários tornam-se
mente da terra indígena. A violência contra os indígenas vulneráveis e ocorrem problemas internos, entre indígenas,
se intensificou depois do fechamento de um último ramal bem como externos, na disputa pela terra.
madeireiro em dezembro de 2014. Várias aldeias foram
invadidas em represália às ações de fiscalização. Segundo
Assassinatos em 2015 – Dados Cimi
uma liderança do Conselho Ka´apor, “fechamos todos os Nº de
UF Povo Indígena
ramais e criamos oito aldeias nas entradas para impedir Vítimas
que voltem. Mas, de lá pra cá, aconteceram três roubos de MS Guarani e Kaiowá e Guarani Nhandeva 20
motos seguidos de agressão, e sempre cometidos por duas TO Apinajé, Karajá, Krahô e Xerente 5
ou três pessoas encapuzadas e com espingardas”. Segundo PR Guarani e Kaingang 5
o indígena, “estão dizendo que é melhor liberar a madeira BA Tumbalalá e Tupinambá 5
do que morrer mais gente”, e “o Estado não faz nada”. AM Apurinã, Yanomami , Mura e Tikuka 5
No Mato Grosso do Sul, o Guarani e Kaiowá Simeão MA Guajajara, Ka’apor e Timbira 3
Vilhalva foi assassinado depois que os fazendeiros e políticos AP Galibi e Karipuna do Amapá 3
da região de Antônio João promoveram um ato público PA Arapium e Munduruku 2
convocando a população a se rebelar contra a comunidade PE Xukuru 1
indígena de Ñhanderu Marangatu. Os indígenas haviam GO Karajá 1
realizado algumas ações de recuperação de parcelas de seu MG Pataxó 1
território que havia sido homologado em 2005 mas, no SC Kaingang 1
entanto, permanece sob a posse de não índios. Fazendeiros, RO Oro Waram (Oro Wari) 1
políticos e capangas, com a escolta do Departamento de AC Kaxinawá 1
Operações de Fronteiras (DOF) avançaram sobre a comu-
Total de vítimas 54
nidade indígena Guarani e Kaiowá. Horas depois, quando
Indígenas denunciam, na frente do Palácio do Planalto, a impunidade do assassinato de Simeão Vilhalva Guarani e Kaiowá
ASSASSINATOS
52 Casos - 54 Vítimas
AC 1 Caso 17/6/2015
VÍTIMA: Grazielly Santos da Costa
8/3/2015 POVO: MURA
VÍTIMA: Carlos Alberto Domingos Kaxinawá TERRA INDÍGENA: PANTALEÃO
POVO: KAXINAWÁ
MUNICÍPIO: AUTAZES
TERRA INDÍGENA: KAXINAWÁ DO RIO JORDÃO DESCRIÇÃO: Mesmo com ação judicial, o pai da criança se negava a
MUNICÍPIO: TARAUACÁ fazer o exame de DNA para o reconhecimento da paternidade.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Praça central Para evitar o pagamento de pensão, a mulher do acusado
DESCRIÇÃO: O indígena foi atingido por tijoladas. O motivo do crime premeditou a morte da criança que, após ter sido sequestrada
foi o roubo de uma carteira. Outros crimes têm ocorrido com quando se dirigia à escola, foi morta pelo pai e pelo irmão
indígenas no município, o que preocupa muitas lideranças e deste. O corpo da criança foi encontrado três dias depois.
as comunidades. Em março de 2013, três indígenas Kaxinawá MEIO EMPREGADO: Estrangulamento
foram atingidos após participarem como torcedores de uma Com informações de:Cimi Regional Norte I
partida de futebol de salão na quadra do ginásio de esportes
da cidade. 9/7/2015
MEIO EMPREGADO: Tijolada VÍTIMA: Adolescente
Com informações de:Racismoambiental.net.br, 9/3/2015; G1/AC POVO: TIKUNA
MUNICÍPIO: TABATINGA
AM 5 Casos LOCAL DA OCORRÊNCIA: Feirasituada no porto de Tabatinga
12/4/2015 DESCRIÇÃO: O adolescente indígena foi morto com um tiro na
VÍTIMA: Ari Pakidai Yanomami cabeça no momento em que aguardava sua prima em uma
POVO: YANOMAMI
feira. Ele foi abordado por um homem não identificado, que
atirou e, em seguida, fugiu. A prima da vítima informou que
TERRA INDÍGENA: YANOMAMI
viu o momento que o homem se aproximou, falou algo e
MUNICÍPIO: BARCELOS
disparou no adolescente.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
Hemahepiwei MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
DESCRIÇÃO: O índio se envolveu numa briga na aldeia onde mora- Com informações de:G1/AM, 11/7/2015
va e foi atingido por vários golpes. Os médicos encontram
dificuldade em apontar a verdadeira causa da morte porque 5/8/2015
a cultura do povo não permite autópsia. VÍTIMA: Demerson Oliveira Salgado
MEIO EMPREGADO: Espancamento POVO: APURINÃ
Com informações de:Folha de Boa Vista, 14/4/2015 MUNICÍPIO: CAREIRO
3/5/2015
AP 3 Casos VÍTIMA: Gilmar Alves da Silva
POVO: TUMBALALÁ
MAIO
TERRA INDÍGENA: TUMBALALÁ
VÍTIMA: Homem
MUNICÍPIO: ABARÉ
POVO: GALIBI
MUNICÍPIO: OIAPOQUE LOCAL DA OCORRÊNCIA: Caminho para a aldeia Pambúi
DESCRIÇÃO: O indígena seguia de moto para a aldeia quando um carro
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Kumarumã
DESCRIÇÃO:Lideranças indígenas realizaram uma manifestação bateu nele e o arremessou ao chão. Em seguida, ele foi baleado.
pelas ruas da cidade de Oiapoque contra o desamparo do A vítima ainda conseguiu chegar à aldeia mas não resistiu.
poder público, principalmente contra a violência. Um indí- MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
Com informações de:Pastoral da Terra, ano 40, nº 220, abril a junho/2015
gena foi morto por uma mulher com uma facada, após uma
bebedeira. Outros dois índios já haviam sido assassinados 24/9/2015
na região, anteriormente. VÍTIMA: Jorge Carlos Amaral Nascimento e Maraci Oliveira da Costa
MEIO EMPREGADO: Arma branca
POVO: TUPINAMBÁ
Com informações de:SelesNafes.Com, 11/6/2015
TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA
3/5/2015 MUNICÍPIO: ILHÉUS
VÍTIMA: Sidney dos Santos Narciso LOCAL DA OCORRÊNCIA: Distrito de Sapucaeira
POVO: KARIPUNA DO AMAPÁ DESCRIÇÃO: O casal de indígenas foi encontrado morto em um ma-
TERRA INDÍGENA: UAÇA tagal, a uma distância de 3 km de onde moravam. Segundo
informações dos parentes, o casal recebia ameaças e no dia da Floresta expulsaram vários madeireiros no interior da
do ocorrido eles foram levados de casa por cinco homens. Terra Indígena, destruíram acampamentos e queimaram os
Com informações de:G1/BA, 25/9/2015 caminhões que transportavam madeira ilegal. A violência
contra os indígenas se intensificou depois do fechamento
24/10/2015
do último ramal madeireiro em dezembro de 2014 e várias
VÍTIMA: Uilson Conceição dos Santos aldeias foram invadidas em represália às ações de fiscalização.
POVO: TUPINAMBÁ
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ Com informações de: Luis Antônio Pedrosa, presidente Da Comissão de Direitos Humanos
MUNICÍPIO: ILHÉUS da OAB-MA; Diogo Cabral, advogado da CPT-MA, 27/4/2015;
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
Acuípe de Baixo
DESCRIÇÃO: Segundo informações da irmã da vítima, alguém cha- MG 1 Caso
mou o indígena e assim que ele abriu a porta para atender
foi alvejado. Não se sabe os motivos e o autor do crime. 23/3/2015
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo VÍTIMA: Genilson Lima dos Santos
Com informações de:Maraú Hoje, 29/10/2015; Cimi Regional Leste POVO: PATAXÓ
MUNICÍPIO: BELO HORIZONTE
GO 1 Caso LOCAL DA OCORRÊNCIA: Bairro
Paraíso
27/6/2015 DESCRIÇÃO: Segundo depoimento à Central de Flagrantes, o policial
VÍTIMA: Homem informou que estava reformando uma casa e foi avisado
POVO: KARAJÁ pelos pedreiros de que a vítima estava rondando o imóvel,
TERRA INDÍGENA: KARAJÁ DE ARUANÃ I em atitude suspeita. O policial foi até a casa e encontrou o
MUNICÍPIO: ARUANÃ
indígena, a quem abordou. Conforme o agressor, a vítima
teria sacado uma arma. Por reflexo, o policial atirou. A família
DESCRIÇÃO: A vítima estava embriagada e foi espancada até a morte
do indígena contestou esta versão, explicando que ele não
num bar da cidade.
andava armado, que era trabalhador e honesto.
MEIO EMPREGADO: Espancamento
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
Com informações de:Cimi Regional GO/TO - Equipe Palmas, 30/6/2015
Com informações de:Jornal Super Notícia, 26/3/2015; Cimi Regional Leste
MA 3 Casos
2015 MS 20 Casos
VÍTIMA: Amadeus Timbira 2015
POVO: TIMBIRA VÍTIMA: Homem
TERRA INDÍGENA: GOVERNADOR POVO: GUARANI e KAIOWÁ
MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHÃO TERRA INDÍGENA: AMAMBAI
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Rubiácea MUNICÍPIO: AMAMBAI
DESCRIÇÃO: Após uma discussão, a vítima foi atingida por agressores
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terra Indígena
e levada ao hospital municipal, mas não resistiu.
DESCRIÇÃO:Segundo informações do boletim de ocorrência, o
MEIO EMPREGADO: Pedaço de madeira
indígena foi até a casa do irmão mais novo e pediu bebidas
Com informações de:Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
alcóolicas. Este, que jantava no momento, disse que não tinha
05/4/2015 e acabou esfaqueado no rosto. Ao sair da casa do irmão, o
VÍTIMA: Sérgio Rosa de Assis Guajajara suspeito se deparou com a vítima e a esfaqueou no tórax e
POVO: GUAJAJARA na axila esquerda. A vítima morreu no local.
TERRA INDÍGENA: CANA BRAVA/GUAJAJARA MEIO EMPREGADO: Arma branca
MUNICÍPIO: BARRA DO CORDA Com informações de:G1/MS; Cimi Regional Mato Grosso do Sul
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Ribeiro 4/1/2015
DESCRIÇÃO: O assassinato ocorreu durante uma festa na aldeia. Não VÍTIMA: Jovem
se sabe o motivo do crime. No mesmo incidente houve uma
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
tentativa de assassinato de outro indígena.
TERRA INDÍGENA: DOURADOS
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
Com informações de:Cimi Regional Maranhão; Pastoral Indigenista de Grajaú MUNICÍPIO: DOURADOS
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
Bororó
26/4/2015
DESCRIÇÃO: Oindígena, de 18 anos, foi atingido com um golpe de
VÍTIMA: Euzébio Ka’apor foice na cabeça. Foi socorrido e levado ao Hospital da Vida,
POVO: KA’APOR mas não resistiu.
TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU MEIO EMPREGADO: Arma branca
MUNICÍPIO: CENTRO DO GUILHERME Com informações de:O Progresso, 7/1/2015
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Entrada do povoado Areal, a 3 km da Aldeia
6/1/2015
Xiborendá
VÍTIMA: Adolescente
DESCRIÇÃO: A vítima foi baleada no interior do município. Segundo
os Ka’apor, o crime está vinculado com o fato do povo ter POVO: GUARANI e KAIOWÁ
assumido a defesa de seu território, o que desagrada ma- TERRA INDÍGENA: DOURADOS
deireiros há alguns anos. Em agosto de 2014, os Guardiões MUNICÍPIO: DOURADOS
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Vila Hilda DESCRIÇÃO: Segundo a mulher da vítima, o indígena estava embria-
DESCRIÇÃO: Segundo informações da Polícia Militar, o menor estava gado e foi assassinado quando saiu para caminhar.
envolvido com drogas e a casa onde ele foi encontrado era MEIO EMPREGADO: Arma branca
um ponto de consumo de entorpecentes. Com informações de:O Progresso, 20/4/2015
MEIO EMPREGADO: Estrangulamento
Com informações de:O Progresso, 7/1/2015
24/5/2015
VÍTIMA: Valdecir Rios Fernandes
12/1/2015 POVO: GUARANI e KAIOWÁ
VÍTIMA: Simone Romeiro
TERRA INDÍGENA: DOURADOS
TERRA INDÍGENA: JAGUAPIRÉ
MUNICÍPIO: DOURADOS
MUNICÍPIO: TACURU
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
Jaguapiré DESCRIÇÃO: Os dois indígenas estavam ingerindo bebida alcoólica,
DESCRIÇÃO:A indígena estava em casa quando foi golpeada. O quando houve uma discussão e o acusado agrediu a vítima.
suspeito é o próprio filho da vítima, que foi detido pelos Ele nega o crime e diz que só se defendeu.
vizinhos até a chegada da polícia.
MEIO EMPREGADO: Arma branca
MEIO EMPREGADO: Agressão física Com informações de:Dourados News, 25/5/2015
Com informações de:Aquidauana News, 13/1/2015
9/7/2015
1/2/2015
VÍTIMA: Edimar Espíndola
VÍTIMA: Homem
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
TERRA INDÍGENA: TAQUAPERÍ
TERRA INDÍGENA: AMAMBAI
MUNICÍPIO: CORONEL SAPUCAIA
MUNICÍPIO: AMAMBAI
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Às margens da rodovia MS-289
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
de Amambaí
DESCRIÇÃO: Depois de uma semana internada, a vítima faleceu em
DESCRIÇÃO:O indígena foi encontrado morto a facadas. Os sus-
peitos pelo crime, dois irmãos, foram encontrados em uma decorrência de ferimentos de um espancamento sofrido
casa. Questionados, ambos fugiram. Posteriormente, um dos próximo à aldeia. O suspeito é um antigo desafeto da vítima,
suspeitos foi preso e, na delegacia, confessou que matou a que só parou as agressões ao ser impedido por populares.
vítima com a ajuda do irmão. Aos policiais, ele relatou que MEIO EMPREGADO: Agressão física
cometeu o crime porque foi furtado pelo homem. Com informações de:Correio do Estado, 9/7/2015
19/4/2015 27/7/2015
VÍTIMA: Sérgio Nunes
VÍTIMA: Homem
POVO: GUARANI NHANDEVA
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
TERRA INDÍGENA: CERRITO
TERRA INDÍGENA: DOURADOS
MUNICÍPIO: ELDORADO
MUNICÍPIO: DOURADOS
DESCRIÇÃO: O indígena saiu de casa para pescar, armado com
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Jaguapiru uma espingarda, e não retornou. O pai da vítima registrou a
DESCRIÇÃO: Um índio ainda não identificado foi encontrado morto ocorrência e, quando ainda estava na delegacia, recebeu uma
na aldeia. Segundo informações dos peritos, após ouvirem ligação informando que o filho fora encontrado. A equipe de
gritos, algumas pessoas foram verificar o que estava aconte- investigadores foi ao local e encontrou o corpo já em estado
cendo e encontraram o indígena já sem sinais vitais. de decomposição.
MEIO EMPREGADO: Arma branca MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
Com informações de:Dourados News, 19/4/2015; Cimi Regional Mato Grosso do Sul Com informações de:Correio do Estado, 27/7/2015
19/4/2015 31/8/2015
VÍTIMA: Larcides Flores Jara VÍTIMA: Nilda Vilhalva
POVO: GUARANI e KAIOWÁ POVO: GUARANI e KAIOWÁ
TERRA INDÍGENA: AMAMBAI TERRA INDÍGENA: AMAMBAI
MUNICÍPIO: AMAMBAI MUNICÍPIO: AMAMBAI
Com informações de:O Progresso, 31/8/2015 de que a vítima tenha sido espancada e jogada na lagoa, em
uma propriedade particular. O caso está sendo investigado
29/8/2015 pela Polícia Militar.
VÍTIMA: Simeão Vilhalva MEIO EMPREGADO: Espancamento
POVO: GUARANI e KAIOWÁ Com informações de:Campo Grande News, 2/11/2015
TERRA INDÍGENA: ÑHANDERU MARANGATU
17/11/2015
MUNICÍPIO: ANTÔNIO JOÃO
VÍTIMA: Eder Antunes Morales
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Antônio João
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
DESCRIÇÃO: O corpo de Simeão foi encontrado na beira de um
córrego, com o rosto perfurado por uma bala de arma de TERRA INDÍGENA: DOURADOS
DESCRIÇÃO: Durante a realização do curso Ybureabu, um indígena O corpo dele foi encontrado no Sítio Maçaranduba, na zona
foi encontrado morto na periferia da cidade. Há boatos de rural do município. Ainda segundo a polícia, testemunhas
que o rapaz teria cometido um furto na cidade e, após uma não souberam informar como o crime teria ocorrido. Um
tentativa de fuga, teria sido assassinado. inquérito foi instaurado para investigar o homicídio.
MEIO EMPREGADO: Ferramenta MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
Com informações de:Roseninho Saw Munduruku; Cimi Regional Norte II Com informações de:NE10 Interior
26/10/2015
PR 4 Casos – 5 Vítimas
VÍTIMA: Laudenilson Imbiriba Lopes
POVO: ARAPIUM 15/3/2015
TERRA INDÍGENA: BAIXO TAPAJÓS/ARAPIUNS VÍTIMAS: Onória Agoeiro Nunes e Ananias Nunes
MUNICÍPIO: SANTARÉM POVO: GUARANI
comunidade trouxe o agressor até a cidade, que confessou LOCAL DA OCORRÊNCIA: Bar
o crime na delegacia. DESCRIÇÃO:Segundo informações, o casal apresentava sinais de
MEIO EMPREGADO: Arma branca embriaguez e o marido esfaqueou a vítima, que não resistiu.
Com informações de:G1/PA, 27/10/2015 Na sequência, populares espancaram o indígena até a morte.
MEIO EMPREGADO: Arma branca e espancamento
Com informações de:Cimi Regional Sul - Equipe Guarapuava, 15/3/2015
PE 1 Caso
26/7/2015
8/10/2015
VÍTIMA: Homem
VÍTIMA: José Aldenício da Silva
POVO: KAINGANG
POVO: XUKURU
TERRA INDÍGENA: BARÃO DE ANTONINA
TERRA INDÍGENA: XUKURU
MUNICÍPIO: SÃO JERÔNIMO DA SERRA
MUNICÍPIO: PESQUEIRA
DESCRIÇÃO: O indígena foi encontrado morto. Ele trabalhava numa
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Massaranduba propriedade rural. Não se sabe o motivo nem o agressor.
DESCRIÇÃO: De acordo com informações da Polícia Militar, a vítima, MEIO EMPREGADO: Arma branca
de 56 anos, foi atingido por disparos de arma de fogo no rosto. Com informações de:Cimi Regional Sul
Aline Torres
POVO: KAINGANG
golpes de canivete.
MEIO EMPREGADO: Armabranca
TERRA INDÍGENA: ALDEIA KONDÁ
Com informações de:G1/TO, 20/7/2015
MUNICÍPIO: CHAPECÓ
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Rodoviária de Imbituba 26/12/2015
DESCRIÇÃO: Acriança estava no colo da mãe na rodoviária, com o VÍTIMA: Alex de Oliveira Apinajé
pai e dois irmãos. A família se deslocara da aldeia e procurava POVO: APINAJÉ
um local para vender artesanato. Um homem se aproximou, TERRA INDÍGENA: APINAYÉ
acariciou o rosto da criança e a atacou com um estilete no MUNICÍPIO: TOCANTINÓPOLIS
pescoço, degolando-a.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
Apinajé Olhos D´água
MEIO EMPREGADO: Arma branca
DESCRIÇÃO: Segundo informações da polícia, após uma discussão,
Com informações de:Cimi Regional Sul, 31/12/2015
o acusado atirou na cabeça do adolescente porque ele teria
quebrado o retrovisor da sua motocicleta. O adolescente
TO 5 Casos chegou a ser socorrido pelos indígenas, mas morreu a ca-
2015 minho do hospital.
VÍTIMA: Rodrigo Pereira Apinajé MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
POVO: APINAJÉ Com informações de:Cimi Regional GO/TO; G1/TO, 27/12/2015
Tentativa de assassinato
Uma grande quantidade de cartuchos de armas de fogo e cápsulas de balas de borracha foram encontradas na comunidade Guyra Kamby’i
após mais um ataque de fazendeiros e pistoleiros à comunidade durante a madrugada
Em 2015, o estado do Maranhão se destacou em relação impedir a ação de madeireiros. O indígena foi perseguido
às tentativas de assassinatos, 30 pessoas sofreram agres- de moto por dois homens que atiraram em sua direção.
sões, especialmente em função da luta contra a exploração Em outubro, guardas indígenas florestais da Terra Indígena
madeireira em terras indígenas. Naquele estado se chegou ao Alto Turiaçu, também no Maranhão, apreenderam sete
cúmulo de madeireiros atearem fogo nas florestas situadas invasores e atearam fogo em um caminhão e duas moto-
nas terras indígenas para amedrontar as comunidades, de cicletas usadas para a retirada de madeira. Em represália,
modo a impedir que elas reagissem à ofensiva criminosa da mais de vinte madeireiros armados invadiram o território
derrubada e retirada das madeiras. O mais grave é que o indígena, atiraram pelas costas e fugiram, fechando a entrada
governo federal se omitiu em relação às agressões aos povos da aldeia. No dia seguinte eles invadiram novamente o
indígenas e demorou muito para atuar contra a devastação local, agredindo homens e expulsando mulheres e crianças.
da natureza e o incêndio criminoso que consumiu mais de No Rio Grande do Sul, lideranças do povo Kaingang
200 mil hectares de mata dentro dos territórios tradionais. sofreram um atentado a tiros, disparados por dois homens,
Na Terra Indígena Alto Tarauacá, uma das lideranças quando trafegavam de carro em direção à comunidade
Ka’apor mais combativas do seu povo, sofreu um atentado indígena. O vice-cacique foi atingido na região da coluna.
quando visitava uma das oito áreas de proteção criadas para Os indígenas ligam os ataques à luta pela terra.
TENTATIVA DE ASSASSINATO
31 Casos
MUNICÍPIO: AUTAZES
AL 1 Caso
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
Igarapé Açu
4/2/2015
DESCRIÇÃO: Avítima foi atingida por uma facada no abdômen. O
VÍTIMA: José Romilson Wanderley dos Santos agressor estava alcoolizado. O consumo de bebida alcoólica
POVO: XUKURU-KARIRI tem sido um problema constante na comunidade e a venda
TERRA INDÍGENA: XUKURU-KARIRI continua, embora proibida por lei e combatida pela maioria
MUNICÍPIO: PALMEIRA DOS ÍNDIOS dos moradores.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Numapraça da cidade MEIO EMPREGADO: Arma branca
DESCRIÇÃO: O indígena foi encontrado ferido e encaminhado à Com informações de:Cimi Regional Norte I; Angelo Moreira Tavares, 10/9/2015
Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca.
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
MA 7 Casos
Com informações de:Alagoas 24 Horas, 5/2/2015 2015
VÍTIMA: Gael Krepunkateje
AM 2 Casos POVO: KANELA
29/6/2015 TERRA INDÍGENA: GERALDA/TOCO PRETO
VÍTIMA: Adeilson de Catro Pinheiro MUNICÍPIO: ITAIPAVA DO GRAJAU
POVO: MURA LOCAL DA OCORRÊNCIA: Itaipava do Grajaú
TERRA INDÍGENA: MURUTINGA DESCRIÇÃO: A vítima participava de uma festa quando seu irmão
MUNICÍPIO: AUTAZES envolveu-se numa briga com um não indígena. Ao tentar
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade indígena Murutinga Tracajá separá-los, o não indígena sacou um revólver e atirou duas
DESCRIÇÃO: A vítima estava trabalhando quando um policial e dois
vezes em Gael.
guardas municipais desceram de duas motos e pediram que MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
ele fosse à delegacia onde se encontrava um invasor da terra Com informações de:Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
indígena que reclamava que a vítima estava plantando verdu- MARÇO
ras em seu terreno. Segundo a comunidade, a área foi doada VÍTIMA: Comunidade
para a vítima ampliar sua horta. O policial forçou o indígena
POVO: AWÁ
a assinar um acordo. Ele ainda entrou na área e aguardou o
cacique, que trazia um documento para provar que a área TERRA INDÍGENA: CARU
era indígena. Houve um incidente e o policial sacou a arma MUNICÍPIO: BOM JARDIM
e tentou acertar o indígena, também procurando algemá-lo. LOCAL DA OCORRÊNCIA: Floresta onde vivem os Awá
Após séria discussão, a comunidade conseguiu tirar a arma DESCRIÇÃO: Famílias de Awá se deslocaram para a floresta e fo-
do policial, o que ocasionou problemas para os moradores. ram abordados por um grupo de caçadores ilegais que se
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo instalaram em acampamentos próximos à zona de caça dos
Com informações de:Cimi Regional Norte I Awá. Os caçadores dispararam em direção aos indígenas
que, amedrontados, retornaram à aldeia. Os índios viram
1/1/2015
no acampamento couros de animais e grandes plantios de
VÍTIMA: Ailton Cruz de Souza maconha.
POVO: MURA
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
TERRA INDÍGENA: IGARAPÉ AÇU Com informações de:Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena
VÍTIMA: Jolinel Leôncio Terena, Josimar Terema, Lindomar Terena LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR 163, perto do distrito de Bacajá
e a comunidade DESCRIÇÃO: Fazendeiros e pistoleiros realizaram um duro ataque à
POVO: TERENA comunidade, durante a madrugada, com vários disparos de
TERRA INDÍGENA: CACHOEIRINHA arma de fogo. A comunidade se dispersou, escondendo-se
no mato. Os fazendeiros se reuniram na noite anterior para
MUNICÍPIO: MIRANDA
preparar o ataque, descumprindo, assim, um acordo feito
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terra Indígena
com a Polícia Militar, a Funai e os indígenas.
DESCRIÇÃO: A vítima, seu irmão e mais alguns indígenas trabalhavam
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
em um roçado, dentro dos limites da terra indígena, nas re-
Com informações de:Midiamax, 3/9/2015
dondezas da aldeia, às margens da Rodovia MS 488, que liga a
comunidade ao município, quando foram surpreendidos por 18/9/2015
tiros de indivíduos que estavam dentro de uma caminhonete. VÍTIMA: Comunidade
A vítima foi baleada na parte lateral do corpo e removida para POVO: GUARANI e KAIOWÁ
um hospital. Os sobreviventes identificaram o carro como
TERRA INDÍGENA: PYELLITO KUE
pertencente a um fazendeiro da região que é alvo de mais de
uma dúzia de denúncias do Conselho de Lideranças Terena, MUNICÍPIO: IGUATEMI
por ameaças de morte contra Lindomar Terena e intimida- LOCAL DA OCORRÊNCIA: Próximo da sede da fazenda Maringá
ções contra o povo. Mesmo assim, nenhuma providência foi DESCRIÇÃO: Conforme as lideranças indígenas, pistoleiros ataca-
tomada por parte das autoridades. Cerca de 120 indígenas se ram a comunidade poucas horas depois de capangas terem
dirigiram para Miranda, exigindo que os policiais fizessem o avisado que “todos seriam mortos”. Foram utilizadas balas
boletim de ocorrência. O procedimento deveria ser padrão, de borracha, classificadas como de uso restrito, além das
mas o delegado, até então, relutava em fazê-lo. Autoridades habituais armas de fogo. Entre os feridos estavam uma
fizeram contato com o delegado para entender os motivos gestante e um rezador.
da sua recusa em registrar o boletim. Os indígenas afirmam MEIO EMPREGADO: Arma de fogo
que o alvo poderia ser Lindomar Terena, que estava perto Com informações de:Assessoria de Comunicação do Cimi, 18/9/2015
do local do atentado. Suspeitam disso porque Lindomar é
comumente ameaçado de morte. 19/9/2015
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo VÍTIMA: Comunidade
Com informações de:Cimi Regional Mato Grosso do Sul POVO: GUARANI NHANDEVA
TERRA INDÍGENA: POTRERO GUASU
19/6/2015
MUNICÍPIO: PARANHOS
VÍTIMA: Adolescente
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Tekoha Potrero Guaçu
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
DESCRIÇÃO: A comunidade indígena foi alvo de um ataque com
TERRA INDÍGENA: DOURADOS
rajadas de tiros, que deixou vários feridos. Parte da comu-
MUNICÍPIO: DOURADOS nidade se refugiou na mata. O acampamento sob ataque,
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó área de uma antiga fazenda, ocupa apenas 6,5% do total de
DESCRIÇÃO: Policiais da Força Nacional de Segurança, acompanha- hectares declarados pelo Ministério da Justiça como terra
dos de lideranças indígenas, prenderam o acusado por uma indígena, no ano 2.000. Parte da comunidade se nega a deixar
a área. Capangas e pistoleiros fizeram um cerco, impedindo LOCAL DA OCORRÊNCIA: Acampamento localizado nas imediações do
os indígenas de buscarem socorro no hospital. Um indígena município
foi baleado na coxa, o cacique foi alvejado na perna esquerda DESCRIÇÃO: Esta comunidade já possui um longo histórico de
e outra liderança no braço. violações e ataques. Desta vez, seus moradores foram sub-
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo metidos a vários ataques químicos efetuados através de
Com informações de:Assessoria de Comunicação do Cimi, 19/9/2015 tratores e aeronaves. O veneno foi jogado no o rio, única
fonte de água da comunidade, na plantação, única fonte de
16/10/2015
alimento, e diretamente sobre as moradias dos indígenas.
VÍTIMA: Comunidade
Muitas crianças apresentaram sintomas de contaminação e
POVO: GUARANI e KAIOWÁ foram encaminhadas para o posto de saúde. Alguns destes
TERRA INDÍGENA: IGUATEMIPEGUÁ I ataques foram avisados previamente. Apesar dos indígenas
MUNICÍPIO: IGUATEMI terem denunciado e solicitado apoio com antecedência, os
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade de Mbaracay ataques ocorreram nas horas marcadas pelos fazendeiros,
DESCRIÇÃO: A comunidade, constituída na sua maior parte por idosos,
sem que nenhum tipo de providência tivesse sido tomada
ocupou uma pequena porção de terra de, no máximo, dois pelos órgãos do Estado. Em pelo menos três destes ataques,
hectares de seu território tradicional porque estavam sem jagunços armados cercaram a comunidade, ameaçando e
acesso ao mato, à água potável e a animais para caça. A área impedindo as famílias indígenas de buscarem algum outro
é uma região alagadiça e não é usada para nenhum tipo de abrigo.
produção. O grupo de indígenas foi identificado primeiramente MEIO EMPREGADO: Ameaça à vida
pela polícia do estado. Posteriormente, os indígenas foram Com informações de: mst.org.br - janeiro/2016
covardemente atacados por um grupo armado, que efetuou
disparos letais contra eles. Rendidos, os indígenas foram sub- MT 3 Casos
metidos a uma longa sessão de tortura e, após alguns deles 24/10/2015
terem seus tornozelos quebrados, foram obrigados a fazer
VÍTIMA: Daliameali Enawenê-Nawê
uma longa caminhada para fora da área ocupada.
POVO: ENAWENÊ-NAWÊ
MEIO EMPREGADO: Ameaça; agressão física; tortura; detenção ilegal
TERRA INDÍGENA: ENAWENÊ-NAWÊ
Com informações de:Cimi - Secretariado Nacional e Regional Mato Grosso do Sul
MUNICÍPIO: BRASNORTE
DEZEMBRO LOCAL DA OCORRÊNCIA: Brasnorte
VÍTIMA: Comunidade
DESCRIÇÃO: O indígena foi baleado no peito, e encaminhado ao
POVO: GUARANI e KAIOWÁ hospital, depois de uma violenta ação de caminhoneiros e
TERRA INDÍGENA: TEY’I
JUSU fazendeiros em Brasnorte. O grupo indígena se dirigia à cidade
MUNICÍPIO: CAARAPÓ de Juína, onde estão os serviços públicos essenciais, como
Madalena-Borges
Até mesmo brigadistas do Ibama sofreram emboscada preparada por madeireiros no Maranhão; os incêndios estão associados a outros crimes,
como a invasão do território indígena, o roubo de madeira e diversas formas de violência
Homicídio culposo
O Cimi registrou em 2015, 18 casos de homicídio culposo,
Roberto Liebgott
com 24 vítimas. Em quase todas as ocorrências, as vítimas
foram atropeladas. Em pelo menos sete casos, os motoristas
fugiram sem prestar socorro.
Foram registradas ocorrências no Maranhão (3), Mato
Grosso do Sul (5), Minas Gerais (1), Pará (1), Paraná (2), Rio
Grande do Sul (3) e Santa Catarina (3).
No Mato Grosso do Sul os atropelamentos são recorrentes.
Há inclusive suspeitas manifestadas pelo Conselho da Grande
Assembleia Aty Guasu de que muitos atropelamentos são
premeditados, e não fruto de acidentes.
Em Santa Catarina, pelo segundo ano consecutivo, foram
registrados atropelamentos de indígenas que são oriundos
de Mato Grosso do Sul e que foram trabalhar na colheita de
maçãs naquele estado.
No Paraná também vem sendo recorrente os casos de
atropelamentos. Tanto no Mato Grosso do Sul quanto no
Paraná são realizadas intensas campanhas contra os indígenas,
especialmente nas regiões onde ocorrem conflitos territoriais. sua mãe, foi atingida e morta pela roda de um veículo que
No estado paranaense, quatro indígenas morreram atropelados se desprendeu.
por um motorista sem habilitação e embriagado. Segundo A morte das quatro adolescentes, sendo que três delas
informações da Polícia Rodoviária Federal, o condutor passou eram irmãs, explicitou a falta de políticas assistenciais para
a madrugada em uma casa noturna. Na estrada, ele perdeu as aldeias, especialmente aquelas que estão localizadas nas
o controle do veículo em uma curva, atingindo um grupo margens de rodovias, com precárias condições de infraes-
de cinco indígenas que andava pelo acostamento, na pista trutura de moradia, saneamento básico, escola, postos de
contrária. Três morreram na hora. Um foi socorrido em estado saúde; a omissão no cumprimento da demarcação das terras
grave, mas não resistiu, e o quinto teve ferimentos leves. indígenas; e o efetivo acesso às terras tradicionais. No caso das
No Rio Grande do Sul, quatro adolescentes do povo quatro adolescentes mortas, elas eram obrigadas a aguardar
Kaingang morreram vítimas de um rodado de caminhão o transporte escolar na beira da rodovia porque a prefeitura
que se desprendeu e as atingiu enquanto aguardavam, numa municipal de Estrela determinou ao motorista do transporte
parada de ônibus em frente à aldeia, o transporte escolar. escolar que não entrasse na aldeia, que fica há duzentos metros
A aldeia fica nas margens da rodovia BR 386 no município da BR 386. Depois do acidente foram tomadas medidas que
de Estrela. Fato semelhante ocorreu em março de 2014, na a comunidade reivindicava há décadas: um redutor de velo-
mesma rodovia, em frente à mesma aldeia, só que do lado cidade no trecho da estrada aproximo à aldeia e uma escola
oposto da estrada. Naquela ocasião, uma criança, no colo de para as crianças indígenas na comunidade.
HOMICÍDIO CULPOSO
18 Casos
MA 3 Casos 9/5/2015
VÍTIMA: Homem
MAIO
POVO: GUAJAJARA
VÍTIMA: Zezinho Mangabeira Miranda Guajajara
TERRA INDÍGENA: BACURIZINHO
POVO: GUAJAJARA
MUNICÍPIO: GRAJAÚ
TERRA INDÍGENA: CANA BRAVA/GUAJAJARA
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Trecho da BR-226
MUNICÍPIO: BARRA DO CORDA
DESCRIÇÃO: Um indígena não identificado pela polícia foi atropelado
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Entre as aldeias de Bueira e Sapucaia
e morreu no local. De acordo com informações da PRF,não
DESCRIÇÃO: A vítima estava de moto e se dirigia para a cidade havia informações das circunstância do ocorrido e o respon-
quando foi atropelada por um carro dirigido por um menor sável pelo atropelamento não foi identificado.
de idade, que fugiu. MEIO EMPREGADO: Atropelamento
MEIO EMPREGADO: Atropelamento Com informações de: O Estado do Maranhão, 11/5/2015
Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Pastoral Indigenista de Grajaú
DESCRIÇÃO:Uma moto conduzida de forma irresponsável pelo DESCRIÇÃO:O indígena morava num acampamento às margens
agressor chocou-se com a moto da vítima, que estava acom- da BR-386, km 174, e morreu atropelado quando tentava
panhado de seu filho de 13 anos. O cacique foi conduzido atravessar a rodovia, nas proximidades do acampamento.
para o hospital metropolitano em Ananindeua especializado MEIO EMPREGADO: Atropelamento
em fraturas, mas não resistiu. Com informações de: Cimi Regional Sul
MEIO EMPREGADO: Acidente
19/10/2015
Com informações de: Comunidade Indígena Tembé do Areal; Funai; Cimi Regional Norte II
VÍTIMA: Trêsadolescentes e uma criança
TERRA INDÍGENA: ESTRELA DA PAZ
PR 2 Casos
MUNICÍPIO: CARAZINHO
2015 LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-386 - Vale do Taquari
VÍTIMA: Cláudio Kafej Ribeiro DESCRIÇÃO: As quatro vítimas estavam em uma parada de ônibus,
POVO: KAINGANG às margens da BR-386, em frente à aldeia, esperando o
TERRA INDÍGENA: RIO DAS COBRAS ônibus escolar, quando foram atingidas por rodas que se
MUNICÍPIO: NOVA LARANJEIRAS desprenderam de um caminhão. Duas adolescentes e uma
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Acostamento da BR-277 criança indígenas morreram no local e uma quarta menina
DESCRIÇÃO: O indígena foi atropelado na BR-277, em Nova Laranjei-
ficou gravemente ferida, vindo a falecer cinco dias depois. O
ras, próximo ao trevo que dá acesso à aldeia Rio das Cobras. motorista não parou para prestar socorro. O líder dos povos
Conforme a PRF, o autor do atropelamento não prestou na região, Valdomiro Vergueira, afirmou que já havia solici-
socorreu, fugindo do local. tado várias vezes que a van escolar entrasse na aldeia, que
fica somente a 200 metros da estrada - o que teria evitado
MEIO EMPREGADO: Atropelamento
outros acidentes na beira da estrada. Foi aberto um inquérito
Com informações de: Cimi Regional Sul - Equipe Guarapuava; Marechal News
policial que concluiu pelo indiciamento do caminhoneiro
30/8/2015 por homicídio culposo.
VÍTIMA: Claudemir Tohiri Mendes, José Katyg Luiz de Abreu, Mar- MEIO EMPREGADO: Atropelamento
celino Krese Félix e João Maria Matias Com informações de: Diário de Canoas, 19/10/2015; Cimi Regional Sul
POVO: KAINGANG
TERRA INDÍGENA: RIO DAS COBRAS SC 3 Casos
MUNICÍPIO: NOVA LARANJEIRAS
2015
LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-277
VÍTIMA: Pedro Timóteo
DESCRIÇÃO: Quatro indígenas morreram atropelados por um moto-
POVO: GUARANI
rista sem habilitação e embriagado. Segundo informações da
Polícia Rodoviária Federal, o condutor passou a madrugada TERRA INDÍGENA: MORRO DOS CAVALOS
em um casa noturna e quando voltava, na estrada, perdeu o MUNICÍPIO: PALHOÇA
controle do carro em uma curva, atingindo um grupo de cinco LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-101, km 227
indígenas que andava pelo acostamento, na pista contrária. DESCRIÇÃO: O indígena foi atropelado ao tentar atravessar a BR-101,
Três morreram na hora. Um foi socorrido em estado grave, próximo à área indígena.
mas não resistiu, e o quinto teve ferimentos leves. MEIO EMPREGADO: Atropelamento
MEIO EMPREGADO: Atropelamento Com informações de: Cimi Regional Sul
Com informações de: Metrô, 31/0/2015; Cimi Regional Sul
6/2/2015
VÍTIMA: Homem
RS 3 Casos
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
23/2/2015 MUNICÍPIO: FRAIBURGO
VÍTIMA: Josué Amaral Amarilia LOCAL DA OCORRÊNCIA: Km21 da SC-355
POVO: GUARANI e KAIOWÁ DESCRIÇÃO: O indígena era de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, e
TERRA INDÍGENA: CARAZINHO trabalhava na colheita de maçã nos pomares de Fraiburgo
MUNICÍPIO: VACARIA e Lebon Régis, em Santa Catarina. Foi atropelado por uma
LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-116 - Km 29 RS policial e morreu no local.
DESCRIÇÃO: O indígena era natural de Amambai, no Mato Grosso do MEIO EMPREGADO: Atropelamento
Sul, e trabalhava na colheita de maçã no município gaúcho. Com informações de: Cimi Regional Sul
Foi atropelado inicialmente por um carro e, na sequência, 21/2/2015
por um micro-ônibus. Ele não resistiu.
VÍTIMA: Antonio Marcos Til
MEIO EMPREGADO: Atropelamento
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
Com informações de: Cimi Regional Sul
MUNICÍPIO: FRAIBURGO
26/6/2015 LOCAL DA OCORRÊNCIA: Rodovia SC-452
VÍTIMA: Davi Tokjsy Claudino Gria DESCRIÇÃO: A vítima foi atingida por um veículo e morreu no local.
POVO: KAINGANG O motorista fugiu sem prestar socorro. O indígena trabalhava
TERRA INDÍGENA: ACAMPAMENTO na colheita de maçã.
MUNICÍPIO: CARAZINHO MEIO EMPREGADO: Atropelamento
LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-386 Com informações de: Cimi Regional Sul
Ameaça de morte
AMEAÇA DE MORTE
12 Casos
AM 2 Casos Secretaria da Educação, os indígenas relataram as retaliações
e ameaças que vêm sofrendo dos madeireiros que invadem
2015 a terra, provocando um clima de total insegurança. Lembra-
VÍTIMA: Luciclaudio Santos Duarte ram o assassinato de Eusébio, por invasores que se sentem
POVO: MURA prejudicados com o constante monitoramento dos indígenas
TERRA INDÍGENA: MURUTINGA contra a exploração ilegal de madeira.
MUNICÍPIO: AUTAZES MEIO EMPREGADO: Invasão
Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF/MA, 9/10/2015
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Muritunga/Tracajá
DESCRIÇÃO: O indígena vinha recebendo ameaças por telefones 2015
celulares, com números restritos, desde que passou a lide - VÍTIMA: Hernandes Krikati
rar a retomada da terra tradicional. Uma cabo da polícia POVO: KRIKATI
militar ameaçou a sua esposa e invadiu sua casa, à procura TERRA INDÍGENA: KRIKATI
da liderança. MUNICÍPIO: LAJEADO NOVO
MEIO EMPREGADO: Abuso de autoridade LOCAL DA OCORRÊNCIA: Assentamento
Santa Maria
Com informações de: Aldeia Murutinga/Tracajá 10/7/2015; Cimi Regional Norte 1,
DESCRIÇÃO:O irmão de um fazendeiro ameaçou o indígena, de-
outubro/2015
clarando que não gostava de índio e que se ele não fosse
MAIO/2015 embora seria morto.
VÍTIMA: Marcos Tenharim, Esposa e Filho MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte
TERRA INDÍGENA: TENHARIM MARMELOS Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
2015 29/5/2015
VÍTIMA: Comunidade VÍTIMA: Itahu Ka´apor
POVO: KA’APOR POVO: KA’APOR
que foi seguido pelos dois carros por um km. Uma parte da DESCRIÇÃO: Lideranças indígenas, andando pelo Ramal Velho,
estrada estava interditada, o que impediu que fosse alcan- encontraram uma estrada aberta e bem trafegada, pela qual
çado pelos suspeitos. os madeireiros entram e tiram madeira ao lado direito de
MEIO EMPREGADO: Arma de fogo uma fazenda. Havia madeiras prontas para serem carregadas
Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena no caminhão e um outro que já estava saindo, carregado
com toras. A comunidade criou um grupo para apurar o
22/8/2015 fato. O fazendeiro e os madeireiros que estão devastando
VÍTIMA: Samuel (filho de Euzébio Ka´apor), Itahu e José o território, objeto de estudo para demarcação, procura-
POVO: KA’APOR ram o cacique e as lideranças para falar sobre a retirada
TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU da madeira. Quando questionados sobre a demarcação da
MUNICÍPIO: ZÉ DOCA terra e que, neste processo, a retirada de madeira é ilegal,
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Xiborendá os homens ameaçaram diretamente o cacique, as lideranças
DESCRIÇÃO: Uma pessoa, que não se identificou, telefonou para a
e toda a comunidade, dizendo que, se houver a denúncia,
aldeia procurando pelos três indígenas. Avisou que os ma- “vamos saber que foram vocês, da comunidade indígena,
deireiros estavam zangados e que um madeireiro iria matar, que fizeram; e eu acabaria com o povo da aldeia.... Não sei
de qualquer jeito, um dos três. Disse que quando tinham porque vocês desta aldeia ainda estão neste espaço, vocês
atirado anteriormente era para matar o filho de Euzébio, já perderam a terra”.
Samuel. Acrescentou, ainda, que os madeireiros estão com MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte
vários homens seguindo o carro dos Ka´apor à procura Com informações de: Cimi Regional Rondônia
dessas pessoas, e que a polícia não vai impedi-los de matar
os indígenas, já que eles são mais fortes. Posteriormente,
a comunidade tornou público o aumento da presença de SC 1 Caso
pistoleiros na entrada da aldeia e a ameaça de que só sairiam 2015
da região após executarem um dos indígenas ameaçados. VÍTIMA: Kerexu Yxapyry
MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte
POVO: GUARANI
Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Associação Ka´apor tarupi Ka´apor
TERRA INDÍGENA: MORRO DOS CAVALOS
MUNICÍPIO: PALHOÇA
MS 1 Caso
DESCRIÇÃO: Desde o início de 2015 ano, e pela sexta vez, as ameaças
2015 de morte e perseguição à, então, cacica retornaram com
VÍTIMA: Comunidade grande intensidade, devido ao seu posicionamento na luta
POVO: GUARANI e KAIOWÁ pela regularização da terra indígena. Esta situação acontece
TERRA INDÍGENA: KURUPY desde 2012, quando a cacica assumiu esse posto. Segundo
MUNICÍPIO: NAVIRAÍ o relato da liderança, indivíduos não identificados estavam
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Acampamento localizado às margens da BR 163 constantemente invadindo a terra indígena e monitorando
DESCRIÇÃO:A comunidade sofre constantes ataques: sequestro, a movimentação de sua casa. Em motocicletas, eles faziam
tortura e ataques armados. As forças de segurança, no en- rondas, durante as madrugadas. O tio da cacique foi abordado
tanto, não tomam providências para impedir as violações por sete jovens que, novamente, “mandaram o recado” com
que, sabidamente, ocorrem contra as famílias indígenas. Os as ameaças para a liderança. Como das vezes anteriores, as
ataques foram denunciados ao Ministério Público Federal ameaças foram precedidas de ataques difamatórios por parte
de Dourados. da imprensa catarinense, com o claro intuito de colocar a
MEIO EMPREGADO: Agressões físicas; intimidações população contra os indígenas. No dia 19/ de outubro, uma
Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso do Sul; Aty Guasu pessoa disparou dez vezes contra a escola e as casas que
ficam no seu entorno. O acusado gritou palavrões contra os
RO 1 Caso Guarani e prometeu matar a cacica. Não satisfeito, apontou
a arma na direção dos indígenas que haviam saído para ver
SETEMBRO
o que estava ocorrendo, e atirou na direção deles. Os aten-
VÍTIMA: Comunidade
tados estão cada vez mais frequentes. Os indígenas haviam
POVO: KARITIANA solicitado a presença da PM, mas as rondas haviam sido
TERRA INDÍGENA: KARITIANA paralisadas no final de agosto.
MUNICÍPIO: CANDEIAS DO JAMARI MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia do Rio Candeia Byyjyty Osop aky Com informações de: Cimi Regional Sul, 1/6/2015
Ameaças várias
não poderão mais receber o dinheiro nos bancos e nem denunciaram enfrentar essa situação nos pomares da agro-
comprar nos estabelecimentos. pecuária SQIL e, por isso, vários deles sofreram retaliações
No município de Zé Doca, também no Maranhão, poli- e ameaças. Sobre essa empresa já pesavam denúncias de
ciais militares fizeram abordagens de lideranças Ka’apor não cumprimento da legislação trabalhista e de precarie-
nas estradas e nos municípios com o intuito de pressionar dade das condições de trabalho. O Ministério Público do
e intimidar aqueles que lutam contra a exploração ilegal Trabalho abriu um processo de investigação para apurar
de madeira nas terras indígenas. As lideranças se sentem as denúncias feitas pelos Terena. Em São Paulo, indígenas
pressionadas e vigiadas nas estradas por policiais que deste mesmo povo reclamaram pelo não recebimento de
deveriam, a rigor, coibir as práticas criminosas dos madei- direitos trabalhistas, após o trabalho na colheita de laranja.
reiros e não aqueles que exercem o papel de fiscalizadores Também há registros de retenções de cartões de indí-
e protetores das terras e de seus recursos. genas nos estados do Acre e do Amazonas. No estado
Chamaram atenção, denúncias de indígenas em trabalho amazonense, a Polícia Federal deflagrou uma operação para
análogo ao de escravo. No Rio Grande do Sul, indígenas de coibir uma máfia de comerciantes que retinham cartões
diferentes povos foram arregimentados para trabalhar em do programa Bolsa Família de indígenas. Cerca de vinte
pomares na colheita de maçãs em Vacaria e São Francisco. agentes da polícia recolheram cartões de beneficiários
Mais de 300 trabalhadores foram submetidos a condições que estavam na posse de nove comerciantes de Atalaia do
degradantes de trabalho, a alojamentos precários e à falta Norte. Foram também apreendidos anotações de vendas,
de assistência médica, além de seus contratos de trabalho registro de senhas, cadernos de apontamentos de dívidas,
não terem sido respeitados. Indígenas do povo Terena comprovantes de saques e extratos bancários.
AMEAÇAS VÁRIAS
25 Casos
AC 1 Caso 15/3/2015
VÍTIMA: Idoso e Maria do Carmo Nunes de Oliveira
26/10/2015
POVO: MURA
VÍTIMA: Comunidade
TERRA INDÍGENA: KARANAY
POVO: KULINA
MUNICÍPIO: AUTAZES
TERRA INDÍGENA: KAMPA E ISOLADOS DO RIO ENVIRA
MUNICÍPIO: FEIJÓ DESCRIÇÃO:Dona Maria e seu sogro, já idoso, estavam em casa
DESCRIÇÃO:A maioria dos comerciantes da cidade se apropriam quando um homem desceu de seu veículo e lhes disse que
indevidamente dos cartões de benefícios dos indígenas. deveriam sair de lá, levando suas coisas, pois ele era o dono
Aproveitam a dificuldade das vítimas sobre o assunto e fazem da terra e seus herdeiros precisavam dela. Ameaçadas, as
saques repassando apenas algumas mercadorias para eles. Há vítimas responderam que a terra estava em estudo pela
casos em que não repassam nada, alegando que o indígena já Funai, que moravam ali há oito anos e que se tivessem
está devendo mais do que o valor do benefício. Muitas vezes que sair precisariam ser indenizadas. O agressor ameaçou
fazem empréstimos em nome do beneficiário dos cartões. retirá-los à força e só foi embora porque o cachorro da
MEIO EMPREGADO: Retenção de cartão e senha bancária casa o atacou. Segundo informações, ele continua fazendo
Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental - Equipe Feijó, fevereiro/2016 ameaças a outros moradores da comunidade.
MEIO EMPREGADO: Ameaça
AM 5 Casos Com informações de: Cimi Regional Norte I; Edson Santana Pinheiro, 11/9/2015
MARÇO/2015 30/9/2015
VÍTIMA: Comunidade Canacuri VÍTIMA: Comunidades
POVO: APURINÃ
POVO: VÁRIAS ETNIAS
TERRA INDÍGENA: TUMIÃ
TERRA INDÍGENA: ALTO RIO NEGRO
MUNICÍPIO: LÁBREA
MUNICÍPIO: SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Reserva Extrativista do Médio Purus, perto da
DESCRIÇÃO: Comerciantes retinham cartões de programas do
comunidade ribeirinha Luzitânia
DESCRIÇÃO:Segundo os indígenas, o agressor, que tem um ponto governo para o pagamento de compras realizadas pelos
de castanha dentro da terra indígena, disse aos moradores indígenas nos oito estabelecimentos comerciais que os
da comunidade Canacuri que se a área for demarcada vai acusados possuem em cidades do Alto Rio Negro. Foram
acontecer uma guerra. Ele costuma vender bebida alcoólica encontrados cartões do Bolsa Família, do Caixa Fácil e de
para os índios e quando estes estão embriagados lhes rouba benefícios previdenciários em nome de indígenas e do-
a produção, pagando preços irrisórios e superfaturando as cumentos relacionados à venda “fiada” de mercadorias a
mercadorias compradas por eles. indígenas, como fichários e notas promissórias.
MEIO EMPREGADO: Ameaças verbais MEIO EMPREGADO: Retenção de cartão e senha bancária
Com informações de: Cimi Regional Norte I - Equipe Lábrea; Comunidade Apurinã Com informações de: Fato Amazônico, 1/10/2015
DESCRIÇÃO: A Polícia Federal deflagrou uma operação para coibir empréstimos ilegais com seus cartões.
uma máfia de comerciantes que retinha cartões do programa MEIO EMPREGADO: Apropriação indébita de cartão
federal Bolsa Família de famílias indígenas nas cidades do Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
Alto Solimões, no Amazonas. Cerca de vinte agentes da PF 2015
recolheram cartões de beneficiários que estavam em posse de
VÍTIMA: Aposentados
nove comerciantes de Atalaia do Norte. Foram apreendidos
também anotações de vendas, registros de senhas, cadernos POVO: KRIKATI
2015 2015
VÍTIMA: Comunidade VÍTIMA: Aposentados
POVO: GUAJAJARA POVO: GUAJAJARA
TERRA INDÍGENA: ARARIBOIA TERRA INDÍGENA: ARARIBÓIA
MUNICÍPIO: LAJEADO NOVO MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHAO
7/2/2015 21/10/2015
VÍTIMA: Jovem VÍTIMA: Homem e Mulher
POVO: GUARANI e KAIOWÁ POVO: GUARANI e KAIOWÁ
TERRA INDÍGENA: SANTIAGO KUE/KURUPI TERRA INDÍGENA: SUCURIY
MUNICÍPIO: NAVIRAÍ MUNICÍPIO: MARACAJU
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Estrada BR-163, em frente a uma fazenda, LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Sucuriy
próxima ao posto da Polícia Rodoviária DESCRIÇÃO: O suspeito estava ingerindo bebida alcoólica e, em
DESCRIÇÃO: O jovem foi sequestrado por um grupo armado que o determinado momento, começou a brigar com um adoles-
torturou durante várias horas, com espancamentos e pressão cente por ciúmes de sua esposa. Durante a briga, o suspeito
psicológica. Os agressores indagavam a respeito do nome pegou uma faca. Sua esposa e o pai do adolescente tentaram
e da aparência das lideranças da aldeia Kurupi. O indígena intervir e foram esfaqueados.
afirmava que não pertencia à referida comunidade, mas isso MEIO EMPREGADO: Arma branca
não impediu o espancamento e as ameaças. Tudo indica que Com informações de: Correio do Estado, 22/10/2015
existe um grupo que há tempos está constituído como uma
milícia armada e que tem rondado a região para impedir o 25/10/2015
avanço dos indígenas na retomada de seu território tradicional, VÍTIMA: Guinaldo Martins
especialmente os já demarcados ou identificados pela Funai. POVO: GUARANI NHANDEVA
Segundo relatam os indígenas, os jagunços têm realizado TERRA INDÍGENA: PIRAJUÍ
um forte cerco intencional sobre as comunidades. Sondam MUNICÍPIO: PARANHOS
cotidianamente os integrantes da aldeia e dos acampamen-
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Pirajuí
tos que ficam em torno da fazenda Central, monitoram e
DESCRIÇÃO: A vítima foi agredida ao sair de uma festa. Não se sabe
investem contra os indígenas.
o motivo.
MEIO EMPREGADO: Sequestro
MEIO EMPREGADO: Espancamento
Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 19/2/2015; Cimi Regional
Mato Grosso do Sul Com informações de: A Gazeta News, 26/10/2015
25/4/2015
VÍTIMA: Adolescente
MT 1 Caso
POVO: GUARANI e KAIOWÁ 2015
TERRA INDÍGENA: DOURADOS VÍTIMA: Jurandir Xavante
MUNICÍPIO: DOURADOS POVO: XAVANTE
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó MUNICÍPIO: BOM JESUS DO ARAGUAIA
DESCRIÇÃO: O adolescente teve o rosto desfigurado em uma briga. LOCAL DA OCORRÊNCIA: Agência
do Correio
Não há esclarecimentos sobre os motivos ou a autoria. DESCRIÇÃO: Dois homens agrediram violentamente o indígena
MEIO EMPREGADO: Arma branca Jurandir Xavante, sem motivo aparente.
Com informações de: Midiamax, 25/4/2015 MEIO EMPREGADO: Espancamento
Abuso de poder
O violento abuso de poder e a truculência policial contra uma indígena que participava de um protesto pacífico
em Minas Gerais foi filmado e amplamente divulgado nas redes sociais
No Ceará, indígenas Anacé acampados na terra que amamentava um bebê de 6 meses. As mulheres foram
reivindicam como tradicional denunciaram que policiais agredidas e arrastadas para dentro de carro de particulares
teriam destruído o acampamento e tratado mulheres e até a delegacia.
crianças de forma truculenta. Elas permaneceram presas por cerca de quatro horas.
No Amazonas, policiais e guardas municipais foram a Nesse período, foram espancadas e aterrorizadas por uma
uma comunidade para reaver uma arma e em busca de um policial que disse que elas não veriam mais seus filhos e que
indígena. Na ocasião, invadiram casas e prenderam três a esposa de uma liderança ficaria viúva cedo. Ameaçadas
mulheres por não terem encontrado quem procuravam e e sem poder sair da comunidade, não fizeram exame de
nem a arma. Uma delas estava grávida de 2 meses e outra corpo delito.
ABUSO DE PODER
8 Casos
AC 1 Caso tro dia de manhã, quando o pai foi visitar o filho, o delegado
o ameaçou repreendendo-o por ter recomendado ao filho
10/12/2015 “que prestasse atenção na hora de falar com o delegado”,
VÍTIMA: Indígenas adultos e um menor e lhe comunicou que seu filho era um assassino. No outro
POVO: NAUA dia, o cabo da polícia civil, outro policial, o conselheiro
MUNICÍPIO: MÂNCIO LIMA tutelar, dois rapazes da comunidade indígena e quatro
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Indígena Jezumira
funcionários da Funai, o coordenador da CTL da Funai de
Tapauá e membros da Frente de Proteção Etnoambiental
DESCRIÇÃO: Os indígenas relataram que o responsável por uma das
Purus conduziram a vítima, seu pai e sua mãe para o local
equipes do ICMBio coordenou uma ação repressiva, prenden-
onde a criança tinha se perdido, para que o adolescente
do e algemando os índios - cinco adultos e um menor - por
duas horas dentro de um batelão. O adolescente foi liberado lhes mostrasse onde havia deixado o corpo . Como a vítima,
logo em seguida porque os responsáveis pela prisão foram assustada, mudava a todo momento a sua versão sobre
avisados de que não é permitido algemar menor de idade. como teria matado a criança , em certo momento os fun-
Os índios alegam que navegavam no Rio Môa, dentro dos cionários da Funai o algemaram, o arrastaram até o igarapé
limites da terra indígena, pescando para sua subsistência. onde tinha deixado a criança e o torturaram violentamente,
Após esse ato de violência, os responsáveis entraram na com chutes, pontapés e ferimentos nas costas. Além disso,
comunidade indígena e aplicaram uma multa ao indígena o menor levou um tiro de raspão na cabeça. Foi algemado
Agabu Herculano Uchôa, no valor de R$ 150 mil. numa árvore durante cerca de três horas e ameaçado de
cortarem suas orelhas caso não informasse onde tinha
MEIO EMPREGADO: Abuso de autoridade
deixado o corpo da criança supostamente assassinada. O
Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental - Equipe Cruzeiro do Sul;
Cacique João Diaz Nawa
representante do Conselho Tutela ficou assistindo toda a
violência, sem interferir. Funcionários da Funai acusaram a
AM 3 Casos vítima de ter matado o menino porque queria estuprá-lo.
O adolescente só foi solto quando a criança desaparecida
1/3/2015 foi encontrada com vida. O escrivão da polícia pressionou
VÍTIMA: Marquinho Garcia da Silva Paumari o pai do menino a “arquivar o caso”. Não foi aberto um
POVO: PAUMARI inquérito policial e o médico se negou a realizar exame de
TERRA INDÍGENA: CASTANHEIRA corpo de delito.
MUNICÍPIO: TAPAUÁ MEIO EMPREGADO: Agressões físicas; intimidações a menor de idade
Com informações de: Cimi Regional Norte I, 20/7/2015
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Delegacia de polícia de Tapauá e comunidade
Castanheira 25/4/2015
DESCRIÇÃO: Um adolescente e uma criança foram para a mata VÍTIMA: Ademar Coelho da Silva
retirar patauá e, em dado momento, a vítima avistou um POVO: MURA
bando de queixada e foi atrás, pedindo à criança para que
TERRA INDÍGENA: PONCIANO
o esperasse. Porém, quando ele voltou não a encontrou
MUNICÍPIO: CAREIRO DA VÁRZEA
mais. Toda a comunidade foi à procura da criança, porém
sem sucesso. O pai da vítima e o responsável pela criança LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terra indígena
desaparecida levaram o adolescente à delegacia, na esperança DESCRIÇÃO: A vítima recusou-se a vender o local onde residia com
de conseguirem ajuda. Os policiais já estavam esperando e a família a um posseiro que passou a ocupar a área após a
mandaram o pai do adolescente e o responsável pela criança delimitação da terra. Ele vem desmatando para alugar a pas-
desaparecida voltarem para casa. Retiveram o menor na tagem para outros fazendeiros da região que lhe dão apoio.
delegacia e o interrogaram na presença do Conselheiro Em uma ocasião, tentou invadir o flutuante da vítima com
Tutelar (que prometeu ao pai que não deixaria ninguém homens armados com facões, que jogaram os utensílios de
maltratar o menor). O delegado sugeriu que o adolescente cozinha no rio. A vítima os deteve apontando uma arma.
teria assassinado a criança e ameaçou agredi-lo fisicamente Na última vez em que o acusado chegou com seus homens
se não confessasse o suposto crime. A vítima, intimidada, embriagados para expulsar a vítima do local, esta atirou em
confessou ter matado a criança. Passou a noite preso. No ou- direção à balsa sem que atingisse as pessoas. O posseiro foi
29/8/2015
MA 1 Caso VÍTIMA: Comunidade
4/7/2015 POVO: GUARANI e KAIOWÁ
VÍTIMA: Comunidades TERRA INDÍGENA: ÑHANDERU MARANGATU
POVO: AWÁ MUNICÍPIO: ANTÔNIO JOÃO
TERRA INDÍGENA: AWÁ LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade indígena
MUNICÍPIO: SÃO JOÃO DO CARU DESCRIÇÃO: Uma orquestração midiática em Mato Grosso do Sul
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Audiência pública em São João do Caru, orga- preparou o clima de ataques à comunidade da Terra Indíge-
nizada pela Associação dos Produtores Rurais na Nhãnderu Marangatu. Dentre as ações organizadas por
DESCRIÇÃO: Odeputado estadual Fernando Furtado (PC do B) foi lideranças sindicais e pelos fazendeiros estavam a divulgação
flagrado, em áudio que vazou nas redes sociais, insultando de um vídeo incitando a população local contra os índios
indígenas Awá, durante sua participação em uma audiência e uma série de boatos espalhados na região dizendo que os
pública na cidade de São João do Caru, organizada por uma indígenas iriam invadir e incendiar a cidade. Dois dias antes
associação de produtores. Ao referir-se aos indígenas, o de- do assassinato de Simeão Vilhalva, Pedro Pedrossian Filho
putado os classificou de “bando de veadinho” e “boiola” e postou no seu perfil em uma rede social, que se espalhou
virtualmente, fotografias de um maquinário queimado numa MEIO EMPREGADO: Discriminação étnica e cultural
fazenda do Paraguai e escreveu que aquele maquinário tinha Com informações de: Diretório Acadêmico Indígena-Universidade Federal do Oeste
sido queimado pelos indígenas no estado. Após o comparti- do Pará, 2/6/2015
lhamento dessa notícia, surgiram comentários extremamente 2015
racistas e agressivos, com ameaças de ataques e assassinatos
VÍTIMA: Comunidades
contra os Guarani e Kaiowá. Numa reunião no sindicato rural,
POVO: DIVERSOS
em um exaltado discurso, a presidente da organização, Roseli
Maria Ruiz, convocou os fazendeiros para que a acompanhas- MUNICÍPIO: SANTARÉM
sem no ataque aos Guarani e Kaiowá, que haviam retomado LOCAL DA OCORRÊNCIA: Povosindígenas da região de Santarém
algumas áreas do seu território tradicional desde o dia 22. No DESCRIÇÃO:Denúncias registradas pelo MPF-PA evidenciam que
dia 29 de agosto, o local foi ostensivamente atacado por um atos discriminatórios contra os índios, na região de Santarém,
grupo de proprietários rurais, o que levou ao assassinato da têm sido frequentes, principalmente em ambientes escolares
liderança Simeão Vilhalva Guarani. Vários indígenas ficaram ou em meio a disputas pelo direito à terra. Como exemplos,
feridos após serem atacados com pauladas, tiros de borracha o MPF relata o caso de atos discriminatórias em escolas, de
e de arma de fogo. Uma criança de 1 ano foi atingida por atos praticados por servidores públicos e até o incêndio de
uma bala de borracha. uma moradia indígena este ano.
MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na internet MEIO EMPREGADO: Racismo
Com informações de: Rel-Uita.org; Assessoria de Comunicação do Cimi, 17/9/2015 Com informações de: Cimi Regional Norte II
MT 1 Caso RS 1 Caso
2015 OUTUBRO
VÍTIMA: Indígenas
VÍTIMA: Mulheres
POVO: VÁRIAS ETNIAS POVO: KAINGANG
TERRA INDÍGENA: XINGU
TERRA INDÍGENA: LAJEADO DO BUGRE
MUNICÍPIO: SANTA CRUZ DO XINGU
MUNICÍPIO: LAJEADO
DESCRIÇÃO: Numa entrevista, o presidente da associação dos fazen-
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade que vive perto da BR-386
deiros da região do Xingu afirmou: “Nunca vi índio plantar
DESCRIÇÃO: Após a morte de três adolescentes e uma criança, atin-
nada, nunca vi índio produzir nada, índio vive praticamente é
gidas pelas rodas que se desprenderam de um caminhão, um
de cesta básica, de Bolsa Família e de algum recurso mais de
homem fez um comentário injurioso e grosseiro contra as
pedágio que eles cobram de nós aí”. A Justiça Federal aceitou
mulheres indígenas. Publicou no site eletrônico do jornal Zero
uma denúncia do MPF contra o fazendeiro por crime de
Hora que estava preocupado se uma das vítimas poderia ser
racismo praticado contra índios na região do Araguaia Xingu.
sua filha, acrescentando que sempre que vai pescar dá uma
MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na imprensa
passadinha nas aldeias para ter relação sexual com uma das
Com informações de: Agência da Notícia, 7/10/2015
índias. O Cimi emitiu nota denunciando o fato e cobrando
providências do MPF.
PA 2 Casos MEIO EMPREGADO: Ofensa sexual
2015 Com informações de: Cimi Regional Sul; G1/RS, 19/10/2015
VÍTIMA: Estudantes do Baixo Tapajós
POVO: DIVERSOS RR 1 Caso
TERRA INDÍGENA: BAIXO TAPAJÓS I
14/12/2015
MUNICÍPIO: BELÉM
VÍTIMA: Estudantes da UFRR
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Programa de Antropologia e Arqueologia, da
POVO: VÁRIAS ETNIAS
Universidade Federal do Oeste do Pará.
MUNICÍPIO: BOA VISTA
DESCRIÇÃO: Estudantes pertencentes a vários povos do Baixo Tapajós
denunciaram a discriminação étnica que vêm sofrendo por LOCAL DA OCORRÊNCIA: Universidade Federal de Roraima
parte de outros estudantes WaiWai e de alguns professores, DESCRIÇÃO: Um grupo de quatro alunos indígenas, da Universidade
que não os reconhecem como indígenas. Um documento Federal de Roraima (UFRR), dois rapazes e duas moças, do
assinado por integrantes do povo WaiWai afirma que o curso de Gestão Territorial Indígena do Instituto Inskiran,
coordenador do Ensino Modular Indígena não é índio de sofreu preconceito por parte de outros alunos. Estes zom-
verdade, sendo assim, um “falso índio” como todos os povos baram dos costumes e das características dos indígenas,
do Baixo Tapajós. Conforme declaração do representante do proferindo em voz alta palavras ofensivas e depreciativas,
Diretório dos Acadêmicos Indígenas, “alguns indígenas estão discriminando-os pela maneira de comer, de se vestirem e
desmotivados no curso de Antropologia e já pensam em pela aparência física. Chegaram a retirar-se da mesa onde se
desistir ou mesmo mudar para outros institutos para não ter encontravam, dizendo que não se misturariam com índios.
que se deparar com esses alunos e professores, abstendo-se MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas
do preconceito”. Com informações de: Folha de Boa Vista
Violência sexual
VIOLÊNCIA SEXUAL
9 Casos
AP 1 Caso MT 1 Caso
NOVEMBRO 4/11/2015
VÍTIMA: Criança VÍTIMA: Criança
POVO: KARIPUNA DO AMAPÁ MUNICÍPIO: CUIABÁ
TERRA INDÍGENA: UAÇÁ LOCAL DA OCORRÊNCIA: Bairro
Novo Milenium
MUNICÍPIO: OIAPOQUE DESCRIÇÃO: Uma criança era abusada sexualmente pelo pai adoti-
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Propriedade rural vo. O fato foi denunciado por um adolescente que também
DESCRIÇÃO: O pai, não indígena, foi acusado de estuprar as cinco morava na mesma residência. A menor foi conduzida para o
filhas. Os abusos aconteciam na casa onde ele morava com Instituto Médico Legal para a realização de exame.
as meninas e outros três filhos, após se separar da esposa. A MEIO EMPREGADO: Abuso sexual
mãe, que é indígena, fez a queixa pois desconfiou do com- Com informações de: Folha Max, 5/11/2015
portamento de uma das meninas. Os exames comprovaram
os abusos, e o acusado confessou. Ele ainda foi preso por MS 3 Casos
porte ilegal de armas ao ser abordado com três espingardas 2015
calibre 12 e catorze munições. A polícia suspeita que o agri-
VÍTIMA: Criança
cultor tenha dado um medicamento abortivo à adolescente
POVO: GUARANI e KAIOWÁ
de 14 anos. As crianças voltaram para a guarda da mãe e o
pai está preso. TERRA INDÍGENA: DOURADOS
participar de uma festa. Ela foi localizada desmaiada por TERRA INDÍGENA: RAIMUNDÃO
moradores e encaminhada ao hospital. Há suspeita de que MUNICÍPIO: ALTO ALEGRE
ela tenha sido vítima de vingança, pois teria participado LOCAL DA OCORRÊNCIA: Fazenda da região
de um homicídio. Os suspeitos foram reconhecidos pela DESCRIÇÃO: Foi denunciado anonimamente à Polícia Civil que um
vítima. fazendeiro, funcionários e um suposto policial militar estariam
MEIO EMPREGADO: Abuso sexual
fazendo festas e mantendo relações com crianças e adolescentes,
em meio ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas. Na busca
Com informações de: G1/MS, 12/5/2015
policial no local foram encontrados indícios, como centenas de
SETEMBRO 2015 latas de cerveja, litros de vodca, garrafões de vinho, preserva-
tivos intactos e alguns usados, CDs de filmes pornográficos e
VÍTIMA: Adolescente
uma espingarda sem registro. Um dos funcionários confessou
POVO: GUARANI e KAIOWÁ que manteve relações com uma adolescente. As crianças e
TERRA INDÍGENA: IGUATEMIPEGUÁ I adolescentes foram encaminhadas ao IML para exame.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: PYELLITOKUE MEIO EMPREGADO: Exploração sexual
DESCRIÇÃO: A comunidade sofreu uma série de agressivos ataques, Com informações de: G1/RR, 20/8/2015
com o uso de armas de fogo, espancamentos, remoção
forçada e queima dos barracos. As ações dos pistoleiros SP 1 Caso
resultaram na fuga em pânico de diversos indígenas, dentre
eles crianças, mulheres e feridos. Das violências relatadas 2015
VÍTIMA: Adolescente e criança
pelos indígenas, uma das mais chocantes foi o estupro co-
letivo de uma jovem Guarani e Kaiowá por doze pistoleiros. POVO: GUARANI
Eles a pegaram no mato quando ela se perdeu ao tentar TERRA INDÍGENA: JARAGUÁ
120 Suicídio
121 Desassistência na área de saúde
130 Morte por desassistência à saúde
131 Mortalidade infantil
133 Disseminação de bebida alcoólica e
outras drogas
Suicídio
Arquivo Cimi
Indígena (Sesai) e aos Regionais do Cimi mostram a
ocorrência de 87 suicídios entre os povos indígenas, em
2015. Os dados enviados pela Sesai estão distribuídos pelos
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei), instâncias
responsáveis pelo atendimento à saúde nas comunidades
indígenas. Dada a limitação das informações, não é possível
fazer análises mais adequadas sobre as ocorrências em
todo o país.
Conseguimos, junto ao Dsei Mato Grosso do Sul, dados
mais detalhados das ocorrências naquele estado. Como em
outros anos, continua alto o número de suicídios entre os
indígenas. A Sesai registrou 45 casos de suicídios só neste
estado, sendo 73% entre o sexo masculino e 27% entre o
sexo feminino. A faixa etária com maior número de casos
é a dos 15 aos 19 anos (37%), seguido de casos na faixa de
10 a 14 anos (24%) e 20 a 29 anos (22%). O maior número Lesões
Dsei
de casos se deu no município de Amambai (37%). Autoprovocadas5
Também preocupa a quantidade de casos registrados Amapá e Norte do Amapá 1
na região Norte do país, em áreas de abrangência dos Dsei Alto Rio Negro 8
Amapá e Norte do Amapá (1), Alto Rio Negro (8), Alto Rio Alto Rio Purus6 1
Solimões (13), Leste de Roraima (8), Médio Rio Solimões Alto Rio Solimões 13
(2) e Yanomami (2), totalizando 32 suicídios. Araguaia7 1
Foram também registrados, segundo dados repassados Leste de Roraima 8
pela Sesai, suicídios em áreas de abrangência do Dsei Mato Grosso do Sul8 45
Tocantins (2). Além dos casos informados pela Sesai, os Médio Rio Solimões 2
regionais do Cimi registraram suicídios no Acre (1), em Tocantins 2
Mato Grosso (1) e no Paraná (4), entre os povos Kulina, Yanomami 2
Karajá e Guarani, respectivamente. Interior Sul9 4
O quadro ao lado mostra o total de óbitos por lesões
Total 87
autoprovocadas em 2015, segundo os Dsei1:
1 Fonte: Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siai), acesso
em 24/5/2016. Dados sujeitos à revisão
Suicídios em Mato Grosso do Sul 2 Fonte: Dsei-MS
3 Fonte: Dsei-MS
Incidência por faixa etária2 4 Com informações do Cimi, da Sesai e do Dsei-MS
5 Lesões autoprovocadas (X60 a X84)
10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 6 Fonte: Cimi Regional Amazônia Ocidental
anos anos anos anos anos 7 Fonte: Cimi Regional Mato Grosso
8 Fonte: Dsei-MS
24% 37% 22% 8% 4% 9 Fonte: Cimi Regional Sul
No Mato Grosso, as comunidades Xavante denunciam seus direitos à saúde estão sendo violados e, portanto, é
o precário atendimento que recebem do Dsei. Segundo preciso responsabilizar o governo pela má gestão e por
os indígenas, não há médicos e faltam medicamentos, não assegurar a presença de equipes multidisciplinares
transporte para os doentes e atendimento emergencial, de saúde nas comunidades indígenas.
além de haver um atraso enorme para a realização dos Em âmbito nacional houve a estagnação da política de
exames. Na região de Campinápolis, somente em 2015 saúde, em função do tempo gasto pelos gestores da Sesai
foram registrados 180 casos de tuberculose, número alar- em negociações e pressões sobre o movimento indígena
mante segundo o coordenador do Dsei Xavante, Joel Góes. para que aceitassem a implementação do Instituto Nacional
O número, segundo o coordenador, disparou entre 2010 de Saúde Indígena (Insi). O Ministério da Saúde chegou a
(5 casos) e o início de 2016 (180 casos). enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei visando à
No Amazonas, a Federação das Organizações Indí- criação do Insi. A pressa para a aprovação da proposta e
genas do Rio Negro (Foirn) denunciou em nota o caos na o formato do novo órgão geraram desconfiança e críticas
saúde indígena e questionou onde foi parar o dinheiro por parte das organizações indígenas, indigenistas e do
que deveria ser investido em ações e serviços na região. A Ministério Público Federal. Pela proposta, o Insi se constitui
denúncia foi pública e assinada com o título “O calvário num ente autônomo de direito privado e mantido com
indígena no Rio Negro – A Saúde Indígena do Rio Negro recursos da Sesai, dinheiro público, bem como podendo
morreu, levando junto a morte de muitos indígenas com obter recursos da iniciativa privada. As críticas ao insti-
doenças de causas curáveis”. Segundo a federação, nos tuto ocorrem especialmente porque trata-se de uma
últimos quatro anos (2012-2016), no Alto Rio Negro, privatização da assistência em saúde, rompendo-se com a
a história se repete com o mesmo enredo; no entanto, possibilidade de consolidação do subsistema específico e
agora, com requintes de insanidade e descaramento. Os diferenciado e, além disso, o instituto não será obrigado a
indígenas foram informados que em 2015 o dinheiro da cumprir as exigências dos processos públicos de licitação,
saúde indígena era de mais de R$ 1 bilhão. Na denúncia, a a contratação de profissionais via concurso público e não
federação questiona: “Onde foi parar o dinheiro da saúde estará sob a jurisdição da Justiça Federal, o que impedirá
indígena?” No entender dos indígenas do Alto Rio Negro, as investigações do MPF.
2015
blico Federal que a Sesai/Dsei iniciou em 2011 a construção
de um poço artesiano, mas não o concluiu. A comunidade
VÍTIMA: Comunidade
foi informada por um engenheiro da Sesai que o poço ini-
POVO: PATAXÓ HÃ-HÃ-HÃE cialmente perfurado não tem condições de funcionamento.
TERRA INDÍGENA: PAU BRASIL Há cinco anos os indígenas não têm água potável.
MUNICÍPIO: PAU BRASIL
MEIO EMPREGADO: Falta de água potável
DESCRIÇÃO: Em documento encaminhado pelo Conselho Local
Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
de Saúde Indígena ao Ministério Público e à 6aCâmara, as
lideranças expõem graves irregularidades no que se refere 2015
ao atendimento à saúde. Não há água potável - o que pro- VÍTIMA: Comunidade
voca doenças como diarreia -, nem a mínima estrutura nos POVO: TIMBIRA
polos base e/ou nos postos de saúde dentro das aldeias. O TERRA INDÍGENA: GERALDA/TOCO PRETO
transporte é falho, mesmo em caráter de urgência, dificul- MUNICÍPIO: TAIPAVA DO GRAJAÚ
tado pelas péssimas condições das estradas vicinais. Faltam LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Cibirino e Geralda
profissionais de saúde, assim como medicamentos básicos na
DESCRIÇÃO: As lideranças denunciam a falta de água potável, visto
farmácia do posto. Não há acompanhamento aos programas
que os poços perfurados nas comunidades têm água imprópria
de saúde preventiva, inclusive para vacinação. Denunciam
para o consumo. Os indígenas utilizam a água contaminada
ainda o fato de que apenas 7,5% do orçamento para a saúde
do Rio Grajaú, o que aumenta o número de doenças como
foi utilizado. As lideranças se pronunciaram ainda contra a
verminoses e diarreias, entre outras. Outro grave problema
terceirização do atendimento à saúde e contra a criação do
é haverá falta de um anestesista no hospital do município,
Instituto Nacional de Saúde Indígena (Insi).
o que tem causado o adiamento de cirurgias.
MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral
MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral
Com informações de: Conselho Local de Saúde Indígena dos Pataxó Hã-Hã-Hãe, 21/5/2015
Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz
MA 11 Casos 2015
2015 VÍTIMA: Mulheres grávidas
VÍTIMA: Comunidades POVO: KANELA
VÍTIMA: Comunidade
POVO: AWÁ MS 4 Casos
TERRA INDÍGENA: CARU 2015
MUNICÍPIO: BOM JARDIM VÍTIMA: Comunidade
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Awá POVO: GUARANI e KAIOWÁ e TERENA
DESCRIÇÃO: Os indígenas denunciam a falta de medicação básica
TERRA INDÍGENA: VÁRIAS
nas aldeias e de acompanhamento dos indígenas idosos.
MUNICÍPIO: DOURADOS
Segundo Eles, os técnicos de enfermagem e a equipe do
DESCRIÇÃO: Há mais de um ano e meio sem receber os exames feitos
polo de saúde demoram para encaminhar as pessoas que
necessitam de tratamento na cidade. no SUS, as comunidades indígenas correm o risco de que haja
o descontrole de doenças, especialmente a tuberculose, que
MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento e de medicamentos
Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade Awá-Guajá
pode até mesmo se tornar um surto na reserva indígena. O
médico pediatra Zelik Trajber disse que sem este exame há
9/4/2015 um risco iminente de descontrole da tuberculose. Com a falta
VÍTIMA: Jakarewy do teste também conhecido como PPD, o diagnóstico da
POVO: AWÁ doença em sua forma latente está interrompido e a prevenção
TERRA INDÍGENA: CARU deixa de ser feita. São muitos os fatores que contribuem para
MUNICÍPIO: SANTA INÊS que a população indígena esteja vulnerável à tuberculose,
principal está fechado há anos. Nas casas simples de alvenaria, são incluídas no orçamento e nem registradas nos sistemas
estilo tradicional, há geladeira e TV, mas não há banheiro, nem de informação da Sesai”.
água corrente. Os bebês nascem com mais de cinco quilos, MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico
muitas vezes com deficiências físicas. Abortos e diabetes em Com informações de: MPF/PA, 19/6/2015
adolescentes também são comuns.
2015
MEIO EMPREGADO: Desrespeito à cultura e ao modo tradicional
VÍTIMA: Treze povos
Com informações de: Folha de S. Paulo, 9 e 10/8/2015
POVO: DIVERSOS
4/11/2015
TERRA INDÍGENA: MUNDURUKU
VÍTIMA: Domingas Luiza Morimã MUNICÍPIO: SANTARÉM
POVO: APIAKÁ
DESCRIÇÃO:O atendimento à saúde de treze povos indígenas, no
TERRA INDÍGENA: APIAKÁ/KAYABI oeste do Pará, estava sendo negado sob a alegação de que
MUNICÍPIO: JUARA as terras desses povos ainda não foram demarcadas ou
DESCRIÇÃO: A vítima foi hospitalizada no município e, em seguida, porque há índios que não moram nas aldeias. Desde 2001,
transferida para o Pronto Socorro de Cuiabá, onde ficou 15 os vários povos da região que compreendem 13 povos e 6
dias nos corredores aguardando atendimento, embora esti- mil, reivindicam da União a atenção diferenciada à saúde.
vesse com risco de morte devido a um aneurisma. A portaria do Ministério da Saúde nº 163/99 dispõe que “a
MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento emergencial recusa de quaisquer instituições, públicas ou privadas, ligadas
Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso ao SUS [Sistema Único de Saúde], em prestar assistência aos
índios configura ato ilícito, passível de punição pelos órgãos
PA 9 Casos competentes”. Na ação impetrada pelo MPF, o procurador
da República Camões Boaventura defendeu que não se pode
2015 atrelar o acesso à saúde indígena à conclusão de procedi-
VÍTIMA: Comunidade mentos demarcatórios. Foi, ainda, estabelecido que a Casa
POVO: ATIKUM de Saúde Indígena (Casai) deve atender qualquer indígena
TERRA INDÍGENA: ATIKUM que esteja morando na zona urbana do município, provisória
MUNICÍPIO: REDENÇÃAO ou definitivamente.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: AldeiaUmã MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico
Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF/PA, 1/2/2016
DESCRIÇÃO: Segundo denúncias recebidas pela Procuradoria da
República, o atendimento à saúde dos indígenas da aldeia 2015
não é feito porque o Dsei local não reconhece as famílias VÍTIMA: Comunidades indígenas da região de Altamira
como indígenas. Conforme o que estabelece a Convenção
POVO: ARARA, ARAWETÉ, ASURINI, JURUNA, KAYAPÓ, KURUAYA,
Internacional do Trabalho (OIT), nenhum Estado ou grupo
PARAKANÃ, XIKRIM e XIPÁYA
social tem o direito de negar a identidade a um povo indígena
TERRA INDÍGENA: VÁRIAS
que como tal se reconheça. A Aldeia Umã foi reconhecida
pelas lideranças do povo indígena como pertencente aos MUNICÍPIO: ALTAMIRA
Atikum, tendo como seu representante o cacique Anderson LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidades da região de Altamira
José da Silva. O MPF quer que as famílias da aldeia recebam DESCRIÇÃO: O impacto socioambiental da UHE Belo Monte vem
tratamento pelo subsistema de atenção à saúde indígena comprometendo diretamente as ações desenvolvidas pelo
independentemente da demarcação das terras ou de qual- Dsei Altamira, principalmente no que se refere à alta e mé-
quer reconhecimento externo acerca da comunidade como dia complexidades, onde muitas ações estão condicionadas
indígena. ao empreendimento, a exemplo das obras de saneamento
MEIO EMPREGADO: Falta de assistência; descaso e abastecimento de água potável em várias aldeias, como
Com informações de: MPF/PA, 13/2/2015 parte das condicionantes do Plano Básico Ambiental (PBA)
do Componente Indígena (I) da Norte Energia S/A.
2015
MEIO EMPREGADO: Desassistência
VÍTIMA: Comunidade
Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira; Comunidade indígena
POVO: TEMBÉ
2015
TERRA INDÍGENA: TEMBÉ
VÍTIMA: Comunidades
MUNICÍPIO: SANTA MARIA
POVO: MUNDURUKU
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias
Jeju e Areal
TERRA INDÍGENA: DAJEKAPAP EIP
DESCRIÇÃO: As comunidades cobram, desde 2004, o atendimento
de saúde diferenciado a que têm direito. Depois de várias MUNICÍPIO: TAITUBA
tentativas frustradas junto à Sesai, acionaram a Justiça para DESCRIÇÃO: Segundo informações da Associação Indígena do Médio
resolver a situação. Apesar de devidamente identificada e Tapajós, houve tentativas, por parte da Sesai, de convenci-
reconhecida como indígena, a população não teve o território mento das lideranças em aceitarem a criação do Insi, com
demarcado pela Funai. A Sesai vem recusando, em vários casos, o argumento de que o Instituto terá mais benefícios para a
a realizar o atendimento às populações indígenas que não saúde indígena. O Ministério Público Federal realizou uma
vivem em territórios demarcados, criando uma diferenciação reunião com todos os presidentes dos Conselhos de Saúde
considerada inaceitável pelo MPF. Conforme uma ação do Indígena, em Brasília, para questioná-los sobre as denúncias
MPF, diante da “grande dificuldade de acesso ao sistema geral da falta de atendimento nas aldeias.
de saúde do SUS e sem acesso adequado ao serviço prestado MEIO EMPREGADO: Desassistência
pelo subsistema de saúde indígena, essas comunidades não Com informações de: Cimi Regional Norte II
mas condições da Casa de Saúde, com doentes dividindo o dos índios, mas a prefeitura se nega a utilizar os recursos. A
mesmo espaço e banheiros inadequados para uso. procuradora da República informa que a recusa municipal
MEIO EMPREGADO: Falta de estrutura na Casa de Saúde do Índio em utilizar os recursos é ilegal, pois impede que os índios
Com informações de: G1/RO, 29/1/2015 tenham acesso a “um serviço que constitui a materialização
de um direito fundamental social”.
RR 2 Casos MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico nas cidades
Com informações de: MPF-RS, 9/4/2015
2015
VÍTIMA: Comunidades SC 2 Casos
POVO: DIVERSOS
28/1/2015
TERRA INDÍGENA: VÁRIAS
VÍTIMA: Comunidade
MUNICÍPIO: BOA VISTA POVO: KAINGANG
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Casa de Saúde do Índio
TERRA INDÍGENA: XAPECÓ
DESCRIÇÃO: Acompanhantes e pacientes atendidos na Casa de
MUNICÍPIO: IPUAÇU
Saúde do Índio denunciam os vários problemas na unidade.
DESCRIÇÃO: Em protesto pela falta de água e medicamentos, os
Falta água e medicamentos, a alimentação é insuficiente e
indígenas fecharam o posto de saúde. Além disso, os veículos
o prédio está superlotado. A demora para a realização de
utilizados para o transporte dos doentes encontravam-se
exames chega a três meses.
parados por falta de manutenção.
MEIO EMPREGADO: Falta de estrutura na Casa de Saúde do Índio
MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral
Com informações de: Globo.com, 4/3/2015
Com informações de: Cimi Regional Sul - Equipe Florianópolis
19/1/2015
DEZEMBRO
VÍTIMA: Comunidade
VÍTIMA: Comunidade
POVO: YANOMAMI
POVO: KAINGANG
TERRA INDÍGENA: YANOMAMI
TERRA INDÍGENA: TOLDO IMBÚ
MUNICÍPIO: BOA VISTA MUNICÍPIO: CHAPECÓ
DESCRIÇÃO: Um grupo de indígenas ocupou a sede da Sesai para
DESCRIÇÃO: No final de 2013, o MPF fez uma inspeção no prédio que
denunciar o atendimento precário na Casai. Em todo o estado abriga a unidade de saúde da terra indígena e identificou as
são mais de 300 comunidades e 37 polos base para assistência péssimas condições do local. Em nova inspeção realizada em
à saúde. Mas, segundo a liderança Júnior Hekurari Yanomami, julho deste ano, verificou-se que a situação continua a mesma.
falta tudo nessas unidades. São poucos profissionais e as Entre as irregularidades identificadas destacam-se o péssimo
comunidades mais afastadas chegam a ficar quatro meses estado da construção, a existência de esgoto a céu aberto e a
sem receber nenhuma visita das equipes médicas. Eles denun- ligação clandestina à rede elétrica. Por solicitação do MPF, a
ciaram também o alto índice de mortes entre os Yanomami, Vigilância Sanitária realizou uma fiscalização na unidade de
inclusive entre os internados na Casai, e queixam-se porque saúde da terra indígena e interditou o local. Segundo o órgão
não recebem esclarecimentos sobre os motivos das mortes. sanitário, aquela unidade não possui as mínimas condições
MEIO EMPREGADO: Falta de estrutura na Casa de Saúde do Índio para o atendimento, pois as instalações físicas são precárias
Com informações de: Portal Amazônia, 19/1/2015 e inadequadas, não respeitam os princípios básicos de ade-
quação para funcionamento, muito menos de atendimento
RS 1 Caso mínimo à saúde. Diante deste quadro, o MPF ajuizou uma
ação civil pública na Justiça Federal, pedindo que seja deferida
ABRIL liminar que obrigue a União a iniciar a construção de um
VÍTIMA: Comunidade nova unidade de saúde para a terra indígena.
POVO: KAINGANG MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral
TERRA INDÍGENA: MATO CASTELHANO Com informações de: Cimi Regional Sul; MPF-SC, 10/12/2015
MUNICÍPIO: MATO CASTELHANO
DESCRIÇÃO: A prefeitura do município de Mato Castelhano se nega SP 2 Casos
a utilizar recursos previstos em uma portaria estadual que 2015
garante atendimento qualificado à saúde indígena. Em uma VÍTIMA: Comunidades
decisão judicial de primeira instância, o juiz alegou que os in-
POVO: GUARANI MBYA
dígenas ocupavam terras de maneira irregular e que, por conta
TERRA INDÍGENA: ITAÓCA
disso, não haveria razão para a prefeitura ser obrigada a fazer
uso dos recursos. Segundo uma procuradora da República, MUNICÍPIO: MONGAGUÁ
essa atitude revela um “tipo de preconceito velado”, porque DESCRIÇÃO: Os indígenas relatam o abandono do Estado e da Sesai
o argumento da prefeitura local é de que, como não há terra em relação ao posto médico, construído há mais de dois anos,
indígena oficialmente reconhecida, os índios ali residentes para atender cerca de 200 Guarani de duas aldeias diferentes,
não teriam direito a um tratamento diferenciado na área de mas que nunca foi utilizado. Os equipamentos novos que
saúde. Contudo nem a lei e nem a portaria condicionam o estão no local estão se deteriorando. A informação é de que
exercício desse direito à regularização fundiária. Foi dito em o prédio anterior, onde o posto estava funcionando, está
sentença que os indígenas eram atendidos juntamente com condenado, desabando, não tendo sido tomada nenhuma
o restante da população local através do SUS. O estado do providência sobre o problema.
Rio Grande do Sul, com base na portaria nº 41/2013, dispo- MEIO EMPREGADO: Desassistência geral
nibilizou o valor de R$ 4 mil mensais ao município em prol Com informações de: G1/SP, 11/5/2015
Arquivo Cimi
tência à saúde, nos estados do Acre (1), Pernambuco
(1) e Roraima (1).
Em Pernambuco, uma adolescente apresentou sintomas
semelhantes à chikungunya e não resistiu. Segundo a
comunidade Xukuru, 60% dos indígenas apresentaram
os mesmos sintomas como edemas, dores no corpo e na
cabeça, manchas e coceira. De acordo com a agente de
saúde, Edilene Augusto, moradora do local, o atendimento
médico para essa população é escasso. Na aldeia vivem 250
pessoas e 61 famílias. Na região do município de Pesqueira
há 24 aldeias indígenas, onde vivem 11 mil indígenas.
Quatro médicos se revezam entre essas aldeias, o que dá caminhões-pipa. A água é armazenada em baldes e tonéis,
um atendimento clínico por mês. Em casos de emergência, possíveis criadores do mosquito Aedes.
os indígenas precisam se dirigir para o hospital municipal, Em Roraima, dois indígenas Yanomami morreram após
onde nem sempre são atendidos. Outro grave problema serem picados por cobras. A comunidade relata que não
é o fornecimento de água. Há dois anos, os moradores havia soro antiofídico, nem medicamento disponível no
das aldeias não têm água potável e são abastecidos por posto de saúde da aldeia.
Mortalidade na infância
O quadro abaixo mostra os dados parciais de óbitos em de 13,82 por mil nascidos vivos (dados de 2013). Os dados
indígenas menores de 5 anos1 em 2015, segundo os Dsei: mostram ainda que o maior número de óbitos ocorreu no
polo base de Dourados, com 11 mortes.
Dsei Nº de Óbitos
Alagoas e Sergipe 7 Mortalidade Infantil por Povos Indígenas – Dsei-MS – 2015
Altamira 11 Coeficiente de
Povos Indígenas
Mortalidade Infantil
Alto Rio Negro 29
Alto Rio Purus 27 Terena, Kadiwéu,
16,67/1.000 nascidos vivos
Kinikinaw, Ofaié, Guató,
Alto Rio Solimões 77 26,35/1.000 nascidos vivos
Atikum, Guarani eKaiowá
Amapá e Norte do Pará 12
Araguaia 2 Quantitativo de Total de Óbitos Infantis por
Ceará 5 Polos Base – 2015 – Mato Grosso do Sul4
Cuiabá 17 Polo Base Total
Guamá-Tocantins 10 Sidrolândia 1
Interior Sul 13 Antônio João 2
Kayapó do Mato Grosso 10 Miranda 3
Kayapó do Pará 10 Aquidauana 3
Leste de Roraima 34 Iguatemi 3
Litoral Sul 3 Caarapó 4
Manaus 7 Tacuru 5
Maranhão 15 Paranhos 5
Mato Grosso do Sul 2
46 Amambai 9
Médio Rio Purus 9 Dourados 11
Médio Rio Solimões e Afluentes 19 Total 46
Minas Gerais e Espírito Santo 14
A faixa etária com maior número de óbitos ocorridos
Pernambuco 4 no Mato Grosso do Sul é a dos 28 dias a menor de 1 ano
Porto Velho 15 de idade, com 45,65% dos casos:
Potiguara 6
Mortalidade Infantil por Faixa Etária - Dsei/MS – 2015:
Rio Tapajós 9
Faixa Etária %
Tocantins 9
0 a 6 dias 32,61%
Vale do Javari 18
7 dias a 27 dias 21,74%
Vilhena 8
28 dias a < 01 ano 45,65%
Xavante 79
Xingu 2 Dentre os óbitos registrados no Mato Grosso do Sul,
Yanomami 3
72 na classificação por subgrupos de causas de mortalidade
infantil, foram registrados oito óbitos por prematuridade,
Total 599
cinco por malformações cardíacas e cinco do sistema
Os dados do Dsei Mato Grosso do Sul revelam um nervoso, além de seis óbitos por pneumonia, três óbitos
coeficiente de mortalidade infantil duas vezes maior que por diarreia e dois por septicemia. Em relação a óbitos por
o da média nacional, com 26,35 por mil nascidos vivos. A causas externas, três foram por broncoaspiração e no grupo
taxa de mortalidade infantil no Brasil, segundo o IBGE, é das mal definidas, seis óbitos por causas desconhecidas.
1 Fonte: Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi), acesso em 24/05/2016. Dados sujeitos à revisão
2 Fonte: Dsei-MS
3 Mortalidade em menores de 1 ano. Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde
4 Fonte: Dsei-MS
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Diversas Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira
MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade indígenas da Volta Grande
Com informações de: EBC-AM, 23/11/2015 DESCRIÇÃO: A presença de pescadores e de pessoas envolvidas com
a construção de casas nas aldeias, bem como os constantes
PA 3 Casos deslocamentos dos mesmos para cidade, tendo em vista
diferentes ações que são desenvolvidas através da empreen-
2015
dedora de Belo Monte, os Arara passaram a consumir bebidas
VÍTIMA: Comunidade Indígena
alcoólicas e drogas (cachaça e maconha) com maior frequên-
POVO: ARARA
cia. Uma das consequências desastrosas dessa mudança no
TERRA INDÍGENA: CACHOEIRA SECA modo de viver do povo é o aumento da violência doméstica
MUNICÍPIO: ALTAMIRA e dos atritos entre famílias.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Arara da Cachoeira Seca MEIO EMPREGADO: Consumo de bebida alcoólica e drogas
DESCRIÇÃO: Com a constante presença de pescadores na área indí- Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira
Desassistência na área de
educação escolar indígena
E m 2015, foram registrados 41 casos de desassistência
na área da educação escolar indígena nos estados de
Amazonas (8), Maranhão (11), Mato Grosso (2), Mato
ensino médio. Há 17 anos o MPF-RJ vem acompanhando
a situação e cobrando providências.
Em Santa Catarina, a Justiça Federal acolheu um pedido
Grosso do Sul (1), Pará (4), Rio de Janeiro (1), Rio Grande do Ministério Público Federal e determinou que o estado
do Sul (2), Rondônia (1), Roraima (1), Santa Catarina (5), retome as obras da escola indígena de ensino fundamental
São Paulo (1) e Tocantins (4). Sape-Ty-Ko. A construção teve início em 2011, com data de
No Maranhão, estado com o maior número de casos entrega prevista para dezembro de 2012. Entretanto, a obra
registrados, representantes do povo Guajajara reclamam a encontrava-se paralisada desde abril de 2013. Enquanto
falta de transporte escolar. Segundo os indígenas, a ausência isso, estudantes indígenas continuavam submetidos às
de transporte para as crianças deveu-se a um corte nos inadequadas condições da antiga escola, que não comporta,
recursos realizado pelo governo estadual. Na Terra Indígena há muitos casos, o contingente de alunos.
Governador, do povo Gavião, as crianças enfrentam difi- Em São Paulo, na Terra Indígena Jaraguá, crianças do
culdades na escola em função das péssimas condições de povo Guarani eram dispensadas sem assistir a todas as
infraestrutura. Entre outros problemas, destaca-se o fato aulas por falta de professores. Esta situação ocorreu desde
da cobertura da escola estar repleta de buracos, problema o início do ano letivo. Outro problema grave é a falta de
que persiste há mais de três anos. espaço. Segundo o líder local e professor Davi Martim, “a
Em Rondônia, uma comunidade do povo Kaxarari, escola tem duas salas de aula para mais de 200 alunos”.
existente há pelo menos cinco anos, reclama a falta de No Tocantins, a falta de recuperação e o abandono de
contratação de professor. Em Roraima, professores indí- estradas impediam a circulação do transporte escolar. Pelo
genas estaduais e federais fizeram greve para reivindicar menos 150 alunos estavam sendo afetados. Tais problemas
melhores condições de ensino e funcionamento das escolas. são recorrentes e já denunciados diversas vezes pelas
No Rio de Janeiro, os Guarani Mbya não têm acesso ao comunidades através de ofícios.
J.Rosha
MUNICÍPIO: GRAJAÚ
PA 4 Casos
DESCRIÇÃO: Representantes da comunidade reclamam da falta de
transporte escolar para o atendimento das crianças e dos 2015
adolescentes. De acordo com eles, a ausência dos serviços VÍTIMA: Comunidades
ocorreu devido a um corte orçamentário realizado pelo POVO: APYTEREWA, ARARA, ARAWETÉ, ASURINI, JURUNA,
governo do Maranhão. Havia pelo menos oito meses de KAYAPÓ, KURUAYA, XIKRIM e XIPÁYA
atrasos no pagamento dos fornecedores que oferecem os TERRA INDÍGENA: VÁRIAS
veículos para o transporte escolar. Eles cobravam, também, MUNICÍPIO: ALTAMIRA
políticas públicas na área de educação, pois em algumas LOCAL DA OCORRÊNCIA: T I Apyterewa, Araweté do Xingu, Asurini do
unidades escolares faltam materiais básicos para os alunos
Xingu, Kararaô, Arara, Xipaya,
e até merenda.
DESCRIÇÃO: A baixa qualidade da formação dos professores indíge-
MEIO EMPREGADO: Deficiências no transporte escolar
nas serviu apenas para gerar parâmetros para o MEC. Como
Com informações de: O Estado do Maranhão, 5/11/2015
resultado, o ensino nas aldeias regrediu muito pois 90% dos
alunos formados não possuem ainda condições suficientes
MS 1 Caso para assumirem as aulas. esta situação vem causando a evasão
escolar nas aldeias, bem como a migração de alunos indígenas
AGOSTO
para a cidade em busca de outras escolas, o que causou o esva-
VÍTIMA: Comunidade ziamento de suas comunidades. Outro problema é a péssima
POVO: KADIWÉU qualidade da merenda escolar que, além de ser insuficiente,
TERRA INDÍGENA: KADIWÉU não supre as necessidades dos alunos. Com relação à oferta
MUNICÍPIO: PORTO MURTINHO de materiais, a avaliação é de que também são insuficientes.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Córrego do Ouro MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias
DESCRIÇÃO: O Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira
pediram à Justiça que obrigasse a União e a prefeitura a 2015
construírem e Equiparem em um prazo de até 120 dias VÍTIMA: Estudantes
uma escola na comunidade. Mesmo assim, o município e a
POVO: CARA PRETA, MAYTAPU e MUNDURUKU
União vêm descumprindo o dever constitucional de fornecer
TERRA INDÍGENA: BAIXO TAPAJÓS I
educação escolar de qualidade aos estudantes. As aulas são
ministradas em um barracão improvisado e o ensino não é MUNICÍPIO: AVEIRO
adaptado para a realidade dos indígenas, gerando um atraso DESCRIÇÃO: O governo do Pará nega acesso ao ensino médio a
cultural de difícil reparação. centenas de jovens indígenas da região oeste do estado. Sem
MEIO EMPREGADO: Desrespeito às normas federais de educação escolas nas aldeias, onde moram os Maytapu, Cara Preta e
Com informações de: MPF-MS, 3/8/2015 Munduruku, os jovens das comunidades são obrigados a mudar
para as cidades próximas para continuarem os estudos. De
acordo com a legislação brasileira, “aos índios é assegurada
MT 2 Casos a oferta do ensino médio diferenciado. Isso corresponde à
2015 localização das escolas em terras habitadas pela comuni-
VÍTIMA: Estudantes
dade indígena (...) Ensino ministrado nas línguas maternas,
como forma de preservação da realidade sociolinguística e
POVO: NAMBIKWARA
organização escolar própria”.
TERRA INDÍGENA: NAMBIKWARA
MEIO EMPREGADO: Falta de implantação de ensino médio
MUNICÍPIO: COMODORO
Com informações de: Cimi Regional Norte II
LOCAL DA OCORRÊNCIA: AldeiaBranca
DESCRIÇÃO: Escolas sem a mínima estrutura física para atender
18/5/2015
os alunos. Além disso falta água e não há merenda para as VÍTIMA: Comunidades
crianças. POVO: DIVERSOS
AGOSTO 2015
VÍTIMA: Comunidades VÍTIMA: Estudantes
POVO: VÁRIOS POVOS POVO: GUARANI
TERRA INDÍGENA: VÁRIAS TERRA INDÍGENA: VÁRIAS
MUNICÍPIO: BOA VISTA MUNICÍPIO: ARAQUARI
DESCRIÇÃO: Professores indígenas estaduais e federais entraram em LOCAL DA OCORRÊNCIA: Piraí,
Tarumã, Pindoty, Morro Alto e Reta
greve para reivindicar melhores condições de ensino e de fun- DESCRIÇÃO:A escolas indígenas estão em péssimas condições de
cionamento das escolas. Com a greve, quase 90% das escolas funcionamento. São pequenas, com pouca infraestrutura,
ficaram sem aulas. O governo não apresentou propostas para com número insuficiente de professores indígenas e não há
atender as reivindicações, alegando se tratar de greve ilegal. funcionários para a limpeza ou para a merenda.
MEIO EMPREGADO: Desassistência MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura
Com informações de: G1/RR, 20/8/2015 Com informações de: Cimi Regional Sul
2015 TO 4 Casos
VÍTIMA: Estudantes
2015
POVO: GUARANI
VÍTIMA: Estudantes
TERRA INDÍGENA: MASSIAMBU
POVO: KRAHÔ
MUNICÍPIO: PALHOÇA
TERRA INDÍGENA: KRAHÔ
DESCRIÇÃO:A escola está sem condições de funcionamento. Jun-
tamente com o MPF, os indígenas lutaram para que a Seduc MUNICÍPIO: ITACAJÁ
construísse um novo prédio para a escola indígena. A promessa LOCAL DA OCORRÊNCIA: AldeiaPorteira
é de que até o final de 2016 o Estado construirá. DESCRIÇÃO:A não contratação de um professor para lecionar a
MEIO EMPREGADO: Falta de escola primeira série do ensino médio deixou onze alunos indígenas
Com informações de: Cimi Regional Sul sem estudar por mais de um ano. A proposta era fazer uma
extensão da escola Mankraré, que está localizada na aldeia
2015
Serra Grande.
VÍTIMA: Estudantes
MEIO EMPREGADO: Falta de escola e professor indígena
POVO: GUARANI
Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Povo Krahô
TERRA INDÍGENA: ITANHAÉM
MUNICÍPIO: BIGUAÇÚ FEVEREIRO
DESCRIÇÃO: Há mais de um ano as obras de reparos da escola estão VÍTIMA: Eunice da Rocha. Welington Viera, Aparecida Borges, Luís
paralisadas. Os alunos estudam em instalações improvisadas, Antônio, Aparecido Borges, Marcio de Jesus e Ana Cristina
sem as mínimas condições necessárias. Karajá
MEIO EMPREGADO: Falta de escola POVO: TAPUIA
Com informações de: Cimi Regional Sul TERRA INDÍGENA: CARRETÃO I
TERRA INDÍGENA: ALDEIA KONDÁ sados por um período de dois meses. Essa situação gerou
MUNICÍPIO: CHAPECÓ
uma movimentação da comunidade e os responsáveis pela
educação fizeram uma paralisação de dois dias.
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Escola Indígenas de Ensino Fundamental
MEIO EMPREGADO: Atraso no pagamento de professores
Sape-Ty-Kó
Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Professores Indígenas da Escola Cac. J. Borges
DESCRIÇÃO: A construção da escola teve início em 2011 com data
de entrega prevista para dezembro de 2012. Entretanto, a MARÇO
obra está paralisada desde abril de 2013, em evidente estado VÍTIMA: Comunidade
de abandono e depredação. Enquanto isso, os estudantes POVO: KRAHÔ
indígenas continuam submetidos às inadequadas condições
TERRA INDÍGENA: KRAHÔ
da antiga escola, que não comporta, há muitos anos, o
contingentes de alunos. A justiça federal acolheu pedido MUNICÍPIO: ITACAJÁ
do MPF e determinou por meio de sentença que o estado DESCRIÇÃO: O transporte escolar e a entrega da merenda não vinham
retome as obras da Escola Indígena de Ensino Fundamental sendo efetuados. Também não há material didático, pois não
Sape-Ty-Kó. houve a entrega do material que se encontrava armazenado
MEIO EMPREGADO: Falta de escola no município.
Com informações de: MPF-SC, 23/11/2015 MEIO EMPREGADO: Omissão e negligência do poder público
Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Comunidade Krahô
SP 1 Caso 10/3/2015
2015 VÍTIMA: Crianças
Desassistência geral
ação etnocida e pediu intervenção do poder Judiciário. as secretarias de educação e elaborar materiais didáticos.
Segundo o MPF, depois de extensa investigação, procura- No caso da saúde indígena, a concessionária de Belo Monte
dores concluíram que “o projeto de desenvolvimento do respondeu ao Ministério da Saúde, mais de uma vez, que
governo brasileiro promove a destruição da organização não cumpriria determinada ação “por entender que não
social, dos costumes, das línguas e das tradições de povos era de sua competência” ou “por não estar contemplada
indígenas”. no plano operativo”.
Para o MPF, “a ação etnocida suportada pelos nove povos Em São Paulo, indígenas Guarani e Guarani Mbya,
indígenas afetados por Belo Monte foi causada, de um lado, sofrem há cerca de 10 anos com o vazamento de esgoto
pela falta de rigor do governo no licenciamento da usina: em sua área. As fossas onde os dejetos são depositados
sob o manto do interesse nacional, as obrigações foram não têm ligação com a rede de esgoto e, por isso, precisam
postergadas ou modificadas de acordo com a conveniência periodicamente ser limpas, o que não ocorre. Lideranças
da empresa responsável pelo empreendimento, a Norte informaram a morte de nove crianças em razão de doenças.
Energia S.A. Por outro lado, o próprio governo, ao deixar Laudos periciais do MPF identificaram o transbordamento
de cumprir as suas obrigações - como fortalecer a Funai e de esgoto na maior parte dos módulos sanitários, além da
o Ibama e retirar invasores de terras indígenas – contribuiu falta de conservação em 42 fossas e vários compartimentos
diretamente para a destruição cultural das etnias”. desativados, mas sem lacração.
Ainda segundo o MPF, são vários os exemplos de ações No Amapá, um integrante da Coordenação Técnica
previstas e que a Norte Energia se recusou a cumprir no Local da Funai denunciou a desestruturação de serviços
plano operativo. No caso da educação escolar indígena, a essenciais do órgão indigenista, em Parintins, o que impede
empresa reduziu propositalmente suas obrigações a apoiar a prestação de serviços essenciais aos indígenas.
DESASSISTÊNCIA GERAL
36 Casos
AC 2 Casos AM 5 Casos
2015 2015
VÍTIMA: Comunidades VÍTIMA: Comunidade
POVO: HUNI KUI e KAXINAWÁ POVO: KOKAMA
DESCRIÇÃO: Cerca de 40 indígenas foram retirados da área Kaxina- DESCRIÇÃO:Segundo o presidente da Comissão dos Kokama de
wá do Rio Breu, localizada em Marechal Thaumaturgo, para Tabatinga, a Funai vinha dificultando a emissão do Registro
outro município. Foram levados para o parque ecológico de Administrativo de Nascimento de Indígena (Rani) para o povo
Plácido de Castro, com a promessa de vida farta e um modelo Kokama. O coordenador substituto da Funai, Leopoldo Dias,
de turismo diferenciado. As famílias, longe de seu habitat reconheceu a precariedade da estrutura que os servidores têm
natura,l veem seus usos e costumes serem drasticamente para trabalhar, especialmente no atendimento aos indígenas.
alterados. A transferência das famílias foi planejada pela MEIO EMPREGADO: Recusa de documento indígena
prefeitura e por empresários, porém nada saiu do papel a Com informações de: Edney Samias - Liderança Kokama, 6/4/2015
2015 2015
VÍTIMA: Comunidade VÍTIMA: Comunidades
de veículos. A 4ª Turma do TFR-3 negou provimento ao pena no presídio, eles voltaram para as aldeias verdadeiros
recurso da prefeitura de Dourados “profissionais do crime”.
MEIO EMPREGADO: Omissão e negligência do poder público MEIO EMPREGADO: Desassistência geral
Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-MS Com informações de: Correio do Estado, 6/4/2015
2015 JULHO
VÍTIMA: Comunidade VÍTIMA: Comunidade
DESCRIÇÃO: Por pelo menos oito meses os indígenas sofreram com LOCAL DA OCORRÊNCIA: AldeiasJguapiru e Bororó
a falta de água potável. O abastecimento realizado pelos DESCRIÇÃO: Desde que a Força Nacional deixou as aldeias de Dou-
caminhões-pipa é irregular e quando chove não chegam à rados para atender conflitos entre indígenas e fazendeiros
aldeia devido à péssima condição de acesso ao local. na região sul de Mato Grosso do Sul e que a Polícia Federal
MEIO EMPREGADO: Falta de água potável parou as rondas diárias, os crimes aumentaram nas duas
Com informações de: MPF-MS, 15/5/2015 maiores aldeias da cidade. Após a saída da PF, 42 boletins
de ocorrência foram registrados nas comunidades indígenas;
JANEIRO diversos deles relacionados ao uso de álcool e drogas. A Polícia
VÍTIMA: Comunidade Militar voltou a ser encarregada do patrulhamento nas aldeias
POVO: GUARANI e KAIOWÁ MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias
TERRA INDÍGENA: DOURADOS Com informações de: G1/MS; TV Morena, 14/9/2015; Cimi Regional Mato Grosso do Sul
MUNICÍPIO: DOURADOS
DESCRIÇÃO: A falta de água na terra indígena piorou com a seca de MT 1 Caso
um dos poços. São somente seis poços para abastecer cerca
MAIO
de 17 mil pessoas. Com uma unidade sem funcionamento
VÍTIMA: Comunidade
e outras duas sem muita vazão, a falta de água nas aldeias
é constante. POVO: NAMBIKWARA
de recursos naturais; conflitos interétnicos; impedimento mesmo que tais riscos e danos já estivessem indicados no
do usufruto de seus territórios; e desestímulo às atividades EIA-Rima e expressamente mencionados no licenciamento.
tradicionais. MEIO EMPREGADO: Não cumprimento de condicionantes
MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral; infraestrutura Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-PA, 10/12/2015
Com informações de: MPF-PA, 4/3/2015
2015
2015 VÍTIMA: Comunidade Indígena
VÍTIMA: Comunidades POVO: ARARA
POVO: MUNDURUKU TERRA INDÍGENA: ARARA DA VOLTA GRANDE
TERRA INDÍGENA: IPIXUNA MUNICÍPIO: ALTAMIRA
MUNICÍPIO: ITAITUBA DESCRIÇÃO: Com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Mon-
DESCRIÇÃO: Em inspeção nas aldeias, o MPF constatou que o te, os impactos ambiental, econômico, social e cultural são
abandono e a falta de manutenção das estruturas sanitárias de grande magnitude para o povo Arara, da Volta Grande.
existentes provocam contaminação do Igarapé Ipixuna, nas A vazão reduzida provocada pelo empreendimento, no
margens do qual ficam as duas aldeias indígenas. Segundo o trecho da Volta Grande do Xingu, vem fazendo com que os
MPF “se trata de situação vivenciada desde longa data sem Arara fiquem sem água até para o consumo, tendo em vista
qualquer medida afirmativa do órgão com as comunidades”. que sempre consumiram água retirada do Rio Xingu. Sem
Complementando, o juiz federal Ilan Presser acrescentou que o sistema de abastecimento, os Arara ficam vulneráveis e
“a persistência dessas condições recrudescerá os já elevados suscetíveis a contrair doenças parasitárias, sendo as crianças
índices de mortalidade dos povos indígenas no Brasil”. o alvo principal.
MEIO EMPREGADO: Falta de saneamento MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência
Com informações de: MPF-PA, 5/5/2015 Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira
2015 2015
VÍTIMA: Comunidade Indígena
VÍTIMA: Comunidade
POVO: ARARA
POVO: XIKRIN
TERRA INDÍGENA: ARARA
TERRA INDÍGENA: TRINCHEIRA/BACAJÁ
MUNICÍPIO: ALTAMIRA
MUNICÍPIO: ANAPU
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias
Kráin e Pot’krô
DESCRIÇÃO: Com a presença de pescadores e de pessoas envolvidas
DESCRIÇÃO: A comunidade indígena afetada pela construção da na construção de casas nas aldeias, bem como os constantes
usina hidrelétrica de Belo Monte reclama do atraso nas deslocamentos dos mesmos para a cidade, tendo em vista
obras que iriam melhorar a vida nas aldeias. A construção de diferentes ações que são desenvolvidas através da empreen-
escolas e postos de saúde também está no plano elaborado dedora de Belo Monte, os Arara passaram a consumir com
para beneficiar as aldeias, mas, por enquanto, só foi feita a maior frequência bebidas alcoólicas e drogas (cachaça e
limpeza dos terrenos e as crianças estudam em salas impro- maconha). Esse consumo desenfreado de álcool vem tra-
visadas, com pouca iluminação e quentes. A construção de zendo consequências desastrosas para o povo como, por
uma nova casa de farinha é uma das melhorias previstas para exemplo, violência doméstica e gerando atritos entre famílias
compensar os impactos que a aldeia sofre com a construção (conflitos internos).
da usina. A obra não foi concluída e os índios produzem a MEIO EMPREGADO: Consumo de bebida alcoólica e drogas
farinha de forma precária em um barraco coberto de palha, Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira
que molha quando chove.
MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias RJ 1 Caso
Com informações de: G1/PA, 12/5/2015
2015
2015 VÍTIMA: Comunidades
VÍTIMA: Nove povos indígenas POVO: GUARANI
POVO: DIVERSOS TERRA INDÍGENA: PARATI - MIRIM
TERRA INDÍGENA: VÁRIAS MUNICÍPIO: ANGRA DOS REIS
MUNICÍPIO: ALTAMIRA LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Sapukai, Araponga, Rio Pequeno e
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Povos
atingidos pela hidrelétrica Belo Monte Parati-Mirim
DESCRIÇÃO: Segundo o Ministério Público Federal, a implantação DESCRIÇÃO: O MPF-RJ constatou, após a realização de perícia
da usina Belo Monte constitui uma ação etnocida do Estado técnica, que as aldeias não estão sendo abastecidas com água
brasileiro e da concessionária Norte Energia, “evidenciada potável e não apresentam as mínimas condições de sanea-
pela destruição da organização social, dos costumes, das mento básico. Além disso, os documentos revelam que não há
línguas e das tradições dos grupos indígenas impactados”. um cronograma ou planejamento para melhoria da situação.
Após uma longa investigação do MPF, ficaram comprovadas Conforme o procurador da República Felipe Bogado, “não
as irregularidades encontradas na construção da usina e os se pode admitir que os mais básicos direitos sejam negados
efeitos trágicos de Belo Monte sobre os povos indígenas aos povos indígenas. A situação nas aldeias é caótica, sendo
afetados. O que demonstra, mais uma vez, que em vez de imperativa uma determinação judicial que tire da inércia a
protegidos, eles foram violados em suas tradições culturais Secretaria Especial da Saúde Indígena, a Sesai”.
e enfrentam a possibilidade concreta de desaparecimento, MEIO EMPREGADO: Falta de água potável e de saneamento básico
pela forma como o licenciamento ambiental foi conduzido, Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-RJ, 1/12/2015
isolados Moxi Hatetea ficaram desprotegidos. Os garimpeiros paulista - em Parelheiros e Jaraguá -, sofrem com a ausência do
voltaram a invadir a região da Serra, fazendo voos clandestinos poder público no que se refere ao saneamento básico. As fossas
semanais para levar mantimentos e equipamentos para o onde os dejetos são depositados não têm ligação com a rede
garimpo. A existência de garimpeiros no local é uma ameaça de esgoto, e, por isso, precisam passar por limpeza periodica-
à vida dos índios Yanomami isolados, que habitam a região. mente, o que não ocorre. As cavidades não são inspecionadas
Trata-se de um grupo muito vulnerável a doenças e o contato e esvaziadas com regularidade, o que tem provocado danos
direto com os garimpeiros poderá provocar a dizimação da à saúde dos habitantes. Lideranças indígenas informaram a
comunidade. Além do mais, os garimpeiros estão aliciando morte de nove crianças em razão de doenças adquiridas nesse
jovens Yanomami a praticar atividade garimpeira oferecen- tempo pelo transbordamento de esgoto nas aldeias. Além disso,
do alimentos, rádios, celulares e, muitas vezes, ameaçando o vazamento dos dejetos pode contaminar o solo das aldeias
destruir as aldeias, caso os Yanomami não contribuam com e os lençóis freáticos. Laudos periciais do MPF identificaram
eles. A Terra Indígena Yanomami, desta forma, está ameaçada o transbordamento de esgoto na maior parte dos módulos
pelos Garimpeiros, que aumentam a cada dia sua presença, sanitários. Só nos dois agrupamentos indígenas do Jaraguá, os
danificando a floresta, poluindo os rios e trazendo danos técnicos apontaram vazamentos e falta de conservação em 42
irreparáveis à saúde e à cultura dos indígenas. fossas e vários compartimentos desativados, mas sem lacração.
MEIO EMPREGADO: Falta de saneamento
MEIO EMPREGADO: Omissão e negligência do poder público
Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-SP, 6/10/2015
Com informações de: Hutukara Associação Yanomami, 1/10/2015
TO 1 Caso
RS 1 Caso
MARÇO
2015 VÍTIMA: Comunidade
VÍTIMA: Comunidade POVO: KRAHÔ
POVO: GUARANI TERRA INDÍGENA: KRAHÔ
MUNICÍPIO: CACHOEIRA DO SUL MUNICÍPIO: GOIATINS
LOCAL DA OCORRÊNCIA: Araxatê - BR-153 DESCRIÇÃO: As estradas se encontram em mau estado de conservação
DESCRIÇÃO: Segundo o MPF-RS, a comunidade Guarani encontrava- e inacabadas, prejudicando o tráfego dos indígenas dentro
se sem água encanada, sem energia elétrica, sem saneamento da área. Além das estradas, os bueiros e pontes põem em
básico, havendo apenas um banheiro para atender os resi- risco a segurança e a vida dos indígenas.
dentes, e sem atendimento médico/odontológico, dentre MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura
outras condições precárias. O MPF cobrou, então, da União, Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Comunidade Krahô
151 O “desenvolvimento”
acima da própria vida
“
Esta realidade é ainda mais gritante na Amazônia.
A veloz implantação de gigantescas obras de infraestrutura nesta região,
que se estende para além das fronteiras brasileiras, transformam a
área da maior floresta tropical do mundo num amplo canteiro de obras,
desconsiderando a presença dos seus povos originários, especialmente os
que permanecem isolados, e das comunidades tradicionais
”
RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de 2015
Conselho Indigenista Missionário - Cimi 150
Capítulo IV
VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO
O “desenvolvimento”
acima da própria vida
Equipe de Apoio aos Povos Indígenas Isolados, do Cimi
constante dos isolados no entorno das aldeias do povo No Tocantins, os territórios indígenas já estão sofrendo
Karajá/Javaé e do povo Krahô-Kanela. com a implantação do Plano de Desenvolvimento Agro-
Apesar disso, por vários anos a Funai se omitiu em pecuário (PDA) Matopiba, programa do governo federal
registrar no seu mapeamento oficial a referência aos povos com subsídios, carências e incentivos fiscais que pretende
isolados da Ilha do Bananal. Apenas em outubro de 2015, consolidar a expansão das monoculturas e o avanço do
após vários relatos e denúncias sistemáticas dos indígenas agronegócio. Certamente, este projeto definido como
e do Cimi, o órgão indigenista incluiu este grupo no seu a “última fronteira agrícola do país”, agravará o desma-
mapa oficial, ainda em uma situação de “em fase de estudo”, tamento do Cerrado, a concentração das terras, o uso
mas pelo menos confirmando a sua existência. indiscriminado da água e o uso abusivo de agrotóxicos
Cabe agora à Funai, efetivar e ampliar os estudos e nas lavouras, além de aumentar a exploração de trabalho
tomar as providências necessárias à proteção desse grupo escravo, potencializando o êxodo rural e a favelização
indígena sem contato, por meio, especialmente, da restrição das cidades. O traçado das duas estradas corta a Terra
do ingresso de terceiros na área de perambulação do grupo. Indígena da Ilha do Bananal ao meio e os refúgios dos
A ameaça de abertura da estrada TO-500, conhecida grupos isolados. Para conseguir a adesão dos povos da
como Transbananal, no interior da ilha afetará diretamente região, representantes das corporações envolvidas vêm
esse povo em isolamento voluntário. Devido ao reconheci- realizando reuniões com os indígenas.
mento da presença dele, o Estudo e o Relatório de Impacto Os Avá-Canoeiro do Rio Araguaia, contatatos de modo
Ambiental (EIA/Rima) da estrada tem a obrigação de forçado e extremamente violento pela Funai na década
informar a existência desse grupo vulnerável e garantir a de 1970 e transferidos compulsoriamente para viverem
esses indígenas o pleno exercício de sua liberdade e das suas nas terras dos Javáe (seus inimigos históricos) na Ilha do
atividades tradicionais, sem a necessária obrigatoriedade Bananal, estão enfrentando sérios problemas de segu-
de contatá-los. A presença desse grupo, potencialmente, rança alimentar. Sofrem restrições para caçar e pescar na
pode impedir a construção dessa rodovia que, além dos área por parte dos Javaé. O compromisso assumido pela
isolados, afetará gravemente a vida dos povos Karajá e Coordenadoria da Funai de Tocantins perante o MPF-TO
Javaé, que também habitam a Ilha do Bananal. de fornecer regularmente cestas básicas, até que suas
Além da Transbananal, políticos dos estados de Tocan- terras fossem demarcadas, não está sendo cumprido.
tins, Mato Grosso e Pará - dentre eles a ex ministra da Esporadicamente, a Funai leva cestas básicas da Companhia
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Nacional de Abastecimento (Conab) que, além do atraso,
Abreu - fazem contínua pressão para a chegam à área com alimentos estragados, sem condições
construção da estrada TO-242, a de aproveitamento.
Transaraguaia, para, através delas, Recentemente, dois indígenas sobreviventes do
escoarem a produção de grãos contato forçado faleceram. O líder guerreiro
da região. Tutawa Avá-Canoeiro, o ancião, faleceu em
junho de 2015 e foi impedido pelos produ-
Equipe Cimi Norte I
tores do Assentamento Caracol de ser sepultado no seu Em maio de 2016, finalmente foi publicada a Portaria
território tradicional, de onde havia sido expulso quatro Declaratória da Terra Indígena Taego Awá, do povo Avá-
décadas antes. Como se já não bastassem o violento contato Canoeiro, que, cansados pela espera de mais de quarenta
realizado pela Funai e a imposição de que os Avá deveriam anos, abriram mão da parte da terra que está em posse da
viver na terra de seus inimigos históricos, o que faz com Fundação Bradesco.
que até hoje eles enfrentem as consequências deste erro
primário, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Isolados do Tapajós
Agrária (Incra) equivocadamente instalou este assenta-
mento na terra indígena ancestral dos Avá. O presidente São mais de 40 grandes barragens projetadas com
da associação do assentamento não concordou em deixar capacidade acima de 30 Mw. O propósito é cortar todo
o anciãoTutawa ser enterrado no Capão de Areia, na terra o Rio Tapajós, no estado do Pará, e seus afluentes para
desejada por ele. implementar uma enorme hidrovia que escoará a baixo
Dois meses depois, deprimido com a morte do pai, custo toda a produção do agronegócio do Mato Grosso
morreu Agàek Avá-Canoeiro, o primogênito de Tutawa, com e da mineração realizada na região. As terras e os povos
50 anos. Resiliente como o pai e seu povo, ele trabalhou indígenas da bacia do Tapajós ficarão profundamente
nas lavouras de soja e melancia em Formoso do Araguaia impactados, assim como as comunidades ribeirinhas que
e adquiriu várias doenças devido ao contato direto com vivem ao longo da beira do rio e tiram dele grande parte
os agrotóxicos, inclusive problemas pulmonares. Agademir de sua subsistência.
(seu nome em português) foi internado no hospital regional Se esse complexo hidrelétrico for construído, terá
de Palmas, permanecendo sete dias nos corredores do um impacto mortal sobre os povos indígenas isolados
hospital, sem leito, com suspeita de calazar e pneumonia. que vivem ao longo do Rio Tapajós e de seus afluentes.
Lamentavelmente, ele não resistiu e veio a óbito. Como São várias as referências a povos isolados que a própria
seu pai, Tutawa, ele não foi sepultado na terra tradicional Funai reconhece na região. O Cimi e os povos indígenas
de seu povo, onde queria, e sim na aldeia Canuanã, na do Tapajós e de seus afluentes têm outras referências que
terra dos Javaé. a Funai ainda não registrou. Estes povos indígenas estão
1 http://www.ecoeco.org.br/attachments/article/307/Fearnside-Tapaj%C3%B3s-Port-18-02-15.pdf
A remoção forçada
do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe
Marcelo Zelic*
A
partir de arquivos de reportagens, registros oficiais de discursos e decisões
parlamentares, além de informes de órgãos estatais, é possível recuperar
parte significativa da história da remoção forçada do povo Pataxó Hã-Hã-
-Hãe de suas terras no sudoeste da Bahia. Hoje, o Estado brasileiro já reconhece o
direito de tais indígenas a 54.105 hectares, parte reduzida da área em que viviam
originalmente. O trecho reservado como Terra Indígena Caramaru/Paraguassu,
que pode ser observado em destaque no mapa ao lado, foi “encaminhado como
reserva indígena”, ou seja, conforme a Fundação Nacional do Índio (Funai) indica 1,
ainda está “em procedimento administrativo visando sua aquisição (compra
direta, desapropriação ou doação)”.
A demora em garantir a área, ainda que mínima, para os Pataxó é só mais um
capítulo da história de desestruturação social da comunidade, fator diretamente
relacionado à violência que culminou em pelo menos treze assassinatos neste
povo registrados recentemente em relatórios do Conselho Indigenista Missio-
nário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os casos incluem disputas
internas por poder, violência doméstica e mortes não esclarecidas pela polícia.
Os documentos históricos reunidos permitem não só identificar a dimensão
da remoção forçada, como também os atores e responsáveis por um processo
violento marcado por coerção e tutela. A recuperação de informações serve
também de base para tentar chamar atenção para a gravidade da lentidão no
processo de regularização da reserva, bem como definir parâmetros para a repa-
ração das violências cometidas, incluindo indenizações às vítimas.
Arrendamento e doações
Os primeiros registros de violências na região são da primeira metade do
século passado, quando ataques de fazendeiros auxiliados por forças policiais
resultaram, conforme registrado em Boletim Jurídico da Comissão Pró-Índio
de 19832, em uma chacina de indígenas. O episódio foi o início da perseguição
desenfreada que se agravou durante a ditadura, quando as terras em que viviam
os indígenas foram doadas ou arrendadas.
A política de ocupação de áreas já ocupadas está diretamente relacionada à
disputa fundiária que afeta até hoje os Pataxó. A estratégia de arrendamentos
foi marcada por fraudes e resultou em desvio de recursos e de áreas públicas,
conforme apontam os documentos. O Informativo FunaiI nº 17 3, de 1976, por
exemplo, ajuda a identificar a discrepância entre os valores pagos à Funai pelo
arrendamento e o real valor das terras na época. Conforme detalhado na página
37 do documento, pelas terras indígenas localizadas em Itaju da Colônia, avaliadas
em 460,00 cruzeiros por hectare em 1972, os fazendeiros pagavam apenas 0,10
cruzeiros por hectare, ou 0,02% do valor real. Os recursos deveriam ser pagos à
Funai, e beneficiar os habitantes originais.
* Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de
São Paulo. Coordenador do Projeto Armazém Memória, foi um dos proponentes da criação do Grupo de
Trabalho Indígena na Comissão Nacional da Verdade (CNV) e colaborador do Grupo de Trabalho Indígena
nesta comissão.
Egon Heck
comprovam que não foram poucos os indígenas presos
em Minas Gerais, os registros oficiais se resumem a onze
casos. A subnotificação de detenções era comum, conforme
revelou à Comissão Nacional da Verdade (CNV), o então
chefe da Ajudância Minas Bahia da Funai, João Geraldo
Itatuitim Ruas. Considerado um dos primeiros servidores
de origem indígena do Brasil, ele assumiu o comando da
Ajudância no lugar do militar Capitão Pinheiro. Incon-
formado com a situação que encontrou nos centros de
detenção, fez denúncias e procurou superiores, sem sucesso
(a reportagem “Um campo de concentração indígena a
200 quilômetros de Belo Horizonte (MG”, publicada em
2013 pela Pública 10, conta mais sobre o episódio). Seu
depoimento à CNV ajudou a identificar a dimensão e a
gravidade do que aconteceu na região.
Na lista de detenções oficial, recuperada pelo pesqui-
sador José Gabriel Silveira Corrêa a partir de documentos
do Museu do Índio, figuram onze indígenas Pataxó, sendo
três deles detidos por “atritos com o chefe do posto”. São
casos como o de Samado Bispo dos Santos, que acabou
recolhido em 1970 e preso outra vez em 1983 por defender
os direitos territoriais de seu povo, conforme denunciou
em discurso na Câmara dos Deputados, o deputado Mário
Juruna11 (PDT-BA).
Responsabilidade pública
A participação e responsabilidade de funcionários
públicos no esbulho de renda e terras dos Pataxó também
está documentada e envolve representantes de diferentes que outras áreas eram consignadas a prepostos de
poderes em vários níveis e momentos distintos. Em um JURACY MAGALHÃES; que não houve propriamente
contexto de graves conflitos fundiários, incluindo casos um esbulho, mas, sim, um verdadeiro genocídio
de pistolagem (detalhados no jornal Porantim nº 94, de através da contaminação da tribo PATAXÓ do vírus
dezembro de 198612), os documentos apontam ação coor- da varíola; que a reserva indígena ficou desabitada
denada entre o Executivo e Legislativo baianos, seus repre- porque restou apenas uma meia dúzia de selvícolas
sentantes no Legislativo Federal, dirigentes e servidores (…) – páginas 3784-3785 do Relatório13.
do Executivo Federal, o Judiciário e Forças de Segurança. Ele conta ainda que chegou a comunicar as violações
Tudo com o objetivo de legalizar a expulsão dos indígenas ao seu chefe, o major-aviador Luis Vinhas Neves, diretor
e garantir a tomada das terras Caramaru/Paraguassu. do SIP, sem nenhum resultado. Neves teve papel ativo nos
Em depoimento ao Relatório Figueiredo, informe de mais contratos de arrendamento de terras indígenas na região
de 7 mil páginas produzido em 1967 pelo procurador Jader realizados a partir de 1965, assim como em outros episódios
de Figueiredo Correia sobre violações contra indígenas, o bastante graves; no caso da distribuição de roupas infec-
agente indígena Hélio Jorge Bucker, que atuou como chefe tadas com varíola, que dizimou pelo menos duas aldeias
de diferentes postos do Serviço de Proteção aos Índios inteiras no sul da Bahia, o autor da denúncia registrou a
(SPI), assim detalha a expulsão dos Pataxó: tentativa de denunciar o caso:
(…) que esses esbulhos ocorreu ao tempo em que (…) que o depoente comunicou ao Major VINHAS
era interventor no Estado da Bahia o senhor JURACY NEVES das atrocidades e das negociadas praticadas
MAGALHÃES sendo Chefe de Polícia o General pelos funcionários da IR-6 mas aquele diretor declarou
LIBERATO DE CARVALHO um dos principais benefi- “desenterrar defuntos nem criar mais áreas de atrito”;
ciados pelo esbulho, juntamente com o ex-Ministro que o Major VINHAS possuia todos os processos a esse
MANUEL NOVAES; que a área de que se beneficiou respeito e não tomou providências porque não quis”.
o General LIBERATO DE CARVALHO eram de 6 mil Após a expulsão e desestruturação das comunidades, os
tarefas a fóra áreas consignadas a prepostos seus; esforços para garantir a regularização das terras indígenas
invadidas pelos latifundiários vieram do Legislativo. Em 1981, procurador Carlos Eduardo Raddatz Cruz, do Ministério
o deputado federal Fernando Gomes (PMDB-BA) fez um Público Federal (MPF), tratou do tema ao apresentar um
discurso defendendo que não deveria ser reconhecida nem recurso sobre a aplicação do marco temporal nas terras
mesmo a reserva indígena pleiteada, mesmo sendo esta área do povo Guarani em Mato Preto, no Rio Grande do Sul15:
bastante reduzida em relação à que o povo originalmente O Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), à sua vez, manteve
ocupava. Em seu discurso14, para justificar a consolidação inalterada a incapacidade relativa, a tutela e a atri-
da expulsão dos Pataxós, ele citou o seguinte parecer do buição ao órgão federal de assistência ao índio à
Setor da Regularização de Terras da Funai: “defesa judicial ou extrajudicial dos direitos dos
“Não há, assim, terra indígena a reclamar como de silvícolas e das comunidades indígenas”.
domínio dos Pataxós no Estado da Bahia, sendo Somente com a Constituição Federal de 1988 surge
válidos e legítimos os títulos de propriedade expe- o ideário de superação política integracionista e de
didos pelo Estado em favor dos ocupantes que uma visão de respeito à cultura indígena, quando
hoje são titulares do domínio pleno das glebas que então o regime de tutela indígena passa a ser repen-
possuem, não podendo ser aceita a denominação de sado.
‘Reserva Indígena Paraguassu’ à área localizada nos Em síntese, o regime jurídico tutelar indígena do
municípios de Camaeã, Pau Brasil, Itaju do Colonia, último século restringiu sobremaneira a autonomia
no Estado da Bahia, em virtude de inexistir ato que de vontade dessas populações, de modo que a satis-
assim a denomine”. fação de qualquer interesse ou direito frente a parti-
Por ficar evidente de maneira cabal a ação orquestrada culares ou ao Estado pressupunha invariavelmente a
entre diferentes agentes públicos, o episódio da expulsão intermediação do representante legal, inicialmente
dos Pataxó é um dos casos que pode ser objeto de trabalho vinculado ao SPI e depois à Funai, órgãos sobre os
da Comissão Nacional Indígena da Verdade, recomendada quais, por muito tempo, pairou uma nuvem negra
pela Comissão Nacional da Verdade ao Estado brasileiro carregada de atrocidades perpetradas justamente
como parte das medidas de reparação e justiça transicional contra aqueles a quem deviam proteção, como visto
previstas. no tópico anterior.
O Estado brasileiro, ao firmar contratos lesivos aos
Sob tutela interesses de seus tutelados e promover ou acobertar por
ação e omissão várias violências e procedimentos ilegais,
Vale ressaltar também que, na época em que os contratos violou convenções internacionais. A remoção forçada dos
de arrendamento foram firmados pelo Estado, os indígenas Pataxó Hã-Hã-Hãe, cujo resultado foi a desestabilização
da Bahia e de todo o Brasil viviam sob regime de tutela. O deste povo e o esbulho das terras e riquezas naturais, feriu
o Decreto nº 58.824, de 14 de julho de 196616, que interna- estimar que o valor de arrendamento por hectare a ser
lizou no sistema jurídico brasileiro a Convenção nº 10717. pago na época deveria ser o equivalente a R$ 1.816,41
Adotado em Genebra, em 26 de julho de 1957, tal tratado (ou os 460,00 cruzeiros por hectare, conforme avaliado
prevê a proteção e integração das populações indígenas. na reportagem de 1972), quando, na realidade, o que foi
O Brasil também é signatário da Declaração das Nações pago foi o equivalente a R$ 0,17 (ou os 0,10 cruzeiros por
Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas18, que em seu hectare pago em 1976), conforme a tabela acima.
artigo 8, item 2-c determina que “os Estados estabelecerão Ou seja, em 36 mil hectares considerados, o valor a ser
mecanismos eficazes para a prevenção e a reparação de toda pago deveria ter sido de R$ 65,3 milhões, quando, o valor
forma de transferência forçada de população que tenha real foi de R$ 6,19 mil. Considerando como referência apenas
por objetivo ou consequência a violação ou a diminuição cinco anos, de 1972 a 1976, o valor de arrendamento que
de qualquer dos seus direitos”19. deveria ser pago pelos fazendeiros de Itajú da Colônia seria
de R$ 326,8 milhões, montante que teria de ser recolhido
Base para reparação pelo Estado e revertido em renda indígena. Tal estimativa
serve como um parâmetro, que pode ser complementado
A reunião de documentos e registros do valor das tran- e ampliado com mais registros dos períodos entre 1947 e
sações de arrendamento das terras em questão permite 1971 e entre 1976 até os dias de hoje.
traçar parâmetros para ações de reparação. O Grupo Experiências de outros países, que buscaram reparar
Tortura Nunca Mais-SP e a Comissão Justiça Paz da Arqui- violações históricas, podem ajudar a estabelecer meto-
diocese de São Paulo entregarão, em setembro de 2016, dologias e referências para os processos de reparação. As
ao Ministério Público Federal arquivos e informações com indenizações pelas violações do nazismo na Alemanha e
o objetivo de auxiliar as autoridades na identificação de as condenações por crimes cometidos por ditaduras em
responsabilidades e encaminhamentos. outros países podem servir de inspiração para a Justiça
Os dados sobre os valores de arrendamento, por brasileira. Juntamente com a demarcação das terras indí-
exemplo, podem ser atualizados com a calculadora do genas, o Estado, em todas as suas esferas, precisa também
Banco Central20, o que permite comparar a diferença entre indenizar e reparar os crimes históricos cometidos contra
o valor estimado e o que foi realmente pago na política de os indígenas no Brasil. O esbulho da terra mediante a
arrendamento promovida pelo Estado-tutor. remoção forçada e o roubo da renda Pataxó Hãe-Hãe-Hãe
Considerando os valores da década de 1970, mencio- é um caso explícito de débito do Estado brasileiro para
nados no começo deste texto, por exemplo, é possível com seus povos originários. u
1 http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/terras-indigenas
2 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=HemeroIndio&PagFis=5874
3 http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=docindio&pagfis=11979&pesq=
4 http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=docindio&pagfis=16721&pesq=
5 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=16659&Pesq=
6 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=16659&Pesq=
7 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=HemeroIndio&PagFis=3248
8 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=ComissaoVerdade&PagFis=6633&Pesq=
9 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=12018
10 http://apublica.org/2013/06/um-campo-de-concentracao-indigena-200-quilometros-de-belo-horizonte-mg/
11 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=17351
12 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=HemeroIndio&PagFis=4326
13 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=3734
14 http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD08MAI1984.pdf
15 http://www.mpf.mp.br/rs/atos-e-publicacoes/outras/APELACaO%20MATO%20PRETO%20-%20versao%20definitiva-assinado.pdf/view
16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D58824.htm
17 http://www.oitbrasil.org.br/content/popula%C3%A7%C3%B5es-ind%C3%ADgenas-e-tribais
18 http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/cogedi/pdf/Livros/Coletanea-da-Legislacao-Indigenista-Brasileira-2008/cap1-Legislacao-Fundamental.pdf
19 Para saber mais sobre a Declaração: http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/Q&A_Declaracao.pdf
20 https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=1